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MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ 6ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE FOZ DO IGUAÇU PROTEÇÃO AO PATRIMÔNIO PÚBLICO E FUNDAÇÕES Inquérito Civil Público nº MPPR 0053.12.000513-6 1 EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE FOZ DO IGUAÇU-Pr. O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ, por seu Promotor de Justiça signatário, no uso de suas atribuições junto à PROMOTORIA ESPECIAL DE DEFESA DO PATRIMÔNIO PÚBLICO, com fulcro no artigo 129, inciso III, da Constituição Federal, artigo 25, inciso IV, letras "a" e "b", da Lei nº 8.625/93, artigos 1º e 5º, da Lei nº 7.347/85, e 17, da Lei nº 8.429/92, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, propor a presente AÇÃO CIVIL PÚBLICA DE RESPONSABILIDADE POR ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA em face a: LUCIANO MALERBA, brasileiro, solteiro, médico, filho de Olivaldo Malerba e Nilza Pinto Sanches Malerba, nascido aos 19.06.1967, portador da Cédula de Identidade R.G. nº 11.775.997-1 (SSPSP), CPF nº 088.189.978-07, residente na Rua Jorge Sanways, nº 2.300, Jardim Guarapuava, nesta Cidade e Comarca de Foz do Iguaçu-Pr;

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ · 2018-05-21 · da Lei nº 8.625/93, artigos 1º e 5º, da Lei nº 7.347/85, e 17, da Lei nº 8.429/92, ... DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

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6ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE FOZ DO IGUAÇU PROTEÇÃO AO PATRIMÔNIO PÚBLICO E FUNDAÇÕES

Inquérito Civil Público nº MPPR 0053.12.000513-6

1

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____ª VARA

DA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE FOZ DO IGUAÇU-Pr.

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO

PARANÁ, por seu Promotor de Justiça signatário, no uso de suas atribuições junto à

PROMOTORIA ESPECIAL DE DEFESA DO PATRIMÔNIO PÚBLICO, com fulcro

no artigo 129, inciso III, da Constituição Federal, artigo 25, inciso IV, letras "a" e "b",

da Lei nº 8.625/93, artigos 1º e 5º, da Lei nº 7.347/85, e 17, da Lei nº 8.429/92, vem,

respeitosamente, perante Vossa Excelência, propor a presente

AÇÃO CIVIL PÚBLICA DE RESPONSABILIDADE POR ATO

DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

em face a:

LUCIANO MALERBA, brasileiro, solteiro, médico, filho de Olivaldo Malerba e

Nilza Pinto Sanches Malerba, nascido aos 19.06.1967, portador da Cédula de

Identidade R.G. nº 11.775.997-1 (SSPSP), CPF nº 088.189.978-07, residente na Rua

Jorge Sanways, nº 2.300, Jardim Guarapuava, nesta Cidade e Comarca de Foz do

Iguaçu-Pr;

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pelos fatos e fundamentos a seguir aduzidos:

1. DOS FATOS:

No dia 16 de julho de 2010, nos autos de Ação de

Indenização nº 098/1999, promovida por Lauri dos Santos em face a Empresa Hélios

de Transporte Ltda., em trâmite na 2ª Vara Cível desta Cidade e Comarca de Foz do

Iguaçu-Pr, o Juiz de Direito Dr. Gabriel Leonardo Souza de Quadros deferiu a

realização de novo exame pericial para a averiguação do estado físico do autor daquele

feito.

Para tanto, nomeou como perito o réu LUCIANO

MALERBA, tendo em vista ser um dos médicos ortopedistas indicados pela Secretaria

Municipal de Saúde (fls. 364).

Com isso, procederam-se por diversas vezes às intimações

do requerido para a realização da perícia. Senão vejamos:

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- Certidão de fls. 364-v: “Certifico e dou fé, que intimei o perito nomeado Luciano

Malebra por telefone nº 9927-6666, em cumprimento ao item 7 da portaria 01/2009

deste Juízo. Foz do Iguaçu, 21 de 07 de 2010”.

- Certidão de fls. 365: “Certifico e dou fé, que, através de contato telefônico (te.:

9927-6666), intimei o perito nomeado, o Dr. Luciano Malerba, de sua nomeação

exarada às fls. 344, o qual se comprometeu a comparecer em cartório e proceder a

carga dos autos. Foz do Iguaçu, 10 de agosto de 2010”.

