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Aparecida de Lourdes Perim Memorial Descritivo Apresentado para avaliação do Departamento de Patologia, Análises Clínicas e Toxicológicas visando a progressão a Professor Associado Universidade Estadual de Londrina 2013

Memorial descritivo perim 20102013(2b) (1)

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Aparecida de Lourdes Perim

Memorial Descritivo

Apresentado para avaliação do Departamento de Patologia, Análises Clínicas e Toxicológicas visando a progressão a Professor Associado

Universidade Estadual de Londrina

2013

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MEMORIAL DESCRITIVO APRESENTADO PARA OBTENÇÃO DE TÍTULO DE PROFESSOR ASSOCIADO JUNTO À UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA

Banca:Prof. Dra. Edna Maria Vissoci Reiche – UELProf. Dra. Marcia Eches Perugini – UELProfa. Dra. Nilce Marzolla Ideriha - CESUMAR

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“Nada existe de permanente a não ser a mudança”

(Heráclito de Éfeso)

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Em nome de Deus

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SUMÁRIO

1. APRESENTAÇÃO......................................................................................................... 6

2. MINHA ORIGEM............................................................................................................

6

3. INÍCIO DOS ESTUDOS.................................................................................................

6

4. IV TURMA DE FARMÁCIA E BIOQUÍMICA NA UEL.................................................... 10

5. CAPACITAÇÃO E VIDA PROFISSIONAL.....................................................................

11

6. DOCENTE DA DISCIPLINA DE EXAMES HEMATOLÓGICOS DA UEL..................... 12

7. ESPECIALIZAÇÃO........................................................................................................ 13

8. ADMINISTRAÇÃO I....................................................................................................... 14

9. MESTRADO.................................................................................................................. 15

10. LABORATÓRIO CIÊNCIA........................................................................................... 17

11 ADMINISTRAÇÃO II..................................................................................................... 18

12. ESPECIALIZAÇÃO II................................................................................................... 23

13. ADMINISTRAÇÃO III................................................................................................... 23

14. DOUTORADO............................................................................................................. 26

15. CONSIDERAÇÕES FINAIS.........................................................................................

27

16. CURRICULUM LATTES.............................................................................................. 29

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1 APRESENTAÇÃO

Escrever um memorial quando as atividades são concomitantes é um

tanto complicado, e é pior ainda para o leitor. Portanto, como vocês poderão

constatar, minha vida de autêntica geminiana se pautou, na maioria das vezes,

no mínimo pela duplicidade de ações. Os fatos descritos fazem parte da

maioria dos acontecimentos importantes da minha vida e julguei que deveria

relatá-los para que os senhores compreendam muitas atitudes diante da minha

vida acadêmica.

2 MINHA ORIGEM

Nasci em 17 de junho de 1953 às 15:00h em casa. Sou a primogênita de

5 irmãos e minha mãe conta que dei muito trabalho para nascer. A parteira que

a assistiu, chamada D. Assunta, verificando que o trabalho de parto estava

complicado, comunicou aos meus pais que deveria dar um nome à criança e

que meu nome seria Aparecida devido a promessa que ela teria feito ali na

hora do parto. Meu primo se chama Antonio, nome também dado pela parteira.

Ela devia ser devota de Nossa Senhora de Aparecida e de Santo Antonio.

Ainda bem que não foi Assunta, nem Iolanda o nome que meu pai teria

escolhido. Para eu ficar mais santa meu pai completou com o: de Lourdes. Por

muito tempo odiei meu nome e falava para minha mãe que queria trocá-lo, mas

o tempo se passou e como me chamam de Perim pouco me lembro que sou

Aparecida de Lourdes. Fui criada livre e solta subindo em árvores e com direito

a todas as artes possíveis, uma vida numa família de italianos, amorosos e

contidos.

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3 INÍCIO DOS ESTUDOS

Minha vida de estudante iniciou-se no ano de 1959 em uma escola

municipal chamada Arthur Thomas, pertinho do sítio “Água Mineral” onde eu

morava com meus pais Moysés e Adelma e meus irmãos Rui e Sérgio. Meu

irmão Waldyr nasceu em 1960. Eu ia a pé para escola com um funcionário do

meu pai chamado Landinho que me levava pacientemente. Quando chovia

meu pai me levava. Lembro-me que já de início fui colocada na primeira série

C, porque meus pais já haviam me ensinado o abecedário e alguns números.

A escola só tinha uma sala e ficávamos separados em várias turmas

com o professor Zezinho e sua esposa Elvira que cuidavam da molecada. Eu já

era muito divertida e fazia várias peripécias, correndo atrás da meninada no

recreio. Muitas vezes esquecia minha bolsa em casa e só ia para a escola com

a lancheira, levava bronca e morria de vergonha. Outro fato de que me lembro

é que era muito magrinha e de vez em quando as abelhas do sítio me picavam,

meu rosto inchava e quando chegava na escola o professor me chamava de

“Maria Gordinha”. Eu odiava!

Terminei a quarta série com 9 anos e fui para casa dos meus avós

paternos, Virginio e Gertrudes, para fazer a Admissão ou seja, um preparatório

para entrar no Ginasial, entrei no IEL – Instituto de Educação Londrinense.

Meus avós moravam na Rua Pará e eu ia sozinha para o colégio. Lembro-me

que na sala que eu estudava a molecada era “infernal” e faziam guerra de

papelzinho, o inspetor vivia lá, para cuidar. Eu era muito ingênua e me lembro

que a professora de português pediu para lermos um livro e fazer um resumo.

Eu pedi então a meu pai que comprasse um livro e ele comprou “A Moreninha”

de Joaquim Manuel de Macedo ou Helena de Machado de Assis. Comecei a ler

e achei muito complicado, então resolvi escrever no papel almaço onde

fazíamos os trabalhos, a estória da gata borralheira. Pedi a minha tia Laura que

me ajudasse e ela desenhou a gata borralheira e eu pintei, achei que ficou

muito lindo! No dia da entrega do trabalho eu me esqueci de levar e tive que

sair na hora do recreio que nem uma louca para buscá-lo. Lembro-me do dia

em que a professora entregou as notas, naquele papel almaço veio escrito:

“ZERO, não foi isto que eu pedi”. Acho que foi a minha primeira decepção!

No ano seguinte meu pai me colocou no Colégio Mãe de Deus em

regime de internato. Minha primeira noite ali não foi fácil, chamava a minha

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mãe em sonhos a noite inteira. Foi nesta época que nasceu minha irmã

Solange, que eu sonhava muito em ter, mas não pude curtir muito, pois só ia

para casa uma vez por mês. Mas fui me acostumando com a rotina e fiz ali

muitas amigas. Estudei piano, fiz aulas de pintura, bordado e culinária.

Acordávamos com os sininhos tocando, rezávamos, arrumávamos as camas,

íamos para o refeitório e rezávamos, íamos para a aula e rezávamos antes de

começar e no final, para cada atividade tínhamos que rezar. Nunca rezei tanto!

Só podia ir para casa no final de semana e se as notas fossem boas. Eu era

muito boa em matemática, só tirava notas boas, até que apareceu uma freira,

professora, substituindo a antiga professora que havia saído do colégio. Tirei

nota baixa e não pude ir para casa, chorei muito, mas no outro mês já

recuperei.

