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Martinho Lutero 1 Martinho Lutero Martinho Lutero Lutero em 1529 por Lucas Cranach Nome completo Martinus Luter (Martin Luther) Nascimento 10 de novembro de 1483 Eisleben Sacro Império Romano-Germânico Morte 18 de fevereiro de 1546 (62 anos) Eisleben Sacro Império Romano-Germânico Cônjuge Catarina von Bora (1499-1552) Ocupação teólogo Assinatura Martinho Lutero, em alemão Martin Luther, (Eisleben, 10 de novembro de 1483 Eisleben, 18 de fevereiro de 1546) foi um sacerdote católico agostiniano e professor de teologia germânico que foi figura central da Reforma Protestante. Que ficando contra os conceitos da Igreja Católica veementemente contestando a alegação de que a liberdade da punição de Deus sobre o pecado poderia ser comprada, confrontou o vendedor de indulgências Johann Tetzel com suas 95 Teses em 1517. Sua recusa em retirar seus escritos a pedido do Papa Leão X em 1520 e do Imperador Carlos V na Dieta de Worms em 1521 resultou em sua excomunhão pelo Papa e a condenação como um fora-da-lei pelo imperador do Sacro Império Romano Antigo. Lutero ensinava que a salvação não se consegue com boas ações, mas é um livre presente de Deus, recebida apenas pela graça, através da fé em Jesus como único redentor do pecador. Apesar disso, em suas teses não negava a necessidade da confissão, considerando-a necessária para o perdão da falta [1] Sua teologia desafiou a autoridade papal na Igreja Católica Romana, pois ele ensinava que a Bíblia é a única fonte de conhecimento divinamente revelada [2] e opôs-se ao sacerdotalismo, por considerar todos os cristãos batizados como um sacerdócio santo. [3] Aqueles que se identificavam com os ensinamentos de Lutero eram chamados luteranos. Sua tradução da Bíblia para o alemão, que não o latim fez o livro mais acessível, causando um impacto gigantesco na Igreja e na cultura alemã. Promoveu um desenvolvimento de uma versão padrão da língua alemã, adicionando vários princípios à arte de traduzir [4] , e influenciou a tradução para o inglês da Bíblia do Rei James. [5] Seus hinos

Martinho Lutero

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Martinho Lutero 1

Martinho Lutero

Martinho Lutero

Lutero em 1529 por Lucas Cranach

Nome completo Martinus Luter (Martin Luther)

Nascimento 10 de novembro de 1483Eisleben

Sacro Império Romano-Germânico

Morte 18 de fevereiro de 1546 (62 anos)Eisleben

Sacro Império Romano-Germânico

Cônjuge Catarina von Bora (1499-1552)

Ocupação teólogo

Assinatura

Martinho Lutero, em alemão Martin Luther, (Eisleben, 10 de novembro de 1483 — Eisleben, 18 de fevereiro de1546) foi um sacerdote católico agostiniano e professor de teologia germânico que foi figura central da ReformaProtestante. Que ficando contra os conceitos da Igreja Católica veementemente contestando a alegação de que aliberdade da punição de Deus sobre o pecado poderia ser comprada, confrontou o vendedor de indulgências JohannTetzel com suas 95 Teses em 1517. Sua recusa em retirar seus escritos a pedido do Papa Leão X em 1520 e doImperador Carlos V na Dieta de Worms em 1521 resultou em sua excomunhão pelo Papa e a condenação como umfora-da-lei pelo imperador do Sacro Império Romano Antigo.Lutero ensinava que a salvação não se consegue com boas ações, mas é um livre presente de Deus, recebida apenaspela graça, através da fé em Jesus como único redentor do pecador. Apesar disso, em suas teses não negava anecessidade da confissão, considerando-a necessária para o perdão da falta [1] Sua teologia desafiou a autoridadepapal na Igreja Católica Romana, pois ele ensinava que a Bíblia é a única fonte de conhecimento divinamenterevelada[2] e opôs-se ao sacerdotalismo, por considerar todos os cristãos batizados como um sacerdócio santo.[3]

Aqueles que se identificavam com os ensinamentos de Lutero eram chamados luteranos.Sua tradução da Bíblia para o alemão, que não o latim fez o livro mais acessível, causando um impacto gigantesco na Igreja e na cultura alemã. Promoveu um desenvolvimento de uma versão padrão da língua alemã, adicionando vários princípios à arte de traduzir[4], e influenciou a tradução para o inglês da Bíblia do Rei James.[5] Seus hinos

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influenciaram o desenvolvimento do ato de cantar em igrejas.[6] Seu casamento com Catarina von Bora estabeleceuum modelo para a prática do casamento clerical, permitindo o matrimônio de padres protestantes.[7]

Em seus últimos anos, Lutero tornou-se algo antissemita, chegando a escrever que as casas judaicas deveriam serdestruídas, e suas sinagogas queimadas, dinheiro confiscado e liberdade cerceada. Essas afirmações fizeram deLutero uma figura controversa entre muitos historiadores e estudiosos. [8]

Primeiros anos de vidaMartinho Lutero, cujo nome em alemão era Martin Luther ou Luder, era filho de Hans Luther e MargaretheLindemann. Mudou-se para Mansfeld, onde seu pai dirigia várias minas de cobre. Tendo sido criado no campo, HansLuther desejava que seu filho viesse a se tornar um funcionário público, melhorando, assim, as condições da família.Com esse objetivo, enviou o já velho Martinho para escolas em Mansfeld, Magdeburgo e Eisenach.Aos dezessete anos, em 1501, Lutero ingressou na Universidade de Erfurt, onde tocava alaúde e onde recebeu oapelido de O Filósofo. Ainda na Universidade de Erfurt, estudou a filosofia nominalista de Ockham (as palavrasdesignam apenas coisas individuais; não atingem os “universais”, as realidades presentes em todos os indivíduos,como por exemplo a natureza humana; em consequência, nada pode ser conhecido com certeza pela razão natural,exceto as realidades concretas: esta pessoa, aquela coisa). Esse sistema dissolvia a harmonia multissecular entre aciência e a fé que tanto havia sido defendida pela escolástica de "São Jesus Cristo", pois essa filosofia baseava-seunicamente na vontade de Deus. O jovem estudante graduou-se bacharel em 1502 e concluiu o mestrado em 1505,sendo o segundo entre dezessete candidatos.[9] Seguindo os desejos maternos, inscreveu-se na escola de direito damesma universidade. Mas tudo mudou após uma grande tempestade com descargas elétricas, ocorrida naquelemesmo ano (1505): um raio caiu próximo de onde ele estava passando, ao voltar de uma visita à casa dos pais.Aterrorizado, teria, então, gritado: "Ajuda-me, Sant'Ana! Eu me tornarei um monge!"Tendo sobrevivido aos raios, deixou a faculdade, vendeu todos os seus livros, com exceção dos de Virgílio, e entroupara a ordem dos Agostinianos, de Frankfurt, a 17 de julho de 1505.[10]

Vida monástica e acadêmica

Lutero com a tonsura monástica.

