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MANUAL DOS DIREITOS DO CIDADÃO

Lucas de Souza Lehfeld, Luiz Gonzaga Meziara Júnior, Marilda Franco de Moura (Orgs.) Manual dos Direitos do Cidadão. Volume 2. - Ribeirão Preto: Centro Universitário Barão de Mauá – Centro de Cidadania “Dr. Hélio Bicudo”, 2013. 80 f.; 20,5 cm.

ISSN 1. Direitos. 2. Cidadania.

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MANUAL DOS DIREITOS DO CIDADÃO

LUCAS DE SOUZA LEHFELD

LUIZ GONZAGA MEZIARA JÚNIOR,

MARILDA FRANCO DE MOURA

(ORGANIZADORES)

MANUAL DOS DIREITOS DO CIDADÃO

CENTRO DE CIDADANIA “DR. HÉLIO BICUDO”

CENTRO UNIVERSITÁRIO BARÃO DE MAUÁ

RIBEIRÃO PRETO

2013

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APRESENTAÇÃO

O “Centro da Cidadania Dr. Hélio Bicudo” e o “Núcleo de Práticas Ju-rídicas” são órgãos do curso de Direito que têm por responsabilidade o de-senvolvimento de projetos de extensão junto à comunidade local, bem como promover e coordenar práticas e estudos relacionados às atividades comple-mentares e estágio supervisionado do curso, visando ao aprimoramento nas áreas jurídico-profissionais e sociais. Eles permitem a interlocução, na inicia-ção à pesquisa e na extensão, da teoria com a prática, buscando orientar, solucionar problemas emergentes da esfera social e atender às demandas da comunidade.

A orientação jurídica tornou-se um fator significativo para a esfera social, porquanto, muitas vezes, os cidadãos não têm conhecimento dos seus direi-tos e deveres o que pode acarretar-lhes inúmeros danos, bem como à comu-nidade no qual está inserido.

Com efeito, o “Manual dos Direitos do Cidadão” busca incentivar a pes-quisa jurídica pelos alunos e professores do Curso de Direito do Centro Uni-versitário Barão de Mauá e, ao mesmo tempo, prestar assessoria jurídica à sociedade, orientando sobre a garantia dos direitos dos cidadãos.

Os temas foram selecionados, portanto, a partir de experiências no aten-dimento jurídico à população carente, desenvolvidos no “Centro da Cidadania Dr. Hélio Bicudo” e no “Núcleo de Práticas Jurídicas” do Centro Universitário Barão de Mauá, considerando-se ainda a realidade cultural da região de Ri-beirão Preto.

Além da finalidade pedagógica e científica, destaca-se, também, o aspec-to da aproximação do conteúdo da legislação do seu público, o cidadão. Isso porque, devido à dificuldade de acesso à informação e ao próprio formalismo característico da área jurídica, constata-se um distanciamento entre o cidadão e o direito, o que é um grande contra censo, já que o direito existe para servir ao cidadão e não o contrário.

Dessa forma, os alunos foram incentivados a desenvolver seu estudo, levando em consideração temas jurídicos que fazem parte do cotidiano dos ci-dadãos, bem como as principais dúvidas que são apresentadas por eles quan-do procuram pelo atendimento jurídico. Mais do que um projeto acadêmico, o Manual é um projeto social que vem prestar um verdadeiro serviço informativo à população de Ribeirão Preto e região, para diminuir a distância entre a lei e os sujeitos aos quais ela se refere.

Em razão disso, os artigos selecionados contêm informações relevantes para o exercício da cidadania, consciência dos direitos e deveres a ela ineren-tes. Além disso, as unidades editadas serão distribuídas para a população no “Centro da Cidadania Dr. Hélio Bicudo” e em escolas públicas do município de Ribeirão Preto.

Não raro, deparamo-nos com atitudes antissociais, motivadas pela desin-formação e pelo descaso com o próximo, estimulados, ainda, pelos sentimen-tos de impunidade que emergem da sociedade brasileira.

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Identificadas essas atitudes, cabe às instituições de ensino jurídico a res-ponsabilidade social de motivar os alunos à prática e à pesquisa jurídica e, a sua interação com a sociedade, na qual vai atuar, visando uma sociedade justa e solidária. Enfim, este manual prioriza a informação, a integração e a justiça.

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SUMÁRIO

PENSÃO ALIMENTÍCIA: COMO COBRÁ-LA?Mariana Leite Flores Pereira ........................................................................................ 13

ASPECTOS QUE ENVOLVEM A FIXAÇÃO JUDICIAL DE ALIMENTOSFernanda Araújo Guedes Cândido ............................................................................... 15

DIREITOS E GARANTIAS DO CONSUMIDORMisaque Moura de Barros ............................................................................................ 17

POSSÍVEL DETRIMENTO DA GUARDA FACE AO EXERCÍCIO DA PROSTITUIÇÃOIsadora Garavini FurlanÍris Maira Adami Soares .............................................................................................. 19 O TRANSPORTE COLETIVO URBANO E O INSTITUTO DA PERMISSÃOKerton Nascimento e Costa ......................................................................................... 21

EMPREGADO DOMÉSTICO E SEUS DIREITOS EM CONFRONTAÇÃO

AO PRINCIPIO DA IGUALDADEEfigênia Cristina Cardoso ........................................................................................... 23

O BEM IMÓVEL DE FAMÍLIA PODE SER PENHORADO?Aline Pratali RibeiroLaís Alessandra de Oliveira ........................................................................................ 25

A COBRANÇA DE PEDÁGIO FERE O DIREITO DE IR E VIR?Jefferson da Silva Mattos ............................................................................................. 27

DIVÓRCIO: ALTERAÇÕES LEGAIS E MODALIDADESJonathan Willy Lopes Ramalho Michelle Toratti Mazarini L. Ramalho ........................................................................... 29

EXIGÊNCIA DE GARANTIAS PARA ATENDIMENTO MÉDICO-HOSPITALAR Jéssica Claudino Leal TalãoJulia Vieira de Andrade ................................................................................................ 31

TRABALHO ESCRAVO E MORTE NOS CANAVIAISArthur Einstein de Souza MelimJosé Marcio dos Santos ............................................................................................... 33

FILA BANCÁRIA: EXERÇA SEU DIREITO!Delber de Carvalho RibeiroPaulo Roberto Cassiolato Filho .................................................................................... 35

DIREITOS E DEVERES DO PROPRIETÁRIO NA HORA DE TRANSFERIRO VEICULOLeandro Francisco de Oliveira .................................................................................... 38

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A IMPORTÂNCIA DOS REGISTROS PÚBLICOS NA VIDA DO CIDADÃODelso Piran Junior ...................................................................................................... 39

DIREITO DE ACESSO À SAÚDE PÚBLICA – DE QUEM É A RESPONSABILIDADE?Ana Claudia Messias Camillo ....................................................................................... 42

EMENDA CONSTITUCIONAL N° 72 DE 2013 GARANTE À CLASSE DOSDOMÉSTICOS OS MESMOS DIREITOS DOS DEMAIS TRABALHADORESAlex Rafael GonçalvesDênio Furlanetti Nasser ................................................................................................ 44

BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA - GARANTIA DEASSISTÊNCIA SOCIAL AO IDOSO E AO DEFICIENTE Antônio Manoel Santos PradoDaniela Yamada de Aguiar ........................................................................................... 46

DESMISTIFICANDO A ADOÇÃO NO BRASILCristiane Aparecida Ribeiro .......................................................................................... 48

LEI DA TRANSPARÊNCIA NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICAClaudimilson Bonardi Gonçalves Fonseca .................................................................. 50

BENEFÍCIO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL AO IDOSO E À PESSOACOM DEFICIÊNCIA BPC-LOASPaula Moretini Mencucini Dilma Vieira Almeida ................................................................................................... 52

PROGRAMA MINHA CASA MINHA VIDA – MORADIA A TODOSRodrigo Machado PradoTiago César Avanci ...................................................................................................... 54

UMA ALTERNATIVA PARA A BUROCRACIA DO SISTEMA JURÍDICOLuis Fernando FernandesPaulo Martins CasonRenan Augusto Soares ............................................................................................... 56

CARTÓRIOS: SAIBA QUAL UTILIZARSigrid Eduarda da SilvaSônia Aparecida Lopes Ramalho ................................................................................. 58

SISTEMA ELEITORAL DE REPRESENTAÇÃOJosé Augusto de Souza ............................................................................................... 60 O SEGURO DESEMPREGO E SUAS MUDANÇASLilian de Menezes San MartinoMaíra Angélica dos Santos ........................................................................................... 64

REGRAS DE TRÂNSITO EQUIVOCADASAdriano Vitor TeodoroFátima Monteiro Pimenta ............................................................................................. 66

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A INEFICÁCIA DAS POLÍTICAS HABITACIONAIS EM RIBEIRÃO PRETOKatia Helena Zerbini Palmeira de MoraisPatricia Gomes AbreuTalita Augusta Araújo da Silva ...................................................................................... 67

FORNECIMENTO GRATUITO DE MEDICAÇÃO AOS PORTADORES DE CANCERJair Rodrigo Viaboni ..................................................................................................... 69

DIREITO DO CIDADÃO NA FILA BANCÁRIALaura de Paula Spanó .................................................................................................. 71

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Advogada do Núcleo de Práticas Jurídicas do Centro Universitário Barão de Mauá e conciliadora integrante dos Centros Judiciários de Solução de Conflitos e Cidadania (CEJUSC) da Comarca de Ribeirão Preto, estado de São Paulo

PENSÃO ALIMENTÍCIA: COMO COBRÁ-LA?

Mariana Leite Flores Pereira

Uma vez regulamentada, judicialmente, a pensão alimentícia deverá ser paga mensalmente. Não havendo o seu pagamento, caberá ao credor cobrá--la, também, pela via judicial, dispondo ele da faculdade de uso de qualquer dos meios executórios assegurados pela lei para sua cobrança. Ressalta-se que não importa a natureza do encargo, se definitivo, provisório ou provisio-nal, bem como se fixado em decisão liminar ou por meio de sentença, para que possa ser buscado, quer pela via do artigo 732, quer pela do artigo 733 do Código de Processo Civil (CPC).

Comecemos pela forma de cobrança regulamentada no artigo 733 do CPC e, talvez, a de melhor força coercitiva. Nessa hipótese, os alimentos serão executados sob pena de prisão e apenas poderão ser cobradas as três últimas pensões alimentícias não pagas, incluindo-se, automaticamente ao processo, as pensões que se vencerem no curso da Ação de Execução.

Uma vez citado, o devedor, no prazo de 03 (três) dias, deverá realizar o pagamento das pensões em atraso ou então justificar a sua impossibilidade em fazê-lo, observando que o mero desemprego ou a existência de outros filhos não são causas que afastem, por si só, a obrigação alimentar.

Outra questão a ser observada, na análise desse procedimento, é a de que caso o devedor não faça o pagamento ou a justificativa apresentada não seja acolhida, poderá o juiz decretar sua prisão civil pelo prazo mínimo de 01 (um) mês e máximo de 03 (três) meses. Uma vez paga a dívida, a soltura do devedor deverá ser imediata. Não realizando o pagamento, mas transcorrido o prazo da prisão civil, será igualmente o devedor colocado em liberdade. Deve-se atentar que o cumprimento do prazo, previsto para prisão civil, não quita a dívida. Isto é, liberado, o devedor somente, em razão do transcurso do prazo, permanecerá ele devedor da dívida. O único impedimento que existirá é a proibição de nova prisão pela mesma dívida.

A segunda forma de se cobrar os alimentos se dá por meio do procedi-mento previsto no artigo 732 do CPC. Nessa hipótese, o devedor será citado para realizar o pagamento espontâneo das prestações em atraso, sob pena de penhora. Havendo bens em nome do devedor, sendo eles móveis (carro, moto, etc.) ou imóveis (mesmo que seja o único), poderá o juiz determinar a sua venda para que, o dinheiro levantado com a alienação, o credor possa satisfazer seu débito.

Essa segunda forma de cobrança apenas será viável caso tenha o deve-dor bens em seu nome pois, não os tendo, restará sem efeito esse procedi-mento.

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Ainda, é válido informar que a penhora poderá recair também sobre o próprio dinheiro do devedor, depositado em conta corrente ou poupança, so-bre o seu salário (observadas algumas limitações) ou sobre o saldo de FGTS, permanecendo o devedor, assim, diretamente com o numerário encontrado.

Por fim, ressalta-se que apenas a pensão alimentícia regulamentada ju-dicialmente é que viabiliza a sua cobrança por essas duas formas. O acordo meramente verbal entre credor e devedor impossibilita qualquer forma de co-brança pela via judicial dos alimentos supostamente em atraso.

Para aqueles que não possuem os alimentos regularmente fixados ou para aqueles que desejarem sua cobrança, e não tiverem condições de cons-tituir advogado particular, procure pelas faculdades que ofereçam os serviços de assistência judiciária gratuita ou pela própria Defensoria pública, órgão responsável ao atendimento de pessoas economicamente hipossuficientes.

BIBLIOGRAFIA

SPENGLER, Fabiana Marion. Da Ação à Execução. Editora Livraria do Advogado.

ASSIS, Araken de. Da Execução de Alimentos e Prisão do Devedor. Editora RT.

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ASPECTOS QUE ENVOLVEM A FIXAÇÃO JUDICIAL DE ALIMENTOS

Fernanda Araújo Guedes Cândido

A ação de alimentos está amparada tanto pelo Código Civil como pela Lei n.º 5.478/1968. No Código Civil, tem previsão nos artigos 1.694 a 1.710, além da Lei já mencionada, promulgada especialmente para regulamentar a ação de alimentos.

Mas quem pode pleitear alimentos? Os parentes, cônjuges ou compa-nheiros, pais e filhos.

O direito à prestação de alimentos é extensivo aos ascendentes, ou seja, na falta do pai ou da mãe, os filhos necessitados poderão pleitear alimentos em desfavor dos avós maternos ou paternos.

Na fixação dos alimentos, o juiz deverá sempre respeitar a proporção das necessidades do reclamante e dos recursos da pessoa obrigada. Isso signi-fica que a pessoa obrigada deve prestar alimentos sem que seja prejudicada em sua própria subsistência.

Desde o primeiro momento em que o alimentando ingressa com ação judicial para pleitear alimentos, o juiz pode, e deve, fixar os alimentos provisó-rios, que deverão ser pagos a partir da citação. Os alimentos provisórios são fixados porque servem para o sustento e manutenção de quem os pleiteia e, por ser causa de urgência, não pode aguardar o provimento final para ser fixado, sob pena de causar prejuízos ao sustento, criação e manutenção de quem os pleiteia.

O direito aos alimentos é imprescritível, podendo ser modificado a qual-quer tempo. Assim, se o alimentante modificar sua situação financeira e se deparar com dificuldades em suprir as prestações alimentícias, ele deverá ingressar com ação judicial de revisão de alimentos para diminuir o valor fi-xado, ou requerer a exoneração dos alimentos, no caso de o alimentando ter atingido a maioridade civil, não estar estudando ou exercendo qualquer tipo de atividade laboral.

