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MANUAL DO PROFESSOR PNLD LITERÁRIO Elas por elas: histórias de mulheres contadas por grandes escritoras brasileiras Rosa Amanda Strausz (org.) Rachel de Queiroz, Adriana Falcão, Lygia Fagundes Telles, Ana Cristina Cesar, Maria Valéria Rezende, Adélia Prado, Cíntia Moscovich, Pagu e Livia Garcia-Roza (texto) Amanda Leal Lopes (manual) Elas por elas_manual do professor.indd 1 22/05/18 11:46

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MANUAL DO PROFESSOR PNLD LITERÁRIO

Elas por elas: histórias de mulheres contadas por grandes escritoras brasileiras

Rosa Amanda Strausz (org.)Rachel de Queiroz, Adriana Falcão, Lygia Fagundes

Telles, Ana Cristina Cesar, Maria Valéria Rezende, Adélia Prado, Cíntia Moscovich, Pagu e

Livia Garcia-Roza (texto)Amanda Leal Lopes (manual)

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CARO EDUCADOR,

É com prazer que a Editora Nova Fronteira apresenta aqui este Manual do Professor Digital para a obra Elas por elas: histórias de mulheres contadas por grandes escrito-ras brasileiras, uma antologia organizada por Rosa Amanda Strausz. Trata-se de uma proposta que visa contribuir para a formação de leitores autônomos, críticos e apaixonados pela leitura, contando com a sua mediação e a da escola.

Acreditamos que ler é uma prática que se aprende e se ensina, dado que não é um ato natural como a fala, por exemplo. Um leitor não nasce pronto, precisa ser forma-do. A aprendizagem da leitura envolve a aquisição de uma série de competências e habilidades que devem ser traba-lhadas na escola por meio de estratégias e projetos que pos-sibilitem a compreensão da leitura pelas crianças e pelos jovens como uma prática social, uma ferramenta que lhes possibilitará não só a comunicação com aqueles com quem se relacionam, mas a compreensão de si próprios e do mun-do em que vivem.

Este Manual é um convite à educação literária, aquela que, como define o educador espanhol Carlos Lo-mas, “se orienta não só para o conhecimento das obras e dos autores e autoras mais significativos do cânone literá-rio, mas, também e sobretudo, para a aquisição de hábitos de leitura e de capacidades de análise dos textos, para o fomento da experiência literária em torno de diferentes ti-pos de texto e, inclusivamente, para o estímulo da escrita criativa de intenção literária”.

Entendemos que a educação literária é algo que come-ça na mais tenra idade, em casa e em família, e se estende

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por toda a vida do indivíduo, inclusive a vida escolar, pois acreditamos que aprender a ler é muito mais que apren-der a decifrar palavras. Nessa perspectiva, este Manual será sempre uma dentre as inúmeras possibilidades de trabalho para a construção de um leitor autônomo.

Sendo assim, convidamos você, caro educador, a to-mar o livro Elas por elas como um ponto de partida para sua programação do ensino da leitura em sua escola. Disponi-bilizamos sugestões de atividades para poder oferecer aos seus alunos razões e opções para ler, multiplicando e diver-sificando situações de leitura que, sabemos, são infinitas. Quanto mais ricas e variadas elas forem, mais chances as crianças e os jovens terão de aprender por meio dos textos que leem.

Apostamos no papel fundamental do professor e da escola como mediadores de leitura e entendemos que tam-bém é nossa função, como editores, fortalecer e estimular as relações estabelecidas entre o livro e o leitor, porque cremos na condição formativa da literatura, não só no contexto didático-pedagógico, mas como possibilidade de desenvol-vimento da imaginação e da criatividade do ser humano.

Esperamos que este Manual se constitua numa fer-ramenta de acesso à língua escrita e compreensão leitora, elementos essenciais tanto para a apropriação de todas as disciplinas do currículo escolar como para a construção de cidadãos atuantes na sociedade em que vivemos.

