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Dr. Márcio Bontempo 1 ¿ MEDICINA NATURAL Musicoterapia Geoterapia Fisiognomonia

Medicina Natural - ilustrado (aí também explica fisiognomonia)- Dr. Marcio Bontempo.pdf

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  • Dr. Mrcio Bontempo 1

    MEDICINA NATURAL

    Musicoterapia Geoterapia

    Fisiognomonia

  • ^ K U C O S NOVA C O i r

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    MEDICINA NATURAL D R . M R C I O B O N T E M P O

    Musicoterapia Geoterapia

    Fisiognomonia

    HOM CULTUR4L CRCULO DO OVRO

  • O poder da msica as energias da terra, a linguagem da face. ara os que conhecem apenas os aspectos mais corriqueiros da medicina natural, como as ervas medicinais, a homeopat ia ou a acupuntura, este volume traz surpresas interessantes. E m primeiro lugar, u m a das mais suaves, eficazes e poderosas maneiras de prevenir e tratar doenas, atravs de u m mtodo repleto de prazer e encantamento: a musicoterapia, ho je enriquecida e renovada pela experincia dos terapeutas modernos . Depois , o sistema mais simples, natural e singelo de tratamento, que emprega o recurso mais barato e abundante n o planeta a terra. E por ltimo, u m mtodo de diagnstico cujas razes se perdem na sabedoria milenar do Extremo Oriente a f is iognomonia, ou a avaliao das condies do organismo pela simples observao do rosto. As informaes tericas e prticas sobre essas trs matrias chegam ao leitor atravs de u m a viso humanista e da prpria experincia do autor, fornecendo elementos para u m autoconhecimento cada vez mais profundo e u m a sensibilidade sempre mais aguda para perceber as pessoas que esto prximas. Tanto a musicoterapia, como a geoterapia e a f is iognomonia so ricas fontes tcnicas para todos os interessados em descobrir o gratificante m u n d o da medicina natural.

  • Musicoterapia Para muitas culturas, o som a fora divina que se

    manifesta atravs das vibraes rtmicas.

    U ma das tcnicas ligadas ao uso das leis naturais, a mu-sicoterapia tem suas razes na sabedoria cujas origens se per-dem no tempo. O homem antigo desconhecia mtodos organizados de "terapia dos sons", mas, na verdade, nem precisava deles, pois conhecia e vivenciava espontanea-mente a influncia dos sons sobre.

    Os sons da natureza sempre fascinaram e

    influenciaram profundamente os

    seres humanos.

    O terror provocado pelos troves, a tranqilidade gerada pelo rudo de uma chuva fina, o enlevo produzi-do pelo canto de um pssaro, o x-tase a que se conduzido pelo som de uma flauta: todos esses sentimen-tos so fruto de efeitos inexplicveis, mas que sempre atraram e exerce-ram forte influncia sobre o ser humano.

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    So muitas as referncias e nume-rosos os escritos relacionados apli-cao da msica e dos sons na medicina. Na regio prxima a Ka-hum, no Egito, foi descoberto em 1889 um papiro de aproximadamen-te 4 500 anos que revelava a aplica-o de um sistema de sons e de msicas, instrumentais ou vocais, para o tratamento de problemas emocionais e espirituais. Esse siste-ma inclua at mesmo indicaes pa-ra algumas doenas fsicas.

    A mitologia grega tambm rica em informaes sobre tcnicas tera-puticas de carter musical. Ascl-pio, ou Esculpio para os romanos, filho de Apolo e deus da medicina do qual, acreditavam os gregos, descendia o prprio Hipcrates tratava seus doentes fazendo-os ou-vir cnticos considerados mgicos.

    Homero, por sua vez, famoso his-toriador que precedeu Plato, afir-mava que a msica foi uma ddiva divina para o homem: com ela, po-deria alegrar a alma e assim apazi-guar as perturbaes de sua mente e de seu corpo.

    A msica e o temperamento

    Os gregos antigos chegaram a de-senvolver um sistema bem organiza-do de musicoterapia, baseado na influncia de certos sons, ritmos e melodias sobre o psiquismo e o so-matismo do ser humano. Esse poder que se atribua ao som, ou msi-ca, denominava-se ethos e dividia-se em quatro tipos baseados nas qua-tro formas de temperamento huma-no. So eles:

    Etho frgio que excita, gera co-ragem e mesmo furor;

    Etho elio que gera sentimen-tos profundos e amor;

    Etho ldio que produz senti-mentos de contrio, de arrependi-mento, de compaixo e de tristeza;

    Etho drico que gera estados mais profundos, de recolhimento e de concentrao.

    Em todas as culturas antigas, se-jam elas egpcia, persa, grega, india-na, chinesa, japonesa ou qualquer outra, existem importantes refern-cias sobre terapia musical ou sobre a conexo entre msica e transforma-es do estado de esprito. Entre os gregos, ainda, a flauta do semideus P ficou famosa no s por encan-tar as pessoas como tambm por que eliminava os maus sentimentos acu-mulados no organismo.

    O remdio da alma

    Para os gregos, P foi o inventor da flauta, cujo som

    encantava os animais, os homens,

    as ninfas e at mesmo os deuses.

    Plato revelou especial admirao pelo estudo dos efeitos da msica so-bre os seres humanos e, em particu-lar, por seus efeitos teraputicos. Afirmava que "a msica o remdio da alma" e que chega ao corpo por intermdio dela. Ainda segundo o fi-lsofo, a alma pode ser condiciona-da pela msica assim como o corpo pela ginstica.

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    Demcrito, outro filsofo grego, afirmava com convico que o som melodioso da flauta doce conseguia combater os efeitos da picada de ser-pentes venenosas. Esse poder da flauta, cuja melodia encanta as pr-prias serpentes na ndia desde os tempos mais remotos, ganhou fama na Europa durante a Idade Mdia: acreditava-se, ento, que o som da flauta doce era capaz de curar crises de dor citica, como o confirmam re-gistros da poca.

    Hoje, a medicina natural, alm de aplicar esse mesmo recurso em cri-ses de citica, estendeu seu uso a manifestaes agudas de outras doenas nevrlgicas.

    Msica, alimento do amor

    Esse interesse pelos efeitos tera-puticos da msica no se limita aos filsofos e aos mdicos. O escritor e pensador alemo Goethe costuma-va passar horas e horas ouvindo sin-fonias que considerava inspiradoras e que, segundo suas palavras, "re-presentavam a fonte do pensamen-to e do sentimento puro". Antes dele,

    na abertura da pea Noite de Reis, Shakespeare j havia colocado na voz do Duque de Orsino um pedi-do aos instrumentistas: "Se a msi-ca o alimento do amor, continuem tocando".

    So infinitas as citaes em que a msica aparece ligada a sentimentos, emoes, pensamentos, e essa rela-o mais intensa e est mais enrai-zada nas culturas do que se imagina. Ainda na ndia, por exemplo, o ve-lho hbito de se pendurar sinos nas vacas animais sagrados para os in-dianos tem por objetivo afugen-tar os maus espritos, causadores de doenas; j os japoneses mantm o hbito milenar de pendurar, nas por-tas e janelas, instrumentos que pro-duzem sons passagem do vento. Desse modo "purificam-se" as vibra-es dos ambientes, criando-se uma atmosfera de calma, de paz, prop-cia concentrao, interiorizao e mesmo ao convvio harmonioso. No h como negar a influncia dos sons na natureza anmica e mental do ser humano; esses recursos, alis, tm sido cada vez mais aproveitados pela moderna musicoterapia.

    Gandharva Veda: a influncia dos sons puros

    O s 's mdicos da antiga ndia tal-vez tenham sido os maiores conhe-cedores das tcnicas musicais curativas. A medicina ayurvdi-ca dispe at hoje de sons instru-mentais, de cnticos e de montras (sons vocalizados ou interioriza-dos) capazes de ativar e de equili-brar os centros de fora psquica do homem, promovendo a recupe-rao do organismo mesmo no ca-so de graves disfunes.

    Um dos ramos da literatura v-dica, o Gandharva Veda, ou "co-

    nhecimento dos tons musicais", rene tcnicas de musicoterapia baseadas em ragas, ou melodias improvisadas, capazes de produ-zir resultados surpreendentes. Se-gundo as teorias a seu respeito, a msica Gandharva agrupa as vi-braes fundamentais que pulsam na natureza a cada momento. Desse modo, h ragas especficas que devem ser ouvidas em deter-minadas.horas, pois exercem in-fluncia no s sobre quem as ouve, como em todo o ambiente.

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    Msica, doce msica U m recurso teraputico que utiliza a magia dos sons para

    harmonizar e curar o corpo e a alma.

    Lodernamente, a musicoterapia largamente empregada no trata-mento de diferentes anomalias psi-cofsicas como a esquizofrenia e em problemas tipicamente neurolgicos, como a afasia (perda total ou parcial da fala). Tambm exerce excelente in-fluncia no tratamento de neuroses e no autismo infantil. Recentemen-te, clnicos norte-americanos divul-garam os efeitos benficos de certas msicas no tratamento da crise as-mtica e da colite nervosa. Mesmo as neuroses de guerra tm sido tra-tadas com msica, e existem relatos comoventes de crises de choro inten-so provocadas pela audio de sin-fonias de Beethoven, nos alojamentos dos soldados no Vietn.

    De modo mais genrico, muitos profissionais ligados psicoterapia vm utilizando os sons para estimu-

    Bastante freqentes na arte medieval e renascentista, as figuras de anjos

    tocando instrumentos

    sugerem a relao da msica com os

    poderes celestiais.

    lar a auto-conf iana em seus pacien-tes, desenvolver a concentrao e aliviar tenses, atravs da msica ambiental instalada em consultrios ou ambulatrios. O mesmo vem acontecendo em muitos hospitais, onde uma suave msica ambiente gera tranqilidade e confiana, tan-to nos pacientes como nos funcion-rios. Clnicas e hospitais especializados em musicoterapia, porm, aplicam suas tcnicas como auxiliares no tratamento de doenas especficas. O Horton Hospital de Epson, Inglaterra, por exemplo, ob-teve bons resultados ao incluir con-certos musicais no tratamento de doentes mentais com profundas ten-ses nervosas, em casos de neuro-ses, depresso, choque provocado pela perda de parentes queridos, es-tupro e traumatismo por acidentes.

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    Efeito anestsico

    Na Universidade de Michigan (EUA), mdicos pesquisadores des-cobriram que o som da harpa alivia os pacientes portadores de sintomas histricos e que os solos de violino podem eliminar dores de cabea e diminuir a enxaqueca. Utilizando apenas a musicoterapia, um dentis-ta de Cambridge, Massachusets, rea-lizou centenas de obturaes e outro tanto de extraes sem precisar re-correr a anestsicos. Existem ainda referncias a cirurgias inclusive do corao e partos, cujo nico anes-tsico foi a musicoterapia. Um dos pioneiros no estudo da capacidade analgsica e anestsica da msica, o Dr. E. Gall, localizou no crebro hu-mano reas capazes de gerar blo-queios aos estmulos dolorosos provenientes das vias nervosas afe-rentes.

    Aumento da sensibilidade

    incontestvel a enorme influn- J fa cia da msica e dos sons sobre os se- 'Sf res humanos, os animais e as " plantas. A pessoa que aprende a to-car um instrumento em geral desen-volve maior sensibi l idade e introspeco. O escritor portugus Ea de Queiroz no deixou de ter ra-zo ao afirmar que "so os hinos que fazem as revolues", referindo-se ao imenso poder da msica sobre a al-ma humana.

    Muito mais que um amontoado de recursos aparentemente mgicos, a musicoterapia contempornea repre-senta a sistematizao das influn-cias da msica e sua utilizao teraputica e preventiva.