Da mesma forma, se o alimentando verificar que houve melhoria na si-tuação financeira do alimentante, poderá ingressar com a mesma ação para solicitar a majoração, o aumento da pensão alimentícia.

A partir do momento que a pensão alimentícia for devidamente fixada pelo juiz competente, a obrigação alimentar passa a ser legal. Assim, se a pensão alimentícia não for paga após a fixação do juiz, o alimentando pode se valer da ação de execução de alimentos para cobrar a quantia que não foi paga.

A ação de execução de alimentos possui dois ritos específicos que podem ser adotados dependendo do caso concreto:

Advogada do Núcleo de Práticas Jurídicas do Centro Universitário Barão de Mauá e conciliadora integrante dos Centros Judiciários de Solução de Conflitos e Cidadania (CEJUSC) da Comarca de Ribeirão Preto, estado de São Paulo

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1) Previsto no artigo 733 do CPC, para a cobrança das três últimas pen-sões alimentícias e onde a cobrança dos valores ocorre sob pena de prisão do executado;

2) Previsto no artigo 732 do CPC, para a cobrança das demais pensões alimentícias e onde a cobrança dos valores ocorre sob pena de penhora de bens.

BIBLIOGRAFIA

COELHO, Fábio Ulhôa. Curso de Direito Civil. São Paulo: Saraiva, 2012.

DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2012.

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DIREITOS E GARANTIAS DO CONSUMIDOR

Misaque Moura de Barros

Em razão das revoluções industriais e tecnológicas de modo que permi-tiram um grande consumo pela sociedade, surgiu a necessidade de uma le-gislação específica que regulasse as relações de consumo, pois, no inicio, os que mais se beneficiavam foram os comerciantes, tornando-se os mais fortes na relação de consumo. Neste contexto, notou-se que o Código Civil não era suficiente para a proteção do consumidor.

Foi então que o Estado promulgou a lei. 8.078 de 11 de setembro de 1990, que demonstrou uma evolução na proteção das relações consumo, e equiparou o consumidor ao fornecedor, protegendo ambas as partes.

Mas quais são esses direitos que os consumidores ainda desconhece?A maioria dos consumidores já comprou um produto ou serviço viciado,

ou seja, um produto ou serviço que não funcionava, não tinha a qualidade ou a quantidade ao resultado que se esperava, causando então, certa frustração.

Como resolver esse problema? Quais as alternativas garantidas ao con-sumidor? Qual o prazo para a resolução do problema?

Todo consumidor que adquirir um produto ou serviço viciado tem o dever de levar esse produto ao fornecedor e exigir que o vício seja sanado. Não sendo possível sanar o vício no prazo de 30 dias, há ainda três alternativas equivalentes previstas nos artigos. 18 19 e 20 do CDC.

Quais sejam:

• A substituição do produto, se relacionado à qualidade.• O abatimento proporcional do preço, quando relacionado à quantidade.• E, por fim, a restituição da quantia paga, sem prejuízo de perdas e da-

nos.

Importante dizer que o prazo para reclamação desses direitos são de 90 dias para produtos ou serviços duráveis e 30 dias para produtos e serviços não duráveis.

Todos os produtos colocados no mercado de consumo devem ser adequa-dos, essa é uma prerrogativa da política nacional das relações de consumo, e uma norma de ordem pública prevista no artigo 18 do CDC. Em decorrência disso, todo produto e serviço possuem uma garantia legal, independente da garantia contratual.

Isso significa dizer que, se o consumidor comprou um produto e o forne-cedor lhe deu um ano de garantia, ele tem um ano de garantia contratual e

Aluno do Centro Universitário Barão de Mauá

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mais três meses de garantia legal. Vale dizer ainda, que mesmo aquele pro-duto adquirido por um camelô ou uma massa falida, ele possui garantia legal.

Exerça seu direito de reclamação, se sentir seus direitos violados procure uma unidade do PROCON, não sendo possível a resolução do conflito busque o Poder Judiciário. Esse é um direito de escolha garantido a você consumidor.

BIBLIOGRAFIA

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Promulgada em 5 de outubro de 1988. 07. Ed. São Paulo: Saraiva, 2012.

ALMEIDA, João Batista de. A proteção jurídica do consumidor. 4ª ed. São Paulo: Saraiva, 2003.

BITTAR, Carlos Alberto. Direitos do consumidor: código de defesa do consumidor. 6ª ed. São Paulo: Forense Universitária, 2003.

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POSSÍVEL DETRIMENTO DA GUARDA FACE AO EXERCÍCIODA PROSTITUIÇÃO

Isadora Garavini Furlan Íris Maira Adami Soares

Muitas vezes, nas ações de divórcio ou nas que têm por objeto a guarda de menores, um dos argumentos utilizados para desfavorecer uma das partes no deferimento da guarda diz respeito ao comportamento ou modo de vida levado pelo respectivo genitor.

Isso porque o Código Civil prevê que castigar imoderadamente o filho ou deixá-lo em abandono, é prática de atos contrários à moral e aos bons costu-mes como causa de perda do poder familiar do pai ou da mãe.

Entretanto, não basta que a conduta de um dos genitores seja contrária àquela exigida pela sociedade, visando à boa criação de um filho para que haja a destituição do pátrio poder. Ela deve ser interpretada levando-se em consideração, prioritariamente, o interesse do menor e analisando-se o perigo moral que representa para ele.

A prostituição é um forte exemplo de ato contrário à moral e aos bons costumes, porém não é fator determinante de perda da guarda. Desde que não esteja associada a outros fatores nocivos ao desenvolvimento do menor, como alcoolismo e drogas, e seja praticada com discrição e, principalmente, de forma a preservar a saúde psíquica do filho, o genitor que a pratica pode, sim, ser detentor do poder familiar.

Se, ao contrário, restar demonstrada a prática sem cautelas e explicita-mente, com o consequente prejuízo do bom desenvolvimento e educação do menor, deve a guarda ser afastada, protegendo-se jurisdicionalmente aquele que necessita de maior assistência.

A prostituição não pode ser tratada como atividade imoral, pois a imorali-dade deve ser compreendida em seu sentido jurídico e não religioso, como na maioria dos casos é feito. Outrossim, o regular exercício dela é reconhecido pela Classificação Brasileira de Ocupações, mas ainda é reflexo de precon-ceito social.

Esse entendimento também exclui a possibilidade de se utilizar a prosti-tuição para alegar abandono do filho, visto que, em se tratando de forma de trabalho regular, há a necessidade do genitor em ausentar-se para prestar serviços, ainda que meretrícios, para prover o sustento familiar.

Necessária, então, a relativização do exercício de atividade sexual como profissão ante os direitos relativos à família. A possibilidade de ser pai e pres-tar-se como tal, caminhando para o bom desenvolvimento pessoal do filho, aliando-se, certamente, à vontade deste, deve prevalecer aos interesses cole-tivos baseados em situações generalizadas.

Alunas do Centro Universitário Barão de Mauá

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BIBLIOGRAFIA

FERRIANI, ADRIANO; “A prostituição é causa de perda do poder familiar? E da guarda do filho?”; matéria do site jurídico Migalhas; 13 de jun 2012. Dis-ponível em: <http://www.migalhas.com.br/Civilizalhas/94,MI157389,11049-A+prostituicao+e+causa+de+perda+do+poder+familiar+E+da+guarda+do+filho> Acesso em: 13 ago 2012.

MADALENO, ROLF; Curso de Direito de Família - Da proteção da pessoa dos filhos e Do Poder Familiar. S.I., Editora Forense; 2010.

VIEIRA, THIAGO; “Prostituição: aspectos penais, trabalhistas e civis” – matéria do site jurídico Jus <http://jus.com.br/revista/texto/14934/prostituicao--aspectos-penais-trabalhistas-e-civis>Acesso em 13 ago 2012.

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O TRANSPORTE COLETIVO URBANO E O INSTITUTO DA PERMISSÃO

Kerton Nascimento e Costa

O transporte coletivo, no Brasil, remonta o século XIX, sendo que o pri-meiro veículo recebeu o nome de espiral, transportava até duas pessoas e era carregado por escravos. Com a evolução tecnológica, o trabalho braçal não é mais necessário, porém, o transporte coletivo se mostra essencial em uma sociedade que tem cada vez mais afazeres.

Ao Estado, cabe prestar um serviço de transporte coletivo urbano de qualidade e quantidade para atender à população, e, na busca pela melhor efetivação dessa importante obrigação, faz uso do instituto da permissão, ou seja, permite que um particular preste um serviço que é de responsabilidade estatal. Importante frisar que a permissão não exclui a responsabilidade do Estado na regulamentação e fiscalização dos serviços prestados.

A Constituição, em seu artigo 30, inciso V, atribui ao município a compe-tência para “organizar e prestar, diretamente ou sob regime de conces-são ou permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído o de transporte coletivo, que tem caráter essencial”.

Como visto no texto da lei, a essencialidade do transporte coletivo urbano confere a este serviço uma importância ímpar. Cabe lembrar que a permissão dada pelo Estado vincula a prestação do serviço público aos princípios da administração pública, e nesse caso ganha destaque o princípio da eficiência, que exige um serviço de boa qualidade, e o princípio da modicidade, que im-põe uma tarifação justa ao serviço prestado.

Diante de notórias queixas dos usuários, parece não haver a união dos mencionados princípios nas permissões do serviço de transporte coletivo ur-bano. A participação ativa do Legislativo e do Executivo municipais na defesa dos usuários, buscando sempre a melhoria no transporte, somado a voz da sociedade, é o caminho mais seguro e eficiente para garantir o pleno exercício da cidadania com a dignidade que lhe é inerente, afinal, todo o poder emana do povo, e por ele deve ser exercido, por meio de seus representantes eleitos.

BIBLIOGRAFIA

BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. 25ª edição, São Pau-lo: Editora Malheiros, 2009.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Se-nado Federal, 1988.

Bacharel em Direito pelo Centro Universitário Barão de Mauá

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DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 23. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 12ª edição, São Paulo: Saraiva, 2008.

MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 27. ed. rev. e atual. São Paulo: Malheiros, 2010.

SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 33ª Edi-ção, São Paulo: Editora Malhei

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EMPREGADO DOMÉSTICO E SEUS DIREITOS EM CONFRONTAÇÃOAO PRINCIPIO DA IGUALDADE

Efigênia Cristina Cardoso

O empregado doméstico demorou a conquistar muitos dos seus direitos, talvez porque o trabalho doméstico traz, em suas raízes, a ideia de que o serviço era destinado à mulher, como tarefa do lar. Todavia, após décadas, houve muita transformação e o Decreto Lei nº 5.452/1943 da Consolidação das Leis do Trabalho conceituou o que seria o trabalho doméstico em seu artigo 7, alínea “a”, sendo assim:

a) Aos empregados domésticos, assim considerados, de um modo geral, os que prestam serviços de natureza não-econômica à pessoa ou à família, no âmbito residencial destas;

b) Realização por qualquer pessoa no âmbito residencial, que não tenha natureza econômica ao empregador, ou seja, que o empregador não aufere nenhum lucro com o serviço realizado.

Com o surgimento da Lei nº 5.859, de 11 de dezembro de 1972, regula-

mentada pelo Decreto nº 71.885, de 09 de março de 1973, foi regulamentada a profissão do(a) empregado(a) doméstico(a), que veio conceituar e elencar direitos. Todavia, com a edição da Lei n.º 11.324, de 19 de julho de 2006, que alterou artigos da Lei n.º 5.859, de 11 de dezembro de 1972, os direitos do empregado doméstico foram ampliados, garantindo, assim, direito à férias de 30 dias, a estabilidade para gestantes, direito aos feriados civis e religiosos, também da proibição de descontos de moradia, alimentação e produtos de higiene pessoal utilizados no local de trabalho.

Houve um grande avanço com a Lei n.º 11.324, de 19 de julho de 2006, no entanto, mesmo diante de tantos direitos vemos que há uma grande diferença entre os direitos do trabalhador doméstico, em relação do trabalhador urbano e rural, assim elencado no artigo. 7º, e seus incisos, da Constituição Federal. Apesar de fazer jus o trabalhador doméstico ao salário mínimo, irredutibilidade do salário, 13º salário, repouso semanal remunerado, férias anuais mais um terço, licença à gestante, licença à paternidade, aviso prévio e aposentadoria, vemos ainda, que há uma grande diferença de direitos, como nas horas extras e intervalo intrajornada, tendo uma grande discriminação quanto ao trabalho doméstico.

Um dos direitos expressos na Constituição Federal, no artigo. 7º, incisos IX e XIII, em que trata da remuneração noturna superior à diurna e jornada de trabalho não superior ao mínimo de 8 (oito) horas diárias, estes não se es-

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tendem aos domésticos, que muitos colaboram em trabalho além das 8 (oito) horas diárias e não recebem nenhum aumento por isso, não havendo nenhum direito e fiscalização.Vemos assim, uma afrontação ao principio da isonomia, em que todos devem ser tratados com igualdade, ora descrito no artigo 5º, “Caput”, da Constituição Federal, em que prega que não haverá distinção de qualquer natureza.

Ao analisar os direitos do empregado doméstico, vemos que ainda há muita discriminação, necessitando, assim, que os legisladores façam um revi-são na lei, a fim de garantir a igualdade de direitos a todos.

BIBLIOGRAFIA

BRASIL. Constituição federal. Disponível em < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituiçao.htm>. Acesso em 25. Jul. 2012.

MARTINS. Sergio Pinto. Direito do trabalho. 25.ed. São Paulo: Atlas, 2009. p.140.

MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO. Trabalho doméstico Disponível em <http://portal.mte.gov.br/trab_domestico/>. Acesso em 25. Jul. 2012.

MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO. Cartilha Trabalho domesti-co direitos e deveres. Disponível em < http://portal.mte.gov.br/data/files/FF8080812BCB2790012BCF9FE07A05BB/Cartilha.pdf>. Acesso em 25. Jul. 2012.

VADE MECUM. Saraiva. Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, Con-solidação das Leis do Trabalho. PINTO. Antonio Luiz de Toledo; WINDT, Marcia Cristina Vaz dos Santos; CÉSPEDES, Livia. 7.ed.atual. e ampl. São Paulo: Saraiva, 2009.p.873.

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O BEM IMÓVEL DE FAMÍLIA PODE SER PENHORADO?

Aline Pratali Ribeiro¹Laís Alessandra de Oliveira²

Um dos objetivos da legislação brasileira, principalmente no Direito Civil, é a proteção da família. Nesse sentido, a Lei 8009 de 1990 e o Código Civil regulamentam a impenhorabilidade do bem imóvel de família, que é o prédio destinando a domicílio desta, mesmo para pagamento de dívidas de seu pro-prietário. Dispõe o artigo 1º desta lei: “O imóvel residencial próprio do casal, ou da entidade familiar, é impenhorável e não responderá por qualquer tipo de dívida civil, comercial, fiscal, previdenciária ou de outra natureza. Mesmo que contraída pelos cônjuges, pais ou filhos que sejam seus proprietários e nele residam, salvo nas hipóteses previstas nesta Lei.” Parágrafo único: “A impe-nhorabilidade compreende o imóvel sobre o qual se assentam a construção, as plantações, as benfeitorias de qualquer natureza e todos os equipamentos, inclusive os de uso profissional, ou móveis que guarnecem a casa, desde que quitados.”