Lembro-me de que as meninas que não eram internas iam com as saias

mais curtas que a nossa. Usávamos camisa branca, saia plissada azul-marinho

abaixo dos joelhos, meias brancas três quartos e sapatos pretos. Um dia

enrolei minha saia para ficar bem mais curta e a irmã Maria, brava que só, veio

e deu um puxão para desenrolá-la, mas eu não me dei por vencida enrolava a

saia de novo e ficava cuidando se a freira estava por perto. Tive aula de

francês e minha professora vinha com sapato de salto e meia soquete, era

muito diferente. Sempre tive dificuldade de falar em público e nas aulas de

seminários eu chorava, algo que ainda faço nos dias atuais.

No colégio ajudávamos a preparar a festa de Corpus Christi enfeitando

as ruas, fazíamos hóstias para as missas e tínhamos que tomar cuidado para

não queimá-las. Em algumas datas comemorativas desfilávamos pela cidade

com nosso uniforme de gala: camisa de mangas compridas e um chapéu de

feltro branco na cabeça, que os meninos chamavam de cata ovo, eu odiava

usá-lo!

Em junho preparávamos a festa junina, ficávamos nas barraquinhas e

era quando entrávamos em contato com as pessoas externas, principalmente

para ver os meninos. Eu era extremamente tímida, quando alguém me

apresentava um menino eu ficava vermelha igual a uma cereja.

Fui pela primeira vez a uma festa, era de 15 anos da minha amiga, Maria

das Graças, na cidade de Apucarana e no outro dia durante a tarde adormeci

na banheira do colégio e todas as internas pensaram que eu havia morrido,

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tiveram que chamar a freira responsável para abrir a porta. Acordei com a irmã

chamando “Perim?” (naquela época já me chamavam pelo sobrenome) e todo

mundo me olhando, passei a maior vergonha!

No ano de 1967, saí do internato e vinha com meu pai do sítio para o

colégio. Muitas vezes chovia e sempre que passávamos por uma ponte meu

pai tinha que parar para eu atravessar a ponte a pé porque tinha medo que a

camionete caísse no rio. Por isso, muitas vezes cheguei ao colégio com o pé e

as meias sujos de barro.

Mudamos para a cidade no dia 01/05/1967, na casa onde, por

usucapião, continuo morando.

Nesta época já havia saído do internato e ia para o colégio com minha

amiga Fernanda que morava bem pertinho de casa e ia contando minhas

estórias e piadas pelo caminho e ríamos tanto que um dia urinamos na rua.

Sempre fui muito alegre e curiosa e queria sempre aprender tudo que

aparecia pela frente. Fiz curso de culinária, aprendi a fazer crochê, mas

datilografia não.

Estudei o científico no Colégio Londrinense. Era uma aluna nível médio

e que gostava muito de festas! No terceiro ano fui para o Colégio Canadá e lá

concluí o ensino médio.

Prestei vestibular para o curso de Medicina na UEL e passei na terceira

opção em Ciências Biológicas que funcionava onde atualmente é o prédio do

curso de Odontologia. No inicio era tudo muito novo, mas não era o que eu

queria.

Conheci na faculdade uma amiga, Neusa Franchini, que desistiu do

curso e me chamou para fazer cursinho a noite no colégio universitário e lá fui

eu. Estudávamos bastante e passeávamos também! Ela trazia papel de

embrulhar pão, pois o pai tinha uma mercearia e escrevíamos nossos

rascunhos, um monte deles, nestes papéis. Hoje não consigo falar sem estar

com um papel e caneta por perto, talvez devido a esta época! Prestei

novamente vestibular para o curso de Medicina e mais uma vez não fui

aprovada, mas como na época uma amiga, Cida Morini, havia me falado sobre

um curso novo de “laboratório” com o nome de Farmácia e Bioquímica que era

muito legal, eu o coloquei entre as minhas opções e fui aprovada. Na época

estava em dúvida se fazia a matrícula ou não, e meu pai, um italiano

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conservador, deu seu parecer: “acho que para mulher este curso está bom” e

então me matriculei.

4 IV TURMA DE FARMÁCIA E BIOQUÍMICA NA UEL

O primeiro ano na UEL foi duro, aulas com os cursos de Medicina,

Odontologia, Biologia e Biomedicina, na maioria das vezes no anfiteatro

Pinicão com muitos alunos e com professores que usavam microfones. Várias

provas foram aplicadas lá. Durante todo o curso fiquei para exame em duas

disciplinas: bioestatística e físico-química. Aprendi a gostar de química com a

ajuda de uma amiga ainda no cursinho, Elizabeth Simeão, que cursou

medicina. Com isso, química também se tornou o meu forte assim como já era

biologia. Estive sempre muito envolvida em organizar festas e reuniões de

estudos na minha casa. No terceiro ano comecei a gostar mais do curso, pois

era prático e voltado à profissão. Neste período meu irmão, Rui, namorava uma

menina a qual o médico havia receitado injeções endovenosas de fortificante e

ele prontamente ofereceu a irmã, eu no caso, para prestar este favor. Na época

só tinha treinado, ou melhor, aplicado uma injeção endovenosa em uma amiga

na aula prática. Mas não titubeei, fui lá e fiz o papel de farmacêutica experiente.

Envolvi-me bastante durante o curso, fui representante de alunos no colegiado,

participei e organizei cursos e congressos, mas continuava chorando durante

os seminários!

No segundo semestre do quarto ano eu era responsável por uma

farmácia, pois já havia terminado o curso de Farmácia e cursava a Habilitação

em Análises Clínicas. As aulas eram no prédio da Odontologia no centro, e as

atividades práticas no Hospital Universitário na Rua Alagoas. Lembro-me

principalmente dos setores de Bioquímica e Hematologia onde ficávamos, além

do tempo normal da aula, ajudando na rotina. Participava também de um

projeto de extensão do curso, em Paiquerê, onde experimentávamos todas as

oportunidades que nos eram oferecidas, tais como: colheita de material

biológico e realização de exames parasitológicos. A convivência da nossa

equipe era muito divertida.

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Fui aprovada em um concurso interno para atuar como aluna

plantonista no Hospital Universitário em troca da mensalidade do curso, que

naquela época era pago. Fizemos a mudança do laboratório do HU da Alagoas

para o HU no endereço atual. Formei-me em 19 de dezembro de 1975 e recebi

a medalha de honra ao mérito do Conselho Regional de Farmácia por ter sido a

melhor aluna.

Organizei a festa de formatura junto com minhas amigas Regina M

Borsato, hoje docente da disciplina de Microbiologia e Regiane Maria Crippa, já

falecida.

5 CAPACITAÇÃO E VIDA PROFISSIONAL

Formada, parti para São Paulo com minhas amigas Aparecida Rondem

e Regiane Crippa para cumprir estágio no Hospital do Servidor Público

Estadual. Morávamos em uma pensão, e logo que começamos o estágio surgiu

o convite para darmos aula para técnicos de laboratório no período noturno. E

lá foi o primeiro contato com o ensinar.

