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Misericórdia de Guimarães mostra tesouros no convento A Santa Casa da Misericór dia de Guimarães criou um Percurso Museológico no Convento de Santo António dos Capuchos para mostrar algumas das suas riquezas patrimoniais Foi por causa de uma das mais belas salas do edifício do antigo con vento uma sacristia rica mente adornada com mo biliários e pinturas de di ferentes estilos com uma datação de 1758 que tudo começou

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Misericórdia de Guimarãesmostra tesouros no conventoA Santa Casa da Misericórdia de Guimarães criou um

Percurso Museológico noConvento de Santo António

dos Capuchos para mostraralgumas das suas riquezaspatrimoniais Foi por causade uma das mais belas salas

do edifício do antigo convento uma sacristia ricamente adornada com mo

biliários e pinturas de diferentes estilos com umadatação de 1758 que tudocomeçou

Diário do Minho

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Misericórdia de Guimarães valoriza património

Um percurso museológico criadopara mostrar os tesouros do conventoO Percurso Museoló

gico no Convento deSanto António dos

Capuchos foi criado pela Santa Casada Misericórdia de

Guimarães como re

sultado da preocupação pela conservaçãoe valorização do seupatrimónio artísticoe cultural Situado

em plena Colina Sagrada ocupa o espaço do edifício construído como conven

to no século XVII ecomprado pela instituição em 1842 paraaí instalar o seu hos

pital

Foi por causa de umadas mais belas salas do

edifício no antigo convento uma sacristia ricamen

te adornada com mobiliá

rios e pinturas de diferentes estilos com uma datação de 1758 que tudo começou «Esta sacristia eo encanto que desperta éque despoletou toda estaaposta de recuperar e valorizar o património ar

tístico e cultural» aponta Maria Rui Sampaio coordenadora do núcleo do

Percurso Museológico doConvento de Santo Antó

nio dos Capuchos conhecido por ser o Antigo Hospital de GuimarãesNão há como não nos

perdermos de encantospelajóia do antigo convento ver caixa «O públicoque nos visita fica sempremuito surpreso e agradado com aquilo que encontra nesta visita E sai sem

pre muito satisfeito com avisita ao nosso percurso

museológico» resume Maria Rui Sampaio A aposta na recuperação e valorização do património nãopodia ter sido mais acertada «A recetividade dos

vimaranenses e dos turis

tas a esta aposta tem sidomuito boa Não temos os

números fantásticos de vi

sitas do Paço dos Duquesou do Castelo mas enchenos de orgulho perceberque todos valorizam a riqueza do património queestá aqui visível e visitável» valoriza a mesma responsável

«Uma Misericórdia quepreserva cuida e divulga o seu património estáa afirmar a sua identida

de no seu meio e no seu

tempo Este trabalho é quase uma obrigação de umainstituição que foi e é tãoimportante para a cidade»Foi com este mote que aprovedora da Santa Casada Misericórdia de Guima

rães Noémia Carneiro de

cidiu apostar naquele projeto com uma candidatura ao Programa Operacional da Cultura Hoje só onúcleo museológico dispõe de mais de 700 peçasinventariadas Embora a

maior parte deste espólioseja constituído por artefactos religiosos este inclui também retratos pinturas e alfaias

Naquele percurso museológico do Convento dosCapuchos expõe se «algum do rico e vasto património que a Misericórdiade Guimarães tem» ilustraMaria Rui Sampaio lembrando que a instituiçãotem 500 anos de história

Ao mesmo tempo os visitantes têm ao dispor umasala de exposições temporárias e são convidados a

percorrer os corredorespátios e claustro do imponente edifício bem comovisitar a igreja do conven

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to e a suamagnífica sacristia do séc XVIII

Visitante percorrevárias histórias

carregadas de históriaDe resto o percurso mu

seológico pede ao visitante que percorra as histórias do convento da igreja do claustro e daprópriasaúde em Portugal Sobreestes temas temporalmente sequenciados foi feitauma abordagem apoiadaem núcleos distintos desde o início do percurso nasala de exposições ondese mostram peças de grande significado para a vidada Misericórdia passandopela belíssima sacristia aigreja e o elegante claustro representando esteconjunto o que ainda res

ta do convento Finalizase o percurso nos pátios ecorredores do antigo hospital construído pela Misericórdia na década de60 do século XIX