Na hipótese de o casal, ou entidade familiar, possuir mais de um imóvel utilizado como residência, a impenhorabilidade recairá sobre o de menor va-lor, salvo se outro tiver sido registrado, para esse fim, no Registro de Imóveis e na forma do art. 70, CC. O valor da propriedade que será registrada como bem de família não pode superar um terço do valor total do patrimônio da pessoa.

Essa impenhorabilidade do bem de família, no entanto, tem suas exce-ções.

*Dívida de financiamento imobiliário que permitiu a compra ou a constru-ção da própria residência;

*Dívidas trabalhistas com os empregados domésticos do próprio imóvel;*O proprietário do imóvel deixar de pagar pensão alimentícia aos filhos; *Dívidas tributárias relativas ao próprio imóvel, como IPTU, ITR, taxas,

contribuições de melhorias; *Imóvel é oferecido como garantia de uma dívida, como em uma hipoteca; *Imóvel foi comprado com dinheiro ilícito;*O imóvel do fiador quando ele se compromete a garantir os pagamentos

do inquilino em contrato de aluguel de um bem imóvel destinado a comércio ou residência;

Quanto à penhora de propriedade de luxo, há divergências, uma vez que o valor da propriedade pode tanto quitar a dívida quanto comprar um novo imóvel para a família. Ainda assim, o Superior Tribunal de Justiça derrubou as decisões dos juízes e negou a penhora.

Alunas do Centro Universitário Barão de Mauá

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BIBLIOGRAFIA

GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: Direito das Coisas. v.5. São Paulo: Saraiva, 2010.

MOREIRA, José Carlos Barbosa. O Novo Processo Civil Brasileiro. 21ª. ed., Rio de Janeiro: FORENSE.

TARTUCE, Flávio; SIMÃO, José Fernando. Direito Civil. Vol. 4. 2 ed. São Paulo: GEN/Método, 2009.

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A COBRANÇA DE PEDÁGIO FERE O DIREITO DE IR E VIR?

Jefferson da Silva Mattos

Nossa Constituição Federal de 1988, em seu art. 150, impõe vedações ao poder de tributar do Estado, assegurando determinadas garantias aos ci-dadãos, mas em seu inciso V, autoriza a cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público, e o art. 175, por sua vez, autoriza a prestação do serviço público indiretamente, sob a forma de concessão ou permissão, sempre por meio de licitação, sendo, aliás, a regra desde a déca-da de 90, do século passado, pois o Estado está preferindo “terceirizar” seus serviços.

Deve-se ressaltar, contudo, que esta prestação deve ser adequada ao pleno atendimento dos usuários, entendido como aquele “que satisfaz as con-dições de regularidade, continuidade, eficiência, segurança, atualidade, gene-ralidade, cortesia na sua prestação e modicidade das tarifas”, nos termos do art. 6º, § 1º, da lei 8987/95. (g. n.)

O dicionário Silveira Bueno define pedágio como: “tributo de passagem por uma ponte ou estrada”, sendo também conhecido como imposto de bar-reira, devido ao fato de haver uma barreira no meio da estrada, pela qual não se passa sem antes pagar o valor estipulado.

O termo, porém, provém do latim que significa “o direito de por o pé”, “onde se põe o pé” [1], preferindo Aliomar Baleeiro [2] e Sacha Calmon [3] chamá-lo de “rodágio” que traduz a imposição pela circulação pela via pública mediante veículos.

Embora não haja “expressa” previsão legal a respeito da necessidade de existir estrada alternativa e gratuita disponível ao usuário, a doutrina mais abalizada entende que sim, como Hely Lopes Meireles [4] que diz que:

No caso particular do pedágio de rodovia, exige-se que a estrada apresente condições especiais de tráfego (via-expressa de alta velocidade e segurança), seja bloqueada e ofereça possibilidade de alternativa para o usuário (outra estrada que o conduza livremente ao mesmo destino), embora em condições menos vantajosas de tráfego, requisitos considerados indispensáveis pela doutrina rodoviária estran-geira e nacional.

Pelo exposto, que a cobrança de valores exorbitantes e a falta de estrada alternativa e gratuita disponível ao usuário, age como fator limitador ao direi-to de ir e vir constitucionalmente assegurado a nós cidadãos, nos causando verdadeiro embaraço com oneração desproporcional, nos tolhendo o poder de escolha.

Bacharel em Direito pelo Centro Universitário Barão de Mauá

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BIBLIOGRAFIA

BALEEIRO, Aliomar. Direito Tributário Brasileiro. 10ª ed. RJ: Forense, 1991. p. 333.

COELHO, Sacha Calmon Navarro. Curso de Direito Tributário. 6ª ed. RJ: Forense, 2002. p. 83.

MEIRELLES, Hely Lopes. Pedágio – condições para sua cobrança. Revista dos Tribunais, v. 430, 1971. p. 33-39.

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DIVÓRCIO: ALTERAÇÕES LEGAIS E MODALIDADES

Jonathan Willy Lopes Ramalho Michelle Toratti Mazarini L. Ramalho

O instituto do divórcio visa dissolver a sociedade conjugal (que são os direitos e deveres recíprocos) e o vínculo matrimonial (que é o casamento considerado válido, sem qualquer nulidade).

Em decorrência das alterações contempladas no ordenamento jurídico, atualmente, o divórcio pode ser feito de forma judicial (por meio do ajuizamen-to de ação própria, buscando sua decretação ao Estado-juiz) ou extrajudicial (diretamente no Cartório, quando presentes alguns requisitos).

O divórcio extrajudicial foi introduzido pela Lei nº 11.441/2007, autorizan-do este ser feito diretamente no Cartório quando não há filhos menores ou incapazes do casal, ocasião em que será lavrada escritura pública, devendo as partes estarem assistidas por advogado.

Quanto ao divórcio judicial (de competência do Poder Judiciário), antes da alteração em questão, se dividia em divórcio direto (que poderia ser re-querido após 2 anos da separação de fato do casal) e em divórcio indireto (que decorria da conversão em divórcio após 1 ano da separação judicial). Porém, a Emenda Constitucional nº 66/2010 retirou do texto legal a exigência do requisito temporal e da prévia separação, permanecendo, nos dias atuais, apenas o divórcio direto.

Assim, não há nada que proíba o divórcio do casal que instituiu o matrimô-nio há alguns dias, não precisando inclusive demonstrar tempo do casamento, motivo do divórcio, etc. Apenas deverá obedecer a forma consensual (que decorre do acordo do homem e da mulher) ou litigiosa (que apenas um do casal quer, sendo que o outro resiste), admitindo-se, também, a discussão de questões sobre guarda dos filhos, alimentos, partilha, utilização do sobreno-me, etc., apenas para fins próprios, sem prejudicar a decretação do divórcio.

Destarte, o fundamento trazido pela anterior existência do requisito de prévia separação se justifica pelas questões morais e religiosas, na base da possibilidade de arrependimento pela separação, caso em que, os cônjuges poderiam voltar ao estado civil anterior por meio de uma simples petição ao juiz. Diferentemente ocorre com os divorciados que, se restabelecerem o ca-samento, terão que fazer novo processo de habilitação, ou seja, poderão se casar novamente.

Alunos do Centro Universitário Barão de Mauá

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BIBLIOGRAFIA

DINIZ, Maria Helena. Manual de Direito Civil – São Paulo: Saraiva, 2011.

GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro, volume 6: direito de família – 8ª Ed. rev. e atual. – São Paulo: Saraiva, 2011.

NEGRÃO, Theotônio, José Roberto F. Gouvêa e Luis Guilherme Aidar Bon-dioli. Direito Civil – 30 ed. – São Paulo: Saraiva, 2011.

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EXIGÊNCIA DE GARANTIAS PARA ATENDIMENTOMÉDICO-HOSPITALAR

Jéssica Claudino Leal TalãoJulia Vieira de Andrade

Há momentos pelos quais somos pegos desprevenidos como o caso de algum ente querido ou pessoa próxima encontre-se padecido por sintomas de qualquer doença, critica ou não, e o mesmo não possui plano de saúde para ampará-lo. No instante de súbito pânico, é compreensível o transporte da pes-soa que padece de atendimento junto ao Hospital mais próximo, independente da posse ou não de um plano que resguarde a vida do doente.

As fendas que distanciam os direitos primordiais defendidos pela Consti-tuição Federal Brasileira, como o direito a vida, e o sistema de saúde brasileiro tornam-se evidentes a olhos nus logo na entrada do Hospital particular. Os recepcionistas, visando repassar os resultados das ordens que lhes foram atribuídas, informam que para ser possível a internação do paciente, é neces-sário o preenchimento de documentos como notas promissórias, formulários administrativos e demais garantias financeiras. Supondo o caso no qual o paciente esteja com dificuldades de realizar movimentos ou com grande tre-mor nos membros por conta da moléstia, surge a necessidade de questionar: como este poderia satisfazer a burocracia exigida pelo hospital, sendo ele vítima de perda do próprio controle corporal, e garantidor de suas despesas?

Em reconhecimento a emergências com naturezas similares, entrou em vigor, no dia 29 de maio de 2012, uma alteração do art. 135-A do Código Pe-nal: “Exigir cheque-caução, nota promissória ou qualquer garantia, bem como o preenchimento prévio de formulários administrativos, como condição para atendimento médico-hospitalar emergencial”. Sendo assim tipificou-se, a par-tir da data citada, a exigência de quaisquer garantias para internações, sendo tão e, somente, em casos de urgência médica. Em decorrência da novidade, os hospitais particulares devem deixar cartazes e avisos sobre tal direito, a fim de garantir que a lei não seja estranha ou absolutamente desconhecida aos terceiros.

Procurando gerar segurança no quesito saúde, o Legislador garantiu pe-nalidades às instituições de saúde que tentarem de alguma forma burlar a Lei. A nova medida diz que o ato de exigir garantias será punido, na forma de omissão de socorro. Com a Lei 12.653, o Código Penal estipula uma pena de detenção que vai de três meses a um ano aos responsáveis pela prática

Alunas do Centro Universitário Barão de Mauá

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de atos que colidam com a norma, podendo inclusive haver aumento de pena caso decorram de tais atos lesão corporal de natureza grave ou morte.

O Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, declarou: “Nada pode estar à frente de salvar a vida das pessoas. Estamos dando um passo adiante ao di-zer que a simples exigência de qualquer pagamento ou documento, antes do atendimento, é crime. A assistência ao paciente das emergências é prioridade absoluta”.

Na busca por melhores condições a fim de zelar pela integridade física e moral, o Ministério da Saúde e a Agência Nacional de Saúde Suplemen-tar, iniciaram feitos mirando a melhoria permanente do atendimento na saúde privada. Prazos para atendimentos de consulta, exames e cirurgias. As insti-tuições que frustrarem as expectativas estarão sujeitas à pena de multa que pode variar de R$ 80,00 (oitenta reais) a R$ 100.000,00 (cem mil reais), tendo em vista o dano causado.

A partir da declaração do Ministro da Saúde, partimos rumo às melho-rias, com políticas de bem estar social e de certa forma segurança, pois nada deve ser mais importante que a vida, como em casos que é eminente o risco de morte, que geram a situação onde os meios para salvar uma vida deve superar os meios econômicos. Aos que se questionam que, com tal medida ficará fácil ser atendido em um hospital particular de forma a não garantir ne-nhuma forma de pagamento, há outras formas de fazer tal cobrança. Após o atendimento, os procedimentos burocráticos serão feitos normalmente e, caso o hospital não venha a receber a quantia correspondente aos serviços presta-dos, fará jus do total direito de ingressar com uma ação de cobrança em face do devedor, portanto, tal medida, não favorece de maneira alguma qualquer impunidade, independente de sua natureza.

Medidas dessa natureza quando levadas a sério, nos vislumbram-nos um futuro do Brasil onde o direito à vida e à saúde não passam apenas de bonitas palavras escritas na Constituição da Republica Federativa do Brasil.

BIBLIOGRAFIA

BRASIL. Constituição Federal (1998). 9 ed. São Paulo: Rideel, 2011.

BRASIL. Lei Complementar nº 5.889, de 08 de julho de 1973. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 11 jun. 1973.

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TRABALHO ESCRAVO E MORTE NOS CANAVIAIS

Arthur Einstein de Souza MelimJosé Marcio dos Santos

Desde a expansão do setor sucroenergético, o grande número de mortes nos canaviais vem aumentando pela falta de investimento dos empregadores em transporte, alimentação de boa qualidade e baixos salários por produção que faz com que os cortadores de cana sejam obrigados a trabalhar além dos limites que o corpo humano suporta, chegando a trabalhar até 16 horas por dia. O caos, muitas vezes, começa nos alojamentos improvisados que servem de moradia para homens e mulheres que acabam sendo amontoados em bar-racões de lona, dormem em redes ou no chão batido, por não terem conheci-mento do princípio constitucional do art. 5°, inciso III, da Constituição Federal que dispõe “ninguém será submetido à tortura nem a tratamento desumano ou degradante”, esquecido por empregadores das atividades canavieiras.

É importante destacar que a falta de fiscalização pelos fiscais do trabalho facilita ainda mais o descumprimento das normas que beneficiam os traba-lhadores rurais. Portanto, por meio desse estudo, verifica-se que há necessi-dade de se criar novas leis beneficiando os trabalhadores rurais. Adotando a redução de jornada e aplicando as normas que já existem com mais eficácia, o empregado terá melhor desempenho profissional diminuindo o índice de mortalidade, reduzindo os custos dos cofres públicos, por não ter que gastar com cortadores doentes, beneficiando o próprio Estado.

Cabem, então, aos órgãos fiscalizadores realizar estudos com base nos dados dessas mortes, acidentes e doenças decorrentes do trabalho rural, vi-sando estimular iniciativas de aperfeiçoamento técnico de processos na pro-dução de máquinas e equipamentos, que aliviam o esforço do empregado, fazendo com que se produza a mesma ou maior quantidade sem despender tal esforço no trabalho manual.

Assim, toda atividade poderá ser monitorada a partir do momento que boias-frias não forem vistos como máquinas de cortar cana e os empregado-res colocarem em prática os requisitos estabelecidos pela NR-31 e a lei n.° 5.889/73 específica para o trabalho rural, trazendo melhores qualidades de vida no trabalho, reduzindo o número de ações trabalhista no sistema judici-ário.

Bacharéis em Direito pelo Centro Universitário Barão de Mauá

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BIBLIOGRAFIA

BRASIL. Constituição Federal (1998). 9 ed. São Paulo: Rideel, 2011.