A Cidinha teve que abandonar porque o pai adoeceu e a Regiane

porque tinha que trabalhar e eu terminei sozinha o estágio. Aprendi muito e saí

com uma boa experiência em coleta de materiais biológicos.

Em 1976 prestei prova de especialidade pela Sociedade Brasileira de

Análises Clínicas e recebi o título de Especialista em Análises Clínicas.

Em Londrina tentei arrumar emprego em laboratório, porém só consegui

em Farmácia. Na verdade, na época emprestávamos o nome e pouco fazíamos

dentro de uma farmácia.

No final de 1976, fui contratada para trabalhar no Laboratório Dra

Eresvita Bettoni Bortolloti na Rua Espírito Santo. Uma veterana minha, Maria

Amélia, trabalhava lá e estava saindo. A Dra Eresvita e a Maria Amélia

estavam organizando a mudança do laboratório para a nova sede na Rua

Souza Naves e eu ficava no Laboratório antigo praticamente sozinha. Ela tinha

convênio com um zoológico da cidade - pois é, já tivemos um zoológico em

Londrina - e eu com um olho no microscópio e outro num atlas veterinário

tentava descobrir os parasitas, que experiência!

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A maioria dos exames era de Bioquímica onde as leituras eram

realizadas em um fotocolorímetro. Também realizávamos hemogramas e um

número considerável de parasitológicos.

Pela manhã eu ajudava a Marlene (uma técnica experiente do

laboratório) na coleta. Esta vida é mesmo muito interessante, em 2010 a minha

filha Isadora cursava arquitetura e ficou amiga de uma neta da Marlene, a

Danhara. Bom, voltando ao laboratório, de manhã eu e a Marlene colhíamos

sangue e outros materiais, depois eu entrava na rotina, realizando os exames.

No final da tarde, quando eu saia do laboratório e chegava em casa, fechava

os olhos e aqueles ovos e larvas de parasitas não saiam da minha cabeça, pois

os parasitológicos eram realizados à tarde e eram muitos! Vivi muitas

experiências interessantes, montei o setor de microbiologia, fiz todas as curvas

de calibração em um espectofotômetro novo, enfim, pude aprender e exercer

de fato minha profissão.

No início do ano de 1978 me casei e no mesmo ano uma professora da

disciplina de Hematologia, profª Roza Hara Manaka, foi ao laboratório onde eu

trabalhava me convidar para prestar concurso na disciplina de Hematologia.

Recebi o convite com surpresa, alegria e preocupação, pois eu nunca tinha

imaginado ser professora. Na verdade, eu dizia quando me formei: faço

qualquer coisa menos ser professora! A Rozinha pediu para que eu

acompanhasse pelo jornal, pois o edital do concurso iria ser publicado.

No final do mês de novembro de 1978 descobri com imensa felicidade

que estava grávida do meu filho Luiz Antonio, e pensei que não daria mais para

fazer o concurso. O tempo passou, vieram as férias e eu fui para a praia em

Itapema-SC, descansar. Naquela época o jornal chegava às praias dois dias

após ser publicado. Um dia pela manhã eu estava bela e formosa tomando um

solzinho, quando meu ex-marido, veio com o jornal e me falou: o edital do

concurso na UEL já foi publicado e o sorteio do ponto da tua prova é amanhã

pela manhã. Liguei para o departamento e o chefe, na época o professor José

Luis Ketzer, confirmou que o concurso estava aberto. Saí correndo, arrumei

minhas coisas e viajei o dia inteiro para chegar a Londrina e no outro dia de

manhã fui sortear o ponto. Preparei a aula “Interpretação do Hemograma” em

transparências, tomei um calmante porque eu não podia chorar, e fui dar a

aula. Fizeram parte da minha banca a professora Roza Hara Manaka, o

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professor Alair Berbert e o professor José Luiz Ketzer de Souza. Éramos dois

candidatos. Saiu o resultado e eu havia passado! Pedi demissão do laboratório

e no dia 07 de março de 1979 iniciei minha nova carreira.

6 DOCENTE DA DISCIPLINA DE EXAMES HEMATOLÓGICOS DA UEL

Não me lembro como cheguei, o que aconteceu e nem como foi minha

primeira aula. Só me lembro que assistia as aulas da professora Rozinha, hoje

madrinha de batismo da minha filha Adelma. Ministrava algumas aulas práticas

e logo no início dividimos as aulas, e entres estas assumi as aulas de

Interpretação do Hemograma e Leucemias que foram as quais eu mais me

destaquei e aprimorei como docente de Hematologia. Lembro-me que eu

preparava as aulas em umas fichas que eram para usar como lembrete. Um

belo dia perdi as fichas e me vi louca, então comecei a preparar as aulas em

um caderno. Como eu já comentei que quando ia pra escola eu esquecia

minha bolsa em casa e só levava a lancheira, também perdi o caderno, pois o

coloquei no teto do carro, e fui embora...

Bom depois deste tempo eu já estava preparada e à partir daí nunca

mais usei fichas e cadernos, só estudava e normalmente o assunto que não

tinha nada a ver com a aula.

Logo após ter assumido a disciplina e o setor de hematologia do LAC saí

de licença gestação para ganhar meu primogênito Luiz Antonio, que nasceu no

mês de julho. Entre fraldas e choros, entre alegrias e inexperência curti estes

momentos mágicos que é ter um filho...mas era hora de voltar. Em 11 de

outubro reassumi e no período de férias escolares a Rozinha foi descansar.

Nas férias não havia estudantes mas havia a rotina do laboratório, que naquele

período quase me deixou louca, com casos que eu nunca tinha visto e tive que

aprender na “marra”.

7 ESPECIALIZAÇÃO I

Bom a vida seguiu e em 1982 eu resolvi fazer Especialização em

Metodologia do Ensino Superior, pois sentia que faltava algo a mais para poder

ensinar. Minha preocupação maior era com a elaboração de provas. E naquele

mesmo ano fiquei grávida do meu segundo filho Rômulo Henrique e com o

bebezinho na barriga lá ia eu prá escola à noite. Minha orientadora da

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monografia intitulada: ‘A avaliação em disciplina teórico-pratica’ foi a profª Vera

Lúcia Lemos Bastos Echenique, um amor de pessoa, muito dinâmica e com

uma velocidade de pensamentos e ações parecida com a minha, talvez um

pouco mais calma e menos ansiosa! Confesso que não foi fácil ler aqueles

textos extensos, para quem amava a parte técnica. Ainda tinha o professor

Geir que em toda a aula me chamava com aquele vozeirão para responder

questões filosóficas e eu nem podia mais ouvir “Perim” que já me dava um

arrepio. Mas, uma disciplina me chamou a atenção “Técnicas de Micro-Ensino”.

Baseada em uma prática da década de 60, desenvolvida nos Estados Unidos

da América, onde vendedores eram filmados enquanto tentavam vender um

produto a clientes em lojas, esta técnica também foi utilizada para a sala de

aula. Quando vi o resultado da minha aula, passando a língua em volta dos

lábios fui acometida por uma vergonha extrema, mas analisando a aula como

um todo eu só precisava andar um pouco mais na sala, porque segurança de

conteúdo eu já demonstrava. É claro que a ciência evolui e temos que

acompanhar as mudanças, mas isto prá mim na época era fácil, porque

gostava de aprender e o ensinar na verdade é estar disposto a aprender. Mais

tarde aqui também recebi o título de melhor aluna da minha turma do curso de

Especialização em Metodologia do Ensino!

