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MARIA DE LOURDES PINHEIRO SIMOES CETESB [email protected] Cubatão, Vale da Morte – Uma experiência de Participação e Educação Ambiental na década de 80

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M A R I A D E L O U R D E S P I N H E I R O S I M O E S

C E T E S B M S I M O E S @ S P . G O V . B R

Cubatão, Vale da Morte – Uma experiência de Participação e

Educação Ambiental na década de 80

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LOCALIZAÇÃO

• 60 Km da Capital de São Paulo;

• 160 Km² em estreita faixa de terra entre o mar e a serra;

• 58% morros e serras;

24% manguezais;

18% planícies e mangues aterrados.

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ECONOMIA E POPULAÇÃO

• Cubatão é o marco da transição do Brasil rural para o Brasil industrial

• Anos 50 – Refinaria de petróleo e siderúrgica mais importantes da América Latina

• 79 mil habitantes

• 1 km de rede de esgoto

• 70 % são do norte, nordeste e sul de Minas Gerais

• Brasil em crise – De 1980 a 1982 a população dos bairros Cota salta de 4.500 para 17.500 pessoas

Bairros Cota

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POLÍTICA E A PARTICIPAÇÃO COMUNITÁRIA –

AMBIENTE COMPLEXO

INTERNACIONAL:

-Segundo a ONU, é a cidade mais poluída do mundo;

-Imprensa com manchetes altamente alarmista e sensacionalista;

NACIONAL:

-Presidente General Figueiredo;

-Área de Segurança Nacional por interesse estratégico industrial;

-Comissão Interministerial;

-Programa Vale da Vida em 1981;

ESTADUAL:

-Governador Montoro - 1º Governador eleito após 20 anos de ditadura militar;

-Para cumprir promessa de campanha articula com industriais modernos, pede recursos ao Banco Mundial e articula deputados estaduais e federais;

MUNICIPAL:

-Prefeito nomeado pelo antigo governador (Paulo Maluf);

-Agenda positiva para Cubatão.

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CUBATÃO – VALE DA MORTE

A população recebe DIARIAMENTE (24 hs/dia):

a) 12 k de um coquetel de 100 compostos

químicos

a) 1 T de material particulado

b) Nuvens de amônia no ar

c) Pó da China (Bhopal explode na época)

d) Pentaclorofenol

e) BHC

f) Dioxinas

g) Descargas diversas não controladas

h) Vazamentos dos oleodutos

i) Resíduos industriais distribuídos

por Cubatão, Santos, São Vicente, Guarujá

e Itanhaém

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• 23 indústrias de maior potencial poluidor, entre elas 1 Refinaria de petróleo, 1 Siderúrgica, 7 de Fertilizantes e 7 de Produtos químicos

• A questão ambiental é somente um dos problemas da população;

• Prioridades na época do trabalho:

-Saúde;

-Habitação;

-Desemprego;

-Poluição;

-Saneamento básico;

-Autonomia política;

-Formas inadequadas de planejamento e educação.

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VILA PARISI

• 400 mil m² de área de mangue aterrada com escórias das indústrias;

• 15 mil moradores em 40 quarteirões;

• Área ambicionada pelas indústrias;

• Onde o sol não aparece;

• Sem flores e borboletas;

• Chuva que morde.

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VILA SOCÓ

• Habitada por 8 mil pessoas - 1.200 barracos

• Ano de 1984 - Vazam 700 mil litros de gasolina – Chamas de 40 a 50 metros de altura – Incêndio dura 6 horas – Mais de 2 mil graus – Calor, odor, barulho

• 3 mil desabrigados - Mortos: 93 oficiais e 600 A 700 pessoas conforme vem sendo levantado pelo Ministério Público

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SERRA DO MAR

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Um modelo de Participação e Educação Ambiental para Controle da Poluição e Recuperação Ambiental - METODOLOGIA

PESQUISAR:

Pesquisa de dados secundários para elaboração de diagnóstico:

- Relatórios técnicos de instituições diversas;

- Imprensa;

- Teses, pesquisas;

- Referencias de pessoas, etc.

Em paralelo, está sendo montado o Plano de Controle Ambiental;

OUVIR, ESTABELECER RELAÇÕES E CONEXÕES ENTRE OS ATORES:

Coleta de dados primários em instituições públicas e privadas;

Trabalho de campo– Entrevistas com a população e suas organizações, incluindo atores como os empresários, pesquisadores, poder político, etc;

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METODOLOGIA

ESTAR MAIS PROXIMO DO OBJETO – ESTRUTURAÇÃO DE UM SISTEMA DE ATENDIMENTO À POPULAÇÃO:

Atender reivindicações primárias como:

- Instalar um escritório da CETESB em Cubatão, com ampla divulgação do endereço e telefones;

- Estar presente regularmente no local e em episódios críticos.

Estabelecer uma relação franca e de confiança;

DIALOGAR - REUNIÕES DE INFORMAÇÃO, ORGANIZAÇÃO, DEVOLUÇÃO:

Reuniões com todos os segmentos (semanalmente);

Seminários;

Mesas redondas;

Prestação de contas do Plano de Controle (trimestral);

Material de Apoio à Participação e Educação Ambiental;

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METODOLOGIA

REFORMULAR:

Modificação de normas internas, políticas, princípios;

Direcionamento de pesquisas;

Inclusão de novas fontes para controle e pesquisa.

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FOLHETOS DE APOIO À EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Série em fascículos - Temas pautados pela população - Tradução e simplificação de dados técnicos

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A CETESB estabelecia comunicação regular com 40 entidades populares, 23 indústrias e inúmeros órgãos públicos;

Ocasionalmente os grupos se encontram e estabelecem relações e conexões.

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RISCO – A POSSIBILIDADE DE OCORRER:

13 anos antes do incêndio de Vila Socó relatórios mostravam a existência de 174 vazamentos nos dutos de combustível e, um ano antes, o Rio Atibaia registrou 4 km de chamas sobre as águas.

COMUNICAÇÃO DE RISCO:

Vai além da informação, do alerta! deve tranquilizar e auxiliar a população nas suas escolhas e projetos futuros.

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CETESB – MUDANÇA DE GOVERNO

• Cetesb faz a opção midiática: sementes de helicóptero X mateiros; altera o teor de álcool na gasolina, cartilhas

• Criação da SMA

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A despeito dos esforços do poder público local, e mesmo estadual, em produzir uma imagem positiva da cidade de Cubatão, passados mais de 30 anos a população ainda é estigmatizada

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De um imenso bananal no início do século 20 a maior polo industrial da América Latina nas décadas de 50 e 60, a cidade de Cubatão ficou conhecida internacionalmente como o “Vale da Morte” devido à poluição industrial. O desafio da CETESB a partir do ano de 1983 foi o de implantar um Plano de Controle e Recuperação Ambiental em um ambiente social conhecido pelos seus extremos de pobreza e riqueza industrial, em um contexto político onde conviviam a ditadura e os primeiros passos da reconstrução da democracia, sob o debate interno a respeito dos meios e recursos de comunicação a serem adotados para falar com a população, e de como administrar os diferentes pontos de vista, fazendo a articulação das várias forças e agentes muitas vezes antagônicas, em um pano de fundo em que se pretendia trabalhar com as premissas de que as partes deveriam não só receber informação, como também influenciar e controlar as decisões do Plano de Controle, e estarem organizadas e mobilizadas para a questão ambiental, além de se assegurar a transparência sobre os dados gerados, em uma empresa de cultura tecnicista.