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Manual Viticultura de Precisão
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INOVAO E TECNOLOGIA NA FORMAO AGRCOLA
agrinov.ajap.pt
Coordenao Tcnica:
Associao dos Jovens Agricultores de Portugal
Coordenao Cientfica:
Miguel de Castro Neto
Instituto Superior de Estatstica e Gesto de Informao
Universidade Nova de Lisboa
Viticultura de Preciso
Editor
Ricardo Braga
Produo apoiada pelo Programa AGRO Medida 7 Formao Profissional,
co-financiado pelo Estado Portugus e pela Unio Europeia atravs do FSE
Projecto n 3431144
Ficha Tcnica
Ttulo
Viticultura de Preciso
Editor
Ricardo Braga
Editor
Associao dos Jovens Agricultores de Portugal
Rua D. Pedro V, 108 2
1269-128 Lisboa
Tel.: 21 324 49 70
Fax: 21 343 14 90
E-mail: [email protected]
URL: www.ajap.pt
Lisboa 2009 1 edio
Grafismo e Paginao
Miguel Incio
Impresso
Gazela, Artes Grficas, Lda.
Tiragem
150 ex.
Depsito Legal
299352/09
ISBN
978-989-8319-05-0
Distribuio Gratuita
Ricardo Braga
Licenciado em Engenharia Agronmica (1993) pelo Instituto
Superior de Agronomia e Doutorado (2000) pela University of
Florida, EUA. Actualmente Professor Adjunto na Escola
Superior Agrria de Elvas do Instituto Politcnico de
Portalegre onde lecciona disciplinas de licenciatura e
mestrado na rea das novas tecnologias. Pertence
igualmente ao centro de investigao Centro de Botnica
Aplicada Agricultura do Instituto Superior de Agronomia, tendo
desenvolvido diversos projectos de I&D na rea da agricultura de preciso,
modelao de sistemas agrcolas e alteraes climticas. autor de mais de 50
publicaes cientificas, tcnicas e de divulgao.
i
ndice Geral
1. INTRODUO ............................................................................................. 1
2. VITICULTURA DE PRECISO: UM CASO PARTICULAR DE AGRICULTURA
DE PRECISO .............................................................................................. 3
2.1. O Conceito ............................................................................................... 3
2.2. Variabilidade espao-temporal................................................................. 5
2.3. Adopo da viticultura de preciso.......................................................... 8
2.4. Adopo em Portugal e no mundo .......................................................... 9
2.5. Monitorizao da produtividade e qualidade......................................... 10
2.5.1. Vindimadoras sem teges ................................................................. 10
2.5.2. Vindimadores com teges ................................................................. 12
2.6. Tecnologia de taxa varivel (VRT) .......................................................... 14
2.7. Deteco remota.................................................................................... 15
2.8. Condutividade elctrica do solo............................................................. 18
2.9. Concluses............................................................................................. 21
2.10. Referncias ............................................................................................ 21
3. VINDIMA SEGMENTADA: UM CASO DE ESTUDO EM ESTREMOZ..................... 23
3.1. Introduo.............................................................................................. 23
3.2. Metodologia ........................................................................................... 26
3.3. Resultados e discusso.......................................................................... 31
3.4. Concluses............................................................................................. 47
3.5. Referncias ............................................................................................ 48
4. VITICULTURA DE PRECISO: UM CASO DE ESTUDO NA FUNDAO
EUGNIO DE ALMEIDA, VORA.................................................................. 49
4.1. Introduo.............................................................................................. 49
4.1.1. rea de estudo .................................................................................. 51
4.1.2. Metodologia....................................................................................... 54
4.2. Assinaturas espectrais ........................................................................... 57
4.2.1. Mosto................................................................................................. 57
4.2.2. Folha.................................................................................................. 58
4.3. Variabilidade entre talhes da mesma casta.......................................... 59
4.4. Variabilidade espacial (pH)..................................................................... 60
4.5. Condutividade elctrica ......................................................................... 61
ii
4.6. Concluses............................................................................................. 62
4.7. Referncias ............................................................................................ 63
5. I-FARM: A EXPLORAO VITCOLA INTELIGENTE DA SOCIEDADE DA
INFORMAO E DO CONHECIMENTO ....................................................... 65
5.1. Introduo.............................................................................................. 65
5.2. Tecnologias de informao e comunicao na agricultura .................... 66
5.3. i-Farm..................................................................................................... 68
5.4. Business Intelligence.............................................................................. 70
5.5. Business Intelligence na I-Farm.............................................................. 72
5.6. Desenvolvimentos futuros ..................................................................... 80
5.7. Concluses............................................................................................. 81
5.8. Referncias ............................................................................................ 81
6. CONCLUSES GERAIS................................................................................ 83
iii
ndice de Tabelas
Tabela 1 Parmetros do variograma para a varivel pH................................ 60
ndice de Figuras
Figura 1 Um exemplo de um mapa de produtividade de uma parcela de vinha com 7,3 ha da casta Cabernet Sauvignon em 2001......................................................................... 7
Figura 2 Monitor de produtividade para vindimadoras sem tego baseado em clulas de carga no tapete de descarga lateral ............................................................................ 12
Figura 3 Na Europa os modelos de vindimadora utilizados incorporam dois teges no corpo da mquina............................. 13
Figura 4 Fotografia area de falsa - cor de uma parcela de vinha com resoluo espacial de 30 cm (esquerda) e 3 m (direita).................................................................................. 17
Figura 5 Sensor de condutividade elctrica aparente do solo por induo electro-magntica EM38 da GEONICS ........................ 19
Figura 6 Sensor de condutividade elctrica aparente do solo por contactos Veris 3100 da Veris technologies........................... 20
Figura 7 Diagrama de ilustrao do conceito de vindima segmentada......... 25
Figura 8 Diagrama de ilustrao da qualidade das uvas ao longo da vindima e respectiva variabilidade espacial................... 26
Figura 9 Aspecto da vinha pertencente empresa Encostas de Estremoz, onde decorrem os ensaios de vindima segmentada .................................................................................... 27
Figura 10 Carta das parcelas e castas da Quinta da Esperana, Estremoz ... 28
Figura 11 Localizao das parcelas em estudo............................................. 28
Figura 12 Pontos de amostragem para controlo de maturao na casta Touriga Nacional............................................................ 30
Figura 13 Cubas de fermentao com temperatura controlada (esquerda) e "sempre cheias" (direita) utilizadas para vinificar os dois lotes em estudo ................................................. 31
Figura 14 Evoluo temporal do pH das uvas em 2006 em que cada linha representa um ponto de amostragem......................... 32
Figura 15 Evoluo temporal do grau lcool provvel () das uvas em 2006 em que cada linha representa um ponto de amostragem................................................................. 33
iv
Figura 16 Evoluo temporal da acidez total (g/l ac. tart.) das uvas em 2006 em que cada linha representa um ponto de amostragem.................................................................. 33
Figura 17 Mapa de pH do mosto a 5 de Setembro (antes da vindima) ......... 34
Figura 18 Mapa de grau lcool do mosto a 5 de Setembro (antes da vindima)... 35
Figura 19 Mapa de acidez total do mosto a 5 de Setembro (antes da vindima) ........................................................................ 35
Figura 20 Evoluo temporal dos mapas de pH do mosto em 4 momentos (ltima semana de Julho, segunda semana de Agosto, ltima semana de Agosto e primeira semana de Setembro)..................................................... 36
Figura 21 Evoluo temporal dos mapas de grau lcool do mosto em 4 momentos (ltima semana de Julho, segunda semana de Agosto, ltima semana de Agosto e primeira semana de Setembro) ................................... 37
Figura 22 Evoluo temporal dos mapas de pH do mosto em 4 momentos (ltima semana de Julho, segunda semana de Agosto, ltima semana de Agosto e primeira semana de Setembro)..................................................... 37
Figura 23 Localizao das reas que satisfazem os valores requeridos para cada parmetro (a vermelho) correspondente ao lote premium............................................. 38
Figura 24 Intercepo espacial das reas que satisfazem os valores requeridos para cada parmetro (a vermelho) de forma a localizar as reas correspondentes ao lote premium ........................................... 39
Figura 25 Localizao das reas em que foram colhidas as uvas correspondentes aos dois lotes: a azul escuro - lote premium; a azul claro - lote "normal" ............................. 40
Figura 26 Mapa de Normalized difference vegetation index florao para a parcela em estudo .............................................. 41
Figura 27 Mapa de condutividade elctrica aparente do solo para a parcela em estudo ............................................................ 42
Figura 28 Mapa de altimetria para a parcela em estudo............................... 43
Figura 29 Mapa de Normalized difference vegetation index florao para o conjunto das parcelas da Quinta da Esperana .................................................................................... 44
Figura 30 Mapa de condutividade elctrica aparente do solo para o conjunto das parcelas da Quinta da Esperana .................................................................................... 45
Figura 31 Mapa de altimetria para o conjunto das parcelas da Quinta da Esperana..................................................................... 45
Figura 32 Mapa de orientao do declive para o conjunto das parcelas da Quinta da Esperana.................................................. 46
v
Figura 33 Mapa do fluxo acumulado de escoamento das parcelas da Quinta da Esperana .............................................. 46
Figura 34 Mapa de radiao solar global anual das parcelas da Quinta da Esperana ..................................................................... 47
Figura 35 Talhes e castas da vinha ............................................................. 52
Figura 36 Altimetria da rea da vinha........................................................... 52
Figura 37 Carta de Declives da rea da vinha ............................................... 53
Figura 38 Distribuio dos 50 pontos de amostragem nas parcelas 2B, 2C e 2D do talho 2 ............................................... 54
Figura 39 Medio das reflectncias de uma folha no campo (esquerda); Perfil do Leaf-Clip (direita) ........................................ 55
Figura 40 Instalao para a medio das reflectncias. (1) Espectroradiometro; (2) Cabo de fibra ptica; (3) Sensor; (4) Placa de calibrao; (5) Computador; (6) Fonte de iluminao (halogneo - 75W) ................................ 55
Figura 41 Medio da reflectncia do mosto filtrado em laboratrio ........... 56
Figura 42 Reflectncias do mosto de 50 amostras do talho 2 obtidas na primeira semana (equerda); Detalhe para a regio do visvel (direita) .................................................. 57
Figura 43 Valores de PRI mdios para cada casta ao longo do tempo (CS) Cabernet Sauvignon; (A) Aragons; (T) Tempranillo .................................................................................. 58
Figura 44 Evoluo dos valores de lcool provvel ao longo do tempo para os talhes da casta Aragons.................................... 59
Figura 45 Mapa da varivel pH para as parcelas 2C e 2D, interpolado por krigagem normal ................................................ 60
Figura 46 Mapa da condutividade elctrica aparente da vinha do casito...... 62
Figura 47 Arquitectura da i-Farm.................................................................. 69
Figura 48 Arquitectura de alto-nvel ............................................................. 71
Figura 49 Localizao das Ilhas da i-Farm.................................................. 73
Figura 50 Caracterizao espacial da parcela ............................................... 73
Figura 51 Arquitectura de alto-nvel de BI da i-Farm .................................... 74
Figura 52 Imagens de alguns dos equipamentos instalados na i-Farm ........ 75
Figura 53 Digital Dashboard da i-Farm......................................................... 77
Figura 54 Digital Dashboard da i-Farm......................................................... 78
Figura 55 Algumas funcionalidades do digital dashboard da i-Farm............ 79
Inovao e Tecnologia na Formao Agrcola | Viticultura de Preciso
1
1. INTRODUO
O objectivo deste manual no introduzir os leitores aos princpios e
tecnologias envolvidas na Agricultura de Preciso. O objectivo deste manual
pretende sim dar a conhecer a forma como a agricultura de preciso pode ser
aplicada em vitivinicultura.
