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MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERALPROCURADORIA REGIONAL DA REPÚBLICA - 5ª REGIÃO
EXCELENTÍSSIMO(A) DESEMBARGADOR(A) FEDERAL RELATOR(A) E DEMAIS MEMBROS DO EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO
REF. : PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO Nº 1.05.000.000739/2012-21AUTOR : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
INVDO : ALEXCIANA VIEIRA BRAGAA
INVDO : JOSÉ VIEIRA DA SILVA
INVDO : JOHSON KENNEDY ROCHA SARMENTO
INVDO : SANDRA MARIA JUVENAL GOMES
INVDO : ELISANDRA BRAGA MARTINS DOS SANTOS
INVDO : RODRIGO RODOLFO DE MELO
INVDO : JOSÉ JERÔNIMO FILHO
DENÚNCIA N.º 10296/2013 FJAF 230/PRR5
O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, pelo Procurador Regional da
República ao final assinado e no exercício de sua função institucional
prevista no art. 129, I, da Constituição da República e art. 6º, V, da Lei
Complementar nº 75/93, tendo em vista os fatos apurados no presente
procedimento administrativo, vem apresentar DENÚNCIA em desfavor
de
1. ALEXCIANA VIEIRA BRAGA, brasileira, casada, ex-prefeita do
Município de Marizópolis/PB, ex-sócia da Construforte
Construtora LTDA, inscrita no RG nº 242177-4 SSP/PB, CPF
052.244.054-16, nascida em 7/10/1981, filha de Francisco dos
Santos Vieira e de Francisca Nilda Braga dos Santos, residente e
domiciliada na Rua Rita de Abreu, nº 77, Centro, Marizópolis/PB;
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERALPROCURADORIA REGIONAL DA REPÚBLICA – 5ª REGIÃO
Gabinete do Procurador Regional da República Fernando José Araújo FerreiraProcedimento Administrativo nº 1.05.000.000739/2012-21
2. JOSÉ VIEIRA DA SILVA, brasileiro, ex-secretário de finanças e
atual Prefeito do Município de Marizópolis/PB, inscrito no RG nº
590648 SSP/PB, CPF 238.129.234-91, nascido em 14.02.1960,
filho de Lauro Vieira da Silva e Maria Vieira da Silva, residente e
domiciliado na Rua Francisco Pedroza de Araújo, nº 02, Centro,
Marizópolis/PB;
3. JOHSON KENNEDY ROCHA SARMENTO, brasileiro, ex-
Secretário de Finanças e ex-Presidente da Comissão de Licitação
de Marizópolis/PB, CPF 570.165.424-91, nascido em
24/05/1965, filho de Laura Maria Rocha Sarmento, residente e
domiciliado na Rua João Vieira, 32, térreo, Centro,
Marizópolis/PB;
4. SANDRA MARIA JUVENAL GOMES, brasileira, ex-integrante da
Comissão de Licitação de Marizópolis/PB, CPF nº 414.659.894-
04, nascida em 28/02/1965, filha de Maria Fernandes da Silva,
residente e domiciliada na Rua Antônio Pedro da Silva, nº 2,
Queimadas, Marizópolis/PB;
5. ELISANDRA BRAGA MARTINS DOS SANTOS, brasileira, ex-
integrante da Comissão de Licitação de Marizópolis/PB, CPF nº
020.713.874-57, nascida em 19/08/1974, filha de Francisca
Adelita Braga, residente e domiciliada na Rua Severino Jerônimo
de Carvalho, s/n, Centro, Marizópolis/PB;
6. RODRIGO RODOLFO DE MELO, brasileiro, ex-Secretário de
Finanças do Município de Marizópolis/PB e ex-integrante da
Comissão de Licitação, inscrito no RG nº 2421645 SSP/PB, CPF
039.678.344-92, filho de Lauro Vieira da Silva e Maria Vieira da
Silva, residente e domiciliado na Rua Dr. Otávio Mariz, nº 03,
Centro, Marizópolis/PB;
7. JOSÉ JERÔNIMO FILHO, brasileiro, sócio-administrador da
Construforte Construtora LTDA., nascido em 26/03/1976, filho
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Gabinete do Procurador Regional da República Fernando José Araújo FerreiraProcedimento Administrativo nº 1.05.000.000739/2012-21
de Maria Jerônimo da Silva, CPF 020.335.874-01, residente e
domiciliado na Rua Projetada, nº 24, Centro, Marizópolis/PB.
I. INTRODUÇÃO
Alexciana Vieira Braga, José Vieira da Silva, Johnson Kennedy Rocha Sarmento, Sandra Maria Juvenal Gomes, Elisandra Braga Martins dos Santos, Rodrigo Rodolfo de Melo e José Jerônimo Filho, voluntariamente, em concurso com unidade de
desígnios, no período de 30/06/2006 a 30/06/20071, associaram-se,
em quadrilha, para cometer crimes e, especialmente, concorreram para:
a) frustrar e fraudar o caráter competitivo da licitação Concorrência nº
001/2007, que visava a construção de esgotamento sanitário com verba
federal oriunda do Convênio nº 2086/2006 (SIAFI 570409), com o
intuito de obter vantagem decorrente da adjudicação; e b) desviar em
proveito próprio ou alheio pelo menos R$ 29.713,55 (vinte e nove mil,
setecentos e treze reais e cinquenta e cinco centavos) oriundos de
sobrepreço apurado na referida obra pela Funasa2.
2. A avença celebrada entre o referido município e a entidade
concedente, em 30 de junho de 20063, estipulou a transferência
voluntária de R$ 900.000,00 (novecentos mil reais) oriundos do
Governo Federal, bem como uma contrapartida no valor de R$ 27.000,00 (vinte e sete mil reais), a cargo do convenente, para
construção da primeira etapa de sistema de esgotamento sanitário
naquela localidade, conforme aponta o termo do convênio às fs. 18 do
ICP nº 1.24.002.000020/2009-10.
3. A Concorrência em tela foi realizada, em 14/06/20074,
pelos integrantes da Comissão Especial de Licitação integrada por
Johnson Kennedy Rocha Sarmento, Sandra Maria Juvenal Gomes e
1 Datas da celebração e encerramento do Convênio nº 2086/2006 (SIAF 570409), respectivamente.
2 Parecer Técnico n° 117/2007 da FUNASA (fl. 360 do ICP nº 37/2007-13.3 F. 20, do Anexo I (7/21).4 F. 40, do Anexo I (1/21).