    Os instrumentos musicais

    e seu efeito

    'aseado nos estudos da musi-coterapia clssica, o psiquiatra in-gls Robert Schauffer observou os seguintes efeitos dos instrumentos sobre o organismo: Piano: combate a depresso e a

    melancolia; Violino: combate a sensao de insegurana; Flauta doce: combate nervosis-mo e ansiedade; Violoncelo: incentiva a intros-peco, a sobriedade; Metais de sopro: inspiram co-ragem e impulsividade.

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    O poder da msica Segundo sua qualidade, os estmulos sonoros produzem

    efeitos positivos ou negativos no ser humano .

    LS ondas sonoras so captadas pe-lo pavilho auricular e chegam ao conduto auditivo e ao tmpano, cu-jas vibraes atingem o ouvido m-dio, onde so convertidas em impulsos nervosos. Esses impulsos viajam at o crebro pelo nervo ti-co e ali so interpretados por clu-las nervosas altamente diferenciadas, que "entendem" tais estmulos como som. O deslocamento das vibraes sonoras no lquido cerebrospinal e nas cavidades de ressonncia do c-rebro determina um tipo de massa-gem snica que, segundo a qualidade harmnica do som, pro-duz efeitos positivos ou negativos, benficos ou no ao sistema psico-bioenergtico. As fibras nervosas convertem o som captado em est-mulo nervoso propriamente dito.

    O encadeamento de estmulos produz, ento, efeitos especficos no organismo. No caso da dor, a msi-ca melodiosa, terna e serena, deter-mina efeito analgsico ou anestsico. Atravs de complexos mecanismos, os neurnios atingem um estado de harmonia, que se traduz como re-pouso da clula; o efeito oposto ocorre com sons estridentes, muito fortes, desarmnicos, que determi-nam hiperestimulao das clulas nervosas e stress neuronial.

    Ritmos perturbadores

    Msicas de ritmo muito marcado, como o samba, ou dissonantes, co-mo o rock, embora funcionem como estimulantes, exercem efeito disper-sivo sobre o sistema nervoso, impe-dindo a concentrao e o relaxamento.

    Sons agressivos, ouvidos em volume excessivamente alto, podem sobrecarregar o sistema nervoso e provocar tenso.

    Assim, conforme sua qualidade, intensidade e quantidade, o som po-de beneficiar ou agredir o organis-mo. O ouvido humano est preparado para resistir a rudos de alta intensidade apenas durante cur-tos perodos. Aps pouco mais de uma hora de exposio a sons inten-sos, de aproximadamente 100 deci-bis, o sistema nervoso necessita de cerca de 40 horas para se recuperar completamente dessa espcie de "trauma".

    Diante disso, fcil imaginar os danos provocados pela vida numa cidade grande ou em locais com fre-qentes rudos fortes, constantes e desagradveis. A musicoterapia se torna cada vez mais necessria, j que uma das tcnicas capazes de restabelecer a paz e a harmonia in-terior do ser humano, hoje to pre-judicado pelo barulho, pelos sons agressivos, pela msica dissonante ouvida em volume excessivamente alto.

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    Estudos realizados pela Academia Francesa de Medicina apontam o rudo forte como responsvel por grande parte das depresses nervo-sas e de muitas enfermidades org-nicas. Segundo essas pesquisas, em 1982, o rudo das fbricas foi respon-svel por 1 1 % dos acidentes de tra-balho; o excesso de barulho foi a causa de um tero dos casos de de-presso nervosa entre trabalhadores franceses e uma em cinco interna-es psiquitricas deveu-se a esse mesmo motivo.

    Os benefcios da msica

    Segundo os especialistas, a msi-ca harmnica pode provocar, nos se-res humanos, oito tipos de efeito

    1. anti-neurtico 2. anti-distnico 3. anti-stress 4. sonfero e tranqilizante 5. regulador psicossomtico 6. analgsico e/ou anestsico 7. equilibrador do sistema car

    diocirculatrio 8. equilibrador do metabolismo

    profundo.

    Para os estudiosos, a influncia da msica atinge diversos rgos e sis-temas do corpo humano: o crebro, com suas estruturas especializadas, como o hipotlamo, a hipfise, o ce-rebelo; o crtex cerebral, o tlamo, o plexo solar, os pulmes, todo o aparelho gastrintestinal, o sangue e o sistema circulatrio (com ao va-soconstritora e vasodilatadora, agin-do, portanto, na presso sangunea), a pele e as mucosas, os msculos e o sistema imunolgico.

    O mdico polons Andrzes Janic-ki, especialista em musicoterapia, aps realizar muitas experincias nesse campo, concluiu tambm po-sitivamente a respeito da influncia da msica no sistema nervoso cen-tral, no sistema endcrino, no siste-ma nervoso autnomo (simptico e parassimptico), nas funes de nu-

    merosos rgos internos, na funo psquica e na memria. Tais influn-cias se revelam diretamente nos se-guintes aspectos:

    ritmo cardaco presso arterial secreo do suco gstrico tonicidade muscular equilbrio trmico metabolismo geral volume do sangue reduo do impacto dos estmu-los sensoriais funcionamento das glndulas sudorparas reduo da sugestionabilidade e do medo.

    Segundo o neuropsiquiatra francs facques Baoudoresque, o excesso e a freqncia de rudos podem provocar desordens psico-orgnicas como: lceras e distrbios gerais do es-

    tmago: elevao da presso arterial; perda temporria ou reduo da

    capacidade auditiva (quando acima de 65 decibis);

    agravamento de doenas car-dacas;

    reduo do campo e da acuida-de visual;

    reduo do tempo de sono normal;

    dificuldade de percepo das cores;

    aumento de sudorese; reduo da capacidade de con-

    centrao; reduo da capacidade inte-

    lectual; tendncia a cibras, vertigens e

    espasmos ou clicas; aumento do consumo de

    oxignio; maior tendncia a neuroses; perturbaes circulatrias do fe-

    to na gravidez; desequilbrios nas reaes

    neuro-psquicas e orgnicas.

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    Tcnicas teraputicas de aplicao da msica

    As experincias do Centro de Pesquisas e Aplicaes Psicomusicais fizeram da Frana u m dos pases pioneiros no

    emprego da musicoterapia.

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    A msica pode ser usada de di-versas formas como tratamento: desde a simples msica ambiental constante, passando pela audio individual ou grupai, ou ento no ambiente dos centros de terapia, associada a tratamentos clnicos ou a outras tcnicas como a cro-moterapia, a aromaterapia, a bioe-nergtica, a reflexologia, a ioga, a meditao, a alimentao natural, a ginstica e a dana.

    Atualmente, a musicoterapia tambm tem sido associada a v-rias formas oficias de tratamento, em particular psiquiatria, fi-sioterapia e medicina psicosso-mtica.

    Na Frana, um dos pases pio-neiros nos estudos de musicotera-pia, foi criado um Centro de Pesquisas e Aplicaes Psicomu-sicais, cujos terapeutas sistemati-zaram a terapia musical em dois grandes grupos: * a musicoterapia passiva, em que o paciente apenas ouve a msica especfica para seu tratamento;

    * a musicoterapia ativa, em que o paciente passa a tocar um ins-trumento, em grupo ou isolada-mente, segundo suas necessidades teraputicas.

    Em ambos os casos, a msica ou o conjunto de peas musicais uti-lizadas no tratamento so escolhi-das aps entrevistas que definem os diagnsticos e as tcnicas mais adequadas.

    Com base na experincia do Centro de Pesquisas e Aplicaes Psicomusicais, o efeito de determi-nadas msicas sobre pacientes com doenas nervosas foi dividi-do em quatro grandes grupos:

    Efeito relaxante Hino ao Sol, de Rimsky-Korsakov Sonho de Amor, de Liszt O Lago dos Cisnes, de Tchai-kovsky Fantasia e Fuga em Sol Menor, de Bach Serenata, de Schubert Largo, do Xerxes, de Haendel.

    Efeito de tranqilidade profunda Ave Maria, de Schubert Rverie, de Schumann Cano da ndia, de Rimsky-Korsakov Suite em R Maior, de Bach.

    Efeito tonificante Abertura da Ada, de Verdi Sinfonia N? 5, de Dvorak A Grande Marcha, do Tannhau-ser, de Wagner Judeus, da pera Fausto, de Gounod.

    Efeito de exaltao e estimulao Serenata, de Toselli Adagio, de Albinoni Daphnis et Chlo, de Ravel As Criaturas de Prometeu, de Beethoven Rquiem, Opus 48, de Faure (parte final).

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    Musicoterapia: como utilizar As obras de compositores clssicos vm sendo estudadas e aplicadas

    h longo tempo pelos musicoterapeutas, com resultados comprovados. Siga atentamente as instrues e deixe a msica fazer o resto.

    Ilustrao: K i k a

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    Para combater a ansiedade: Barcarola (dos Contos Musicais),

    de Offenbach; Dana Polovetsiana, de Borodin; Os 4 Improvisos, de Chopin; Cano Sem Palavras, Andante

    cantabile, Primeiro Quarteto Para Cordas em R, de Tchaikovsky;

    Sonho de uma Noite de Vero, de Mendelssohn;

    ria para a Quarta Corda, de Bach.

    Inicialmente, oua as peas uma a cada dia e identifique aquela que produz maior impacto no plano dos sentimentos. Escute-a ento diariamente, durante meia hora, em ambiente silencioso. recomendvel usar fones de ouvido.

    Para estimular a energia vital: Marcha Eslava, de Tchaikovsky; Marcha da Festa, do Tannhauser,

    de Wagner; Marcha Fnebre para uma

    Marionete, de Gounod; Marcha Rakruzky, de Berlioz; Marcha Triunfal, da pera Ada,

    de \erdi.

    As peas acima so particularmen-te recomendadas no tratamento de doenas crnicas, debilitantes, nas quais ocorre profunda reduo da vi-talidade. Em casos de fraqueza pro-funda, anemias e depresses com acometimento fsico pronunciado e em casos terminais de cncer, essas msicas devem ser continuamente tocadas no quarto do paciente, sem-pre em volume suave.

    Para produzir harmonia, equilbrio emocional e mental: Consolao N? 3, de Liszt; Noturno, de Rimsky-Korsakov; Sonata ao Luar, de Beethoven; Cano Noturna, de Schumann; Trio em D Menor, segundo

    movimento, de Chopin.

    Recomendadas queles que perde-ram pessoas queridas e nos estados de inconformismo, as peas musicais acima tm sido aplicadas com bons resultados em certos tipos de esqui-zofrenia e no retardamento mental. Devem ser ouvidas com freqncia, no mnimo durante uma hora todos os dias, em ambiente tranqilo, ou ento continuadamente na residn-cia, no local de trabalho, no carro.

    Para combater a depresso e o medo excessivo: Sonho de Amor, de Liszt; Serenata, de Schubert; Guilherme Tell (Abertura), de

    Rossini; Noturno, Opus 48, de Chopin; Chacona, de Bach.

    O ideal uma sesso diria de meia hora pela manh, ao levantar; se necessrio, repita no decorrer do dia.

    Para combater insnia, tenso e nervosismo: Cano da Primavera, de

    Mendelssohn; Sonata ao Luar, de Beethoven

    (primeiros movimentos); Valsa N? 15, em L Bemol, de

    Brahms; Sonho de Amor, de Liszt; Movimentos Musicais N? 3, de

    Schubert.

    Depois de ouvir todas as peas in-dicadas, escolha a que deu melhores resultados e escute-a diariamente, antes de dormir. No incio, os efei-tos so leves: preciso um pouco de

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    pacincia e persistncia para notar progressos. Em casos mais acentua-dos, o efeito teraputico pode dimi-nuir com o tempo. Se isso acontecer, escolha outra msica do grupo.