um facto que a Agricultura de Preciso se encontra bastante mais desenvolvida
em culturas arvenses. Isso deve-se ao facto de ter sido por a que os principais
desenvolvimentos se fizeram e onde, inicialmente, no incio dos anos 90 do sculo
passado, se percepcionaram as maiores vantagens e retornos como resultado das
maiores reas de cultivo. De facto, a uma maior superfcie de explorao est
associada uma maior variabilidade espacial e, portanto, uma maior oportunidade
para tirar partido das tecnologias de taxa varivel.
Mais recentemente (ltimos 12 anos), o conceito de agricultura de preciso
comeou a ser aplicado em culturas hortcolas, e em particular, nas de maior
margem bruta e, portanto, mais aptas a pagar o investimento necessrio em
equipamento, formao, etc. Em adio, a estas ltimas culturas est
geralmente associado o facto de, alm da produtividade, ser tambm
extremamente importante e decisiva a qualidade do produto produzido.
neste contexto que surge a aplicao da agricultura de preciso viticultura,
subdomnio que tomou a designao de viticultura de preciso. Assim, este
manual pretende ser uma introduo, simultaneamente informadora e til,
para que o empresrio do sector vitivincola possa tomar as mais correctas e
acertadas decises sobre o tema.
O sector da Vinha e do Vinho um dos mais importantes de toda a produo
agrcola em Portugal. Por essa razo, o aumento da competitividade do sector
fundamental para o desenvolvimento no s da agricultura como do prprio
pas. A competitividade atingida pela reduo dos custos de produo e pelo
aumento do valor do produto final, que passa fundamentalmente pela melhoria
da qualidade. A racionalizao da utilizao dos factores de produo como os
nutrientes e os fitofrmacos contribui decisivamente para a reduo dos
Inovao e Tecnologia na Formao Agrcola | Viticultura de Preciso
2
impactes ambientais de qualquer cultura e, em particular, da vinha.
As novas tecnologias geo-espaciais (GPS, GIS, Mapeamento da Colheita, VRT,
etc.) so uma das vias mais eficientes para garantir uma gesto eficiente de
recursos. As parcelas de vinha, mesmo quando plantadas com a mesma casta
em toda a sua rea, no so homogneas no espao. Existe variabilidade
espacial, que qualquer viticultor atento pode testemunhar. A origem dessa
variabilidade diversa como diversas so as variveis que controlam o
processo produtivo.
Algumas das fontes de variao com maior impacte na produtividade e
qualidade das uvas so a reserva de gua facilmente utilizvel do perfil do
solo, o tipo de solo, a orientao do declive e os padres de drenagem. Alm
da variabilidade da produtividade, tambm a qualidade da uvas varia no
espao dentro da mesma parcela/casta.
Os principais esforos em viticultura de preciso recaem em duas reas
principais de actuao: (a) O mapeamento da variabilidade espacial da
qualidade das uvas de forma a possibilitar que as melhores uvas cheguem
adega em lotes separados; (b) O mapeamento da variabilidade espacial da
produtividade/vigor das parcelas de forma a permitir uma gesto espacial dos
factores.
Neste manual so apresentadas metodologias para permitir o mapeamento da
qualidade das uvas antes da vindima e deste modo proceder a uma vindima
segmentada, i.e., que permite a separao de lotes de qualidade diferenciada
dentro de uma mesma parcela/casta. Por outro lado so igualmente
apresentadas tecnologias que permitem a gesto espacial dos factores de
produo conseguindo simultaneamente uma reduo dos custos de produo
e uma reduo do impacte ambiental da actividade vitivincola.
Inovao e Tecnologia na Formao Agrcola | Viticultura de Preciso
3
2. VITICULTURA DE PRECISO: UM CASO PARTICULAR DE
AGRICULTURA DE PRECISO
Ricardo Braga (1)
(1) Escola Superior Agrria de Elvas, Instituto Politcnico de Portalegre,
2.1. O Conceito
A viticultura de preciso, tal como a agricultura de preciso, pode ser
entendida como a gesto da variabilidade temporal e espacial das parcelas
com o objectivo de melhorar o rendimento econmico da actividade agrcola,
quer pelo aumento da produtividade e/ou qualidade, quer pela reduo dos
custos de produo, reduzindo tambm o seu impacte ambiental e risco
associado.
Esta definio suficientemente abrangente, quase se poderia classificar como
viticultura de preciso sensu lato, para se poder incluir nela um largo espectro
de actuaes, sobretudo se se der maior nfase variabilidade temporal. Por
exemplo, de acordo com aquela definio, a monitorizao do stress hdrico
com recurso a sondas de gua no solo poderia ser includa na viticultura de
preciso. Neste mbito, viticultura de preciso seria quase sinnimo de
viticultura mais criteriosa, rigorosa, pormenorizada, de base cientfica. E, na
realidade, tem-se verificado que bastantes prestadores de servios, talvez na
nsia de beneficiar do interesse que a viticultura de preciso tem gerado,
talvez por estar associada a inovao e tecnologia (!), tm usado e abusado do
termo para vender qualquer produto que envolva alguma tecnologia ou
servio que requeira mais mincia e know how.
Na prtica, a viticultura de preciso envolve sempre uma preponderante
componente de gesto da variabilidade espacial. essa componente que
verdadeiramente nova e diferenciada do que se vem fazendo nas ltimas duas
dcadas no sector.
Inovao e Tecnologia na Formao Agrcola | Viticultura de Preciso
4
Outra ideia que em geral est associada viticultura de preciso (e agricultura
de preciso) a de que esta envolve sempre o uso intenso de tecnologias geo-
espaciais (GPS, GIS, Mapeamento da Colheita, VRT, etc.). Apesar de isso ser
verdade na maioria das aplicaes e casos prticos, sobretudo em culturas
arvenses (em que a rea das parcelas na ordem das dezenas de hectares),
aplicaes h em que o bom senso manda que a utilizao daquelas
tecnologias no seja recomendvel, necessria ou sequer economicamente
vivel ao nvel da explorao agrcola. Basta pensar, por exemplo, numa
aplicao diferenciada de herbicida em que, em vez de se investir em
tecnologia VRT, o operador consegue sem grande esforo ou erro fazer a
aplicao localizada de forma manual. Ou em que aps a realizao de
amostras de solo, o empresrio divide a parcela em duas ou mais unidades de
fertilidade distinta (e.g. diferentes nveis de matria orgnica) e as trata de
forma diferenciada (e.g. diferentes nveis de azoto). Ou ainda quando o
empresrio decide fazer enrelvamento da entre-linha apenas em determinadas
zonas de uma mesma parcela (e.g. zonas mais baixas, de maior fertilidade do
solo).
Sendo certo que nesta aproximao low tech quase nunca se estar a
trabalhar com elevada resoluo espacial, as suas aplicaes enquadram-se
perfeitamente no mbito da viticultura de preciso e no envolvem sequer a
utilizao do GPS.
Uma questo central na viticultura de preciso a gesto da informao. A
maioria das aplicaes em viticultura de preciso envolvem quase sempre um
grande volume de dados que preciso gerir e converter em informao til
que possa ser utilizada como base no processo de tomada de decises no dia-
a-dia das exploraes. A reduo do custo da monitorizao do meio ambiente
e das prprias plantas, por exemplo com recurso a estaes meteorolgicas e
fito-sensores, gera muitas vezes um grande volume de dados que em si
mesmos pouco valor tm se no forem correctamente interpretados.