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Elisandra Braga Martins dos Santos e homologada pela então Prefeita
Alexciana Vieira Braga em 25 de junho 20075, em prejuízo para a
Administração Pública. Com esse fim, a então Prefeita, juntamente com
os demais denunciados, estipulou como objeto do certame uma obra de,
aproximadamente, cinco milhões de reais, quando o Município
dispunha, à época, de apenas R$ 927.000,00 (novecentos e vinte e sete
mil reais), correspondentes à primeira etapa do projeto.
4. A comprovação da disponibilidade orçamentária só ocorreu
em 27/08/2007, ao passo que o resultado da licitação foi homologado
em 25/06/2007.
5. A então prefeita Alexciana Vieira Braga, que já integrou o
quadro societário da Construforte Construtora Ltda., assinou o
Convênio nº 2086/2006 (SIAFI 570409), a prestação de contas, a
homologação e adjudicação, bem como os cheques para pagamento da
empresa vencedora.
6. Johnson Kennedy Rocha Sarmento, Sandra Maria Juvenal Gomes e Elisandra Braga Martins dos Santos, integrantes da
comissão especial de licitação, sabedores da fraude, elaboraram a ata
de recebimento da documentação de habilitação relativa à Concorrência
001/2007 e o respectivo relatório6.
7. Rodrigo Rodolfo de Melo, embora fosse sócio-
administrador da Construforte Construções LTDA., durante a gestão de
Alexciana, foi Secretário de Finanças e Presidente da Comissão
Permanente de Licitação. Com efeito, este representante da
Construforte Construtora LTDA. foi intensamente ligado à
administração municipal.
5 F. 142, do Anexo I (7/21) – cópia do Volume I do Apenso IV, do ICP 1.24.002.000037/2007-13.
6 Fs. 143/148, do Anexo I (7/21) – cópia do Volume I do Apenso IV, do ICP 1.24.002.000037/2007-13.
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8. O acusado Rodrigo Rodolfo de Melo representou, a um só
tempo, o tomador do serviço e seu prestador; o órgão julgador da
licitação e o licitante; o agente pagador e seu favorecido.
9. José Jerônimo Filho, por seu turno, primo de José Vieira,
na qualidade de representante da Construforte Construtora Ltda.,
assinou o contrato7 com a Prefeitura. No dia 1º de agosto de 2007, na
qualidade de representante da Construforte Construtora Ltda., assinou
recibo no valor de R$ 168.813,39 (cento e sessenta e oito mil e
oitocentos e treze reais e trinta e nove centavos).
10. No dia 28 de agosto de 2007, José Jerônimo Filho, na
qualidade de representante da Construforte Construtora Ltda., assinou
recibo no valor líquido de R$ 205.411,32 (duzentos e cinco mil e
quatrocentos e onze reais e trinta e dois centavos), fs. 297 do Anexo I
8/21, referente à nota fiscal nº 0273, no valor total de R$ 213.192,86.
Descontou-se deste R$ 3.517,68 para pagar ao INSS (fs. 298/300, do
Anexo I 8/21) e R$ 4.263,86 para pagar ISS (fs. 301/303, do Anexo I
8/21).
11. À f. 337, do Anexo I 8/21, consta a cópia do comprovante
de depósito de cheque no valor de R$ 205.411,32 na conta corrente
13.124-5 na agência 0795-5, Banco do Brasil, de titularidade da
Construforte Construtora Ltda.
12. Nota de empenho emitida no dia 19/11/2007, no valor de
R$ 58.084,07, correspondente ao pagamento pela 4ª medição dos
serviços prestados a obra de infraestrutura urbana compreendendo a
construção do sistema de esgotamento sanitário do Município de
Marizópolis-PB. À f. 389, do Anexo I 8/21, consta cópia do cheque nº
850001, arquivado na Prefeitura, no valor de R$ 55.963,86, nominal à
Construforte Construtora Ltda. A nota fiscal (NFS nº 0278) relativa a
esse serviço está costada à f. 392, do Anexo I 8/21. À f. 393, do Anexo I
7 Fs. 151/159, do Anexo I (7/21) – cópia do Volume I do Apenso IV, do ICP 1.24.002.000037/2007-13.
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Gabinete do Procurador Regional da República Fernando José Araújo FerreiraProcedimento Administrativo nº 1.05.000.000739/2012-21
8/21, consta o recibo assinado por José Jerônimo Filho em
19/11/2007.
13. José Vieira da Silva, por seu turno, era o dono de fato da
Construforte Construtora LTDA. e o cabeça do esquema delituoso.
II. DA MATERIALIDADE DELITIVA
14. Para dar execução ao objeto conveniado, a Prefeitura de
Marizópolis/PB, à época sob gestão da demandada Alexciana Vieira Braga, deflagrou o procedimento licitatório (Concorrência nº 01/2007),
cujo instrumento convocatório repousa às fs. 76/188 do apenso I do
ICP nº 1.24.002.000020/2009-10. Instituiu-se, com tal finalidade,
Comissão Especial de Licitação (CEL) integrada pelos acusados
Johnson Kennedy Rocha Sarmento (Presidente), Sandra Maria Juvenal Gomes e Elisandra Braga Martins dos Santos, os quais
foram responsáveis pela condução das fases interna e externa do
certame.
15. Ocorre, porém, que a Concorrência n° 01/2007 não atingiu
e nunca atingiria os fins a que se propõem os procedimentos
licitatórios. A divulgação de seus atos foi extremamente restrita e
deficiente, assim como o acesso ao edital e a própria participação no
certame. Ao final, apenas duas empresas de fachada ofereceram
propostas, tendo sido vencedora a construtora pertencente ao grupo
familiar e político da então Prefeita Municipal.
16. Com o fim de cercear o caráter competitivo da licitação e
assegurar a vitória de empresa pertencente ao mesmo grupo político e
familiar integrado pela então Prefeita Alexciana Vieira Braga e por seu
tio e atual Prefeito, José Vieira da Silva, Alexciana Vieira Braga, então
Prefeita de Marizópolis/PB, acobertada pelos membros da Comissão
Especial de Licitação, estipulou como objeto do certame uma obra de
cinco milhões de reais, quando o Município dispunha, à época, de
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apenas R$ 927.000,00 (novecentos e vinte e sete mil reais),
correspondentes à primeira etapa do projeto.