- Certidão de fls. 374: “Certifico e dou fé, que em cumprimento ao r. mandado do

MM. Juiz de Direito desta 2ª Vara Cível, desta cidade e comarca, extraído dos autos

0098/1999 de Indenização que Lauri dos Santos move contra Empresa Hélios de

Transportes Ltda, dirigi-me ao endereço retro-mencionado, Avenida Paraná, Hospital

Municipal, Jardim Pólo Centro, nesta cidade e comarca e, procedi a intimação do Dr.

Luciano Malerba, por todo o conteúdo do r. mandado que, exarou o seu ciente

aceitando a contra-fé que lhe ofereci. Foz do Iguaçu, 22 de outubro de 2010”.

- Certidão de fls. 377: “Certifico e dou fé, que, através de contato telefônico (tel:

3523-3196), com a funcionária Joremi, a mesma informou que o perito nomeado, o

Dr. Luciano Malerba, encontra-se de férias e retornará as suas atividades laborais na

data de 21/12/2010. Foz do Iguaçu, 15 de dezembro de 2.010”.

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- Certidão de fls. 378: “Certifico, que através de contato telefônico (tel.: 9927-6666),

solicitei do perito Dr. Luciano Malerba o início imediato dos trabalhos, referente a

realização de perícia do requerente. O Referido é Verdade e Dou Fé. Foz do Iguaçu,

13 de janeiro de 2011”.

- Certidão de fls. 383: “Certifico e dou fé, que em cumprimento ao r.. mandado do

MM. Juiz de Direito desta 2ª Vara Cível, desta cidade e comarca, extraído dos autos

0098/1999 de Indenização que Lauri dos Santos move contra Empresa Hélios de

Transporte Ltda. dirigi-me ao endereço retro-mencionado, nesta cidade e comarca e,

procedi a intimação do Dr. Luciano Malerba, por todo o conteúdo do r. mandado que,

exarou o seu ciente aceitando a contra-fé que lhe ofereci. Foz do Iguaçu, 22 de março

de 2011”.

- Certidão de fls. 386: “Certifico e dou fé, que, através de contato telefônico (tel:

9927-6666), intimei o perito nomeado, o Dr. Luciano Malerba, do comparecer em

cartório e efetuar carga dos autos. Foz do Iguaçu, 22 de julho de 2011”.

- Certidão de fls. 389: “Certifico e dou fé, que em cumprimento ao r. mandado do

MM. Juiz de Direito desta 2ª Vara Cível, desta cidade e comarca, extraído dos autos

nº 004739-87.1999.8.16.0030, de indenização, que Lauri dos Santos move contra

Empresa Hélios de Transportes Ltda, dirigi-me ao endereço retro-mencionado, nesta

cidade e comarca e, procedi a intimação do Dr. Luciano Malerba, por todo o

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conteúdo do r. mandado que exarou o seu ciente aceitando a contra-fé que lhe ofereci.

Foz do Iguaçu, 16 de setembro de 2011”.

- Certidão de fls. 393: “Certifico e dou fé, que em cumprimento ao r. mandado do

MM. Juiz de Direito desta 2ª Vara Cível, desta cidade e comarca, extraído dos autos

nº 0098/1999, de indenização, que Lauri dos Santos move contra Empresa Hélios de

Transportes Ltda, dirigi-me ao endereço retro-mencionado, nesta cidade e comarca e,

procedi a intimação do Dr. Luciano Malerba, por todo o conteúdo do r. mandado que

exarou o seu ciente aceitando a contra-fé que lhe ofereci. Foz do Iguaçu, 09 de

dezembro de 2011”.

Conforme se observa às fls. 364-v, 365, 374, 377, 378, 383,

386, 389 e 393, o perito, o qual pertencia ao quadro funcional da Secretaria Municipal

de Saúde de Foz do Iguaçu, LUCIANO MALERBA, ainda que devidamente intimado

(cinco vezes por telefone e quatro pessoalmente), inclusive sob pena de desobediência,

deixou de cumprir as ordens judiciais para dar início aos trabalhos de realização da

perícia para a qual foi regularmente nomeado.

Verifica-se que até o momento a sobredita prova técnica

ainda não foi realizada pelo réu, não havendo cumprimento da ordem judicial

emanada. Denota-se, ainda, que em virtude da inércia de LUCIANO MALERBA os

autos de Indenização ficaram paralisados por mais de 17 (dezessete) meses,

ocasionando evidente embaraço processual.

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2. DO DIREITO ATINENTE A ESPÉCIE:

Ab initio, é importante ressaltar que, conforme Marcus

Vinicius Rios Gonçalves1 “prova pericial é o meio adequado para a comprovação de

fatos cuja apuração depende de conhecimentos técnicos, que exigem o auxílio de

profissionais especializados”.