O jovem Martinho Lutero dedicou-se por completo à vida nomosteiro, empenhando-se em realizar boas obras a fim de agradara Deus e servir ao próximo através de orações por suas almas.Dedicou-se intensamente à meditação, às autoflagelações, àsmuitas horas de oração diárias, às peregrinações e à confissão.Quanto mais tentava ser agradável ao Senhor, mais se dava contade seus pecados[11]

Johann von Staupitz, o superior de Lutero, concluiu que o jovemnecessitava de mais trabalhos, para afastar-se de sua excessivareflexão. Ordenou, portanto, ao monge que iniciasse uma carreiraacadêmica. Em 1507, Lutero foi ordenado sacerdote. Em 1508,começou a lecionar teologia na Universidade de Wittenberg.Lutero recebeu seu bacharelado em estudos bíblicos em 19 demarço de 1508. Dois anos depois, visitou Roma, de onde regressoubastante decepcionado.[12]

Em 19 de outubro de 1512, Martinho Lutero graduou-se Doutorem Teologia e, em 21 de outubro do mesmo ano, foi "recebido noSenado da Faculdade Teológica" com o título de "Doutor emBíblia". Em 1515, foi nomeado vigário de sua ordem tendo sob sua autoridade onze monastérios.

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Durante esse período, estudou grego e hebraico, para aprofundar-se no significado e origem das palavras utilizadasnas Escrituras - conhecimentos que logo utilizaria para a sua própria tradução da Bíblia.

A controvérsia acerca das indulgênciasAlém de suas atividades como professor, Martinho Lutero ainda colaborava como pregador e confessor na igreja deSanta Maria, na cidade. Também pregava habitualmente na igreja do Castelo (chamada de "Todos os Santos" -porque ali havia uma coleção de relíquias, estabelecidas por Frederico III da Saxônia). Foi durante esse período queo jovem sacerdote se deu conta dos problemas que o oferecimento de indulgências aos fiéis, como se esses fossemfregueses, poderia acarretar.A indulgência é a remissão (parcial ou total) do castigo temporal imputado a alguém por conta dos seus pecados(aplicável apenas a alguém que esteja em estado de graça, ou seja, livre de pecados graves, e arrependido de todos osseus pecados veniais. Naquele tempo, o papa havia concedido uma indulgência plenária para quem doasse qualquerquantia para a reforma da Basílica de São Pedro. O frade Johann Tetzel fora recrutado para viajar através dosterritórios episcopais do arcebispo Alberto de Mogúncia, mas sua campanha tomou a linha de uma venda, pois estefrade, posteriormente punido por isso, dizia que "Assim que uma moeda tilinta no cofre, uma alma sai doPurgatório".Lutero viu este tráfico de indulgências como um abuso que poderia confundir as pessoas e levá-las a confiar apenasnas indulgências, deixando de lado a confissão e o arrependimento verdadeiros. Proferiu, então, três sermões contraas indulgências em 1516 e 1517. Segundo a tradição, em 31 de outubro de 1517 foram afixadas as 95 Teses na portada Igreja do Castelo de Wittenberg, com um convite aberto ao debate sobre elas. Essas teses condenavam o queLutero acreditava ser a avareza e o paganismo na Igreja como um abuso e pediam um debate teológico sobre o queas Indulgências significavam. Para todos os efeitos, contudo, nelas Lutero não questionava diretamente a autoridadedo Papa para conceder as tais indulgências.As 95 Teses foram logo traduzidas para o alemão e amplamente copiadas e impressas. Ao cabo de duas semanas sehaviam espalhado por toda a Alemanha e, em dois meses, por toda a Europa. Este foi o primeiro episódio da Históriaem que a imprensa teve papel fundamental, pois facilitou a distribuição simples e ampla do documento.

A resposta do PapadoDepois de fazer pouco caso de Lutero, dizendo que ele seria um "alemão bêbado que escrevera as teses", eafirmando que "quando estiver sóbrio mudará de opinião"[13] o Papa Leão X ordenou, em 1518, ao professor deteologia dominicano Silvestro Mazzolini que investigasse o assunto. Este denunciou que Lutero se opunha demaneira implícita à autoridade do Sumo Pontífice, quando discordava de uma de suas bulas. Declarou ser Lutero umherege e escreveu uma refutação acadêmica às suas teses. Nela, mantinha a autoridade papal sobre a Igreja econdenava as teorias de Lutero como um desvio e uma apostasia.Lutero replicou de igual forma (academicamente), dando assim início à controvérsia.Enquanto isso, Lutero tomava parte da convenção dos agostinianos em Heidelberg, onde apresentou uma tese sobre aescravidão do homem ao pecado e a graça divina. No decorrer da controvérsia sobre as indulgências, o debate seelevou até o ponto de duvidar do poder absoluto e autoridade do Papa, pois as doutrinas de "Tesouraria da Igreja" e"Tesouraria dos Merecimentos", que serviam para reforçar a doutrina e venda e das indulgências, haviam se baseadona bula papal "Unigenitus", de 1343, do Papa Clemente VI. Por causa de sua oposição a esta doutrina, Lutero foiqualificado como heresiarca e o Papa, decidido a suprimir por completo os seus pontos de vista, ordenou que elefosse chamado a Roma, viagem que deixou de ser realizada por motivos políticos.Lutero, que anteriormente professava a obediência implícita à Igreja, negava agora abertamente a autoridade papal eapelava para que fosse realizado um Concílio. Também declarava que o papado não formava parte da essênciaimutável da Igreja original.

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Desejando manter relações amistosas com o protetor de Lutero, Frederico, o Sábio, o Papa engendrou uma tentativafinal de alcançar uma solução pacífica para o conflito. Uma conferência com o representante papal Karl von Miltitzem Altenburg, em janeiro de 1519, levou Lutero a decidir guardar silêncio, tal qual seus opositores. Tambémescreveu uma humilde carta ao Papa e compôs um tratado demonstrando suas opiniões sobre a Igreja Católica. Acarta nunca chegou a ser enviada, pois não continha nenhuma retratação; e no tratado que compôs mais tarde, negouqualquer efeito das indulgências no Purgatório.Quando Johann Ecko desafiou um colega de Lutero, Andreas Carlstadt, para um debate em Leipzig, Lutero juntou-seà discussão (27 de junho-18 de julho de 1519), no curso do qual negou o direito divino do solidéu papal e daautoridade de possuir o as chaves do Céu que, segundo ele, haviam sido outorgadas apenas ao próprio ApóstoloPedro, não passando para seus sucessores.[14][15] Negou que a salvação pertencesse à Igreja Católica ocidental sob aautoridade do Papa, mas que esta se mantinha na Igreja Ortodoxa, do Oriente. Depois do debate, Eck afirmou queforçara Lutero a admitir a semelhança de sua própria doutrina com a de João Huss, que havia sido queimado nafogueira da Inquisição. Alguns meses após a chegada dos cardeais vindos de Roma, Martinho Lutero, monge daIgreja Católica, doutor em Humanidades pela Universidade de Erfurt e professor da Universidade de Wittenberg.

Aumenta a cisão

Lutero durante os acontecimentos

Martinho Lutero.

Não parecia haver esperanças de entendimento. Os escritos deLutero circulavam amplamente, alcançando França, Inglaterra eItália, em 1519, e os estudantes dirigiam-se a Wittenberg paraescutar Lutero que, naquele momento, publicava seus comentáriossobre a Epístola aos Gálatas e suas "Operationes in Psalmos"(Trabalho nos Salmos).

As controvérsias geradas por seus escritos levaram Lutero adesenvolver suas doutrinas mais a fundo, e o seu "Sermão sobre oSacramento Abençoado do Verdadeiro e Santo Corpo de Cristo, esuas Irmandades", ampliou o significado da Eucaristia para incluirtambém o perdão dos pecados e ao fortalecimento da fé naquelesque a recebem. Além disso, ele ainda apoiava a realização de umconcílio a fim de restituir a comunhão.