17. Durante os preparativos da licitação, apesar de o montante
de recursos tratados no Convênio nº 2086/2006 ter correspondido à
cifra de R$ 927.000,00 (novecentos e vinte e sete mil reais), o objeto
licitado alcançou R$ 4.990.736,81 (quatro milhões, novecentos e
noventa mil, setecentos e trinta e seis reais e oitenta e um centavos),
sem que para isso houvesse autorização do órgão concedente,
justificativa plausível ou mesmo recursos financeiros suficientes. O fim,
na verdade, era estabelecer como garantia a quantia de R$ 49.000,00
(quarenta e nove mil reais) para participar do certame e, igualmente,
exigir capital mínimo integralizado de R$ 499.000,00 (quatrocentos e
noventa e nove mil reais). Tudo isso visando a reduzir o universo de
potenciais interessados e, assim, facilitar a fraude.
18. A incompatibilidade dessas exigências com a execução do
objeto do convênio chamou a atenção da FUNASA, que expediu
notificação à Prefeitura de Marizópolis/PB (Notificação nº 087/2007, às
fs. 454 do apenso II do ICP n° 20/2009-10), solicitando-lhe, entre
outras informações, a comprovação de dotação orçamentária no valor
de R$ 4.960.219,24 (quatro milhões, novecentos e sessenta mil,
duzentos e dezenove reais e vinte e quatro centavos) bem como para que
indicasse o embasamento legal da postura adotada por aquele ente
municipal.
19. Em resposta, a demandada Alexciana Vieira Braga apresentou o Ofício nº 95/2007, acompanhado de documentos (ICP nº
20/2009-10, apenso, fs. 59/205), com lastro nas seguintes
justificativas: a) por razões de ordem técnica, o município não poderia
licitar apenas a etapa da obra correspondente ao valor do convênio; b) a
licitação teria por fundamento preservar a modalidade mais solene de
licitação, nos termos do art. 23, § 5º, da Lei n° 8.666/93; c) o contrato
seria pago com recursos da própria Prefeitura e possíveis repasses da
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União, que, inclusive, comprometeu-se a empenhar em 2007 a quantia
adicional de R$ 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil reais).
20. Tais justificativas, no entanto, não possuíam a mínima
plausibilidade e essa insubsistência serve também para demonstrar a
má-fé da então prefeita. Em relação à suposta impossibilidade técnica
para licitar apenas a primeira etapa do sistema de esgotamento
sanitário, nada, além de vagas afirmações, foi apresentado pela
prefeitura. Não há qualquer laudo, estudo ou relatório técnico que
demonstre ter sido mais vantajoso para a Administração Pública licitar
e contratar a construção de todo o sistema de esgotamento sanitário em
vez de, em obediência ao projeto aprovado pela FUNASA, proceder
inicialmente à implementação de sua primeira etapa e posteriormente,
executar as demais, a depender da disponibilidade financeira dos entes
envolvidos.
21. Demais disso, o fato de a Comissão Especial de Licitação e a
Prefeitura terem escolhido a modalidade concorrência, exigível diante do
valor correspondente à implementação total do sistema de esgotamento
sanitário, não impediria que a licitação abrangesse apenas a primeira
etapa do projeto, que foi justamente a contemplada no Convênio n°
2.086/2006, desde que as demais parcelas fossem igualmente
submetidas à modalidade concorrencial.
22. Na mesma esteira, a alegação de que as despesas
excedentes ao montante do convênio seriam custeadas por novos
repasses da União e por recursos próprios do município são igualmente
infundadas e inverídicas. Ora, se nem mesmo a FUNASA tinha ciência
sobre tais repasses futuros (ICP n° 20/2009-10, apenso I, fs. 58. item
7), como poderia o Município realizar licitação respaldada em mera
especulação sobre a possibilidade de novas transferências oriundas do
Governo Federal? Aliás, deve ser aqui frisado que tais transferências
nunca chegaram efetivamente a ocorrer, corroborando a tese ora
exposta.
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23. Também não há qualquer dúvida sobre a inexistência de recursos próprios do município para fazer frente à despesa prenunciada na Concorrência nº 01/2007, na ordem de cinco milhões
de reais. É cediço que municípios pequenos, a exemplo de
Marizópolis/PB (conta com aproximadamente 6.000 mil habitantes),
sobrevivem às custas do Fundo de Participação dos Municípios,
normalmente comprometido com as despesas correntes do ente
municipal. A propósito, a própria Prefeitura manifestou por escrito a
sua incapacidade econômica de “tocar a obra e de lhe dar manutenção”
(ICP nº 1.24.002.000037/2007-13, fs. 530/531).
24. Deve ser ressaltado, nesse particular, que as Leis
Municipais nº 70/2007 e nº 71/2007 (ICP nº 20/2009-10, apenso I, fs.
74 e 75), editadas com o intuito de conferir ares de legalidade ao
exponencial e indevido incremento do objeto licitado, são
instrumentos completamente alheios à realidade financeira do
município convenente. Tais diplomas legais, que, em tese, autorizam o
Poder Executivo a abrir crédito especial suficiente à satisfação das
obrigações decorrentes da Concorrência nº 01/2007, nem mesmo
contêm justificativa ou indicam a origem dos recursos necessários à sua
materialização, conforme exige o art. 43 da Lei nº 4.320/64. Ademais,
as mencionadas leis foram editadas posteriormente à deflagração do
procedimento licitatório, em desconformidade com o disposto no art. 7º,
§ 2º, inciso III, da Lei 8.666/93.
25. É insofismável que era do conhecimento do prefeito e por
parte dos denunciados a realidade financeira do Município. Logo, a real
intenção da então Prefeita, acobertada pelos membros da Comissão
Especial de Licitação, ao estipular como objeto do certame uma obra de
cinco milhões de reais, quando o Município dispunha, à época, de
apenas R$ 927.000,00 (novecentos e vinte e sete mil reais),
correspondentes à primeira etapa do projeto era cercear o caráter
competitivo da licitação e assegurar a vitória de empresa pertencente ao
mesmo grupo político e familiar integrado pela então Prefeita Alexciana 9/24
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Gabinete do Procurador Regional da República Fernando José Araújo FerreiraProcedimento Administrativo nº 1.05.000.000739/2012-21
Vieira Braga e por seu tio e atual Prefeito, o acusado José Vieira da Silva.
26. Com efeito, a medida consistente em aumentar
astronomicamente o objeto licitado, sobrelevando-lhe em cerca de 450%
(quatrocentos e cinquenta por cento), permitiu à prefeita e aos membros
da Comissão Especial de Licitação – CEL a adoção de artifícios tão
somente voltados à restrição do número de concorrentes e dos possíveis
interessados no certame. Percebe-se, nesse sentido, que como forma de
qualificação econômico-financeira dos licitantes, exigiu-se a
prestação de garantia provisória no importe de R$ 49.000,00 (quarenta
e nove mil reais), correspondente a 1% do valor estimado da
contratação, nos termos do art. 31, inciso III, da Lei nº 8.666/93 (item
6.4.2 do edital, item “d”, no ICP nº 20/2009-10, apenso II, fs. 737).