BRASIL. Lei Complementar nº 5.889, de 08 de julho de 1973. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 11 jun. 1973.

SILVA, Maria Aparecida Morais: Os Errantes do Fim do Século. São Paulo: Editora UNESP, 1999.

BRASIL. Lei Complementar nº 6.514, de 08 de junho de 1978. Diário Ofi-cial da República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 22 dez. 1977. Normas Regulamentadoras - NR-31-Segurança e Medicina do Tra-balho 59 ed. São Paulo: Atlas, 2011.

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FILA BANCÁRIA: EXERÇA SEU DIREITO!

Delber de Carvalho RibeiroPaulo Roberto Cassiolato Filho

Numa época em que o tempo é cada vez mais determinante nas relações negociais da sociedade, deparamo-nos com as longas e demoradas filas. As agências bancárias, por sua vez, ocupam lugar de destaque no mundo dos negócios e é, exatamente, nesse cenário que a situação torna-se alarmante.

Quem nunca se deparou com uma fila? Aquele agrupamento de pessoas que se organiza por ordem de chegada, em lugares dos mais diversos, onde é grande a afluência de interessados: no banco, teatro, cinema etc.

A Lei n. 10.993, de 21 de dezembro de 2001, dispõe acerca do atendi-mento a clientes nas agências bancárias. O Legislativo paulista, atento ao infortúnio causado pela demora no atendimento aos utilitários dos serviços bancários, estabeleceu regras que visam aperfeiçoar os serviços prestados nas agências, buscando, assim, conferir maior celeridade.

Segundo dispõe o caput do art. 1º da Lei, compete aos bancos “manter, no setor de caixas, funcionários em número compatível com o fluxo de usuá-rios, de modo a permitir que cada utilitário seja atendido em tempo razoável”. Em dias que o fluxo de utilitários nos bancos não é tão intenso, o art. 2º, I, diz que 15 minutos é o tempo razoável para atendimento aos clientes. O inc. II, por seu turno, é mais tolerante, e fixa 30 minutos como período ideal ao atendimento, considerando-se, para tanto, hipóteses em que a movimentação bancária encontra maior afluência:

a) em véspera ou em dia imediatamente seguinte a feriados; b) em data de vencimento de tributos; c) em data de pagamento de vencimentos a servidores públicos. O registro de chancela (senha) é mecanismo hábil para comprovação e

controle do tempo de permanência na fila, o qual deve ser fornecido pelo ban-co no momento em que o cliente procura atendimento e rubricado assim que for atendido (art. 2º, § único).

A infração das disposições contidas na Lei sem motivo ou causa justificá-vel, consoante o art. 5º, importa algumas penalidades, a saber: I – advertên-cia; II – multa de 100 UFESP (Unidades Fiscais do Estado de São Paulo) por usuário prejudicado, dobrada a cada reincidência até a quarta; III – suspensão da atividade, nos termos do art. 59 do Código de Defesa do Consumidor (Lei Federal n. 8.078/90), até que o órgão fiscalizador receba, por escrito, dados comprobatórios de que o número de funcionários atendendo nos caixas tenha sido reajustado de modo a sanar a demora no atendimento. Ao órgão estadu-al de defesa do consumidor (PROCON), incumbirá fiscalizar o cumprimento

Alunos do Centro Universitário Barão de Mauá

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efetivo da Lei e, bem assim, aplicar as sanções cabíveis pela sua não obser-vância.

A Lei n. 10.122, de 23 de junho de 2004 (Lei da Fila), vigente no municí-pio de Ribeirão Preto, reproduz, quase na íntegra, a Lei Estadual n. 10.993, de 21-12-01. Inova ao exigir que os bancos afixem, em local visível, cartazes com seu inteiro teor, destacando o número de telefone do PROCON para que os usuários, caso se sintam prejudicados, possam efetuar eventuais reclamações (caput do art. 5º). Recentemente, o Supremo Tribunal Federal consolidou como constitucional a competência também dos municípios em regulamentar a matéria (STF, RE 610.221-SC, RG, Rel. Min. Ellen Gracie, DJe, 29 ago. 2010).

Em síntese, é imperioso consignar caso o consumidor se dirija a qualquer agência bancária situada no estado e, como visto, não seja atendido dentro dos períodos fixados pelas disposições legais, deverá de imediato solicitar providências ao banco e, persistindo a demora, contatar o PROCON para relatar o ocorrido.

Em Ribeirão Preto, as reclamações e denúncias poderão ser realizadas junto ao órgão pelo telefone 0800 77 29 198, ou ainda no endereço situado na Rua Duque de Caxias, 1.181, Centro – Divisão PROCON de Ribeirão Preto. O atendimento é feito das 8h30min às 15h30min, de segunda a sexta-feira.

Há, porém, localidades em que não há previsão legal sobre a matéria e, mesmo assim, não fica o consumidor desprovido de proteção, haja vista a res-ponsabilidade do fornecedor estabelecida no art. 14 do Código de Defesa do Consumidor e, bem ainda, frente à norma de autorregulação da FEBRABAN – Federação Brasileira de Bancos (Ato normativo n. 4/09), que estabelece diretrizes de atendimento.

É possível, em todos os casos, acionar também o serviço de atendimento ao cliente (SAC) da própria instituição financeira e/ ou sua ouvidoria; o Banco Central (BACEN) através de seus canais de atendimento (0800 979 2345 | Deficiente auditivo/fala: 0800 642 2345 ou pelo sítio www.bcb.gov.br, serviço Fale Conosco) – órgão regulador e responsável pela fiscalização das ativi-dades das instituições que integram o SFN (Sistema Financeiro Nacional); ou ainda o sítio www.conteaqui.org.br, disponibilizado pela FEBRABAN para autorregulação bancária. Esta, todavia, não tem poder de aplicar penalidades às instituições financeiras que infrinjam aquele ato normativo.

Por derradeiro, resta ao consumidor, não vendo o seu problema sanado, através da ação cabível, socorrer-se ao Poder Judiciário para reparar o dano, moral ou material, que eventualmente houver sofrido (art. 5º, XXXV, CF).

BIBLIOGRAFIA

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 05 de outubro de 1988. Assembleia Constituinte, Brasília, DF, 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/ConstituicaoCompilado.htm>. Acesso: 10 ago. 2012.

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BRASIL. Lei n. 8.078 de 11 de setembro de 1990. Poder Legislativo, Brasília, DF, 1990. Disponível em:< http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8078compilado.htm>. Acesso: 10 ago. 2012.

BRASIL. Lei n. 10.741 de 1º de outubro de 2003. Poder Legislativo, Brasília, DF, 2003. Disponível em:< http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.741.htm>. Acesso: 10 ago. 2012.IDEC. Serviço bancos: fila tem limite. Disponível em:<http://www.idec.org.br/uploads/revistas_materias/pdfs/2011-11-ed160-servi-co-bancos.pdf>. Acesso: 10 ago. 2012.

RIBEIRÃO PRETO (SP). Lei n. 10.122 de 04 de junho de 2004. Poder Legis-lativo, Ribeirão Preto, SP, 2004. Disponível em:<http://www.ribeiraopreto.sp.gov.br/principaln.php?pagina=/leis/pesquisa/pesquisa.php> Acesso: 10 ago. 2012.

SÃO PAULO (Estado). Lei n. 10.993 de 21 de dezembro de 2001. Poder Legislativo, SP, 2001. Disponível em:<http://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/lei/2001/lei%20n.10.993,%20de%2021.12.2001.html>. Acesso: 10 ago. 2012.

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DIREITOS E DEVERES DO PROPRIETÁRIO NA HORADA TRANSFERIR O VEÍCULO

Leandro Francisco de Oliveira

De acordo com matéria publicada no jornal “O Estado de São Paulo”, no Brasil, a cada cinco pessoas uma possui veículo próprio, segundo os dados do jornal estadão. Com inúmeros veículos rodando pelas ruas, o governo im-põe uma fiscalização rígida por meio do Código de Trânsito Brasileiro que tem a função de educar, conscientizar e até punir aos condutores e proprietário.

A maneira de fiscalizar submete ao DETRAN que regulariza o documento do proprietário informando, devidamente, a venda de seu veículo por meio da atualização do DUT ao novo proprietário, pois assim que este novo dono pos-sa se responsabilizar impostos atuais e infrações possa vir cometer.

Segundo o Artigo 134 do Código de Trânsito Brasileiro,

No caso de transferência de propriedade, o proprietário antigo deverá enca-minhar ao órgão executivo de trânsito do Estado dentro de um prazo de trinta dias, cópia autenticada do comprovante de transferência de propriedade, devidamente as-sinado e datado, sob pena de ter que se responsabilizar solidariamente pelas pena-lidades impostas e suas reincidências até a data da comunicação. (CTB, Art. 134)5.

O mérito deste artigo é efetuar conscientização do cidadão que, após a venda de seu veículo, é fundamental o protocolo do Documento Único de Transferência (DUT), já com a transferência e os danos do novo proprietário, em cópia autenticada no DETRAN, procedimento este que tem a função de informar a venda e, principalmente identificar o atual proprietário, que terá o prazo de trinta dias para regularizar dos documentos em seu nome.

Por fim, ao entregar o DUT, ao novo proprietário sem antes apresentar uma copia autenticada ao DETRAN, permanecerá o vendedor responsável por todos os transtornos futuros decorrentes de multas, IPVA, licenciamento e crimes de trânsito, pois somente com a comunicação ao DETRAN o antigo dono se isenta de problemas, transferindo o problema ao novo proprietário no caso de sua não transferência, para seu nome, acarretando processos por indenização moral multa e o veiculo bloqueado.

BIBLIOGRAFIA

1 Seção “Economia & Negócios”, publicado na edição de 14 de abril de 2012. 2 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/anotada/2329888/art-134-do-codigo-de-transito-brasileiro-lei-9503-97 - Acessado em 16/05/2012.

Aluno do Centro Universitário Barão de Mauá

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A IMPORTÂNCIA DOS REGISTROS PÚBLICOS NA VIDA DO CIDADÃO

Delso Piran Junior ¹

Devido à dificuldade de acesso à informação e ao próprio formalismo ca-racterístico da área jurídica, constata-se um distanciamento entre o cidadão e o Direito, o que é um grande contra censo, já que os direitos existem para servir ao cidadão e não o contrário.

Dessa forma, levando em consideração temas jurídicos que fazem parte do cotidiano dos cidadãos, bem como as principais dúvidas que são apresen-tadas por eles quando procuram pelo atendimento jurídico, e, ainda, para di-minuir a distância entre a lei e os sujeitos aos quais ela se refere, interessante e muito pertinente é falar sobre os Registros Públicos e Notariais, tendo em vista que há uma íntima relação dos Cartórios Extrajudiciais com a vida, com o dia-a-dia, com os direitos de todos nós.

Dentre as funções mais importantes do Cartório, está o registro público de documentos, afinal, durante toda a nossa vida necessitamos do serviço cartorário. A autenticação do diploma para matrícula na faculdade, o contrato de financiamento do primeiro carro, o casamento, a compra da casa própria, o registro do nascimento dos filhos, a abertura de uma empresa, a separação, o divórcio, a constituição da hipoteca, o testamento para evitar a briga dos herdeiros e até mesmo o inventário. Estes documentos garantem o exercício da cidadania e são importantes instrumentos para a preservação dos patri-mônios.

Garantir autenticidade (veracidade), segurança (constituição de informa-ções completas), eficácia (aptidão de produzir efeitos jurídicos) e publicidade dos atos jurídicos, são as principais funções de um Cartório. E, como os do-cumentos são lavrados por um oficial, garantem tais finalidades e asseguram contra a alegação do desconhecimento ou da ignorância diante de um fato público. Todos os atos praticados nesses estabelecimentos, não importa se no Tabelionato de Notas ou no Oficial de Registro de Imóveis, podem ser assegurados com o pedido de uma certidão. Elas se referem aos mais va-riados tipos de atos e costumam funcionar como uma garantia de negócios e transações comerciais. As certidões do Cartório do Registro Civil são as mais conhecidas (certidão de nascimento, certidão de casamento etc.).

A atividade notarial e registrária, embora exercidas em caráter privado, têm características típicas de serviço público. O notário e registrador reali-zam suas funções através de uma delegação do Poder Público, cabendo à lei ordinária regular sua atividade, sua disciplina e sua responsabilidade civil e criminal.

O sentido geral da existência de registros públicos está em tornar públi-cos os atos e negócios, fazer o controle da sua legalidade e ainda conservar

Aluno do Centro Universitário Barão de Mauá

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seus detalhes, pelo tempo que for necessário (alguns registros têm prazo in-definido), para garantir sua eficácia, autenticidade e segurança jurídica, cons-tituindo e protegendo direitos dos cidadãos.

Registrar um ato ou negócio significa prevenir-se contra questionamentos inconvenientes e lesivos a direitos conquistados, bem como contra efetivos danos a esses direitos.

Com o crescimento da sociedade e, consequentemente, do volume e da complexidade dos negócios, foram criados diversos tipos de registros públicos para prevenir problemas e garantir direitos.

Porém, muitos desses serviços colocados à disposição do cidadão não são efetivamente utilizados, por desconhecimento de seus valiosos efeitos.

De acordo com a Lei dos Registros Públicos, Lei nº. 6.015 de 21 de de-zembro de 1973 são previstos cinco tipos de cartórios:

- Cartórios de Registro Civil de Pessoas Naturais e de Interdições e Tute-las, que são responsáveis pelos assuntos referentes às pessoas físicas, regis-trando os atos essenciais da vida das pessoas, como os seus nascimentos, os casamentos, os óbitos, as adoções, alterações de nomes ou de estado civil;

- Cartórios de Registro de Pessoas Jurídicas, que dão eficácia, publici-dade e autenticidade aos atos constitutivos de associações, fundações, so-ciedades simples, partidos políticos e entidades religiosas, dando segurança jurídica a essas entidades e à população com a qual interagem. Além disso, nessa serventia é feita também a matrícula dos jornais, periódicos, oficinas impressoras, empresas de radiodifusão e agências de notícias, para que a livre manifestação de opinião não seja anônima ou clandestina e se preserve o direito de resposta e indenização do cidadão que sofrer dano moral, material ou à sua imagem;

- Cartórios de Registro de Títulos e Documentos, que acolhe os atos e ne-gócios que não tenham registro próprio (acolhendo assim qualquer situação, ainda que não prevista por legislação própria), e qualquer documento para fins de conservação. Além disso, por meio do RTD, são feitas as notificações extrajudiciais, valioso instrumento de solução de conflitos para se evitar de-mandas judiciais ou para torná-las de mais fácil resolução.

- Cartórios de Registro de Imóveis, que realizam o registro da documenta-ção de propriedade imobiliária e asseguram os direitos de propriedade ou os direitos reais que existem sobre a propriedade, garantem a proteção tanto de quem detém a titularidade do direito, como daquele que com ele contrata, pro-tegendo o crédito, estimulando a economia e dando verdadeiro seguro contra a incerteza do direito.

