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Mercado e política pública para o conteúdo audiovisual brasileiro no ambiente convergente
Conferência Nacional Preparatória de ComunicaçõesBrasília, 19 de setembro de 2007
Leopoldo Nunes
Diretor - Agência Nacional de Cinema
Quais as políticas públicas possíveis para o conteúdo no cenário convergente?
Políticas de fomento Há vários mecanismos de incentivo fiscal disponíveis para a produção audiovisual
brasileira, desde o início da década de 1990 BNDES tem atuação recente no setor (Procult) Novos mecanismos foram criados com a Lei nº 11.437, de 2006
Novos incentivos (em regulamentação) para a co-produção entre produtores independentes e emissoras de radiodifusão ou programadoras brasileiras
Fundo Setorial do Audiovisual
Políticas de regulação, focadas no mercado audiovisual, que garanta espaço para o conteúdo audiovisual nacional (especialmente o independente e o regional) Tais políticas são necessárias caso se queira o desenvolvimento sustentável da
indústria audiovisual no país
Esta apresentação
O papel da ANCINE no audiovisual brasileiro
O mercado audiovisual no Brasil e no mundo e os princípios da regulação dos conteúdos audiovisuais
Os conteúdos audiovisuais e a convergência
O caso da TV por assinatura no Brasil
Convergência e regulação audiovisual no Brasil
O papel da ANCINE no audiovisual brasileiro:
Regulação, Fiscalização e Fomento
Conhecendo a Ancine
A Ancine foi criada pelo MP nº 2.228-1, de 6 de setembro de 2001, como autarquia especial dotada de autonomia administrativa e financeira.
A Lei nº 10.454, de 2002, e a Lei nº 11.437, de 2006, consolidam as atribuições da Ancine.
Pelo Decreto nº 4.858, de 13 de outubro de 2003, a Agência passou a ser vinculada ao Ministério da Cultura.
A Ancine é um órgão de regulação, fiscalização e fomento da indústria cinematográfica e videofonográfica brasileira.
Área de Atuação
Regulação Proteger à indústria cinematográfica nacional Facilitar a participação das obras brasileiras em todos os
segmentos de mercado Regular as atividades de fomento Emitir o Certificado de Produto Brasileiro Registrar obras e empresas Regular as filmagens estrangeiras no Brasil Fixar critérios para a aplicação de recursos da
Condecine
Área de Atuação
Fiscalização Arrecadar e fiscalizar a Condecine Aferir o cumprimento da cota de tela Aferir o cumprimento das regras de distribuição de obras
brasileiras em vídeo doméstico Verificar a observância da legislação para a atividade
cinematográfica Fiscalizar a aplicação dos recursos incentivados Promover o combate à pirataria Zelar pelo respeito ao direito autoral
Área de Atuação
Fomento Apoiar, em especial, a produção independente Aprovar e acompanhar os projetos realizados com
recursos públicos ou incentivos fiscais Estabelecer critérios e diretrizes para o fomento e o
financiamento Administrar os mecanismos de fomento e os programas
(Prodecine, Prodav e Pró-infra)
O mercado audiovisual no Brasil e no mundo e os princípios da regulação nesse
mercado
Mercado audiovisual mundial x Mercado audiovisual brasileiro (2005)
Mundo: € 342 bilhões em venda de serviços baseados em conteúdos audiovisuais no ano de 2005 valor é quase o dobro das vendas mundiais de eletrônicos de consumo de
áudio e vídeo;
valor 30% maior que vendas mundiais de servidores, computadores e periféricos;
apresenta crescimento anual médio de 5,6% (2000 a 2005)
Brasil: equivalente € 5,46 bilhões de faturamento em 2005 Faturamento total representa menos de 20% do faturamento da maior empresa
internacional em vendas de produtos audiovisuais (Time Warner)
Dados: IDATE e ANCINE
O mercado audiovisual no Brasil em 2006
Distribuição das receitas, por segmento, no mercado audiovisual brasileiro, em reais (2006):
Salas de exibição: R$ 800 milhões
Vídeo doméstico: R$ 2,16 bilhões
Televisão aberta (publicidade): R$ 10,3 bilhões
TV paga (publicidade + assinaturas): R$ 5,13 bilhões
Total: R$ 18,39 bilhões
Mercado audiovisual brasileiro tem grande parte do seu faturamento derivado da exploração de obras audiovisuais estrangeiras no país
Somente o segmento de TV por assinatura, com apenas 4,6 milhões de assinantes em 2006, foi responsável por remeter ao exterior o equivalente a R$ 500 milhões naquele ano
A importância dos mercados nacionais para a indústria audiovisual
Mercados nacionais são fundamentais para que os produtores locais
consigam escala mínima de produção para fazer frente à disputa em nível
global.
