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Ministério da Educação Universidade Federal de Goiás Faculdade de Farmácia Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas PATRÍCIA CAIXETA CASTRO SOUZA BRAGA PLANEJAMENTO, SÍNTESE E AVALIAÇÃO DAS ATIVIDADES TIPO ANSIOLÍTICAS E DO PERFIL ANTIOXIDANTE DO CANDIDATO A PROTÓTIPO DO FÁRMACO LQFM180 Goiânia 2016

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Ministério da Educação

Universidade Federal de Goiás

Faculdade de Farmácia

Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas

PATRÍCIA CAIXETA CASTRO SOUZA BRAGA

PLANEJAMENTO, SÍNTESE E AVALIAÇÃO DAS ATIVIDADES TIPO

ANSIOLÍTICAS E DO PERFIL ANTIOXIDANTE DO CANDIDATO A PROTÓTIPO

DO FÁRMACO LQFM180

Goiânia

2016

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Ministério da Educação

Universidade Federal de Goiás

Faculdade de Farmácia

Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas

PATRÍCIA CAIXETA CASTRO SOUZA BRAGA

PLANEJAMENTO, SÍNTESE E AVALIAÇÃO DAS ATIVIDADES TIPO

ANSIOLÍTICAS E DO PERFIL ANTIOXIDANTE DO CANDIDATO A PROTÓTIPO

DO FÁRMACO LQFM180

Dissertação apresentada à Faculdade de Farmácia

da Universidade Federal de Goiás como requisito

para a obtenção do título de Mestre em Ciências

Farmacêuticas.

Orientador: Prof. Dr. Elson Alves Costa

Goiânia

2016

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Ministério da Educação

Universidade Federal de Goiás

Faculdade de Farmácia

Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas

Membros da Comissão Julgadora de Dissertação de Mestrado em Ciências

Farmacêuticas, apresentada à Faculdade de Farmácia da Universidade Federal de Goiás

pela discente Patrícia Caixeta Castro Souza Braga em 26/08/2016.

Comissão julgadora:

_________________________________________

Prof. Dr. Elson Alves Costa (ICB-UFG) (Presidente)

_________________________________________

Prof. Dr. Luciano Morais Lião (IQ-UFG)

_________________________________________

Prof. Dr. Ricardo Menegatti (FF-UFG)

_________________________________________

Dr. Flávio Silva de Carvalho (IQ-UFG)

Goiânia

2016

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“Estamos ainda no início do que poderá ser

uma era de exploração cerebral, com a grande

promessa de compreender mais sobre como

cada um de nós pensa, sonha e ama. Mas

talvez o maior trunfo desta época seja ajudar

as pessoas com todo e qualquer tipo de

transtorno mental.”

Tom Insel, M.D.

Diretor do Instituto Nacional de Saúde Mental

dos EUA

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AGRADECIMENTOS

A Deus, com quem sempre possuí uma relação de confiança e amizade mais que

íntima. Foi Ele, é Ele e sempre será Ele quem guiará meus passos no caminho da retidão e

quem sempre abençoará todos os meus projetos pessoais e profissionais.

Ao Prof. Dr. Elson Alves Costa do Laboratório de Farmacologia de Produtos

Naturais e Sintéticos do Instituto de Ciências Biológicas – UFG, pela aceitação de um projeto

pioneiro como o meu. Meu MUITO obrigada pela paciência e compreensão durante toda a

execução deste trabalho.

Ao Prof. Dr. Ricardo Menegatti do Laboratório de Química Farmacêutica

Medicinal da Faculdade de Farmácia – UFG, por ser, desde a graduação, meu querido

orientador na vida acadêmica. Com ele, aprendi, literalmente, o verdadeiro significado da

expressão “iniciação científica” e também foi ele quem me tirou da estagnação de

conhecimentos típica do funcionalismo público e me recebeu, de portas e braços abertos, com

um projeto que selará o caráter de Instituição de Pesquisa da Polícia Científica de Goiás.

Ao Prof. Dr. Luciano Morais Lião e sua Equipe do Laboratório de RMN do

Instituto de Química – UFG, pela realização dos espectros de ressonância magnética nuclear

de hidrogênio unidimensional e bidimensional.

À colega de graduação Msc. Adriane Ferreira de Brito, pela realização da

avaliação farmacológica da tão sonhada molécula.

Ao meu amado marido, Rilmo Braga Cruz Júnior, por me incentivar, apoiar,

entender e aguentar durante os meses nos quais tive que me desdobrar em três papéis (noiva,

perita criminal e mestranda). Os três juntos botaram minha sanidade em cheque e mesmo

assim ele quis se casar comigo!

Ao meu precioso pai, Dr. Rui da Paixão e Souza, por me ensinar desde criança o

valor de uma educação de primeira, sempre me “PAItrocinando” em TUDO no que diz

respeito a estudos e qualificação.

Aos meus queridos colegas do Laboratório Químico Forense e da Seção de

Drogas e Substâncias Correlatas (SEDROG) da Polícia Científica de Goiás, que sempre se

dispuseram a me ajudar no trabalho pericial do dia a dia. Essa parceria foi ainda mais valorosa

durante a minha pós-graduação, pois sem o apoio deles eu não teria conseguido trabalhar e

estudar ao mesmo tempo e com tanto empenho.

À minha boa família e aos meus valorosos amigos. As duas turmas juntas se

tornaram uma base mais que sólida para o meu crescimento pessoal. Sempre me deram apoio,

e de uma forma ou de outra, tornaram minha vida mais doce e mais fácil de ser vivida.

A todos que contribuíram de alguma forma para a realização deste trabalho.

E, desde já, à banca examinadora por aceitar o convite, pelas críticas e quaisquer

contribuições que possam prestar.

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RESUMO

Palavras-chave: síntese orgânica medicinal, derivado piperazínico, fármacos antioxidantes,

avaliação farmacológica, tratamento de ansiedade patológica, LQFM180 (8).

Diante do elevado e crescente número de pessoas que sofrem com algum tipo de doença

mental no mundo, faz-se necessário o desenvolvimento de opções terapêuticas adicionais para

pacientes não ajudados por tratamentos já existentes e também para abordar necessidades

médico/famacológicas não satisfeitas. Diante deste panorama, este trabalho propõe o

planejamento, síntese e avaliação das atividades farmacológicas tipo ansiolíticas e do perfil

antioxidante de um novo candidato a protótipo de fármaco 4-(3,5-di-terc-butil-4-

hidroxibenzil)piperazina-1-carboxilato de etila (LQFM180 (8)). O novo protótipo foi

planejado através da estratégia de hibridação molecular a partir dos protótipos 4-((1-fenil-1H-

pirazol-4-il)metil)piperazina-1 carboxilato de etila (LQFM008 (5)) e do 2,6-di-tert-butil-fenol

(BHT (9)). O composto LQFM180 (8) foi sintetizada através da reação de Mannich, em 92%

de rendimento, o qual foi caracterizado quimicamente por espectroscopia no infravermelho

(IV) e ressonância magnética nuclear unidimensional e bidimensional (1H, HMBC e HSQC).

A avaliação do perfil antioxidante foi realizada através de voltametria cíclica, a qual

confirmou que o composto apresenta atividade antioxidante. Para avaliação de atividade

farmacológica central do composto foram trabalhados quatro modelos comportamentais em

animais, com tratamento com LQFM180 (8) nas doses de 25, 50 e 100 µmol/kg v.o. No teste

do sono induzido por pentobarbital sódico, o LQFM 180 (8) reduziu o tempo de latência e

aumentou o tempo de duração do sono barbitúrico, indicando uma atividade depressora

central. O tratamento com LQFM180 (8), nas diferentes doses, não alterou o número de

autolimpeza, bolos fecais, cruzamentos totais e levantadas, parâmetros comportamentais

observados no teste do campo aberto; não havendo comprometimento da atividade

exploratória. Também no teste do campo aberto, o composto LQFM180 (8) indicou atividade

tipo ansiolítica, demonstrado pelo aumento no tempo de permanência, e na entrada no centro

do campo. O tratamento com LQFM180 (8) não alterou a atividade motora do animal quando

avaliado no teste da chaminé, o que foi evidenciado pelo não alteração no tempo de escalada

do animal. O composto LQFM180 (8), avaliado pelo teste de labirinto em cruz elevado,

possui atividade tipo ansiolítica; evidenciado pelo aumento no tempo e na entrada nos braços

abertos, e pela redução do tempo na plataforma central. Ao término deste trabalho podemos

observar que a rota sintética proposta para a obtenção do composto LQFM180 (8) se mostrou

eficaz, face ao alto rendimento obtido, etapas pouco laboriosas e de baixo custo. Por fim,

podemos concluir que o planejamento estrutural empregado foi ratificado, diante do êxito na

caracterização estrutural do composto e dos resultados obtidos da avaliação farmacológica

central realizada em modelos animais. Como perspectivas, há que se estabelecer o mecanismo

de ação da molécula, bem como a continuação das avaliações in vivo.

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ABSTRACT

Keywords: medicinal organic synthesis, derived piperazine, antioxidants drugs,

pharmacological evaluation, treatment of pathological anxiety, LQFM180 (8).

Faced with the high and increasing number of people suffering from some form of mental

illness in the world, it is necessary to develop additional therapeutic options for patients not

helped by existing treatments and also to address medical / famacológicas unmet needs. Given

this panorama, this paper proposes the design, synthesis and evaluation of pharmacological

type anxiolytic activity and antioxidant profile of a new drug candidate prototype 4- (3,5-di-

tert-butyl-4-hydroxybenzyl) piperazine-1 carboxylate acetate (LQFM180 (8)). The new

prototype was designed by molecular hybridisation strategy of prototypes from 4 - ((1-phenyl-

1H-pyrazol-4-yl) methyl) piperazine-1-carboxylate Ethyl (LQFM008 (5)) and 2,6-di- tert-

butyl-phenol (BHT (9)). LQFM180 (8) The compound was synthesized by the Mannich

reaction, in 92% yield, which was chemically characterized by infrared spectroscopy (IR) and

nuclear magnetic resonance dimensional and two-dimensional (1H, HSQC and HMBC).