O conceito luterano de "igreja" foi desenvolvido em seu "Von demPapsttum zu Rom" (Sobre o Papado de Roma), uma resposta aoataque do franciscano Augustin von Alveld, em Leipzig (junho de1520). Enquanto o seu "Sermon von guten Werken" (Sermão dasBoas Obras), publicado na primavera de 1520, era contrário àdoutrina católica das boas obras e dos atos como meio de perdão, mantendo que as obras do crente sãoverdadeiramente boas, quer para o secular como para o clérigo, se ordenadas por Deus.

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Os tratados de 1520

A Nobreza alemã

A disputa havida em Leipzig, em 1519, fez com que Lutero travasse contato com os humanistas, especialmenteMelanchthon, Reuchlin e Erasmo de Roterdã, que por sua vez também influenciara ao nobre Franz von Sickingen.Von Sickingen e Silvestre de Schauenbur queriam manter Lutero sob sua proteção, convidando-o para seus castelosna eventualidade de não ser-lhe seguro permanecer na Saxônia, em virtude da proscrição papal.Sob essas circunstâncias de crise, e confrontando aos nobres alemães, Lutero escreveu "À Nobreza Cristã da NaçãoAlemã" (agosto de 1520), onde recomendava ao laicado, como um sacerdote espiritual, que fizesse a reformarequerida por Deus, mas abandonada pelo Papa e pelo clero. Pela primeira vez Lutero referiu-se ao Papa como oAnticristo[16].As reformas que Lutero propunha não se referiam apenas a questões doutrinárias, mas também aos abusoseclesiásticos:• a diminuição do número de cardeais e outras exigências da corte papal;•• a abolição das rendas do Papa;•• o reconhecimento do governo secular;•• a renúncia da exigência papal pelo poder temporal;• a abolição dos Interditos e abusos relacionados com a excomunhão;•• a abolição das peregrinações nocivas;•• a eliminação dos excessivos dias santos;•• a supressão dos conventos para monjas, da mendicidade e da suntuosidade; a reforma das universidades;•• a ab-rogação do celibato do clero;•• e, finalmente, uma reforma geral na moralidade pública.Muitas destas propostas refletiam os interesses da nobreza alemã, revoltada com sua submissão ao Papa e,principalmente, com o fato de terem que enviar riquezas a Roma.

O cativeiro babilônico

Lutero gerou muitas polêmicas doutrinárias com seu "Prelúdio no Cativeiro Babilônico da Igreja", em especial noque diz respeito aos sacramentos.• Eucaristia - apoiava que fosse devolvido o "cálice" ao laicado; na chamada questão do dogma da

transubstanciação, afirmava que era real a presença do corpo e do sangue do Cristo na eucaristia, mas refutava oensinamento de que a eucaristia era o sacrifício oferecido por Deus.

• Batismo - ensinava que trazia a justificação apenas se combinado com a fé salvadora em o receber; de fato,mantinha o princípio da salvação inclusive para aqueles que mais tarde se convertessem.

• Penitência - afirmou que sua essência consiste na palavra de promessa de desculpas recebidas com fé.Para ele, apenas estes três sacramentos podiam assim ser considerados, pois sua instituição era divina e a promessada salvação de Deus estava conexa a eles. Contudo, em sentido estrito, apenas o batismo e a eucaristia seriamverdadeiros sacramentos, pois apenas eles tinham o "sinal visível da instituição divina": a água no batismo e o pão evinho da eucaristia. Lutero negou, em seu documento, que a confirmação (Crisma), o matrimônio, a ordenaçãosacerdotal e a extrema-unção fossem sacramentos.

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Liberdade de um Cristão

Da mesma forma, o completo desenvolvimento da doutrina de Lutero sobre a salvação e a vida cristã foi exposto em"A Liberdade de um Cristão" (publicado em 20 de novembro de 1520, onde exigia uma completa união com Cristomediante a palavra através da fé, e a inteira liberdade do cristão como sacerdote e rei sobre todas as coisas exteriores,e um perfeito amor ao próximo).As duas teses que Lutero desenvolve nesse tratado são aparentemente contraditórias, mas, em verdade, sãocomplementares:•• "O cristão é um senhor libérrimo sobre tudo, a ninguém sujeito";•• "O cristão é um servo oficiosíssimo de tudo, a todos sujeito".A primeira tese é válida "na fé"; a segunda, "no amor".

A excomunhãoA 15 de junho de 1520, o Papa advertiu Lutero, com a bula "Exsurge Domine", onde o ameaçava com aexcomunhão, a menos que, num prazo de setenta dias, repudiasse 41 pontos de sua doutrina, destacados pela Igreja..Em outubro de 1520, Lutero enviou seu escrito "A Liberdade de um Cristão" ao Papa, acrescentando a frasesignificativa:

"Eu não me submeto a leis ao interpretar a palavra de Deus".Enquanto isso, um rumor chegara de que Johan Ech saíra de Meissem com uma proibição papal, enquanto este sepronunciara realmente a 21 de setembro. O último esforço de paz de Lutero foi seguido, em 12 de dezembro, daqueima da bula, que já tinha expirado há 120 dias, e o decreto papa de Wittenberg, defendendo-se com seus "Warumdes Papstes und seiner Jünger Bücher verbrannt sind" e "Assertio omnium articulorum". O Papa Leão Xexcomungou Lutero a 3 de janeiro de 1521, na bula "Decet Romanum Pontificem".A execução da proibição, com efeito, foi evitada pela relação do Papa com Frederico III da Saxônia, e pelo novoimperador, Carlos I de Espanha (Carlos V de Habsburgo), que julgou inoportuno apoiar as medidas contra Lutero,diante de sua posição face à Dieta.

Castelo Wartburg em Eisenach.

A Dieta de Worms

O Imperador Carlos V inaugurou a Dieta real a 22 de janeiro de1521. Lutero foi chamado a renunciar ou confirmar seus ditos efoi-lhe outorgado um salvo-conduto para garantir-lhe o segurodeslocamento.

A 16 de abril, Lutero apresentou-se diante da Dieta. Johann Eck,assistente do Arcebispo de Trier, mostrou a Lutero uma mesacheia de cópias de seus escritos. Perguntou-lhe, então, se os livroseram seus e se ele acreditava naquilo que as obras diziam. Luteropediu um tempo para pensar em sua resposta, o que lhe foiconcedido. Este, então, isolou-se em oração e depois consultouseus aliados e amigos, apresentando-se à Dieta no dia seguinte. Quando a Dieta veio a tratar do assunto, oconselheiro Eck pediu a Lutero que respondesse explicitamente à seguinte questão:

"Lutero, repeles seus livros e os erros que eles contêm?"Lutero, então, respondeu:

"Que se me convençam mediante testemunho das Escrituras e claros argumentos da razão - porque não acredito nem no Papa nem nos concílios já que está provado amiúde que estão errados, contradizendo-se a si mesmos - pelos textos da Sagrada Escritura que citei, estou submetido a minha consciência e unido à palavra

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de Deus. Por isto, não posso nem quero retratar-me de nada, porque fazer algo contra a consciência não éseguro nem saudável."

De acordo com a tradição, Lutero, então, proferiu as seguintes palavras:"Não posso fazer outra coisa, esta é a minha posição. Que Deus me ajude![17]

Nos dias seguintes, seguiram-se muitas conferências privadas para determinar qual o destino de Lutero. Antes que adecisão fosse tomada, Lutero abandonou Worms. Durante seu regresso a Wittenberg, desapareceu.O Imperador redigiu o Édito de Worms a 25 de maio de 1521, declarando Martinho Lutero fugitivo e herege, eproscrevendo suas obras.