Existem também “cartórios” que não são registros públicos e são conhe-cidos como tabelionatos, que lavram os instrumentos necessários à formaliza-ção dos negócios jurídicos e pertinentes à segurança do crédito, de maneira formal, solene e com obediência ao parâmetro de ilegalidade, o que significa, muito resumidamente, profundo conhecimento dos mais variados campos do Direito, são eles:

- Tabelionato de Notas, para formalizar a vontade do cidadão em um ne-gócio jurídico, fazendo o controle da sua legalidade, além de autenticar fatos;

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- Tabelionato de Protesto de Títulos, para realizar o protesto de documen-tos de dívida, proporcionando ao credor um instrumento de exigência do seu direito e garantindo ao devedor o seu direito de defesa.

Assim se reconhece uma firma, autentica-se um documento, lavra-se uma escritura, registra-se um imóvel, notifica-se uma pessoa, protesta-se um título, outorga-se uma procuração pública... Em todos estes atos, muito além do carimbo do Cartório, agrega-se a este documento uma espécie de seguro, baseado na responsabilidade e fé pública do Registrador/Tabelião. O assunto “Registro Público” não é conhecido pela população da forma como seria o ideal, o que faria com que as pessoas usufruíssem melhor desse serviço para garantir seus direitos. Apesar dos avanços e melhorias no setor e na legisla-ção, há ainda hoje, no Brasil, o pensamento e o discurso desestimulador da procura dos “cartórios” pelo cidadão. Todavia, esse fato já é bastante inquie-tante para aqueles que buscam o aprimoramento da democracia no Brasil.

BIBLIOGRAFIA:

BRASIL, Lei nº 6.015, de 31 de dezembro de 1973. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6015.htm.

GUIMARÃES, MARCELO RODRIGUES. Palestra proferida em 10 de abril de 2007.BRASIL, Constituição Federal.

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DIREITO DE ACESSO À SAÚDE PÚBLICA – DE QUEMÉ A RESPONSABILIDADE?

Ana Claudia Messias Camillo6

Diariamente, os jornais divulgam tristes notícias sobre pessoas que per-dem a vida aguardando atendimento em filas de hospitais, sobre o descaso com a vida humana, corrupção e falta de gerenciamento do dinheiro público. Mas o que assegura o direito do cidadão a ter acesso a serviços públicos de saúde? De quem é a responsabilidade?

A Declaração Universal Dos Direitos Humanos da Organização das Na-ções Unidas, de 10 de dezembro de 1948, na resolução 217, em seu artigo XXV, § 1º diz:

“... Toda pessoa tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua família saúde e bem estar..., cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis...” (JUSTIÇA, 2012).

Na Constituição Federal brasileira as leis de número 196 a 200, asse-guram o direito à saúde e sua regulam o serviço de saúde. A rede de saúde privada também é regulada pelo código de defesa do consumidor (MANTO-VANINI E MARTINI, 2006).

O direito à saúde está garantido, em especial, na LEI 196 da Constituição Federal Brasileira publicada em 1988:

“... A saúde é direito de todos e dever do Estado garantido mediante políti-cas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e acesso universal igualitário ás ações e serviços para sua proteção e recuperação...” (SARAIVA, 2012)

Apesar dos problemas que o Brasil tem apresentado, é o único país com mais de 100 milhões de habitantes que assumiu o desafio de ter um sistema de saúde universal, público e gratuito. O SUS é hoje a única porta aberta na urgência e emergência para 145 milhões de brasileiros. Uma população bem maior é beneficiada com ações de vigilância sanitária como, por exemplo, as campanhas de vacinação (BRASIL, 2012).

Mesmo contando com uma Constituição Federal que garante acesso á saúde pública, o Brasil ainda tem muito para desenvolver porque é um país de grandes abismos sociais. Alguns cidadãos têm acesso a tratamento de última geração e a medicamentos gratuitos, há aqueles que precisam acionar judicialmente o Estado para ter acesso e outros que ficam totalmente excluí-dos: Muitos sequer possuem documentação pessoal básica como Certidão de

6 Bacharel em Administração pelo Centro Universitário Barão de Mauá, Bacharel em Ciência da Informação Documentação e Biblioteconomia pela USP-RP e graduanda do 2º semestre em Direito no Centro Universitário Barão de Mauá. Escrevente no 1º Cartório de Registro Civil de Ribeirão Preto. Agente de Registro para Certificados Digitais Rede ICP-Brasil. E-mail: [email protected].

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nascimento e Registro Geral (R.G.) e por isso não existem oficialmente para o Estado, nem para estatísticas e muito menos para as os programas gover-namentais de benefícios sociais básicos e essenciais como acesso à saúde.

Portanto, o acesso à saúde no Brasil é um direito de todos que deve ser garantido pelo Estado. Cabe também aos cidadãos ter consciência do seu pa-pel neste Estado democrático em vários momentos: desde a hora de escolher através do voto eleitoral quem representará os interesses da população, no acompanhamento ativo das ações públicas e desempenho de seus eleitos e até mesmo simplesmente não faltando a uma consulta médica agendada, pois este horário improdutivo da equipe de saúde, com certeza fará falta a outro paciente.

BIBLIOGRAFIA

JUSTIÇA, Ministério da. Declaração Universal dos Direitos Humanos. Dis-ponível em: <:http://portal.mj.gov.br/sedh/ct/legis_intern/ddh_bib_inter_uni-versal.htm>. Acesso em: 08 ago. 2012.

SARAIVA, Editora. Vade Mecum. 13. ed. São Paulo: Saraiva, 2012. 1920 p.

MANTOVANINI, Marcelo; MARTINI, Reni Osvaldo. Agência Nacional de Saúde Suplementar: Técnico em Regulação de Saúde Complementar. São Paulo: Apostilas Opção, 2006.

BRASIL, Governo do. Saúde Pública é tema da Campanha da Fraterni-dade. Disponível em: <http://portalsaude.saude.gov.br/portalsaude/noti-cia/4328/162/saude-publica-e-tema-da-campanha-da-fraternidade.html>. Acesso em: 08 ago. 2012.

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EMENDA CONSTITUCIONAL N° 72 DE 2013 GARANTE À CLASSE DOS DOMÉSTICOS OS MESMOS DIREITOS DOS DEMAIS TRABALHADORES

Alex Rafael GonçalvesDênio Furlanetti Nasser

A categoria dos trabalhadores domésticos é de vital importância para o mercado de trabalho brasileiro, no entanto ela nem sempre teve o devido re-conhecimento, situação essa que felizmente vem sendo alterada.

Mas quem é considerado empregado doméstico? Considera-se empregado(a) doméstico(a) aquele(a) maior de 16 anos que presta serviços de natureza contínua (frequente, constante) e de finalidade não-lucrativa à pessoa ou à família, no âmbito residencial destas. Assim, o traço diferencia-dor do emprego doméstico é o caráter não-econômico da atividade exercida no âmbito residencial do(a) empregador(a). Nesses termos, integram a ca-tegoria os(as) seguintes trabalhadores(as): cozinheiro(a), governanta, babá, lavadeira, faxineiro(a), vigia, motorista particular, jardineiro(a), acompanhante de idosos(as), entre outras.

E quais são os direitos desses trabalhadores? A Lei nº 5.859, de 11/12/1972, regulamentada pelo Decreto nº 71.885/73 e alterada por leis im-portantes como a Lei nº 10.208/01 e Lei n.º 11.324/06, dispõe sobre a profis-são do(a) empregado(a) doméstico(a), conceituando e atribuindo-lhe direitos. A Constituição Federal de 1988, por sua vez, concedeu outros direitos sociais aos(as) empregados(as) domésticos(as), no entanto, apesar da evolução os trabalhadores domésticos não gozavam de todos os direitos garantidos aos demais trabalhadores brasileiros.

Situação que foi solucionada de vez com a promulgação da Emenda Constitucional n° 72 de 2013, em vigor a partir de 02/04/2013, garantindo à classe dos domésticos os mesmos direitos dos demais trabalhadores brasi-leiros.

Mas que direitos são esses? Além de todos os direitos que já haviam sido conquistados os empregados domésticos passam a ter os seguintes di-reitos: Jornada de trabalho diária de 8 horas e caso haja hora-extra, o limite é até mais duas horas diárias. O valor da hora-extra deve ser no mínimo 50% superior ao valor da hora normal. Por semana, o limite é de 44 horas. Torna--se obrigatória a contribuição para o FGTS. O empregador deve indenizar o trabalhador em 40% do montante de todos os depósitos realizados durante a vigência do contrato de trabalho, caso faça uma demissão sem justa causa. O salário mínimo passa a ser a base do salário dos empregados domésticos. Não se pode ganhar menos que o mínimo. É crime reter indevidamente o salário do empregado doméstico. Pelo trabalho noturno o empregado passa a receber 50% a mais sobre o valor do trabalho diurno. Direito ao salário-família, seguro-desemprego caso seja demitido e direito ao auxílio-creche.

Alunos do Centro Universitário Barão de Mauá

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Importante ressaltar que a maioria dos direitos passa a valer imediatamente, no entanto alguns como o recebimento de salário-família, do auxílio-creche, do seguro-desemprego e trabalho noturno ainda precisam da aprovação de leis ou de regulamentação para poderem valer.

BIBLIOGRAFIA

BRASIL, Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal, 1988.

BRASIL. Lei nº 5.859, de 11 de dezembro de 1972. Dispõe sobre a profissão de empregado doméstico e dá outras providências.Congresso promulga hoje emenda sobre trabalho doméstico. Jornal do Sena-do - Brasília, terça-feira, 2 de abril de 2013, p.4.

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BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA - GARANTIADE ASSISTÊNCIA SOCIAL AO IDOSO E AO DEFICIENTE

Antônio Manoel Santos PradoDaniela Yamada de Aguiar

Assistência Social é o nome técnico dado ao ato de auxiliar pessoas ne-cessitadas. A Constituição Federal de 1988, ao tratar dessa matéria, dispôs em seu artigo 203 que “a assistência social será prestada a quem dela neces-sitar, independentemente de contribuição à seguridade social”, assinalando ainda em seu inciso V “a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei”.

Diante da necessidade de regulamentar tal garantia, foi editada a Lei Or-gânica da Assistência Social – LOAS (Lei nº 8.742/1993, alterada recente-mente pela Lei 12.435/2011) que, nos seus artigos 20 e 21, disciplina sobre o Benefício de Prestação Continuada (BCP).

O referido benefício consiste na a garantia de um salário-mínimo mensal à pessoa com deficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção nem de tê-la provi-da por sua família. Desta forma, o benefício assistencial de prestação continu-ada requer três pressupostos cumulativos para a sua concessão, quais sejam: a deficiência ou a idade avançada, a hipossuficiência, e não estar recebendo benefício pela Previdência Social ou por outro regime previdenciário.

Para efeito de concessão do benefício em tela, considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimentos de longo prazo (por mais de dois anos, com incapacidade para a vida independente e para o trabalho), de natu-reza física, intelectual ou sensorial, que não tenham capacidade de participar plena e efetivamente na sociedade como as demais pessoas. Assim, podem ser beneficiadas as pessoas com dificuldade locomotivas, como os cadeiran-tes; os portadores de síndrome de Down e os cegos, independentemente da idade que possuam. Entretanto, para alcançar as pessoas realmente necessi-tadas, a lei prevê que deverá ser feita, para fins de concessão e manutenção do benefício, avaliação médica e social da deficiência e do grau de incapaci-dade, realizada por médicos peritos e assistentes sociais do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), a cada dois anos.

Já a hipossuficiência fica caracterizada pela família cuja renda mensal per capita seja inferior a 1/4 (um quarto) do salário-mínimo. Destaque-se que, para o cálculo da renda “per capita”, entende-se por família a pessoa do re-querente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e os enteados solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto. Com isto, a lei pre-

Alunos do Centro Universitário Barão de Mauá

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tende destinar este benefício exatamente àqueles que estão em verdadeira situação de vulnerabilidade socioeconômica por falta de capacidade de ren-da, sua ou da família, e não a qualquer tipo de deficiente ou idoso que tenha como, de alguma maneira, se sustentar.

Deve-se ressaltar que idoso acolhido em instituições de longa permanên-cia (os chamados asilos, ou casas de repouso) não tem prejudicado o seu direito ao Benefício de Prestação Continuada, sendo que a lei ainda prevê que fica assegurado o encaminhamento do idoso ou deficiente para estes institutos. A lei deseja, assim, amparar, não somente financeiramente, mas socialmente o beneficiário.

Haverá a cessação do benefício quando houver superação das condições que deram origem a sua concessão ou pelo falecimento do beneficiário. O bene-fício assistencial é intransferível e, portanto, não gera pensão aos dependentes.

Para o indivíduo que preencha os requisitos exigidos pela lei, o benefício pode ser requerido administrativamente ao INSS, mediante a apresentação de toda a documentação exigida, a saber: número de identificação do traba-lhador – NIT (PIS/PASEP) ou número de inscrição do Contribuinte Individual / Doméstico / Facultativo / Trabalhador Rural, se possuir; documento de identifi-cação (Carteira de Identidade e/ou Carteira de Trabalho e Previdência Social); CPF; certidão de nascimento ou casamento; certidão de óbito do esposo(a) falecido(a), se o beneficiário for viúvo(a); comprovante de rendimentos dos membros do grupo familiar; tutela, no caso de menores de 18 anos filhos de pais falecidos ou desaparecidos ou que tenham sido destituídos do poder familiar. No caso do requerente ser deficiente deverá também passar por ava-liação realizada pelo Serviço Social e pela Pericia Médica do INSS.

Havendo negativa por parte do INSS em conceder o benefício, há ainda a possibilidade de pleiteá-lo judicialmente, devendo o pretendente ao benefí-cio procurar auxílio junto à Defensoria Pública mais próxima, ou então dirigir--se diretamente ao Juizado Especial Federal (JEF), onde não é necessária o acompanhamento de um advogado, a não ser em caso de incapacidade do pleiteante ao benefício ou na eventualidade de um recurso.

BIBLIOGRAFIA

BULOS, Uadi Lammêgo. Direito Constitucional ao Alcance de Todos. São Paulo: Saraiva, 2009

IBRAHIM, Fabio Zambitte. Curso de Direito Previdenciário. 16 ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2011

PREVIDÊNCIA SOCIAL, Ministério. Disponível em <http://www.previdencia.gov.br/conteudoDinamico.php?id=23> Acesso em 09 de agosto de 2012.

TSUTIYA, Augusto Massayuki. Curso de Direito da Seguridade Social. 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010.

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DESMISTIFICANDO A ADOÇÃO NO BRASIL

Cristiane Aparecida Ribeiro*

A palavra adotar vem do latim “adoptione” que traduz o sentido de esco-lher, acolher, assumir. O ato da adoção é voluntário. Em nosso contexto bra-sileiro, a adoção sempre foi tratada como um assunto delicado e merecedor das atenções de juízes, promotores, assistentes sociais, e demais autorida-des competentes.

