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Água potável: Um desafio para o planeta Terra Maria de Fátima de Souza Água potável (do latim potus, bebida; potabilis, bebível; e potare, beber) é entendida como aquela que pode ser consumida por pessoas e animais sem risco de causar doenças. A definição dessa expressão conforme o artigo 4°, inciso I, do Decreto n° 5.440, é a seguinte: “água potável - água para consumo humano cujos parâmetros microbiológicos, físicos, químicos e radioativos atendam ao padrão de potabilidade e que não ofereça riscos à saúde” O fornecimento de água potável é um problema que tem preocupado o homem desde a antiguidade. Como, por exemplo, na Grécia antiga eram construídos aquedutos e tubulações de pressão para assegurar o abastecimento de água. Esse problema se torna mais importante quando se trata de áreas onde há escassez de água, como é o caso das regiões semi-áridas, e se agrava quando ocorre a associação com a falta de saneamento básico. A Portaria n o 518/2004, do Ministério da Saúde (MS) estabelece uma série de parâmetros para o controle e vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade. Incluindo microorganismos e substâncias químicas (orgânicas e inorgânicas) que representam risco à saúde; além de fatores físicos e químicos. Nos parágrafos seguintes as referências legais em relação a definições ou parâmetros de qualidade de água serão feitas em relação a essa Portaria, que em seu Capítulo II, Art. 4 o , inciso IV, trata a respeito dos coliformes: “coliformes totais (bactérias do grupo coliforme) - bacilos gram-negativos, aeróbios ou anaeróbios facultativos, não formadores de esporos, oxidase- negativos, capazes de desenvolver na presença de sais biliares... que fermentam a lactose com produção de ácido, gás e aldeído a 35,0 ± 0,5ºC em 24-48 horas...” O grupo dos coliformes totais (CT) inclui espécies de origem não exclusivamente fecal, podendo ocorrer naturalmente no solo, na água e em plantas. Um subgrupo dos CT são os coliformes termotolerantes, cujo principal representante é a Escherichia coli, bacilo abundante no intestino humano e de outros animais de sangue quente. De acordo com o Capítulo IV, Art.11, a análise de 100 mL de água deve apresentar os seguintes resultados: 1. Água para o consumo humano em toda e qualquer situação: Ausência de E. coli e de coliformes termotolerantes. A E. coli é o indicador mais preciso de contaminação fecal. 2. Água coletada na saída do tratamento: Ausência de coliformes totais. Esse resultado indica que o tratamento foi eficiente (BRASIL, 2005). Parâmetros como turbidez e cloro residual também se constituem indicadores fundamentais da qualidade da água e complementam as exigências relativas aos indicadores microbiológicos.

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Água potável: Um desafio para o planeta Terra

Maria de Fátima de Souza

Água potável (do latim potus, bebida; potabilis, bebível; e potare, beber) é

entendida como aquela que pode ser consumida por pessoas e animais sem risco de causar doenças. A definição dessa expressão conforme o artigo 4°, inciso I, do Decreto n° 5.440, é a seguinte:

“água potável - água para consumo humano cujos parâmetros microbiológicos, físicos, químicos e radioativos atendam ao padrão de potabilidade e que não ofereça riscos à saúde”

O fornecimento de água potável é um problema que tem preocupado o homem desde a antiguidade. Como, por exemplo, na Grécia antiga eram construídos aquedutos e tubulações de pressão para assegurar o abastecimento de água.

Esse problema se torna mais importante quando se trata de áreas onde há escassez de água, como é o caso das regiões semi-áridas, e se agrava quando ocorre a associação com a falta de saneamento básico.

A Portaria no 518/2004, do Ministério da Saúde (MS) estabelece uma série de parâmetros para o controle e vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade. Incluindo microorganismos e substâncias químicas (orgânicas e inorgânicas) que representam risco à saúde; além de fatores físicos e químicos. Nos parágrafos seguintes as referências legais em relação a definições ou parâmetros de qualidade de água serão feitas em relação a essa Portaria, que em seu Capítulo II, Art. 4o, inciso IV, trata a respeito dos coliformes:

“coliformes totais (bactérias do grupo coliforme) - bacilos gram-negativos, aeróbios ou anaeróbios facultativos, não formadores de esporos, oxidase-negativos, capazes de desenvolver na presença de sais biliares... que fermentam a lactose com produção de ácido, gás e aldeído a 35,0 ± 0,5ºC em 24-48 horas...”

O grupo dos coliformes totais (CT) inclui espécies de origem não exclusivamente fecal, podendo ocorrer naturalmente no solo, na água e em plantas. Um subgrupo dos CT são os coliformes termotolerantes, cujo principal representante é a Escherichia coli, bacilo abundante no intestino humano e de outros animais de sangue quente.

De acordo com o Capítulo IV, Art.11, a análise de 100 mL de água deve apresentar os seguintes resultados:

1. Água para o consumo humano em toda e qualquer situação: Ausência de E. coli e de coliformes termotolerantes. A E. coli é o indicador mais preciso de contaminação fecal.

2. Água coletada na saída do tratamento: Ausência de coliformes totais. Esse resultado indica que o tratamento foi eficiente (BRASIL, 2005).

Parâmetros como turbidez e cloro residual também se constituem indicadores

fundamentais da qualidade da água e complementam as exigências relativas aos indicadores microbiológicos.