Editora Nova Fronteira

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QUEM SÃO E POR QUE “ELAS”?

O contato direto com textos literários, além de pro-vocar no leitor experiências subjetivas diversas, possibi-lita situá-los no contexto histórico-social e cultural em que foram produzidos e, ainda, a respeito das particu-laridades de quem o produziu. No caso de Elas por elas, temos uma compilação de contos, crônicas, poemas e aforismos de mulheres de diferentes épocas e lugares do Brasil, publicada em 2016 e elaborada por mulheres do começo ao fim: desde a escolha dos textos, à autoria dos mesmos, à equipe de direção e produção editorial.

A organizadora do livro é a jornalista e premiada escritora Rosa Amanda Strausz, nascida no Rio de Janei-ro, em 1959. Rosa estreou na literatura com o livro de contos Mínimo múltiplo comum, em 1991. Logo, porém, a carreira de escritora para adultos foi interrompida pela descoberta de um novo interesse: escrever para jovens e crianças. A autora se interessa especialmente por abor-dar temas nem sempre tratados no universo infantojuve-nil: as novas configurações familiares, as relações sociais entre classes e a violência urbana. Uma de suas grandes obras, Uólace e João Victor (1998), foi adaptada para a TV na série Cidade dos homens, dirigida pelo cineasta Fernando Meirelles.

As nove escritoras escolhidas para o livro são mu-lheres que cresceram em diferentes épocas e regiões do

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país, com trajetórias de vida e características textuais bem diversas entre si.

Patrícia Galvão, conhecida como Pagu, a mais anti-ga delas, nasceu em 1910, mas é, ainda hoje, considerada uma das mulheres mais instigantes da história brasileira: foi avançada para os padrões da época, dada as suas “extrava-gâncias”, tais como fumar em público, usar blusas transpa-rentes e cabelos curtos; e seus textos, publicados em jornal, chamaram a atenção da intelectualidade paulista envolvida com o movimento modernista.

Rachel de Queiroz nascia no Ceará no mesmo ano, bem longe do centro cultural paulista. Passou a infância fu-gindo da seca e morando em várias cidades. De volta a Qui-xadá, formou-se professora aos 15 anos. Mais tarde, passou a escrever e foi a primeira mulher a ingressar na Academia Brasileira de Letras e a receber o Prêmio Camões, o maior reconhecimento para escritores de língua portuguesa.

Lygia Fagundes Telles nasceu em 1923, em uma tradi-cional família paulista. Ao contrário da maioria das moças de seu tempo, foi para a faculdade e cursou educação física. Pouco depois, ingressou também na faculdade de direito. Começou a escrever e ganhou todos os prêmios literários importantes no Brasil. Em 2016, aos 92 anos, foi a primei-ra brasileira a ser indicada ao Prêmio Nobel de Literatura.

Já Adélia Prado nasceu em 1934, na cidadezinha mi-neira de Divinópolis. Muito religiosa, só foi para a facul-dade depois de casada e mãe de cinco filhos. Enviou seus textos para análise do poeta Affonso Romano de Sant’anna,

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que, encantado, repassou a Carlos Drummond de Andra-de. O ano de 1978 marca o lançamento de seu livro O co-ração disparado, que acaba agraciado com o Prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro.

Maria Valéria Rezende nasceu em 1942, na mesma cidade de Santos onde Pagu morreria exatos vinte anos de-pois. Membro da Juventude Estudantil Católica, tornou-se educadora popular e viveu em diversos países e no sertão brasileiro antes fixar-se em João Pessoa, capital da Paraíba.

Mais ou menos na mesma época, Livia Garcia-Roza nascia no Rio de Janeiro. Pouco se sabe de sua vida particu-lar. Tal como afirma Rosa Amanda Strausz, na apresentação do livro: “Como boa psicanalista, mais ouve e observa do que se expõe — e quando o faz é em seus textos.”