Com o advento do ECA, Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei 8069/1990, e, com a publicação da nova Lei da Adoção, Lei 12010/2009, a idade mínima para o adotante é de 21 (vinte e um) anos. Não importa mais o estado civil do adotante e assim, abre-se a possibilidade da adoção conjunta por casais que se divorciaram, se separaram judicialmente e ex-companhei-ros, desde que concordem com o regime de guarda e demonstrem vínculo com o adotado, além dos solteiros, e pessoas com união estável.

Apesar de a legislação reconhecer como união estável somente aquela havida entre o homem e a mulher, atualmente lidamos com notícias de deci-sões judiciais que superam este entendimento e autoriza a adoção por pesso-as em união homoafetiva.

Para as pessoas que desejam adotar, os procedimentos legais a serem seguidos são:

• Comparecer a uma Vara da Infância e da Juventude portando documen-to RG e comprovante de residência, além daqueles autenticados solicitados como: certidão de casamento ou nascimento e agendar uma entrevista com o setor técnico desta Vara, que tem por finalidade verificar a intencionalidade, motivação e expectativas do adotante;

• São ainda necessários documentos que atestem: a renda mensal, sani-dade física e mental, antecedentes criminais, e idoneidade moral;

• Preencher ficha de triagem que especifica as características da criança/adolescente pretendida (sexo, cor, por ex.).

Na nova Lei da Adoção, notamos então que a atual legislação tenta pre-servar a convivência familiar, mas traz algo inovador no que se refere a ace-lerar todo o processo de busca de uma família para a criança ou adolescente, preservando seus direitos fundamentais dispostos na Constituição Federal de 88 e no ECA.

*Bacharel em Serviço Social pela UNESP/Franca, Graduanda do Curso de Direito do Centro Uni-versitário Barão de Mauá.

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BIBLIOGRAFIA

Dicionário Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, 2ª Edição, 1986.

BRASIL. Constituição Federal, 1988.

_______. Código Civil Brasileiro. 2002.

_______. Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA. 1990.

CÓDIGO Civil de 1916 LEI 3071/1916. Disponível em: http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/103251/codigo-civil-de-1916-lei-3071-16>. Acesso em: 09 ago. 2012.

COSTA, Nina Rosa do Amaral; ROSSETTI-FERREIRA, Maria Clotilde. Tor-nar-se Pai e Mãe em um Processo de Adoção Tardia. Psicologia: Reflexão e Crítica, 20(3), 425-434.. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/prc/v20n3/a10v20n3.pdf>. Acesso em: 06 fev. 2007.

MORAES, Rosalina Rocha Araújo. Adoção no Brasil. Disponível em: <http://www.infoescola.com/sociologia/adocao-no-brasil/>. Acesso em: 09 ago. 2012.

LEI 12012/2009. Adoção. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/cci-vil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12010.htm>. Acesso em: 09 ago. 2012.

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LEI DA TRANSPARÊNCIA NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Claudimilson Bonardi Gonçalves Fonseca

Contrapondo-se à realidade ético-política no país do mensalão, o Con-gresso Nacional aprovou a Lei 12.527/2011 que regula o acesso à informação previsto no artigo 5º da Constituição Federal. Esta lei, conhecida como Lei da Transparência ou Lei de Acesso a Informação é a mais nova ferramenta para que o cidadão, efetivamente, se valha de seu poder fiscalizador, obrigando os gestores públicos a uma conduta mais clara e pertinente à função que exercem.

Neste alinhamento, a publicidade que sempre foi tida como um princípio administrativo é, agora, com o advento da Constituição Federal de 1988 uma exigência desta, disposta no inciso XXXIII de seu artigo 5º.

Muito embora a Carta Magna já indicasse, tal ferramenta era pouco utili-zada pelos cidadãos, principalmente pelo fato de que até então não havia lhes sido disponibilizado recursos desta magnitude e abrangência. Então, tendo a Lei 12.527/2011 regulamentado o referido direito, a Administração Públi-ca abre suas portas para todo e qualquer cidadão. Haja vista que a Lei da Transparência busca assegurar o direito fundamental de acesso à informa-ção, que deve ser executado em conformidade com os princípios básicos da administração pública e com as diretrizes explícitas em seu artigo 3º. E para melhor compreensão da lei, os interessados deverão considerar também o disposto no artigo 4º da Lei 12.527/2011, que traz as terminologias utilizadas, a demonstração dos graus de hierarquia e sigilo de cada informação. Re-ferida lei encontra-se disponível no seguinte endereço: www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/l12527.htm.

Vale ressaltar que qualquer órgão público deverá oferecer o serviço, seja Federal, Estadual ou Municipal, bem como órgãos da administração direta, indireta, fundacional e autarquias. Em Ribeirão Preto, no que tange às infor-mações no âmbito da Administração Pública Municipal, o requerente deverá formalizar seu pedido na Seção de Protocolo e Arquivo, sito à Rua Cerqueira César, 371 – Centro, das 9h às 17h.

Esta iniciativa se justifica por sua finalidade precípua, qual seja: o comba-te à corrupção através da prestação de contas a todos os cidadãos de forma mais abrangente e eficaz possível, uma vez que o requerente não necessitará justificar o seu pedido. Lembrando que será responsabilizado de acordo com a determinação legal pelo uso indevido das informações recebidas.

Portanto, desenvolvamos uma visão crítica e saibamos onde e quando alguma situação deverá ser melhor esclarecida e a informação solicitada, para que não sejamos meros espectadores, mas sim atores, mesmo que coadju-vantes, no grande palco chamado Brasil.

Aluno do Centro Universitário Barão de Mauá

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BIBLIOGRAFIA

SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo, 34ª edi-ção, revista. Malheiros. São Paulo: 2010.

HAGE. Jorge. Jorge Hage: depoimento [mar. 2012]. Entrevistadora: K. Sartó-rio. Brasília: EBC Serviços, 2012. Vídeo-áudio. Entrevista concedida ao Pro-grama Bom dia Ministro – EBC Serviços/Secretaria de Comunicação Social do Governo Federal – Secom. Disponível em: http://www.ebcservicos.ebc.com.br/programas/bom-dia-ministro/arquivos/ouvir?prog=29-03-12-bom-dia--ministro-jorge-hage-cgu-mp3.sfl. Acesso em: 11 jul. 2012.

FÜHRER, Maximilianus Cláudio Américo, Maximiliano Roberto Ernesto. Resumo de Direito Administrativo, 8ª edição. Malheiros. São Paulo: 1998.

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BENEFÍCIO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL AO IDOSOE À PESSOA COM DEFICIÊNCIA

BPC-LOAS

Paula Moretini Mencucini Dilma Vieira Almeida

A assistência social é um direito do cidadão e um dever do Estado, di-reito este garantido pela CF de 1998. Ela é parte do conjunto de políticas do sistema de Seguridade Social brasileiro servindo para garantir o atendimento às necessidades básicas do cidadão, política esta que é não contributiva, ou seja, não existe a exigência de contribuição de nenhuma espécie para que o beneficiário tenha o seu direito garantido.

A lei 8.742-93, alteradas pelas leis 12.435/11 e 470/11, decretos 1330/94, Dec 1744/95, Dec 6124/07, vem assegurar a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa com deficiência e ao idoso que comprovem não possuir condições de prover a sua própria subsistência ou de tê-la provida por sua família.

O BPC-LOAS é um benefício da assistência social, integrante do Sistema Único da Assistência Social – SUAS.Tem direito, o idoso que comprovar que possui 65 anos de idade ou mais, que não recebe nenhum benefício previden-ciário, ou de outro regime de previdência e que a renda mensal familiar per capita seja inferior a ¼ do salário mínimo vigente.

Também tem direito a pessoa com deficiência que comprovar que a renda mensal do grupo familiar per capita seja inferior a ¼ do salário mínimo, esta também deverá ser avaliada pelo Serviço Social e pela Pericia Médica do INSS. Será verificado se a deficiência o incapacita para a vida independente e para o trabalho.Para calcular o valor renda familiar per capita é considerado o número de pessoas que compõe a casa do requerente, ou seja, o cônjuge, o companheiro, a companheira, os pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto.

Este benefício assistencial pode ser pago a mais de um membro da famí-lia desde que comprovadas todas as condições exigidas e deixará de ser pago quando houver superação das condições que deram origem a concessão do benefício ou pelo falecimento do beneficiário. O benefício assistencial é in-transferível e, portanto, não gera pensão aos dependentes.

Para requerer o benefício, deve solicitar nas Agências da Previdência So-cial,- INSS, mediante a apresentação dos seguintes documentos: NIT (PIS/PASEP); Carteira de Identidade ou Carteira de trabalho;CPF;Certidão de Nascimento ou Casamento;Certidão de Óbito do esposo(a) falecido(a), se o beneficiário for viúvo(a); Comprovante de rendimentos dos membros do grupo familiar;Tutela, no caso de menores de 18 anos filhos de pais falecidos ou

Alunas do Centro Universitário Barão de Mauá

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desaparecidos ou que tenham sido destituídos do poder familiar.Se o re-querimento for feito pelo representante Legal apresentar:CPF; Carteira de Identidade ou Carteira de trabalho da Previdência Social.

Antes da LOAS, a concepção de benefício era agregada na previdência social, pois a assistência não era um direito do cidadão e muito menos um dever do Estado. Hoje a LOAS vai garantir os benefícios como direito, e não como favor. Esta lei prevê que a assistência social deve prover os mínimos sociais, mas sem estabelecer qual será este mínimo social. A as sistência so-cial é realizada por meio de um conjunto de ações do poder público e também da sociedade civil.Ela é dever do Estado, mas sua realização pode e deve ter a participação da sociedade. O Estado deve organizar a estratégia e deve ser a inteligência do processo, mas não está escrito na LOAS que somente o Estado deve intervir e agir na política de assistência social.Proteger a velhice é garantir aos idosos todas as condições para que a velhice não seja um pro-blema para a família e para o indivíduo.

A velhice não pode significar a espera do fim. Proteger a velhice é garantir condições reais de vida familiar e comunitária. As pessoas com deficiência nos dias atuais ainda são tratadas de forma diferenciada pela sociedade,a integração à vida comunitária de pessoas com deficiência ainda é lenta.Exis-te uma compreensão legislativa sobre o requisito de deficiência para fins de percepção do benefício assistencial agregando ao conceito o impedimento de longo prazo, considerando impedimento de longo prazo aquele que incapacita a pessoa deficiente para a vida independente e para o trabalho em razão da sua deficiência.

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PROGRAMA MINHA CASA MINHA VIDA – MORADIA A TODOS

Rodrigo Machado Prado1

Tiago César Avanci 7

Vivemos um período de crise mundial. As grandes potências mundiais passaram ou passam por período de recessão em suas economias, e no Bra-sil não é diferente.

Todavia, as crises atingem de modo diferente, os diferentes setores da economia. No Brasil, um dos setores que conseguiu superar a crise imobiliá-ria americana ocorrida em 2008, foi o setor da construção civil, com reflexos imediatos no setor imobiliário, tudo isso graças a um programa do governo federal criado pela Lei nº 11.997 de 07/07/2009, denominado PROGRAMA MINHA CASA MINHA VIDA.

Com ele, grande parcela da sociedade incluída nas denominadas classes D e E, passaram a ter acesso a compra de bens imóveis, deixando de lado os aluguéis ou mesmo condições precárias de moradia. O programa ainda cus-teia parte da aquisição do imóvel, variando de acordo com a renda mensal dos compradores, é o chamado SUBSÍDIO. Assim, quanto menor a renda, maior será o subsídio por parte do governo federal.

No entanto, ao adquirir o imóvel dentro do programa, o comprador dá em garantia para o cumprimento do seu contrato, o imóvel recém-adquirido ao credor, é a chamada ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA. Esta por sua vez, pos-sui mecanismos rápidos e irreversíveis de retomado do imóvel, ou seja, se o comprador não honrar com o pagamento do contrato, esse imóvel dado em garantia ao credor, passa a ser de propriedade desse credor.

O procedimento de retomada do imóvel segue etapas definidas na Lei nº 9.514/97, assim, o comprador, ao deixar de pagar as parcelas referentes a seu financiamento imobiliário, está sujeito a perder o imóvel para o credor fiduciário.

Constatado o inadimplemento e observado o prazo para o início da co-brança, o credor acionará o Cartório de Registro de Imóveis para fazer a co-brança das parcelas não pagas. Desse modo, a pessoa notificada que não paga sua dívida, possibilita que o credor adquira a propriedade do imóvel para a quitação da dívida.

A crítica em relação à Lei nº 9.514/97 refere-se ao prazo para essa reto-mada, que em determinados procedimentos, é feita pelo Cartório de Registro de Imóveis em 30 dias!

Então, antes de comprar qualquer imóvel, a pessoa deverá fazer as con-tas e considerar futuros imprevistos, para que caso aconteça algum, não perca um dos bens patrimoniais mais importantes que alguém possa ter, o seu LAR.

7Graduandos do 5º ano do Curso de Direito do Centro Universitário Barão de Mauá. Email: [email protected], [email protected]

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BIBLIOGRAFIA

RESTIFFE NETO, Paulo; SÉRGIO RESTIFFE, Paulo. Propriedade fiduciá-ria imóvel. Malheiros Editores, 2009.

DIP, Ricardo; JACOMINO, Sérgio. Registros Públicos. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011.

BRASIL. Lei nº 11.977, de 07 de julho de 2009. Poder Executivo, Brasília, DF. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/lei/L11977 compilado.htm>. Acesso em 01 de julho de 2013.

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UMA ALTERNATIVA PARA A BUROCRACIA DO SISTEMA JURÍDICO

Luis Fernando FernandesPaulo Martins Cason

Renan Augusto Soares

A lentidão do sistema jurídico do Brasil está em estado alarmante, pois se pode demorar mês, anos, até que as sentenças transitem em julgado. Deste modo foi criada a Lei 11.441/07, lei que abrange serviços que podem ser fei-tos através de via extrajudicial, e que são mais rápidas, facilitando a vida de muitas pessoas.

Três desses serviços são Inventários consensuais sem testamento e com herdeiros capazes, divórcios e separações consensuais, sem filhos menores ou incapazes. Vamos explicá-los:

Inventário

Inventário é o ato que há apuração dos bens, direitos e deveres do fale-cido e com a partilha é dividido entre os herdeiros os bens do mesmo. A Lei 11.441/07 autorizou os cartórios de notas a praticarem estes atos, e assim desafogando a via judicial, do tamanho de processos que eram ajuizados para este fim. Quem precisa abrir um inventário e opte por fazer em cartório, preci-sa observar alguns requisitos:

- Todos os herdeiros devem ser maiores e capazes;- Deve haver consenso entre os herdeiros quanto à partilha dos bens;- O Falecido não pode ter deixado testamento;- A escritura deve contar com a participação de um advogado.Se houver filhos menores, incapazes ou se o falecido tiver deixado testa-

mento, o inventário deverá ser feito por via judicial. Havendo filhos emancipa-dos, o inventário pode ser feitos em cartório.