27. Também em relação à qualificação econômico-financeira, foi
imposto pela Administração que os licitantes deveriam possuir capital mínimo integralizado no valor de R$ 499.000,00 (quatrocentos e
noventa e nove mil reais), correspondente a 10% sobre o valor estimado
da contratação, conforme prevê o art. 31, §§ 2° e 3º, da Lei nº 8.666/93
(item 6.4.2 do edital, item “e”, no ICP nº 20/2009-10, apenso II, fs. 737)
28. É de ser frisado, ainda, que tanto em relação à garantia
provisória quanto no que atine à exigência de capital mínimo, foram
adotados os percentuais máximos previstos na lei (1% e 10% sobre o
valor estimado da contratação, respectivamente), sem que houvesse
qualquer justificativa para a medida extrema. Ademais, doutrina e
jusrisprudência sustentam, num só tom, a impossibilidade de
Administração Pública exigir, simultaneamente, garantia provisória e
capital mínimo integralizado, sob pena de restringir excessivamente o
potencial de concorrência (Tribunal de Contas da União, Acórdão
0701/2007, TC-006.760/2007-1)
29. As duas medidas restritivas acima mencionadas, ressalto,
foram adotadas não apenas pela Comissão Especial de Licitação, ao 10/24
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elaborar a minuta do instrumento convocatório (item 6.2.4), mas
também pela própria Prefeita, a senhora Alexciana Vieira Braga, que
subscreveu o despacho de fs. 749, apenso II, do ICP nº 20/2009-10, e,
ao final, homologou o procedimento licitatório viciado.
30. Demais disso, a publicação do aviso de licitação no Diário
Oficial da União, em obediência ao art. 21, I, da Lei de Licitações, foi
realizada no dia 14.5.2007, vale dizer, exatamente 31 dias antes da
data designada para a sessão de abertura das propostas e julgamento
(fl. 10 do ICP nº 37/2007-13). O referido aviso, no entanto, não
divulgou satisfatoriamente o objeto do certame, o tipo de licitação, a
forma de execução e o valor estimado da contratação, dados que
poderiam aguçar o interesse de empresas do ramo. Esse fato impediu
os potenciais interessados em participar do certame, que ao tomarem
conhecimento das ilegalidades constantes do instrumento convocatório,
não apresentaram impugnação no prazo legal, na forma prevista no art.
41, §1º, da Lei nº 8.666/93.
31. Além disso, como mais uma medida adotada para frustrar o
caráter competitivo da licitação, foi indicado, no ato convocatório, que o
Município de Marizópolis era situado no Estado do Paraná8, com o
único objetivo de confundir os seus destinatários e dificultar o
conhecimento do certame por parte das empresas interessadas.
Igualmente, informou-se como contato o número de um telefone que
não funcionava normalmente, segundo declarações prestadas pelo
senhor Francisco das Chagas da Silva na Procuradoria da República no
Município de Sousa-PB. (fl. 04 do ICP nº 37/2007-13).
32. Como forma de consertar o absurdo “equivoco” de digitação,
publicou-se aviso de retificação com o seguinte teor (fl. 09 do ICP nº
37/2007-13):
“A Comissão Especial de Licitação da Prefeitura Municipal de Marizópolis, vem comunicar o seguinte: que no Edital de de Concorrência 01/2007 publicado no Diário Oficial da União. Seção 3, do dia 14.05.2007, página 121, onde se lê
8 F. 340, Anexo I (8/21)11/24
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Gabinete do Procurador Regional da República Fernando José Araújo FerreiraProcedimento Administrativo nº 1.05.000.000739/2012-21
Marizópolis-PR, do Diário Oficial da União, Seção 3, do dia 14 de maio de 2007, leia-se: Marizópolis-PB” (sic).
33. O aludido aviso foi divulgado apenas dez dias antes da data designada para a sessão de abertura das propostas, a qual não foi adiada por sequer um dia.
34. Porém, em todos os atos praticados no curso do certame,
inclusive no aviso de licitação publicado publicado no Jornal “O Norte”
(fl. 11 do ICP n° 37/2007-13), a menção ao ente municipal licitante foi
acompanhada da sigla correspondente ao Estado da Paraíba
(Marizópolis/PB ou Marizópolis-PB), exceto no único ato levado a
conhecimento nacional, em que foi indicado, de modo capcioso, o
Estado do Paraná. Elaborou-se, no mesmo dia (11.4.2007), dois avisos
de licitação distintos, um para divulgação nacional e outro para
conhecimento local, e que as informações erradas foram postas
justamente no aviso de maior publicidade. Esses fatos demonstram,
claramente, o dolo dos denunciados em frustrar o caráter competitivo
da licitação.
35. Mediante cotejo dos dois atos convocatórios, [aviso
publicado no Jornal “O Norte” (fl. 11 do ICP n° 37/2007-13) e Aviso
publicado no Diário Oficial da União, fl. 340, Anexo I (8/21)] percebe-se
facilmente que o “erro” foi proposital e teve por intenção dificultar a
divulgação do certame a ser realizado pela prefeitura de Marizópolis/PB.
36. Até mesmo a aquisição do edital por potenciais licitantes foi
obstaculizada ao máximo pela administração, o que acarretou,
inclusive, o recebimento de representações pelo órgão ministerial (fs.
479, apenso II, do ICP nº 20/2009-10). Nesse aspecto, o fornecimento
de cópia do edital, conforme exposto à fl. 850, apenso II, do ICP nº 20-
2009, exigia pagamento de quantia cerca de 4.000% superior aos custos
com a sua simples reprodução gráfica, em total desrespeito ao disposto
no art. 32, § 5º, da Lei 8.666/93, ao direito fundamental à informação e
aos princípios da publicidade e isonomia. Essa exigência tinha o nítido
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propósito de dificultar o acesso às informações relativas ao certame e,
assim, frustar seu caráter competitivo para facilitar a fraude.