Neste caminho pela história salienta se o encontro com a beleza recuperada da talha das pinturas e azulejos da sacristia barroca com as pinturas dos painéis da igreja da autoria de Domingos Lourenço Pardo querefletem o esplendor original no templo com as notas do órgão ibérico escutadas nos cadeirais do coro

alto numa função retomada depois de séculos de silêncio pela mão de Giampaolo Di Rosa organista titular da igreja do Convento de Santo António dos

Capuchos A todo o conjunto patrimonial e aposta cultural da instituiçãotambém não é indiferen

te a proximidade ao Castelo de Guimarães ao Paçodos Duques de Bragança eao conjunto da Colina Sagrada vimaranense «Estalocalização anda de braçodado com o mais importante da história de Portugale da cidade o que constitui também sem dúvidauma mais valia e um com

plemento para os turistase visitantes» conclui Maria Rui Sampaio

Convento dos Capuchos construídocom pedra do castelo e muralhas

A igreja e o Conventode Santo António dos Ca

puchos começaram a serconstruídos em 1664 porD Diogo Lobo da Silveira prior da Colegiada deGuimarães

Em 1644 D Diogo Loboda Silveira lança a primeira pedra daquele convento erigido frente à antigaPorta da Garrida Para a

sua construção e apesardos protestos dos moradores de Guimarães foi concedida por provisão real apedra dos vizinhos Paçosdo Alcaide no interior docastelo que se supunha terem servido de residência

ao conde D Henrique

Segundo o padre Ferreira Caldas no seu livro«Guimarães Apontamentos para a sua história»as obras foram efetuadas à

custa das «esmolas dos de

votos e do imposto de setereis que os frades obtiverampor uma provisão em cadaarrátel de lombo que se vendesse nos talhas desta vila»

Contudo os fundos recolhidos não foram suficientes

daí que os frades capuchostivessem trabalhado paraobter outra provisão «que lhesconcedia toda a pedra dospaços históricos do condeD Henrique berço do nosso primeiro rei»

O mesmo autor acres

centa que a provisão tinhano entanto algumas condições que deveriam sercumpridas «os frades capuchos deveriam deixar intactas as paredes exteriorese tapar todas as portas e janelas a pedra e cal ficandoapenas uma porta fechadaàchave a qual conservariamo seu poder» Ora o povoe a nobreza da vila ficaram

indignados com a decisão enuma reunião da Câmarade 31 dejaneiro de 1666protestaram contra ela alegando «que o desmoronamento de tal obra trazia grandíssimo dano ao crédito e

honra desta vila por ser alionde nasceu o rei D Afon

so Henriques primeiro deste reino» 0 padre FerreiraCaldas escreveque não sabequal foi o resultado desteprotesto mas afirma queos frades capuchos utilizaram esta provisão durantealgum tempo já que «quase toda a pedra do edifíciodesapareceu restandopouco mais que a fachada exterior no lado norte»Mesmo debaixo de al

guma polémica as obrasde construção do convento foram avançando e osfrades capuchos transferiram se das dependênciasda igreja de S Miguel doCastelo para a casa conventual quatro anos depois

do início das obras Apesar de ser um edifício de

grandes dimensões refere se ainda que o mesmotinha algumas falhas deconstrução e que por issoteve de ser reedificado em

1742 Para esta interven

ção os frades capuchospediram à Câmara cercade quinhentos mil reisOmesmo autor conta que no

Convento de Santo Antó

nio dos Capuchos viveu emorreu frei Luís do Portotendo sido sepultado na capela mor da igreja

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Convento dos Capuchosmostra contas de rezar

A Santa Casa da Misericórdia de Guimarães mostra no Percurso Museológico do Convento de SantoAntónio dos Capuchos a exposição Contas de Rezar de Júlia Lourenço professora e investigadorada Escola de Engenharia da Universidade do MinhoAquela exposição resulta de uma coleção particular de JúliaLourenço iniciada em 1993 após a oferta de um terço icónicoo do primeiro presidente da Junta de Freguesia do Pinhãohomem visionário e dedicado ao desenvolvimento do DouroAo longo da sua carreira na UMinho a colecionadoravisitou vários continentes tendo adquirido diversos exemplares de valor artístico em países tão distantes comoo Nepal ou a China O espólio evoluiu nos últimos dezanos para exemplares de vários materiais mais ou menosnobres de períodos temporais mais ou menos recuadosDo conjunto de 230 elementos colecionados hávários terços católicos do século XIX bem comoum japa mala budista com trabalho em sementeAs datações das diversas peças ainda necessitamde validação no entanto um dos terços pode tercerca de 500 anos Há ainda outro exemplar demarfim também confirmado pelo famoso geólogoBernardo Reis que pode ser anterior ao século XIXAs contas são instrumentos universais de apoio à oração emeditação cuja origem não está absolutamente clara emborase julgue que foi na índia terra mãe de várias religiõesque surgiram os primeiros exemplares Estas terão sidodisseminadas pelos budistas no Tibete e os muçulmanospodem tê las adquirido pelo contacto com a igreja gregaEstes e outros factos pouco conhecidos podemser descobertosna exposição que se encontra patente até 13 de Maio