Ana Cristina Cesar nasceu em 1952. A poeta, que em 2016 foi a autora homenageada pela FLIP, desabrochou no movimento da Poesia Marginal da década de 1970 e suici-dou-se aos 31 anos.

Cíntia Moscovich nasceu em Porto Alegre, em 1958. Aos nove anos, deu-se conta de que era judia — motivo de fascínio e indagações que viriam a marcar sua literatura.

E Adriana Falcão, a mais nova entre as autoras reuni-das, nasceu no Rio de Janeiro, em 1960, mas foi criada em Recife. Seu pai cometeu suicídio em 1978 e sua mãe mor-reu de overdose de remédios 13 anos mais tarde. Adriana, que escreve sobre felicidade, é autora de livros para crian-ças, jovens e adultos e também roteirista de TV.

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Apesar de trajetórias, gostos, sensibilidades e formas de ver o mundo bem diferentes, um ponto parece unir es-sas mulheres: o fato de terem encontrado na escrita um caminho para a busca mais profunda de seu lugar no mun-do. Ler seus textos é observar realidades de pontos de vista atemporais e, ao mesmo tempo, tão íntimos e tão públicos, tão femininos e tão universais.

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POR QUE VOCÊ VAI GOSTAR DESTE LIVRO

Se, ao longo da história da literatura mundial, muitas mulheres receberam menos destaque em razão do contexto social, político e até econômico em que viviam, o livro Elas por elas revela como, ainda assim, muitas resistiram, toma-ram a palavra e tornaram-se reconhecidas escritoras.

Mas há que se esclarecer que o fato de os textos serem escritos por mulheres e possuírem, portanto, uma ótica feminina não implica que o livro tenha que ser classificado quanto ao gênero como literatura “de mulheres” e/ou “para mulheres”. A coletânea, como a própria organizadora faz questão de destacar em entrevista, baseia-se na possibilidade de se conhecer a história de mulheres sob o ângulo que lhes é próprio, evitando distorções:

Eu tenho certa implicância com essa pecha de “li-teratura feminina”, que fala de cristaleiras e pés de goiaba no quintal (risos). Eu pensei bem e decidi fazer uma espécie de “antiantologia”, mostrando a diversidade de aspectos do feminino que podem ser abordados. Nesse sentido, eu queria ter as autoras mais diversas possíveis (Rosa Amanda Strausz ao Correio de Pernambuco, em 27 de julho de 2017).

Para isso, reuniu textos que trazem em comum narra-tivas que contam histórias de mulheres. E as semelhanças acabam por aí:

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É um livro que vai da Pagu à Adélia Prado. Acho que não podem existir duas criaturas mais diferentes na face da Terra. E são mulheres. O que elas têm em comum? Rigorosamente nada. São vidas completamente diferentes e, a partir disso, você tem expressões artísticas muito diferentes. Então, é uma antologia, mas uma que procura mostrar a diversidade das vozes femininas (idem, ibidem).

O que será que você, leitor, tem a ver com Elas? A riqueza dos textos está na precisão com que essas diferen-tes autoras descrevem as pessoas e os sentimentos huma-nos. Por isso, podemos dizer que são contos universais e atemporais, ou seja, independentemente de quanto tempo depois de publicado eles sejam lidos, a essência da obra continua bastante rica e atual. Os conflitos e as emoções das personagens, seja de culpa, amor, tristeza, felicidade, seja de ciúmes, faz com que nos conectemos a elas, o que nos ajuda a entender nossos próprios sentimentos.

O livro começa com uma apresentação da organiza-dora que é puro deleite: Strausz traça uma breve linha do tempo imaginária entre Pagu, a mais antiga das mulheres presentes nessa coletânea, nascida em 1910, e Adriana Fal-cão, a mais jovem, nascida em 1960, criando entre as nove autoras escolhidas singelas intersecções que as unem, tais como local de nascimento ou moradia, temas de interesse, prêmios e destinos.