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A turbidez da água é determinada por diversos materiais em suspensão, de tamanho e natureza variados, tais como, areia, matéria orgânica e inorgânica, compostos corados solúveis, plâncton e outros organismos microscópicos.

A presença destes materiais em suspensão numa amostra de água causa a dispersão e a absorção da luz que atravessa a amostra, em lugar da sua transmissão em linha reta. A turbidez é a expressão desta propriedade óptica e é indicada em termos de unidades de turbidez (UT). O padrão de turbidez aceito para o consumo humano é de 5 UT, conforme consta no Capítulo IV, Art. 16.

O cloro é fundamental no processo de desinfecção da água porque é capaz de inativar alguns grupos de microrganismos (coliformes), bem como para a desinfecção dos canos da rede de distribuição. Na água o cloro se dissocia e forma compostos como o ácido hipocloroso (HOCl) ou do íon hipoclorito (OCl-). Nessas condições o cloro presente na água é chamado de cloro residual livre. O teor máximo de cloro residual livre, em qualquer ponto do sistema de abastecimento, deve ser de 2,0 mg/L (Artigo 16, parágrafo 2°).

O pH, ou potencial hidrogeniônico, está relacionado com a quantidade de íons hidrogênio livre em solução aquosa. A escala de pH está compreendida entre 0 e 14. O valor sete é considerado neutro (os íons H+ estão em equilíbrio com os íons OH-, como ocorre na água quimicamente pura). A quantidade de íons de hidrogênio em solução é inversamente proporcional ao valor do pH. Ou seja, pH mais próximo de zero, significa maior acidez; enquanto valores de pH acima de sete, significa maior alcalinidade. Os seres vivos apresentam uma faixa estrita de tolerância às variações de pH, sendo que para a vida aquática, o pH deve situar-se entre 6.0 e 9.0.

O valor do pH é influenciado pela quantidade de matéria orgânica a ser decomposta. Sendo que o processo de decomposição gera muitos ácidos, como por exemplo, o ácido húmico. De modo que, quanto maior for a quantidade de matéria disponível, menor o pH. Nos sistemas de tratamento de água a última etapa é destinada à correção do pH, o que é feito com a adição de carbonato de cálcio (cal) ou carbonato de sódio (barrilha). Para o consumo humano, recomenda-se que, no sistema de distribuição, o pH da água seja mantido na faixa de 6,0 a 9,5 (Art. 16, parágrafo 1°).

A água pode ser contaminada por nitrato, principalmente por esgotos humanos, esterco de animais e resíduos de fertilizantes nitrogenados.

Os nitratos são parte da dieta, pois são abundantes em alguns vegetais folhosos (alface, por exemplo) e também são encontrados como aditivos alimentares em carnes curadas e processadas, às quais conferem uma cor rosada (ADDISCOTT, 2006).

Os nitratos têm sido associados com duas condições médicas, câncer de estômago, principalmente em adultos e metahemoglobinemia em crianças. A metahemoglobinemia é caracterizada por cianose na ausência de doença cardíaca ou pulmonar. Ocorre quando se forma metahemoglobina a partir da oxidação do ferro, no radical heme, do estado ferroso (Fe++) para o férrico (Fe+++), tornando-o inábil na fixação e no transporte do oxigênio aos tecidos. Atualmente, a associação entre a ingestão de nitrato e essas doenças, vem sendo questionadas (ADDISCOTT, 2006).

A legislação estabelece como valor máximo permitido para nitrato 10 mg/L e para nitrito 1 mg/L (Capítulo IV, Artigo 14).

A água potável é um recurso finito, que está distribuído de forma desigual na superfície terrestre. Essencial à vida, a água doce tornou-se uma preocupação em todos os continentes, levando a ONU a estabelecer o dia 22 de março como o Dia Mundial da Água.

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Referências ADDISCOTT, T. Is it nitrate that threatens life or the scare about nitrate? Journal of the Science of Food and Agriculture, v. 86, n. 13, p. 2005–2009, October 2006. BRASIL. Decreto no 5.440, de 4 de maio de 2005. Estabelece definições e procedimentos sobre o controle de qualidade da água de sistemas de abastecimento e institui mecanismos e instrumentos para divulgação de informação ao consumidor sobre a qualidade da água para consumo humano. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Decreto/D5440.htm>. Acesso em 11 fev. 2011 BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Coordenação-Geral de Vigilância em Saúde Ambiental. Comentários sobre a Portaria MS n.º 518/2004: subsídios para implementação / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Coordenação-Geral de Vigilância em Saúde Ambiental. Brasília, Editora do Ministério da Saúde, 2005. 92 p.: il. – (Série E. Legislação em Saúde) MINISTÉRIO DA SAÚDE. Portaria no 518, de 25 de março de 2004. Diário Oficial da União. Brasília, n. 59, seção I, p 266, 25 mar. 2004. Sites consultados: http://pt.wikipedia.org/wiki/Cloro http://pt.wikipedia.org/wiki/Escherichia_coli http://pessoal.utfpr.edu.br/colombo/arquivos/Turbidez2.pdf http://educar.sc.usp.br/biologia/textos/m_a_txt9.html http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81gua_pot%C3%A1vel http://www.infoescola.com/agua/potavel/ http://pt.wikipedia.org/wiki/Meta-hemoglobina

“Ouço e esqueço. Vejo e me lembro. Faço e entendo”. Confúcio