Neste sentido, a viticultura de preciso resulta do impacto da revoluo da
informao com a disponibilizao de elevadas quantidades de dados a preo
cada vez mais reduzido. De facto, a era digital trouxe a rpida expanso de
servios, tcnicas, aplicaes, equipamentos e electrnica utilizadas para o
Inovao e Tecnologia na Formao Agrcola | Viticultura de Preciso
5
registo, manipulao, processamento, classificao, armazenamento e
recuperao de informao. Todos estes processos tm como suporte os
computadores, softwares, redes, telecomunicaes e bases de dados.
A viticultura de preciso, fruto da sua juvenilidade, encontra-se actualmente
num ponto em que tecnicamente capaz de recolher enormes quantidades de
dados (mapas de produtividade, mapas de nutrientes no solo, mapas de
condutividade elctrica no solo, etc.) mas ainda no est, de um modo geral,
suficientemente habilitada para os integrar e converter em decises capazes e
tecnicamente vlidas.
2.2. Variabilidade espao-temporal
O sucesso da viticultura de preciso prende-se com a existncia de
variabilidade da produtividade e/ou da qualidade. Antes de qualquer
considerao sobre variabilidade necessrio referir a existncia de diversas
escalas de variabilidade. Por exemplo, a produtividade de duas plantas
justapostas pode ser totalmente distinta, o mesmo acontecendo com a
qualidade de dois cachos de uma mesma planta. Deste modo, no mbito da
viticultura de preciso, a variabilidade sempre considerada a uma escala de
pelo menos alguns metros quadrados (e.g. 10 m2) e a variabilidade entre
plantas justapostas ou dentro da mesma planta considerada simples rudo.
Os factores que determinam a produtividade e a qualidade das plantas so
variveis no espao e no tempo. No entanto, quanto variabilidade, os
factores mais determinantes podem caracterizar-se em dois grupos principais:
estveis no tempo e variveis no espao ou variveis simultaneamente no
tempo e no espao. No primeiro grupo incluem-se as propriedades fsicas do
solo enquanto no segundo esto includos factores como o teor de gua no
solo ou a incidncia de pragas e doenas. Outros factores podem ser
temporalmente variveis mas espacialmente estveis, como por exemplo a
radiao solar incidente.
Os factores que determinam a variabilidade da produtividade podem ser
divididos quanto sua origem entre os que so de origem natural e os que
resultam da interveno do homem. Nos factores de origem natural incluem-se
Inovao e Tecnologia na Formao Agrcola | Viticultura de Preciso
6
a reserva de gua facilmente utilizvel do perfil do solo, o tipo de solo, a
orientao do declive e padres de drenagem natural, o padro de incidncia
de pragas e doenas, etc. Quanto a factores que resultam da interveno do
homem h variadssimas fontes de variabilidade: material de propagao de
reduzida qualidade; porta-enxertos ou clone diferentes; aplicao no
uniforme de gua e/ou fertilizantes; ms prticas de poda, gesto das
infestantes, intervenes em verde, etc.
Como regra geral, se no existir variabilidade espacial ento a viticultura de
preciso no se justifica, sendo totalmente bvio manter a gesto uniforme
das parcelas. Na maior parte das situaes o que se verifica que existe
variabilidade espacial e temporal, mas com magnitudes relativas bastante
diversas. Quase sempre a variabilidade temporal maior que a variabilidade
espacial, o que conduz a que seja sempre necessrio verificar se o tratamento
diferenciado no espao conduz a uma melhor estratgia relativamente ao
tratamento uniforme. Haver ento um ponto em relao ao qual a
variabilidade temporal suficientemente pequena proporcionalmente
variabilidade espacial, que justifique as intervenes diferenciadas.
Alm da proporo entre a variabilidade espacial e temporal, tambm o seu
valor absoluto importante. A oportunidade e viabilidade econmica da
actuao diferenciada tanto maior quanto maior for a magnitude da
variabilidade encontrada em termos absolutos. A variabilidade espacial pode
tambm, apesar de elevada, apresentar um padro to aleatrio que torne
invivel a sua gesto.
Estes aspectos relacionados com a caracterizao da variabilidade das parcelas
afectam bastante a adopo da viticultura de preciso. E como fcil de
constatar torna-se complexo dar receitas ou estabelecer partida limiares de
rendibilidade, j que tudo depender das especificidades de cada
parcela/explorao. ento necessrio avaliar caso-a-caso at que ponto a
variabilidade existente compensa o esforo adicional em termos de aquisio
de equipamentos, obteno de informao de base, formao dos operadores,
etc., necessrio sua gesto.
Existem j bastantes referncias, sobretudo na Austrlia mas tambm em
Frana, Espanha, Chile, Portugal e Estados Unidos que documentam uma
Inovao e Tecnologia na Formao Agrcola | Viticultura de Preciso
7
elevada variabilidade espacial da produtividade em parcelas de vinha. A figura
1 mostra um desses exemplos em que em apenas 7,3 ha possvel observar
uma variao do simples para o sptuplo. No difcil imaginar, mesmo se
outros factores no existem, o contributo desta variao para a diferenciao
da qualidade das uvas. No entanto, mesmo que tal no se verificasse, a
magnitude da variabilidade espacial da produtividade enorme e deixa antever
desde logo uma srie de implicaes que interessa explorar.
Figura 1 Um exemplo de um mapa de produtividade de uma parcela de
vinha com 7,3 ha da casta Cabernet Sauvignon em 2001
Vrios estudos tm alertado para a importncia da implantao da vinha na
variabilidade espacial da vinha anos mais tarde. Deste modo, torna-se
importante que, por exemplo, o delineamento das parcelas e dos sectores de
rega e a escolha dos porta-enxertos leve em linha de conta a variabilidade
espacial do ambiente nas vertentes solo (qumica e fsica) e topografia. Em
ltima anlise, a considerao daqueles aspectos na implantao pode
posteriormente evitar alguma variabilidade espacial ou mesmo a necessidade
de adopo da viticultura de preciso.
Inovao e Tecnologia na Formao Agrcola | Viticultura de Preciso
8
2.3. Adopo da viticultura de preciso
Alm dos aspectos referidos no ponto anterior relacionados com a
caracterizao da variabilidade, a adopo da viticultura de preciso
igualmente favorecida por outros factores mais genricos mas no menos
importantes.
A viticultura uma actividade agrcola intensiva em aplicao de factores de
produo, com elevados nveis de mecanizao e que produz um produto com
elevado valor acrescentado. Na maioria das vezes tambm uma actividade
em que os empresrios esto bastante conscientes da necessidade de busca de
qualidade e de diferenciao, e por vezes, com a dimenso suficiente para
dispor de capital para investir.
Ao contrrio da agricultura de preciso em culturas arvenses, em viticultura as
plantas so sempre as mesmas de ano para ano, o que elimina logo uma
importante fonte de variabilidade quer em termos genticos quer em termos
de densidade de plantas. Esse factor permite tambm uma maior persistncia
dos registos de ano para ano, i.e., permite a construo de um sistema de
informao com maior consistncia temporal. A contribuir para essa
consistncia est tambm a maior intensidade do sistema produtivo ao
permitir a obteno de registos com maior resoluo temporal.
A elevada capacidade de actuao na gesto das plantas favorece tambm a
adopo da viticultura de preciso em relao s culturas arvenses. De facto,
em viticultura existe uma grande capacidade de influenciar o crescimento das
plantas atravs de intervenes como a poda de inverno, a poda em verde, a
monda de cachos, etc.
Finalmente, a adopo da viticultura de preciso depender do objectivo inicial
de cada explorao vitivincola e o seu contexto no mercado. Com efeito, a
gesto da variabilidade pode ser orientada para (1) garantir uma maior
estabilidade do produto produzido de ano para ano; (2) a manuteno de um
registo de monitorizao tcnica e ambiental de modo a garantir uma maior
rastreabilidade do processo produtivo; (3) a utilizao mais eficiente dos
recursos face a objectivos de produo; (4) a identificao de zonas de
produo de uvas com potencial para vinhos topo de gama.
Inovao e Tecnologia na Formao Agrcola | Viticultura de Preciso
9
Ao contrrio do que poder parecer intuitivo, a viticultura de preciso no deve
ter como objectivo principal a uniformizao da produtividade de uma
determinada parcela. Dada a diversidade de causas da variabilidade e a
natureza de algumas delas, na maioria das parcelas ser impossvel atingir a
total uniformidade. Em vez disso, a viticultura de preciso deve em larga
medida tentar tirar partido da variabilidade existente, identificando-a e
gerindo-a, no sentido de atingir determinados objectivos.
Por vezes, as actuaes podem ser pontuais no sentido de resolver
estrangulamentos ou deficincias identificadas no mapa de produtividade. Por
exemplo, alguns mapas de produtividade tm demonstrado a ineficcia do
sistema de rega em proporcionar dotaes uniformes em toda a extenso dos
sectores, ao mostrarem variaes progressivas em funo da localizao da
bomba de rega. Noutros casos, os mapas de produtividade expem zonas
muito localizadas de excesso de vigor que depois se confirmam estar
associadas a fugas do sistema de rega.
2.4. Adopo em Portugal e no mundo
A viticultura de preciso comeou por ser adoptada na Austrlia nos finais dos anos
90 do sculo passado em resultado do esforo de um consrcio entre empresas,
associaes profissionais e instituies de I&D. As duas grandes reas de
desenvolvimento inicial foram (a) aplicao de deteco remota, sobretudo no
visvel e infra-vermelho e em baixa altitude, na caracterizao da variabilidade
espacial; e (b) obteno de mapas de produtividade e qualidade, sua caracterizao
e causas. Actualmente existem diversas empresas australianas a fornecer servios
de apoio viticultura de preciso como mapas de NDVI, mapa da condutividade
elctrica do solo e um fabricante de monitores de produtividade para vindimadoras
de descarga lateral (Advanced Technology Viticulture) no associado directamente a
nenhum dos principais fabricantes de vindimadoras.