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Antes dos textos propriamente ditos, cada escritora re-cebe uma breve apresentação pessoal. Em poucas palavras, o leitor situa a autora e, fatalmente, vai querer ler mais, como no exemplo abaixo:

Psicanalista carioca, estreou na literatura em 1995 com o romance Quarto de menina, que ganhou o selo Altamente Recomendável da Fundação Nacio-nal do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ). De lá para cá, publicou oito romances, livros de contos e in-fantojuvenis.

Foi três vezes finalista do Prêmio Jabuti. Livia Garcia-Roza é presença assídua nas redes sociais, onde faz delicadas provocações a respeito do femi-nino, da solidão e da vida. Os aforismos aqui pu-blicados foram colhidos de sua página no Facebook entre janeiro e março de 2016.

Questões como a desigualdade de gênero e a condi-ção de ser mulher no mundo estão presentes na coleção pelo próprio lugar de vivência das escritoras. Mas os tex-tos selecionados não se limitam à condição da experiência feminina.

A questão da autonomia do sujeito sob o viés político, por exemplo, pode ser reconhecida na carta da contestado-ra Patrícia Galvão, a Pagu. E também as restrições sociais impostas pelo casamento como pano de fundo para discu-tir a autonomia do indivíduo frente às paixões, no texto “Aos sessenta e quatro”, da gaúcha Cíntia Moscovich.

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No entanto, se a literatura é um modo discursivo en-tre vários (o jornalístico, o científico, o coloquial etc.), é também, diferentemente dos outros, o menos pragmático, ou seja, o que menos visa aplicações práticas imediatas. Nesse sentido, a BNCC (2016) aponta que o primordial não seria o “ensino de literatura”, mas, sim, a necessidade de a escola promover o “contato com a literatura para a formação do leitor literário”, como podemos observar na citação a seguir:

Não se trata, pois, no eixo Educação literária, de ensinar literatura, mas de promover o contato com a literatura para a formação do leitor literário, capaz de apreender e apreciar o que há de singular em um texto cuja intencionalidade não é imediatamente prática, mas artística. O leitor descobre, assim, a literatura como possibilidade de fruição estética, alternativa de leitura prazerosa. Além disso, se a lei-tura literária possibilita a vivência de mundos fic-cionais, possibilita também ampliação da visão de mundo, pela experiência vicária com outras épocas, outros espaços, outras culturas, outros modos de vida, outros seres humanos (BRASIL, 2016, p. 65).

Ao acessar textos tão diversos em conteúdo e forma (de trechos de cartas e publicações em redes sociais a contos e crônicas), que retratam temas e contextos tão pessoais e variados (cidade grandes e pequenas, sexualidade, envelhe-

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cimento, profissão etc.), o jovem leitor pode experimentar distintos modos de comunicação escrita. E, de acordo com essa perspectiva, o texto literário não é vivido como um objeto fixo a ser contemplado, mas, sim, como experiência estética que ganha significação na relação com o leitor.

O professor pode encontrar na literatura um meio de os alunos interpretarem a si próprios, considerando a in-teração entre textos e leitores. E a leitura, compreendida como ato de (re)construção pessoal e textual, torna-se eta-pa importante para o leitor produzir conhecimento a partir da polissemia da obra literária.

Elas por elas é uma coletânea que traz como uma de suas marcas de origem justamente o uso da palavra escrita como ferramenta de comunicação e transgressão, o que pode garantir aos estudantes, ao entrarem nesse “jogo da leitura literária”, o exercício da liberdade, levando à ampliação de limites de sua própria existência e das possibilidades de uso da língua/linguagem — experiências fundamentais no pro-cesso de formação pessoal, profissional e de cidadania em que se encontram.