Evaluation of antioxidant status was carried out by cyclic voltammetry, which confirmed that

the compound has antioxidant activity. For evaluation central pharmacological activity of the

compound were worked four behavioral models in animals, with treatment with LQFM180 at

doses of 25, 50 and 100 mmol / kg V.O. In the test of sleep induced by sodium pentobarbital,

the LQFM180 (8) reduced latency and increased barbiturate sleep duration, indicating a

central depressant activity. Treatment with LQFM180 (8) in different doses did not alter the

number of self-cleaning, dung, total and raised intersections, behavioral parameters observed

in the open field test; there is no impairment of exploratory activity. Also in the open field

test, the compound LQFM180 (8) indicated anxiolytic type activity, demonstrated by the

increase in length of stay, and the entrance in the center of the field. LQFM180 (8) treatment

did not alter the motor activity test in the chimney, which was evidenced by the animal

climbing time. The compound LQFM180 (8) evaluated the maze test in high cross, possess

anxiolytic activity type; evidenced by the increase in time and entering the open arms and the

time reduction in the central platform. At the end of this work we can see that the synthetic

route proposed for obtaining LQFM180 (8) compound was effective, given the high yields

obtained, little laborious steps and cost. Finally, we conclude that the employee structural

planning was ratified before the success of the structural characterization of the compound

and the results obtained from the central pharmacological evaluation in animal models. As

perspective, it is necessary to establish the mechanism of action of the molecule as well as the

continuation of in vivo evaluations.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Evolução do mercado farmacêutico global no período de 2006-2014, adaptado de

Global 2015. ............................................................................................................................. 15 Figura 2 – As vinte classes terapêuticas que mais movimentaram o mercado em 2014,

adaptado de TOP 2014. ............................................................................................................ 15 Figura 3– Ansiedade Patológica: Transtornos de Ansiedade (DSM-IV-TRTM 5ª edição, 2013).

.................................................................................................................................................. 17 Figura 4– Sistema límbico e estruturas cerebrais. .................................................................... 21 Figura 5 – Diazepam (1) Figura 6 – Flumazenil (2) ...................... 25

Figura 7 - Cloridrato de Fluoxetina (3) Figura 8 - Citalopram (4) .................. 26

Figura 9 - LQFM008 (5) ........................................................................................................... 27

Figura 10 - Metodologia de síntese do composto LQFM 180 (8) ............................................ 32 Figura 11- Planejamento do composto LQFM180 (8) através da estratégia de hibridação

molecular, a partir dos protótipos LQFM008 (5) e BHT (9). ................................................... 37 Figura 12 – Mecanismo de reação de formação do composto LQFM 180 (8). ........................ 39 Figura 13 - Espectro de RMN 1H unidimensional e expansões do composto LQFM180 (8) .. 42

Figura 14 – Mapa de correlações de 1H -13C HSQC do composto LQFM 180 (8) .................. 43 Figura 15 – Mapa de Correlações de 1H -13C HBMC do composto LQFM 180 (8) ................ 43 Figura 16 – Espectro na região do Infravermelho - LQFM 180 (8) ......................................... 45 Figura 17 - Voltamograma cíclico do composto LQFM 180 (8) ............................................. 46

Figura 18 - Alterações no sono induzido por pentobarbital sódico em animais tratados com

veículo (Tween 80 2,0%, 10 mL/kg v.o.), LQFM180 (8) (25, 50 ou 100 µmol/kg, v.o.) ou

Diazepam (1) 17,6 µmol/kg v.o., A - latência ao sono barbitúrico, em segundos e B - duração

do sono, em min. As colunas e barras verticais representam a média ± EPM (n=9). *p≤0,05,

**p≤ 0,01 ***p≤0,001 quando comparado ao grupo controle (veículo), utilizando ANOVA

seguida do pós-teste de Student-Newman-Keuls. .................................................................... 47 Figura 19 – Parâmetros observados no teste do labirinto em cruz elevado (A - número de

entradas nos braços abertos (EBA), B - tempo de permanência nos braços abertos (TBA) e C -

tempo de permanência na plataforma central (TPC) ................................................................ 50

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - 1H RMN e 13C RMN deslocamentos químicos do 4-(3,5-di-terc-butil-4-

hidroxibenzil)piperazina-1-carboxilato de etila (LQFM180) em CDCl3 ................................ 41 Tabela 2 - Alterações comportamentais observadas nos testes do campo aberto e da chaminé

.................................................................................................................................................. 48

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................................... 15

1.1 Mercado farmacêutico global ................................................................................................................15

1.2 Novos candidatos a protótipos de fármacos para tratamento de desordens do SNC .............................16

1.3 Ansiedade ..............................................................................................................................................16 1.3.1 IMPACTO SÓCIO-ECONÔMICO DA ANSIEDADE ................................................................................. 19 1.3.2 TRANSTORNOS DE ANSIEDADE .............................................................. Erro! Indicador não definido. 1.3.2 SINTOMAS E SINAIS RELACIONADOS E BASES NEURAIS DA ANSIEDADE ........................................... 20

1.4 Tratamento Farmacológico nos Transtornos de Ansiedade ...................................................................24 1.4.1 BENZODIAZEPÍNICOS ............................................................................................................................... 25 1.4.2 INIBIDORES SELETIVOS DA RECAPTAÇÃO DA SEROTONINA .................................................................... 25

1.5 Prototipo neuroativo desenvolvido no Laboratório de Química Farmacêutica medicinal da UFG ..........26

1.4 Fármacos Antioxidantes ........................................................................................................................27

2 JUSTIFICATIVA ........................................................... ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.

2 OBJETIVOS ............................................................................................................................... 28

2.1 Objetivo Geral: ......................................................................................................................................28

2.2 Objetivos Específicos: ............................................................................................................................28

3 MATERIAIS E MÉTODOS ..................................................................................................... 30

3.1 Reagentes e Solventes ...........................................................................................................................30

3.2 Procedimentos Experimentais ...............................................................................................................30 3.2.1 CROMATOGRAFIA EM CAMADA DELGADA (CCD) .............................................................................. 30 3.2.2 MEDIDA DE PONTO DE FUSÃO ........................................................................................................... 30 3.2.3 MÉTODOS ESPECTROSCÓPICOS ......................................................................................................... 31 3.2.4 ESTUDO DO POTENCIAL REDOX POR VOLTAMETRIA CÍCLICA ............................................................ 31

3.3 Metodologia Sintética ...........................................................................................................................32 3.3.1 SÍNTESE DO 4-(3,5-DI-TERC-BUTIL-4-HIDROXIBENZIL) PIPERAZINA-1-CARBOXILATO DE ETILA (8) - LQFM180 (MANNICH, 1912). ............................................................................................................................ 32

3.4 Avaliação Farmacológica .......................................................................................................................33 3.4.1 FÁRMACOS E SOLUÇÕES .................................................................................................................... 33 3.4.2 ANIMAIS ............................................................................................................................................. 34 3.4.3 ANÁLISE ESTATÍSTICA NOS TESTES FARMACOLÓGICOS ..................................................................... 34 3.4.4 MODELOS FARMACOLÓGICOS ......................................................................................................... 35

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................................... 37

4.1 Planejamento estrutural de novo protótipo de fármaco ansiolítico .......................................................37

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4.2 Metodologia sintética empregada para obtenção do composto LQFM 180 (8) ......................................38

4.3 Caracterização estrutural do composto LQFM 180 (8) ...........................................................................39 4.3.1 ESPECTROSCOPIA DE RESSONÂNCIA MAGNÉTICA NUCLEAR DE 1H UNIDIMENSIONAL E 1H-13C BIDIMENSIONAL................................................................................................................................................ 39 4.3.2 ESPECTROSCOPIA DE ABSORÇÃO NO INFRAVERMELHO .................................................................... 44

4.4 Avaliação do Potencial Redox através de Voltametria Cíclica ................................................................46

4.5 Avaliação Farmacológica .......................................................................................................................47 4.5.1 TESTE DO SONO INDUZIDO POR PENTOBARBITAL SÓDICO ............................................................... 47 4.5.2 TESTE DO CAMPO ABERTO E DA CHAMINÉ ........................................................................................ 48 4.5.3 AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE TIPO ANSIOLÍTICA DO COMPOSTO LQFM180 (8) – TESTE DO LABIRINTO EM CRUZ ELEVADO ........................................................................................................................................... 50

5 CONCLUSÕES ........................................................................................................................... 52

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................... 54

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1 INTRODUÇÃO

1.1 Mercado farmacêutico global

O mercado farmacêutico global movimentou em 2014 1.057,0 bilhões de dólares

(Figura 1), sendo a América do Norte responsável por 38% deste montante, o que corresponde

a 406,7 bilhões de dólares (GLOBAL, 2015).

Figura 1 – Evolução do mercado farmacêutico global no período de 2006-2014, adaptado de

Global 2015.

Dentre as vinte classes terapêuticas (Figura 2) que mais faturaram em 2014, a classe

dos fármacos aplicados na saúde mental aparece em 6º lugar com faturamento de 39,4 bilhões

de dólares e a classe dos fármacos aplicados em desordens do sistema nervoso central (SNC)

aparece na 16ª posição com um faturamento de 20,1 bilhões de dólares. Estes números

traduzem o quanto a sociedade ainda sofre com doenças que afetam a saúde mental e

ratificam a busca de novos candidatos a protótipos de fármacos destinados ao tratamento de

diversas desordens do SNC, dentre elas a ansiedade (TOP, 2014).

Figura 2 – As vinte classes terapêuticas que mais movimentaram o mercado em 2014, adaptado

de TOP 2014.

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1.2 Novos candidatos a protótipos de fármacos para tratamento de desordens do

SNC

No ano de 2016 a “Pharmaceutical Research and Manufacturers of America”

(PHRMA) publicou uma lista com 119 candidatos a protótipos de fármacos destinados à

manutenção da saúde mental, dentre os quais 15 vem sendo desenvolvidos especificamente

para tratamento de ansiedade.

Trata-se de fármacos que atuam nos mais diversos alvos relacionados ao

desenvolvimento da ansiedade, sendo um dos alvos mais trabalhados o receptor de serotonina.

São exemplos dessa categoria os protótipos: AVN 101, classificado como antagonista de

receptor de serotonina - 5HT6; TGFK08AA, classificado como modulador de recepetor

serotonina - 5HT1A e TGWOOAA, agonista de receptor de serotonina).

Estes protótipos se encontram em fase clínica ou em curso de aprovação pelo “Food

and Drug Administration (FDA)” para entrarem no mercado farmacêutico (PHRMA, 2016).

1.3 Ansiedade

A ansiedade e o medo são condições psicológicas naturais e essenciais à vida e

responsáveis por preparar o indivíduo psicologicamente e fisicamente para situações de

ameaça e perigo. Essas condições envolvem fatores cognitivos, comportamentais, afetivos,

fisiológicos e neurológicos que, em conjunto, modulam a percepção do indivíduo ao

ambiente, provocando respostas específicas e direcionando para algum tipo de ação

(CLARCK & BECK, 2012). A ansiedade pode ser definida como uma condição caracterizada

por apreensão relativa à percepção de não poder controlar ou prever eventos potencialmente

aversivos e sintomas fisiológicos de tensão física. Já o medo pode ser definido como uma

reação de alarme imediato em resposta a um evento aversivo presente, caracterizada por forte

excitação e tendência à ação, em geral de luta ou fuga (BARLOW & DURAND, 2008).