37. Com efeito, a conduta da então Prefeita Alexciana Vieira
Braga e pelos senhores Johnson Kennedy Rocha Sarmento, Sandra
Maria Juvenal Gomes e Elisandra Braga Martins dos Santos, membros
da Comissão Especial de Licitação, acarretou a frustração do caráter
competitivo da Concorrência 01/2007, já que, entre outras razões:
a) as empresas possivelmente interessadas não tiveram conhecimento sobre dados essenciais a respeito do certame (valor, tipo de licitação, regime de execução e natureza das obras de infraestrutura) e do local onde poderiam obter tais informações, uma vez que o telefone divulgado no aviso de licitação não funcionava corretamente e foi divulgado que o Município de Marizópolis era situado no longínquo Estado do Paraná;
b) mesmo que as mencionadas empresas tomassem conhecimento sobre a realização do certame e soubessem que o município licitante era situado na Paraíba, ainda teriam que pagar R$ 400,00 (quatrocentos reais) para adquirir cópia do edital;
c) caso os interessados tivessem conhecimento do certame e pagassem R$ 400,00 (quatrocentos reais) pelo edital, para que participassem do certame, ainda teriam que depositar em garantia a quantia de R$ 49.000,00 (quarenta e nove mil reais) e demonstrar um capital mínimo integralizado de R$ 499.000,00 (quatrocentos e noventa e nove mil reais).
38. Tudo isso, além de ter dificultado sobremaneira o
conhecimento do certame por parte de grandes construtoras situadas
noutros Estados, impossibilitou a participação de empresas de pequeno
ou médio porte, afugentadas diante da exigência de capital mínimo
integralizado de meio milhão de reais e oferecimento de garantia no
importe de cinquenta mil reais, em números redondos, além, é claro, da
cobrança de absurdos R$ 400,00 (quatrocentos reais pela
disponibilização do edital.
39. Em consequência, apenas duas construtoras demonstraram interesse em participar da licitação: Conserv
Construções e Serviços LTDA, representada pelo sócio-administrador
HERBERT GOMES DOS SANTOS, e Construforte Construtora LTDA,
representada pelos acusados RODRIGO RODOLFO DE MELO e JOSÉ JERÔNIMO FILHO, tendo esta última empresa ao final do procedimento, sagrado-se
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vencedora mediante a apresentação de proposta no valor de R$
4.960.219,24 (quatro milhões, novecentos e sessenta mil, duzentos e
dezenove reais e vinte e quatro centavos). Porém, as duas licitantes não
travaram entre si um real embate comercial no curso da concorrência
nº 01/2007, de forma que a escolha da empresa vencedora teve por
único critério a existência de laços familiares e políticos entre os seus
representantes e os agentes púbicos municipais condutores do certame.
40. Demais disso, a própria ré ALEXCIANA VIEIRA BRAGA, então
Prefeita Municipal, já integrara o quadro societário da empresa
Construforte Construtora LTDA, o que, em se tratando de uma
sociedade limitada, na qual a affection societatis é de proeminente
importância, já seria suficiente para atingir o caráter imparcial e
objetivo da licitação (vide contrato social às fs. 207/211 do ICP nº
37/2007-13). Além disso, praticamente todos os outros sócios e ex-
sócios da indicada construtora guardam relação familiar ou política com
a então gestora municipal e seu tio, o atual Prefeito JOSÉ VIEIRA DA SILVA,
o qual ocupava, à época da administração de ALEXCIANA VIEIRA BRAGA, o
cargo de Secretário de Planejamento.
41. De forma didática e clara, valho-me da seguinte tabela para
demostrar a estreita ligação existente entra a grande maioria dos
integrantes da sociedade limitada Construforte Construtora LTDA,
vencedora da Concorrência nº 01/2007, e os agentes públicos
responsáveis pela condução do certame:
Sócio (a) Período na sociedade Observação
Afrânio Jerônimo de Carvalho Desde 23/12/10
Foi Chefe da Divisão de Tributos durante o Mandato de Alexciana
Alexciana Vieira Braga 13/06/03 a 31/05/04 Prefeita
Aurenice de Souza Carvalho 13/06/03 a 19/12/03 Esposa do primo de Alexciana
Elisângela Vieira Braga da Costa 13/06/03 a 19/12/05
Irmã de Alexciana. Foi subsecretária de saúde durante a gestão de José VieiraSobrinha da esposa de José Vieira. Foi tesoureira durante a gestão de Alexciana.
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Sócio (a) Período na sociedade Observação
Ester Jerônimo Gomes 07/03/06 a 31/08/06
Fortemente envolvida na campanha eleitoral de 2004, sendo diretora do comitê dos partidos de apoio a Alexciana.
Francisco Pereira Formiga 07/07/05 a 11/06/07
Francisco de Assis Fernandes 11/06/07 a 06/12/07
Foi chefe da divisão de vias Urbanas e Rurais durante o governo de Alexciana.
Geraldo Gomes Brilhante 31/08/06 a 01/09/06Jeová Cursino de Sena Pinto 13/06/03 a 19/11/04
Francisca Jerônimo Gomes 31/08/06 a 01/09/06 Cunhada de José vieira
Jerimias Jerônimo Gomes 31/05/04 a 07/03/06 Sobrinho da esposa de José Vieira
José Jerônimo filho Desde 01/09/06 Primo de José Vieira
José Jofran Jerônimo de Carvalho 13/06/03 a 19/12/03
Sobrinho da esposa de José Vieira. Foi subsecretário de finanças durante a sua gestão.
José Rodrigues Sobrinho Desde 11/06/07
Lindembergue Jerônimo de Carvalho 13/06/03 a 19/12/03
Sobrinho da esposa de José Vieira. Foi tesoureiro durante sua gestão.
Maria Aparecida da Silva 13/06/03 a 19/12/03 Esposa do sobrinho de José Vieira.
Renato Gomes Batista 07/07/05 a 13/07/06
Rodrigo Rodolfo de Melo 01/09/06 a 06/12/07
Durante a gestão de Alexciana, foi secretário de Saúde, Secretário de Finanças Presidente da Comissão Permanente de Licitação.
42. Ademais, segundo informações atuais constantes do banco
de dados da Receita Federal, o telefone residencial da demandada
Alexciana Vieira Braga é (83) 3521-2207 [vide Relatório de Pesquisa n°
88/2012, à f. 64, do Anexo I (13/21)]. Este número de telefone, no
entanto, também consta dos cadastros de JOSÉ JERÔNIMO FILHO e FRANCISCO
DE ASSIS DE FERNANDES, sócios da Construforte durante o período das obras
(Relatórios de Pesquisa nº 81/2012 e n° 99/2012). Ademais, o mesmo
terminal telefônico consta também dos cadastros de ELISÂNGELA VIEIRA
BRAGA DA COSTA, AURENICE DE SOUZA CARVALHO, JOSÉ JOFRAN JERÔNIMO DE
CARVALHO e Jeremias Jerônimo Gomes, todos integrantes da mesma
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sociedade (Relatórios de Pesquisa n° 86/2012, nº 87/2012, nº 92/2012
e nº 101/2012).