O conto, gênero primordial nessa antologia, é um texto narrativo, não muito longo, centrado em um rela-to de determinado acontecimento, que pode ser real ou fictício. No que se refere às origens, o conto remonta aos tempos antigos, já reconhecido nas narrativas orais em tor-no das fogueiras, passando pelos gregos e romanos, pelas lendas orientais, parábolas bíblicas, novelas medievais ita-

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lianas, fábulas francesas de Esopo e La Fontaine, chegando a compor os livros como hoje os conhecemos. Em meio a essa trajetória, revestiu-se de inúmeras classificações, re-sultando nas chamadas antologias, as quais os reúnem por características comuns: policiais, de amor, ficção científica, fantásticos, terror, mistério, de mesma nacionalidade, entre outras afinidades, como tradicional, moderno e contempo-râneo, ou ainda, como no caso de Elas por elas: escrito por mulheres.

Os aforismos e poemas presentes, ao trazerem uma linguagem mais sucinta, suscitam uma reflexão mais apro-fundada do tema de que tratam. A linguagem metafórica abre janelas interpretativas às vezes menos óbvias e, portan-to, interessantes de serem trabalhadas em sala de aula.

A crônica, por sua vez, nos traz para o dia a dia, ao se basear em assuntos mais corriqueiros e, muitas vezes, mais concretos. Geralmente, tratam-se de textos curtos e em uma linguagem mais informal e cotidiana. Por se aproxi-mar da linguagem dos estudantes, uma antologia contendo esse tipo de texto traz boas alternativas de trabalho sobre o gênero literário.

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SUGESTÕES PARA AS AULAS DE LÍNGUA PORTUGUESA ANTES DA LEITURA DA OBRA ELAS POR ELAS

Considerando-se que a LDBEN/96 toma o ensino médio como etapa final da educação básica, essa fase de estudos pode ser compreendida como o período de conso-lidação e aprofundamento de muitos dos conhecimentos construídos ao longo do ensino fundamental. Espera-se, portanto, o desenvolvimento de capacidades que possibili-tem ao estudante:

(i) avançar em níveis mais complexos de estudos;(ii) integrar-se ao mundo do trabalho, com condições

para prosseguir, com autonomia, no caminho de seu apri-moramento profissional;

(iii) atuar, de forma ética e responsável, na sociedade, tendo em vista as diferentes dimensões da prática social.

Desse ponto de vista, o ensino médio deve atuar de forma a garantir ao estudante a preparação básica para o prosseguimento dos estudos, para a inserção no mundo do trabalho e para o exercício cotidiano da cidadania, em sin-tonia com as necessidades político-sociais de seu tempo.

Podemos esperar que as ações realizadas na disciplina Língua Portuguesa, no contexto do ensino médio, propi-ciem ao aluno o refinamento de habilidades de leitura e de

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escrita, de fala e de escuta. Isso implica tanto a ampliação contínua de saberes relativos à criação, ao funcionamento e à circulação dos textos quanto o desenvolvimento da capa-cidade de reflexão sistemática sobre a língua e a linguagem.

Com essa visão, a Base Nacional Curricular Comum (BNCC) também propõe que os objetivos de aprendiza-gem e desenvolvimento da língua portuguesa, no ensino médio, apresentem-se organizados em quatro eixos: orali-dade, leitura, escrita e conhecimentos sobre língua/norma padrão.

A literatura não é proposta como eixo, mas, sim, como campo de atuação em que as práticas de linguagem se realizam. Nesse caminho, a BNCC comenta sobre os campos “literário, político-cidadão e investigativo”, visan-do às diversas formações para o estudante do ensino médio, ou seja, uma formação estética, por meio do contato com a literatura; além de “[...] uma formação para o exercício da cidadania, que envolve a condição de se inteirar dos fatos do mundo, opinar e agir sobre eles; uma formação que contempla a produção do conhecimento e a pesquisa.” (BRASIL, 2016, p. 506).

Com base nessa organização, “[...] o campo literário envolve as práticas com textos que possibilitem a fruição de produções literárias e favoreçam experiências estéticas.” (BRASIL, 2016, p. 506). A literatura, portanto, é destaca-da por sua função estética, como fenômeno artístico capaz de promover a fruição.