    Para favorecer interiorizao e meditao: Concerto N? 2 para piano, de

    Rachmaninov (ltimo movimento);

    Concerto em L Menor, para piano, de Grieg (primeiro movimento);

    Concerto N? 1 para piano, de Tchaikovsky (primeiro movimento).

    Prepare-se bem para a prtica da meditao ouvindo qualquer uma das peas acima durante cerca de 10 minutos.

    Para pessoas de carter pessimista: Abertura do Guilherme Tell, de

    Rossini (parte final); Carmen, de Bizet (parte final); Abertura 1812, de Tchaikovsky; Mestres Cantores, de Wagner

    (abertura); Valqurias, de Wagner (abertura); Dana Hngara N? 5, de

    Brahms; Bacanal, de Sanso e Dalila, de

    Strauss; Dana dos Comediantes de A

    Noiva Vendida, de Smetana; Bolero, de Ravel; Lohengrin, de Wagner (Preldio

    do terceiro ato); Dana de Anitre, da Suite Peer

    Gynt, de Grieg.

    Estas peas devem ser ouvidas fre-qentemente pelas pessoas que ten-dem negatividade e ao pessimis-mo. Conforme sua sensibilidade, a prpria pesssoa vai descobrir qual delas a mais indicada.

    Para casos de debilidade muscular, apatia, sensao de fraqueza, obesidade com prostrao, desequilbrios nervosos e doenas debilitantes dos msculos em geral: Danas Eslavas, de Dvorak; Dana Hngara N? 5, de

    Brahms; Pavana, de Debussy; Valsa da pera Eugne Onguine,

    de Tchaikovsky; Marcha da pera Ada, de Verdi; Dana dos Marinheiros Russos, de

    Glire.

    Recomenda-se ouvir as peas con-tinuamente, como msica de fundo, durante todo o dia e tambm noi-te, mesmo dormindo.

    Durante a gravidez e para facilitar o parto:

    Concerto para Violino, Opus 87 B, de Sibelius;

    Sonata Opus 56, de Haydn; As Quatro Estaes, de Vivaldi; Concerto Trplice, de Beethoven; Concerto para Violino, de Brahms; Concerto para Violino, de

    Tchaikovsky.

    Ouvidas alternadamente, por pe-rodos, durante a gravidez e nos dias que precedem o parto, estas peas musicais geram bem-estar e contri-buem para o nascimento de crianas mais tranqilas.

    Para obter efeito analgsico e anestsico em cirurgias, segundo a experincia da Dra. Sara K. Makler: Estrela Noturna e Murmrio no

    Bosque, de Wagner;

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    Clair de Lune, de Debussy; Sonata ao Luar, de Beethoven,

    (primeiros movimentos).

    Devem ser ouvidas algumas horas antes e durante a cirurgia.

    Para melhorar e estimular a memria: Concerto em D Maior para

    Bandolim, Corda e Clavicordio, de Vivaldi;

    Largo do Concerto em D Maior para Clavicordio, BMW 976, de Bach;

    Largo do Concerto em F Menor, BMW 988, de Bach;

    Spectrum Suite, Confort Zone e Starborn Suite, de Stephen Halpern.

    Faa sesses de uma hora, de pre-ferncia pela manh, ao acordar. Escute uma pea por dia, alternan-do-as.

    Para acalmar ambientes tumultuados: Sonho, de Debussy; Tema de Amor da Abertura de

    Romeu e Julieta, de Tchaikovsky; Pavana para uma Infanta Defunta,

    de Ravel; Morte do Amor, de Tristo e

    Isolda, de Wagner; Dia de Esponsales en Troldhausen,

    (Noturno), de Grieg; Noturno para Cordas, de Borodin; Variao N? 18 sobre um tema de

    Paganini, de Rachmaninov.

    Como msica de fundo, estas pe-as podem ser tocadas seguidamente em escritorios, lares tumultuados, hospitais, fbricas, salas de espera,

    bancos, etc. Os resultados tm se re-velado notveis. Tambm j se com-provou que, aplicadas em casas comerciais de grande porte, alm de criarem uma atmosfera harmoniosa entre os funcionrios, levam os clien-tes a realizarem suas compras com maior tranqilidade.

    Para combater o stress e doenas correlatas: Traumergi, de Schumann; Clair de Lune, de Debussy; Melancolia Matinal, da Suite Peer

    Gynt, de Grieg; Cano da Estrela da Tarde, do

    Tannhauser, de Wagner; Estudo Opus 10, N? 3, de

    Chopin.

    Todas as manhs, antes de iniciar o trabalho, faa uma sesso de meia hora; oua cada uma das peas du-rante uma semana. So muito efica-zes contra o stress, o cansao por excesso de trabalho ou de preocupa-es, a tenso nervosa, a impulsivi-dade, a preocupao exagerada com pequenas coisas, as exploses de irascibilidade em crianas rebeldes e mimadas. Tambm produzem resul-tados satisfatrios nos casos de doenas orgnicas psicossomticas decorrentes do stress, desde que as-sociadas a tratamentos mdicos, co-mo nos casos de lceras gstricas e duodenais, colites, soluos e outros distrbios de origem nervosa. Efica-zes tambm nas crises histricas, na falta de estmulo sexual, com impo-tncia ou frigidez, e na enurese in-fantil.

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    Msica, o melhor medicamento A msica na cura das doenas mentais:

    uma experincia que deu certo.

    Opsiquiatra ingls Robert Schauffer aplicou tcnicas de mu-sicoterapia em manicmios para doentes mentais graves, com ex-celentes resultados. Ao perceber que os doentes reagiam de diver-sas maneiras s msicas habitual-mente tocadas em seu consultrio, Schauffer comeou a estabelecer variaes musicais, observando e acompanhando os efeitos dessas mudanas nos pacientes. Notou, por exemplo, que a msica desar-mnica e dissonante produzia agi-tao e despertava sentimentos negativos como medo e dio. Ob-servou tambm que os tons gra-ves provocavam depresso e que msicas de ritmo bem marcado, como o samba ou o jazz, geravam em certos pacientes um estado de

    agitao ou de disperso mental, f a msica leve, suave e melodio-sa criava um ambiente de sereni-dade, favorecendo a digesto, regulando a circulao sangunea e equilibrando o metabolismo. O Dr. Schauffer comeou, ento, a utilizar sistematicamente uma s-rie de peas de msica erudita, e acabou por desenvolver uma bem sucedida tcnica de musicoterapia. Utilizando apenas a msica e evi-tando as drogas psiquitricas, ob-teve resultados excelentes, inclusive a cura de vrios casos considerados difceis. As indica-es abaixo baseiam-se nas obser-vaes e concluses desse trabalho. Esgotamento fsico: O Rio

    Moldava, de Smetana; pe-as de Grieg.

    Esgotamento nervoso: Pre-ldio do Carnaval, de Dvorak.

    Depresso com manias: A Cavalgada das Valqurias, de Wagner.

    Insnia: obras de Chopin. Tristeza: concertos de

    Dvorak; obras de Bee-thoven.

    No combate inveja:Prel-dio dos Mestres Cantores, de Wagner.

    No combate preguia: valsas, polcas e mazurcas.

    No tratamento da loucura com fria: Coro dos Peregri-nos, do Tannhauser, de Wagner.

    No combate ao alcoolis-mo: obras de Bach.

    Como fazer uma sesso individual LJscolha um lugar calmo, de preferncia sem rudos, isolado, onde voc pode se garantir de que no ser perturbado nem inter-rompido. Deixe-o na penumbra.

    Deite-se confortavelmente e, ainda sem msica, faa um peque-no exerccio de relaxamento: estique-se e tensione todos os ms-culos; depois, solte-os. Faa isso algumas vezes, enquanto respira suave e profundamente, em ritmo lento, inspirando e exalando sem-pre pelo nariz. Procure manter sua mente livre de tenso. Para is-so, basta no dar nenhuma aten-o aos pensamentos que tiver: deixe que eles venham, mas no se ocupe deles. Mantendo essa disposio mental, coloque a m-sica que escolheu, em volume mo-derado.

    Continue deitado, feche os olhos

    e deixe que a melodia o envolva. Imagine que ela o invade, inun-dando seu crebro e todas as suas clulas, percorrendo a medula es-pinhal e espalhando-se pelo pei-to, como se fosse uma luz. Imagine ainda que, suavemente, ela penetra no trax, chega aos pulmes e depois ao corao, cu-jas pulsaes distribuem essa "luz sonora" por todo o organismo. Continue respirando suavemente, sempre pelo nariz.

    Imagine, ento, que a msica inunda todo o seu corpo, integrando-se a ele, produzindo harmonia e equilbrio, o que se re-fletir em profunda sensao de bem-estar.

    Estabelea um tempo mnimo de 20 minutos para essas sesses di-rias de musicoterapia.

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  • M U S I C O T E R A P I A

    A obra sublime de Beethoven Quase dois sculos depois de ter sido criada, a msica imortal

    deste grande artista alemo continua chegando at ns com a m e s m a fora que arrebatou seus contemporneos .

    Ur m dos maiores mestres da m-sica de todos os tempos, Beethoven tambm considerado o mais pro-fundo, o mais misterioso, pois viveu em estreita conexo com aquele pla-no mais insondvel da vida, incom-preensvel para alguns, inatingvel para muitos. E foi atravs de sua obra que ele procurou transmitir um pouco desse mistrio incomensur-vel a que seu esprito extremamen-te sensvel teve acesso: esse sutil mundo superior, to distante das conscincias menos refinadas, volta-

    das apenas para os aspectos super-ficiais da vida e condicionadas pela cultura massificante, presas sobretu-do simbologia limitada dos valo-res materiais.

    A msica uma forma direta de comunicao: ela fala de corao pa-ra corao. Ao mesmo tempo, po-rm, sua linguagem pode alcanar a dimenso mais profunda, sublime, abrangente e essencial daquilo que superior, tangenciando a natureza ilimitada da universalidade csmica. E Beethoven, como poucos, conse-

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  • M U S I C O T E R A P I A

    guiu plasmar em sua criao cinti-laes desse plano, desse mundo mgico, pleno de xtase, cujos atri-butos so inacessveis razo.

    Assim, para penetrar o universo beethoveniano, necessrio cultivar outros sentidos, como o discerni-mento, a percepo superior, a intui-o ou qualquer outro nome que se queira dar aos elementos da sensi-bilidade humana que ultrapassam a mente discriminativa, analtica, ra-cional e o mbito dos sentimentos in-feriores, como a paixo egosta. Porque a msica desse grande mes-tre s pode ser alcanada quando se transcende o universo conceituai ou intelectual a que o homem comum est preso, quando se ultrapassa aquilo que equivocadamente foi es-tabelecido como o limite dos senti-dos do ser humano.

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  • M U S I C O T E R A P I A

    As sinfonias de Beethoven

    A msica dos grandes mestres sempre foi um importante instru-mento utilizado nas escolas inici-ticas para elevar a capacidade de percepo. Em musicoterapia no diferente, e a msica de Beetho-ven, em particular, tem o dom de gerar profundas mudanas na vi-da de seus ouvintes, atravs de um dilogo sutil que constante-mente se renova.

    A seguir, uma sntese dos efei-tos das principais sinfonias de Beethoven.

