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DENSIDADE URBANA Aplicações para Planejamento Urbano NOTAS DE AULA PARA PLANEJAMENO URBANO Profa. Ana Maria Sala Minucci Martins fevereiro/2008

MARTINS, Ana Maria S. M. Densidade - Aplicações Para Planejamento Urbano

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Conceitos fundamentais sobre densidadeurbana e sua aplicação o planejamento urbano

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  • DENSIDADE URBANAAplicaes para Planejamento Urbano

    NOTAS DE AULA PARA PLANEJAMENO URBANOProfa. Ana Maria Sala Minucci Martins fevereiro/2008

  • 1. INTRODUO

    O tema da densidade um conceito chave para a processo de planejamento urbano, seja na fase de leitura da cidade (diagnstico) como na fase de proposies (planos ou programas de intervenes urbansticas) .Assim necessrio compreender seu significado , em especial as diferenas entre densidade demogrfica, densidade residencial lquida e densidade residencial bruta. *18/2/2008

  • Pontos chaveDensidade uma quantidade de unidades -pessoas, habitaes, rvores, metros quadrados construdos em relao a uma determinada rea.Densidade varia muito em funo da rea em que calculada. A densidade do lote ou de uma quadra quase sempre maior que a densidade de um bairro, por que na escala do bairro h mais rea incluida que no possui residencias.Densidade populacional depende tanto do nmero de unidades residenciais quanto do tamanho das famlias .

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  • DENSIDADE DEMOGRFICA (demographic density / densit de population, densit dmographique / densidad demogrfica). Relao entre a populao que reside em certo espao e em dado perodo e a rea desse espao, ou seja, o nmero de habitantes por unidades de superfcie. Em trabalhos de planejamento integrado, a unidade comumente utilizada habitantes por hectare (hab/ha). Os autores de lngua inglesa usam habitantes por acre (um acre = 0,4047 ha) e assim 1 hab/ha=0, 4047 hab/acre e 1 hab/acre = 2, 470966 hab/ha.

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    Densidade DemogrficaMunicpio de So Paulo1950 a 2000AnosPopulaoreaDensidadeTotalem km2hab/km219502.198.0961.6241.35419603.666.7011.5872.31019705.924.6151.5093.92619808.493.2261.5095.62819919.646.1851.5096.392200010.434.2521.5096.915Fonte: IBGE, Censos Demogrficos e EMPLASAOBS: Somente a partir de 1964 o IGC passou a calcular a rea do MSP

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  • Densidade urbana (urban density /densit urbaine / densidad urbana) . Relao entre a populao residente na zona urbana e a sua superfcie total, em hab/km2 ou hab/ha. Trata-se de uma densidade mdia e bruta. Como em geral a zona urbanizada (cidade propriamente dita) menor que a zona urbana densidade da zona urbanizada maior que a da zona urbana, definida em lei18/2/2008*

  • Densidade residencial bruta (gross residential density, gross housing density / densit rsidentielle brute / densidad residencial bruta):Relao entre a populao que habita um espao urbano e sua rea residencial bruta, ou seja, a soma de: rea ocupada pelos lotes residenciais ; rea das ruas de acesso aos lotes residenciais e estacionamento residencial; rea das escolas e do comrcio dirio ou local, rea das instituies de freqentao diria (praa, jardins, creches etc.); metade da rea das vias limtrofes desse espao. O mesmo que densidade habitacional bruta. (FERRARI, 2004)Db (densidade bruta) = P (populao) A (rea residencial bruta)

    No Brasil, a densidade residencial bruta mdia situa-se entre 250 e 450 hab/ha, sendo essa densidade a relao entre a populao residente e a rea bruta na qual ela reside (HOLLANDA, 2006).

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  • DENSIDADE RESIDENCIAL LQUIDA (net residential density, net housing density / densit rsidentielle nette / densidad residencial neta):Relao entre a populao que habita um espao urbano e sua rea residencial lquida, ou seja, a soma da rea ocupada pelos lotes residenciais com rea de acesso aos lotes residenciais e de estacionamento residencial. O mesmo que densidade habitacional lquida. DL (densidade lquida) = P (populao) A (rea residencial lquida) *18/2/2008