8 ADMINISTRAÇÃO I

Em 1989 concorri a chefia do departamento de Patologia Legislação e

Deontologia (PALD) e em janeiro de 1990 assumi a chefia do departamento,

com muito medo, mas como muita vontade de efetivar mudanças. No final de

1990 fizemos uma confraternização muito bonita no hotel Bourbon, eu estava

grávida de 8 meses da minha terceira filha, Isadora. Em maio de 1991, tive que

pedir demissão porque estava cursando o mestrado e com minha filha para

cuidar.

Concorri novamente à chefia de departamento em Novembro de 1995,

tendo como vice a professora Alda Maria Losi Guembarovski e em janeiro de

1996 assumi novamente o departamento PALD. Na época concorremos e

ganhamos da chapa concorrente, após uma disputa acirrada por 1 voto de

diferença 16 a 15 votos. Anexei a este memorial a nossa plataforma eleitoral

que achei meio amarelada nos meus arquivos, e pude ver que com o passar

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dos anos as chefias que me sucederam puderam concretizar aqueles nossos

sonhos que passaram a fazer parte dos sonhos dos docentes do nosso

departamento. Com aquela diferença de 01 (hum) voto o nosso compromisso

era ainda maior, tínhamos que reunir o departamento e tentar concretizar os

novos desafios. Em uma visita a Universidade de São Paulo pude conhecer

uma sala de microscopia e fiquei fascinada com a possibilidade de termos uma.

Conversei com o diretor do Centro de Ciências da Saúde Dr. Pedro Gordan e

com a vice-diretora, a saudosa profª Ana Ito, que concordaram em me ajudar e

à partir daí fiquei no pé deles até conseguir comprar 20 microscópios, mas 4

foram doados ao CCB. A chegada dos microscópios e a instalação da sala de

microscopia aconteceu na chefia da professora Edna Reiche.

Na reunião de departamento de junho de 1996, como estávamos tendo

problemas com as disciplinas de Deontologia propus ao departamento passar

aos poucos estas disciplinas para os devidos cursos. No início alguns até

duvidaram, mas com o passar dos anos esta proposta se concretizou e o

departamento passou a se chamar Departamento de Patologia, Análises

Clínicas e Toxicológicas. Tivemos alguns problemas de início porque já existia

um departamento PAC no CCB, Psicanálise e Análise Comportamental. Não

pudemos utilizar a sigla PAC, mas usamos a LAC de Laboratório de Análises

Clinícas.

Nesta época também passei a integrar o conselho deliberativo do

Laboratório de Produção de Medicamentos LPM, junto com professora Ana Ito.

Participamos de vários embates nesta gestão e em várias porque falava

em LPM e lá ia eu como representante do PALD. Ainda na minha gestão

conseguimos que a vaga de Citologia Clínica deveria ser destinada a um

farmacêutico e no ano de 1997 abrimos o teste seletivo. Em fevereiro de 1997

o departamento discutiu a necessidade de contratação de 02 docentes para

ministrar a disciplina de estágios e aprovamos duas vagas.

9 MESTRADO

Em 1989 resolvi me inscrever no mestrado em Histologia no Centro de

Ciências Biológicas. Como eu não queria sair de Londrina e meus filhos já

estavam com 7 e 10 anos, fui tentar uma vaga mesmo sabendo que havia 5

vagas e 5 alunos matriculados como especiais ou seja chance quase zero. Não

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tinha orientador e nem projeto. Tinha um bom nível de inglês em leitura e uma

força de vontade ímpar. Fiz a prova de inglês e fui muito bem, saí rapidinho. Fui

classificada fiz a entrevista e passei. Na época eu nem acreditava, pois tinha

acabado de ser eleita a primeira mulher chefe do departamento PALD. Pensei

com meus botões, vou encarar este desafio e lá fui eu com duas metas

acadêmica e administrativa. Comecei com força total em fevereiro a cursar os

créditos e em março descobri que estava grávida da minha terceira filha

Isadora. Fiquei desesperada devido a minha idade quase 36 anos. Com 31

anos havia engravidado e tive um aborto, que me traumatizou muito. Mesmo

assim segui em frente, sob a orientação da professora Nilce Marzolla Ideriha,

comecei a montar o projeto piloto. Tive que aprender a cuidar de ratos,

sacrificá-los, preparar matriz óssea desmineralizada (MOD) cortanto com

tesourinha, e implantar intramuscular, dar pontos, manejar o micrótomo... uma

rotina maluca, e... ainda havia a chefia do departamento. Tinha que ir todos os

dias no campus durante os experimentos, sábados, domingos, feriados,

Natal...e foi no Natal de 1990 que minha bonequinha chegou, adiantadinha

porque a previsão era 6 de janeiro. Bom, fui cuidar do meu nenê e em março lá

estava eu de volta em meio a mamadeira, ratinhos e seminários e então tive

que pedir demissão da chefia porque minhas forças se foram e meu sonho

enquanto chefe teria que esperar. Saí com o compromisso de retornar após o

mestrado e a professora Monica Bastos Paolielo minha vice, foi eleita a nova

chefe. Mais leve segui em frente, agora já no projeto definitivo. Em dezembro,

em meio aos experimentos e preparo da festa de aniversário de 01 ano da

Isadora, notei que estava acontecendo algo estranho, minha menstruação

estava atrasada. Então no dia 21 de Dezembro levei uma tira de teste rápido

de gravidez e um tubo de ensaio para o laboratório. Urinei no tubo coloquei a

fita e fui anestesiar o lote de ratos. Passado um tempo voltei lá e quando vi

duas faixinhas na fita, me bateu um desespero absurdo. Mestrado, velha, agora

com 38, uma pequeninha me esperando lá em casa, dois filhotes pré-

adolescentes e eu grávida de novo!! Fiquei tão transtornada que me esqueci do

rato que acabou morrendo e era do lote experimental...chorei

desesperadamente. Mas a vida continuou, terminei meus créditos e fui ganhar

a minha outra bonequinha. Com as duas bebezinhas achei que não daria

conta, e tive que ir com mais calma. Só consegui terminar o mestrado em 1995

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e defendi a dissertação intitulada “ Influência da Clonidina no Crescimento de

Ratos Jovens” cujos objetivos eram estudar os efeitos do uso crônico desta

droga, em ratos, por meio de parâmetros biométricos e morfométricos e

estudar a influência da droga na osteogênese ectópica induzida por matriz

óssea desmineralizada. A Clonidina, uma droga anti-hipertensiva e agonista

central α2-adrenérgico utilizada como potente estimulador do hormônio de

crescimento foi utilizada anteriormente em crianças com baixa estatura para

promover crescimento e havia resultados contraditórios na literatura. Realizei

meu extensivo trabalho e conclui que o tratamento prolongado com Clonidina

em ratos, não promoveu o aumento de crescimento do esqueleto e da

osteogênese induzida por MOD. Deste período ficaram as boas lembranças

dos docentes e servidores do Departamento de Histologia da UEL a quem eu

sou eternamente grata e a má lembrança ao descobrir dois anos mais tarde

que eu não teria o diploma porque o curso não era reconhecido pela CAPES.