43. Do mesmo modo, em declarações prestadas diante da
Polícia Federal (fs. 184/185 do ICP nº 20/2009-10, o acusado JOSÉ
VIEIRA DA SILVA indicou o número (83) 3544-1088 como telefone de
contato, número este também utilizado pelos senhores JOSÉ RODRIGUES
SOBRINHO (sócio no período de obras), AFRÂNIO JERÔNIMO DE CARVALHO (sócio
atual da empresa) e JEOVÁ CURSINO DE SENA PINTO (engenheiro da empresa
responsável pela execução das obras), o que torna inequívoca a sua
vinculação com as atividades da Construforte (Relatórios de Pesquisa nº
82/2012, n° 83/2012 e n°89/2012).
44. Aliás, José Vieira da Silva é sócio de várias empresas do
ramo da construção civil (Construtora Marizópolis, CNPJ n°
00.563.554/0001-05; Jerônimo e Vieira LTDA, CNPJ n°
12.664.204/0001-20; Construtora Sertão LTDA, CNPJ n°
70.004.395/0001-86, consoante os Relatórios de Pesquisa nº
123/2012, n° 125/2012, nº 126/2012 e nº 127/2012), sendo que uma
delas (Construtora Sertão LTDA) tem sede no mesmo endereço onde
residem a senhora Elisângela Vieira Braga da Costa, o engenheiro Jeová
Cursino de Sena Pinto (ambos já integrantes do quadro societário da
Construforte) e o próprio José Vieira da Silva (Rua Juscelino Kubtschek,
nº 19, Centro, Marizópolis/PB, nos termos dos Relatórios de Pesquisa
n° 89/2012, n° 123/2013 e n° 127/2012).
45. A verdade é que, segundo informações coligidas no curso
dos inquéritos civis em anexo, o acusado José Vieira da Silva era o administrador efetivo da empresa Construforte e o Prefeito de fato do
Município de Marizópolis/PB, tendo lançado a candidatura da
demandada Alexciana Vieira Braga, sua sobrinha, durante as eleições
de 2004, apenas por não ter sido possível a sua reeleição para mais um
mandato eletivo. Nesse aspecto, perceba-se que, em depoimento
prestado na Procuradoria da República no Município de Sousa/PB (fs.
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179/180 do ICP n° 20/2009-10), o referido acusado afirmou ter “convidado”o dono da Construforte, o senhor José Jerônimo, para realizar as obras referentes à 1ª etapa do projeto de saneamento básico do município, o que prova, acima de tudo, que a Concorrência 01/2007 não passou de um simulacro de licitação, um jogo de cartas marcadas.
46. É notório, portanto, que todos os atos praticados em nome
da Construforte firmados pelos demandados Rodrigo Rodolfo de Melo e José Jerônimo Filho (endosso de cheques, recibos, atas, propostas
de preços etc.), tiveram como idealizador direto o acusado José Vieira
da Silva, maior responsável e beneficiário das ilegalidades relacionadas
à execução do Convênio nº 2086/2006.
47. Também merece destaque a relação entre o acusado
Rodrigo Rodolfo de Melo, sócio-administrador da Construforte
Construções LTDA durante os fatos tratados nesta demanda, a então
Prefeita Alexciana Vieira Braga e o atual gestor do município, o senhor
José Vieira da Silva. O referido sócio, em verdade, foi intensamente
ligado à administração municipal, tendo funcionado como Presidente da
Comissão Permanente de Licitação, Secretário de Finanças e de Saúde
durante a gestão de Alexciana.
48. A propósito, de forma muito comprometedora, o senhor
Rodrigo Melo – que, durante a licitação e execução do contrato, afastou-
se dolosamente do cargo de Secretário de Finanças, continuou a exercer
materialmente as atribuições relacionadas à pasta. Com efeito, afirmou,
em declarações colhidas na PRM de Sousa/PB, que “no período em que
o depoente foi sócio, o depoente chegou a pagar a importância de R$
720.000,00 (setecentos e vinte mil reais), que correspondia à execução da
primeira etapa” (fs. 177/178 do ICP n° 20/2009-10). É dizer, o acusado
Rodrigo Rodolfo de Melo representou, a um só tempo, o tomador do
serviço e seu prestador; o órgão julgador da licitação e o licitante; o
agente pagador e seu favorecido.
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49. Convém mencionar, ainda, que o senhor Rodrigo exerce a
profissão de instrutor de autoescola (fs. 177/178 do ICP nº 20/2009-
10), o que não condiz com o fato de o mesmo demandado, no período
em que contratou com o poder público (2.6.2007), possuir na sociedade
Construforte capital integralizado no valor de R$ 300.000,00 (trezentos
mil reais), nos termos da décima alteração contratual do respectivo ato
constitutivo (f. 75 do ICP n° 20/2009-10).