Tal prova deverá ser produzida por um perito, o qual é

considerado um dos auxiliares da justiça, que assistirá o juiz, quando a prova depender

de conhecimento técnico ou científico.

Denota-se que o perito não presta compromisso, pois, do

simples fato de aceitar a missão presume-se o seu comprometimento em bem realizar

as suas funções.

De acordo com o artigo 146, do Código de Processo Civil,

ipsis litteris:

1 GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Direito Processual Civil Esquematizado. São Paulo: Saraiva, 2011.

p. 282.

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“Art. 146. O perito tem o dever de cumprir o ofício, no

prazo que lhe assina a lei, empregando toda a sua

diligência; pode, todavia, escusar-se do encargo

alegando motivo legítimo.

Parágrafo único. A escusa será apresentada dentro de 5

(cinco) dias, contados da intimação ou do impedimento

superveniente, sob pena de se reputar renunciado o

direito a alegá-la (art. 423)”.

A escusa deverá ser apresentada em cinco dias, a contar da

data em que tem ciência de sua nomeação. Isso significa que se o perito deixar

transcorrer in albis o prazo, reputar-se-á aceita sua função.

Verifica-se, também, que a recusa na realização de uma

perícia é excepcional e deve sempre ser feita por escrito, dentro do prazo legal acima

mencionado, pois segundo o artigo 339, do Código de Processo Civil:

“Art. 339. Ninguém se exime do dever de colaborar com

o Poder Judiciário para o descobrimento da verdade”.

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Conforme Marcus Vinicius Rios Gonçalves2 explanando

sobre os deveres do perito, tem-se que: “Ele não presta mais compromisso. Quando

da entrada em vigor, o CPC o determinava, mas desde 1992 isso foi dispensado, pois,

do simples fato de aceitar o encargo presume-se o seu comprometimento em bem

realizar as suas funções. De acordo com art. 146, “o perito tem o dever de cumprir o

ofício, no prazo que lhe assina a lei, empregando toda a sua diligência; pode, todavia,

escusar-se do encargo alegando motivo legítimo”. A escusa deverá ser apresentada

em cinco dias, a contar da data em que tem ciência de sua nomeação, salvo

impedimento superveniente. Se o perito deixar transcorrer in albis o prazo, reputar-

se-á renunciado o direito de alegar a escusa. Ele pode escusar-se nos casos de

impedimento ou suspeição, que são os mesmos que se aplicam ao juiz. Ou por outra

razão fundamentada, como por exemplo, se não detiver os conhecimentos técnicos

exigíveis para o bem desempenho da função”.

No presente caso, infere-se que LUCIANO MALERBA

foi devidamente intimado e não apresentou recusa no prazo de 5 dias. Ao contrário, se

comprometeu-se a comparecer em cartório e proceder à carga dos autos processuais,

em evidente aceitação do encargo.

2 GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Direito Processual Civil Esquematizado. São Paulo: Saraiva, 2011.

p. 384.

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Ademais, conforme oitiva em sede ministerial, o requerido

informou não estar presente nenhum caso de suspeição ou impedimento para a

realização do labor. E, ainda, por suas declarações, percebe-se ter LUCIANO

MALERBA vasto conhecimento técnico, inclusive realizando perícias para a Justiça

Federal.

O artigo 14, do Código de Processo Civil, preleciona

múltiplos deveres que dizem respeito, de acordo com o caput do dispositivo, a todos,

isto é, não apenas às partes da ação.

Essas obrigações são consectárias do princípio da boa-fé

objetiva e decorrência do princípio da proteção à legítima confiança.

O primeiro é postulado ético imposto pelo sistema

normativo; tratando-se de uma “norma de conduta”, em razão da qual se impõe àqueles

que participam de uma relação jurídica “um agir pautado pela lealdade”3.

Segundo o referido dispositivo, in verbis:

“Art. 14. São deveres das partes e de todos aqueles que

de qualquer forma participam do processo:

I - expor os fatos em juízo conforme a verdade;

II - proceder com lealdade e boa-fé;

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III - não formular pretensões, nem alegar defesa, cientes

de que são destituídas de fundamento;

IV - não produzir provas, nem praticar atos inúteis ou

desnecessários à declaração ou defesa do direito.

V - cumprir com exatidão os provimentos mandamentais

e não criar embaraços à efetivação de provimentos

judiciais, de natureza antecipatória ou final.

