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Administração e Investigação de Homicídios Dolosos: Práticas e Classificações Jurídico-Policiais. Michel Lobo Toledo Lima Mestre e doutorando em Sociologia pelo IESP/UERJ Email: [email protected] Resumo Neste trabalho apresentarei alguns dados e análises de pesquisa etnográfica, que compõe parte da minha tese de doutorado em Sociologia no Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IESP/UERJ), ainda em andamento, na Divisão de Homicídios da Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro, e na Divisão de Homicídios de Juiz de Fora, em Minas Gerais. Na presente pesquisa, descrevo, analiso e comparo por contrastes a prática de investigações destas instituições policiais na identificação, administração e esclarecimento de homicídios dolosos, onde, por meio de interações entre polícia militar e polícia civil, tais autoridades policiais registram os fatos e os enquadram dentro de uma classificação de crime, a partir de sua interpretação pessoal, traduzindo um fato social em um fato jurídico, ou não. A categoria penal “homicídio doloso”, no cotidiano policial, é administrada e operacionalizada a partir de um sistema classificatório próprio, operada pelas polícias e pelo judiciário. As polícias civil e militar não atuam simplesmente como agentes do sistema de justiça criminal e de segurança pública, podendo prever os fatos delituosos por meio de suposições relativas ao caráter do suposto criminoso ou acusado do crime, e das vítimas, onde a categoria homicídionão tem um caráter imutável nem puramente legal, dependendo assim da valoração policial perante os casos, determinando como estes devem ser legitimados e administrados, sendo moralmente e contextualmente hierarquizados, norteando o desdobrar dos processos e procedimentos institucionais. Palavras-Chave: Homicídio. Categorização. Polícia. Judiciário. Investigação.

Michel Lobo Resumo GT60 XI Ram

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Administração e Investigação de Homicídios Dolosos: Práticas e Classificações

Jurídico-Policiais.

Michel Lobo Toledo Lima

Mestre e doutorando em Sociologia pelo IESP/UERJ

Email: [email protected]

Resumo

Neste trabalho apresentarei alguns dados e análises de pesquisa etnográfica, que compõe

parte da minha tese de doutorado em Sociologia no Instituto de Estudos Sociais e

Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IESP/UERJ), ainda em

andamento, na Divisão de Homicídios da Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro, e na

Divisão de Homicídios de Juiz de Fora, em Minas Gerais. Na presente pesquisa,

descrevo, analiso e comparo por contrastes a prática de investigações destas instituições

policiais na identificação, administração e esclarecimento de homicídios dolosos, onde,

por meio de interações entre polícia militar e polícia civil, tais autoridades policiais

registram os fatos e os enquadram dentro de uma classificação de crime, a partir de sua

interpretação pessoal, traduzindo um fato social em um fato jurídico, ou não. A

categoria penal “homicídio doloso”, no cotidiano policial, é administrada e

operacionalizada a partir de um sistema classificatório próprio, operada pelas polícias e

pelo judiciário. As polícias civil e militar não atuam simplesmente como agentes do

sistema de justiça criminal e de segurança pública, podendo prever os fatos delituosos

por meio de suposições relativas ao caráter do suposto criminoso ou acusado do crime, e

das vítimas, onde a categoria “homicídio” não tem um caráter imutável nem puramente

legal, dependendo assim da valoração policial perante os casos, determinando como

estes devem ser legitimados e administrados, sendo moralmente e contextualmente

hierarquizados, norteando o desdobrar dos processos e procedimentos institucionais.

Palavras-Chave: Homicídio. Categorização. Polícia. Judiciário. Investigação.