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Daniel Pennac, professor e pesquisador francês, in-vestigando as chaves para a entrada no mundo da fruição literária, escreve o livro Como um romance (2008), ensaio sensível, no qual revela como a magia da leitura perde-se quando o livro deixa de ser “vivo” — ou seja, quando a narração ao pé da cama, na infância, passa a ser a leitura obrigatória do programa escolar.

Lendo para seus alunos, Pennac elabora o que pode ser um ponto de partida para o trabalho literário do profes-sor com seus alunos:

Os 10 DIREITOS DO LEITOR1. O direito de não ler.2. O direito de pular páginas.3. O direito de não terminar um livro.4. O direito de reler.5. O direito de ler qualquer coisa.6. O direito ao bovarismo (doença textual-

mente transmissível).7. O direito de ler em qualquer lugar.8. O direito de ler uma frase aqui e outra ali.9. O direito de ler em voz alta.

10. O direito de se calar.

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SUGESTÃO DE ATIVIDADES

1. Iniciar as aulas com a leitura de diferentes textos literários em voz alta. Pode-se começar com textos mais curtos, tais como versos, trechos de músicas, aforismos.

2. Ouvir os comentários dos alunos, se houver. Mas não é necessário pedir que expressem o que compreende-ram. O professor escolhe trechos literários de que gosta e oferece aos seus alunos diariamente.

3. Pedir que os alunos também tragam trechos de músicas, poemas, contos e crônicas de que gostam. A cada aula, dois ou três alunos podem ler — ou pedir que o pro-fessor leia — os textos que trouxeram.

4. Solicitar que os alunos, em grupo, escolham um dos textos do livro Elas por elas e apresentem as característi-cas do gênero trabalhado pela autora e a importância dessa autora para a literatura brasileira. Eles podem escolher ou-tras escritoras brasileiras não presentes na antologia para comparar ou articular semelhanças.

5. Pode-se agendar e organizar um sarau na sala de aula, quando os alunos que quiserem poderão comparti-lhar frases, textos e trechos que pesquisaram, escreveram e de que gostaram.

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REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Co-mum Curricular (BNCC). 2.a versão revista. Brasília, 2016.

BRASIL/SEMTEC. Orientações curriculares do ensino médio. Brasília: MEC/ Semtec, 2004. Linguagens, códigos e suas tecnologias / Secretaria de Educação Básica. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2006. 239 p. (Orientações curriculares para o ensino mé-dio, volume 1).

CANDIDO, A. O direito à literatura. In: ————. Varios escritos. São Paulo: Duas Cidades, 1995.

COELHO, Nelly Novaes. A literatura feminina no Brasil contemporaneo. São Paulo: Siciliano, 1993.

COLASSANTI, Marina. A nova mulher. 4ª ed. Rio de Janeiro: Editorial Nórdica,1980.

LIPOVETSKY, Gilles. A terceira mulher: permanên-cia e revolução do feminino. Trad. Maria Lucia Machado. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.

PENNAC. D. Como um Romance (Os Direitos do Leitor). Rio de Janeiro: Rocco, 2008.

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DIALOGISMO E POLIFONIA NA LEITURA DE ELAS POR ELAS EM SALA DE AULA

— MATERIAL DE APOIO APÓS A LEITURA DA OBRA

Concluído o ensino fundamental, supõe-se que os alu-nos que ingressam no ensino médio já estejam preparados para a leitura de textos mais complexos da cultura literária, que poderão ser trabalhados lado a lado com outras moda-lidades com as quais estão mais familiarizados, como letras de músicas, quadrinhos, cordel, entre outras relacionadas ao contexto cultural e interesse dos estudantes.