Parágrafo único. Ressalvados os advogados que se

sujeitam exclusivamente aos estatutos da OAB, a

violação do disposto no inciso V deste artigo constitui ato

atentatório ao exercício da jurisdição, podendo o juiz,

sem prejuízo das sanções criminais, civis e processuais

cabíveis, aplicar ao responsável multa em montante a ser

fixado de acordo com a gravidade da conduta e não

superior a vinte por cento do valor da causa; não sendo

paga no prazo estabelecido, contado do trânsito em

julgado da decisão final da causa, a multa será inscrita

sempre como dívida ativa da União ou do Estado”.

3 MARTINS-COSTA, Judith. Comentários ao novo Código, v. 5, t.II, p. 33.

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Desta forma, os auxiliares da justiça, ou seja, aqueles que

colaboram com a função judiciária, como o escrivão, o oficial de justiça, o perito, o

intérprete, o depositário etc., deverão cumprir com exatidão os provimentos

mandamentais, não criando embaraços à efetivação de determinações judiciais, em

respeito aos princípios da proteção à boa-fé e da cooperação.

De acordo com o Superior Tribunal de Justiça:

“A boa-fé objetiva se apresenta como uma exigência de

lealdade, modelo objetivo de conduta, arquétipo social

pelo qual impõe o poder-dever de que cada pessoa ajuste

a própria conduta a esse modelo, agindo como agiria

uma pessoa honesta” (STJ, REsp 803.481/GO, 3º T. j.

28.06.2007, rel. Min. Nancy Andrigui).

Assim, não há dúvida que deve incidir, no caso, o disposto

no parágrafo único do artigo 14, do Código de Processo Civil, pois o perito

LUCIANO MALERBA criou óbice à efetivação de provimento judicial emanado de

autoridade jurisdicional, em violação ao disposto no inciso V do artigo 14 do Código

de Processo Civil.

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Neste contexto, em virtude do desatendimento da

determinação judicial, foi aplicada a LUCIANO MALERBA multa de 10% do valor

atualizado da causa, na forma do parágrafo único do artigo acima referido.

Além disso, constata-se que a omissão do requerido em

realizar a perícia, para a qual foi regularmente intimado, caracteriza ato de

improbidade administrativa.

Constitui-se, a não elaboração da perícia, omissão indevida,

subsumindo sua conduta em ato de improbidade administrativa que atenta contra os

princípios da Administração Pública, consoante artigo 11, caput, e inciso II, da Lei nº

8.429/92.

Senão vejamos.

A Constituição Federal estabelece que:

"Art. 37. A administração pública direta e indireta de

qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito

Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de

legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e

eficiência e, também, ao seguinte:"

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A Lei nº 8.429/92, no seu artigo 4º, preceitua que “os

agentes públicos de qualquer nível ou hierarquia são obrigados a velar pela estrita

observância dos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade e publicidade

no trato dos assuntos que lhe são afetos”.

No dizer de Paulo Bonavides4,

"as regras vigem, os princípios valem; o valor que neles

se insere se exprime em graus distintos. Os princípios,

enquanto valores fundamentais, governam a

Constituição, o regímen, a ordem jurídica. Não são

apenas a lei, mas o Direito em toda a sua extensão,

substancialidade, plenitude e abrangência"(sem destaque

no original).

Para Celso Antônio Bandeira de Mello5:

"Violar um princípio é muito mais grave que

transgredir uma norma qualquer. A desatenção ao

princípio implica ofensa não apenas a um específico

mandamento obrigatório, mas a todo o sistema de

comandos. É a mais grave forma de ilegalidade ou de

4 BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. 5. ed.. São Paulo: Malheiros, 1994. p.260. 5 MELLO, Celso A. Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 5 ed. São Paulo: Malheiros, 1994. p. 451.

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inconstitucionalidade, conforme o escalão do princípio

atingido, porque representa insurgência contra todo o

sistema, subversão de seus valores fundamentais,

contumélia irremissível a seu arcabouço lógico e

corrosão de sua estrutura mestra. Isso porque, com

ofendê-lo, abatem-se as vigas que o sustêm e alui-se toda

a estrutura nelas esforçada"

O artigo 11 da Lei de Improbidade estabelece, in verbis:

“Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa

que atenta contra os princípios da administração pública

qualquer ação ou omissão que viole os deveres de

honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade às

instituições, e notadamente:

I - praticar ato visando fim proibido em lei ou

regulamento ou diverso daquele previsto, na regra de

competência;

II - retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato

de ofício;

III - revelar fato ou circunstância de que tem ciência em

razão das atribuições e que deva permanecer em

segredo;

IV - negar publicidade aos atos oficiais;

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V - frustrar a licitude de concurso público;

VI - deixar de prestar contas quando esteja obrigado a

fazê-lo;

VII - revelar ou permitir que chegue ao conhecimento de

terceiro, antes da respectiva divulgação oficial, teor de

medida política ou econômica capaz de afetar o preço de

mercadoria, bem ou serviço” (sem destaque no original).