50. Em corroboração a todo o exposto, transcrevo adiante, com
destaques devidos, trecho do depoimento prestado pelo senhor
Francinaldo Lins de Figueiredo, Secretário de Finanças durante a
gestão de José Vieira da Silva (fs. 407/409 do ICP nº 37/2007-13):
“que quando o Município ia realizar licitação na modalidade convite, quem indicava as empresas a serem contratadas era o prefeito; […] Indagado sobre o vínculo existente entre a empresa CONSTRUFORTE e o então prefeito, o declarante informou que é de conhecimento de toda a população de Marizópolis que esta empresa pertence ao então Prefeito José Vieira, porém que o nome deste nunca figurou no quadro societário da empresa, que quem figura como sócios, em geral, são parentes ou amigos do então Prefeito; que a mencionada empresa não tem nenhuma sede, escritório, funcionando no Município de Marizópolis; […] que a empresa CONSTRUFORTE não tem equipamentos próprios; […] que a ex-Prefeita Alexciana Vieira Braga é sobrinha de José Vieira; que sabe informar que Rodrigo Rodolfo de Melo não é parente do Prefeito José Vieira, mas que já ocupou diversos cargos comissionados na Prefeitura, como Secretário de Saúde e de Finanças; que José Jerônimo Filho é primo de José Vieira; que sabe que tanto Rodrigo quanto José Jerônimo foram sócios da CONSTRUFORTE, não sabendo informar se ainda permanecem no quadro societário porque a CONSTRUFORTE muda constantemente de sócios; que Fernando Pereira Formiga trabalhou na CONSTRUFORTE, mas que atualmente está em Curitiba/PR; que a CONSTRUFORTE também teve entre seus sócios Sra. Ester, que é sobrinha da esposa de José Vieira; que já foi tesoureira do Município de Marizópolis na época em que a prefeita era Alexciana, mas que Ester faleceu num acidente de veículo; que conhece Francisco de Assis Fernandes, o qual deve ter apenas o ensino médio; que Francisco de Assis Fernandes é um homem humilde que mora nos fundos da casa casa do mesmo; que, na realidade, Francisco de Assis Fernandes funciona apenas como um laranja para a Prefeitura de Marizópolis; que somente no ano de 2008 foi empenhado e pago cerca de R$ 800.000,00 ao mencionado senhor, a título de fornecimento de meio fio e de paralelepípedos ao município de Marizópolis; que Francisco de Assis Fernandes tem uma empresa registrada em seu nome sob a forma de firma individual, cuja sede onde supostamente funcionaria a mencionada empresa é um prédio pertencente a filha e vice-prefeita do Sr. José Vieira, a Sra. Juliene Vieira; que Francisca Jerônimo é mãe de Ester e irmã da esposa de José Vieira, Sra. Lúcia Jerônimo Vieira; que Alecsandro Dantas de Figueiredo trabalha para a empresa CONSTRUFORTE, sempre representa a empresa nas licitações na qual participa; que Jerimias Jerônimo Gomes é irmão de Ester e sobrinho da esposa de José Vieira; que Lindemberg Jerônimo de Carvalho foi tesoureiro da Prefeitura durante o mandato de José Vieira, e é
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sobrinho da esposa de José Vieira, e ex-sócio da CONSTRUFORTE; que a senhora Elisângela Vieira Braga da Costa é sobrinha do Prefeito José Vieira, irmã da Sra. Alexciana Vieira Braga (ex-Prefeita de Marizópolis), e foi subsecretária de saúde na gestão de José Vieira; que Jeová Cursino de Sena Pinto era ex-sócio e engenheiro da empresa CONSTRUFORTE; que Jeová também é sócio de algumas empresas que executaram obras em Marizópolis durante a gestão de José Vieira (JJ Construções, Castro e Nunes, entre outras); que José Jofran Jerônimo de Carvalho é sobrinho da esposa de José Vieira, e foi subsecretário de finanças na gestão do Sr. José Vieira; que sabe informar que Maria aparecida da Silva é ex-esposa de um sobrinho da esposa do Prefeito José Vieira, de nome LindoJohnson Jerônimo de Carvalho; que sabe informar Aurenice de Sousa Carvalho é esposa de um sobrinho da esposa do Prefeito José Vieira, de nome Lindoardo Jerônimo de Carvalho.”
51. Diante desse quadro, não restam dúvidas sobre a relação
monolítica existente entre os sócios da Construforte Construtora LTDA.
e os agentes públicos municipais responsáveis pela condução e
julgamento da Concorrência n° 01/2007. Do mesmo modo, percebe-se
que a aludida sociedade representa, em verdade, uma empresa-
fantasma, uma vez que nunca possuiu sede, equipamentos ou quadro
próprio de funcionários.
52. O mesmo pode ser dito em relação à licitante Conserv Construções e Serviços LTDA9. Mediante diligências realizadas pela
Polícia Federal (Informação Policial nº 513/2008, fs. 410/411 do ICP n°
37/2007-13), constatou-se que o endereço indicado como sede da
referida construtora era uma sala fechada, que nunca serviu ao
desempenho de qualquer atividade empresarial, segundo declaram os
moradores da localidade e o próprio administrador do imóvel.
53. Impende registrar, outrossim, que apenas nove empresas
obtiveram cópia do instrumento convocatório, entre elas as duas
licitantes já mencionadas (lista à fl. 12 do ICP nº 37/2007-13).
Nenhuma dessas construtoras, à exceção da Construforte Construtora
LTDA, teve efetivo interesse no objeto da Concorrência 01/2007,
representando meros figurantes na contratação ilícita celebrada entre a
Administração Municipal e a licitante vencedora. Com efeito, as
9 A mencionada empresa, alás, está profundamente envolvida nos fatos investigados por meio da “Operação Carta Marcada”, conduzida pela Polícia Federal, que desmantelou um enorme esquema que fraudava procedimentos licitatórios em inúmeros municípios paraibanos, mediante a participação de empresas de fachada (Ação Civil por Ato de Improbidade Administrativa nº 2007.82.02.000668-1).
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empresas Vetor Pré-moldados Comércio Construções e Serviços LTDA, Constrói – Materiais e Serviços LTDA, Soares Construção LTDA e INPREL – Indústria de Pré-moldados e Construção Civil LTDA. são conhecidas por sua participação em outras licitações
fraudulentas, cujos resultados foram previamente acertados entre os
licitantes e houve desvios de recursos públicos federais, como no caso
tratado no ICP nº 1.24.002.000042/2010-13, que serviu como base ao
recente ajuizamento de ação civil por ato de improbidade administrativa
em desfavor dos gestores do Município de Poço de José de Moura/PB
(ACP nº 0003219-91.2011.4.05.8202).
54. Ademais, as empresas Constrói – Materiais e Serviços LTDA
e Soares Construção LTDA têm como sócio-administrador em comum o
senhor Renato Soares Virgínio, e a sua irmã, a senhora Renata Soares Virgínio, é também sócia da segunda construtora. Todos,
empresas e sócios, possuem um só endereço de residência (rua Basílio
Silva, nº 45, Estação, Sousa/PB, segundo os Relatórios de Pesquisa n°
185/2012 e n° 186/2012, o que denota que, certamente são empresas de fachada, criada apenas com o fim de fraudar procedimentos
licitatórios (Relatórios de Pesquisa nº 185/2012 e nº 186/2012.
55. Também deve ser frisado que a empresa J & J Assessoria de Projetos e Construção Civil LTDA utilizou o mesmo CNPJ
informado pela construtora Constrói Materiais e Serviços LTDA, e foi
representada pelo senhor Danilo Rodrigues Cursino de Sena, que
possui sobrenome idêntico ao do engenheiro Jeová Cursino de Sena Pinto, ex-sócio da Construforte e responsável pela execução das obras.
A referida empresa, aliás, foi mencionada no depoimento prestado pelo
senhor Francinaldo Lins de Figueiredo na Procuradoria da República no
Município de Souza/PB (transcrição acima), o qual afirmou que a
construtora é, na verdade, de propriedade do engenheiro Jeová Cursino
de Sena Pinto e foi beneficiária de diversos pagamentos realizados pelo
atual prefeito José Vieira da Silva.