No ensino médio, o componente curricular Língua Portuguesa — a exemplo dos demais componentes — pre-cisa lidar com o agravamento da fragmentação do conhe-cimento. Essa fragmentação, não obstante o esforço de constituição de áreas do conhecimento já propostas nas Diretrizes Curriculares para o Ensino Médio (BRASIL, 1998), segue como um desafio a ser enfrentado ainda hoje. Reintegrar a experiência da leitura às atividades de interesse e formação integral dos estudantes, portanto, é fundamen-tal. Quando falamos de desenvolvimento integral, desta-camos a formação cognitiva e intelectual, mas também a física, a emocional e a social dos adolescentes.

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SUGESTÃO DE ATIVIDADES

1. A partir da troca de impressões, de comentários partilhados, os estudantes podem descobrir muitos outros elementos da obra. Às vezes, nesse diálogo, mudam de opi-nião, descobrem uma outra dimensão do texto que não ha-via ficado visível em um primeiro momento. No cinema ou no teatro, por exemplo, esse dialogismo, essa polifonia que captamos na obra tornam-se mais perceptíveis, pois essas linguagens já implicam uma recepção coletiva, ou seja, há uma plateia que em um mesmo momento assiste a deter-minada obra, e os comentários, as trocas, o compartilha-mento de risadas e impressões tornam-se, portanto, quase inevitáveis.

2. Já a leitura pede, atualmente, outro tipo de com-portamento: individual e silencioso (apesar de já ter sido coletiva em outros tempos e sempre feita em voz alta). Por que não aproveitarmos, então, o fato de estarmos todos lendo o mesmo livro para compartilhar impressões, agindo do mesmo modo como quando acabamos de assistir a um filme ou ouvir uma música: evidenciamos a particularidade de nossas leituras com apreciações individualizadas sobre personagens, narradores, enredo, valores etc. Desse modo, os estudantes são convidados a emitir seus pontos de vista e impressões sobre vários aspectos da leitura — todos eles legítimos, portanto.

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3. Os professores estão, dessa forma, encorajando os alunos a construir suas próprias experiências no ato da lei-tura, além de aperfeiçoar, junto com os colegas de classe, seus critérios de seleção, avaliação e produção literária. Nes-sa linha, cabe também estimulá-los a produzir suas próprias antologias, escolhendo um tema de sua preferência.

4. Além disso, aproveitando a variedade de vivências das autoras, é possível trabalhar com os professores de his-tória e geografia as circunstâncias que envolveram cada uma delas. Enquanto Pagu viveu o frisson pós-Semana de 22, Rachel de Queiroz traz em suas raízes a dura realida-de da seca. Lygia Fagundes Telles, por sua vez, cresceu em ambiente próspero de São Paulo. Cada um desses exemplos pode ser trabalhado pelos professores, ao apresentar aos alunos o contexto social, político e geracional em que se imbui a literatura dessas autoras.

5. É possível ainda esmiuçar os sentimentos explici-tados por cada uma das autoras em seus contos: sobre o que falam? Que sentimentos revelam? Alguém já sentiu o mesmo? Quais as semelhanças e diferenças entre elas?

6. O papel do professor é essencial ao selecionar obras que permitam uma interação mais produtiva, além de uti-lizar questões que possam deixar clara a relação entre a ex-periência do aluno e o texto.

7. Os alunos podem experimentar o texto literário como uma forma de (re)descoberta de sua própria iden-tidade, por meio da reescrita que se concretiza no ato da leitura, quando o leitor responde ativamente ao texto.

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REFERÊNCIAS

Site da organizadora do livro: Rosa Amanda Strausz: https://rosaamandastrausz.wordpress.com. Acesso em: 4 abr. 2018.

Entrevista com a organizadora do livro Rosa Amanda Strausz: http://agenciariff.com.br/Site/NoticiaEntrevista/ShowEntrevista/2. Acesso em: 4 abr. 2018.

Outros livros com coletâneas de mulheres: http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2017/08/

1909119-colecao-traz-ponto-de-vista-de-30-escritoras-so-bre-experiencia-humana.shtml. Acesso em: 4 abr. 2018.