    Primeira Sinfonia: estimula a motivao e a auto-confiana;

    Segunda Sinfonia: gera grande fora de vontade, poder de deciso; pode promover profundas transformaes em mentes passivas;

    Terceira Sinfonia: contribui para equilibrar o sistema nervoso; combate a tenso, o pessimismo, a incerteza e o desnimo;

    Quarta Sinfonia: transmite forte carga de sentimentos altrustas; ajuda a eliminar sentimentos negativos como o

    P a r t A ; o n

    dio, o egosmo, o cime, a inveja, o desejo de vingana e a luxria;

    Quinta Sinfonia: estimula a reflexo existencial, levando o ouvinte a pensar em seu processo dialtico e na prpria vida;

    Sexta Sinfonia: desperta a criatividade, particularmente no plano artstico, estimula a esperana, a autoconfiana e a busca de novos caminhos;

    Stima Sinfonia: propcia a auto-anlise e, conseqentemente, amplia o autoconhecimento; permite

    maior aprofundamento no inconsciente e encoraja o caminho da espiritualidade;

    Oitava Sinfonia: eleva o discernimento, abrindo os campos da conscincia a formas superiores de ser e de perceber;

    Nona Sinfonia: induz devoo mstica e permite o contato com estados mais refinados de conscincia.

    A "Dcima Sinfonia": acredita-se, nos' meios esotricos, que Beethoven teria composto mais uma sinfonia que nunca publicou. Tal deciso seria devida ao carter inslito e aos efeitos excessivamente intensos e profundos que sua audio poderia provocar, gerando reaes inusitadas e sentimentos estranhos em pessoas menos preparadas para o contato com as esferas mais sutis da realidade. Assim, a Dcima Sinfonia teria sido reservada apenas para alguns discpulos especiais das escolas iniciticas.

  • M U S I C O T E R A P I A

    Se as doenas, tenses e neuroses so basicamente causadas pelas presses da vida superficial, pela busca ansiosa promovida pelo egos-mo, pelos descaminhos marcados por desejos equivocados, enfim, pe-los condicionamentos aos falsos va-lores ditados por uma sociedade massificante, a soluo est em transcender, em superar a identifi-cao com esses valores que nos aprisionam, que tolhem nossa ver-dadeira liberdade de ser.

    E a msica de Beethoven capaz disso. Ao nos despertar para a suti-leza de um mundo sem palavras, mas repleto de significados eternos, ela nos permite o mergulho no ab-soluto. No sem razo que muitos, por temer o desconhecido, preferem o contato aparentemente seguro com a superficialidade, que na verdade perpetua a dor e o sofrimento, retar-dando a evoluo individual e mes-mo coletiva.

    Em contato com a essncia universal

    Quando algum ouve uma pea de Beethoven e se identifica com ela, sentindo-se tomado por sentimentos intensos, porm sutis, quase indefi-nveis, pode-se inferir que nessa pes-soa h um aspecto cultivado da alma que ultrapassa os limites comuns do plano mais grosseiro da vida. Este o poder da msica clssica, particu-larmente a de Beethoven: promover o contato com a essncia universal.

    Quando existe essa identificao, amplia-se o contato com a universa-lidade, que transforma o ouvinte, tornando-o mais sensvel e percep-tivo; se, no entanto, no ocorre de imediato nenhuma identificao, o simples ato de ouvir e a ateno in-teressada podem produzir um efei-to prximo da magia: abre-se o campo da percepo medida que o contato se torna mais freqente.

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  • M U S I C O T E R A P I A

    A Os sons da natureza

    msica do futuro no m-sica: desde os anos 70 vm sendo produzidas nos Estados Unidos fi-tas cassetes com sons ambientais, destinadas a uma importante e bem especfica utilizao psicol-gica. Segundo a psicoacstica cincia que investiga de que ma-neira o ser humano processa o som em sua mente , muita gen-te sofre uma carncia de sons da natureza. Bsicos para o equilbrio do homem desde que o mundo

    mundo, os sons naturais no so mais ouvidos por quem vive nas cidades. E isso gera uma necessi-dade, uma "saudade" subcons-ciente.

    As fitas podem ser ouvidas co-mo um "fundoambiental", mas tambm so teis para mascarar rudos perturbadores ou para es-timular a interao e a conversa. Devem ser escolhidas de acordo com as condies psicolgicas: uma fita com cantos de pssaros,

    por exemplo, ideal para acordar de manh, mas no funciona noite. O executivo que chega em casa tenso e esgotado j pode pe-gar no sono ao embalo do suave marulhar das ondas numa praia deserta... Entre outros bst-sellers do som natural destacam-se o ven-to nas rvores, uma noite no cam-po, um riacho correndo sobre as pedras, uma tempestade de neve nas montanhas, a chuva leve nu-ma floresta de pinheiros.

    A msica do terceiro milnio o movimento "New Age" ou Nova Era ganha cada vez mais adeptos no mundo inteiro. Esse re-nascimento filosfico, espiritual e cultural do planeta se expressa atravs de uma viso holstica, in-tegradora do mundo e do ser hu-mano. Engloba a preocupao com o meio ambiente, o respeito pela natureza, as terapias alternativas de auto-ajuda e sobretudo a ex-panso da conscincia humana e

    a passagem para um nvel espiri-tual mais elevado.

    O termo "new age music" foi criado na dcada de 70, na Cali-frnia, pelo compositor Stephen Halpern, um dos mais respeitados estudiosos dos efeitos do som e da msica nos seres humanos. Essa nova tendncia musical rene passado e futuro, integrando sons to variados como mantras india-nos, percusso africana, instru-

    mentos japoneses e sons acsticos produzidos por sintetizadores. Tambm incorpora influncias de impressionistas do incio do scu-lo, como Debussy, Ravel e Satie.

    Suave e harmnica, a msica da Nova Era trabalha com gran-des extenses meldicas. Os efei-tos que ela produz so em geral relaxantes e inspiradores, atuan-do de forma a expandir a conscin-cia do ouvinte.

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  • Geoterapia A cura pela terra

    da terra que retiramos nosso alimento, nossa gua, nossa energia vital. Nas palavras

    do chefe ndio Seattle, da nao Sioux, "tudo quanto fere a terra, fere tambm os filhos da terra".

    Como cincia do uso da terra, a geoterapia sem dvida uma das mais importantes tcnicas teraputicas da medicina na-tural. Est presente nos mais antigos tratados de cura popular e constitui uma tcnica bastante difundida entre curandeiros e mdicos famosos.

    Hipcrates (c. 460-c. 377 a.C), m-dico grego considerado o "Pai da Me-dicina", freqentemente utilizava a argila em seus tratamentos e ensina-va seus discpulos como us-la de ma-

    neira adequada. Encontramos essa prtica mencionada na obra de m-dicos clebres como Avicena (980-1037), Averrois (1126-98) e Gale-no (c. 131-c. 201), alm de cientistas e filsofos como Plnio (c.23-79 d. C ) , Aristteles (384-322 a. C.) e, mais re-centemente, o Mahatma Gandhi, grande admirador dos efeitos curati-vos da terra. Hoje raramente encon-tramos uma clnica naturalista que no utilize a argila, sozinha ou asso-ciada a outros elementos.

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  • G E O T E R A P I A

    Usos e costumes antigos

    Os antigos egpcios utilizavam a ar-gila como um dos componentes no embalsamamento das mmias e pa-ra a preservao de alimentos de ori-gem animal. Na Amrica, alguns grupos indgenas tinham por tradio "enterrar" seus doentes, que eram co-locados de corpo inteiro, na posio vertical, dentro de um buraco cava-do na terra. Apenas a cabea era dei-xada para o lado de fora, e o doente permanecia assim, em contato com a terra, durante muitas horas. Esse ti-po de tratamento era aplicado aos doentes terminais, beira da morte.

    Durante os ataques que sofreram dos Estados Unidos, os vietnamitas e os coreanos empregaram o banho de argila para tratar queimaduras srias, inclusive as provocadas por napalm.

    Averris, eminente filsofo rabe da

    Idade Mdia, comps vrias obras

    sobre medicina, astronomia e

    filosofia.

    Ainda hoje no Japo a argila utili-zada para conservar, s vezes por v-rios anos, ovos e alimentos de procedncia animal.

    O homem e a terra

    Universalmente, a terra a matriz que concebe as fontes, os minerais, os metais. Da terra retiramos o nosso ali-mento, a nossa gua dela depen-de a nossa vida. Nada mais natural, ento, do que utiliz-la como remdio.

    Em filmes documentrios, freqen-temente observamos cenas em que animais selvagens se untam de lama ou permanecem muito tempo mergu-lhados no lodo mido. Mesmo o nos-so co domstico no dispensa seus "banhos de lama" sempre que tem oportunidade. Por instinto, os animais percebem a capacidade que a argila

  • G E O T E R A P I A

    O hipoptamo, um dos maiores

    mamferos terrestres, passa o dia imerso na gua lodosa dos

    rios africanos.

  • G E O T E R A P I A

    possui de manter seus corpos mais sadios e de livr-los de energias malss.

    A sade e o bem-estar s podem existir quando o homem vive em har-monia com a terra em que habita, o que equivale a dizer que ele deve es-tar sempre em harmonia com as leis da natureza. No podemos esquecer que a terra possui tudo o que neces-sitamos: sua utilizao como medica-mento a mais natural das medicinas.

    A tartaruga um dos animais que costuma enterrar

    seus ovos.

    mumente encontrados. A composio qumica e geolgica da argila, porm, no basta para explicar suas qualida-des curativas. Existe um outro moti-vo muito mais importante para que a terra constitua um agente terapu-tico: a energia que ela contm.

    Por que a terra cura

    Existem vrios fatores que explicam o poder curativo da terra. Antes de mais nada, a existncia de uma de-terminada composio qumica e geo-lgica que, logicamente, varia muito de um lugar para o outro. Todas as terras e argilas, no entanto, possuem trs componentes geolgicos funda-mentais: o quartzo, o feldspato e a mi-ca, em quantidades diferentes se-gundo o terreno. Mas o que mais os-cila em termos de quantidade so os componentes qumicos; a sflica, o alu-mnio, o ferro, o clcio, o potssio, o magnsio e o titnio so os mais co-

    No Egito antigo, a argila era usada como um dos componentes da tcnica do embalsamamento.

    27

  • G E O T E R A P I A

    A energia telrica

    Na verdade a argila no contm apenas um tipo de energia, mas trs principais nela condensados. Como se sabe, os raios solares impregnam camadas superficiais do solo com energia calorfica e energia radiante, que ativam os cristais e os elementos desencadeando um processo dinmi-co e vitalizador capaz de beneficiar o corpo humano. Outro tipo de ener-gia a telrico-magntica, determina-da pelo prprio campo magntico vibratrio do planeta, que deixa a ter-ra impregnada de uma fora sur-preendente. Mesmo a argila seca, sem nenhuma umidade, contm essa energia. Por fim, a terra possui sua

    prpria energia, que determinada pela regio, pelo tipo de solo, pelas formaes geolgicas, idade das ca-madas, idade do solo, clima e res-duos vulcnicos, hoje infelizmente alterada pelos inevitveis poluentes. Essa energia intrnseca uma ener-gia estrutural derivada da prpria ter-ra e de seus componentes e no fcil especificar sua natureza.

    Para ilustrar o que acabamos de afir-mar, podemos fazer uma analogia com as guas minerais, que, tendo a mesma composio qumica, pos-suem efeitos diferentes, de acordo com a regio de onde provm. Isso se deve a algum fator ainda desconhe-cido pela cincia oficial, mas sem d-vida relacionado energia vital de cada regio.

    As energias telrico-magnticas da Terra tm um sentido norte-sul na superfcie e um sentido inverso no centro, j que o retorno se faz pelo eixo central, do sul para o norte, perfazendo o chamado espectro magntico do

    planeta. Quando recebemos corretamente as energias magnticas, mantemos a nossa prpria energia em harmonia. Caso contrrio, se recebermos essa energia

    lateralmente ou se ela entrar pelos ps, estaremos nos sujeitando a certas turbulncias e alteraes energticas desnecessrias e s vezes at nocivas.