Preleciona o jurista José Carvalho dos Santos Filho6, que

dentre as aplicações do inciso II, compreende-se “a) descumprimento de ordem

judicial; b) o não-atendimento às requisições do Ministério Público; c) a não-

lavratura de auto de prisão em flagrante pela autoridade policial, dentre outros

procedimentos”.

No mesmo sentido, têm-se as orientações de Emerson

Garcia7. Senão vejamos:

“O inciso em enfoque tem múltiplas aplicações, podendo

ser citadas, à guisa de ilustração, as seguintes: a) o

descumprimento de ordem judicial; b) o não-atendimento

às requisições do Ministério Público; (... )

6 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Ação Civil Pública. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2004, p. 294. 7 GARCIA, Emerson. Improbidade Administrativa. 4. ed., Rio de Janeiro : Lumen Juris, 2008. pg. 259.

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16

(...) Ressalte-se, no entanto, que somente haverá que se

falar em improbidade quando tais omissões se derem de

forma indevida, vale dizer, sem justa causa (v.g.: existência

de limitações materiais). No mais, merece destaque a

circunstância de ser desnecessária a prova de que o

agente visou à satisfação de interesse ou sentimento

pessoal, especial fim de agir que integra o elemento

subjetivo do crime de prevaricação (art. 319 CP)” (sem

destaque no original).

Como se vê, todo agente e servidor público têm o dever

jurídico de observar os princípios regentes da legalidade e da moralidade, de modo

que, ao deixar de cumprir de imediato uma decisão judicial estará incorrendo na

conduta típica descrita pelo artigo 11, inciso II, da mencionada Lei.

Isto porque estará atentando contra a dignidade do Poder

Judiciário, o seu prestígio, o seu respeito e inobservando os valores da honestidade e

lealdade às Instituições, derivações diretas do princípio da moralidade, bem como

agindo contrariamente ao comando imperativo consubstanciado no artigo 4º da

supramenciona Lei.

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17

A legalidade exige a adequação do ato à Lei, enquanto a

moralidade torna obrigatório que o objetivo visado pelo agente esteja em harmonia

com o dever de bem administrar ou de bem realizar seu ofício.

Já a desídia é pejorativa e macula a conduta de alguns

quando assumem o risco de desobedecerem a uma ordem judicial, pois estão atentando

contra a lealdade ao Poder Judiciário, a que todos estão submetidos.

Tratando dos atos atentatórios aos princípios regentes da

atividade estatal como causa geradora de improbidade administrativa e, em especial, da

ofensa dirigida ao princípio da legalidade, leciona Emerson Garcia8, em substancial

obra escrita com Rogério Pacheco Alves:

“Além da tipologia eminentemente aberta constante do

caput do art. 11, idêntica técnica legislativa foi adotada na

confecção dos incisos do referido dispositivo, alcançando

um vasto espectro de atos ilícitos praticados pelos agentes

públicos. O princípio da legalidade ganhou maior

especificidade, sendo violado, v.g., com a prática de ato

visando fim proibido em lei ou regulamento ou diverso

daquele previsto na regra de competência (inc. I – nítida

hipótese de desvio de finalidade), com a omissão indevida

na prática de atos de ofício (inc. II), com a revelação de

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18

fato nos casos em que a lei tenha previsto o dever de

segredo (inc. III), com o descumprimento da norma que

determine a publicação dos atos oficiais (inc. IV), com a

inobservância da lei regente dos concursos públicos (inc.

V) e com a não-prestação de contas nos casos em que a lei

o determine (inc. VI)” (sem destaque no original).

Assim, em pleno desrespeito aos deveres trazidos no artigo

14, do Código de Processo Civil, bem como a ordem judicial imposta, houve evidente

contrariedade ao princípio da legalidade.

Vislumbra, outrossim, ter o réu contrariado o princípio da

moralidade administrativa, princípio pelo qual, segundo Diógenes Gasparini9 "o ato e

a atividade da Administração Pública devem obedecer não só à lei mas a própria

moral, porque nem tudo que é legal é honesto, conforme afirmavam os romanos”.