Posteriormente, os EUA e a Frana desenvolveram tambm alguns estudos e
aplicaes prticas em viticultura de preciso, tendo sido seguidos pelo Chile,
Grcia, Espanha e Portugal. Tambm nestes pases j existem empresas a
fornecer servios especficos para a viticultura de preciso, designadamente
Inovao e Tecnologia na Formao Agrcola | Viticultura de Preciso
10
mapas de NDVI para suporte segmentao da vindima.
No existem dados quantificados da taxa de adopo da viticultura de preciso
em exploraes vitcolas em cada pas. Deste modo, apenas se poder inferir
sobre essa adopo pelos prestadores de servios disponveis em cada caso e
pelos estudos realizados.
2.5. Monitorizao da produtividade e qualidade
A produtividade por si s no tem, em viticultura, a importncia que lhe
atribuda nas culturas arvenses. Neste sector, a qualidade das uvas
extremamente varivel e a elevada qualidade muitssimo bem remunerada.
Desta forma, a maioria dos produtores, no est interessada simplesmente em
obter elevadas produtividades, mas sim em atingir uma soluo de
compromisso entre produtividade e qualidade optimizada. No obstante, a
monitorizao da produtividade continua a ter um lugar central em viticultura
de preciso j que sendo o culminar de todas as operaes culturais e
condicionalismos ao longo de uma campanha, expressa de forma mpar a
variabilidade de cada parcela.
Tal como para as ceifeira-debulhadoras, os monitores de produtividade para
vindimadoras so constitudos por um GPS, por uma consola que regista e
armazena os registos e por um sensor de produtividade. Esto publicados
tambm protocolos para obteno de um mapa de produtividade a partir de
dados de vindima manual.
2.5.1. Vindimadoras sem teges
Comercialmente apenas existe um sensor de produtividade, da australiana
Advanced Technology Viticulture, para vindimadoras sem teges em que as
uvas so descarregadas lateralmente em contnuo para reboques. Esta
descarga lateral feita por tapete rolante, debaixo do qual se encontram
sensores de carga que registam o peso das uvas que so transportadas.
Associando esta leitura ao posicionamento fornecido pelo GPS obtm-se
valores de produtividade geo-referenciados e da os mapas de produtividade.
O primeiro monitor de produtividade para vindimadoras foi desenvolvido em
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11
1998 na Austrlia (University of Melbourne e SouthCorp Pty. Ltd.) e tinha como
sensores clulas de carga instaladas sob os reboques de descarga. A partir das
leituras contnuas do peso das uvas, eram derivados os valores da
produtividade instantnea. Este modelo nunca foi comercializado devido aos
elevados erros registados nas leituras resultantes das constantes vibraes em
condies de campo.
O primeiro monitor de produtividade para vindimadores que chegou a ser
comercializado foi desenvolvido pela HarvestMaster (EUA), o HM-500, e era um
monitor genrico para as culturas em que durante a colheita o produto colhido
transportado por um tapete rolante para um reboque lateral, i.e., uva,
beterraba, batata, etc. Utilizava clulas de carga para registar o peso das uvas,
contudo, devido novamente a vibraes e erros, a comercializao deste
monitor foi abandonada. Posteriormente, em 1999, a HarvestMaster
desenvolveu um novo modelo tambm j abandonado, o HM-570, que
equipado com sensores de ultra-som, estimava a massa de uvas no tapete de
descarga atravs da estimativa do seu volume. O abandono deste modelo
esteve associado elevada manuteno necessria para manter os nveis de
erro abaixo do aceitvel e ao facto de que era necessrio calibra-lo para cada
casta.
Em 2001, outra empresa australiana, a Farmscan, desenvolveu tambm um
monitor de produtividade para vindimadoras sem tego baseado novamente
em clulas de carga no tapete de descarga lateral, mas com uma frequncia de
amostragem superior anteriormente utilizada na tentativa de reduzir os erros
resultantes das vibraes (Figura 2). Este monitor de produtividade foi testado
na Austrlia, Espanha e EUA mas deixou igualmente de estar disponvel
comercialmente.
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Clula de cargaClula de carga
Unidade de pesagemUnidade de pesagem
Monitor de informaoMonitor de informao
Figura 2 Monitor de produtividade para vindimadoras sem tego
baseado em clulas de carga no tapete de descarga lateral
2.5.2. Vindimadores com teges
As vindimadoras sem teges so as mais utilizadas em pases como Austrlia e
EUA. De facto este tipo de modelo est melhor adaptado maior dimenso das
parcelas e respectivo comprimento das linhas. Na Europa os modelos de
vindimadora utilizados incorporam dois teges no corpo da mquina (Figura
3). Para estes modelos no existem, infelizmente, monitores de rendimento
comercialmente disponveis. H, contudo, diversos esforos nesse sentido.
Em Frana a Pellenc est a trabalhar, juntamente com o INRA Montpellier, num
monitor de produtividade especificamente para as suas mquinas, mas cujo
lanamento tem vindo a ser sucessivamente adiado. O sensor deste monitor
uma clula de carga montada sob cada um dos tapetes transversais de acesso
aos teges, no final dos quais se encontra um dispositivo adicional de
medio. Os erros resultantes das vibraes da mquina so corrigidos pela
montagem de uma clula de carga de referncia de peso conhecido. Este
monitor regista tambm em tempo real o pH e o grau Brix das uvas, atravs de
um potencimetro e um refractmetro, respectivamente.
A New Holland em parceria com a Farmscan, j trabalhou num sensor de
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13
produtividade com sensor de clula de carga montada igualmente sob cada um
dos tapetes transversais de acesso aos teges. Este esforo foi tambm
abandonado devido aos elevados erros encontrados.
Figura 3 Na Europa os modelos de vindimadora utilizados
incorporam dois teges no corpo da mquina
A empresa espanhola DISTROMEL desenvolveu um monitor de produtividade em
que a produtividade medida por sensores de carga instalados em dois pontos de
apoio de cada um dos teges: o posterior e o inferior. Este monitor ainda se
encontra em fase de teste, nomeadamente em relao resistncia rotao no
ponto de apoio posterior do tego aps a instalao da clula de carga.
A Universidade Politcnica de Madrid est a desenvolver um monitor de
produtividade associado a um sensor de grau brix. O sensor de produtividade
tambm uma clula de carga mas instalada apenas no ponto de apoio frontal de
cada um dos teges, cujo registo depois relacionado com o peso de todo o tego.
Finalmente, a Escola Superior Agrria de Elvas/Instituto Politcnico de
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14
Portalegre desenvolveu um prottipo para um monitor de produtividade com
base em sensores de ultra-som para estimativa do aumento de volume. A
produtividade estimada com base no peso especfico dos bagos vindimados,
cujo valor especfico para cada casta. Este monitor foi testado em Estremoz
com erros inferiores a 6%.
2.6. Tecnologia de taxa varivel (VRT)
A tecnologia de taxa varivel permite que aps uma detalhada caracterizao
da variabilidade espacial da cultura (produtividade, qualidade das uvas, vigor,
etc.) e fertilidade do solo (condutividade elctrica, nutrientes, pH, etc.) seja
possvel uma gesto espacial de factores de produo (rega, fertilizantes,
fitofrmacos, etc.) e operaes culturais (mobilizao, poda, etc.). Para isso
necessrio criar mapas de prescrio que contenham a recomendao para
determinado factor de produo (e.g. taxa de aplicao de determinado
fertilizante) de cada local da parcela.
Os mapas de prescrio so ento introduzidos em mquinas de distribuio
com tecnologia VRT, que dispem de controladores que, em funo da
localizao na parcela tm a capacidade de alterar em tempo real a taxa de
aplicao. Tecnicamente j existem solues comerciais para adaptar a maioria
dos distribuidores de adubo e pulverizadores tecnologia VRT.
Em viticultura, existem ainda poucos exemplos prticos da utilizao da
tecnologia VRT. Isto deve-se ao facto de a viticultura de preciso ser uma rea
recente e, por isso, na maioria dos casos de aplicao ainda estar na fase de
caracterizao da variabilidade existente.
de prever que, alm, da aplicao diferenciada de fertilizantes, a aplicao
diferenciada de fitofrmacos venha a assumir alguma relevncia em viticultura.
De facto, far sentido fazer variar a taxa de aplicao de fitofrmacos em
funo da dimenso da canpia de modo a aumentar a eficcia dos
tratamentos. A caracterizao da canpia pode ser obtida atravs de deteco
remota.
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15
2.7. Deteco remota
A deteco remota entendida como o registo da energia emitida ou reflectida pela
superfcie terrestre em diversos comprimentos de onda do espectro
electromagntico tem diversas aplicaes em viticultura de preciso. Existem
diversas empresas com produtos especficos para a viticultura, incluindo em
Portugal, sobretudo com base em imagens recolhidas de avies a baixa altitude.
Desta forma possvel obter imagens das parcelas com resolues espaciais na
ordem dos 10 cm ou menos que permitem uma caracterizao da canpia
impraticvel pelos mtodos tradicionais em termos de extenso e rapidez.
As imagens provenientes de satlites apresentam algumas desvantagens em
relao s obtidas a partir de avies na utilizao em viticultura de preciso.