Os mercados nacionais apresentam-se como espaços legítimos da
disputa (econômica e simbólico-cultural) pela produção e distribuição dos
conteúdos audiovisuais.
Convenção da Diversidade das Expressões Culturais da UNESCO:
reconhece legitimidade dos Estados nacionais em manter e implementar
políticas para a proteção e promoção da diversidade cultural – incluindo o
conteúdo audiovisual.
O Senado Brasileiro ratificou a convenção em dezembro de 2006.
Garantias de espaço para as produções audiovisuais nacionais
Medidas ativas de proteção do mercado audiovisual nacional (comunitário, na Europa) em benefício dos conteúdos produzidos localmente (cotas), são encontradas em vários outros países de economia aberta.
Em vários países a regulação econômica e a defesa da concorrência caminham juntas para fazer com que o mercado audiovisual abra espaço para a produção audiovisual nacional, com diversidade e em benefício do consumidor/cidadão.
Costumam receber atenção especial:
A produção audiovisual independente;
A produção regional;
Programadores independentes;
As empresas nacionais atuantes no setor.
Casos históricos de regulação econômica e de defesa da concorrência no mercado audiovisual
EUA,1948: no caso conhecido como USA versus Paramount, Suprema Corte do país decretou que as majors deveriam desfazer-se das suas atividades voltadas para a exibição cinematográfica (50% das receitas nas bilheterias do país);
EUA, 1970: FCC – órgão regulador das comunicações – criou normas para a televisão aberta que beneficiaram enormemente a produção independente e a veiculação da produção regional.
Europa, 1989: Diretiva “Televisão sem Fronteiras” – Estados membros devem assegurar que canais de TV exibam conteúdo audiovisual europeu (o que não inclui notícias, esportes, publicidade, televendas, etc.) na maior parte do tempo de transmissão e que seja reservado à produção independente ao menos 10% do tempo de programação transmitido ou 10% do orçamento destinado à programação
Os conteúdos audiovisuais e a convergência
A convergência
O processo: processo de agregação e combinação dos setores de telecomunicações (serviços de rede), meios de comunicação (produção e difusão de conteúdos) e tecnologias da informação (serviços diversos de internet).
O objetivo para a sociedade brasileira: aumentar a produção e a circulação de conteúdo nacional, diverso e plural, gerando emprego, renda e o fortalecimento da cultura nacional.
A finalidade: dotar o usuário/consumidor/cidadão da capacidade de acessar qualquer conteúdo através de qualquer rede ou plataforma, com qualidade e a preços baixos.
Na convergência, conteúdo audiovisual desponta como o mais cobiçado
No cenário convergente o conteúdo audiovisual é o nó central, porque enlaça as atividades de telecomunicações com as atividades de comunicação social.
Há potencial de conflitos e de parcerias entre empresas pela comercialização
e distribuição do conteúdo audiovisual;
Determinadas parcerias entre empresas ao longo da cadeia de valor da
distribuição do conteúdo audiovisual podem gerar efeitos concorrenciais
negativos e “falhas de mercado”: Podendo ocasionar a marginalização de produtores e de programadores independentes
que se encontram fora dos circuitos estabelecidos;
Podem deixar o consumidor final sem acesso a determinados conteúdos, prejudicando a
diversidade cultural e o direito de escolha do cidadão;
Preços ao consumidor podem situar-se em níveis mais elevados do que ocorreria em
ambiente de concorrência.
Quais elementos levar em conta para regular o audiovisual no cenário convergente?
Entendimento de que: Trata-se da utilização de instrumentos de regulação econômica do
mercado de conteúdo audiovisual (e não de instrumentos de
regulação social)
Trata-se de uma cadeia produtiva na qual várias atividades
econômicas são necessárias para levar o conteúdo audiovisual até
o consumidor final
Quais elementos levar em conta para regular o audiovisual no cenário convergente? (cont.)
A defesa (e a promoção) da concorrência nas diversas atividades é fundamental para que: o consumidor/cidadão possa ter acesso aos benefícios da convergência;
venha a ser cumprido o preceito constitucional que determina a garantia,
a todo cidadão brasileiro, do pleno exercício dos direitos culturais e o
acesso às fontes da cultura nacional.
seja observada Convenção da Diversidade das Expressões Culturais da
UNESCO, ratificada pelo Congresso Brasileiro em dezembro de 2006.
A regulação técnica no âmbito das redes não pode se sobrepor à
regulação econômica no âmbito dos serviços prestados através
dessa redes
O caso da TV por assinatura no Brasil
Televisão por assinatura no Brasil e no mundo
Penetração do serviço de televisão por assinatura no Brasil é muito inferior ao encontrado no continente africano
Em toda a América Latina, o Brasil só perde para a Bolívia em penetração do serviço de televisão por assinatura
Somente o segmento de TV por assinatura, com apenas 4,6 milhões de assinantes, foi responsável por remeter ao exterior o equivalmente a R$ 500 milhões em divisas em 2006.