A ansiedade e o medo passam a ser reconhecidos como patológicos quando um

indivíduo passa a apresentá-los de maneira exagerada, desproporcional à situação que os

originaram, muitas vezes se mantendo de modo persistente e levando a prejuízos no seu

funcionamento, caracterizando então os denominados Transtornos de Ansiedade, fazendo-se

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necessário então uma intervenção farmacológica e/ou psicológica (BARLOW & DURAND,

2008; CRASKE et al., 2009).

1.3.1 TRANSTORNOS DE ANSIEDADE

A ansiedade patológica inclui transtornos que compartilham características de medo e

ansiedade excessivos, além de perturbações comportamentais relacionadas. O mais recente

DSM-IV-TRTM (“Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders”, 5ª edição, 2013)

da Associação Americana de Psiquiatras (APA), traz um conjunto de oito transtornos de

ansiedade, categorizados a partir de um grupo de sintomas específico a cada transtorno.

Subdividem-se em: ansiedade de separação, mutismo seletivo, fobia específica, transtorno de

ansiedade social (fobia social), transtorno de pânico, agorafobia, ansiedade generalizada e

ansiedade induzida por substância ou medicamento (Figura 3).

Figura 3– Ansiedade Patológica: Transtornos de Ansiedade (DSM-IV-TRTM 5ª edição, 2013).

O transtorno de ansiedade de separação caracteriza-se por apreensão ou medo

demasiados de uma possível separação de figuras de apego. Existe medo ou ansiedade

persistente quanto a ocorrência de dano a essas figuras ou em relação a eventos que poderiam

levar a perda ou separação delas. Existe também uma relutância em se afastar de tais figuras,

além de pesadelos e sintomas físicos de sofrimento.

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O mutismo seletivo é caracterizado por fracasso consistente em falar em determinadas

ocasiões sociais nas quais existe a expectativa para que se fale (p. ex., na escola). O fracasso

para falar acarreta consequências significativas em contextos de conquistas ou profissionais

ou interfere em outros aspectos na comunicação social normal.

Os indivíduos portadores de fobia especifica são acometidos por um medo persistente

e irracional de um objeto ou situação específica, não considerada perigosa, que resulta na

necessidade incontrolável de se esquivar ou de evitar tal estímulo. Se isso não é possível o

contato é realizado com grande sofrimento e comprometimento do desempenho do indivíduo.

Uma ideação cognitiva especifica não está caracterizada nesse transtorno como está em outros

transtornos de ansiedade. Existem vários tipos de fobias especificas: a animais, ambiente

natural, sangue-injeção-ferimentos, situacional e outros.

No transtorno de ansiedade social (fobia social), o indivíduo é temeroso, ansioso ou

se esquiva de interações e situações sociais que envolvem a possibilidade de ser avaliado.

Estão inclusas situações sociais como encontrar-se com pessoas que não são familiares,

situações em que o indivíduo pode ser observado comendo ou bebendo e situações de

desempenho diante de outras pessoas. A ideação cognitiva associada é a de ser avaliado

negativamente pelos demais, ficar embaraçado, ser humilhado ou rejeitado ou ofender os

outros.

No transtorno de pânico, o indivíduo experimenta ataques de pânico inesperados e

recorrentes e está persistentemente apreensivo ou preocupado com a possibilidade de sofrer

novos ataques de pânico ou alterações desadaptativas em seu comportamento devido aos

ataques de pânico (p. ex., esquiva de exercícios ou de locais que não são familiares). Os

ataques de pânico são ataques abruptos de medo intenso ou desconforto intenso que atingem

um pico em poucos minutos, acompanhados de sintomas físicos e/ou cognitivos.

Os indivíduos com agorafobia são apreensivos e ansiosos acerca de duas ou mais das

seguintes situações: usar transporte público; estar em espaços abertos; estar em lugares

fechados; ficar em uma fila ou estar no meio de uma multidão; ou estar fora de casa sozinho

em outras situações. O indivíduo teme essas situações devido a pensamentos de que pode ser

difícil “escapar” ou de que pode não haver auxílio disponível caso desenvolva sintomas do

tipo pânico ou outros incapacitantes e/ou constrangedores.

A ansiedade generalizada é definida como um estado duradouro ansiedade e

preocupação persistentes e excessivas acerca de vários domínios, incluindo desempenho no

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trabalho e escolar. Além disso, são experimentados sintomas físicos, incluindo inquietação ou

sensação de “nervos a flor da pele"; fadigabilidade; dificuldade de concentração ou "ter

brancos"; irritabilidade; tensão muscular e perturbação do sono.

O transtorno de ansiedade induzido por substância/medicamento envolve ansiedade

devido a intoxicação ou abstinência de substância ou a um tratamento medicamentoso (DSM-

IV-TRTM, 2013).

1.3.2 IMPACTO SÓCIO-ECONÔMICO DA ANSIEDADE

O número de pessoas que sofrem com algum tipo de doença mental é elevado e

crescente no mundo todo. Distúrbios como esquizofrenia, ansiedade, hiperatividade e déficit

de atenção, bipolaridade, depressão, transtornos alimentares ou abuso de drogas acometem

grande parcela da população mundial, custando aos cofres públicos cerca de 1 trilhão por ano.

Um estudo recente conduzido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) comprovou que

investir em tratamentos para doenças mentais fornece retorno econômico ao país, através de

melhoria da saúde e da capacidade de trabalho do indivíduo acometido pelo transtorno (OMS,

2016).

Dados do Núcleo de Epidemiologia Psiquiátrica do Instituto de Psiquiatria do Hospital

das Clínicas da Faculdade de Medicina de São Paulo, revelam que, aproximadamente 23%

dos brasileiros terão distúrbios relacionados à ansiedade ao longo de suas vidas. A Pesquisa

intitulada “São Paulo Megacity”, integrou um estudo da OMS realizado concomitantemente

em vários países. Por exemplo, segundo estes mesmo dados da Organização Mundial de

Saúde (OMS), o Brasil é um dos países que apresentam um alto índice de pessoas com

transtornos de ansiedade (23%). Colômbia (24%) e Estados Unidos (25%) têm maior

proporção de pessoas com esses transtornos, e China (19%) e Holanda (20%) têm menor

proporção de habitantes ansiosos (OMS, 2014).

A qualidade de vida de pessoas acometidas pelos diferentes tipos de transtorno de

ansiedade é bastante prejudicada. Em pacientes com transtorno de pânico, por exemplo, há

evidências de dificuldades de relacionamentos conjugais e financeiros; pacientes que sofrem

com fobia social têm deficiência na educação e relações sociais. Pacientes com agorafobia

possuem extrema dificuldade de desempenhar papéis básicos para se viver em sociedade, tais

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como fazer uso de transportes, hospitais e outros órgãos públicos. Pacientes com ansiedade

generalizada têm altas taxas de divórcio, comprometimento escolar e incapacidade

profissional (OLATUNJI, CISLER e TOLIN, 2007).

Os transtornos de ansiedade interferem significativamente na vida do indivíduo

acometido e daqueles com quem ele convive, comprometendo suas atividades cotidianas e

seus relacionamentos sociais. Além disso, apresentam baixos índices de remissão espontânea

e tendem a se cronificar ou mesmo se desdobrar em outros transtornos psiquiátricos quando

não tratados (VIANNA, CAMPOS, & LANDEIRA-FERNANDEZ, 2009).

Dessa maneira, quanto mais cedo diagnosticados, avaliados e devidamente tratados,

melhores os prognósticos e menores os prejuízos para o indivíduo com transtornos de

ansiedade.

1.3.3 SINTOMAS E SINAIS RELACIONADOS E BASES NEURAIS DA ANSIEDADE

Embora a ansiedade seja considerada um transtorno mental, muitas vezes ela vem

acompanhada de sintomas físicos que comprometem o desempenho e o bem-estar da pessoa

por ela acometida. Os sinais e sintomas da ansiedade podem ser divididos em (FILHO et al.,

1995; ANDRADE et al.,1994):

Autonômicos: taquicardia, vasoconstrição, sudorese, aumento de peristaltismo,

taquipnéia, piloereção, midríase;

Musculares: dores, contraturas, tremores, dificuldades para relaxar, dores diversas e

inespecíficas;

Cenestésicas: parestesias, calafrios, adormecimentos;

Respiratórias: sensação de afogamento ou sufocação, dor ou pressão no peito;

Comportamentais: inquietação, esquiva, reage de forma assustada a pequenos

estímulos, insônia e irritação;

Psíquicos: tensão, nervosismo, apreensão, mal-estar indefinido, insegurança e

dificuldade de concentração.

Devido à complexidade e diversidade de sintomas e sinais, a etiologia da ansiedade é

complexa e envolve vários neurotransmissores e vias cerebrais distintas.

Os diversos neurotransmissores envolvidos estão correlacionados, uma vez que

participam, em maior ou menor grau, da modulação e regulação dos comportamentos

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defensivos que originam a ansiedade. Destacam-se as aminas biogênicas i.e. noradrenalina,

serotonina e dopamina; aminoácidos, como ácido aminobutírico (GABA) e glicina; peptídeos,

como fator de liberação de corticotropina, corticotropina, colecistocinina; além de esteroides,

como corticosterona; dentre outros (CLEMENT e CHAPOUTHIER, 1998; GRAEFF, 2007;

SULLIVAN et al., 1999).

O sistema límbico (Figura 4) é constituído de diversas estruturas cerebrais dispostas de

maneira interconectada. É considerado o substrato anatômico das emoções, da memória e do

comportamento e se divide em Sistema Cerebral de Defesa (SCD) e o Sistema de Inibição

Comportamental (SIC) (GRAEFF & HETEM, 2004).

Figura 4– Sistema límbico e estruturas cerebrais.

O SCD é formado por um conjunto de estruturas nervosas: Amígdala, Hipotálamo

Medial (HM) e Matéria Cinzenta Periaquedutal (MCP). A amígdala é responsável pela

expressão do medo e consecutiva resposta de agressão, ou seja, é a base cerebral essencial

para o comportamento defensivo, desempenhando um papel importante na formação e

recuperação de memórias emocionais e respectivos medos relacionados. É constituída por um

conjunto de núcleos cerebrais densos denominados de núcleo central, lateral e basolateral da

amígdala. O núcleo central da amígdala possui conexões nervosas com estruturas límbicas

mais profundas e funciona como interface sensório-emocional entre elas, avaliando e

classificando o tipo e grau do estímulo. O resultado é transmitido através de projeções ao

Locus coeruleus (LC), na substância cinza periaquedutal e no hipotálamo (GRAEFF,

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HETEM, 2004; SILVA, 2001; KIM e GORMAN, 2005; MARTIN et al., 2010).