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  • G E O T E R A P I A

    O simbolismo d Terra

    Em muitas culturas e religies, a Terra simboliza a me, fonte de todos os seres e protetora contra as foras de destruio. O costume de enterrar os

    mortos evoca essa idia de devolver os filhos s entranhas da me.

    Os primitivos artistas imaginaram Gaia, a me-Terra, como uma mulher de formas pronunciadas e seios enormes, ndice de fertilidade.

    Os romanos conceberam a me-Terra como uma altiva mulher de traos serenos. Neste relevo, o carter maternal da deusa indicado pelas crianas que a acompanham.

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  • G E O T E R A P I A

    Como a terra cura E m contato com o corpo doente, a terra produz certas alteraes que

    promovem a cura. Conhea os principais efeitos obtidos com a utilizao desse tipo de teraputica.

    Troca de energia com a rea afetada: quando aplicada externamente ou quando ingerida, a argila capaz de absorver a energia perniciosa acumu-lada na rea doente e transmitir sua energia de elevada qualidade vital. Assim, uma compressa fria de argila alivia a regio em que foi aplicada e torna-se quente, pois absorve o calor da regio doente. Nos casos d tumo-res malignos, o aquecimento da com-pressa intenso. Isso se deve passagem das energias malss do doente para a compressa, que funcio-na como uma espcie de "mata-borro" energtico, ao mesmo tempo que fornece energia de boa qualidade.

    Equilbrio trmico: o equilbrio de temperatura ocorre graas ao efeito dissipador de calor produzido pela compressa de argila fria. Esse efeito bem conhecido na hidroterapia.

    Cerca de 9.000 a.C, o homem comeou a cultivar a terra

    para tirar dela seu alimento.

    Ao vitalizante: esse efeito mais claro no uso interno da argila, que for-nece a sua carga energtica ao orga-nismo mesmo quando ingerida em pequena quantidade, como em geral recomendado. A ao neste caso do tipo "homeoptico", pois torna o organismo mais saudvel e dinmico.

    Ao anti-radiativa: a capacidade anti-radiativa da argila foi recentemente descoberta, graas observao de que objetos contaminados por radia-tividade, ao entrarem em contato com a lama, perdem a radiao em pouco tempo. Embora no seja uma proprie-dade aceita por todos os cientistas, sa-bemos que a argila tem a capacida-de de absorver energias estranhas ao organismo, como o caso da radia-o proveniente das exploses nu-cleares que se precipita da atmosfera sobre o planeta.

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  • G E O T E R A P I A

    Efeitos medicinais especficos Tanto interna como externamente, a terapia pela terra tem indicaes

    b e m precisas para muitos males. Alguns desses efeitos j eram conhecidos por povos antigos e fazem parte da tradio popular.

    Uso interno

    antiinflamatrio cicatrizante adsorvente (combate os

    gases intestinais) desintoxicante anticatarral (combate o

    catarro intestinal) vermfugo normalizador da

    digesto e da excreo antidiarrico e obstipante

    (prende os intestinos) analgsico (combate as

    clicas)

    Por seu efeito normalizador, suavi-zante, desintoxicante e purificador do aparelho digestivo, a argila til no combate a numerosas molstias, no apenas do aparelho digestivo mas de todo o organismo. bom lembrar que, para a medicina natural, o apa-relho digestivo comanda praticamente o corpo todo.

    A argila usada internamente con-tra lceras gstricas e duodenais, gas-trites, irritaes da mucosa digestiva, clicas intestinais, diarrias, colite ul-cerativa, vermes de todos os tipos, ga-ses intestinais, digesto lenta. Ela desodoriza as fezes e desintoxica os intestinos, eliminando substncias no-civas do tubo intestinal e do sangue. Tambm til no tratamento do reu-matismo crnico, da artrite, cido ri-co, colesterol elevado, catarro pulmonar, sinusite, rinite, enxaqueca, estomatite (aftas), mau hlito, amg-

    No I Ching o hexagrama K'UN,

    O Receptivo, se compe de seis linhas abertas.

    Tem como imagem a terra, e seu atributo a

    devoo, o poder malevel e

    receptivo da energia Yin.

    dalas inflamadas, adenides, dentes e ossos fracos.

    Em certas regies do planeta, inclu-sive em algumas reas do Nordeste brasileiro, existe o costume de forne-cer s crianas um tipo de gua de ar-gila para beber, a fim de combater as cries dentrias, a desnutrio, o ra-quitismo e os distrbios de crescimen-to. Em geral, isso ocorre em locais onde impera a desnutrio, e a argila usada como fonte de clcio, mag-nsio e outros elementos.

    Uso externo

    antiinflamatrio anti-sptico absorvente anti-reumtico antiinfeccioso analgsico antitraumtico cicatrizante antitumoral desobstruente antitxico emoliente regulador orgnico torficador estimulante vitalizante refrescante

    Essas propriedades da argila quan-do usada externamente permitem que ela seja empregada numa infinidade de doenas e alteraes orgnicas, co-mo: reumatismo, artrite, artrose, ce-lulite, varizes, dores musculares,

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  • G E O T E R A P I A

    cibras, contuses fechadas, febres de qualquer tipo, furunculose, tumores malignos e benignos, leucemia, amig-dalites, dores de cabea, m digesto, vescula preguiosa, gases, diarrias, priso de ventre, obesidade, inchaos, hemorridas, mastites (inflamaes da mama), cistos, distrbios mens-truais, fibromas, corrimentos vaginais, inflamaes da prstata, esterilidade, endometrite (inflamao da mucosa do tero), incontinncia urinria, in-feces urinrias, clica renal, dor ci-tica, lumbago, torcicolo, gota, arteriosclerose, angina do peito, taqui-cardia, palpitao, tenso nervosa, stress, distrbios da tireide, eczema, asma brnquica, pneumonia, tuber-culose pulmonar e articular, enfisema, sinusite, otite, rinite, vmitos, tosse, catarro, gripes e resfriados, clculo bi-liar, hepatite aguda e crnica, gastri-te, miopia, astigmatismo, presbiopsia (distrbio visual da velhice), hiperme-tropia, glaucoma, dores e inflamaes oculares, presso alta, presso baixa, enxaqueca, dores de dentes e ne-vralgias.

    Como se percebe, a argila tem efei-tos locais e gerais; estes ltimos devem-se sua ao reflexa. Uma compressa fria de argila aplicada so-bre o abdome durante cerca de 2 ho-ras por dia, por exemplo, capaz de eliminar mais da metade dos proble-mas mencionados acima.

    A Lua tambm exerce influncia sobre a Terra. O efeito lunar mais evidente so as mars, fluxo e refluxo das guas que acontece em todo o nosso planeta.

    Espalhe a massa de argila sobre um tecido bem limpo, de linho ou algodo, para formar um cataplasma. No use tecidos sintticos ou plstico: eles diminuem os efeitos da argila, s vezes at eliminando-os. A espessura da massa sobre o pano deve variar de 1 a 6 cm, de acordo com o local da aplicao. Em geral se usa uma compressa bem grossa para o trax e o abdome, e bem fina para o rosto. A cabea, a plvis e os membros recebem compressas de cerca de 3 cm de espessura. O tamanho varia segundo a extenso da rea a ser coberta.

    Ilustraes: Dilvacy M. dos Santos

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  • G E O T E R A P I A

    Preparando a argila

    Num recipiente de vidro ou madeira, misture a argila em p com gua pura (no serve a gua tratada das torneiras comuns) at obter uma consistncia pastosa. A massa no deve desmanchar nem soltar gua deve ser sensvel presso dos dedos e manter a forma. Se quiser, use uma colher de pau para obter uma mistura uniforme. Retire os pedacinhos de pedra e de argila que no se dissolverem. Evite o contato da argila com qualquer tipo de metal.

    A compressa tambm pode ser soltas para fechar a compressa. confeccionada com um quadrado de argila, como no desenho. Coloque o quadrado de argila sobre o pano e cubra com outro pedao de tecido antes de dobrar as pontas

    As aplicaes de argila sem pano obedecem aos mesmos critrios, mas so menos utilizadas devido dificuldade de remov-las aps o uso.

    O tempo de aplicao da compressa varia segundo o caso, mas em geral de 2 horas. H certas ocasies, porm, em que ela deve permanecer no doente por 12 ou at 24 horas.

    Em geral se utilizam compressas frias, mas para "puxar" uma rea com abscesso ou trazer superfcie uma infeco, mais indicada a compressa quente. Nesse caso, basta aquecer em banho-maria a massa de gua e argila antes de preparar a compressa. Para aplicar a compressa de argila,

    No caso de doenas bem localizadas, prepare uma compressa com uma camada mais grossa no centro (veja desenho) e coloque exatamente sobre a rea mais afetada. Esse tipo de compressa garante o tratamento da parte afetada e promove a dissipao do processo inflamatrio em torno da leso. especialmente indicado para furnculos, abscessos, tumores, dores e inflamaes localizadas, etc.

    convm que o paciente esteja deitado. Forre a cama com um plstico para evitar que a gua que emana da compressa manche a roupa de cama. Para melhores resultados, a aplicao deve ser feita diretamente sobre a pele do doente. Cubra a compressa com um pedao de plstico para manter a umidade.

    32

  • G E O T E R A P I A

    Alguns usos especficos So muitos os benefcios do tratamento com a argila, aplicada em

    compressas frias ou quentes. Veja os desenhos e siga cuidadosamente as instrues para obter os melhores resultados.

    Compressa abdominal fria

    Seu principal efeito a restaura-o do equilbrio trmico devido dissipao do excesso de calor acu-mulado na rea abdominal. A ali-mentao excessivamente rica em carboidratos (acares), carnes, con-servas, gorduras, laticnios, ovos, frituras, temperos fortes e aditivos produz a dilatao do intestino, fer-mentaes, gases, irritaes e infla-maes crnicas.

    A compressa de argila fria elimi-na esses problemas, favorecendo no s a regio dos intestinos como todo o organismo, que sofre com a m digesto. Assim, o tratamento til contra doenas crnicas e dege-nerativas, como o cncer em todas as suas formas. indicado tambm no tratamento auxiliar do diabetes, do reumatismo, do excesso de ci-do rico, da gota, artrite, artrose, ar-teriosclerose e diversos distrbios metablicos. Tem poderoso efeito no

    Compressa abdominal

    Ilustraes: Dilvacy M. dos Santos

    combate s doenas crnicas do f-gado, como a hepatite crnica e a cir-rose. Mesmo na hepatite aguda um recurso valioso. indicado pa-ra a m digesto, azia, doenas do pncreas, a falta de enzimas diges-tivas, colite, diarrias crnicas, en-jos, vmitos, enxaquecas e clicas intestinais.

    Para esse tratamento a compres-sa deve ser grande, com 5 cm de es-pessura, no mnimo.

    Em casos agudos, a compressa de-ve ser aplicada de 3 em 3 horas, re-novada a cada aplicao. Nos casos crnicos, diariamente durante 2 ho-ras, por mais de 60 dias, de prefe-rncia antes de dormir. O estmago deve estar vazio (aplicar com uma distncia mnima de 4 horas da l-tima refeio).Certas pessoas, no en-tanto, obtm melhores resultados aplicando a compressa pela manh, em jejum, e alimentando-se 2 horas aps a aplicao.

    Compressa fria abdominal completa, em cinta

    Nesse caso a compressa circunda toda a regio abdominal e as costas, como uma cinta grossa. Tem as mes-mas indicaes que a compressa ab-dominal simples, mas, por atingir tambm os rins e a parte inferior da coluna, eficaz contra as infeces urinrias e renais, reteno de lqui-dos, incontinncia noturna da urina, cistite e rins fracos.