Processo Romano

Martinho Lutero e o Cardeal Caetano, em 1557

Em Junho de 1518, foi aberto o processocontra Lutero, com base na publicação dassuas 95 Teses. Alegava-se, com o exame doprocesso, que ele incorria em heresia. Nasaulas que ministrava na Universidade deWittenberg, espiões registravam seuscomentários negativos sobre a excomunhão.Depois disso, em agosto de 1518, o processofoi alterado para heresia notória. Lutero foiconvidado a ir a Roma, onde teria quedesmentir sua doutrina.

Lutero recusou-se a fazê-lo, alegando razõesde saúde; e pretendeu uma audiência emterritório alemão. O seu pedido baseava-seno argumento (Gravamina) da NaçãoAlemã. Seu pedido foi aceito, ele foi convidado para uma audiência com o cardeal Caetano de Vio (Tomás Caetano),durante a reunião das cortes (Reichstag) imperiais de Augsburg. Entre 12 e 14 de outubro de 1518, Lutero falou aCaetano. Este pediu-lhe que revogasse sua doutrina. Lutero recusou-se a fazê-lo.

Do lado romano, o caso pareceu terminado. Por causa da morte de Imperador Maximiliano I (janeiro de 1519),houve uma pausa de dois anos no andamento do processo. O Imperador tinha decidido que o seu sucessor seriaCarlos (futuro Carlos V). Por causa das pertenças de Carlos em Itália, o papa renascentista Leão X receava o cercodo Estado da Igreja e procurava evitar que os príncipes-eleitores alemães (Kurfürsten) renunciassem a Carlos.O papel de protetor de Lutero assumido por Frederico, o sábio, levou a que Roma pedisse que Karl von Miltizintercedesse junto ao príncipe por uma solução razoável. Após a escolha de Carlos V como imperador (26 de junhode 1519), o processo de Lutero voltaria a ser alvo de preocupações e trabalhos.

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O selo de Lutero.

Em junho de 1520, reapareceu a ameaça no escrito "ExsurgeDomini" e, em janeiro de 1521, a bula "Decet RomanumPontificem" excomungou Lutero. Seguiu-se, então, a ameaçaoficial do imperador (Reichsacht).

Notável é, no entanto, que Lutero foi, mais uma vez, recebido emaudiência, o que também deixou claras as diferenças entre opapado e o império. Carlos foi o último rei (após umareconciliação) a ser coroado imperador pelo papa. Nos dias 17 e18 de abril de 1521 Lutero foi ouvido na Dieta de Worms(conferência governativa) e, após ter negado a revogação da suadoutrina, foi publicado o Édito de Worms, banindo Lutero.

Exílio no Castelo de Wartburg

O seqüestro de Lutero durante a sua viagem de regresso da Dieta de Worms foi arranjado. Frederico, o sábio ordenouque Lutero fosse capturado por um grupo de homens mascarados a cavalo, que o levaram para o Castelo deWartburg, em Eisenach, onde ele permaneceu por cerca de um ano. Deixou crescer a barba e tomou as vestes de umcavaleiro, assumindo o pseudônimo de Jörg. Durante esse período de retiro forçado, Lutero trabalhou na sua célebretradução da Bíblia para o alemão.

Martinho Lutero pregando no Castelo Wartburg, quadro de HugoVogel.

Com o início da estadia de Lutero em Wartburg,começou um período muito construtivo de sua carreiracomo reformista. Em seu "Deserto" ou "Patmos" (comoele mesmo chamava, em suas cartas) de Wartburg,começou a tradução da Bíblia, da qual foi impresso oNovo Testamento, em setembro de 1522.

Em Wartburg, ele produziu outros escritos, preparou aprimeira parte de seu Guia para Párocos e "Von derBeichte" (Sobre a Confissão), em que nega aobrigatoriedade da confissão, e admite como saudável aconfissão privada voluntária. Também escreveu contrao Arcebispo Albrecht, a quem obrigou, com isso, adesistir de retomar a venda das indulgências. Em seusataques a Jacobus Latomus, avançou em sua visão

sobre a relação entre a graça e a lei, assim como sobre a natureza revelada pelo Cristo, distinguindo o objetivo dagraça de Deus para o pecador que, por acreditar, é justificado por Deus devido à justiça de Cristo, pois a graçasalvadora reside dentro do homem pecador. Ainda mostrou que o "princípio da justificação" é insuficiente, ante apersistência do pecado depois do batismo - pela inerência do pecado em cada boa obra.

Lutero, amiúde, escrevia cartas a seus amigos e aliados, respondendo-lhes ou perguntando-lhes por seus pontos devista e respondendo-lhes aos pedidos de conselhos. Por exemplo, Felipe Melanchthon lhe escreveu perguntandocomo responder à acusação de que os reformistas renegavam a peregrinação e outras formas tradicionais de piedade.Lutero respondeu-lhe em 1 de agosto de 1521:

"Se és um pregador da misericórdia, não pregues uma misericórdia imaginária, mas sim uma verdadeira. Se a misericórdia é verdadeira, deve penitenciar ao pecado verdadeiro, não imaginário. Deus não salva apenas aqueles que são pecadores imaginários. Conheça o pecador, e veja se os seus pecados são fortes, mas deixai que tua confiança em Cristo seja ainda mais forte, e que se alegre em Cristo que é o vencedor sobre o pecado,

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a morte e o mundo. Cometeremos pecados enquanto estivermos aqui, porque nesta vida não há um só lugaronde resida a justiça. Nós todos, sem embargo, disse Pedro (2ª Pedro 3:13), estamos buscando mais além umnovo céu e uma nova terra onde a justiça reinará".

Seu quarto no castelo de Wartburg, em Eisenach.

Enquanto isso, alguns sacerdotes saxônicos haviamrenunciado ao voto de castidade, ao mesmo tempo emque outros tantos atacavam os votos monásticos.Lutero, em seu De votis monasticis (Sobre os votosmonásticos), aconselhava-os a ter mais cautela,aceitando, no fundo, que os votos eram geralmentetomados "com a intenção da salvação ou à busca dejustificação". Com a aprovação de Lutero em seu "Deabroganda missa privata (Sobre a abrogação da missaprivada), mas contra a firme oposição de seu prior, osagostinianos de Wittenberg realizaram a troca dasformas de adoração e terminaram com as missas. Suaviolência e intolerância certamente desagradaramLutero que, em princípios de dezembro, passou alguns

dias entre eles. Ao retornar para Wartburg, escreveu "Eine treue Vermahnung … vor Aufruhr und Empörung" (Umasincera admoestação por Martinho Lutero a todos os cristãos para que se resguardem da insurreição e rebelião).Apesar disso, em Wittengerg, Carlstadt e o ex-agostiniano Gabriel Zwilling reclamavam a abolição da missa privadae da comunhão em duas espécies, assim como a eliminação das imagens nas igrejas e a ab-rogação do celibato.