O Hipotalámo Medial tem o controle tônico inibitório sobre o sistema de resposta ao

estresse hipotalâmico, além de desempenhar um papel no feedback negativo no eixo

hipotálamo-hipófise-adrenal (MARTIN et al., 2010).

O SIC tem como principal substrato neural o sistema septohipocampal. A ativação

deste sistema por sinais condicionados de punição ou frustração, estímulos ameaçadores ou

situações novas provoca inibição de qualquer movimento que o animal esteja realizando,

aumento no nível de vigilância, de atenção e preparo para ação vigorosa (GRAEFF e

HETEM, 2004).

Neurônios noradrenérgicos localizados no LC, bem como em outros núcleos na

medula e na ponte, são ativados durante o estresse e a ansiedade, sendo importantes na

mediação de respostas de medo. O sistema mediado pelos neurônios noradrenérgicos

pertencentes ao LC é denominado sistema LC-NE, que tem o papel de enviar projeções ao

córtex pré-frontal, amígdala, núcleo da estria terminal, hipocampo, substância cinza

periaquedutal, hipotálamo, tálamo e o núcleo do trato solitário. O LC está posicionado no

cérebro de maneira a integrar sensações e alterações viscerais internas com as estruturas

neuronais como a amígdala e o núcleo do trato solitário (SULLIVAN et al., 1999).

A ativação do sistema nervoso autônomo simpático pelo LC atua em múltiplos órgãos,

incluindo os sistemas cardiovascular, pulmonar, urogenital e gastrointestinal responsáveis

pelos sinais e sintomas somáticos da ansiedade (SULLIVAN et al., 1999).

Dentre as diversas mecanismos e regiões cerebrais envolvidos no desenvolvimento da

ansiedade pode-se explicitar 4 principais eixos: Hipotálamo-hipófise-adrenal (HPA),

GABAérgico, Serotoninérgico e Noradrenérgico.

A presença de um estímulo ameaçador leva à ativação cortical da amígdala do

indivíduo ameaçado. A mensagem é então transmitida aos neurônios do núcleo

paraventricular do hipotálamo, órgão regulador do funcionamento da hipófise que, através da

secreção do hormônio adrenocorticoprópico (ACTH) estimula as glândulas suprarrenais a

secretar glicocorticóides, como cortisol, norepinefrina e epinefrina. Como as situações de

ameaça geralmente necessitam de atividade vigorosa i.e. luta ou fuga, a ativação do córtex

adrenal, bem como do ramo do sistema nervoso autônomo, ao levarem a liberação de

glicocorticóides, cujas ações nos tecidos-alvos são catabólicas, ajudarão a promover a

mobilização de fontes de energia do corpo para enfrentamento da situação ameaçadora

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(GRAEFF, HETEM, 2004; SILVA, 2001).

Além das ativações do eixo HPA e do sistema simpático, transtornos de ansiedade

também são caracterizados por alterações no sistema GABAérgico. O GABA é um

neurotransmissor encontrado em todo o sistema nervoso central e exerce uma ação inibitória

sobre neurônios serotoninérgicos. Com uma distribuição abrangente estes neurônios

inibitórios funcionam como controladores, e garantem uma ação moderada do sistema

nervoso (GORENSTEIN, POMPÉIA, 1999). A participação do sistema GABAérgico na

ansiedade foi sustentada em decorrência do estudo dos mecanismos de ação dos

benzodiazepínicos, no final dos anos 1960 (SILVA, 2001). A modulação do sistema

GABAérgico pelos benzodiazapínicos pode funcionar de duas maneiras: através da

intensificação das ações do GABA no SNC em nível pós-sináptico, aumentando a afinidade

dos receptores GABA pelo neurotransmissor, gerando um efeito ansiolítico e

anticonvulsivante; ou em sentido contrário, através da redução da afinidade do GABA pelo

receptor GABA, constituindo então um agonismo inverso gerando um efeito ansiogênico e

convulsivante (RIBEIRO, BUSNELO, KAPCZINSKI, 1999). Em pacientes que não tinham

nenhum transtorno de ansiedade foi observada a presença de agonistas endógenos do sítio

benzodiazepínico, e em pacientes ansiosos os tônus destes agonistas está diminuído ou são

menos eficazes e há ainda a presença de agonistas inversos (CLEMENT e CHAPOUTHIER,

1998; KIM e GORMAN, 2005).

A serotonina (5-hidroxitriptamina, 5-HT) desempenha um papel complexo na

neurotransmissão ocorrida na ansiedade. Envolvendo mecanismos pré e pós-sinápticos e

diferentes tipos de receptores serotoninérgicos, o papel deste neurotransmissor na regulação

do comportamento de defesa e consequentemente na ansiedade parece ser duplo: os sinais de

perigo estimulariam o sistema de defesa e ativariam neurônios serotoninérgicos que inervam a

amígdala e a matéria cinzenta periaquedutal, facilitando a defesa na primeira e inibindo nesta

última. (CLEMENT e CHAPOUTHIER, 1998; RESSLER e NEMEROFF, 2000).

A noradrenalina é uma monoamina comumente implicada na defesa e na ansiedade.

No SNC, neurônios que sintetizam noradrenalina estão situados nas regiões bulbar e pontina,

sendo que o grupo mais importante situa-se no LC. A ativação do LC por estímulos

estressantes, ameaçadores, produzem uma reação comportamental cardiovascular

característica de medo. Acredita-se que o Locus Ceruleus funcione como um “sistema de

alarme”, ou seja, exerce a função de atenção, monitorando continuamente o ambiente e

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preparando o organismo para situações de emergência. Essa maior ativação do sistema

nervoso autônomo que é o responsável pelos principais sintomas somáticos da ansiedade, por

exemplo, hiperventilação, palpitações e transpirações. Antagonistas α2-adrenérgicos, como a

ioimbina, aumentam a disponibilidade de noradrenalina na fenda sináptica simpática e

possuem efeito ansiogênico em modelos animais de ansiedade, sendo que os agonistas α2-

adrenérgicos, como a clonidina, diminuem a atividade simpática, atuando como ansiolítico.

(RESSLER e NEMEROFF, 2000; SULLIVAN et al., 1999).

1.4 Tratamento Farmacológico nos Transtornos de Ansiedade

Os transtornos de ansiedades são condições clínicas de curso crônico e flutuante,

caracterizados por preocupação excessiva persistente associada a sintomas físicos e psíquicos

de ansiedade, como cefaleia, dores musculares, palpitações, fadiga, irritabilidade, insônia e

dificuldade de concentração. A etiopatogenia destes transtornos é complexa e pouco estudada,

sendo atribuída a fatores genéticos, ambientais e epigenéticos que promovem disfunções no

circuito amígdala-córtex cingulado-córtex pré-frontal (BANDELOW, B. et. al., 2014). Já foi

visto acima que os principais sistemas de neurotransmissores que desempenham papel

etiopatogênico ou de modulação nas manifestações dos transtornos de ansiedade são os

sistemas monoaminérgicos. Devido a esta gama de múltiplos fatores que desencadeiam e

influenciam a ansiedade, o tratamento farmacológico desta doença pode ser feito por

diferentes classes de medicamentos.

Primeiramente, são utilizados aqueles que, em sua maioria, têm propriedades

calmantes, incluindo barbitúricos, opiáceos, beta-bloqueadores e benzodiazepínicos. Destes,

os benzodiazepínicos são os mais específicos e eficazes, e são, portanto, amplamente usado

para tratar tanto a normal quanto a ansiedade patológica. No entanto, nas últimas décadas,

uma outra classe de fármacos, os inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS),

substituíram os benzodiazepínicos como tratamento de primeira linha para a ansiedade,

principalmente porque eles não têm as propriedades viciantes dos benzodiazepínicos. ISRSs,

tais como cloridrato de fluoxetina (Prozac; Eli Lilly), sertralina (Zoloft, Pfizer), citalopram

(Celexa; Floresta Pharmaceuticals) e cloridrato de paroxetina (Paxil, GlaxoSmithKline), são

utilizados de forma eficaz para tratar a maioria dos transtornos de ansiedade (GROSS, C.,

HENR, R., 2004; BANDELOW, B. et. al., 2014).

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1.4.1 BENZODIAZEPÍNICOS

Os benzodiazepínicos, classe que tem como principal representante o diazepam

(Figura 5), aumentam a potência do principal neurotransmissor inibidor no cérebro, o GABA

(ácido γ-aminobutírico), através da modulação da função de receptores GABA. Eles se ligam

a receptores próprios (receptores BZD ou ômega) localizados no complexo receptor

BZD/receptor GABAA/canal de cloreto. A ligação dos benzodiazepínicos ao receptor GABAA

é uma ligação alósterica que modifica o receptor facilitando a ligação do GABA ao seu

respectivo receptor. Dessa maneira há um aumento da frequência de abertura do canal de

cloreto e, consequentemente, aumenta também o influxo de cloreto, levando a

hiperpolarização celular. A eficácia de fármacos que melhoram o GABA, tem sido trabalhada

já que a neurotransmissão excitatória excessiva é uma característica fisiológica importante nos

transtornos de ansiedade. O flumazenil (Figura 6) se liga ao sítio receptor dos

benzodiazepínicos bloqueando a ligação dos agonistas benzodiazepínicos, atuando como

antagonista competitivo benzodiazepínico. (GROSS, C., HENR, R., 2004, CLEMENT e

CHAPOUTHIER, 1998; YU, LEE e JANG, 2007).

Figura 5 – Diazepam (1) Figura 6 – Flumazenil (2)

1.4.2 INIBIDORES SELETIVOS DA RECAPTAÇÃO DA SEROTONINA

Os ISRS como a fluoxetina (Figura 7) e o citalopram (Figura 8) agem bloqueando

seletivamente a recaptação de serotonina (5-HT), pós-sináptica, aumentando assim a potência

de 5-HT no cérebro. Embora as consequências fisiológicas dessa potência aumentada ainda

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não são bem compreendidos, estudos de imagem funcional mostram que o tratamento com

ISRS pode diminuir a excitabilidade no cérebro. Uma diferença importante entre os modos de

ação dos benzodiazepínicos e ISRSs é a cinética no cérebro. Benzodiazepínicos agem

rapidamente, em poucos minutos de administração, enquanto que ISRSs agem de maneira

muito mais lenta. Os efeitos terapêuticos dos ISRSs só se tornam aparente de duas e quatro

semanas após o início do tratamento.