Referido autor, ainda comentando o sobredito princípio,

ensina que:

"Para Hely Lopes Meirelles, apoiado em Manoel

Oliveira Franco Sobrinho, a moralidade administrativa

está intimamente ligada ao conceito de bom

8 GARCIA, Emerson. Improbidade Administrativa. 4. ed., Rio de Janeiro : Lumen Juris, 2008. pg. 259. 9 GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo, 4. ed. São Paulo: Saraiva, 1995. p. 7.

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19

administrador.

Este é aquele que, usando de sua competência,

determina-se não só pelos preceitos legais vigentes mas

também pela moral comum, propugnando pelo que for

melhor e mais útil para o interesse público. A

importância desse princípio já foi ressaltada pelo

Tribunal de Justiça de São Paulo (RDA 89/134), ao

afirmar que a moralidade administrativa e o interesse

coletivo integram a legalidade do ato administrativo"10 .

Discorrendo sobre o tema, Celso Antônio Bandeira de

Mello11 assevera que:

"... compreendem-se em seu âmbito, como é evidente, os

chamados princípios da lealdade e da boa-fé, tão

oportunamente encarecidos pelo mestre espanhol Jesus

Gonzales Peres em monografia preciosa. Segundo os

cânones da lealdade e boa-fé, a Administração haverá de

proceder em relação aos administrados com sinceridade

e lhaneza, sendo-lhe interdito qualquer comportamento

astucioso, eivado de malícia, produzido de maneira a

confundir, dificultar ou minimizar o exercício de direitos

10 Op. cit. p. 7. 11 MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo, 5. ed., 1994, Malheiros Editores, pp. 59/60.

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por parte dos cidadãos”.

Maria Sylvia Zanella Di Pietro12, citando Manoel de

Oliveira Franco Sobrinho, de modo mais substancial enfatiza que:

"Mesmo os comportamentos ofensivos da moral comum

implicam ofensa ao princípio da moralidade

administrativa".

E mais adiante sentencia:

"Em resumo, sempre que em matéria administrativa se

verificar que o comportamento da Administração ou do

administrado que com ela se relaciona juridicamente,

embora em consonância com a lei, ofende a moral, os

bons costumes, as regras de boa administração, os

princípios de justiça e de eqüidade, a idéia comum de

honestidade, estará havendo uma ofensa ao princípio da

moralidade administrativa"13.

12 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 8. ed. São Paulo: Atlas, 1997. p. 71. 13 Op. cit. p. 71.

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21

A moralidade é atingida no momento em que o agente,

servidor público, descumpre a determinação judicial sem sequer apresentar plausível

justificativa de forma tempestiva, ocasionando desnecessária morosidade em Ação de

Indenização.

A improbidade, neste caso, também é associada à violação

ao princípio da juridicidade, já que este preleciona a busca da observância íntegra do

Direito, compreendido este como um conjunto de normas dentre as quais se incluem os

princípios expressos e implícitos, bem como as regras específicas do ordenamento.

A desobediência à decisão judicial afeta, ainda, o princípio

da eficiência, visto que frustra o jurisdicionado do direito a uma atividade judicial

eficaz, efetiva e com melhor resultado no desenvolvimento dos serviços forenses, pois,

conforme já afirmado, em virtude da necessidade contínua de intimação do réu, a

demanda judicial ficou aguardando mais de 17 meses.

Ao lecionar sobre o tema, Alexandre de Morais14 assevera

que:

“O administrador público precisa ser eficiente, ou seja,

deve ser aquele que produz o efeito desejado, que dá

bom resultado, exercendo suas atividades sob o manto da

igualdade de todos perante a lei, velando pela

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objetividade e imparcialidade.

Assim, o princípio da eficiência é aquele que impõe à

Administração Pública direta e indireta e a seus agentes

a persecução do bem comum, por meio do exercício de

suas competências de forma imparcial, neutra,

transparente, participativa, eficaz, sem burocracia e

sempre em busca da qualidade, primando pela adoção

dos critérios legais e morais necessários para a melhor

utilização possível dos recursos públicos, de maneira a

evitar-se desperdícios e garantir-se uma maior

rentabilidade social. Note-se que não se trata da

consagração da tecnologia, muito pelo contrário, o

princípio da eficiência dirige-se para a razão e fim maior

do Estado, a prestação dos serviços essenciais à

população, visando a adoção de todos os meios legais e

morais possíveis para satisfação do bem comum”.