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56. Da análise dos autos, constata-se também que não há
qualquer comprovante de que as nove empresas interessadas tenham
pago o valor exigido para o fornecimento do edital (R$ 400,00), nem
tampouco que as licitantes Conserv e Construforte tenham prestado a
garantia provisória estipulada no instrumento convocatório, no valor de
R$ 49.000,00 (quarenta e nove mil reais). De fato, o acusado Johnson Kennedy Rocha Sarmento limitou-se a firmar meros recibos (fs. 240 e
244 do ICP nº 20/2009-10, apenso II, volume II) por meio dos quais
declarou o recebimento dos mencionados recursos, mas não juntou aos
autos do procedimento licitatório qualquer comprovante de depósito em
instituição financeira – medida exigível, diante do exorbitante valor
cobrado dos licitantes.
57. Apesar de constar que as duas empresas licitantes
entregaram à prefeitura, como garantia provisória, a quantia total de R$
98.000,00 (noventa e oito mil reais), inexiste qualquer sinal de que a referida importância tenha sido levantada ao final do certame (no
caso da Conserv) ou do cumprimento do contrato (no caso da
Construforte). Na verdade, nenhuma delas entregou qualquer valor à
Comissão Especial de Licitação e todas as exigências impostas aos
potenciais licitantes tinham por meta afastá-los da concorrência e
assegurar a vitória da empresa pertencente ao grupo familiar e político
do demandado José Vieira da Silva.
58. A administração municipal fez os pagamentos antes de
efetiva medição do quantum executado, consoante demonstra o
Relatório de Visita Técnica nº 172/07, às fs. 23/32 do ICP n° 20/2009-
10 (o município não apresentou os boletins de medição). Do mesmo
modo, o Parecer n° 234/2007 (ICP nº 20/2009-10, apenso I, fs.
197/198) é claro ao sustentar que “foi constatado pagamento
antecipado, no valor de R$ 89.919,32, a partir de 28/08/2007”.
59. Foram empregados nas obras materiais de qualidade
inferior ao estipulado pelo órgão concedente, adquiridos mediante o
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pagamento de quantias exorbitantes, com objetivo de incrementar o
patrimônio pessoal do Prefeito José Vieira da Silva, de seus aliados e
familiares. Nesse aspecto, o Parecer Técnico n° 117/2007 da FUNASA
(fl. 360 do ICP nº 37/2007-13) aponta um sobrepreço estimado em R$ 29.713,55 (vinte e nove mil, setecentos e treze reais e cinquenta e cinco centavos), apenas com base nas planilhas orçamentárias
constantes do projeto, ou seja, sem ter levado em conta qualquer
análise qualitativa dos materiais utilizados nas obras – medida que
fatalmente demonstra outras impropriedades de execução. No mesmo
passo, há registros fotográficos que demonstram o descaso com o qual
os serviços foram conduzidos, acarretando prejuízos financeiros ao
erário (fs. 370/371do ICP nº 37/2007-13).
60. Com efeito, os acusados também concorreram para o desvio
de recursos públicos federais em proveito do acusado José Vieira da
Silva.
III. DA CAPITULAÇÃO
61. Desse modo, agindo na forma acima descrita, incorreram os
acusados com unidade de desígnios nas penas dos crimes descritos,
respectivamente, no art. 288, do Código Penal, no art. 90, da Lei nº
8.666/93 e art. 1º, I, do Decreto-lei nº 201/67, in verbis:
Art. 288. Associarem-se mais de três pessoas, em quadrilha ou bando, para o fim de cometer crimes:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.
Art. 90. Frustrar ou fraudar, mediante ajuste, combinação ou qualquer outro expediente, o caráter competitivo do procedimento licitatório, com o intuito de obter, para si ou para outrem, vantagem decorrente da adjudicação do objeto da licitação:
Pena – detenção, 2 (dois) a 4 (quadro) anos, e multa.
Art. 1º São crimes de responsabilidade dos Prefeitos Municipal, sujeitos ao julgamento do Poder Judiciário, independentemente do pronunciamento da Câmara dos Vereadores:
I - apropriar-se de bens ou rendas públicas, ou desviá-los em proveito próprio ou alheio;
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(…)
§1º Os crimes definidos nêste artigo são de ação pública, punidos os dos itens I e II, com a pena de reclusão, de dois a doze anos, e os demais, com a pena de detenção, de três meses a três anos.
§ 2º A condenação definitiva em qualquer dos crimes definidos neste artigo, acarreta a perda de cargo e a inabilitação, pelo prazo de cinco anos, para o exercício de cargo ou função pública, eletivo ou de nomeação, sem prejuízo da reparação civil do dano causado ao patrimônio público ou particular.
IV. DO PEDIDO
62. Ante o exposto, o MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL requer sejam
notificados para oferecerem as respectivas respostas preliminares e,
após os trâmites legais, que esse Tribunal receba a denúncia e
determine a citação dos denunciados para interrogatório e demais atos
do processo, na conformidade da Lei nº 8.038, de 28 de maio de 1990,
até final acórdão condenatório.
63. Requer a inquirição das testemunhas do rol abaixo.
64. Propugna que o recebimento da denúncia seja comunicado
ao núcleo de identificação da Superintendência Regional do
Departamento de Polícia Federal na Paraíba e ao Instituto de
Identificação da Secretaria de Defesa Social, dos quais requer que seja
requisitada a remessa das folhas de antecedentes dos denunciados,
após a atualização decorrente deste processo.
65. Solicita, ainda, que Vossa Excelência determine à Secretaria
desse Tribunal obter certidão dos feitos em nome dos denunciados na
Seção Judiciária da Paraíba, bem como no Tribunal de Justiça daquele
Estado.
Recife, 27 de junho de 2013.
FERNANDO JOSÉ ARAÚJO FERREIRAProcurador Regional da República
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Rol de testemunhas:
1. JOSÉ RODRIGUES SOBRINHO, brasileiro, casado, empresário, sócio
minoritário da Construforte Construtora Ltda., residente na Rua Manoel
Marcolino de Araújo, nº 18, Centro, Marizópolis-PB, portador do RG nº
2874977 SSP/PB e CPF 069.172.964-65.
2. FRANCINALDO LINS DE FIGUEIREDO, brasileiro, casado, administrador,
residente na Rua Severino Jerônimo de Carvalho, nº 59, Marizópolis-
PB, portador do RG nº 147502 SSP/AL e CPF 601.187.504-10.
FJAF/fn
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