Em primeiro lugar o seu custo elevadssimo j que no possvel comprar
apenas a parte da imagem correspondente a determinada explorao. Em
segundo lugar no possvel controlar a data exacta de obteno da imagem,
o que se torna crtico em viticultura quando pretendemos a sua obteno para
um determinado estado fenolgico. Finalmente, a susceptibilidade presena
de nuvens, que interferem na qualidade da imagem, maior.
A principal aplicao da deteco remota em viticultura de preciso a
obteno de mapas de vigor e estado vegetativo das plantas como varivel
indicativa da qualidade da uva. Posteriormente, estes mapas so, aps
validao, utilizados para delineamento de vindima segmentada. Outras
aplicaes da deteco remota incluem apoio monda de cachos e outras
intervenes em verde, mapeamento das parcelas, localizao de falhas, etc.
Com este intuito, as bandas do vermelho e infra-vermelho das imagens so
combinadas para produzir um ndice que expresse de forma clara a varivel que se
pretende mapear, i.e., vigor, estado vegetativo, etc. O ndice mais utilizado o
NDVI (Normalised Difference Vegetation Index) obtido pela expresso:
O NDVI provavelmente o ndice de vegetao mais utilizado para caracterizar
NDVI = (infravermelho prximo vermelho)
(infravermelho prximo + vermelho)
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16
o estado vegetativo das plantas. O seu valor varia entre os valores -1 e 1,
sendo que quanto mais prximo de 1 for o valor do NDVI maior ser a
capacidade fotossinttica da vegetao. De facto, as plantas em bom estado
vegetativo absorvem radiao no visvel (0,4 a 0,7 m), onde se encontra o
comprimento de onda do vermelho (0,6 a 0,7 m), e reflectem no
infravermelho prximo (0,7 a 1,1 m). Como resultado, na imagem de
deteco remota, surgir um maior registo na banda do infravermelho e menor
no vermelho. medida que a capacidade fotossinttica se degrada, em
resultado de stress hdrico ou azotado, incidncia de doenas, etc., as plantas
passam a absorver menos no vermelho, e portanto a reflectir mais, e a
absorver mais no infravermelho.
No existem relaes universais entre o valor do NDVI e a dimenso ou ndice
de rea foliar (IAF) da canpia, e muito menos com indicadores de qualidade
das uvas. Deste modo, sempre necessrio validar no campo os mapas de
NDVI fornecidos pela deteco remota e tomar em considerao variaes de
casta, sistema de conduo, densidade de plantao, espaamento na
entrelinha, monda de folhas e cachos, etc. Apesar de alguns estudos terem
mostrado uma relao linear entre o NDVI e o IAF (entre 0 e 2), ser de ter em
conta a saturao daquele ndice de vegetao para IAFs mais elevados (> 3,5).
Alm do NDVI, tm sido utilizados outros ndices de vegetao em viticultura,
tais como:
Uma dificuldade na utilizao da deteco remota em viticultura prende-se
com o facto de a cultura no cobrir totalmente o solo e, deste modo, ser
Plant Cell DEnsity (PCD) = (infravermelho prximo)
(vermelho)
Photosynthetic Vigour Ratio = (verde)
(vermelho)
Plant Pigment Ratio = (verde)
(azul)
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17
necessrio separar os pixis nas imagens correspondentes entrelinha e
cultura. Em resolues espaciais superiores largura da entrelinha essa
separao impossvel e cada pixel representa o comportamento tanto da
cultura como da entrelinha, quer esta esteja coberta com vegetao ou no. J
para resolues espaciais inferiores ao espaamento da entrelinha, a separao
torna-se possvel e aconselhvel j que proporciona uma anlise mais rigorosa,
embora mais exigente em termos de processamento (Figura 4).
Figura 4 Fotografia area de falsa - cor de uma parcela de vinha com
resoluo espacial de 30 cm (esquerda) e 3 m (direita)
Fonte: adaptado de Proffitt et al., 2006
As imagens de deteco remota a partir de avies devem ser obtidas em dias
sem nuvens e prximo do meio-dia. Deste modo minimizam-se os efeitos das
sombras quer das nuvens quer das prprias plantas.
O estado fenolgico em que so obtidas as imagens um aspecto
extremamente importante a ter em conta. Segundo estudos efectuados na
Austrlia, a relao entre o NDVI e a produtividade das plantas melhora at ao
pintor, piorando depois at maturao. Em relao aos parmetros de
qualidade das uvas verifica-se o inverso. Deste modo, o melhor perodo para
obter imagens ser o de duas a trs semanas em torno do pintor.
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18
2.8. Condutividade elctrica do solo
A condutividade elctrica do solo exprime a capacidade deste em conduzir
corrente elctrica e expressa em miliSiemens por metro (mS/m). A
condutividade elctrica do solo sempre foi utilizada para medir a salinidade do
solo. Contudo, quando a salinidade no um problema preponderante, a
condutividade elctrica pode tambm ser utilizada para estimar a variao de
algumas propriedades fsicas do solo. Para isso, existem sensores de campo,
que quando associados a um GPS, permitem a obteno de um mapa da
condutividade elctrica aparente do solo.
Os sensores de condutividade elctrica aparente do solo (CEa) so j bastantes
utilizados em viticultura de preciso e tm particular interesse em projectos de
plantao de vinhas como apoio ao delineamento das parcelas, dos sectores de
rega ou escolha dos porta-enxertos.
A CEa varia com uma srie de factores sendo que os quatro principais so a
humidade do solo, a percentagem de argila, o tipo de argila e a concentrao
inica na soluo do solo. Para valores aproximadamente idnticos de
humidade e salinidade do solo, quanto mais elevado for o teor de argila maior
ser a CEa. A possibilidade de mapear uma varivel relacionada com o teor de
argila torna-se extremamente importante dada a sua relao com
caractersticas do solo como a capacidade de troca catinica e capacidade de
reteno de gua.
H dois principais tipos de sensores de CEa: (a) por induo electro-magntica;
(b) por contacto.
Os sensores de CEa por induo electro-magntica (Figura 5) estabelecem um
campo electro-magntico que penetra no solo criando um campo electro-
magntico secundrio. A magnitude deste ltimo medida pelo sensor, que
no chega a contactar com o solo, e o rcio entre os dois campo electro-
magnticos convertido num valor de CEa. Esta pode ser medida a diferentes
profundidades sendo necessrio utilizar sensores distintos. O sensor por
induo electro-magntica mais utilizado em agricultura o EM38 da Geonics,
que faz leituras a cerca de 1 metro de profundidade, existindo vrios
prestadores de servios com este equipamento em Portugal. A Geonics dispe
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19
j de outros modelos de sensores de CEa montados e com a possibilidade de
ajustar a profundidade do registo.
Figura 5 Sensor de condutividade elctrica aparente do solo
por induo electro-magntica EM38 da GEONICS
Fonte: extrado de http://www.geonics.com
O levantamento com o EM38 bastante simples e expedito j que o sensor
no chega a contactar com o solo. Assim, basta percorrer as parcelas
rebocando o sensor junto ao solo em passagens paralelas. Quanto maior a
variabilidade espacial do solo, menor dever ser a distncia entre passagens.
Uma desvantagem dos sensores por induo magntica a sua sensibilidade a
presena de metais na sua proximidade. Desta forma, as leituras feitas em
parcelas com postes de madeira, por exemplo, iro diferir de magnitude
quando comparadas com leituras em parcelas com postes metlicos. A
variabilidade espacial continua a ser visvel nos dois casos mas existir uma
considervel diferena de magnitude. Assim, e porque o que se pretende na
maior parte das situaes expor a variabilidade espacial das caractersticas
do solo independentemente do valor absoluto, estes sensores podem ser
utilizados em viticultura antes e depois da plantao.
Os sensores por contacto (Figura 6) entram em contacto directo com o solo
por intermdio de discos que emitem uma corrente elctrica (DC) cuja
voltagem resultante medida para estimar a resistividade, i.e., o inverso da
condutividade. A distncia entre os discos, que funcionam como elctrodos,
determina a profundidade da leitura, que desta forma pode ser regulvel. Estes
sensores registam valores absolutos da resistividade e necessitam de menor
calibrao.
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20
O sensor de CEa por contacto mais utilizado em agricultura o Veris 3100 da
Veris Technologies, que arrastado e mede a resistividade s profundidades
de 30 e 90 cm. A mesma empresa dispe j de outros modelos de sensores de
CEa montados e com a possibilidade de ajustar a profundidade do registo.
Ainda da mesma empresa, mas ainda sem a mesma
divulgao/experimentao, encontram-se disponveis sensores de campo para
o pH e carbono/matria orgnica do solo (este ltimo j tendo em vista o
levantamento do carbono do solo para, alm das aplicao em agricultura de
preciso, a contabilizao do sequestro no contexto do mercado do carbono).
Figura 6 Sensor de condutividade elctrica aparente do solo
por contactos Veris 3100 da Veris technologies
Fonte: extrado de http://www.veristech.com
Em qualquer um dos mtodos, e de modo a que o teor de gua no solo no
seja a principal varivel a determinar a variabilidade espacial da condutividade
elctrica, aconselhvel que os registos sejam feitos quando solo se encontra
aproximadamente a 3/4 da capacidade de campo. Desta forma, os
levantamentos devero ocorrer aproximadamente no incio da Primavera ou no
Outono.
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21
2.9. Concluses
A viticultura de preciso representa a adaptao do conceito de agricultura de
preciso vitivinicultura. Se as tecnologias base da viticultura de preciso so as
mesmas que na agricultura de preciso, os objectivos com que se aplicam podem
tomar novos contornos. E de facto nas aplicaes da informao geo-referenciada
que se deve focar a viticultura de preciso e no na aplicao de tecnologia.