  • A densidade residencial mostra o grau de ocupao ou disperso de uma populao num determinado espao e os planejadores tm procurado estabelecer densidades timas ou ideais para plena realizao da vida urbana. A localizao e o dimensionamento dos equipamentos urbanos e comunitrios (escolas, parques, hospitais, redes de gua e esgoto, ect) esto intimamente relacionados com as densidades urbanas. Assim por exemplo, pretendendo-se dimensionar a densidade residencial lquida DL julgada tima e ter-se-h(FERRARI, 1991): DL (densidade lquida) = P (populao) A (rea residencial lquida) *18/2/2008

  • A densidade pode tambm ser utilizada como meio de regulamentao e controle do uso do solo. As leis de zoneamento podem fixar densidades brutas ou lquidas para as diferentes zonas inidretamente, atrves dos indices resultantes especialmente o ndice de aproveitamento, tambm conhecido como coeficiente de aproveitamento Vejamos a seguir.*18/2/2008

  • A partir de padres de densidade ideais criam-se os ndices de aproveitamento, mecanismo essencial do controle urbanstico e que indica a quantidade de construo possvel em cada terreno privado em funo de sua rea (o "potencial construtivo"). Com base em tamanhos consagrados de apartamentos, conjuntos ou salas (as chamadas economias), essa quantidade de construo possvel gerada pela multiplicao da rea do terreno pelo seu ndice de aproveitamento possibilita a inferncia de quantas economias resultaro de cada obra e, conseqentemente, qual ser a densidade resultante na zona ou no quarteiro. *18/2/2008

  • Se pensarmos que um quarteiro tradicional, com rea de 10.000 m2 (um hectare lquido) pode ser parcelado em 32 lotes com pouco mais de 300 m2 (o lote "clssico") e ocupado com um residncia por lote, temos uma densidade residencial lquida resultante de 32 habitaes por hectare. *18/2/2008

  • Tomando novamente o exemplo anterior, imaginemos como podem ser distribudas este mximo hipottico de 260 unidades em nosso quarteiro de um hectare: 16 edifcios de 4 pavimentos com quatro economias por pavimento . *18/2/2008Ou edifcios de 8 pavimentos com quatro unidades por pavimentoOu ainda, 4 edifcios de 16 pavimentos com quatro unidades por pavimento

  • os estudos so parmetros abstratos, valores ideais de quantidade de unidades por hectare aplicveis a zonas residenciais unifamiliares, zonas residenciais multifamiliares mais ou menos concentradas e zonas mistas, determinando o quanto cada uma delas comportaria numa situao hipottica com custos aceitveis de urbanizao.

    O grande ateno deve ser dada ao resultado*18/2/2008

  • A mesma densidade pode ser atingida variando a altura e a profundidade do edifcio. Neste exemplo, os blocos perimetrais de 3 pavimentos podem atingir a mesma densidade do prdio de 22 pavimentos (7200m2/ha).*18/2/2008

  • Quais so as densidades apropriadas reas residenciais em cidades? A resposta para isso algo como a resposta que Abraham Lincoln deu questo. Qual deve ser o comprimento das pernas de um homem? Longas o suficiente para alcanarem o cho, disse Lincoln. Assim , densidades apropriadas reas residenciais em cidades so uma questo de performance. Elas no podem estar baseadas em abstraes sobre as quantidades de solo urbano que idealsticamente devem ser alocadas para tal-e-tal nmero de pessoas (vivendo em alguma sociedade dcil e imaginria). Densidades so muito baixas, ou muito altas, quando frustram a diversidade da cidade ao invs de estimul-la. Ns temos que olhar para densidades muito da mesma maneira como olhamos para calorias e vitaminas. Quantidades certas so quantidades certas por causa de como se comportam. E o que correto difere em instncias especficas. (JACOBS, 1961)

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  • 18/2/2008*Urdaneta desenvolveu uma curva de comportamento dos custos das redes de infrae-estrutura em funo da densidade, para a Venezuela tendo constatado que a densidade que corresponde ao menor custo por habitante estaria em torno de 1.000 hab/ha.

  • Campos Filho ( p. 94) tem uma posio firme quanto ao adensamento no Brasil:O critrio em um pas pobre como o nosso, com gigantescas carncias urbanas, deve ser sempre o de extrair o mximo de possibilidades de adensamento oferecido pela estrutura viria e de transportes.

    *18/2/2008

  • Os profissionais e polticos que tem o poder de deciso sobre a cidade tem refletido pouco sobre o tamanho, forma e padro de urbanizao de reas residenciais urbanas e nos efeitos que exercem na qualidade de vida e do espao de moradia da populao.