Irmandade nasce pela mãodos duques de BragançaA Irmandade de Nossa

Senhora da Misericórdia

foi criada sem dúvidanos inícios do séc XVIna Capela de S Brás nosclaustros daColegiada deNossa Senhora da Olivei

ra em GuimarãesNo início a Misericór

dia era administrada por13 elementos sendo oprovedor escolhido entreas mais distintas pessoasdescendentes dos duquesde Bragança fidalgosda Casa de Sua Majestade Cavaleiros do Hábitode Cristo e de SantiagoPriores da Colegiada Arciprestes Cónegos etcOs outros 12 elementos

os Irmãos da Governan

ça eram divididos emirmãos de 1ª Condiçãoescolhidos entre a nobre

za e de 2ª Condição escolhidos entre o povo Aestes últimos eram come

tidas funções que se relacionavam com os mes

teres que exerciamA 31 de maio de 1588

lança se a primeira pedra para a edificação daigreja casa do despacho

e hospital situados naantiga Rua da Sapateira atual Rua da Rainhapara onde a Irmandadese mudou em 1606 Com

um apoio régio constante a Misericórdia de Guimarães vai requisitando eexpropriando casas nessa rua para ampliação doHospital ao mesmo tempo que recebia apoios monetários da Câmara e au

torizações para pedir esmolas para apoio aos pobres doentes presos e

desamparadosQuando a peste atin

giu a cidade ou as invasões francesas espalharam guerra pelo país oHospital da Misericórdiaassumiu um papel vitalno tratamento e acolhi

mento dos doentes

A exiguidade das instalações e as novas exigências de salubridadeforçaram a Misericórdia de Guimarães a en

contrar um novo espaçopara o funcionamento do

seu Hospital e em 1842adquiriu o Convento deSanto António dos Capuchos Na Casa do Despacho passaram a funcionaros serviços administrativos da Irmandade

Ao longo dos anos como apoio dos beneméritos eirmãos a Misericórdia deGuimarães foi assumindo

na cidade uma importante posição de suporte social com especial incidência nas questões desaúde pública

A igreja de Santo António dos CapuchosO frontispício do templo

é de gosto rocócó dividido verticalmente em três

corpos por pilastras sustentando um entablamen

to a que correspondemno piso inferior os trêsarcos de volta perfeita dagalilé Sobre os arcos laterais dois nichos commísulas concheadas e frontões

curvos ladeiam no corpocentral um janelão de sacada também com decora

ção rocócóAcentuando a vertica

lidade do conjunto delearranca a mísula que sustenta o grande nicho central do nível superior flanqueado por pilastras em

forma de consola com mí

sulas torsas e aberto num

frontão triangular rematado por uma corruja ondulante com dois pináculose uma cruz nos acrotérios

Mais dois grandes pináculos de granito sobre as antas laterais escondemosar

ranques do frontão e estátuas de granito representando Santos e a Virgem mostram se nos nichos

O interior do templo éde nave única com a capela mor dividida do corpo da igreja por um arcocruzeiro de granito ladeado por dois altares de talha que como a do altarmor onde está um painel

com a imagem da Imaculada Conceição são obrado século XIX Na paredelateral da nave abrem se

confessionários inscritos

dentro de arcos que comunicam com o claustro

seiscentista arquitravado

e alpendrado de dois pisos com um chafariz ao

centro Na sacristia comtalhajoanina e teto de cai

xotõespintados demeadosdo século XVIII encontrase um grande arcaz comas espaldas decoradas compainéis representando figuras religiosasNo antigo hospital en

contram se hoje quatrodos seis retábulos «tene

bristas» pintados para oretábulo da igreja da Misericórdia de Guimarães

em 1616 pelo portuenseDomingos Lourenço Pardo bem assim como umasérie de retratos novecen

tistas da autoria do suíçoAugusto RoquemonIn Edificações no Centro Histórico

e Sua EnvolventeProf Arq Bernardo Ferrão com

Dr José Ferrão Afonso

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