    Devido sua ampla ao reco-mendada contra a psorase e o ec-zema, alm de produzir efeitos contra o lumbago e a citica. Muito eficiente na obesidade, principal-mente quando o problema acom-panhado de inchaos e reteno de

    34

  • G E O T E R A P I A

    Compressa abdominal em cinta

    gua com elevao de presso arte-rial. Deve ser lembrada como trata-mento no combate presso alta de qualquer natureza.

    A cinta abdominal deve ser apli-cada pela manh, em jejum, durante 3 horas. O tempo de tratamento no deve ser inferior a 30 dias nem su-perior a 60, podendo ser repetido aps um intervalo de um ms.

    Compressa torcica fria

    casos de torcicolo e nevralgia inter-costal. No deve ser aplicada quan-do o doente est sensvel ao frio local, quando est extremamente de-bilitado, quando existem feridas abertas no trax (exceo para o cn-cer externo) ou, ainda, no caso de herpes-zoster e em todas as situa-es em que o contato do trax com o frio contra-indicado.

    Compressa torcica

    Tem efeito poderoso nas doenas dos pulmes, do corao, dos vasos (artrias e veias) torcicos, do timo, da coluna vertebral e das glndulas mamrias. particularmente not-vel no tratamento da pneumonia aguda e crnica, tuberculose pulmo-nar, enfisema, crise aguda de asma brnquica, catarro pulmonar, angi-na do peito, como preventivo do en-farte do miocrdio, de tumores nos pulmes, nos brnquios e na tra-queia. Tambm atua nos casos de dores torcicas, dificuldades respi-ratrias, derrame pleural, tabagismo (para desintoxicar os rgos torci-cos), taquicardia, palpitaes, ndu-los benignos e cncer de mama em qualquer estgio, infeces das ma-mas (mastite), produo insuficien-te de leite. Tambm eficiente nos

    Nos casos agudos, a compressa deve ser grossa e permanecer sobre o local por cerca de 1 hora por dia at que o problema desaparea.

    Nos casos crnicos, pode ser um pouco mais fina (aproximadamente 4 cm.) e permanecer por 2 horas di-rias. Faa o tratamento pelo tempo mnimo de 3 semanas, repetindo-o por 6 vezes, sempre com um inter-valo de 30 dias entre um e outro.

    '5

  • G E O T E R A P I A

    Compressa plvica menstrual, hemorridas, plipos do perneo e dores em geral nessa re-gio. No pode ser usada nos casos de doenas venreas, feridas aber-tas, sfilis, e quando sua aplicao determina uma piora do caso.

    Em geral aplicada antes de dor-mir, 30 minutos, por 21 dias se-guidos.

    Compressa plvica quente

    Compressa plvica fria

    Esta uma compressa de forma-to triangular, de cerca de 4 cm. de espessura, que deve ser colocada so-bre a regio plvica e ajustada na re-gio do perneo, de forma a atingir a rea do cccix. O doente deve es-tar deitado, sem roupas.

    A compressa plvica til contra todos os tipos de cncer e de tumor do baixo ventre, da bexiga, prsta-ta, reto, ovrios, tero. Indicada nos casos de fibroma, clicas mens-truais, hemorragias, corrimentos va-ginais, cistos, alteraes do ciclo

    confeccionada e colocada da mesma maneira que a compressa fria, mas seu tempo de aplicao no deve ultrapassar 10 minutos. A tem-peratura precisa ser um pouco abai-xo da que o doente pode suportar. Deve ser aplicada no mximo duran-te 3 dias, mas em geral uma nica aplicao suficiente. Indicada pa-ra as clicas menstruais (s quais a compressa fria no trouxe alvio) e para processos infecciosos, funcio-nando como analgsico. Tambm pode ser usada com cuidado em ca-sos de furnculos e abscessos na re-gio. O contato com os rgos genitais precisa ser feito com muita cautela para no provocar quei-maduras.

    Escolha a argila em local despolu-do, o mais agreste possvel. Retire da argila corpos estranhos: pedras, pedaos maiores que no des-mancham, minhocas, insetos etc. Guarde o p da argila em saco de pano, em local seco e arejado. Utilize gua mineral de boa proce-dncia no preparo da massa de argila. No aplique a compressa em feri-das abertas, hemorrgicas, na muco-sa da boca, dentro do nariz, dentro da vagina, em fstulas, fissuras, micoses, frieiras, reas externas muito infec-

    cionadas, queimaduras e bolhas Se o doente piorar, suspenda ime-diatamente o tratamento. Tome muito cuidado ao aplicar com-pressas quentes. No use compressas frias quando o doente no estiver em condies de su-portar o frio local, especialmente quando se tratar de crianas peque-nas. A nica exceo o caso da com-pressa fria abdominal para o trata-mento da febre, mesmo quando ele-vada; nesse caso, no h contra-indicao.

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  • G E O T E R A P I A

    Compressa de cabea ou capacete frio

    Esta compressa deve ser moldada de modo a formar um capacete da testa at a nuca, cobrindo as orelhas. muito eficaz nas crises de dor de cabea, desde que no estejam liga-das presso alta. Tambm til na sinusite, otite, rinofaringite e nevral-gia do trigmeo. Sua aplicao tran-quiliza o sistema nervoso. O emprego mais notvel, no entanto, no tratamento de tumores benig-nos e malignos intracranianos.

    A compressa deve ser feita diaria-mente, por cerca de 30 minutos, du-rante 30 dias seguidos. Nos casos crnicos, a aplicao deve ser repe-tida por 6 meses, sempre com inter-valo de 10 dias entre uma e outra. Nos casos agudos, em geral basta uma nica aplicao. Antes de co-locar a compressa, aconselha-se a molhar os cabelos com gua fria. preciso manter a compressa bem co-lada ao couro cabeludo.

    Compressa de cabe,

    Compressa fria para o pescoo

    Esta compressa, que cobre todo o pescoo, indicada nos casos de amigdalite aguda e em todos os pro-blemas de tireide, em especial o hi-potireoidismo, o hipertireoidismo e as inflamaes tireoidianas.

    Nos casos agudos, o tempo de aplicao no deve superar 1 hora, durante 3 dias ou mais, at que de-sapaream os sintomas. Para os ca-sos crnicos, a aplicao deve ser de 2 horas dirias durante vrias sema-nas; depois, d um intervalo de uma semana antes de recomear. Nesse caso, a compressa no precisa ser muito grossa, apenas de uns 3 cm.

    Aplicao nos ps

    Aplicao de argila nos ps

    A pasta de argila, nesse caso, de-ve ser quase lquida e quente (o m-ximo que se conseguir suportar), colocada num recipiente no met-lico em que os ps possam ser mer-gulhados. muito til nos casos de gripes, resfriados, dores articulares nos ps e pernas, reumatismo dos membros inferiores e amigdalite; nesse ltimo caso, pode ser aplica-da simultaneamente compressa fria de argila no pescoo.

    O tempo ideal de 20 minu-tos, evitando-se qualquer tipo de friagem em seguida. Pode ser feita por vrios dias consecutivos.

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  • G E O T E R A P I A

    Mscara fria de argila

    Trata-se de uma aplicao que dis-pensa o pano de linho, pois feita diretamente na pele do rosto, em ca-mada fina. excelente no combate da acne, espinhas, cravos, acmu-los de gordura, pele oleosa e rugas, sardas e sinusite. Quem possui a pe-le seca, deve misturar argila um pouco de leo de mamona e, em vez da gua para dissolver o p, usar ch de camomila bem forte. A ms-cara deve ser aplicada 3 vezes por semana durante vrios meses. An-tes de aplic-la, lave o rosto com sa-bonete neutro, seque a pele e aguarde 30 minutos.

    Outras aplicaes Tanque de barro

    O doente imerso at o pescoo num tanque cheio de uma lama mui-to fina e fria, permanecendo assim por cerca de 20 minutos. A sensao de leveza provocada por esse mtodo in-descritvel, mas infelizmente no um tratamento fcil de ser colocado em prtica, pois exige uma grande quan-tidade de argila, que nem mesmo po-de ser reaproveitada. Alis, a argila

    nunca deve ser utilizada mais de uma vez, pois absorve energias perniciosas, toxinas e magnetismo de m qualida-de do corpo doente. A prtica do tan-que de barro utilizada apenas por clnicas especializadas em geoterapia; no Brasil existem algumas.

    Plulas de argila

    Utilizadas sobretudo na Europa, as plulas so bolinhas feitas da mesma

    massa de argila j descrita. Devem ser preparadas em grande quantidade, deixadas ao sol para secar e depois guardadas para serem usadas confor-me a indicao. A quantidade a ser ingerida varia de caso para caso, mas em geral de 5 a 10 bolinhas em ca-da refeio.

    Cpsulas

    Uma forma mais prtica de prepa-rar a argila para uso interno acon-dicion-la em cpsulas transparentes, vendidas em casas de material mdi-co e farmacutico. Em geral a dose de 3 cpsulas na hora das refeies.

    gua de argila

    Para prepar-la, coloque uma co-lher de caf bem cheia de argila fina para 1 copo de gua mineral pura. Coloque o p na gua e misture bem, com uma colher que no seja de me-tal. Deixe a mistura em repouso por algumas horas, at que o p assente no fundo do copo. Beba a gua lenta-mente, evitando que o p volte a se misturar gua, O ideal tomar a gua de argila pela manh, em jejum, uma hora antes da ingesto de qual-quer alimento.

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  • G E O T E R A P I A

    Escolha a argila adequada

    J_i m diversas partes do mundo os entrepostos naturalistas fornecem ar-gila em p para a confeco de com-pressas ou de comprimidos, com espe-cificaes na embalagem a respeito de sua procedncia. No Brasil, contudo, ainda no existe um comrcio de ar-gila que possa ser considerado segu-ro. Assim, para obt-la, necessrio retir-la da natureza.

    Existem numerosos tipos de argi-la, de vrias cores e diferentes densi-

    dades. A melhor de todas conhecida pelo nome de "tabatinga". De tona-lidade cinza-arroxeada, encontrada nos cerrados e caatingas. Excelente para o tratamento do reumatismo, largamente usada no interior do Bra-sil por curandeiros e caboclos. Mas a argila comum, cor de tijolo, tambm pode ser utilizada e possui ao me-dicinal intensa.

    A argila de boa qualidade parece mida ou "gordurosa", tem uma con-

    sistncia tal que cede presso dos de-dos e mantm a forma quando moldada. Deve sei retirada de um lo-cal despoludo, de preferncia de uma profundidade de cerca de 1 metro, e depois colocada ao sol para secar com-pletamente. Em seguida necessrio transform-la em p, esfarelando-a com as mos, e passando-a na penei-ra de modo a obter um p bem fini-nho. Esse p se conserva por muito tempo sem perder suas propriedades

    39

  • Fisiognomonia Ningum jamais viu diretamente o prprio rosto, que s possvel conhecer

    atravs do espelho. Mas, quer queiramos ou no, ele nossa parte mais reveladora, l inguagem silenciosa que nos desvenda para os outros.

    Fisiognomonia a tcnica de co-nhecer e diagnosticar as condi-es de sade de uma pessoa pela observao de sinais e formas da face e outras partes do corpo. Cincia antiga, muito utilizada pe-los mdicos orientais, constitui ho-je um importante recurso de diagnstico da medicina natural e se baseia na anlise de manchas, rugas,

    marcas, sinais, dilataes, inchaos e mesmo na forma natural de uma determinada rea.

    Para facilitar o estudo e compreen-der melhor sua aplicao, a fisiogno-monia divide a face em reas, cada uma delas correspondente a um r-go interno, aparelho ou funes biolgicas mais importantes.