PRIORE, Mary Del. Histórias íntimas: sexualidade e erotismo na História do Brasil. São Paulo: Planeta, 2011.

YOUSAFZAI, Malala; LAMB, Christina. Eu sou Ma-lala. A história da garota que defendeu o direito à educação e foi baleada pelo Talibã. São Paulo: Companhia das Le-tras, 2013.

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A LEITURA DE ELAS POR ELAS COMO EXPERIÊNCIA EMANCIPADORA: A ESCUTA DE DIFERENTES MULHERES E O DIÁLOGO COM A HISTÓRIA, A SOCIOLOGIA E A ANTROPOLOGIA

O documento orientador do Programa Ensino Médio Inovador (BRASIL, 2016, p.15) propõe que o currículo do ensino médio seja organizado a partir de um eixo comum — “trabalho, ciência, tecnologia e cultura” —, buscando--se integrar os conhecimentos e os componentes curricula-res na organização do trabalho pedagógico. Nesse sentido, também a literatura ocupa espaço marcado no macrocam-po “leitura e letramento”, descrito a seguir:

As ações propostas neste macrocampo estarão in-trinsecamente relacionadas a todas as áreas de co-nhecimento do currículo (Linguagens, Ciências Humanas, Ciências da Natureza e Matemática). É fundamental que os estudantes desenvolvam ha-bilidades de leitura, interpretação e produção de textos em diversos gêneros, assim é importante ter foco na criação de estratégias para desenvolvimen-to da leitura crítica e da organização da escrita em formas mais complexas, ampliando as situações de uso da leitura e da escrita, incluindo estudos cientí-ficos e literários, obras e autores locais, nacionais e internacionais. (BRASIL, 2016, p. 17).

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O livro Elas por elas, ao trazer a reflexão profunda e autêntica de mulheres que viveram em diferentes épocas e contextos brasileiros, permite pensar as sociedades hu-manas, como se relacionam, seja em seus aspectos físicos, em suas relações com a natureza, seja em suas especificadas culturas. Assim, os saberes antropológicos problematizam o conceito de cultura ao abarcar diversas dimensões: uni-verso psíquico, costumes, rituais, linguagem, valores, leis, relações de parentesco, considerando os diferentes grupos sociais. Quais experiências culturais podem ser identifica-das nos diferentes textos do livro? Quem está e quem não está ali representado? Como representá-los?

Dando continuidade a esses encontros interdisciplina-res, é possível uma perspectiva de estudo que investigue o papel exercido pelas autoras e textos na sociedade (à época em que foram publicados pela primeira vez ou ainda atual-mente, por exemplo), o que pode promover uma rica refle-xão sociológica sobre a recepção dessas obras nos diversos circuitos de leitura. Qual o impacto dos textos à época? Foram escritos e publicados em quais contextos? Quem são, hoje, as escritoras de destaque local, nacional e inter-nacional?

No mesmo sentido, incentivar pesquisa e reflexões acerca da relação entre a história, como processo social e como disciplina, e a literatura, como forma de expressão artística da sociedade, torna-se importante fonte de produ-ção do conhecimento dos processos sociais de nosso país.

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SUGESTÃO DE ATIVIDADES

1. O acesso livre a uma biblioteca com bom acervo é fundamental. Esse espaço pode ser utilizado também para a organização eventos relacionados à leitura, como debates, saraus, conversa com escritores, semana do livro etc.

2. Em muitas escolas, atualmente, ao lado da biblio-teca escolar há outros espaços instituídos, como a sala de informática e a sala de vídeo, que conjugam linguagens di-versas e ajudam a criar um movimento cultural na escola.

3. Há ainda os passeios culturais, estudos do meio etc., dos quais as escolas podem e devem lançar mão para desenvolver no aluno a percepção da relação entre as dife-rentes linguagens e experiências culturais.

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