Regresso a Wittenberg e os Sermões InvocavitNo final do ano de 1521, os anabatistas de Zwickau se entregam à anarquia. Contrário a tais concepções radicais etemendo seus resultados, Lutero regressou em segredo a Wittenberg, em 6 de março de 1522. Durante oito dias, apartir de 9 de março (domingo de Invocavit) e concluindo no domingo seguinte, Lutero pregou outros tantos sermõesque tornaram-se conhecidos como os "Sermões de Invocavit".Nessas pregações, Lutero aconselhou uma reforma cuidadosa, que leve em consideração a consciência daqueles queainda não estivessem persuadidos a acolher a Reforma. A consagração do pão foi restaurada por um tempo e o cálicesagrado foi ministrado somente àqueles do laicado que o desejaram. O cânon das missas, devido ao seu caráterimolatório, foi suprimido. Devido ao sacramento da confissão ter sido abolido, verificou-se a necessidade que muitaspessoas ainda tinham de confessar-se em busca do perdão. Esta nova forma de serviço foi dada a Lutero em"Formula missæ et communionis" (Fórmula da missa e Comunhão), de 1523. Em 1524 surgiu o primeiro hinário deWittenberg, com quatro hinos.Como aquela parte da Saxônia era governada pelo Duque Jorge, que proibira seus escritos, Lutero declarou que aautoridade civil não podia promulgar leis para a alma. Fez isso em sua obra: "Über die weltliche Gewalt, wie weitman ihr Gehorsam schuldig sei" (Autoridade Temporal: em que medida deve ser obedecida).

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Matrimônio e família

Catarina von Bora, esposa de Lutero (retrato feito porLucas Cranach o Velho - 1526).

Em abril de 1523, Lutero ajudou 12 freiras a escaparem docativeiro no Convento de Nimbschen. Entre essas freirasencontrava-se Catarina von Bora, filha de nobre família, comquem veio a se casar, em 13 de junho de 1525. Desta uniãonasceram seis filhos: Johannes, Elisabeth, Magdalena, Martin,Paul e Margaretha. Dos seis filhos, Margaretha foi a única quemanteve a linhagem até os dias de hoje. Um descendente ilustre dafamília Lutero é o ex-presidente alemão Paul von Hindenburg.

O casamento de Lutero com a ex-freira cisterciense incentivou ocasamento de outros padres e freiras que haviam adotado aReforma. Foi um rompimento definitivo com a Igreja Romana.

Anti-semitismo

Texto anti-semita de Martinho Lutero: Sobre osjudeus e suas mentiras (1543)

Martinho Lutero foi anti-semita:[18][19][20]

"A Alemanha deve ficar livre de judeus, aos quais apósserem expulsos, devem ser despojados de todo dinheiro ejóias, prata e ouro, e que fossem incendiadas suassinagogas e escolas, suas casas derrubadas e destruídas(…), postos sob um telheiro ou estábulo como os ciganos(…), na miséria e no cativeiro assim que estes vermesvenenosos se lamentassem de nós e se queixassemincessantemente a Deus". – "Sobre os judeus e suasmentiras" de Martinho Lutero.[21][22][23][24]

O historiador Robert Michael escreve que Lutero estava preocupadocom a questão judaica toda a sua vida, apesar de dedicar apenas umapequena parte de seu trabalho para ela.[25][26] Seus principais trabalhossobre os judeus são Von den Juden und Ihren lügen ("Sobre os judeus esuas mentiras"), e Vom Schem Hamphoras und vom Geschlecht Christi("Em Nome da Santa linhagem de Cristo") - reimpressas cinco vezesdentro de sua vida - ambas escritas em 1543, três anos antes de suamorte.[] Nesses trabalhos Lutero afirmou que os judeus já não eram o

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povo eleito, mas o "povo do diabo". A sinagoga era como "uma prostituta incorrigível e uma devassa maléfica" e osjudeus estavam "cheios das fezes do demónio,... nas quais se rebolam como porcos" Lutero aconselhou as pessoas aincendiarem as sinagogas, destruindo os livros judaicos, proibir os rabinos de pregar, e apreender os bens e dinheirodos Judeus e também expulsá-los ou fazê-los trabalhar forçosamente. Lutero também parecia aconselhar seusassassinatos,[27] escrevendo "É nossa a culpa em não matar eles."[28]

A campanha contra os judeus de Lutero foi bem sucedida na Saxónia, Brandenburg, e Silésia. Josel de Rosheim(1480-1554), que tentou ajudar os judeus na Saxónia, escreveu em seu livro de memórias a situação de intolerânciafoi causada por "(…) esse sacerdote cujo nome é Martinho Lutero - (…) seu corpo e alma vinculada até no inferno!!- que escreveu e publicou muitos livros heréticos no qual disse que quem ajudasse judeus seriam condenados àperdição."[29] Josel teria pedido a cidade de Estrasburgo para proibir a venda das obras antijudaicas de Lutero;porém seu pedido foi-lhe negado quando um pastor luterano de Hochfelden argumentou em um sermão que os seusparoquianos deviam assassinar judeus. O anti-semitismo de Lutero persistiu após a sua morte, ao longo de todo o ano1580, motins expulsaram judeus de vários estados luteranos alemães.[30]

A opinião predominante[31] entre os historiadores é que a sua retórica antijudaica contribuiu significativamente parao desenvolvimento do anti-semitismo na Alemanha,[32][33][34][35][36] e na década de 1930 e 1940 auxiliou nafundamentação do ideal do nazismo de ataques a judeus.[37] O próprio Adolf Hitler em sua autobiografia MeinKampf considerou Lutero uma das três maiores figuras da Alemanha, juntamente com Frederico, o Grande, eRichard Wagner.[38] Em 5 de outubro de 1933, o Pastor Wilhelm Rehm de Reutlingen declarou publicamente que"Hitler não teria sido possível, sem Martinho Lutero".[39] Julius Streicher, o editor do jornal Nazista Der Stürmer,argumentou durante sua defesa no julgamento de Nuremberg "que nunca havia dito nada sobre os judeus queMartinho Lutero não tivesse dito 400 anos antes".[40] Em novembro de 1933, uma manifestação protestante quereuniu um recorde de 20.000 pessoas, aprovou três resoluções:• Adolf Hitler é a conclusão da Reforma;• Judeus Batizados devem ser retirados da Igreja;• O Antigo Testamento deve ser excluído da Sagrada Escritura.[]

Diversos historiadores (entre os quais se destacam William L. Shirer e Michael H. Hart[41]) sugerem que a influênciade Lutero tenha auxiliado a aceitação do nazismo na Alemanha pelos protestantes no século XX. Shirer fez aseguinte observação em Ascensão e queda do Terceiro Reich:

"É difícil compreender a conduta da maioria dos protestantes nos primeiros anos do nazismo, salvo seestivermos prevenidos de dois fatos: sua história e a influência de Martinho Lutero (para evitarqualquer confusão, devo explicar aqui que o autor é protestante). O grande fundador do protestantismonão foi só anti-semita apaixonado como feroz defensor da obediência absoluta à autoridade política.Desejava a Alemanha livre de judeus (…) – conselho que foi literalmente seguido quatro séculos maistarde por Hitler, Göring e Himmler.

Por outro lado, especialmente Shirer recebeu críticas por essa sua observação, sendo acusado de não conhecersuficientemente a história alemã e por ter interpretado incorretamente certos acontecimentos ou mesclado suasopiniões pessoais em seu livro.[42] Também os cristãos luteranos afirmam que a Igreja Luterana tem esse nome emhomenagem ao seu mais famoso líder, porém não acata todos os escritos teológicos de Lutero, principalmente osescritos que atacam os judeus. Desde os anos 1980, alguns órgãos da Igreja Luterana formalmente denunciaram edissociaram-se dos escritos de Lutero sobre os judeus. Em novembro de 1998, no 60º aniversário de Kristallnacht, aIgreja Luterana da Baviera emitiu uma afirmação: "é imperativo para a Igreja Luterana, que sabe que é endividadaao trabalho e a tradição de Martinho Lutero, de levar a sério também as suas declarações anti-judaicas, reconhecea sua função teológica, e reflete nas suas conseqüências. Temos que nos distanciar de cada [expressão de]antissemitismo na teologia Luterana."