Uma decepção que perturbou minha carreira, porque apesar do

reconhecimento financeiro, não pude no ínício do Curso de Especialização em

Análises Clínicas orientar os especializandos. Acho que nesta época eu

deveria ter ido a uma psicóloga...sofri muito. Mais tarde o curso foi reconhecido

pela UEL e me deram um diploma interno. Passei então a orientar na

especialização, mas continuava com a sensação de ter sido enganada.

Algumas amigas daquela época partiram para USP e UNESP e concluíram

seus doutorados, mas eu com quatro filhos não quis arriscar. Quando o

doutorado em Ciências da Saúde foi implantado fiquei animada em fazer o

doutorado, mas tinha um impedimento, eu não havia publicado meu trabalho,

só publiquei o resumo “Effects of clonidine on osteogenesis induced by

mineralized bone matrix DBM” no V Congresso Brasileiro de Biologia Molecular.

Pensei, não vou retomar e publicar dez anos depois e então conclui que não

faria mais o doutorado.

10 LABORATÓRIO CIÊNCIA

Em 1990, já grávida da Isadora, fazendo mestrado e chefe do

departamento PALD, surgiu a possibilidade de assumir um laboratório de

Análises Clínicas e Toxicológicas. Tive como sócio e responsável técnico pelo

laboratório meu ex-aluno, amigo e hoje docente da UEL e meu namorado. Por

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12 anos transitei por esta nova fase da vida, trabalhar de dia e à noite. Saí do

regime TIDE e vivi a profissão como proprietária de laboratório e com foco

numa área que eu tinha muito que aprender, Toxicologia. Importamos um

cromatógrafo a gás e um espectrofotômetro de absorção atômica, nos

capacitamos e começamos atender as empresas que fabricam baterias e

várias outras indústrias. Eu ficava na UEL e nos finais de dia e de semana

ajudava no laboratório. Muitas vezes eu ficava à noite no laboratório

escrevendo minha dissertação de mestrado e ao mesmo tempo aprendendo a

utilizar um computador. Como não pretendíamos expandir a área de Análises

Clínicas, implementamos a Toxicologia. Esta área era de difícil retorno

financeiro pelo volume de exames que era sazonal e não era o suficiente para

compensar. Em 1996 o Custodio saiu, porque ele e a esposa tinham recebido

uma proposta de trabalho em Rondônia. Fiquei um tempo sozinha com o

laboratório e muito doente nesta época, porque não conseguia dar conta das

atividades. Foi quando o laboratório Oswaldo Cruz comprou a parte do

Custodio e assumiu a responsabilidade técnica do laboratório. Permaneci ainda

até 2002 e vendi o laboratório, porque senti que era hora de uma definição e eu

optei pelo que me dava maior prazer, a docência.

11 ADMINISTRAÇÃO II

Em 2000 fui eleita vice-coordenadora do colegiado de Farmácia e a

partir daí comecei uma fase da minha carreira bastante desafiadora. Vice da

professora Irene Popper, não foi fácil! Briguei mais do que já brigava, e

comecei a ir a Conferências Nacionais de Educação Farmacêutica, pois as leis

de diretrizes nacionais estavam sendo discutidas. Aprendi muito observando a

Irene, principalmente definindo o que eu não deveria fazer. Implantamos a

avaliação para verificar quais as fragilidades e pontos fortes do curso. Sempre

defendi meu departamento e naquela época eu tinha que ajudar o curso de

Farmácia, sem departamento específico, eu acreditava que a criação do

departamento era a solução para que o curso se consolidasse. Para a criação

do departamento era necessário ter 440h segundo o regimento da UEL e só

tínhamos 6 docentes alocados no departamento de Tecnologia, Alimentos e

Medicamentos TAM no Centro de Ciências Agrárias. Lutamos para a

implantação da Habilitação em Indústria e solicitamos 2 vagas docentes. Com

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a criação da Habilitação em 2001 e a contratação de dois docentes

contávamos com 8 docentes e necessitávamos de mais 3.

Em 2000 em concomitância com a vice-coordenadoria do colegiado

assumi a chefia do setor de Hematologia do Laboratório de Análises Clínicas,

como encarregada do setor.

Em 2002 fui eleita coordenadora do Curso e me joguei de cabeça.

Lembro-me de que depois da eleição, a professora Irene Popper que era minha

vice, me procurou e me disse que nas reuniões nos órgãos colegiados

superiores era ela quem iria. Foi o meu primeiro enfrentamento, pois disse a

ela que eu tinha sido eleita para coordenar e não para ser mandada. Voltando

ao departamento que tinha que ser criado, mas não tinha docentes em número

suficiente, seriam necessárias 440h para se criar um departamento e não havia

possibilidade de expansão de vagas. No PAC as duas docentes da área

Farmacêutica Dora e Sirlei que no início até se propuseram a ir para o

departamento de Farmácia, declinaram do convite. Nesta época, tive um

desentendimento no meu departamento com a alteração de falas em uma ata

que tive que ir até ao departamento jurídico da UEL para solicitar que a chefia

do PAC fizesse a retratação do ocorrido, pois a ata tinha sido adulterada.

Voltando a novela da criação do departamento de Farmácia, o departamento

TAM, onde os docentes de Farmácia eram alocados, cederam a vaga da

professora que iria se aposentar e que era responsável em ministrar aulas de

nutrição para o curso de Enfermagem e mais uma vaga conseguida pela

professora Marcela numa reunião de Conselho Diretor do CCA. Tínhamos 10

docentes e 400h, como na época, os docentes eram 44h semanais pensamos

10 docentes e finalmente o departamento iria ser criado. Nesta época o

estatuto e regimento da UEL estavam passando por reformulações. Eram

muitas reuniões, pois além de tudo o coordenador de colegiado à época

participava de 7 reuniões oficiais mensais a saber: Departamento, Colegiado,

Centro, câmaras de ensino, pesquisa e extensão, Conselho de ensino,

pesquisa e extensão (C.E.P.E.) e do Conselho Universitário (C.U.). Na época

tínhamos reuniões de CU toda semana devido a mudança do estatuto e

regimento. Parafraseando o professor Décio em seu memorial eram “reuniões

infindáveis (muitas vezes com discussões estéreis, porém outras memoráveis)

e calhamaços de papel para cada uma delas”. Tínhamos reuniões cansativas e

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20

em uma delas no anfiteatro de morfologia quando estava para votar este artigo

no estatuto questionei a professora Lygia reitora à época, e esta até concordou

comigo que eram 10 docentes de 40h porque nosso regime de trabalho

anteriormente era de 44h semanais daí o porquê das 440h, mas a reitora

resolveu pedir a opinião do professor Piau que deu o parecer, tem que ser 11.