    *18/2/2008

  • O debate ocorrido durante a conferncia Habitat II (1996) concluiu e alertou que as cidades no podero crescer linearmente e indefinidamente sobre o seu entorno natural sem colocar em risco os recursos naturais essenciais sua prpria existncia e sustentabilidade. O desenvolvimento sustentvel e duradouro necessariamente exigir uma reformulao de nossa viso de cidade e de nossos padres de urbanidade.

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  • conclusoOs urbanistas e planejadores urbanos defrontam-se com um dilema fundamental sobre o tamanho, a forma e o padro de crescimento que as cidades devem assumir no sculo 21. Os urbanistas devem para uma utilizao mais apropriada do conceitos de densidade que a relacione com qualidade de vida urbana. necessrio estar atento aos impactos no meio ambiente urbano, e na qualidade, intensidade e singularidade da vida e convvio urbanos.

    18/2/2008*

  • EXERCCIOS18/2/2008*

  • 18/2/2008*A tabela acima disponibilizada em meio digital pela SEMPLA http://sempla.prefeitura.sp.gov.br/infogeral.php apresenta dados territoriais e populacionais do Municpio de So Paulo. Analisando-a pode-se concluir que densidade indicada na tabela diz respeito ;(A) Densidade urbana em geral;(B) Densidade residencial bruta; (C) Densidade residencial lquida;(D) Densidade demogrfica;(E) Nenhuma das anteriores;

    Territrio e Dados de PopulaoAnoFonterea (em km)15092006IGCrea Urbanizada (em km)10002006Sempla/DiproPopulao (Estimativa 2006)10.995.0822006Sempla/DiproDensidade (Habitantes/km)7.286,302006Sempla/Dipro

  • A Vila Santa Joaquina, bairro originrio da primeira expanso da cidade de Nova F, em meados dos anos 30, tem cerca de 16.000 habitantes, dos quais 2.400 pessoas na faixa etria da terceira idade. Considerando apenas a rea residencial, ela apresenta densidade bruta de ocupao de 333 hab/ha, e lquida, de 695 hab/ha. A Vila Santa Clara, com histria semelhante de Santa Joaquina, tem 58.400 habitantes, dos quais 4.800 de terceira idade. Tambm considerando apenas a rea residencial, ela apresenta densidade bruta de ocupao de 151 hab/ha, e lquida, de 204 hab/ha. Em ambos os bairros, o uso no residencial praticamente inexiste. Em cada bairro, foi fundada uma ONG, que est elaborando projeto para construo de um "Centro de Convivncia, Trabalho e Lazer para Pessoas da Terceira Idade", com o mdulo de terreno de 0,5 ha para cada 1.200 pessoas dessa faixa etria. A partir desses dados, possvel inferir que encontrar reas para a construo do "Centro de Convivncia, Trabalho e Lazer para Pessoas da Terceira Idade"(A) apresenta a mesma dificuldade nos dois bairros, dado que a quantidade de reas no edificadas em ambos os casos a mesma.(B) mais simples na Vila Santa Joaquina, dado que ela apresenta maior quantidade de reas no edificadas que a Vila Santa Clara e a metade da demanda.(C) mais simples na Vila Santa Clara, dado que ela possui o qudruplo de reas no edificadas em relao Vila Santa Joaquina e apenas o dobro da demanda.(D) exigir, na Vila Santa Joaquina, rea superior s reas no edificadas ali existentes.(E) exigir, na Vila Santa Clara, rea superior s reas no edificadas ali existentes.