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A guerra dos camponesesA guerra dos camponeses (1524-1525) foi, de muitas maneiras, uma resposta aos discursos de Lutero e de outrosreformadores. Revoltas de camponeses já tinham existido em pequena escala em Flandres (1321-1323), na França(1358), na Inglaterra (1381-1388), durante as guerras hussitas do século XV, e muitas outras até o século XVIII. Masmuitos camponeses julgaram que os ataques verbais de Lutero à Igreja e sua hierarquia significavam que osreformadores iriam igualmente apoiar um ataque armado à hierarquia social. Por causa dos fortes laços entre anobreza hereditária e os líderes da Igreja que Lutero condenava, isso não seria surpreendente.Já em 1522, enquanto Lutero estava em Wartburg, seu seguidor Thomas Münzer, comandou massas camponesascontra a nobreza imperial, pois propunha uma sociedade sem diferenças entre ricos e pobres e sem propriedadeprivada,[43] Lutero por sua vez defendia que a existência de "senhores e servos" era vontade divina, motivo pelo qualeles romperam.[44] Lutero, desde cedo, argumentou com a nobreza e os próprios camponeses sobre uma possívelrevolta e também sobre Müntzer, classificando-o como um dos "profetas do assassínio" e colocando-o como um dosmentores do movimento camponês. Lutero escreveu a "Terrível História e Juízo de Deus sobre Tomas Müntzer",inaugurando essa linha de pensamento.Na iminência da revolta (1524), Lutero escreveu a "Carta aos Príncipes da Saxônia sobre o Espírito Revoltoso",mostrando a tirania dos nobres que oprimiam o povo e a loucura dos camponeses em reagir através da força e aconfiar em Müntzer como pregador. Houve pouca repercussão sobre esse escrito.Ainda em 1524, Müntzer mudou-se para a cidade imperial de Mühlhausen, oferecendo-se como pregador. Luteroescreveu a "Carta Aberta aos Burgomestres, Conselho e toda a Comunidade da Cidade de Mühlhausen", com opropósito de alertar sobre as intenções de Müntzer. Também esse escrito não teve repercussão, pois o conselho dacidade se limitou a pedir informações sobre Müntzer na cidade imperial de Weimar.O principal escrito dos camponeses eram os "Doze Artigos", onde suas reivindicações eram expostas. Neles haviaartigos de fundo teológico (direito de ouvir o Evangelho através de pregadores chamados por eles próprios) e artigosque tratavam dos maus tratos (exploração nos impostos, etc.) impostos a eles pelos nobres. Os artigos eramfundamentados com passagens bíblicas e dizia-se que se alguém pudesse provar pelas Escrituras que aquelasreivindicações eram injustas, eles as abandonariam. Entre aqueles que se consideravam dignos de fazer tal coisaestava o nome de Martinho Lutero.De fato, Lutero escreveu sobre os "Doze artigos" em seu livro "Exortação à Paz: Resposta aos Doze artigos doCampesinato da Suábia", de 1525. Nele, Lutero ataca os príncipes e senhores por cometerem injustiças contra oscamponeses e ataca os camponeses pela rebelião e desrespeito à autoridade.Também esse escrito não teve repercussão e, durante uma viagem pela região da Turíngia, Lutero pôde testemunharas revoltas camponesas, o que o motivou a escrever o "Adendo: Contra as Hordas Salteadoras e Assassinas dosCamponeses", onde disse: "Contras as hordas de camponeses (…), quem puder que bata, mate ou fira, secreta ouabertamente, relembrando que não há nada mais peçonhento, prejudicial e demoníaco que um rebelde". Tratava-sede um apêndice de "Exortação à Paz …", mas que, rapidamente, tornou-se um livro separado. O Adendo foipublicado quando a revolta camponesa já estava no final e os príncipes cometiam atrocidades contra os camponesesderrotados, de modo que o escrito causou grande revolta da opinião pública contra Lutero. Nele, Lutero encorajavaos príncipes a castigarem os camponeses até mesmo com a morte.Essa repercussão negativa obrigou Lutero a pregar um sermão no dia de pentecostes, em 1525, que se tornou o livro"Posicionamento do Dr. Martinho Lutero Sobre o Livrinho Contra os Camponeses Assaltantes e Assassinos", onde oreformador contesta os críticos e reafirma sua posição anterior.Como ainda havia repercussão negativa, Lutero novamente se posicionou sobre a questão no seu "Carta Aberta aRespeito do Rigoroso Livrinho Contra os Camponeses", onde lamenta e exorta contra a crueldade que estava sendopraticada pelos príncipes, mas reafirma sua posição anterior.

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Por fim, a pedido de um amigo, o cavaleiro Assa von Kram, Lutero redigiu "Acerca da Questão, Se TambémMilitares Ocupam uma Função Bem-Aventurada", em 1526, com o propósito de esclarecer questões sobreconsciência do cristão em caso de guerra e sua função como militar.

A discordância com João Calvino

João Calvino (Retrato de Calvino jovem, dacoleção da Biblioteca de Genebra)

No movimento reformista (também chamado de Reforma), Lutero nãoconcordou com o "estilo" de reforma de João Calvino. Martinho Luteroqueria reformar a Igreja Católica,[45] enquanto João Calvino, acreditavaque a Igreja estava tão degenerada, que não havia como reformá-la.Calvino se propunha a organizar uma nova Igreja que, na sua doutrina (etambém em alguns costumes), seria idêntica à Igreja Primitiva. Já Luterodecidiu reformá-la, mas afastou-se desse objetivo, fundando, então, oProtestantismo, que não seguia tradições, mas apenas a doutrina registradana Bíblia, e cujos usos e costumes não ficariam presos a convenções ouépocas. A doutrina luterana está explicitada no "Livro de Concórdia", enão muda, embora os costumes e formas variem de acordo com alocalidade e a época.

Falecimento

O ex-monge agostiniano Martinho Lutero teve morte natural, embora nãohaja um consenso entre os seus biógrafos acerca da sua causa de morte. O historiador Frantz Funck-Brentano, porexemplo, escreveu em sua obra "Martim Lutero":"Os dois médicos, que o tinham tratado nos últimos momentos, não puderam chegar a um acordo sobre a causa desua morte, opinando um por um ataque de apoplexia, outro por uma angina pulmonar."[46]

A propósito, em 1521, por ocasião da Dieta de Worms (uma espécie de audiência imperial), foi publicado peloImperador Carlos V o Edito de Worms, pelo qual qualquer pessoa, ao menos teoricamente, estaria livre para matarLutero sem correr o risco de sofrer qualquer sanção penal, já que, pelo referido Edito do Imperador, Lutero foibanido do Império como um fora-da-lei. Por receio de que algo de mal pudesse acontecer a Lutero durante viagem deregresso de Worms, Frederico III (ou Frederico, o Sábio), Príncipe-Eleitor da Saxônia, ordenou que Lutero fossecapturado e levado para o Castelo de Wartburg, onde estaria a salvo.Provavelmente, foi por causa desse risco de morte que Lutero passou a correr que seu amigo disse que "tentarammatá-lo". Encontra-se sepultado na Igreja de Wittenberg em Wittenberg.

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Obras importantes

As 95 Teses, de Lutero

Foi o autor de uma das primeiras traduções da Bíbliapara alemão, algo que não era permitido até então semespecial autorização eclesiástica. Lutero, contudo, nãofoi o primeiro tradutor da Bíblia para alemão. Já haviavárias traduções mais antigas. A tradução de Lutero, noentanto, suplantou as anteriores porque foi uma formaunificada do Hochdeutsch (dialetos alemães da regiãocentral e sul) e foi amplamente divulgada emdecorrência da sua difusão por meio da imprensa,desenvolvida por Gutenberg, em 1453.