Figura 7 - Cloridrato de Fluoxetina (3) Figura 8 - Citalopram (4)

1.5 Prototipo neuroativo desenvolvido no Laboratório de Química Farmacêutica

medicinal da UFG

No ano de 2011 foi desenvolvido no Laboratório de Química Farmacêutica Medicinal

da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal de Goiás (UFG), pela então Mestranda em

Ciências Farmacêuticas Adriane Ferreira de Brito, sob orientação do Prof. Dr. Ricardo

Menegatti, um novo derivado piperazínico denominado LQFM008 - etil 4-((1-fenil-1H-

pirazol-4-il)metil)piperazina-1 carboxilato (Figura 9).

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Figura 9 - LQFM008 (5)

NN

N NO

O

Avaliado farmacologicamente no Laboratório de Farmacologia de Produtos Naturais e

Sintéticos também da UFG, o novo composto apresentou um perfil de atividade tipo

ansiolítica em diferentes modelos animais, sem comprometimento da atividade motora,

parecendo envolver a participação de receptores 5HT1A (receptor de serotonina do Tipo 1A)

(BRITO et. al., 2011). O LQFM008 também exibiu uma atividade tipo antidepressiva a qual

parece envolver ambos os sistemas serotoninérgico e catecolaminérgico, sem inibição da

enzima MAO (monoamino oxidase) (GALDINO et. al., 2015).

1.4 Fármacos Antioxidantes

Radicais livres não causam somente envelhecimento precoce no ser humano, mas são

também as causas primárias do desenvolvimento de câncer e outras doenças crônicas do

Sistema Nervoso Central (SNC) (YEHYE, W. A. et al., 2015).

Ansiedade e Depressão são as formas mais comuns de desordens do SNC relacionadas

ao desequilíbrio entre o estresse oxidativo e sistema biológico antioxidante. Para combater as

mudanças bioquímicas decorrentes de estresses oxidativos, o corpo humano conta com um

sistema biológico de defesa antioxidante. Estudos recentes realizados com pacientes

portadores de ansiedade generalizada mostraram que a terapia antioxidante suplementar como

adjuvante terapêutico é muito útil e promissora (GAUTAM, M. et al., 2012).

A fosforilação oxidativa ocorre nas mitocôndrias das células e é a principal fonte de

energia em organismos aeróbicos. A desvantagem deste processo vital é a produção de

radicais livres, geralmente resultando em níveis elevados de espécies reativas de oxigênio e de

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nitrogênio (ERO e ERN). Em concentrações baixas ou moderadas, eles são neutralizados em

processos fisiológicos normais, dentro de uma série de mecanismos de proteção, enzimáticos

e não enzimáticos. Componentes do sistema enzimático incluem a superóxido dismutase,

catalase e glutationa. No sistema não enzimático, ressaltam-se os compostos alfa-tocoferol

(vitamina E), ácido ascórbico (vitamina C), flavonóides, compostos polifenólicos e minerais

(por exemplo, zinco, cobre e selênio). Em condições normais, as ERO e ERN são reguladas

por um fluxo de orquestra de todas estas espécies antioxidantes citadas. Por outro lado, um

estresse oxidativo prolongado ou elevado não é controlado pelas espécies antioxidantes a

contento e ocorre então danos às principais macromoléculas (proteínas, lípidos, carboidratos,

e ácidos nucleicos), que, em última instância resultam em apoptose. Levando-se em

consideração que o cérebro tem uma das mais altas taxas de consumo de oxigênio em massa

no corpo, mesmo os mais pequenos desequilíbrios entre os mecanismos de defesa

antioxidantes e o estresse oxidativo pode ser prejudicial para os neurônios. É bem

documentado cientificamente que os antioxidantes podem remover as ERO e ERN,

esperando-se então a redução de sintomas de ansiedade e depressão. A compreensão funcional

da relação entre estresse oxidativo e depressão e ansiedade pode abrir o caminho para a

descoberta de novos alvos para o tratamento de distúrbios neuropsiquiátricos (XU, Y., et al

2014).

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral:

Pesquisa e desenvolvimento de um novo candidato a protótipo de fármaco ansiolítico

dotado de propriedades antioxidantes.

2.2 Objetivos Específicos:

a) Planejar e sintetizar o composto objeto de estudo;

b) Caracterizar estruturalmente o composto sintetizado, através do emprego de espectroscopia

de Ressonância Magnética Nuclear e na região do Infravermelho;

c) Avaliar a atividade antioxidante do composto, através de Voltametria Cíclica.

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d) Avaliar a atividade farmacológica central do composto através dos seguintes parâmetros:

Atividade depressora ou estimulante de LQFM180 através do teste do sono induzido

por pentobarbital sódico;

Alterações comportamentais de exploração ambiental induzida pelo tratamento com

LQFM180, no teste do campo aberto;

Alterações na coordenação motora induzidas pelo tratamento com LQFM180

utilizando o teste da chaminé.

A relação dose-efeito e a influência do tempo de tratamento no efeito de LQFM180

em modelos de ansiedade, com o teste de labirinto em cruz elevado.

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3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Reagentes e Solventes

Os reagentes utilizados foram: hexano (C6H14), acetato de etila (AcOEt), clorofórmio

(CHCl3), acetona ((CH3)2CO), acetonitrila (CH3CN), álcool etílico 95% (EtOH), álcool

metílico (MeOH) e cloreto de metileno (CH2Cl2), todos grau P.A.; bicarbonato de sódio

(NaHCO3), carbonato de sódio (Na2CO3) e sulfato de sódio anidro (Na2SO4), todos da marca

Vetec Química Fina Ltda; ácido acético glacial (CH3COOH) da marca Dinâmica; clorofórmio

deuterado (CDCl3) da marca Cambridge Isotope Laboratories Inc (CIL).

As fases orgânicas foram secas com Na2SO4 anidro e o solvente removido à pressão

reduzida.

As reações ocorreram em sistema de refluxo, com auxílio de aquecedores, utilizando

vidrarias convencionais.

3.2 Procedimentos Experimentais

3.2.1 CROMATOGRAFIA EM CAMADA DELGADA (CCD)

Para monitoramento das reações foram utilizadas placas de alumínio Whatman 20x20

cm revestidas com sílica gel 60 F254 e espessura de 0,25mm, empregando-se como fase

móvel hexano:acetato de etila (70:30), diclorometano:metanol (95:5), e visualização e

detecção por lâmpada ultravioleta (254 e 365 nm).

3.2.2 MEDIDA DE PONTO DE FUSÃO

Os pontos de fusão, em graus Celsius (ºC) foram determinados em aparelho Marte, no

Laboratório de Química Farmacêutica (LQFM), também da Faculdade de Farmácia da

Universidade Federal de Goiás.

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3.2.3 MÉTODOS ESPECTROSCÓPICOS

3.2.3.1 Espectroscopia de Ressonância Magnética Nuclear de H Unidimensional e H-C

Bidimensional

Os compostos sintetizados foram caracterizados através da técnica de RMN. Os

espectros de 1H Unidimensional e 1H-13C Bidimensionais (HSQC e HMBC) foram obtidos no

Laboratório de RMN do Instituto de Química da Universidade Federal de Goiás (IQ/UFG)

num espectrômetro BRUKER – AVANCE III 500 de 11,75 Tesla, operando a 500 MHz

(frequência do hidrogênio) e equipado com os seguintes acessórios:

Sonda multinuclear para tubo de 5 mm de diâmetro com detecção inversa e

gradiente de campo no eixo z;

Unidade de temperatura variável.

Os deslocamentos químicos (δ) foram expressos em ppm e foram adquiridos

utilizados CDCl3 e Tetrametilsilano (TMS), como referência interna o sinal do TMS. Os

espectros foram tabulados na ordem dos números de núcleos, mutiplicidade (s, singleto; d,

dubleto; dd, duplo dubleto; q, quarteto; t, tripleto) e a constante de acoplamento (J) em Hz.

3.2.3.2 Espectroscopia na região do Infravermelho (IV)

Os espectros na região do infravermelho (IV) foram obtidos no Laboratório Químico

Forense do Instituto de Criminalística Leonardo Rodrigues, em um espectrômetro de

infravermelho Perkin Elmer Frontier – Universal ATR Sampling, com as frequências de

absorção expressas em cm-1.

3.2.4 ESTUDO DO POTENCIAL REDOX POR VOLTAMETRIA CÍCLICA

Para as medidas voltamétricas foram usados três eletrodos: (i) de trabalho, sendo

eletrodos de pasta de carbono modificados com as amostras do composto LQFM 180 (60 mg

grafite, 5 mg da amostra e 20 mg de óleo mineral), em cuja superfície ocorrem processos

redox envolvendo os constituintes do analito; (ii) de referência de Ag/AgCl/KCl 3M, cujo

potencial é mantido, à medida que o potencial aplicado sobre o eletrodo de trabalho varia; (iii)

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e o eletrodo auxiliar de espiral de platina, o qual, sendo um material condutor, possibilita que

o fluxo da carga ao longo do tempo seja apenas entre este eletrodo e o de trabalho. Isto

contribui para que o potencial do eletrodo de referência se mantenha constante, evitando a

ocorrência de processos com os constituintes do eletrodo de referência.

Todas as medidas eletroquímicas foram realizadas em um

Potenciostato/Galvanostato µAUTOLAB® da Eco Chemie (Holanda) acoplado ao software

GPES 4.9®, conectado a uma célula eletroquímica com sistema de três eletrodos pertencente

ao Laboratório de Desenvolvimento de Métodos Alternativos para Análise Farmacêutica da

Faculdade de Farmácia - UFG.

As medidas eletroquímicas foram feitas através de voltametria cíclica, utilizando-se

como eletrólito suporte solução tampão fosfato 0,1 M, pH 6,0; velocidade de varredura 10

mV s-1; amplitude de pulso de 50 mV e largura de puso de 0.5s.

Para ajuste do pH da solução tampão fosfato utilizou-se pHmetro da marca Logen

modelo LSPHS 25CW com eletrodo de vidro universal da marca Eltex.

3.3 Metodologia Sintética

3.3.1 SÍNTESE DO 4-(3,5-DI-TERC-BUTIL-4-HIDROXIBENZIL) PIPERAZINA-1-

CARBOXILATO DE ETILA (?) - LQFM180 (MANNICH, 1912).