Como consequncia da evoluo temporal, a viticultura de preciso est ainda
a dar os primeiros passos. A obteno da informao geo-referenciada ainda
algo dispendiosa (e.g. levantamento da condutividade elctrica aparente, mapa
de NDVI) para que a sua utilizao na tomada de decises se torne mais
generalizada. Noutros casos ainda no h solues comerciais disponveis,
como no caso do monitor de rendimento para vindimadoras com teges.
tambm necessria uma grande evoluo no sentido de criar bases para a
integrao e converso de todos os dados recolhidos em decises no dia-a-dia
das exploraes.
A utilizao eficiente de novos recursos um enorme desafio que se coloca
perante todos os agentes do sector, obrigando a reformular a forma de pensar
e implementar algumas das operaes culturais. Contudo, trata-se de um
desafio inevitvel que urge enfrentar o mais depressa possvel sob pena de
provocar atrasos, qui irreversveis, com todas as consequncias econmicas
que isso poder trazer.
2.10. Referncias
Bramley, R.G.V. (2005). Understanding variability in winegrape production
systems. 2. Within vineyard variation in quality over several vintages.
Australian Journal of Grape and Wine Research, 11: 33-42.
Bramley, R.G.V. and Hamilton, R.P. (2003). Understanding variability in
winegrape production systems. 1. Within vineyard variation in yield over
several vintages. Australian Journal of Grape and Wine Research, 10: 32-45.
Inovao e Tecnologia na Formao Agrcola | Viticultura de Preciso
22
Johnson et al. (1998). Of pixels and palates: Can geospatial Technologies help
produce a better wine? Proceedings, 1st Intl Conf. Geospatial Information in
Agriculture & Forestry. Lake Buena Vista, Florida, 1-3 June.
McBratney, A.B. & Taylor, J.A. (2000). PV or not PV? Proceedings of the 5th
International Symposium on Cool Climate Viticulture and Oenology - a
workshop on Precision Management. Melbourne, 10p.
Proffitt, T., R. Bramley, D. Lamb, and E. Winter. (2006). Precision Viticulture: A
New Era in Vineyard Management and Wine Production. WineTitles, Adelaide.
90p.
Taylor, J. (2004). Digital terroirs and precision viticulture: investigations into
the application of information technologies in Australian vineyards. PhD
Thesis. The University of Sydney.
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23
3. VINDIMA SEGMENTADA: UM CASO DE ESTUDO EM
ESTREMOZ
Ricardo Braga (1)
(1) Escola Superior Agrria de Elvas, Instituto Politcnico de Portalegre,
3.1. Introduo
A actuao que tem suscitado maior interesse em viticultura de preciso a
segmentao espacial da vindima em que, conhecendo previamente mapas de
qualidade da uva, se definem lotes de qualidade distinta que posteriormente
so vindimados separadamente para que se possa tirar partido do diferencial
de qualidade na adega. Em funo dos objectivos de qualidade estabelecidos,
implementada uma vindima diferenciada no espao permitindo a obteno de
lotes de uvas de qualidade distinta dentro da mesma parcela/casta.
Alternativamente, a segmentao pode ser efectuada apenas no tempo ou
combinada no espao e no tempo. A segmentao no tempo diz respeito, por
exemplo, a uma primeira vindima manual em que se colhem as uvas
premium resultantes de cachos mais expostos, mais pequenos ou de zonas
de solos mais arenosos ou de topo, acompanhada de uma segunda vindima
mecnica em que se colhem as restantes uvas.
A combinao de segmentao espao-tempo resulta, por exemplo, da
diferenciao espacial de lotes na mesma parcela/casta, procedendo-se
vindima de um dos lotes numa determinada data em que a qualidade a
desejada e, posteriormente (e.g. 3 semanas mais tarde), vindima do ou dos
outro(s) lote(s). As combinaes so mltiplas sendo apenas essencial que o
viticultor defina os seus objectivos em termos de qualidade da uva na vinha e
disponha de informao para actuar de forma tecnicamente correcta.
As causas da variabilidade espacial da qualidade da uva so variadas indo
desde a variabilidade espacial do solo, topografia e maneio (poda, tratamentos
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24
fitossanitrios, etc.) at ao simples facto de a quantidade de uva tambm variar
espacialmente (binmio quantidade/qualidade).
A disponibilidade de informao relativa pr-vindima, i.e., a monitorizao da
pr-vindima, de forma economicamente vivel e em tempo til a questo
mais delicada a enfrentar. j algo comum a monitorizao de ndices de
maturao da uva por parte das adegas cooperativas ou mesmo de viticultores
individuais no sentido de melhor definir a data de vindima (Brix/Grau lcool
provvel, pH, Acidez, Antocianas totais, Fenis). Contudo, essa monitorizao
no geo-referenciada e o grau de resoluo , em geral, baixo (uma, duas ou
trs amostras por parcela/casta). Assim, o que se prope a geo-referenciao
das amostras (para construo dos mapas) e o aumento da sua intensidade
(3/4 por ha de parcela/casta) sempre que os factores envolventes cultura
como o solo, declive ou exposio solar assim o justifiquem.
A resoluo espacial ptima funo do custo de amostragem, do custo das
anlises, do valor do produto final diferenciado e do grau de variabilidade
espacial encontrada. No caso dos mtodos clssicos, o custo de amostragem e
de anlise so bastantes elevados devendo optar-se por baixas resolues com
o consequente comprometimento dos benefcios potenciais.
Alternativamente ao mtodo clssico existe a possibilidade de efectuar a
monitorizao por intermdio de deteco remota. De facto, a deteco remota
tem potencial para tornar a monitorizao da pr-vindima mais barata. Ao
relacionar a informao obtida por um sensor espectral (com resolues desde
os 4 pontos por ha at 1 por m2) com os ndices de maturao da uva atravs
de equaes pr-estabelecidas, permite-nos obter mapas dos ndices de uma
forma bastante expedita. Contudo, o custo da informao proveniente de
deteco remota elevado (satlites, sensores em avies, etc.).
A Figura 7 pretende ilustrar o conceito de vindima segmentada. Na abcissa
deste diagrama est representado o tempo em nmero de anos/campanhas.
Na ordenada est representada a variabilidade espacial da qualidade das uvas.
Deste modo, cada distribuio normal representa na vertical a variabilidade
espacial total encontrada em cada ano. Finalmente temos ainda representado o
limiar de qualidade desejada, que na realidade multi-paramtrico.
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25
Figura 7 Diagrama de ilustrao do conceito de vindima segmentada
H campanhas em que a variabilidade espacial maior que noutras. Assim
como h campanhas em que toda a rea de vinha atinge o limiar de qualidade
desejada e outras em que esse limiar nunca atingido. H ainda campanhas, a
maioria, em que apenas uma parte da rea de vinha atinge o limiar de
qualidade desejada. Ora o desafio precisamente saber em tempo til e de
forma economicamente vivel onde se encontra a rea de vinha com uvas
acima do limiar de qualidade desejada para garantir que essas uvas constituem
um lote premium e que so vinificadas separadamente.
Na Figura 7 cada distribuio normal representa uma campanha. Porm, a
operao de vindima no instantnea. Na realidade ela pode chegar a
demorar 4 a 5 semanas em funo de uma diversidade de factores como sejam
questes logsticas da adega, evoluo da maturao, mo-de-obra disponvel,
etc. Deste modo, h que considerar esta dinmica espcio-temporal da
evoluo da maturao. A Figura 8 pretende ilustrar esse efeito para uma
determinada parcela em que apenas se representa, por um lado, a fase de
"qualidade crescente" e, por outro, assume-se que no ponto de mxima
qualidade, toda a rea da parcela atinge o limiar de qualidade definido.
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26
Figura 8 Diagrama de ilustrao da qualidade das uvas ao longo
da vindima e respectiva variabilidade espacial
Deste modo, e assumindo que a variabilidade espacial da qualidade das uvas
se mantm constante ao longo do processo de maturao, pode considerar-se
que a dimenso e localizao da rea com uvas acima do limiar de qualidade
desejada varia no tempo. Este fenmeno adiciona um grau de dificuldade na
segmentao da vindima no sentido em que torna necessria alguma rapidez
entre a fase de diagnstico e a vindima. De outro modo, o risco de identificar
uma rea da parcela como premium e mais tarde durante a vindima tal j no
ser verdadeiro, elevado.
Os diagramas das Figuras 7 e 8 apesar de serem apenas genricos e
ilustrativos permitem definir uma srie de requisitos para que a metodologia
da segmentao da vindima se operacionalize.
3.2. Metodologia
A vindima segmentada foi implementada numa explorao vitivincola do
Alentejo: Encostas de Estremoz, Quinta da Esperana, Estremoz
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27
(www.encostasdeestremoz.com). Esta explorao dispe de uma rea de vinha de
cerca de 100 ha, com cerca de 10 anos, em dois plos: Quinta da Esperana,
Estremoz (Figura 9) e Herdade da Revenduda, Fronteira. As principais castas
cultivadas so Touriga Franca, Tinta Barroca, Alicante Bouschet, Cabernet
Souvignon, Trincadeira, Touriga Nacional e Aragons (Figura 10).
A explorao dispe de adega prpria com moderna tecnologia de vinificao
em cubas de inox com temperatura controlada.
Figura 9 Aspecto da vinha pertencente empresa Encostas de
Estremoz, onde decorrem os ensaios de vindima segmentada
A rea de experimentao total foi de 12,9 ha das castas: Aragons - 3,5 ha,
Cabernet Sauvignon - 3,1 ha e Touriga Nacional - 6,3 ha (Figura 11). A escolha
destas castas foi resultado das indicaes tanto do enlogo responsvel como
do empresrio, com base naquilo que tinha sido a experincia passada do
comportamento das castas, os planos de produo e as apostas futuras em
termos de qualidade de vinhos.