Assim, o descumprimento de ordem da Justiça estará

consubstanciando um encadeamento lógico entre a vontade, a conduta e o resultado

negativo ao provimento judicial, impondo assim ao Juiz, presidente do processo, o

dever à prevenção ou repressão a qualquer ato contrário à dignidade da Justiça,

comunicando o Ministério Público para a adoção das medidas cabíveis.

14 MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 6. ed. São Paulo: Atlas, 1999. p. 297/298.

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23

Pode-se afirmar assim, que os servidores e/ou agentes

públicos, por inviabilizarem materialmente as decisões judiciais, serão

responsabilizados pelos seus procedimentos desidiosos e penalizados de forma severa

e justa.

Esse entendimento já vem sendo adotado pelos nossos

tribunais, a exemplo do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, cuja decisão ficou

assim redigida, ipsis litteris:

“Decisão judicial – descumprimento – improbidade

administrativa – caracterização – “MANDADO DE

SEGURANÇA. DECISÃO RECURSAL. ESFERA

ADMINISTRATIVA. PRECLUSÃO.

DESCUMPRIMENTO. IMPROBIDADE. I - Decisão

lavrada em grau de recurso não pode deixar de ser

cumprida por autoridade administrativa com inversão

da hierarquia, sob pena de restar caracterizado ato de

improbidade (Lei n° 8.429, de 02.06.1992, art. 11, II). II

- Preclusão administrativa que torna a decisão recursal

irretratável à administração pública. III - Remessa

oficial a que se nega provimento” (TRF – 3ª Região –

REOMS nº 231573 – 1ª Turma – DJU: 21/10/2002 – Rel.

Des. Federal Batista Gonçalves).

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24

Neste diapasão:

“AÇÃO CIVIL PÚBLICA - IMPROBIDADE

ADMINISTRATIVA - AGENTES POLÍTICOS -

DECISÃO JUDICIAL - DESCUMPRIMENTO -

APLICAÇÃO DE PENALIDADE - MULTA -

POSSIBILIDADE - INTELIGÊNCIA DO ART. 11, II, DA

LEI Nº 8.429/92 E DO ART. 14, "CAPUT", DO CPC.

Todo agente público, dentre eles, por óbvio, os agentes

políticos, tem o dever de observar os princípios da

legalidade e da moralidade, de modo que, ao deixar de

cumprir uma decisão judicial estará incorrendo na

conduta típica descrita pelo artigo 11, II, da Lei nº

8.429/92. Dentre as alterações introduzidas no Código de

Processo Civil pela Lei nº 10.358/2001, encontra-se aquela

ocorrida na redação do ""caput"" do artigo 14 do CPC, com

o acréscimo de um inciso e do parágrafo único, que visou

reforçar a ética no processo, além, é claro, de preencher

uma lacuna existente no ordenamento jurídico-processual

brasileiro, que antes não previa expressamente a

possibilidade de se impor multa diretamente ao responsável

pelo não cumprimento das decisões judiciais” (sem

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25

destaque no original, Acórdão nº 1.0713.06.062084-

4/001(1) de TJMG. Tribunal de Justiça do Estado de Minas

Gerais, 17 de Julho de 2008).

“AÇÃO CIVIL PÚBLICA - IMPROBIDADE

ADMINISTRATIVA - AGENTES PÚBLICOS -

DECISÃO JUDICIAL - FORNECIMENTO DE

MEDICAMENTOS - DESCUMPRIMENTO -

APLICAÇÃO DE PENALIDADE - MULTA -

POSSIBILIDADE. - Os agentes públicos têm o dever de

observar os princípios da legalidade, da moralidade e da

honestidade, de modo que, ao deixar de cumprir uma

decisão judicial estará incorrendo na conduta tipificada

no artigo 11, II, da Lei nº 8.429/92. - A lesão a princípios

administrativos previstos no art. 11 da Lei n. 8.429/92 não

exige prova da lesão ao erário público, bastando a simples

ilicitude ou imoralidade administrativa para restar

configurado o ato de improbidade da Lei nº 11.280 de

16.02.2006” (sem destaque no original, TJMG, Processo n.º

1.0024.04.428850-4, Rel. Elias Camilo, julgado em

06/08/2009, publicado em 25/08/2009).

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26

O requerido, com ciência das intimações judiciais, não as

cumpriu, nem apresentou justificativa tempestiva a esse desatendimento, mostrando

menosprezo com os mandamentos judiciais e causando prejuízo às partes envolvidas.