Dados: Os dados são de 2005, à exceção do dado referente ao mundo. Os percentuais referem-se aos domicílios com aparelhos de TV. Fontes: Digiworld 2007 (Idate) e Mídia Fatos – ABTA 2007.
Penetração do serviço de TV por assinatura (2005)
Mundo 43,6% (2006)
África 29,2%
Ásia 34,2%
América Central e Caribe 26,4%
Argentina 53,8%
Colômbia 50,4%
Uruguai 49,5%
México 26,2%
Chile 23,0%
Venezuela 21,9%
Paraguai 15,7%
Equador 11,5%
Peru 9,7%
Brasil 8,1%
Bolívia 4,0%
Preços do serviço de TV por assinatura – países selecionados
País Provedor Pacote1 Preço moeda local
Canais
(liquido)2
Preço R$ em
27/08/200
Preço por canal
(líquido, R$)
TvCabo Clássico € 22,99 57 61,19 1,07Tvtel Clássico € 20,00 43 53,24 1,24Ono Estrella € 30,00 53 79,85 1,51Telecable Principal * € 17,00 20 45,25 2,26Directv Chile Flexi + Mas CH$ 21.980,00 70 81,77 1,17Zaptv Zap Total * CH$ 19.490,00 40 72,50 1,81
VTRd-BOX + pack magazine *
CH$ 4.890,00 26 18,19 0,70
Portugal
Espanha
Chile
Para entender a tabela:
1 – Optou-se pelo 2º pacote mais barato de cada provedor, a não ser quando especificado por um (*) – quando o provedor possui apenas um pacote e grupos adicionais de canais podem ser adquiridos separadamente.
2 – Canais líquido: montante total de canais excluindo canais abertos, de veiculação obrigatória, religiosos, canais regionais e locais, de televendas, canais pay-per-view, canais à la carte, canais de jogos, canais de audio, canais legislativo ou judiciário e canais que veiculem a mesma programação com atraso (canais repetidores).
Preços do serviço de TV por assinatura – países selecionados
Para entender a tabela:
1 – Optou-se pelo 2º pacote mais barato de cada provedor, a não ser quando especificado por um (*) – quando o provedor possui apenas um pacote e grupos adicionais de canais podem ser adquiridos separadamente.
2 – Canais líquido: montante total de canais excluindo canais abertos, de veiculação obrigatória, religiosos, canais regionais e locais, de televendas, canais pay-per-view, canais à la carte, canais de jogos, canais de audio, canais legislativo ou judiciário e canais que veiculem a mesma programação com atraso (canais repetidores).
País Provedor Pacote1 Preço moeda local
Canais
(liquido)2
Preço R$ em
27/08/2007
Preço por canal
(líquido, R$)
Tvfuego Basico * AR$ 69,00 53 42,43 0,80Directv Arg. Basico * AR$ 89,99 88 55,33 0,63
2º pacote + barato R$ 81,90 24 81,90 3,41Pacote mais caro R$ 179,90 66 179,90 2,732º pacote + barato R$ 103,90 54 103,90 1,92Pacote mais caro R$ 189,90 76 189,90 2,502º pacote + barato R$ 88,90 13 88,90 6,84Pacote mais caro R$ 131,90 40 131,90 3,30
Argentina
Brasil (Rio de Janeiro)
Provedor 1
Provedor 2
Provedor 3
A televisão por assinatura em seus primórdios no Brasil
Produção Program ação
Ati
vid
ad
es
Pro
du
tos
ou
Se
rviç
os
Obrasaud iovisuais
Canais deprogram ação
1. Pacotes de canais2. Com ercialização de pacotes
3. Gerenciam ento da rede fís ica
Operação do ServiçoConsumidor
O operador do serviço recebe a outorga para montar uma rede, comercializa os canais que contrata junto aos programadores, exercendo quase sempre a função de empacotar os canais que chegarão ao consumidor final
TV por assinatura, 2º momento
ProduçãoProgra-m ação
Ati
vid
ad
es
Obras audio-visuais
Canais deprogra-m ação
Pacotes decanais
Em pacota-m ento
Operação doServiço
1. Com ercializaçãode pacotes
2. Gerenciam entoda rede física
Consumidor
Pro
du
tos
ou
Se
rviç
os
Parte das empresas que recebeu a outorga para a prestação dos serviço de TV por assinatura delega a outra empresa a função de empacotar canais de programação contratados junto às programadoras.