Lutero introduziu a palavra alleyn [47], [48] que nãoaparece no texto grego original[49] no capítulo 3:28 daEpístola aos Romanos. O que gerou controvérsia.

Lutero justificou a manutenção do advérbio como sendo uma necessidade idiomática do alemão como por ser aintenção de Paulo[50].

O latim, língua do extinto Império Romano, permanecia a lingua franca européia, imediatamente conotada com opassado romano unificado, sendo também a língua da Vulgata traduzida por São Jerônimo no século V, tal comotinham sido transmitidos às províncias do Império. Por mais longínquas que fossem, nos menos de cem anos queseparam a oficialização da religião cristã pelo Imperador Romano Teodósio I em 380 d.C. e a deposição do últimoimperador de Roma pelo Germânico Odoacro, em 476 d.C. (data avançada por Edward Gibbon e convencionalmenteaceita como ano da queda do Império Romano do Ocidente), toda a região do antigo Império, ao longo dos seguintes500 anos, e de forma mais ou menos homogênea, se cristianizou. O fim da perseguição à religião cristã pelo impérioromano se deu em 313 d.C. (Ver: Édito de Milão, Concílio de Niceia, Constantino I, A história do declínio e quedado império romano, Jerónimo de Estridão).No entanto, o domínio do latim era, no século XVI, no fim da Idade Média (terminada oficialmente em 1453, com atomada de Constantinopla pelos Otomanos) e princípio da chamada Idade Moderna, apenas o privilégio de umapercentagem ínfima de população instruída, entre os quais os elementos da própria Igreja. A tradução de Lutero parao alemão foi simultaneamente um ato de desobediência e um pilar da sistematização do que viria a ser a línguaalemã, até aí vista como uma língua inferior, dos servos e ignorantes. É preciso adicionar que Lutero não se opunhaao latim, e chegou mesmo a publicar uma edição revisada da tradução latina da Bíblia (Vulgata). Lutero escreviatanto em latim como em alemão. A tradução da Bíblia para o alemão não significou, portanto, rejeição do latimcomo língua acadêmica.Foi também autor da polêmica obra "Sobre os judeus e suas mentiras" (Von den Juden und ihren Lügen). Poucoconhecida, mas muito apreciada pelo próprio Lutero, foi sua resposta a "Diatribe" de Erasmo de Roterdã intituladaDe servo arbitrio (Título da publicação em português: Da vontade cativa).Martinho Lutero defendia o princípio da mortalidade da alma contrastando com a crença de João Calvino, quechamou à crença de Lutero "sono da alma".

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Reabilitação de Lutero?Segundo a Revista editada em conjunto pela Igreja Evangélica Metodista Portuguesa e a Igreja EvangélicaPresbiteriana de Portugal, Portugal Evangélico, em sua edição nº 932, de 2008, o Papa Bento XVI, poderia vir areabilitar Lutero. Segundo o texto, "Vozes autorizadas do Vaticano adiantavam que o Papa reabilitaria MartinhoLutero argumentando que nunca teria sido sua intenção dividir a Igreja mas sim lutar contra os abusos e práticas decorrupção da mesma". E complementa dizendo que "O Cardeal Walter Kasper, Presidente do Pontifício Conselhopara a Promoção da Unidade dos Cristãos, antecipava que estas declarações dariam nova coragem ao diálogoecuménico e contradiriam, até certo ponto, as afirmações feitas em Julho do ano anterior denegrindo a fé, a ortodoxae protestante, ao não considerar estes dois ramos do cristianismo como verdadeiras Igrejas". Porém, nesse mesmoano, o site Agência Ecclesia, agência de notícias da Igreja Católica em Portugal, desmentiu essa notícia citando umadeclaração do diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, padre Federico Lombardi dada ao jornal britânico FinancialTimes. Segundo o religioso, essa afirmação “não tem nenhum fundamento” e que o termo “reabilitação” nunca seria ocorreto neste caso. Depois dessas notícias não houve mais informações até o momento sobre uma possívelreabilitação de Lutero pela Igreja Católica.

Declaração conjunta sobre a doutrina da Justificação pela FéEm 31 de outubro de 1999, foi assinada uma Declaração Conjunta Sobre a Doutrina da Justificação pela Fé,redigida e aprovada pela Federação Luterana Mundial e pela Igreja Católica Apostólica Romana. O preâmbulo dodocumento diz que a declaração "quer mostrar que, com base no diálogo, as Igrejas luteranas signatárias e a Igrejacatólica romana estão agora em condições de articular uma compreensão comum de nossa justificação pela graçade Deus na fé em Cristo. Esta Declaração Comum (DC) não contém tudo o que é ensinado sobre justificação emcada uma das Igrejas, mas abarca um consenso em verdades básicas da doutrina da justificação e mostra que osdesdobramentos distintos ainda existentes não constituem mais motivo de condenações doutrinais". A declaraçãopode ser resumida neste trecho: "Confessamos juntos que o pecador é justificado pela fé na acção salvífica de Deusem Cristo; essa salvação lhe é presenteada pelo Espírito Santo no baptismo como fundamento de toda a sua vidacristã. Na fé justificadora o ser humano confia na promessa graciosa de Deus; nessa fé estão compreendidos aesperança em Deus e o amor a Ele".[1][1] Deus não perdoa a culpa de qualquer pessoa sem, ao mesmo tempo, sujeitá-la, em tudo humilhada, ao sacerdote, seu vigário. (Tese 7)[2] Ewald M. Plass, What Luther Says, 3 vols., (St. Louis: CPH, 1959), 88, no. 269; M. Reu, Luther and the Scriptures, Columbus, Ohio:

Wartburg Press, 1944), 23.[3] Luther, Martin. Concerning the Ministry (1523), tr. Conrad Bergendoff, in Bergendoff, Conrad (ed.) Luther's Works. Philadelphia: Fortress

Press, 1958, 40:18 ff.[4] Fahlbusch, Erwin and Bromiley, Geoffrey William. The Encyclopedia of Christianity. Grand Rapids, MI: Leiden, Netherlands: Wm. B.

Eerdmans; Brill, 1999–2003, 1:244.[5] Tyndale's New Testament, trans. from the Greek by William Tyndale in 1534 in a modern-spelling edition and with an introduction by David

Daniell. New Haven, CT: Yale University Press, 1989, ix–x.[6] Bainton, Roland. Here I Stand: a Life of Martin Luther. New York: Penguin, 1995, 269.[7] Bainton, Roland. Here I Stand: a Life of Martin Luther. New York: Penguin, 1995, p. 223.[8] Hendrix, Scott H. "The Controversial Luther" (http:/ / www. luthersem. edu/ word& world/ Archives/ 3-4_Luther/ 3-4_Hendrix. pdf), Word

& World 3/4 (1983), Luther Seminary, St. Paul, MN, p. 393: "And, finally, after the Holocaust and the use of his anti-Jewish statements byNational Socialists, Luther's anti-semitic outbursts are now unmentionable, though they were already repulsive in the sixteenth century. As aresult, Luther has become as controversial in the twentieth century as he was in the sixteenth." Also see Hillerbrand, Hans. "The legacy ofMartin Luther" (http:/ / cco. cambridge. org/ extract?id=ccol0521816483_CCOL0521816483A018), in Hillerbrand, Hans & McKim, DonaldK. (eds.) The Cambridge Companion to Luther. Cambridge University Press, 2003.