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  • A Canto do Galo, ocupao irregular situada em plena malha urbana da cidade de Cu Azul, tem cerca de 25.000 habitantes, dos quais 6.500 crianas com idade de 0 a 9 anos, apresentando uma densidade residencial bruta de 353 hab/ha e uma densidade residencial lquida de 438 hab/ha. A Arvoredo, ocupao irregular tambm situada na malha urbana da cidade, tem cerca de 18.000 habitantes, dos quais 4.700 crianas com idade de 0 a 9 anos, e apresenta uma densidade residencial bruta de 257 hab/ha e lquida de 409 hab/ha. Outros usos, que no o residencial, praticamente inexistem nas duas ocupaes, sendo que a totalidade das edificaes possui apenas um pavimento. Os movimentos de moradores de Canto do Galo e de Arvoredo esto exigindo que a Prefeitura cumpra uma das diretrizes previstas no Plano Diretor da cidade: a de que, a cada 500 crianas, seja oferecida uma rea de lazer de pelo menos meio hectare. A partir apenas desses dados, possvel inferir que implantar essas reas de lazer(A) nas duas invases apresenta as mesmas dificuldades, dado que a rea total por elas ocupada praticamente a mesma.(B) em Canto do Galo relativamente mais simples, dado que ela apresenta uma rea de maior tamanho (medida em hectares) de uso habitacional.(C) em Canto do Galo exigir uma rea menor que em Arvoredo.(D) em Arvoredo exigir uma rea superior s reas no edificadas ali existentes.(E) em Arvoredo relativamente mais simples, dado que ela possui o dobro de reas no edificadas, se comparada a Canto do Galo.

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  • ReferenciasACIOLY, Jr. Claudio . Densidade Urbana e Gesto Urbana. Mauad Editora, Rio de Janeiro, Brazil, 1998. 58 pp. FERRARI, Celson. Dicionrio de urbanismo. So Paulo: Disal, 2004.___________ . Curso de Planejamento Municipal Integrado. So Paulo: Pioneira, 1991. HOLANDA, Danielle Costa. Metodologia para avaliao da acessibilidade na localizao de escolas pblicas do ensino fundamental. Estudo de caso: Fortaleza. Universidade Federal do Cear, 2006. Dissertao de mestrado em engenharia de transportes.VARGAS, Jlio Celso. Densidade, paisagem urbana e vida da cidade: jogando um pouco de luz sobre o debate porto-alegrense. ISSN 1809-6298 . Texto Especial 195 agosto 2003. http://wwhhttp://www.vitruvius.com.br/arquitextos/arq000/esp195.aspttp . consultado em 06.0.08.

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    ***Por rea bruta, entende-se a rea total ocupada por: lotes residenciais, vias, reas de estacionamento, reas verdes de freqentao diria, escolas e reas comerciais. So excludas as reas industriais, reas verdes de freqentao no diria (jardim botnico, zoolgico, bosques), lagos, rios e outros usos institucionais.***Acrescente-se a o chamado solo criado e os demais mecanismos de transferncia ou comercializao de potencial construtivo, para os quais foi previsto um "plus" na densidade, sempre, segundo o modelo, compatvel com a capacidade da zona (na realidade, compatvel com a capacidade ideal de uma zona com aquelas caractersticas). Perfeito: estava dado o modelo, estavam definidos os regimes, estava montado o sistema de monitoramento da densificao. E o PDDUA foi s ruas.*Cabe aqui abrir um parntese e explicar a diferena entre densidade lquida e bruta. A primeira refere-se ao nmero de economias dividido exclusivamente pela rea privada dos quarteires (do alinhamento para dentro), enquanto a segunda divide a quantidade de economias existente em uma determinada regio por sua rea total em hectares.*Qualquer um, uma simples questo de gosto, diro alguns (e boa arquitetura, diria eu), imaginando que estamos a tratar de um quarteiro vazio em uma cidade abstrata, sem nenhuma ocupao adjacente ou contexto pr-existente. Realmente, nessas condies possvel aceitar quatro torres de 16 pavimentos harmoniosamente dispostas em uma quadra, com grandes afastamentos e baixa ocupao do solo. Tambm uma imagem agradvel um conjunto de 8 prdios distribudos na quadra, com formas elegantes conformando um arranjo de vis modernista. Ou, como na primeira hiptese, um padro europeu, com edifcios relativamente baixos colados uns aos outros, formando um quarteiro compacto, homogneo e com seu miolo totalmente livre, bem iluminado e ventilado.

    *O que j existia, a cidade que j ali se encontrava no pode ser relegada a um segundo plano. A densidade real, o estado real da infra-estrutura, a real oferta de equipamentos, a real saturao do sistema virio, as reais condies de vida e de qualidade ambiental, a prpria topografia da cidade, tudo isso deve ser , se foi considerado, o foi de modo superficial.***Dai a importncia de perguntarmos o quo densa poder ser uma cidade? Qual o limite? Existe um limite? Em funo de que? Quais os custos e benefcios de uma determinada taxa de ocupao e densidade populacional? Quais so os critrios a serem considerados em decises de projeto e de planejamento? *