Divórcios e Separações consensuais.

Os casais que mais querem viver juntos e queiram fazer a separação ou divórcio podem optar pela Lei 11.441/07, e ir a um Cartório de Notas mais próximo e usufruir desta lei. São os requisitos básicos para este ato:

- É preciso haver consenso entre o casal. Os cônjuges devem estar de acordo quanto à decisão de separação ou divórcio. Se houver litigio entre eles, o processo deve necessariamente ser judicial.

- Não pode haver filhos menos ou incapazes envolvidos, se caso houver somente será processado via judicial.

- Deve haver a participação de um advogado.

Alunos do Centro Universitário Barão de Mauá

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O tabelião, assim como o juiz, é um profissional do Direito que presta concurso público e representa o Estado.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

http://www.correadesouza.adv.brhttp://www.dvogadocuritiba.com.brhttp://www.planalto.gov.br

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CARTÓRIOS: SAIBA QUAL UTILIZAR

Sigrid Eduarda da Silva8

Sônia Aparecida Lopes Ramalho9

Os serviços dos chamados “cartórios” são muito utilizados pela sociedade brasileira, contudo, as funções de cada um deles são confundidas pelos usu-ários. Atualmente, há seis tipos de cartórios extrajudiciais, sendo subdivididos em quatro espécies de registro e dois tabelionatos.

O primeiro e o mais antigo deles, é o TABELIÃO DE NOTAS, o qual tem atribuições de lavrar escritura, procurações, abrir e reconhecer firmas e au-tenticar documentos.

O segundo é o TABELIÃO DE PROTESTO DE LETRAS E TÍTULOS, res-ponsável por apontar e protestar títulos de crédito, como é um cheque não compensado por falta de fundo.

O terceiro, já da área registral, é o OFICIAL DE REGISTRO CIVIL DAS PESSOAS NATURAIS, ou seja, registra os principais fatos da vida de uma pessoa, tais como o nascimento, casamento e o óbito. Entretanto, ressalta--se que, somente no Estado de São Paulo, por força de lei, esta natureza cartorária tem possibilidade de executar três serviços que são de competência originária do Tabelião de Notas. A saber: lavratura de procurações, abertura e reconhecimento de firmas e, autenticação de documentos.

O quarto é OFICIAL DE REGISTRO DE IMÓVEIS, órgão que, como o próprio nome define, registra os imóveis e todos os atos relacionados a eles. Pois não basta ter uma escritura correspondente à aquisição de determinado imóvel, se não requerer o registro, não será dono.

O quinto e o sexto cartórios funcionam no mesmo local. O OFICIAL DE REGISTRO DE TÍTULOS E DOCUMENTOS responde, comumente, pelos registros dos instrumentos de contratos de financiamentos em geral, atas correspondentes a assembleias de condomínios e cumprimento de notifica-ções. Ao OFICIAL DE REGISTRO CIVIL DE PESSOA JURÍDICA compete os arquivamentos dos atos das sociedades simples e das entidades sem fins lucrativos, como é caso das associações e das fundações.

Por fim, as atividades, registral e notarial, são delegações públicas, es-senciais à manutenção da paz social e merecem uma maior divulgação de seus serviços e utilidades.

8 Bacharel em Ciências da Informação e da Documentação (Biblioteconomia) – USP;Bacharel em Direito - Centro Universitário “Barão de Mauá”;Preposta do Oficial de Registro de Títulos e Documentos e Civil de Pessoa Jurídica de Ribeirão Preto - SP. [email protected]

9 Bacharel em Direito - Centro Universitário “Barão de Mauá”;Corretora de Imóveis da Sociedade “Imobiliária Sônia e Ramalho”[email protected]

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BIBIOGRAFIA

GARCIA, Rubem. Protesto de Títulos: procedimento - incidentes. São Paulo: Revista Dos Tribunais, 1981.

KONNO, Aline Yumi. Registro de imóveis: teoria e prática. São Paulo: Memória Jurídica Editora, 2010.

MAGALHÃES, Luiz. De onde vieram os cartórios?. Jornal Tribuna do Brasil - DF. Disponível em: <http://www.tribunadobrasil.com.br>. Acesso em: 01 fev. 2006.

REZENDE, Afonso Celso Furtado de; CHAVES, Carlos Fernando Brasil. Tabelionato de Notas e o Notário Perfeito. Campinas, SP: Millennium Edi-tora, 2010.

SANTOS, Reinaldo Velloso dos. Registro civil das pessoas naturais. Porto Alegre, RS: Sergio Antonio Fabris Ed., 2006.

SIVIERO, José Maria. Títulos e Documentos e Pessoa Jurídica: seus re-gistros na prática. São Paulo: edição do autor, 1983.

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SISTEMA ELEITORAL DE REPRESENTAÇÃO

José Augusto de Souza

O sistema eleitoral é a maneira pela qual elegemos nossos representan-tes no governo. No Brasil este sistema esta regulamentado pela Constituição Federal de 1988 e o Código Eleitoral Brasileiro e são definidos por 3 tipos de sistemas eleitorais: o majoritário, o majoritário com dois turnos e o proporcional.

O majoritário é definido pela maioria relativa dos votos, ou seja, será eleito aquele que obtiver o maior número de votos válidos, não importando que atinja certo percentual. Votos válidos são todos os votos realizados, des-considerando os votos brancos e nulos. Esse sistema é utilizado para eleger senadores e prefeitos nos municípios que contenham menos de 200.000 elei-tores. Será eleito aquele candidato que obtiver mais votos que qualquer outro candidato.

O majoritário com dois turnos é utilizado para eleição do Presidente da República, Governadores de Estado e Prefeitos em municípios com mais de 200.000 eleitores. Neste sistema, é considerada a maioria absoluta de votos, ou seja, para ser eleito, o candidato tem que ultrapassar 50% dos votos váli-dos, caso este não o atinja, será realizado uma nova eleição com os 2 (dois) candidatos que obtiveram o maior número de votos e quem obtiver a maior quantidade de votos neste turno será eleito.

Já para eleição dos Deputados Federais, Deputados Estaduais e Vere-adores é utilizado o sistema de voto proporcional, dando ênfase aos votos obtidos pelos partidos ou coligações, que para entendermos é preciso primei-ramente compreender o significado de dois quocientes que são fatores deter-minantes para eleição do candidato: o Eleitoral e o Partidário. O Quociente Eleitoral ( QE ) nada mais é que o número de votos validos divididos pelos números de cadeiras preenchidas, o Quociente Partidário ( QP ) é o número de cadeiras que o partido ou coligação terá direito naquela eleição, somando o total de votos recebidos pelo partido e dividindo pelo quociente eleitoral. Para melhor compreensão utilizaremos as seguintes formulas.

QE = nº de votos validos ÷ nº cadeiras a serem preenchidasQP = nº votos recebidos pelo partido ÷ QE

Vejamos uma simulação do sistema proporcional para melhor compreen-são dos conceitos acima mencionados na próxima página.

Aluno do Centro Universitário Barão de Mauá

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Ribeirão Preto possui 500.000 votos válidos e 20 cadeiras para vereadores.Calcularemos então Quociente Eleitoral.QE = nº de votos validos ÷ nº cadeiras a serem preenchidasQE = 500.000 ÷ 20QE= 25.000

Tabela para Eleição de Vereadores em Ribeirão Preto.

Partido A Partibo B Partido C Partido D Partido E Partido F

Candidato 1 40.000 34.000 56.000 20.000 20.000 7.000

Candidato 2 32.000 28.000 16.000 18.000 17.000 5.000

Candidato 3 30,.000 10.000 20.000 15.000 5.000 5.000

Candidato 4 26.000 7.000 5.000 15.000 3.000 3.000

Candidato 5 5.000 5.000 3.000 2.000 2.000 2.500

Candidato 6 5.000 3.500 2.000 5.000 1.000 2.500

Candidato 7 4.000 2.000 2.000 4.000 1.000 2.500

Candidato 8 2.000 500 1.000 2.000 1.000 2.500

TOTAL DE VOTOS 134.000 90.000 105.000 81.000 50.000 30.000

Quociente parttidário 5 3 4 3 2 1

Após o número de votos obtidos pelos partidos e o QE, poderemos então calcular o QP, que será determinante para averiguar a quantidade de cadeiras que o partido terá direito.

Temos como exemplo o Partido A.Lembrando que:QP = nº votos recebidos pelo partido ÷ QE (conforme já demonstrado é de 25.000)

Logo:QP= 134.000 ÷ 25.00QP=5 ,36

Arredonda-se sempre para o número inferior, ficando:QP=5

Ao analisarmos a tabela e realizando o calculo sucessivamente aos outros partidos verificaremos que foram eleitos:

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5 candidatos com maior número de votos do Partido A 3 candidatos com maior número de votos do Partido B 4 candidatos com maior número de votos do partido C 3 candidatos com maior número de votos do Partido D 2 candidatos com maior número de votos do partido E 1 candidato do Partido F

Foram preenchidas 18 cadeiras das 20 disponíveis, faltando ainda duas cadeiras que serão calculadas através das sobras dos votos.

Vamos aos cálculos das sobras, onde será feito o cálculo do número total de votos de cada partido divido pelo Quociente Partidário, este será acrescido de mais um, resumiremos como QP + 1.

Tabela do calculo da 1ª sobra de votos.

Partido A Partido B Partido C Partido D Partido E Partido F

VOTOSDO

PARTIDO÷ QP + 1

134.000 90.000 105.000 81.000 50.000 30.000

÷ ÷ ÷ ÷ ÷ ÷

6(QP+1) 4(QP+1) 5(QP + 1) 4(QP+1) 3(QP+1) 2(QP+1)

= = = = = =

22.333,33 22.500 21.000 20.250 16.666,66 15.000

Nota-se que o partido B garantiu mais uma cadeira na Câmara Municipal, pois obteve uma sobra maior que os outros partidos. Então o candidato 4 do Partido B assumirá também o cargo como vereador.

Faltando ainda o preenchimento de uma vaga, temos que realizar um novo cálculo das sobras, lembrando agora que o Partido B tem 4 eleitos, por-tanto seu QP será 5.

Tabela do calculo da 2ª sobra de votos.

Partido A Partido B Partido C Partido D Partido E Partido F

VOTOSDO

PARTIDO÷ QP + 1

134.000 90.000 105.000 81.000 50.000 30.000

÷ ÷ ÷ ÷ ÷ ÷

6(QP+1) 5(QP+1) 5(QP + 1) 4(QP+1) 3(QP+1) 2(QP+1)

= = = = = =

22.333,33 18.000 21.000 20.250 16.666,66 15.000

Agora quem ficou com a vaga restante foi o partido A, que obteve um número de sobra maior que os outros partidos.

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Portanto, através dos cálculos realizados ficaram eleitos:

Os candidatos 1, 2, 3, 4, 5 e 6 do partido A Os candidatos 1, 2, 3 e 4 do partido B Os candidatos 1, 2, 3 e 4 do partido C Os candidatos 1, 2 e 3 do partido D Os candidatos 1 e 2 do partido E O candidato 1 do partido F

Este é o Sistema Eleitoral Proporcional utilizado no sistema eleitoral bra-sileiro, que tem por finalidade estabelecer correspondência mais aproximada possível, entre a proporção de votos obtido por um partido na eleição da Casa Legislativa e a proporção das cadeiras a ele atribuídas.

BIBLIOGRAFIA

PAZZAGLINI FILHO, Marino. Eleições Municipais 2008: elegibilidade e inelegibilidades, registro de candidatos.../Mariano Pazzaglini Filho. – São Paulo : Atlas,2008.

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O SEGURO DESEMPREGO E SUAS MUDANÇAS

Lilian de Menezes San MartinoMaíra Angélica dos Santos

O seguro desemprego foi criado em 1.986 e está previsto em nossa Cons-tituição Federal, na parte dos Direitos Sociais, no artigo 7º, inciso II. Foi re-gulamentado em 11 de janeiro de 1.990 com a Lei 7.998 (lei do programa do seguro desemprego). Este benefício garante ao trabalhado um auxilio finan-ceiro, contudo, deve somar as seguintes condições:

1- Ter trabalhando na mesma empresa por mais de 6 (seis) meses com carteira assinada;

2- Ser demitido sem justa causa;3- Não ter recebido nenhum beneficio de prestação da Previdência Social,

exceto nos casos de pensão por morte e auxilio acidente.

Estima-se que cerca de 6 (seis) milhões de brasileiros são beneficiados pelo seguro desemprego. O valor deste auxílio financeiro pode variar de acor-do com a faixa salarial e poderá ser pago em até 05 parcelas. O Estado forne-ce este benefício para que o desempregado possa manter uma estabilidade enquanto procura um novo trabalho. Contudo, diante das inúmeras fraudes, já que muitos atuam na informalidade e, ao mesmo tempo, recebem o seguro desemprego, o Ministério do Trabalho e Emprego criou, em 2011, mudan-ças relacionadas à concessão deste benefício. Dentre elas, para que possa ser concedido este beneficio, o desempregado deverá se cadastrar no portal “Mais Emprego”, onde serão cruzados alguns dados de suas qualificações profissionais com uma banca de empregos disponíveis no mercado. Se hou-ver alguma vaga disponível, o desempregado será obrigado a participar da entrevista de emprego, porém, poderá recusar a vaga de emprego mediante uma justificativa. Se esta justificativa for aceita, o desempregado poderá reti-rar o seu seguro desemprego, mas se em algum momento for solicitado uma nova vaga de emprego, ele deverá participar das entrevistas. O Estado admi-te as seguintes justificativas - motivo de doença, salário inferior, qualificação diversa do antigo emprego, choque cultural ou se o desempregado estiver fa-zendo curso de qualificação profissional. Vale lembrar que a recusa das vagas oferecidas sem nenhuma justificativa não dará direito ao seguro desemprego.

Dentre as mudanças citadas, podemos ainda incluir: se em 10(dez) anos o trabalhador for dispensando por 03 (três) vezes do serviço, deverá fazer um curso de qualificação profissional pago pelo governo, para que possa receber o seguro desemprego.

Tais mudanças permitem aos trabalhadores mais opções de empregos e não depender exclusivamente do Estado para manter-se financeiramente.

Alunas do Centro Universitário Barão de Mauá

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Ademais, facilitam a procura de um novo emprego e evita as fraudes que vinham acontecendo.

BIBLIOGRAFIA

Seguro Desemprego – Quem tem Direito. Disponível em: http://segurodesempregopro.com/. Acesso em: 11 ago 2012.Seguro Desemprego – Disponível em: www.portal.mte.gov.br/ Acesso em: 11 ago 2012.Do Programa de Seguro-Desemprego – Lei 7.998 de 11 de Janeiro de 1990.