Televisão por assinatura no cenário convergente
ProduçãoProgra-m ação
Ati
vid
ad
es
Obrasaudio-visuais
Canais deprogram a-
ção
Pacotes decanais
Em paco-tam ento
Provi-m ento
Com ercia-lização depacotes de
canais
Consumidor
Distri-buição
Gerencia-m ento da
infra-estruturaP
rod
uto
so
u S
erv
iço
s
Algumas empresas que têm a outorga da rede (distribuição) passam oferecer sua infra-estrutura para outra empresa comerciar (prover) o serviço de TV por assinatura; essa segunda empresa também pode prover outros serviços (banda larga, telefonia).
Com o unbundling (desagregação da rede, de modo que vários provedores passam a prestar serviços a partir de uma mesma infra-estrutura) as atividades de provimento e de distribuição tendem a ser exercidas por empresas distintas.
Televisão paga: duas camadas de atividades distintas
Produção-Progra
mação
Ativid
ades
Organização e agregação do conteúdo audiovisual em diferentes níveis: obra,
canal de programação, pacote de canais
-Empacotamento
-Provimento
Comercialização do serviço de TV paga (assim como de
outros serviços) através de uma ou várias redes
-Distribuição
Atividades focadas no ConteúdoAudiovisual
Atividades focadas emTelecomunicações
Pro
duto
s
ou
Serv
iços
Atividades da Comunicação Audiovisual de Acesso Condicionado
Duas camadas de atividades: regulação por camadas
Regulação das atividades focadas em Telecomunicações objetivando a maximização e a maior eficiência do uso das redes; Atribuição da Anatel.
Regulação das atividades focadas no Conteúdo Audiovisual objetivando a maior presença do conteúdo audiovisual brasileiro e diversidade de conteúdos audiovisuais com a ampliação da oferta e do mercado interno; Atribuição da Ancine.
Necessária articulação entre a Anatel e Ancine no âmbito de um novo marco regulatório para os serviços de produção e distribuição de conteúdos audiovisuais: foco no usuário/cidadão.
Convergência e regulação audiovisual no Brasil
Fundamentos da ação de regulação audiovisual no Brasil
A ocorrência de distorções competitivas no mercado – reduzido espaço de acesso ao conteúdo nacional e fragilidade da diversidade.
Poder-dever do Estado como resultante da necessidade de promoção da cultura nacional.
Relevante interesse público, previsto pelo legislador constituinte.
O interesse do usuário/cidadão em adquirir serviços audiovisuais a preços acessíveis e ter acesso: a maior quantidade possível de conteúdos audiovisuais brasileiros
à diversidade audiovisual brasileira
à diversidade audiovisual mundial.
Conexão entre Fomento e Regulação: o estímulo público positivo aumenta a sua efetividade quando associado a diretrizes regulatórias. Ex.: estímulo à produção e combate ao gargalo na exibição e difusão
dos conteúdos audiovisuais nacionais produzidos, nos diversos segmentos de mercado
Fundamentos da ação de regulação audiovisual no Brasil (cont.)
Impactos desejáveis da convergência na indústria audiovisual brasileira
Ambiente competitivo, em benefício do consumidor de serviços
audiovisuais;
Novos atores, especialmente programadores brasileiros voltados para a
TV por assinatura e para as novas mídias, comprometidos com a
veiculação de conteúdo audiovisual brasileiro;
Aumento da diversidade e da oferta de conteúdo brasileiro ao
consumidor;
Existência de demanda pela produção independente e pela produção
regional;
Expansão do mercado audiovisual interno para as produções nacionais
e expansão das exportações;
Menor necessidade de recursos públicos para apoiar a produção
audiovisual nacional.
As políticas mais eficientes para a produção e a distribuição do conteúdo audiovisual brasileiro são as políticas que garantem mercado para esse conteúdo
São essas políticas que garantirão sustentabilidade para a produção audiovisual brasileira.
Quais as políticas públicas possíveis para o conteúdo no cenário convergente?
Fontes dos dados:
IDATE: Digiworld 2007 e www.idate.fr Ancine: www.ancine.gov.br Mídia Fatos ABTA 2007 Sites:
http://www.tvcabo.pt/Televisao/ComparativoCanais.aspx http://www.tvtel.pt/tv_seleccao.html http://www.ono.es/television/Television_Estrella_2_1.aspx http://www.telecable.es/telecable/02-television-opcionprincipal.htm http://www.tvfuego.com.ar/index.php?
s=AR2001041818530900006228$ http://directv.users.wiroos.net/1_productos/121.php http://www.directvchile.cl/firstPlan.html http://www.zaptv.cl/productos.php
Obrigado pela atenção!
www.ancine.gov.br
Escritório Central:Av. Graça Aranha, 35 – Centro
Rio de Janeiro - RJCEP: 20030-002
Tel.: (21) 2240-1049