Saí da reunião chorando, olhei pro Piau e disse “te odeio” e segui meu rumo

desolada. Apesar da pancada, não desistimos e conseguimos a 11ª vaga, pois

a professora Marcela minha vice na época conseguiu na PRORH uma vaga

temporária que foi aprovada pelo Conselho de Administração. Neste período eu

estava no segundo mandato, pois fui reeleita coordenadora de colegiado. Em

agosto de 2006 o departamento de Ciências Farmacêuticas foi criado no CCS,

com onze docentes e com a promessa de 1 vaga para técnico administrativo,

solicitamos duas mas aprovaram somente uma e dois técnicos de laboratório

que viriam do CCA. Resgatando meu discurso (anexado), já como chefe do

departamento PAC, em 07 de agosto de 2006 hoje percebo que mesmo sem

que saibamos, algumas coisas acontecem na nossa vida com um propósito.

Em uma parte daquele discurso falei: “É imprescindível também que a próxima

direção do CCS dê continuidade aos trabalhos da atual direção abraçando esta

causa e lutando conosco para a construção dos laboratórios de Habilidades

Farmacêuticas e o espaço para o novo departamento.” Eu ainda não sabia que

faria parte da nova direção do CCS, pois o convite do professor Isaias viria em

seguida.

O departamento veio em 2008 para o CCS e os laboratórios que à

principio ficariam no CCA por mais dois anos, foram alocados no CCS em

2013. E as vagas do ténico até hoje não temos e os dois técnicos de

laboratório o CCA não liberou.

Voltando ao período 2002-2004 em meio a estes acontecimentos segui

coordenando a equipe responsável para implantar a reforma curricular, pois as

diretrizes foram aprovadas em 2002 e tínhamos que implantar o novo currículo

até 2005. Na comissão de reforma tínhamos que colocar três habilitações

dentro de um currículo com 4.800h, para o farmacêutico com a formação

generalista. Tínhamos várias deficiências no currículo a corrigir e não sabíamos

como proceder.

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Tentamos capacitar os professores ao máximo, com diversas palestras

com a Dra. Zilamar Fernandes e outros docentes da UEL da área da

Educação. Trabalhei com uma equipe empenhada e o resultado que

conseguimos, apesar de criticado, até que deu certo. Tive muita ajuda de

vários professores dentre eles o da professora Hissae (já falecida), craque em

construir planilhas com horários. A professora Marlene Fregonezi e a

professora Irene Popper também foram peças chaves na elaboração deste

currículo, sem exame e com segunda época! Claro que um currículo exige

constantes modificações e elas foram realizadas ainda que em menor

proporção. Só sei que fiquei um bom tempo indo às reuniões mesmo depois do

término do meu mandato porque realmente era muito complicado. Lembro-me

dos professores do básico quando queríamos juntar conteúdos de duas ou três

áreas para formar um módulo, era uma discussão sem fim. Tínhamos que usar

umas frases de efeito sugeridas pela professora Zilamar “O sr professor é

muito importante, é a peça chave para nos ajudar neste desafio”, no início eles

recuavam, mas muitos deles voltaram e nos ajudaram muito.

Em 2004, numa reunião no CCS com a presença da reitora à época

professora Lygia Puppato, sob a direção do professor Waldir Garcia, na qual

participavam chefes de departamento e coordenadores de colegiado, foi

anunciado pela reitora que seria liberado recursos para a construção do

laboratório de Fisioterapia Aquática. Lembro-me que fui até a reitora e

argumentei que tantos cursos haviam sido contemplados com recursos e que o

Curso de Farmácia necessitava tanto de uma Farmácia-escola, pois seu novo

currículo iria ser implantado em 2005 e não tínhamos perspectivas de

construção. Ela acenou com a possibilidade de gestionar para conseguir o

recurso e no final de 2004 já possuíamos um projeto e perguntamos então se

ela não poderia liberar recursos para construção da Farmácia. Ela acenou com

a possibilidade de gestionar para conseguir o recurso. No final de 2004, na

liberação do recurso para a Fisioterapia com a presença da reitora e do

secretário da SETI Aldair Rizzi, em seu discurso o Dr Aldair me surpreendeu ao

dizer: “Professora Perim estamos fazendo o possível para liberar recursos para

a Farmácia-escola”, lembro que todo mundo ficou me cutucando e me olhando

e eu toda cheia. Bom nos últimos dias antes do recesso de final do ano, recebo

uma ligação de Curitiba da professora Lygia me comunicando que teríamos

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que fazer um projeto urgente, pois seria liberado R$200.000,00 reais para a

Farmácia. Saí pulando à procura da professora Marcela para que adaptasse

um projeto formulado pelos docentes da Farmácia para que pudéssemos

enviar à Proplan. O projeto foi enviado, o dinheiro liberado e a nossa tortura

começou. Com aquele recurso só poderíamos fazer a reforma de um espaço,

porque no local antigo da Farmácia, naquela época interditada, não era

possível. Após várias tentativas no HC, no Campus, não conseguimos. Só em

2008 por meio de outro recurso liberado a obra foi executada mas a Farmácia-

escola foi inaugurada somente em 2012. O recurso de 2005 foi utilizado para

equipamentos e mobiliários da nova Farmácia construída.

Em 2005 fui convidada pelo professor Eversum Krunn, ex-presidente do

Conselho Regional de Farmácia e membro da diretoria para me candidatar

como conselheira. Recebi o convite com surpresa porque até então nunca

havia participado em nenhuma comissão e tinha a impressão de que

conselheiros só eram os velhinhos aposentados, pelo menos na minha época

do exercício em farmácia era assim. Mas resolvi submeter meu nome e tive

uma votação surpreendente, e em janeiro de 2006 assumi como conselheira do

Conselho Regional de Farmácia e fiquei até 2009. Fiz muitos amigos, vivi a

realidade do outro lado, fiscalizando os profissionais. Mais uma vez chorei

muito ao me colocar diante dos problemas de meus colegas de profissão. Mas

foi muito bom! Pude constatar que o CRF-PR é um órgão que faz o papel não

só de fiscalizador, mas promove cursos de atualização e se envolve nas

discussões polêmicas da profissão. Queriam que eu ficasse, mas tive que sair

porque tinha outros desafios pela frente.

Saí do colegiado em 2006 e assumi novamente o departamento PAC

tendo como vice o professor Décio Sabattini Barbosa. O Décio que dizia “vou

ser o seu vice, veja lá como está sua saúde” e eu dizia a ele: “não se preocupe,

se não infartei até aqui, agora vai bem, é tranqüilo” mal sabia ele e eu.

Logo que assumi a chefia alguns estudantes me procuraram para

coordenar a IX Jornada de Análises Clínicas realizada praticamente em 6

meses, e eu topei, um outro desafio! Não fiquei muito no meu departamento

como era minha pretensão. Em agosto o professor Isaias Dichi a quem eu

conhecia superficialmente, me perguntou se eu não queria ser vice-diretora do

CCS. Juro que na hora eu disse um não veêmente e indiquei minha amiga

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professora Edna Reiche, que não aceitou o convite, pois iria cursar doutorado

que era o que eu também pretendia. Com o Dr. Isaias insistindo, consultei

alguns docentes do meu departamento entre eles o professor Décio e Edna,

que deram o maior apoio e me disseram da importância do cargo para o nosso

departamento e lá fui eu para mais uma batalha.