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REGRAS DE TRÂNSITO EQUIVOCADAS

Adriano Vitor Teodoro*Fátima Monteiro Pimenta*

Algumas pessoas de má fé estão se utilizando da internet para veicular informações falsas de mudanças nas regras de trânsito. Segue e-mail que ilustra a prática desrespeitosa:

“A CNH só poderá ser renovada no máximo 30 dias após o seu venci-mento. Findado este prazo, a CNH será cancelada, automaticamente, e o condutor se sujeitará a prestar os exames de praxe novamente. As mudanças começaram a valer apóo s dia 01/01/2012.”

O DOU publicou em 22/11/2009 uma resolução do CONTRAN, que altera as regras para quem vai tirar a CNH. Entre as mudanças está a carga horária do curso teórico de 30 para 45 h/ aula e a do prático, de 15 para 20 h/aula. E mais: retirar com urgência a embalagem de plástico do extintor.”

Tais informações não são verídicas.De acordo com o CONTRAN, “a CNH será renovada durante o prazo

máximo de 30 dias, após o vencimento. Caso contrário, se dirigir, estará co-metendo uma infração gravíssima, cabendo multa, 7 (sete) pontos na carteira, retenção do veículo e recolhimento da mesma. Concluído este prazo, a CNH não será cancelada, automaticamente, e o condutor não será obrigado a pres-tar os exames”.

Quanto aos extintores permanece a fiscalização, verificando os seguintes itens:

• O indicador de pressão não deve estar na faixa vermelha;• Integridade do lacre;• Selo do INMETRO;• Durabilidade da validade e teste hidrostático do extintor de incêndio não devem estar vencidos;• Aparência geral externa em perfeitas condições ;• Local da instalação do extintor de incêndio.

É importante a conscientização do cidadão sobre fontes seguras de in-formações.

BIBLIOGRAFIA:

• CTB - Código de Trânsito Brasileiro• CONTRAN – Conselho Nacional de Trânsito

Alunos do Centro Universitário Barão de Mauá

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A INEFICÁCIA DAS POLÍTICAS HABITACIONAIS EM RIBEIRÃO PRETO

Katia Helena Zerbini Palmeira de MoraisPatricia Gomes Abreu

Talita Augusta Araújo da Silva

Com a evolução dos direitos coletivos, consagrada com o advento da Constituição Cidadã, a Constituição de 1988, nada mais justo a preocupação do nosso Município em instituir em sua Lei Orgânica responsabilidades peran-te a sociedade.

Uma dessas preocupações vem expressa no artigo 153 do diploma já mencionado, em que é demonstrado o interesse em se melhorar as condições de moradia das coletividades caracterizadas como favelas e erradicar as sub--habitações.

Sendo assim, o Município se compromete em incentivar e apoiar iniciati-vas comunitárias e populares, destinadas a resolver os respectivos problemas habitacionais, além de estimular a autoconstrução, a construção em sistema de mutirão e a criação de cooperativas habitacionais, bem como promover a urbanização das referidas favelas, garantindo também, a gratuidade no forne-cimento de plantas para construção de casas operárias.

O momento e o assunto não poderiam ser mais oportunos, pois após um ano do trágico episódio que chocou a cidade de Ribeirão Preto, onde, cerca de 700 pessoas, integrantes de mais de 230 barracos, que tiveram suas mora-dias e pertences demolidos, ainda aguardam uma iniciativa do poder público. Alguns regressaram para suas cidades de origem, porém os que resolveram ficar, desamparados, ocuparam um antigo campo de futebol, mantendo as-sim a mesma situação anterior, de ocupação irregular, vivendo em condições precárias.

Desta forma, cabe ressaltar, que há expresso na Lei Orgânica de nosso Município um compromisso em promover o bem estar da população carente, assim, para que essas pessoas deixem de residir em lugares, muitas vezes, inabitáveis e tenham uma moradia digna. Por este emotivo, nada mais lógico cobrarmos que esse compromisso seja revertido em realidade por nossos re-presentantes.

Sem desmerecer todo o trabalho que vem sendo realizado nos últimos anos em Ribeirão Preto, ou seja, a urbanização de algumas favelas, seja por iniciativa do poder público, como por esforços de particulares, não podemos fechar os olhos para o grande problema habitacional que assola grande parte de nossa população, espalhadas em mais de 30 favelas de nosso Município.

Certamente que, nos últimos tempos, o povo brasileiro deixa de ser um povo que aceita tudo o que lhe é imposto, para um povo que expressa sua opinião e demonstra sua desaprovação por meio de grandes manifestações, como os movimentos Sem Terra, Sem Teto, greves de servidores públicos e

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privados, e diversos outros tipos de manifestações, que vão desde as Diretas Já, os Caras Pintadas (Impeachment do Collor), até as mais recentes, como a dos caminhoneiros, motoqueiros, CPIs abordando diversos temas, como a do “Mensalão”, pedofilia, entre outras.

É a transição da Ditadura para a Democracia. E a democracia plena ocor-rerá de fato, quando a sociedade, ciente de seus direitos, exercer o seu po-der de voto, ou seja, confirmando a Democracia Participativa que rege nossa Constituição. Portanto, nada mais justo que o conhecimento acerca dos di-reitos e deveres do cidadão deixe de ser apenas privilégio de uma pequena classe.

BIBLIOGRAFIA

Lei Orgânica do Município de Ribeirão Preto

Constituição da República Federativa do Brasil de 1988

LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. São Paulo: Saraiva, 2011

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FORNECIMENTO GRATUITO DE MEDICAÇÃOAOS PORTADORES DE CÂNCER

Jair Rodrigo Viaboni

O portador de doenças oncológicas possui o direito ao fornecimento gra-tuito de medicação para o tratamento da doença custeado pelo Sistema Único de Saúde, em conjunto com os Governos Municipais, Estadual e Federal, des-de que a medicação prescrita esteja na lista do RENAME (Relação Nacional de Medicações Essenciais), além de programas de prevenção e tratamentos como quimioterapia, radioterapia e cirurgia de remoção de tumores.

Essa lista de medicamentos é elaborada por profissionais competentes, especialistas no assunto, contendo uma relação de medicação essencial para o combate à doença, mas que não coloque em risco a vida do paciente e mi-nimizem os efeitos colaterais, sendo devidamente aprovadas pelo Ministério da Saúde.

A medicação de combate a neoplasias por possuírem alto custo são con-cedidas pelo Poder Público, cabendo aos Estados a sua aquisição e distribui-ção, através de um sistema informatizado de cadastro de pacientes.

O paciente para que possa fazer valer sue direito à obtenção gratuita, deve ser atendido por médico cadastrado no SUS e realizar sua inscrição de usuário junto a Secretaria de Saúde do Estado, que pode ser feita na Prefei-tura ou em Postos de Saúde.

Para efetivar o cadastro, o paciente deve comparecer junto à Secretaria de Saúde do Estado munido de cópias e originais do CPF e RG; cópia e ori-ginal do comprovante de residência; receita médica com a identificação com-pleta do paciente, em duas vias, contendo o princípio ativo da medicação e a dosagem respectiva, bem como, laudo para solicitação/autorização de medi-cação de uso excepcional, emitidas em 04 vias, com a assinatura e carimbo do médico em todas as vias.

A Constituição Federal garante a todos o direito a saúde e estabelece que o Estado deve estabelecer políticas sociais de combate e prevenção à doen-ças, bem como acesso universal e igualitário do cidadão à ações e serviços para prevenção e recuperação de doenças.

A portaria nº 432 de 2001 da SAS (Secretaria de Assistência à Saúde), prevê a obrigação de fornecimento de medicação e tratamento aos portadores do câncer e não sendo tal direito respeitado, o paciente poderá fazer denuncia direta ao Ministério da Saúde.

Bacharel em Direito pelo Centro Universitário Barão de Mauá

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BIBLIOGRAFIA

NOVELINO, Marcelo. Direito Constitucional. 4ª ed. São Paulo: Editora Mé-todo, 2010.

SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 32ª ed. São Paulo: Editora Malheiros, 2009.

SILVEIRA, Mário Magalhães da. Política Nacional da Saúde Pública – A Trindade desvelada: Economia-saúde-população. Rio Comprido. Editora Revan, 2010.

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DIREITO DO CIDADÃO NA FILA BANCÁRIA

Laura de Paula Spanó 10

Tuane Costa Mello 11

O usuário dos serviços bancários tem direito a atendimento de qualida-de, com presteza. Não é admissível que uma pessoa fique uma hora na fila de um banco. Toda instituição bancaria, ao celebrar contrato de prestação de serviços com seus clientes, deve contratar pessoa suficiente para o bom atendimento.

Mas isso nunca acontece, e são muitas as pessoas que sofrem com filas longas e demoradas no atendimento das instituições bancárias.

Diante disse, surge a Lei Municipal 13.948/2005 que em seu art. 2º nos diz:

Para os efeitos desta lei, entende-se como tempo hábil para o atendimen-to o prazo de até:

I – 15 (quinze) minutos em dias normais;II – 25 (vinte e cinco) minutos às vésperas e após os feriados prolongados;III – 30 (trinta) minutos nos dias de pagamento dos funcionários públicos

e municipais, estaduais e federais, não podendo ultrapassar esse prazo, em hipótese alguma.

A lei relacionada ao tempo de espera na fila do banco prevê, também, punição para a instituição bancária que desrespeitar o prazo espera.

Somente o cidadão pode fazer a lei ser cumprida através de denúncias fundamentadas e documentadas com base na sua experiência. Desta manei-ra, pode-se fazer valer o seu direito com relação ao tempo de espera na fila do banco.

Aqui vão algumas dicas de ações e atitudes que os cidadãos podem e devem tomar com relação a essa situação que além de “roubarem” o tempo das pessoas ainda deixam estressadas ao passarem momentos difíceis de espera, gastando um tempo enorme na fila do banco, o que muitos fazem várias vezes por semana.

Guardar a senha do atendimento e o comprovante da operação realizada no caixa porque todos os dois contém o horário e pode ser comprovado o ho-rário da sua chegado e do atendimento. Tire xerox dos mesmos e apresente uma queixa junto ao PROCON da sua cidade. Com toda certeza você gastará muito menos tempo no PROCON do que nas filas dos bancos.

Solicite, junto ao Legislativo Municipal, a criação de uma lei que venha beneficiar os cidadãos proporcionando-lhes mais respeito e dignidade na utili-zação dos serviços bancários de qualquer espécie.

O direito do cidadão está assegurado na Constituição Federal, mas cabe ao povo exigir seu cumprimento.

10 Aluna do Centro Universitário Barão de Mauá11 Aluna do Centro Universitário Barão de Mauá

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BIBLIOGRAFIA

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Promulgada em 5 de outubro de 1988. 25. Ed. São Paulo: Saraiva, 2009.

SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 27. Ed. São Paulo: Malheiros, 2006.

www.portalmariana.org.br

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GUIA DE ENDEREÇOS ÚTEIS NO MUNICÍPIO DE RIBEIRÃO PRETO

Câmara Municipal de Ribeirão PretoAvenida Jerônimo Gonçalves, 1.200, CentroF: (16) 3607-4000

CIRETRANAv. Mogiana, 1.701F: (16) 3628-2600

Conselho Municipal da Assistência SocialRua Marcondes Salgado, 1.221, CentroF: (16) 3941-0119

Conselho Municipal da Mulher VitimizadaRua Gonçalves Dias, 299, Vila TibérioF: (16) 3610-1523

Conselho Municipal do Direito da Criança e do AdolescenteRua Barão do Amazonas, 143, CentroF: (16) 3941-01-18

Conselho do Municipal do IdosoRua Flávio Uchoa, 1.180, Campos ElíseosF: (16) 3961-2024 / 3961-2272

CREMESP – Conselho Regional de MedicinaDelegacia de Ribeirão PretoRua Chile, 1.711 6º andar, salas 600, 601 e 603Santa CruzF: (16) 3911-6306

Conselho Tutelar Dos Direitos da Criança e do Adolescente:- Região Centro OesteRua Visconde do Rio Branco, 653, CentroF: (16) 3635-9449 / 0800 7717210- Região NorteRua Pará, 437, SumarezinhoF: (16) 3963-2211 / 0800 7717220- Região SulAvenida Pio XII, 1.015, Vila VirgíniaF: (16)3637-0811 / 08000 7717230

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Defensoria PúblicaRua Alice Além Saadi, 1.256, 1º andarNova RibeirâniaF: (16) 3965-4151

Delegacia de Defesa da MulherRua Piracicaba, 217, Campos ElíseosF: (16) 3610-1770

DIG – Delegacia de Investigações GeraisRua Duque de Caxias, 1.048 , CentroF: (16) 3610-1770

Delegacia Regional do TrabalhoRua Afonso Taranto, 500, Nova RibeirâniaF: (16) 3617-1636

Fórum EstadualRua Alice Aléem Saad, 1.010, Nova RibeirâniaF: (16) 3629-0004

Fórum FederalRua Afonso Taranto, 455, Nova RibeirâniaF: (16) 3629 8000 / 3603 1726

Fórum TrabalhistaRua Afonso Taranto, 105, Nova RibeirâniaF: (16) 3625-3016

INSS – Instituto Nacional de Seguridade SocialRua Amador Bueno, 786, CentroF: (16) 3632-5222

Juizado de MenoresRua Alice Aléem Saad, 950, Nova RibeirâniaF: (16) 3629-0004

Juizado Especial Cível COCRua Abrahão Issa Halack, 980, F: (16) 3603-9800

Juizado Especial Cível Moura LacerdaRua Capitão Salomão, 1.384, Campos ElíseosF: (16) 2101-1010

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Juizado Especial Cìvel UNIPAvenida Carlos Consoni, 10, Jardim Nova AliançaF: 0800 109000

Juizado Especial CriminalRua Alice Aléem Saad, 1.010, Nova RibeirâniaF: (16) 3629-0004

Justiça EleitoralRua Cerqueira César, 333, CentroF: (16) 3610-2623

Ministério Público do Estado de São PauloRua Otto Benz, 1.070, Nova RibeirâniaF: (16) 3629-2596

Núcleo de Práticas Jurídicas do Centro Universitário “Barão de Mauá”Rua Aureliano Garcia de Oliveira, 218, Nova Ribeirânia F: (16) 3625-2489

Ordem dos Advogados do Brasil 12ª Subsecção de Ribeirão PretoAv. Cavalheiro Torquato Rizzi, 215, Jardim São LuísF: (16) 3623-0370

Polícia AmbientalAvenida Fábio Barreto, 42, CentroF: (16) 3931-1070

Prefeitura Municipal de Ribeirão PretoPraça Barão do Rio Branco, s/n., CentroF: (16) 3977-9000 / 0800 7719856

POUPATEMPOAvenida Presidente Kennedy, 1.500, Novo Shopping CenterF: 0800 7723633

PROCONRua Minas, 353, Campos Elíseos F: (16) 3636-7391 e 08007723633

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Editoração e Impressão:

Editora e Gráfica Padre Feijó Ltda.R. Carlos Chagas, 306 - Jd. Paulista - Fone: (16) 3632 2131

CEP: 14090-190 - Ribeirão Preto - SP

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