Nas parcelas escolhidas, a densidade de plantas de 3086 plantas/ha num
compasso de 2,8 x 1,2 m. A vinha conduzida em cordo simples com poda a
um gomo, regada e com enrelvamento da entrelinha.
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28
Figura 10 Carta das parcelas e castas da Quinta da Esperana, Estremoz
Figura 11 Localizao das parcelas em estudo
Quinta da Esperana Estremoz
rea das parcelas (ha)
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29
A maturao das uvas foi monitorizada em diversos pontos das parcelas
escolhidos ao acaso com uma densidade mdia de cerca de 10 pontos/ha.
Desta forma, por exemplo, para o caso da Touriga Nacional (Figura 12) foram
monitorizados 53 pontos no total dos 6,3 ha. Os pontos de amostragem foram
geo-referenciados com recurso a GPS de alta preciso. Os resultados
apresentados em detalhe sero relativos parcela de Touriga Nacional em
2006. Resultados idnticos foram encontrados para as castas Aragons e
Cabernet Souvignon quer no ano de 2006 quer 2007.
A monitorizao da maturao incidiu em 4 datas (ltima semana de Julho,
segunda semana de Agosto, ltima semana de Agosto e primeira semana de
Setembro) durante as campanhas de 2005, 2006 e 2007. As datas foram
definidas, por um lado, com base na data de vindima mdia histrica (primeira
semana de Setembro) e, por outro, para proporcionar uma eficaz
monitorizao de todo o processo de maturao.
Os parmetros analisados foram: acidez total, pH e brix/grau lcool provvel.
Para isso, em cada um dos pontos/datas foram recolhidas amostras de 200
bagos escolhidos em diferentes cepas, em cachos com diferentes exposies e
tamanhos, diferentes posicionamentos nos cachos. Os 200 bagos foram
transportados para o laboratrio em condies de temperatura controlada. Dos
200 bagos foi feito mosto que serviu de base a cada uma das determinaes. A
acidez total foi avaliada por titulao com soluo de NaOH 0,1N (azul de
bromotimol) em meq/l. O pH foi avaliado por um potencimetro temperatura
de 20C. Finalmente, os acares solveis totais foram avaliados com um
refractmetro digital e expresso em (Brix) (g de acares solveis em 100 g
de mosto).
Com os dados da monitorizao da maturao foram construdos grficos
espcio-temporais da evoluo dos diversos parmetros assim como mapas
dos diversos parmetros para cada uma das datas. Estes mapas foram obtidos
por integrao num sistema de informao geogrfica de todos os dados
obtidos utilizado a krigagem como mtodo de extrapolao espacial. O
software de base utilizado foi o ESRI Arcview e o ArcGIS com as respectivas
extenses.
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30
Figura 12 Pontos de amostragem para controlo de
maturao na casta Touriga Nacional
Com os mapas dos diversos parmetros para a ltima data de avaliao, e com
base nos critrios qualitativos definidos pelo enlogo responsvel da empresa,
procedeu-se ao estabelecimento dos lotes na vinha. Assim, foi considerado lote
premium o conjunto das zonas das parcelas em que as uvas data de vindima
apresentavam simultaneamente os seguintes valores para os parmetros de
maturao: pH entre 3,2 e 3,6; grau lcool entre 12,5 e 14,5 e acidez total entre 4 e
5 g/l cido tartrico.
A operao de localizao espacial das zonas premium foi igualmente executada
com os softwares ESRI Arcview e o ArcGIS com as respectivas extenses. Foram
vindimados manualmente cerca de 1000 kg de uvas nas zonas premium e fora
das zonas premium. Os mostos provenientes dos dois lotes foram fermentados
em cubas de 1000 l (Figura 13). O controlo das fermentaes foi levada a cabo pelo
enlogo da empresa. Os vinhos resultantes dos dois lotes foram degustados por
um painel de provadores da empresa e analisados quimicamente.
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31
Finalmente, e no sentido de perceber a origem da possvel variabilidade
encontrada foram obtidos os seguintes dados espaciais: Normalized difference
vegetation index NDVI; Condutividade elctrica aparente do solo; mapa de
solos; dados topogrficos. O NDVI foi obtido comercialmente por fotografia
area. O mapa da condutividade aparente do solo foi obtido comercialmente
atravs de um sensor EM38. Os dados topogrficos foram obtidos por
levantamento com GPS RTK.
Estes dados, e em especial o NDVI, alm de permitirem perceber a origem da
possvel variabilidade encontrada, permitem testar metodologias expeditas,
rpidas e pouco onerosas para a obteno de mapas de qualidade das uvas
antes da vindima.
Figura 13 Cubas de fermentao com temperatura controlada (esquerda)
e "sempre cheias" (direita) utilizadas para vinificar os dois
lotes em estudo
3.3. Resultados e discusso
As Figuras 14 a 16 apresentam a evoluo temporal do pH, do grau lcool
provvel e da acidez das uvas em 2006 para todos os pontos de amostragem
da parcela de 6,3 ha da casta Touriga Nacional. notria a elevada
variabilidade existente entre os diferentes pontos, correspondendo a
variabilidade espacial. De facto, numa rea relativamente pequena, padres de
maturao das uvas podem surgir de forma relativamente clara.
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32
Verifica-se que alm da elevada variabilidade espacial encontrada, a sua
magnitude variou ao longo da maturao em funo do parmetro de
maturao analisado. Assim, enquanto em relao ao pH do mosto verificou-se
um aumento da variabilidade espacial durante a maturao (amplitude total de
0,42 unidades de pH para 0,7 unidades, i.e., quase o dobro) em relao
acidez total houve uma clara diminuio da variabilidade espacial (amplitude
total de 27,0 g/l para 2,1, i.e., mais de 10 vezes menos). A variabilidade
espacial relativa ao grau lcool manteve-se quase constante ao longo da
maturao.
Figura 14 Evoluo temporal do pH das uvas em 2006 em que
cada linha representa um ponto de amostragem
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Figura 15 Evoluo temporal do grau lcool provvel () das uvas em 2006
em que cada linha representa um ponto de amostragem
Figura 16 Evoluo temporal da acidez total (g/l ac. tart.) das uvas em 2006
em que cada linha representa um ponto de amostragem
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34
As Figuras 17 a 19 apresentam os mapas finais (antes da vindima) do pH, do
grau lcool provvel e da acidez das uvas em 2006 para a parcela de 6,3 ha da
casta Touriga Nacional. Estes mapas permitem verificar a segregao espacial
de zonas diferenciadas quanto a valores dos trs parmetros. de referir que
quanto acidez o mapa surge mais homogneo sugerindo uma menor
variabilidade deste parmetro. Na realidade isso fica a dever-se s classes de
variao dos valores utilizada. De facto, uma vez que se pretendia utilizar as
mesmas classes de variao para todas as datas, e uma vez que a acidez total
o parmetro que mais varia em termos absolutos ao longo da maturao, a
visibilidade da variabilidade espacial na ltima data foi sacrificada.
As variaes espaciais encontradas nestes 6,3 ha so bastantes significativas
em termos qualitativos de produo de vinhos.
Figura 17 Mapa de pH do mosto a 5 de Setembro (antes da vindima)
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Figura 18 Mapa de grau lcool do mosto a 5 de Setembro (antes da vindima)
Figura 19 Mapa de acidez total do mosto a 5 de Setembro (antes da vindima)
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As Figuras 20 a 22 apresentam os mapas dos trs parmetros utilizados para
as 4 datas de amostragem. Essencialmente estes mapas adicionam a
componente espacial aos grficos apresentados nas Figuras 14 a 16.
Novamente para o parmetro pH que se distingue um padro espacial mais
marcado, com a zona norte da parcela a apresentar sistematicamente valores
de pH mais elevados mais cedo. Isto indica que nesta zona a maturao
claramente mais precoce do que em relao zona mais a sul da parcela. Mais
adiante tentar-se- relacionar esta informao com outras variveis no sentido
de encontrar a razo por detrs do fenmeno.
Figura 20 Evoluo temporal dos mapas de pH do mosto em 4 momentos
(ltima semana de Julho, segunda semana de Agosto, ltima
semana de Agosto e primeira semana de Setembro)
pH Evoluo da maturao
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Figura 21 Evoluo temporal dos mapas de grau lcool do mosto em 4
momentos (ltima semana de Julho, segunda semana de Agosto,
ltima semana de Agosto e primeira semana de Setembro)
Figura 22 Evoluo temporal dos mapas de pH do mosto em 4 momentos
(ltima semana de Julho, segunda semana de Agosto, ltima
semana de Agosto e primeira semana de Setembro)
Grau lcool Evoluo da maturao
Acidez Evoluo da maturao
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38
A Figura 23 apresenta os mapas com as reas que satisfazem os valores
requeridos para cada parmetro correspondente ao lote premium. Verifica-se
que o pH o parmetro menos restritivo em termos de rea ao passo que para
o grau lcool provvel grande parte da rea ainda no tinha atingido valores
dentro do intervalo requerido. Tambm para a acidez, uma parte significativa
da rea j tinha nesta data menor acidez do que a desejvel para um lote
premium.
Figura 23 Localizao das reas que satisfazem os valores requeridos para
cada parmetro (a vermelho) correspondente ao lote premium
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Figura 24 Intercepo espacial das reas que satisfazem os valores
requeridos para cada parmetro (a vermelho) de forma a
localizar as reas correspondentes ao lote premium
A intercepo espacial das reas que satisfazem os valores requeridos para
cada parmetro resulta na identificao das zonas da parcela correspondentes
ao lote premium, i.e., zonas em que todos os parmetros qualitativos
identificados pelo enlogo so satisfeitos no dia correspondente
amostragem (Figura 24). Destas zonas foram seleccionadas reas onde se
procedeu vindima manual e respectiva micro-vinificao, tanto do lote
premium como do lote de controlo.