12 ESPECIALIZAÇÃO II

Em 2005, envolvida com as mudanças que aconteciam no curso resolvi cursar

à distância uma especialização gerenciada pela Fundação Osvaldo Cruz: Ativação em

processos de mudança no Ensino Superior. Foi uma experiência gratificante com

aulas presenciais em São Paulo, compartilhadas com professores da região sul e

sudeste de vários cursos. Foi ali que nós quarentões à época tivemos a primeira

experiência com a plataforma Moodle. Todos desajeitados resolvemos que o MSN era

bem melhor. Moodle durante as aulas e messenger fora delas, até nossa tutora uma

psicóloga cinquentona preferiu o MSN. Nossa equipe, composta de enfermeiras,

fisioterapeutas, um odontólogo e eu farmacêutica era muito boa e divertida. Meu

trabalho de conclusão sob o título “Projeto de parceria ensino-serviço para a inserção

de estudantes de Farmácia no estágio Habilidades Farmacêuticas III” foi orientado

pela profª Dra. Maria Cezira Fantin Nogueira Martins.

13 ADMINISTRAÇÃO III

Ao aceitar o convite do Dr Isaias, sentamos prá construir nossas metas e

começar nossa campanha para a direção do CCS. Neste ínterim o professor

Décio meu vice assumiu a chefia do departamento PAC. Fomos à primeira

reunião no departamento de Enfermagem e quando o Dr Isaias passou-me a

palavra...chorei...e pensei, isto não vai dar certo. Continuamos nossa

campanha, mesmo com chapa única, entregando nossos panfletos, orientados

professor pelo ex-diretor Márcio de Almeida. Fomos eleitos e em 10 de outubro

de 2006 assumimos a direção do CCS com direito a posse, jantar dançante e

com muita força de vontade.

Eu estava ligada ao PAC por conta da jornada que coordenava e assumi

a vice-direção que no inicio era muito difícil, com aquele burburinho típico dos

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estudantes que faziam parte da comissão organizadora e que sempre me

perguntavam se eu tinha lavado o cabelo com xampu de laranja, porque estava

“um bagaço”, e eu com trocentas coisas para fazer ao mesmo tempo, tive a

impressão de estar levitando, mas foi muito bom e divertido!

O Dr. Isaias fazia a parte mais política e eu fiquei na administração

interna apesar de que quando o assunto era polêmico lá íamos os dois tentar

resolver. Eu era sempre mais afoita e ele mais ponderado e deu muito certo.

Quando assumimos a maioria dos departamentos estavam com a infraestrutura

muito ruim, então vimos com o HU à possibilidade de utilizar os recursos para

viagem, que se não gastos no ano não mais retornavam, para adquirimos

computadores, impressoras, data-show, mesas, ar-condicionado, e materiais

para os departamentos. Todos foram reestruturados inclusive os da

Odontologia, estes com recursos dos cursos de especialização da própria

Odontologia que vem para o Centro. Compramos carteiras novas, para as

salas inauguradas e para outras já existentes.

No Planejamento do Centro seguimos o Planejamento Estratégico

Institucional e a próxima prioridade era o Laboratório de Habilidades

Farmacêuticas, pois num acordo com o CCA os laboratórios deveriam vir ao

CCS em dois anos e era meta do PAC que os laboratórios alocados no HC

viessem para o CCS, devido aos inúmeros problemas que tínhamos de aulas

teóricas e práticas em locais distantes.

Quando assumimos juntamente com a chefe de departamento de

Ciências Farmacêuticas fomos a reitoria conversar com o professor reitor

Wilmar S. Marçal, para solicitar a liberação de recursos para a Farmácia-

escola e ele prontamente disse que iria liberar recurso da Caixa Econômica

Federal que a UEL tinha ganho devido aos contratos com os bancos, pois a

caixa havia vencido a concorrência.

Saí de licença e quando voltei os diretores tinham discutido os recursos

da Unidade Gestora do Fundo Paraná (UGF) de 2007 destinados ao CCS e o

reitor informou ao Isaias que a parte do CCS era a Farmácia-escola. Fiquei

muito brava na época porque na verdade a prioridade no Planejamento

Estratégico Institucional (PEI) do CCS eram as salas de aula e os laboratórios.

Com os recursos da UGF de 2008, 2009 e 2010 foram priorizadas as salas de

aulas, um anfiteatro e os laboratórios. Paralelamente a estas obras, o

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laboratório aquático começou a ser construído. Após várias intervenções e

reuniões acaloradas, com demora entre 6 a 8 anos estas obras foram

inauguradas, sempre com muito choro! O Centro de fisioterapia Aquática e o

prédio dos laboratórios foram inaugurados em 2012 e a Farmácia em 2013.

Não vou relatar todos os problemas, mas enfrentamos muitos e nos

desgastamos além das nossas forças. Salas de madeira no chão, docentes

sem salas para aulas, obras construídas em várias etapas, inauguradas sem

banheiros, enfim um caos! Tivemos que reestruturar e readequar espaços,

estabelecer critérios para utilização das salas, mas com todo esforço

conseguimos colocar multimídia e computadores em quase elas.

O prédio das salas de aulas que deveria ser o primeiro a ficar pronto

será inaugurado daqui há um mês.

Para o novo prédio teremos carteiras? Os tablados do anfiteatro que

cobrei desde a elaboração do projeto, me informaram esta semana que não foi

previsto e agora? Nestas salas teremos que colocar ar condicionado e

insufilme, e recursos para isso? Neste prédio está previsto um elevador, já

solicitado há 01 ano, será adquirido? A rede lógica do CCS que recebeu

recursos da Fundação Araucária em 2005 para ser reestruturada e não foi e há

um ano estão adquirindo os equipamentos, será finalmente reestruturada?

Voltando no tempo, em 2006 começamos a pensar num espaço para a

pós-graduação o Centro de pesquisa e pós-graduação do CCS (CEPPOS),

ajudando nas negociações de um projeto inicialmente coordenado pelos

professores Darli e Cordoni e depois pelos coordenadores da pós-graduação.

Atualmente, o professor Décio está como representante da direção nas

negociações com as pro-reitorias Proplan e Proppg.

O CEPPOS a ser construído com recursos da FINEP com previsão de

início em 2007, ainda está dependendo de liberação de recursos. Devido às

dificuldades nas negociações entre o CCS e o HU, quanto ao local para a

construção do prédio e tantos outros problemas, a previsão para o início da

obra é 2014.

Como os projetos estavam em andamento, eu que já estava cursando o

doutorado e com quase todos os créditos concluídos, resolvi me candidatar a

direção do CCS tendo como vice o Dr. Luiz Carlos Lúcio de Carvalho.

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Não tivemos chapa concorrente e em 10 de outubro de 2010 assumi

como a primeira mulher não médica a administrar o CCS. Parece fácil, mas não

é. Administrar um Centro com 11 departamentos e 5 cursos, participar de

reuniões da Administração da UEL, vivenciar o dia a dia de pessoas, tentar

apaziguar, resolver conflitos que são muitos, fazer toda a manutenção de salas

e equipamentos e prédios, decidir na incerteza, realmente uma experiência e

tanto! Nesta nova fase resolvemos que teríamos que implementar os

laboratórios e raspando recursos de pedras, compramos vários equipamentos

e manequins para todos os cursos do CCS.