Figura 10 - Metodologia de síntese do composto LQFM 180 (8)

Em um balão volumétrico de 50 mL imerso em banho de gelo foram adicionados 1,00

mmol da piperazina-carboxilato de etila (6), 0,09 mL de formaldeído e 0,2 mL de ácido

acético concentrado. Retirado o balão do banho de gelo e colocado em sistema de refluxo, foi

adicionado então 1,00 mmol de 2,6-di-terc-butilfenol (5). A mistura reacional foi mantida sob

OH N

N

H

O O

+ OH

N

N

O

O

LQFM180 (8) (6) (7)

CH2O

CH3CO

2H,

, 1 h, 92%

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temperatura de refluxo até o completo consumo de piperazina, monitorado através de CCD.

Após o término da reação, a mistura foi extraída com 50 mL de acetonitrila, particionados

com alíquotas de 3x20 mL de hexano.

A fase orgânica foi tratada com Na2SO4 anidro e concentrada em rotaevaporador.

Foram obtidos 0,346 g (92,0% de rendimento) de 4-(3,5-di-terc-butil-4-

hidroxibenzil)piperazina-1-carboxilato de etila (C22H36N2O3) (LQFM180), como cristais cor

âmbar; P.M. = 376,27 g/mol; P.F.= 113°C; R.f. = 0,21 em hexano:AcOEt (70:30 v/v).

RMN 1H (500 MHz) CDCl3/TMS (δ): 7,08 (2H, s, H-2’ e H-6’), 4,12 (2H, q, J= 7.05,

H-9), 3,49 (4H, m, H-4 e H-6), 3,45 (2H, s, H-1), 2,42 (4H, m, H-3 e H-7), 1,43 (18H, s, H-7’

e H-8’), 1,24 (3H, t, J= 7.05, H-10).

13C-NMR - HSQC e HMBC (125,76 MHz) CDCl3/TMS (δ): 155,6 (C-8), 153,2 (C-

4’), 152,9 (C-1’), 126,2 (C-2’ e C-6’), 63,8 (C-1), 61,7 (C-9), 53,1 (C-3 e C-7), 44,3 (C-4 e C-

6), 34,4 (C-9’ e C-10’), 31,2 (C-7’ e C-8’), 14,8 (C-10).

IV máx. cm-1: 3544 (O-H), 1686 (C=O) e 1432 (C=C aromático)

3.4 Avaliação Farmacológica

Após a síntese e caracterização estrutural do composto LQFM 180 (8), foram

realizados estudos farmacológicos para verificar a atividade neurofarmacológica. Os trabalhos

foram realizados no Laboratório de Farmacologia de Produtos Naturais e Sintéticos da UFG,

sob a orientação do professor Dr. Elson Alves Costa. A avaliação da atividade farmacológica

foi realizada pela doutoranda Adriane Ferreira de Brito.

Todos os experimentos foram executados de acordo com os padrões internacionais de

bem-estar animal recomendados pela Sociedade Brasileira de Ciências em Animais de

Laboratório (SBCAL) e os protocolos experimentais foram aprovados pelo Comitê de Ética

em Pesquisa da Universidade Federal de Goiás sob o número 104/2011.

3.4.1 FÁRMACOS E SOLUÇÕES

Para realização dos testes farmacológicos foram utilizados os seguintes fármacos e

soluções:

Emulsão de LQFM 180 em Tween 80®

(Sigma - EUA) a 2 %

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solubilizada em água destilada.

Emulsão de Tween 80®

(Sigma - EUA) a 2 % em água destilada.

Pentobarbital sódico (Abbott - Brasil) dissolvido em solução salina

(NaCl) 0,9 %.

Diazepam (Cristália - Brasil) dissolvido em solução salina 0,9 %.

Para a administração do LQFM180, foi preparada uma emulsão deste com monooleato

de polioxietileno sorbitano (Tween 80®

a 2 %), que depois foi solubilizada em água

destilada. Este emulsificante também foi utilizado no preparo da solução veículo (Tween 80®

a 2 %) administrada ao grupo controle. Para os tratamentos pela via oral foi utilizada uma

cânula intra gástrica, enquanto que para os tratamentos pela via subcutânea e intraperitoneal

foram utilizadas agulhas estéreis.

3.4.2 ANIMAIS

Foram utilizados camundongos swiss machos adultos pesando entre 25-35 g em todas

as avaliações. Os animais foram fornecidos pelo Biotério Central da Universidade Federal de

Goiás e mantidos no Biotério do Laboratório de Farmacologia de Produtos Naturais e

Sintéticos do Departamento de Farmacologia/ICB/UFG, sob condições controladas de

temperatura (23 ± 1o C) e iluminação (ciclo claro/escuro de 12 h, com as luzes ligadas às 7:00

h), com livre acesso à água e alimento por um período mínimo de uma semana até serem

utilizados nos procedimentos experimentais.

Os testes foram realizados em salas destinadas a experimentação onde nenhuma outra

atividade estava sendo realizada no momento. As sessões experimentais ocorriam sempre das

8h00min à, no máximo, 16h00.

3.4.3 ANÁLISE ESTATÍSTICA NOS TESTES FARMACOLÓGICOS

Para análise estatística dos dados obtidos, foi utilizado o software GraphPadPrism

5.0®

. Foram utilizados os métodos Média ± EPM, com software Graphpad 5.0, Teste T de

Student e ANOVA + Newmans Keuls. As diferenças foram consideradas significativas

quando p < 0,05.

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35

3.4.4 MODELOS FARMACOLÓGICOS

3.4.4.1 Teste do sono induzido por pentobarbital sódico

Os animais foram pré-tratados pela via oral com a solução veículo (Tween 80®

; a 2 %

10 mL/kg v.o.), LQFM180 (nas doses de 25, 50 ou 100 mol/kg v.o.) ou com diazepam (17,6

mg/kg v.o.).

Após 60 minutos dos tratamentos os animais receberam pentobarbital sódico 50

mg/kg pela via intraperitoneal. O tempo entre esta administração do fármaco até a perda do

reflexo postural foi cronometrado e identificado como latência ao sono, e o tempo entre a

perda e recuperação voluntária do reflexo postural foi cronometrado e identificado como

duração do sono (CARLINI & BURGOS, 1979).

3.4.4.2 Teste do campo aberto

Este teste consiste em colocar o animal em uma arena circular, estando o piso da

arena dividido em oito áreas iguais dispostas de maneira a formar três círculos concêntricos.

Os animais foram tratados pela via oral com a solução veículo (Tween 80®

; a 2 % 10 mL/kg

v.o.), LQFM180 (nas doses de 25, 50 ou 100 mol/kg v.o.) ou com diazepam (17,6 mg/kg

v.o.).

Após 60 min. dos tratamentos, os animais foram colocados individualmente no centro

do campo aberto, sendo o comportamento dos mesmos observado durante 5 minutos. Foi

anotado o seguinte parâmetro: atividade exploratória: indicada pelo número de cruzamentos

com as quatro patas, número de levantadas e o tempo de imobilidade (s). Também foi

observada a atividade tipo ansiolítica indicada pelo número de cruzamentos no centro do

campo e pelo tempo gasto no centro do campo (s). Também foram avaliados número de

comportamentos de autolimpeza, que indica estereotipia e o número de bolos fecais, que pode

estar relacionado ao estado de emocionalidade do animal (ARCHER, 1973; SIEGEL, 1946).

3.4.4.3 Teste da chaminé

O teste da chaminé consiste de um tubo cilíndrico de 25 cm de comprimento,

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contendo uma delimitação a 10 cm de uma das extremidades (Figura 10). Os animais foram

tratados pela via oral com a solução veículo (Tween 80®

; a 2 % 10 mL/kg v.o.), LQFM180

(nas doses de 25, 50 ou 100 mol/kg v.o.) ou com diazepam (17,6 mg/kg v.o.).

Após 60 minutos dos tratamentos, os animais foram individualmente introduzidos

com o focinho voltado para a extremidade delimitada, estando o tubo em posição horizontal.

No momento em que os animais alcançaram a extremidade oposta, o tubo foi colocado em

posição vertical, registrando-se o tempo que o animal levou para alcançar a delimitação,

movendo-se em marcha-ré (tempo de escalada) (LAPA, et al., 2008).

3.4.4.4 Teste do labirinto em cruz elevado

O labirinto em cruz elevado consiste em uma plataforma com dois braços abertos (30

cm de comprimento, 5 cm de largura, com uma proteção lateral de 0,5 cm) perpendiculares a

dois braços fechados (30 cm de comprimento, 5 cm de largura, 25 cm de altura) formando

uma cruz grega, contendo ainda uma plataforma central (5 x 5 cm) conectando-os. O labirinto

é elevado 45 cm do nível do chão. Os animais foram tratados pela via oral com a solução

veículo (Tween 80®

; a 2 % 10 mL/kg v.o.), LQFM180 (nas doses de 25, 50 ou 100 mol/kg

v.o.) ou com diazepam (3.51 mg/kg v.o.).

Após 60 min. dos tratamentos os animais foram colocados individualmente na

plataforma central, com a cabeça voltada para um dos braços fechados, sendo o

comportamento observado durante 5 minutos. A avaliação dos parâmetros comportamentais

ocorreu em uma sala com luz vermelha. Foram registrados o número de entradas e o tempo de

permanência nos braços abertos e fechados (LISTER, 1987; PELLOW et al., 1985).

Posteriormente o número de entradas e o tempo de permanência nos braços abertos foram

convertidos em percentual em relação ao total obtido:

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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Planejamento estrutural de novo protótipo de fármaco ansiolítico

O novo composto LQFM180 (8) foi planejado através da estratégia de hibridação

molecular a partir dos protótipos LQFM008 (5) e do BHT (9), os quais apresentam efeito

ansiolítico e antioxidante, respectivamente, visando à obtenção de um composto com perfil de

atividade dual.

Figura 11- Planejamento do composto LQFM180 (8) através da estratégia de hibridação

molecular, a partir dos protótipos LQFM008 (5) e BHT (9).

A hibridação molecular é uma ferramenta empregada pelos químicos medicinais e

busca a junção de fragmentos bioativos em uma estrutura molecular química única. É uma

estratégia clássica eficiente para o desenho de novos protótipos (BARREIRO, E. J, 2002).

O composto LQFM180 (8) contempla em sua estrutura a subunidade piperazínica (C)

e presente no protótipo composto LQFM008 (5), além de substituir subunidade N-

fenilpirazola (A+B) pela subunidade 2,6-di-terc-butil-fenol presente no BHT (9).

Além disso, os novos compostos contemplam os filtros farmacocinéticos, segundo as

regras de LIPINSKI, 2004 ou regras dos cinco. São elas: candidato a protótipos de fármacos

devem apresentar número de unidade de massa atômica menor ou igual a 500; o número de

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sítios aceptores de ligação de hidrogênio menor ou igual a 10; o número de sítios doadores de

ligação de hidrogênio menor ou igual a 5, propriedade hidrogeniônica, pH, menor que 5, e o

coeficiente de partição inferior a 5 (LIPINSKI, 2004).