Os vinhos resultantes dos lotes premium e de controlo foram apreciados
distintamente pelo painel de provadores em ambos os anos, tendo o lote
premium apresentado uma qualidade "superior", i.e., foram atingidos
classificadores mais perto do vinho topo de gama pretendido pela empresa. Na
anlise qumica registaram-se diferenas no grau lcool de 0,7 e na acidez
total de 0,8 g/l.
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Figura 25 Localizao das reas em que foram colhidas as uvas
correspondentes aos dois lotes: a azul escuro - lote
premium; a azul claro - lote "normal"
Na tentativa de relacionar a localizao das zonas de qualidade de uvas
diferenciada, consistente em ambos os anos de estudo, com factores que lhes
possam estar na origem, apresentam-se nas Figuras. 26 e 27 os mapas das
variveis NDVI florao, condutividade elctrica aparente do solo e altimetria.
A justificao para esta anlise , por um lado, perceber o mecanismo
subjacente formao de zonas de qualidade diferenciada e, por outro, a
possibilidade de por analogia identificar outras zonas de potencial idntico
noutras parcelas. Esta possibilidade permitiria em termos tecnolgicos uma
enorme poupana de recursos.
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Figura 26 Mapa de Normalized difference vegetation index
florao para a parcela em estudo
NDVI - Florao
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Figura 27 Mapa de condutividade elctrica aparente
do solo para a parcela em estudo
No caso concreto do NDVI h um interesse adicional em tentar relacion-lo
com as zonas de qualidade diferenciada encontradas. Esse interesse prende-se
com a validao de metodologias mais expeditas de localizao destas zonas.
Em termos operacionais a metodologia seguida neste projecto, i.e., com
amostragem e mapeamento dos parmetros, torna-se invivel se se pensar na
sua utilizao em larga escala sob forma de servio comercial. Deste modo,
necessrio validar outras metodologias mais expeditas, como a obteno de
mapas de NDVI, pelo estabelecimento de relaes lineares ou no entre este e
os parmetros qualitativos do mosto.
Por outro lado, tambm relevante avaliar at que ponto os padres de
qualidade das uvas esto relacionados com aspectos mais estruturais das
parcelas de vinha e no com variveis mais temporalmente dinmicas.
Condutividade Elctrica EM38
(mS/m)
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Figura 28 Mapa de altimetria para a parcela em estudo
Caso os padres espaciais de qualidade das uvas estejam mais relacionados com
aspectos mais estruturais das parcelas de vinha como sejam o mapa de solo, a
topografia, ou o sistema de rega, i.e., tenham como origem aspectos mais estticos
ou em que no possvel actuar em termos de gesto durante a campanha, ento
as implicaes sero de outra ndole. De facto, se se mantiver um padro espacial
de qualidade de ano para ano, deixar-se- de pensar em servios prestados ao
vitivinicultor em todas as campanhas. Neste cenrio ser estabelecido um padro
espacial de qualidade das uvas uma vez e, a menos que algum aspecto de gesto
se alterar, esse padro dever manter-se ano aps ano.
No caso particular no local de estudo confirma-se uma relao entre as zonas
identificadas na Figura 25. De facto, as zonas identificadas com zonas de
qualidade premium correspondem ambas a zonas com NDVI mais baixo
(entre 0,3 e 0,45), i.e., zonas com um menor vigor das plantas data de
observao. Porm, a relao no linear. H zonas identificadas com zonas
Altimetria (m)
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premium (zona a cinza claro em SW na Figura 25) que apresentam valores de
NDVI na ordem 0,5 a 0,6. Este resultado exprime a elevada complexidade na
relao entre vigor da planta, quantidade de vegetao e qualidade das uvas
obtidas, tal como extensamente referida na literatura. Este resultado reala a
importncia e necessidade de confirmar sempre as observaes efectuadas
remotamente com observaes no terreno.
Quando as zonas identificadas com premium (Figura 25) so confrontadas com os
mapas, quer de altimtrica quer de condutividade elctrica aparente do solo,
verifica-se que estas surgem nas zonas de menor altitude, correspondentes a solos
com maior profundidade e maior teor de argila, i.e., maior condutividade elctrica
(30 - 50 mS/m). As zonas com maior altitude e menor condutividade elctrica do
solo (menor que 20 mS/m) so zonas com pedregosidade bastante elevada
(superfcie do solo totalmente coberta com pedras) e que na data de avaliao da
maturao as uvas j tinham ultrapassado o limite de qualidade pr-estabelecido,
designadamente em relao ao pH e acidez do mosto.
Figura 29 Mapa de Normalized difference vegetation index florao
para o conjunto das parcelas da Quinta da Esperana
NDVI - Florao
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Figura 30 Mapa de condutividade elctrica aparente do solo para
o conjunto das parcelas da Quinta da Esperana
Figura 31 Mapa de altimetria para o conjunto das
parcelas da Quinta da Esperana
Condutividade Elctrica EM38
Altimetria
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Figura 32 Mapa de orientao do declive para o conjunto
das parcelas da Quinta da Esperana
Figura 33 Mapa do fluxo acumulado de escoamento
das parcelas da Quinta da Esperana
Orientao do declive
Acumulao de escoamento
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Figura 34 Mapa de radiao solar global anual das
parcelas da Quinta da Esperana
As Figuras 29 a 34 apresentam o mesmo tipo de dados para toda a
explorao, dando uma noo da variabilidade espacial que possvel
encontrar na rea. Considerando que nesta rea se verificam variaes de casta
e at de sistema de conduo torna-se limitado tentar relacionar ou inferir o
potencial de qualidade de cada zona por analogia. Com este propsito, seria
necessrio alargar o espectro de anlise do projecto para as castas e sistemas
de conduo respectivos, o que cairia fora do mbito do projecto.
3.4. Concluses
Demonstrou-se o potencial de aplicao de informao geo-referenciada na
identificao pr-vindima de lotes de qualidade de uvas diferenciada. de extrema
importncia a obteno de mapas de NDVI, condutividade elctrica do solo e
altimetria para este intuito. possvel identificar zonas com uvas de qualidade
distinta antes da vindima e deste modo constituir lotes a vindimar separadamente.
Radiao solar global anual
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3.5. Referncias
Bramley, R.G.V. 2001. Progress in the development of precision viticulture -
Variation in yield, quality and soil properties in contrasting Australian
vineyards. In: Currie, L.D. and Loganathan, P (Eds).
Conceio, L.A., J.P. Mendes, R.P. Braga, S. Dias e F. Mondrago-Rodrigues.
(2003). Precision Viticulture in Portugal: The beginning of a process.
Proceedings da "4th. European Conference on Precision Agriculture". Berlim,
Alemanha. 15-19 Julho.
Fernandez-Cano, L.H. & J.H. Tagores (2001). Ingenieria Y mecanizacion
viticola. Ediciones Mundi-Prensa. 711p.
Johnson et al (1998). Of pixels and palates: Can geospatial Technologies help
produce a better wine? Proc, 1st Intl Conf. Geospatial Information in
Agriculture & Forestry, Lake Buena Vista FL, 1-3 June.
Johnson et al (2001) Remote sensing of vineyard management zone:
Implications for wine quality. Appl Eng in Agric. 17: 517.
Lamb, D.W. & Bramley, R.G.V. (2001). "Innovations and technology - managing
and monitoring spatial variability in vineyard productivity",
Nat.Res.Management. Australian Association of Natural Resource
Management, 4 (1): 25-30.
Lamb, D.W. (sd). http://www.une.edu.au/Physics/staff/david/david_lamb.html
Peterson et al. (2000). The application of earth science findings to the practical
problems growing winegrapes. Geog. Info. Sc. 6: 181
Smart, R. (2001). http://www.revistadevinhos.iol.pt/rv_2conferencia_03.asp.
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49
4. VITICULTURA DE PRECISO: UM CASO DE ESTUDO NA
FUNDAO EUGNIO DE ALMEIDA, VORA
Jos R. Marques da Silva (1), Adlia Sousa (1), Paulo Mesquita (1), Lus Leopoldo Silva
(1), Joo Serrano (1), Joo Roma (1), Pedro Baptista (2), Joo Torres (2), Mariana Torres
(2), Ana Simes (2), Jos Maria Terrn Lpez (3), Daniel Becerra Traver (3), Francisco J.
Moral Garcia (4), Custdio Alves (1), Jos Condeas (1)
(1) ICAAM, Departamento de Eng. Rural, Escola de Cincias e Tecnologia, Universidade
de vora.
(2) Fundao Eugnio de Almeida
(3) Centro de Investigacin La Orden-Valdesequera, Junta de Extremadura
(4) Departamento. de Expresin Grfica, Universidad de Extremadura
4.1. Introduo
O nvel de maturao da uva o principal factor, e um dos mais decisivos, na
qualidade do vinho. O processo de maturao da uva o resultado de um
conjunto de complexos fenmenos fisiolgicos e bioqumicos, cujo bom
desenvolvimento e intensidade est intricadamente relacionado com as castas
e com as condies ambientais tais como o solo e o clima. Este processo
amplamente influenciado por factores externos, tais como a disponibilidade de
gua, a luminosidade e o solo, o que se traduz numa grande heterogeneidade
entre os bagos de talhes de uma mesma vinha e entre os bagos de cepas de
um me