Priorizamos a UGF de 2012, R$ 600.000,00, em decisão de Conselho de

Centro e orientados pelo novo PEI elaborado em 2009, para equipar os

laboratórios dos cursos de Farmácia, Fisioterapia e Odontologia. Além deste

recurso, um outro liberado pela SETI específico para implementação dos

laboratórios foram destinados aos 5 cursos e estamos em processo árduo de

compra após cadastrar e atualizar os preços no SICOR. Alguns departamentos

e docentes não acreditaram e não atualizaram preços, mas alertamos nestes 7

anos de administração que esta é a única maneira de comprar. Com a

informação que teremos redução e que os recursos da UGF de 2013 e 2014

serão liberados no início do ano, a nossa meta é de construir um Centro de

Simulação realística no CCS, para atender os cinco cursos e o projeto já está

pronto.

Saio em outubro de 2014 feliz porque pude concretizar algumas metas

importantes para o curso de Farmácia e para o CCS.

14 DOUTORADO

Em 2009, resolvi me matricular no doutorado em Patologia

Experimental e cursar duas disciplinas como aluna especial e escrever um

projeto orientada pela professora Maria Angelica Watanabe. Lembro-me

quando defendi o projeto e ela foi à PROPPG entregar os documentos e

descobriu que o mestrado não era reconhecido me ligou., .

No primeiro dia de aula do professor Philenno Pinge Filho, ainda como

aluna especial, pensei em desistir. A Imunologia não tinha nada a ver com

aquela que eu sabia e eu senti que seria muito difícil. Mas conversando com

minha amiga Elaine Delicato, uma ex-aluna e professora da disciplina de

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Imunologia Clínica, ela me falou que também estava apavorada...e eu mais

uma vez pensei e decidi encarar... e seja o que Deus quiser! O tempo passou

rapidinho e um dia no CA, outro sentada numa sala assistindo aula, outro

colhendo material e falando com mães e crianças com leucemia, outro no CCS

resolvendo pepinos, outro no laboratório discutindo o andamento do projeto os

resultados e outros chorando esgotada...e falando não vou conseguir. Mas tudo

passou muito rápido, realmente a minha orientadora tem uma equipe que vale

ouro. Umas me ameaçavam, outras incentivavam e empurravam e assim foi. A

Maria Angelica me via e falava: Vamos marcar a qualificação? Eu gelava e

pensava “só depois do primeiro artigo ser aceito” e ele foi aceito e publicado!

Bom tirei 18 dias de férias fiquei de pijama dia e noite escrevendo e quando eu

liguei prá ela no dia 1 de julho e ela me perguntou: Vamos marcar a

qualificação? Respondi “vamos para o dia 15” e ela me perguntou: de que

mês? E eu respondi que seria em julho e ela retrucou: mas hoje é dia primeiro,

e eu disse a ela que tinha tirado férias para terminar que estava quase tudo

pronto e eu não poderia voltar sem qualificar. Ela imediatamente marcou e

assim fiz a minha qualificação, claro deixando a minha banca composta pela

Marla Amarante e Roberta Guembarovski malucas. Terminei e marquei a

defesa para o dia 23 de agosto. Voltei ao CCS por 2 semanas, conduzi a

reunião de CC no dia 8 e no dia 9 saí de licença para a defesa. Pijama de novo

e com a Roberta, filha da Alda me assessorando e a Marla também na

retaguarda, finalmente obtive o título de doutora e chorei!

Voltei ao CCS na segunda entreguei a documentação do

doutorado na ProRH e já comecei a escrever este memorial contando minha

vida até aqui!

É claro que paralelamente à UEL minha vida seguiu, me separei,

arrumei um namorado, meu filho Rômulo se casou e me deu dois netos

maravilhosos. A minha vida foi cada minuto um flash, me dediquei mais à

minha vida profissional do que pessoal, mas foi me refugiando nas pessoas

que eu amo que encontrei forças nas adversidades.

15 CONSIDERAÇÕES FINAIS

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Escrever este memorial foi muito gratificante. Relembrar a minha vida e

poder partilhar fatos de minha infância, adolescência e juventude foi muito

gostoso. Como diz o meu pai... só percebo o quanto envelheci quando olho no

espelho. E é verdade! Claro que ao ficar sexy e crocante algumas dores

também aparecem e não as vejo no espelho. A inquietude, a força de vontade

e a alegria fazem parte de mim e tomara que eu nunca as perca. Claro que

nem tudo na vida acontece como planejamos, apesar de colhermos tudo o que

plantamos. Não imaginei ser professora e sou, não pensei em ser diretora de

um Centro e fui e até o doutorado que achei que não daria mais tempo de fazer

..deu. Nestes anos dentro desta Universidade que é mais minha casa do que a

minha própria pude compartilhar sonhos e ensinar muitos a sonhar. Muitas

vezes fui rígida e muitas vezes amoleci. Este poder de envergar e não quebrar

me acompanha e fiz o que estava ao meu alcance e o que não estava também.

Aprendi que se não gosta de alguma coisa, e tem que fazer, tem que aprender

a gostar, porque a vida torna-se mais prazeirosa. Sempre lutei por todos e

muitas vezes deixei a vida profissional ultrapor a minha vida familiar. Hoje, aqui

estou diante de mais um sonho que pensei não poderia mais alcançar,

professor associado! Fui feliz ensinando, amei ser professora e lutei pela

graduação e pela excelência no ensino e fico ainda fascinada quando percebo

os jovens professores lutando e sentindo prazer no que fazem. Pena que são

poucos!

Relendo este memorial confesso que fiquei admirada do tanto de coisas

que já realizei e muitas outras não de menor importância, mas que não relatei

porque o contexto era outro. Hoje me policio para ir um pouco mais devagar.

Sinto ao descrever a minha história que alguma coisa se perdeu em meio a

tantas atividades, e com certeza esta atribulação foi para suprir o lado pessoal,

que nem sempre foi como eu sonhei. Se andei rápido agora é hora de repensar

a vida. Será difícil não me meter de novo numa boa briga embora, ao se

envelhecer, o pensamento e a agilidade corporal andem na velocidade inversa.

Estar na gerontolescência, ser sexy e crocante vai me ajudar com o bom humor

que me é peculiar a enfrentar minha nova fase à partir de outubro de 2014

quando me desligar das atividades administrativas. Ainda tenho alguns

trabalhos de pesquisa para concluir que correrão junto com a administração.

Sei que muitos terminam um memorial estipulando metas e sonhos na vida

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acadêmica. O meu momento é outro. Sei que até sair serei uma referência viva

para muitos assuntos e procurarei ajudar. Deixo aqui aos que estão iniciando

nesta arte que é muito bom ao olhar para trás relembrar das batalhas travadas,

nem sempre ganhas, mas que mesmo perdidas tiveram um gostinho de vitória

porque a justiça e o amor estiveram lado a lado.

16 CURRICULUM LATTES