4.2 Metodologia sintética empregada para obtenção do composto LQFM 180 (8).

O mecanismo

que leva à formação do composto LQFM180 (8) se inicia com o

formaldeído sendo protonado pelo ácido acético, o que faz com que a carbonila se torne mais

eletrofílica. Na sequência, por meio de seu nitrogênio secundário, a piperazina (7) se adiciona

ao formaldeído protonado, levando à formação do intermediário de adição (10). Uma

transferência de próton para a subunidade hidroxila, torna-a melhor grupamento abandonador

(11). Na próxima etapa, através de uma assistência anquimérica do par de elétrons do

nitrogênio há a eliminação de uma molécula de água, caracterizando a etapa de eliminação e

formando o intermediário 12. Na etapa subsequente, através de uma nova assistência

anquimérica do par de elétrons da hidroxila fenólica, ocorre a formação da ligação entre o

carbono 4 aromático (6) e o carbono emínico do intermediário 12, resultando no intermediário

13. Em seguida, uma desprotonação restaura a aromaticidade da subunidade aromática,

formando o composto final LQFM180 (8) (MANNICH, 1912).

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Figura 12 – Mecanismo de reação de formação do composto LQFM 180 (8).

4.3 Caracterização estrutural do composto LQFM 180 (8)

4.3.1 ESPECTROSCOPIA DE RESSONÂNCIA MAGNÉTICA NUCLEAR DE 1H

UNIDIMENSIONAL E 1H-13C BIDIMENSIONAL

A completa atribuição dos hidrogênios e carbonos para o composto LQFM180 (8) se

encontra na Tabela 1 e nas Figuras 13, 14 e 15. Para maior compreensão, segue abaixo a

discussão sobre como a atribuição dos mesmos foi realizada.

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40

Como ilustrado na Figura 13, em 4,12 ppm, observa-se um quarteto (constante de

acoplamento (J) de 7,05 proveniente do hidrogênio do grupo metileno, estando este mais

desblindado pelo fato de se encontrar adjacente ao oxigênio do grupo éster.

No anel piperazínico, os hidrogênios 3 e 7 resultam em um multipleto em 2,42 ppm,

integrando para 4 hidrogênios. Da mesma forma, porém, mais desblindados que os primeiros,

devido à anisotropia com o oxigênio do grupo éster, os hidrogênios 4 e 6 resultam em um

sinal de 3,49 ppm, também integrando para 4 hidrogênios.

O singleto observado em 3,45 ppm integra para 2 hidrogênios, sendo correspondente

aos hidrogênios da posição 1, sugerindo que a reação ocorreu.

O singleto em 7,08 ppm (integral de 2H) corresponde aos hidrogênios aromáticos,

identificados nas posições 2’ e 6’.

Devido à simetria dos substituintes no anel aromático em questão, as metilas

identificadas com 7’ e 8’ resultam em um único singleto em 1,44 ppm, integrando para 18

hidrogênios.

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Tabela 1 – Sinais de 1H RMN e 13C RMN do 4-(3,5-di-terc-butil-4-

hidroxibenzil)piperazina-1-carboxilato de etila (LQFM180 (8)) em CDCl3.

LQFM 180 (8)

OH

N

N

O

O

1'

2'

3'9'

7'

7'

7'

4'

5'

6'

8'

8'

8'

1

7

6

3

4

8

9

10

10'

n° 1H

(deslocamento,

integral e

multiplicidade)

13C

(deslocamento)

1 3,45 (2H, s) 63,8

3 e 7 2,42 (4H, m) 53,1

4 e 6 3,49 (4H, m) 44,3

8 - 155,6

9 4,12 (2H, q, J=

7,05)

61,7

10 1,24 (3H, t, J=

7.05)

14,8

1’ - 124,0

2’ e 6’ 7,08 (2H, s) 126,2

3’ e 5’ - -

7’ e 8’ 1,43 (18H, s) 31,2

9’ e

10’

- 34,4

4’ - 153,2

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Figura 13 - Espectro de RMN 1H unidimensional e expansões do composto LQFM180 (8)

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Figura 14 – Mapa de correlações de 1H -13C HSQC do composto LQFM 180 (8)

Figura 15 – Mapa de Correlações de 1H -13C HBMC do composto LQFM 180 (8)

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4.3.2 ESPECTROSCOPIA DE ABSORÇÃO NA REGIÃO DO INFRAVERMELHO

Através da análise do espectro de absorção na região do infravermelho (Figura 14),

foi possível observar as principais frequências de estiramento para o composto LQFM180 (8),

as quais são evidenciadas em uma em 3544 cm-1, relativa à subunidade hidroxila (ν O-H); em

1686 cm-1, relativa à subunidade carbonila (ν C=O); e uma em 1432 cm-1, relativa à ligação

carbono–carbono aromático (ν C=C aromático). Apesar do espectro de absorção na região do

infravermelho apresentar outras frequências, as mencionadas acima são representativas para o

composto LQFM180 (8).

Após a elucidação estrutural do composto LQFM180 (8) através de RMN e

infravermelho e identificado como um composto piperazínico inédito, segundo o banco de

CAS / scifinder o mesmo foi submetido às duas avaliações do seu perfil antioxidante e

avaliação farmacológica in vivo.

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Figura 16 – Espectro na região do Infravermelho - LQFM 180 (8)

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4.4 Avaliação do Potencial Redox através de Voltametria Cíclica

A fim de caracterizarmos o perfil antioxidante do composto LQFM180 (8) frente a

potenciais redox, o mesmo foi avaliado através da técnica de voltametria cíclica.

O perfil redox dos composto LQFM180 (8) está ilustrado na Figura 17. Ao composto

foram empregados eletrodos de pasta de carbono. Análises voltamétricas das amostras do

composto LQFM180 em solução tampão fosfato 0,1 M, pH 6,0 como eletrólito suporte,

resultaram em voltamogramas reprodutíveis.

Através do voltamograma cíclico do composto LQFM180 (8) (Figura 15), se evidencia

que o grupo fenólico livre foi oxidado eletroquimicamente no eletrodo de carbono vítreo,

exibindo um pico anódico, 1a, no potencial de pico, E p1a = 0,6 V, em PBS pH 6,0. Essa

análise é consistente com bom caráter doador de elétrons e, como consequência, bom

sequestrador de radicais livres, exibindo então atividade antioxidante.

Em face de tais evidências, é possível concluir que o composto LQFM180 (8)

apresenta perfil antioxidante, pois apresenta potenciais oxidativos e redutivos.

Figura 17 - Voltamograma cíclico do composto LQFM 180 (8)

Tampão Fosfato 0,1 M, pH 7,0. Faixa de varredura -0,25 a 1,25 V. Velocidade de varredura

100 mV s-1.

0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 1.2

1a0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8

1a

20 mA

E / V (vs. Ag/AgCl/KClsat

)

20 mA

E / V (vs. Ag/AgCl/KClsat

)

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4.5 Avaliação Farmacológica

4.5.1 TESTE DO SONO INDUZIDO POR PENTOBARBITAL SÓDICO

Figura 18 - Alterações no sono induzido por pentobarbital sódico em animais tratados com

veículo (Tween 80 2,0%, 10 mL/kg v.o.), LQFM180 (8) (25, 50 ou 100 µmol/kg, v.o.) ou Diazepam

(1) 17,6 µmol/kg v.o., A - latência ao sono barbitúrico, em segundos e B - duração do sono, em

min. As colunas e barras verticais representam a média ± EPM (n=9). *p≤0,05, **p≤ 0,01

***p≤0,001 quando comparado ao grupo controle (veículo), utilizando ANOVA seguida do pós-

teste de Student-Newman-Keuls.

Os tratamentos com LQFM180 (8), nas doses de 25, 50 ou 100 µmol/kg reduziram o

tempo de latência ao sono e aumentaram a duração do sono.

Os animais tratados com LQFM180 (8), nas diferentes doses, apresentaram redução na

latência ao sono induzido por pentobarbital sódico em 52,12%, na dose de 25 µmol/Kg,

40,10%, na dose de 50 µmol/Kg e 58,54% na dose de 100 µmol/Kg. Por outro lado, o

composto aumentou o tempo de duração do sono induzido por pentobarbital sódico em 29,27%,

na dose de 25 µmol/Kg, 29,95% na dose de 50 µmol/Kg e 87,30% na dose de 100 µmol/Kg. O

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48

tratamento com diazepam 17,56 µmol/kg reduziu a latência ao sono em 75,32% e aumentou a

duração do sono em 92,59%. (Figura 16).

Planejado a partir do LQFM008 (5) e do antioxidante BHT (9), o LQFM180 (8) foi

submetido ao primeiro teste da avaliação farmacológica, essencial para verificar atividade

central: teste do sono induzido por pentobarbital sódico. Este teste permite verificar a atividade

depressora e/ou estimulante de um candidato a protótipo de fármaco, baseado no sinergismo ou

antagonismo com a atividade depressora do pentobarbital. Dessa maneira, fármacos

depressores reduzem o tempo de latência e aumentam a duração de sono, e fármacos

estimulantes atuam de forma inversa. Vale ressaltar que candidatos a protótipos de fármacos

que alterem o metabolismo ou a excreção do barbitúrico podem levar a um aumento no tempo

de sono, gerando um falso positivo (CARLINI et al., 1986). O tratamento com LQFM180 (8)

nas diferentes doses, aumentou a duração do sono induzido por pentobarbital sódico, reduzindo

a latência. De maneira similar, o tratamento com diazepam 17,56 µmol/kg também reduziu a

latência ao sono e aumentou o tempo de duração do sono. Tanto o composto LQFM180 (8),

quanto o Diazepam (1) indicam uma atividade sinérgica com o barbitúrico (FARKAS et al.,

2005).

4.5.2 TESTE DO CAMPO ABERTO E DA CHAMINÉ

Tabela 2 - Alterações comportamentais observadas nos testes do campo aberto e da chaminé

*Resultados expressos como média ± EPM. Veículo (Tween 80 2,0%, 10 mL/kg v.o.), LQFM180

(25, 50 ou 100 µmol/kg, v.o.) ou diazepam 17,56 µmol/kg v.o..*p≤0,05, **p≤0,01 e ***p≤0,001

quando comparado ao grupo controle (veículo) utilizando ANOVA seguida do pós-teste de

Student-Newman-Keuls, para o teste do campo aberto, e *p≤0,05 quando comparado ao grupo

controle (veículo).