    10

    12 12

    11

    4j

  • FlSIOGNOMONlA

    As reas ou regies da face

    rea 1

    Regio infra-orbitria ou abaixo da plpebra inferior; corresponde aos rins e bexiga.

    Essa regio ligada ao metabo-lismo hidreletroKtico, ou seja, refle-te as condies da distribuio de gua e sais minerais (mais propria-mente o sdio, o clcio e o pots-sio). Nos organismos cansados, devido ingesto de lquidos em excesso, como cerveja, vinho, re-frigerantes e mesmo gua (princi-palmente durante as refeies), ao consumo de alimentos carregados em sal ou ainda por uma predispo-sio orgnica herdada podem sur-gir bolsas dilatadas e inchadas nesse local, indicando ms condies da funo de excreo, acmulo de l-quidos e rins sobrecarregados.'

    Em clnica mdica, este sinal in-dicativo de m funo renal, ocor-rendo grandes edemas na regio em casos de insuficincia renal. O local pode tambm apresentar-se escuro, encovado, apontando um estado de deficincia energtica ge-ral devido ao desgaste acentuado das funes renais, com o compro-metimento de todo o organismo. Esta rea, no entanto, no relati-va apenas aos rins (na medicina oriental cada rim corresponde re-gio infra-orbitria do mesmo lado, ou homolateral), mas a toda a fun-o orgnica de excreo de gua, sais, toxinas do sangue e elemen-tos metablicos em geral, na qual os rins tm atuao preponderante.

    Quando h ingesto excessiva de lquidos ou sais, alm da capacida-de de tolerncia do organismo, os rins podem "cansar-se", tornar-se

    desgastados e doentes. O resulta-do ser o surgimento de dilataes ou inchaos na rea 1, a princpio leves, passando depois a modera-dos, com rugas ou sulcos bem mar-cados, em seguida para edemas maiores, terminando com possveis manchas escurecidas: so sinais de falncia da funo renal, que pode ser relativa ou absoluta, aguda ou crnica. De qualquer modo, repre-sentam sinais de desgaste, de en-velhecimento precoce e de sade abalada.

    A interrupo das causas desses problemas torna-se fundamental para impedir a continuidade da ao patolgica e para que haja o restabelecimento da sade a me-dicina natural ensina que no exis-tem remdios capazes de substituir o tratamento pelo retorno aos h-bitos parcimoniosos e harmonia

    Bolsas e inchaos na regio abaixo da plpebra inferior

    podem indicar acmulo de

    lquidos e rins sobrecarregados.

    41

  • FISIOGNOMONIA

    com as leis naturais. Para isso po-dem ser usados diversos recursos naturais, como ervas, remdios ho-meopticos, pontos teraputicos, dietas, e t c , que contribuem para o tratamento de problemas seme-lhantes. Em muitos casos, os sinais anormais da rea 1 podem desa-parecer, desde que se estabelea uma teraputica eficaz.

    rea 2

    Rugas ou sulcos entre as sobrancelhas apontam para disfunes do fgado ou da vescula biliar.

    a regio situada entre as sobrancelhas; corresponde vescula biliar e ao fgado

    Essa rea pode apresentar-se in-chada e vermelha, o que indica de imediato congesto do fgado; po-de tambm o que mais comum apresentar rugas ou sulcos, ra-sos ou profundos, semelhantes aos que se formam quando se franze o cenho (sem, claro, que isso ocor-ra deliberadamente). Neste caso, existe uma disfuno do fgado ou sua sobrecarga, devido presena, h um tempo considervel, de substncias que agridem ou pertur-

    bam a funo do fgado e/ou da ve-scula. Situaes assim geralmente so provocadas por hbitos pernicio-sos, como o alcoolismo, excesso de alimentos gordurosos,, ingesto prolongada de medicamentos, den-tro de um quadro de predisposio herdada, onde tanto o fgado quan-to a vescula biliar caracterizam-se como "rgos de choque" (mais fracos).

    Produtos como o lcool (princi-palmente vinho de m qualidade e os destilados mais fortes), pimen-tas, frituras, carnes condicionadas, vsceras, condimentos fortes (mos-tarda, molho ingls, e t c ) , vinagre artificial, entre outros, tm ao ir-ritativa sobre o fgado, contribuin-do para o surgimento de sinais na rea 2. No caso de doenas agudas ou crnicas do fgado e da vescu-la biliar, esses sinais podem ou no surgir; mas certamente estaro pre-sentes quando tais rgos forem agredidos por fatores externos ca-pazes de prejudicarem a sua fun-o natural.

    rea 3

    a regio da testa; indica desgaste orgnico generalizado.

    Sulcos profundos, linhas e rugas nessa rea (independentemente de se franzir a testa) geralmente so si-nais provocados por excesso de tra-balho mental , preocupaes constantes, ingesto habitual de ali-mentos fermentativos irritantes e pela presena anormal de lquidos no intestino delgado.

    Essa condio fermentativa pro-vocada por alimentos como o po branco, o acar branco, conservas, molhos e temperos, e pela presen-a nos intestinos de toxinas deriva-das das carnes embutidas salsichas, salame, presunto, morta-

    42

  • FlSIOGNOMONlA

    *****

    ( \ 1

    As marcas, linhas e rugas na regio da testa so comuns em pessoas tensas e nervosas.

    dela e frios em geral. Convm no-tar tambm que pessoas irritadias e muito tensas desenvolvem pro-blemas intestinais com mais facili-dade, como colites fermentativas, flatulncia e diarrias nervosas. As marcas fisiognomnicas da rea 3 dificilmente desaparecem.

    rea 4

    divduo em sua relao com a vi-da. Sobrancelhas finas e fracas, por exemplo, significam fragilidade frente aos conflitos ou s situaes difceis; so seres mais sensveis e delicados, assim como as mulheres em geral. Sobrancelhas grossas e cheias refletem maior resistncia e adaptabilidade s tenses cotidia-nas; so pessoas capazes de supor-tar mais facilmente os reveses ou embates estressantes.

    De modo geral, as sobrancelhas emprestam uma caracterstica for-te ao semblante, determinando uma qualificao especial ao tipo de emoo, estado de esprito ou as-pecto do indivduo. As sobrance-lhas do, assim, um "acento" ou uma qualidade ao olhar e expres-so de uma pessoa. Ao bom obser-vador, elas apontam exatamente o principal elemento psicomental que "impulsiona" o indivduo na sua vi-da, na sua busca, nas suas reaes, no seu temperamento, etc. Signifi-ca dizer que cada pessoa mostra em suas sobrancelhas o tipo de emo-o, sentimento ou "fora" que a move.

    O diagnstico, neste caso, depen-de sobretudo da sensibilidade do

    Regio das sobrancelhas ou dos supercios; corresponde s glndulas supra-renais.

    Os problemas relativos a esses rgos so detectados pela obser-vao da forma e da posio das so-brancelhas. Quando se apresentam cadas sobre os olhos, denotando sinal de cansao, existe hereditaria-mente uma disfuno das glndu-las supra-renais, em geral uma reduo de sua funo, o que tor-na a pessoa pouco resistente a si-tuaes de stress.

    A forma das sobrancelhas, se grossas ou finas, retas ou angula-res, indica uma qualidade da fun-o supra-renal, que se transforma numa condio caracterstica do in-

    A forma das sobrancelhas est

    relacionada com a funo das glndulas

    supra-renais.

  • F I S I O G N O M O N I A

    observador, o que exige muita ex-perincia para obter uma tcnica cada vez mais aperfeioada de diag-nstico. Como o mundo psicomen-tal e bioenergtico de cada pessoa influencia profundamente sua sa-de, pelo conhecimento do tipo de sobrancelhas podem-se localizar causas psicolgicas, afetivas ou emocionais tpicas da estrutura mental, bem como os determinan-tes de certa condies orgnicas ou somticas.

    Os sinais da rea 4 no se mo-dificam, j que so marcas estrutu-rais profundas; servem, contudo, para ampliar o conhecimento geral sobre a sade de uma pessoa e in-dicam providncias ou caminhos adequados para tratamentos.

    rea 5

    As rugas no canto externo dos olhos podem indicar excesso de hormnios no organismo

    Regies laterais de cada olho, na sua poro externa; corresponde ao metabolismo dos hormnios sexuais.

    O sinal mais caracterstico desta rea so as rugas conhecidas popu-larmente como ps-de-galinha e seu significado o envelhecimen-to precoce do organismo motivado

    por desgaste bioenergtico ligado a perturbaes hormonais. A origem variada, mas sempre vinculada a atividade sexual intensa ou pre-sena de quantidades excessivas de hormnios no organismo; neste ca-so, esse excesso pode ser causado por hiperatividade dos ovrios, dos testculos, das supra-renais ou da hipfise, ou ento pela ingesto contnua e prolongada de horm-nios sintticos (anticoncepcionais, por exemplo).

    Quando presentes nos homens, esses sinais revelam produo exa-gerada de hormnios devido a uma vida sexual abusiva, com conse-qente desgaste funcional e enve-lhecimento prematuro.

    rea 6

    Regio do lbio superior; corresponde ao estmago, funo gstrica e s primeiras partes do intestino, o duodeno e o jejuno imediato.

    Os sinais anormais mais comuns dessa rea so rachaduras, sulcos, protuberncias, aftas, pontos es-branquiados, inchaos, palidez, vermelhido e outros, indicando diversos problemas ligados aos r-gos citados. A correlao entre os sinais dessa rea e os distrbios in-ternos a seguinte: inchao e vermelhido: est-

    mago inflamado; pontos esbranquiados: est-

    mago fraco; aftas na mucosa: fermentao

    no estmago e no intestino; palidez: estmago produzindo

    pouca secreo digestiva ou anemia; casos contnuos po-dem denunciar a presena de tumor ou lcera gstrica antiga;

    rachaduras: fermentao anti-ga, mau estado geral do est-mago e do duodeno;

    4

  • FlSIOGNOMONlA

    O lbio superior pode apresentar vrios sinais anormais que costumam desaparecer quando os rgos correspondentes so tratados adequadamente.

    possibilidades de lceras gs-tricas e duodenais recorrentes (que surgem e desaparecem deixando cicatrizes internas); presentes em crianas e adul-tos em casos de hereditarieda-de de estmago deficiente;

    herpes freqente: baixa resis-tncia imunolgica devido a alimentao de baixa qua-lidade;

    lbio superior ressecado e sem vida: distrbios nervosos refle-tindo no estmago; doenas gstricas psicossomticas; lce-ras nervosas;

    lbio superior naturalmente grosso: estmago dilatado e vsceras digestivas despropor-cionais, legado de antepassa-dos carnvoros ou vorazes;

    sulcos e inchao: estmago hi-perativo produzindo acidez ex-cessiva.

    Muitos sinais aqui apontados cos-tumam desaparecer assim que os rgos correspondentes rea vol-tam s condies normais.

    rea 7

    Regio do lbio inferior; relaciona-se com o intestino grosso.

    Afirma a medicina oriental que quando uma pessoa tem, desde o nascimento, o lbio inferior muito espesso, o seu intestino grosso mais dilatado ou de calibre maior que o normal; isto resulta de m herana, ou seja, de abusos alimen-tares dos parentes de geraes an-teriores. Quando um indivduo apresenta este sinal, a tendncia que se manifestem problemas nos intestinos, em geral acmulo de re-sduos, intestino preso, flatulncia e clicas.

    A regio pode tambm exibir sul-cos, rachaduras, inchaos, bolsas, aftas, herpes, ressecamentos, ver-melhido, inflamaes, e t c , cujos significados aproximam-se daque-les relativos rea 6, mas, neste ca-so, voltados para o intestino delgado terminal (leo), clon as-cendente, clon transverso, clon descendente, sigmide e reto.