[9][9] Schwiebert, p. 128.[10][10] Schwiebert, p. 136.[11] Roland H. Bainton, "The Gospel," em Here I Stand: a Life of Martin Luther (New American Library, 1950), pp. 40-42.[12][12] Vidal, p. 108[13] Philip Schaff, History of the Christian Church (Charles Scribner's Sons, 1910), 7:99; W.G. Polack, The Story of Luther (Concordia

Publishing House, 1931), p. 45.[14] Optime facit papa, quod non potestate clavis (quam nullam habet) sed per modum suffragii dat animabus remissionem. (Tese 26)

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[15] Este ponto da doutrina luterana fica clara na refutação feita pelo Papa Leão X na sua bula Exsurge Domine (http:/ / www. papalencyclicals.net/ Leo10/ l10exdom. htm)

[16] Martinho Lutero, An Open Letter to The Christian Nobility of the German Nation Concerning the Reform of the Christian Estate, 1520(http:/ / www. projectwittenberg. org/ pub/ resources/ text/ wittenberg/ luther/ web/ nblty-01. html), trad. C. M. Jacobs, em Works of MartinLuther: With Introductions and Notes, Volumen 2 (A. J. Holman Company, 1915; Project Wittenberg, 2006)

[17] Frase extraída de página luterana alemã (http:/ / www. luther. de).[18] Luther’s Works, Pelikan, Vol. XX, pág.: 2230).[19] Dennis Prager e Joseph Telushkin: Why the Jews? The reason for anti-Semitism (Por que os Judeus: A causa do anti-semitismo) (Nova

York: Simon & Shuster, 1983), p. 107[20][20] Oberman, Heiko A. The Roots of Anti-Semitism in the Age of Renaissance and Reformation. James I. Porter, trans. Philadelphia: Fortress

Press, 1984. ISBN 0-8006-0709-0.[21] Neumann, Behemoth, pág. 109. Projeto Anti-semitismo" do Instituto de Pesquisas Sociais, publicado em Studies in Philosophy and Social

Science". 1940.[22] Ascensão e queda do Terceiro Reich Triunfo e Consolidação 1933-1939. Volume I. William L. Shirer. Tradução de Pedro Pomar. Agir

Editora Ldta., 2008. ISBN 978-85-220-0913-8[23] Martim Lutero: Concerning the Jews and their lies (A respeito dos judeus e suas mentiras), reimpresso em Talmage, Disputation and

Dialogue, pág.: 34-36.[24][24] Luther, Martin. "On the Jews and Their Lies," Luthers Werke. 47:268-271.[25] Stöhr, Martin. "Die Juden und Martin Luther," in Kremers, Heinz et al (eds.) Die Juden und Martin Luther; Martin Luther und die Juden..

1985, 1987 (Segunda edição). p. 90.[26] Oberman, Heiko. Luther: Between Man and Devil. New Haven, 1989.[27][27] Michael, Robert. "Luther, Luther Scholars, and the Jews," Encounter, 46 (Autumn 1985) No.4:343.[28][28] Luther, Martin. On the Jews and Their Lies, cited in Michael, Robert. "Luther, Luther Scholars, and the Jews," Encounter 46 (Autumn 1985)

No. 4:343-344.[29][29] Marcus, Jacob Rader. The Jew in the Medieval World, p. 198.[30] Vincent Fettmilch, On the Jews and their[31] Lutheran Quarterly, n.s. 1 (Spring 1987) 1:72-97.[32] Berger, Ronald. Fathoming the Holocaust: A Social Problems Approach (New York: Aldine De Gruyter, 2002), 28.[33][33] Rose, Paul Lawrence. "Revolutionary Antisemitism in Germany from Kant to Wagner," (Princeton University Press, 1990), quoted in

Berger, 28);[34][34] Johnson, Paul. A History of the Jews (New York: HarperCollins Publishers, 1987), 242.[35] History of Anti-Semitism: From the Time of Christ to the Court Jews. (N.P.: University of Pennsylvania Press, 2003), 216.[36] The World Must Know. (Baltimore: Johns Hopkins University Press and the United States Holocaust Memorial Museum, 1993, 2000), 8–9.[37] Grunberger, Richard. The 12-Year Reich: A Social History of Nazi German 1933-1945 (NP:Holt, Rinehart and Winston, 1971), 465.[38] Adolf Hitler. Mein Kampf, pág.: 213. ISBN 0-395-92503-7.[39][39] in Heinonen, Anpassung und Identität 1933-1945 Göttingen 1978 p.150[40] (Dennis Prager e Joseph Telushkin: Why the Jews? The reason for anti-Semitism [Por que os Judeus: A causa do anti-semitismo] (Nova

York: Simon & Shuster, 1983), p. 107.)[41] Hart, Michael H. The 100: A Ranking of the Most Influential Persons in History, 1978 (Revised Edition, 1992), pág 174[42][42] Rosenfeld, Gavriel D. Journal of Contemporary History, Vol. 29, No. 1 (Jan., 1994). "The Reception of William L. Shirer's the Rise and Fall

of the Third Reich in the United States and West Germany, 1960-62. pág.: 95-96, 98[43] História. Volume Único. Gislane Campos Azevedo e Reinaldo Seriacopi. Editora Ática. 2007. ISBN 978-85-08-11075-9. Pág.: 143.[44] História das cavernas ao terceiro milênio. Myriam Becho Mota. Patrícia Ramos Braick. Volume I. Editora Moderna. ISBN 85-16-0402-4.

Pág.: 179.[45] História e Vida integrada. Nelson Piletti e Claudino Piletti. 2008. Editora ática. Pág.: 81. ISBN 978-85-08-10049-1.[46][46] FUNCK-BRENTANO, Frantz. Martim Lutero. 3. ed. Rio de Janeiro: Vecchi, 1968, p. 277.[47][47] Pronome indefinido alemão semelhante ao all inglês, no texto de Lutero ganha o significado de só, somente.[48][48] The 1522 "Testament" reads at Romans 3:28: "So halten wyrs nu, das der mensch gerechtfertiget werde, on zu thun der werck des gesetzs,

alleyn durch den glawben" (emphasis added to the German word for "all.". Apud en:WP[49][49] The Greek text reads: λογιζόμεθα γάρ δικαιоῦσθαι πίστει ἄνθρωπον χωρὶς ἔργων νόμου ("for we reckon a man to be justified by faith

without deeds of law")[50] Martin Luther, On Translating: An Open Letter (1530), Luther's Works, 55 vols., (St. Louis and Philadelphia: Concordia Publishing House

and Fortress Press), 35:187&ndahs;189, 195; cf. also Heinz Bluhm, Martin Luther Creative Translator, (St. Louis: Concordia PublishingHouse, 1965), 125–137. Apud en:WP

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Ligações externas• As 95 Teses, a vida de Lutero, meditações de Lutero em português (http:/ / www. luteranos. com. br/ categories/

Quem-Somos/ Nossa-História/ Martim-Lutero/ ) (em português)• Obras de Martin Luther (http:/ / www. zeno. org/ Literatur/ M/ Luther,+ Martin) (em alemão)• Martin Luther - Eine Bibliographie (http:/ / www. archiv-vegelahn. de/ nachschlagwerke_luther. html) (em

alemão)• Lutero segundo Eric Voegelin (http:/ / pwp. netcabo. pt/ netmendo/ SHIP 3 martinho_lutero. htm) (em português)• Martinho Lutero - O autor do conceito de educação útil - Revista Nova Escola (http:/ / revistaescola. abril. com.

br/ historia/ pratica-pedagogica/ autor-conceito-educacao-util-423139. shtml) (em português)

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