Campo aberto e Chaminé. Veículo LQFM180 Diazepam

10 mL/Kg 25 µmol/Kg 50 µmol/Kg 100 µmol/Kg 17,56 µmol/Kg

Teste do campo aberto

Número de autolimpeza 1,71±0,28 1,80±0,20 1,71±0,36 1,86±0,26 1,83±0,31

Número de bolos fecais 2,25±0,45 2,00±0,27 3,00±0,36 1,5±0,19 1,71±0,36

Número total de cruzamentos 108,8±9,50 95,88±7,69 106,5±2,57 115,0±3,99 112,2±8,85

Tempo de imobilidade (seg.) 5,00±1,43 8,57±1,84 5,00±0,84 20,67±3,59 b 24,17±6,44 b

Número de levantadas 69,88 ±3,87 63,71±1,60 65,25±3,07 70,67±5,45 45,71±2,08 c

%Cruzamento no Centro 40,29 ±2,62 46,76 ±1,24 a 50,74 ±1,75 b 55,55 ±1,18 c 33,63 ±2,28 a

Tempo no Centro (seg.) 63,67±5,06 89,83±2,10 b 90,20±5,70 b 97,00±6,31 c 54,33±4,99

Chaminé

Tempo de escalada (seg.) 4,88±0,67 4,71±0,47 5,00±0,78 5,00±0,58 9,40±1,50b

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No teste do campo aberto, os tratamentos com LQFM180 (8), nas doses de 25, 50 ou

100 µmol/kg, não alteraram o número de comportamentos de autolimpeza, o número de bolos

fecais e o número de cruzamentos totais, ou seja, não alteraram as atividades locomotora e

exploratória dos animais.

O composto LQFM180 (8) quando ministrado na dose de 100 µmol/Kg aumentou o

tempo de imobilidade em 313,4%. Da mesma maneira, o Diazepam na dose de 17,51 µmol/Kg

também aumentou o tempo de imobilidade, 383,4%.

Os tratamentos com LQFM180 (8), nas doses de 25, 50 ou 100 µmol/kg, não alteraram

o paramêtro número de levantadas, o que sugere que as atividades locomotora e exploratória

dos animais (exploração vertical) também não foram alteradas.

Os cruzamentos na área central (%CrCe) do campo aberto aumentaram em 16,06;

25,94 e 37,87%, respectivamente. O tempo de permanência no centro (Tce) do campo aberto

foi aumentado em 41,09%, na dose de 25 µmol/Kg, 41,67%, na dose de 50 µmol/Kg e 52,35%,

na dose de 100 µmol/Kg (Tabela 2).

O tratamento com diazepam 17,56 µmol/kg (controle positivo) não alterou o número de

comportamentos de autolimpeza, o número de bolos fecais e o número de cruzamentos totais.

Por outro lado, reduziu o número de cruzamentos no centro em 16,53% e aumentou o tempo de

imobilidade, 383,4%, o que pode ser explicado pela atividade depressora do composto na dose

utilizada

No teste da chaminé, nenhum dos tratamentos com LQFM180 (8) alterou o tempo de

escalada do animal, ratificando que o composto não compromete a atividade locomotora. Já o

tratamento com o controle positivo 17,56 µmol/kg, por sua vez, aumentou (p≤0,05) o tempo de

escalada em 92,62%, evidenciando o comprometimento locomotor nos animais tratados com

Diazepam na dose de 17,51 µmol/Kg. (Tabela 2).

Para verificar alterações comportamentais, um dos testes mais utilizados é a observação

de camundongos em um campo aberto (GORENSTEIN e SCAVONE, 1999). Este teste

permite uma avaliação da atividade estimulante ou depressora no sistema nervoso central de

um dado composto, podendo ainda indicar atividades mais específicas como a tipo ansiolítica,

dependendo dos parâmetros avaliados (LAPA et al., 2008). A tendência natural do animal em

um ambiente novo é a de explorá-lo, apesar do conflito com o medo provocado pelo

desconhecido. Tratamentos com compostos tipo ansiolíticos não aumentam a exploração do

campo aberto, mas o comportamento tigmotáxico do animal é reduzido (VILELA, SONCINI e

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50

PAIVA, 2009). Outra função do teste do campo aberto é avaliar a atividade exploratória dos

animais. Os parâmetros de número de cruzamentos totais, número de levantadas e tempo de

imobilidade indicam alteração na atividade motora espontânea; o número de bolos fecais pode

indicar alteração na emocionalidade do animal (HAN et al., 2009).

Como complemento do teste de desempenho motor do animal, avaliado pelo teste do

campo aberto, foi realizado também, o teste da chaminé. Neste teste, são considerados animais

com comprometimento motor aqueles que forem incapazes de atingirem a delimitação do tubo

dentro de um período de tempo determinado (COLETA et al., 2006). Os animais tratados com

LQFM180 nas diferentes doses não tiveram alterações na atividade motora espontânea, já que

não tiveram seus tempos de escalada reduzidos.

4.5.3 AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE TIPO ANSIOLÍTICA DO COMPOSTO LQFM180

(8) – TESTE DO LABIRINTO EM CRUZ ELEVADO

Figura 19 – Parâmetros observados no teste do labirinto em cruz elevado (A - número de entradas

nos braços abertos (EBA), B - tempo de permanência nos braços abertos (TBA) e C - tempo de

permanência na plataforma central (TPC)

Veículo 25 mmol/Kg 50 mmol/Kg 100 mmol/Kg 200 mmol/Kg Diazepam

0

20

40

60

80

LQFM180Tween 80 2% 3,51 mmol/Kg

***

** **

%E

BA

A

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Veículo 25 mmol/Kg 50 mmol/Kg 100 mmol/Kg 200 mmol/Kg Diazepam

0

20

40

60

80

LQFM180Tween 80 2% 3,51 mmol/Kg

** ***** ***

***%

TB

A

Veículo 25 mmol/Kg 50 mmol/Kg 100 mmol/Kg 200 mmol/Kg Diazepam

0

10

20

30

40

LQFM180Tween 80 2% 3,51 mmol/Kg

***

****

%T

PC

No teste do Labirinto em Cruz Elevado, o tratamento com LQFM180 (8) nas doses de

25, 50, 100 ou 200 µmol/kg, aumentou o número de entradas no braço aberto (EBA) nas doses

de 50 µmol/Kg e 200 µmol/Kg, em 29,79% e 30,91%, respectivamente. O controle positivo

aumentou em 48,11% (Figura 17A). O tempo de permanência no braço aberto do labirinto, nas

doses de 25 µmol/Kg, 50 µmol/Kg, 100 µmol/Kg e 200 µmol/Kg aumentou em 32,26%,

54,90%, 37,29% e 49,90% respectivamente. O controle positivo (diazepam) aumentou em

B

C

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52

47,20% (Figura 17B). O tratamento com LQFM180 (8), nas doses de 50 µmol/Kg, 100

µmol/Kg e 200 µmol/Kg, diminuiu o tempo de permanência na plataforma central (TPC) do

labirinto, em 40,46%; 27,07% e 33,20%; respectivamente. O tratamento com diazepam reduziu

em 53,88% (Figura 17C).

Este modelo animal usa estímulos naturais como o medo do desconhecido, e de espaços

abertos e elevados, além da preferência por lugares fechados. Trata-se do o modelo animal mais

utilizado para a seleção de protótipos de fármacos ansiolíticos (HAN et al., 2009; YU, LEE e

JANG, 2007)). A ansiedade animal, neste teste, surge em decorrência do conflito entre

explorar o ambiente novo e o receio de explorar este mesmo ambiente. Neste teste, animais

tratados com benzodiazepínicos, como o diazepam na dose de 3,51 µmol/kg apresentam

preferência pelos braços abertos do labirinto, demonstrado pelo aumento no número de

entradas nos braços abertos e pelo aumento no tempo de permanência nos braços abertos, em

relação aos braços fechados, além de reduzir também o tempo gasto na plataforma central.

Todas essas alterações foram observadas sem que ocorresse alteração no tempo gasto nos

braços fechados e no tempo de imobilidade, parâmetros que avaliam a atividade motora do

animal (SCHMIDT; MULLER, 2006). No teste do labirinto em cruz elevado, o tratamento com

LQFM180 (8) nas diferentes doses demonstrou atividade tipo ansiolítica. Esta atividade foi

caracterizada pelo aumento no número de entradas nos braços abertos, no tempo gasto nos

braços abertos, e pela redução no tempo gasto na plataforma central.

2 CONCLUSÕES

Pelo exposto ao longo deste trabalho, podemos observar que os transtornos de

ansiedade são doenças para as quais os tratamentos tem evoluído principalmente na última

década, o que ratifica a busca por novos protótipos de fármacos ansiolíticos que sejam mais

eficazes, seguros e que apresentem menos efeitos colaterais quando comparados aos tratamento

disponíveis.

O planejamento e a rota sintética proposta se mostraram eficazes para a obtenção do

composto LQFM180 (8), o qual foi obtido através da reação de Mannich em rendimento de

92%, devidamente caracterizado através de métodos espectroscópicos nas regiões do RMN e

IV.

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53

Através da voltametria cíclica, foi possível evidenciar que o composto LQFM180 (8)

apresenta perfil antioxidante, uma vez que o mesmo apresentou potenciais oxidativos e

redutivos.

No que diz respeito à avaliação farmacológica in vivo, o composto LQFM180 (8) se

mostrou ativo no Sistema Nervoso Central. No teste do sono induzido por pentobarbital sódico,

o tratamento com o LQFM180 (8) nas doses de 25, 50 e 100 µmol/kg, reduziram a latência e

aumentaram a duração do sono, sugerindo uma atividade depressora central. No teste do campo

aberto e da chaminé, o tratamento com LQFM180 (8) nas doses de 25, 50 e 100 µmol/kg não

alterou a atividade exploratória dos animais, nem comprometeu a atividade motora. No teste do

campo aberto, o tratamento com LQFM180 (8) nas doses de 25, 50 e 100 µmol/kg mostrou

uma atividade tipo ansiolítica. Nos testes de labirinto em cruz elevado, o tratamento com o

LQFM180 (8), nas doses de 25, 50, 100 e 200 µmol/kg mostrou atividade tipo ansiolítica.

Neste sentido, podemos concluir que a estratégia de planejamento, se mostrou

adequada uma vez que a atividade tipo ansiolítica para o composto LQFM180 (8) foi

evidenciada através dos modelos farmacológicos in vivo aqui descritos. Os resultados

preliminares motivam os Laboratórios de Química Farmacêutica Medicinal e Farmacologia de

Produtos Naturais e Sintéticos a continuarem investigando os mecanismos de ação do

composto LQFM180 (8).

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