    Os maus sinais da rea 7 so mais comumente determinados por

    O lbio inferior muito grosso

    em geral indica problemas nos

    intestinos

    4

  • FlSIOGNOMONlA

    dilataes, fermentaes, gases, acmulos de resduos e putrefa-es, provenientes de uma alimen-tao com produtos industrializa-dos, rica em carne animal, acar branco, massas, molhos e toxinas alimentares variadas. Alguns dos sinais dessa rea podem desapare-cer medida que a patologia cor-respondente eliminada.

    rea 8

    { K~ \) As mas do rosto se relacionam com o estado geral de sade do organismo.

    \ * u j 8 Sr V 1

    Regio das mas do rosto; indica a sade geral do organismo e em particular as condies da microcirculao corporal.

    Um mau sinal quando a rea apresenta cor acinzentada, mortia ou plida (em pessoas de pele cla-ra), com ou sem a proeminncia dos ossos: significa sade global deficiente devido m circulao perifrica, com a conseqente oxi-genao dos tecidos reduzida.

    A circulao perifrica consti-tuda por pequenos vasos arteriais, venosos e linfticos da pele, do cr-tex cerebral e do envoltrio de r-gos; quando prejudicada por vasoconstrio, tabagismo, doenas

    Em geral, a ponta do nariz no

    apresenta sinais; quando h

    vermelhido ou inchao, podem

    existir problemas de circulao.

    degenerativas, e t c , as clulas no recebem a quantidade suficiente de oxignio e nutrientes, o que desen-volve um tipo de carncia conhe-cida na medicina natural como "anemia de extremidades" da a face mostrar-se plida e sem vida. Este sinal acompanha as doenas debilitantes e se far presente toda a vez que a energia vital estiver al-terada.

    Pode ocorrer tambm vermelhi-do na rea, com pequenas veias dilatadas: esta uma situao anor-mal, onde, alm dos problemas da condio anterior, o indivduo apre-senta uma dilatao perigosa de grandes vasos internos. O ideal que, nas pessoas de tez branca ou amarela, a regio se mostre leve-mente rosada, ou aveludada e sua-ve naquelas da raa negra. Mesmo sem conhecer profundamente a cincia da fisiognomonia, a sabedo-ria popular costuma apontar a fa-ce rosada como um sinal de sade.

    rea 9

    Regio da ponta do nariz; corresponde ao corao e ao sistema cardiovascular.

    4:C

  • FSIOGNOMONlA

    Normalmente esta rea no apre-senta sinais, mas, em certas pes-soas e dependendo das condies da circulao cardaca, pode mostrar-se excessivamente verme-lha, dilatada ou levemente inchada. o "nariz de palhao", conhecido sinal dos estudiosos da medicina tradicional chinesa. Surge muitas vezes em casos de angina pectoris, pr-enfarte, aterosclerose corona-riana e dilatao do corao.

    Em fisiognomonia, a presena tambm de pequenas veias e vasos dilatados na ponta do nariz um sinal que exige cuidados e ateno para com as condies circulatrias cardacas da pessoa

    rea 10

    nos casos de tabagismo, exposio a poluentes atmosfricos, entre ou-tros. Estas doenas, no entanto, podem estar presentes indepen-dentemente de qualquer sinal vis-vel na rea 10.

    Um importante sinal, conhecido tambm pela clnica mdica tradi-cional, o "batimento das asas do nariz": um movimento contnuo das abas do nariz que ocorre em certos casos de insuficincia venti-latria pulmonar. Embora diversos sinais faciais faam parte da prope-dutica mdica, a medicina comum ainda desconhece as valiosas infor-maes da fisiognomonia.

    rea 11

    A regio das asas do nariz fornece sinais importantes relativos ao estado dos pulmes.

    Regio das asas do nariz; representa os pulmes.

    Aqui as alteraes mais comuns so pequenos vasos dilatados, in-chaos e descamaes. Significam dilataes da rvore respiratria, como nas bronquectasias e enfise-mas, inflamaes do tecido bron-quiolar e/ou pulmonar, alm de irritaes brnquicas e alveolares,

    Regio do queixo e abaixo do lbio inferior; corresponde aos rgos sexuais, aos rins e ao sistema nervoso autnomo.

    Esta rea no costuma apresen-tar propriamente sinais relativos a alteraes desses rgos, mas cer-tas condies funcionais ou carac-tersticas hereditrias podem influir no aspecto da regio. Tais condies se referem influncia do aparelho genital, do sistema hormonal e do

    A forma do queixo revela o tipo de temperamento e

    indica como a pessoa se relaciona

    com a vida.

    47

  • FlSIOGNOMONlA

    sistema nervoso simptico e pa-rassimptico na personalidade, temperamento e qualidade bioe-nergtica do indivduo.

    Assim, queixos retrados ou proe-minentes, duros ou suaves, afilados ou largos, atrevidos ou tmidos, com riscos, sulcos centrais ou furi-nhos charmosos apontam para uma determinada influncia desses rgos no conjunto biopsicomental das pessoas. A leitura do queixo realizada pela medicina oriental mostra principalmente o tipo de impulso ou de relao com a vida.

    Sulcos profundos entre as asas do nariz e a boca podem derivar de uma condio no adquirida, mas herdada.

    Regio dos sulcos descendentes laterais s asas do nariz, em direo aos bordos da boca; no est relacionada especificamente com nenhum rgo, mas com todo o organismo.

    Traduz a condio geral do meta-bolismo e da sade energtica. Quan-do apresenta sulcos profundos e precoces, indica excesso de trabalho orgnico (alcoolismo, abusos alimen-tares, sobrecarga digestiva, exageros

    sexuais, ingesto de medicamentos ou drogas, lquidos em demasia, etc) , desgaste intelectual, vida noturna in-tensa, irritao do fgado e outros. Bo-de tambm ser um sinal derivado de uma situao semelhante, porm no adquirida, mas herdada.

    rea 13

    Regio do pavilho da orelha; uma das reas mais importantes do diagnstico fisiognomnico.

    Se observarmos bem o pavilho au-ricular, notaremos que ele se asseme-lha a um feto humano invertido, onde o lbulo ocupa a posio que seria a da cabea, estando o restante da ore-lha relacionado com o tronco, os membros e as trs cavidades princi-pais, segundo a ilustrao da pgi-na ao lado.

    A forma e os sinais apresentados pela orelha oferecem valiosas informa-es sobre a constituio e a sade de uma pessoa; no sem razo que este diagnstico um dos mais respeita-dos pela medicina oriental. Existe at um ramo da acupuntura, denomina-do auriculoacupuntura, que trata ex-clusivamente da colocao de agulhas na orelha, tal a quantidade de pon-tos que correspondem a diversos r-gos internos e a importantes funes.

    Um dos sinais principais do diag-nstico pela orelha o do formato, posio e condies do lbulo. O ideal que essa regio seja grande, larga, destacada da pele da face e no apre-sente sinais, inchaos e dilataes, o que evidencia boa constituio geral orgnica e energtica herdada; sinal positivo, revela excelente sade. Infe-lizmente rara a pessoa, principal-mente nos dias atuais, que vive essa situao privilegiada. O que est ocor-rendo os bebes j nascerem com o lbulo pequeno e muitas vezes cola-do pele do rosto, indicando uma si-tuao oposta mencionada.

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  • FISIOGNOMONIA

    A teoria do feto

    o CO , O > ,

    No /?naZ dos anos 50, o mdico francs Paul Nogier, especialista em auriculoterapia, desenvolveu um sistema de diagnstico que relaciona as regies da orelha com a anatomia do feto.

  • FlSIOGNOMONlA

    O formato do rosto Cada tipo de rosto revela alguns indcios bastante precisos.

    Observe a forma e as caractersticas do seu para conhecer os traos bsicos do carter e da personalidade.

    ^ e verdade que os olhos so o espelho da al-ma, nem sempre se pode afirmar que um belo ros-to o reflexo de um bom carter. Tradicionalmente, a fisiognomonia avalia a personali-dade e o temperamento pela obser-vao das linhas e da forma do rosto. Para "ler" um rosto necessrio consider-lo como um todo. Preste ateno no formato e compare-o com os desenhos da pgina ao lado. Ob-serve as partes (testa, sobrancelhas, olhos, nariz, boca, orelhas, mas do rosto, queixo) que chamam

    mais ateno. Se o detalhe mais marcante um nariz pronuncia-do, por exemplo, repare como ele se combina com o

    restante das feies. Se, apesar de grande, ele se harmoniza com o as-pecto geral do rosto, estaremos dian-te da primeira indicao positiva do carter. Se, ao contrrio, ele o ni-co elemento destoante, possvel que indique alguma caracterstica ne-gativa da personalidade. Isso porque harmonia e equilbrio so noes fundamentais para a metodologia chinesa.

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  • FlSIOGNOMONlA

    Estrutura ssea robusta, sem ser necessariamente gordo. Denota intensa atividade cerebral, resistncia s enfermidades e autoconfiana. Pode indicar uma certa tendncia preguia. (Mao Ts-Tung)

    Rosto alto e estreito, com testa ampla e mas pouco acentuadas. Indcio de criatividade, inteligncia e capacidade de autocontrole. Sinais de alguma inconstncia e intransigncia. (X da Prsia)

    Testa mais estreita que os maxilares. Boca e nariz geralmente pequenos. Nos homens indica fora fsica e competitividade, nas mulheres disposio para comandar e se realizar profissionalmente. (Henrique VIII)

    Fronte larga, lbios carnudos, queixo quadrado. Indica equilbrio e astcia, tendncia para atividades artsticas e sucesso. Probabilidade de longa vida e calma interior. (fean-Paul Belmondo)

    Fronte ampla, mas pronunciadas, queixo pontiagudo e lbios geralmente finos. Enndcio de temperamento brilhante e sensual, de inteligncia e ambio. Rosto das grandes sedutoras. (Elisabete da ustria)

    Testa, ma e maxilares proeminentes. Denota fora de carter, perserverana, energia e capacidade de recuperao. Pode indicar pouca generosidade e certa dose de egocentrismo. (F. D. Roosevelt)

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  • FISIOGNOMONIA

    A face oculta de todos ns Para a f is iognomonia, o lado esquerdo do rosto exprime todas as

    emoes que a pessoa sentiu ao longo de sua vida.

    Vc oc j deve ter percebido que as duas faces do rosto tm diferenas notveis entre si. Se no, v at o es-pelho e cubra uma delas com uma folha de papel, depois a outra, e fa-a as comparaes. Melhor ainda fazer esse exame por meio de duas fotos idnticas, uma com o lado di-reito coberto e outra com o esquerdo. Segundo a fisiognomonia, essa de-sigualdade normal e existe em to-dos os rostos porque cada uma metades evidencia aspectos diferen-

    tes da nossa personalidade. O lado esquerdo, o do corao, registra os aspectos hereditrios e instintivos de nossa personalidade. A metade di-reita, por sua vez, reflete nosso grau de inteligncia e poder de autocon-trole, ou seja, aquilo que adquirimos por meio da experincia e da matu-ridade psicolgica. Por estar imune s emoes, este lado tende a mostrar-se menos marcado que o es-querdo: o mais "favorvel", o que preferimos que os outros vejam.

  • FlSIOGNOMONlA

    Outras reas de diagnstico fisiognomnico

    atravs do olhar que manifestamos nosso estado de esprito e comunicamos nossas sensaes mais ntimas. Mas a boca, as mos e at m e s m o as unhas fornecem sinais sobre o organismo e a personalidade.

    Ai Linda no campo de ao da fi-siognomonia, tambm se consegue obter diagnsticos seguros pela obser-vao dos olhos, lngua, dentes, ca-belos e mos, elementos capazes de revelar dados valios