Debatendo a questão, o professor Waldo Fazzio Júnior

preleciona:

“O advérbio indevidamente é elemento normativo indiciário

de consciência da ilegalidade da conduta. O agente público

conhece seu dever administrativo, mas não o cumpre.

Sabe que ao retardar ou não praticar ato de oficio,

invade o território da ilegalidade.

Portanto, se o agente público, desprezando os deveres

ratione officii, sobretudo o de efetivar os atos oficiais,

sem qualquer motivo escusável, protela-os, ou, o que é

pior, não os pratica, ainda que não mire qualquer

vantagem ou interesse, está cometendo esta espécie de

ato de improbidade”15.

As sanções previstas para o agente público que atenta

contra os princípios da Administração Pública são aquelas previstas no artigo 12,

inciso III, da Lei nº 8.429/93, quais sejam:

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27

“Art. 12. Independentemente das sanções penais, civis e

administrativas previstas na legislação específica, está o

responsável pelo ato de improbidade sujeito às seguintes

cominações, que podem ser aplicadas isolada ou

cumulativamente, de acordo com a gravidade do fato:

(...)

III - na hipótese do art. 11, ressarcimento integral do

dano, se houver, perda da função pública, suspensão dos

direitos políticos de três a cinco anos, pagamento de

multa civil de até cem vezes o valor da remuneração

percebida pelo agente e proibição de contratar com o

Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais

ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por

intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio

majoritário, pelo prazo de três anos”.

3. DOS REQUERIMENTOS FINAIS:

15 FAZZIO JUNIOR, Waldo. Atos de Improbidade Administrativa. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2008. p. 185.

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28

Diante do exposto, o MINISTÉRIO PÚBLICO DO

ESTADO DO PARANÁ, com fulcro nas disposições legais apontadas, requer seja a

presente ação autuada, ordenando-se a notificação do réu preambularmente qualificado

e endereçado para, no prazo legal, querendo, ofereça a sua manifestação por escrito a

respeito dos fatos articulados nesta exordial (art. 17, § 7°, da Lei nº 8.429/92) e,

posteriormente, sejam atendidos os pleitos abaixo especificados:

3.1 Seja o referido réu condenado, no que lhe for pertinente, pela prática de ato de

improbidade estampado pela conduta que malferiu os princípios da Administração

Pública (artigo 37, "caput", da Constituição Federal), bem como pela violação dos

deveres de honestidade, eficiência, moralidade, legalidade e lealdade, às sanções do

artigo 12, inciso III, da mesma Lei nº 8429/92, a saber:

a) ressarcimento integral do dano, se houver;

b) perda da função pública;

c) suspensão dos direitos políticos de 3 (três) a 5 (cinco)

anos;

d) pagamento de multa civil de até 100 (cem vezes) o

valor da remuneração percebida pelo agente; e

e) proibição de contratar com o Poder Público ou

receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios,

direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de

pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo

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29

de 3 (três) anos.

3.2. Requer-se, outrossim:

3.2.1. a citação do sobredito réu, para, querendo, contestar

os termos da presente, sob pena de revelia;

3.2.1. a produção de todos os tipos de provas em direito

admitidas, verbi gratia, testemunhal, documental e pericial, esta última, se necessária,

bem como a juntada de documentos supervenientes, na medida do contraditório;

3.2.2. seja tomado o depoimento pessoal;

3.2.3. a condenação do réu nos ônus da sucumbência e

custas processuais;

3.2.4. Requer-se, por derradeiro, seja o titular da

Promotoria de Defesa do Patrimônio Publico de Foz do Iguaçu, intimado pessoalmente

para todos os atos e audiências a serem realizados no trâmite da presente ação.

3.2.5. A notificação do Município de Foz do Iguaçu, na

pessoa de seu Procurador Geral, na condição de pessoa jurídica interessada, para fins

do artigo 17, § 3º, da Lei nº 8.429/92, isto é, para, caso queira, integrar a lide como

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litisconsorte ativo, suprindo eventuais omissões e falhas contidas na inicial, bem como

apresentar provas de que disponham sobre os fatos;

Dá-se à causa, para fins de alçada, o valor de R$ 10.000,00

(dez mil reais).

Termos em que, com os inclusos documentos,

Pede-se e se espera deferimento.

Foz do Iguaçu, 30 de janeiro de 2013.

Marcos Cristiano Andrade

Promotor de Justiça

DOCUMENTOS ANEXOS:

Inquérito Civil Público nº MPPR 0053.12.000513-6 (02 volumes).