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MODA NOVA FRIBURGO RJ

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MODAn o v a f r i b u r g o r j

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Com o estudo histórico da região, é possível analisarmos as questões econômicas e sociais fundamentais que levaram a cidade de Nova Friburgo ao auge do cenário da indústria da moda, transformando-se em referência mundial como Polo da Moda.

APRESENTAÇÃO

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N O V AF R I B U R G O

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I N T R O D U ÇÃ O

O N T E M : A C H E G A DA DA S I N D Ú S T R I A S

H O J E : N OVA F R I B U R G O PA R A O B R A S I L

A M A N H Ã : O F U T U R O D O P O L O D E M O DA

C R É D I TO S

ÍNDICE

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Nova Friburgo está localizada a 135km da cidade do Rio de Janeiro, no seio da Serra dos órgãos. A população, de aproximadamente 180mil habitantes, é equivalente a cerca de 50% da população da região Centro-Norte Fluminense. Sob um clima serrano ameno, a influência da colonização suíça e alemã, a presença exuberante da Mata Atlântica

e a base econômica diversificada, a cidade de Nova Friburgo é um território com grande identidade cultural e potencial turístico. A economia representa 51,1% do PIB da região Centro-Norte Fluminense e passou por um processo notável de industrialização no início do século XX.

Com sua colonização iniciada por imigrantes suíços, circunstância esta que se vale a denominação “Suíça brasileira” e juntamente à similitude das características geográficas da cidade com a Suíça, Nova Friburgo teve seu processo de industrialização proveniente de grupos originários da Alemanha, instalados na cidade após alianças com grupos de grande expressividade política. O fator histórico gerador de industrialização friburguense, foi fruto de articulações, pronunciamentos e conflitos.

MAIS DE UM SÉCULODE INDUSTRIALIZAÇÃO

INTRODUÇÃO

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Sob um clima serrano ameno, a influência da colonização suíça e alemã, a presença

exuberante da Mata Atlântica e base econômica diversificada, a cidade de Nova Friburgo é um

território com grande identidade cultural e potencial turístico.

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A CHEGADADAS INDÚSTRIASONTEM

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[1] Peter Julius Arp nasceu em 26 de março de 1858 em Fahrem Holstein. Veio para o Brasil aos 23 anos de idade. [2] Maximilliann Falck, nascera em Berlim, no ano de 1865 e teria vindo para o Brasil, aos vinte e seis anos de idade, como funcionário do Brasiltanische Bank Fuer Deutschland.

m 1911 as atividades industriais se iniciaram em Nova Friburgo, com a chegada dos empresários alemães Peter Julius Ferndinand Arp[1] e Maximilian Falck[2], através da criação das firmas M. SINJEN e Cia

e M. FALCK e Cia - um inegável marco da história. Associadas à criação da Companhia de Eletricidade de Nova Friburgo, a industrialização friburguense como aspecto de expansão do capitalismo mundial em sua fase imperialista, pode ser citado como o fator causador das empresas industriais na cidade.

A ideia da indústria como sinônimo do progresso e bem-estar material, estava associada às condições de salubridade, beleza e encanto de Nova Friburgo, fazendo uma ligação à criação de uma base sólida e indestrutível.

No processo de criação industrial, a questão da energia elétrica exerceu papel fundamental. A discussão sobre a implantação de uma usina hidroelétrica remonta ao final do século XIX. Somente em 1906, a Câmara Municipal concedeu ao empresário Coronel Antonio Fernandes da Costa o direito de explorar este serviço.

A disputa entre Coronel Fernandes e Julis Arp pelo controle do fornecimento da eletricidade, apontou para um conflito mais amplo entre as duas facções das elites friburguenses, associado também pela direção política do município.

A empresa de eletricidade, já iniciando suas operações, passou a exercer um grande papel no processo de implantação das novas empresas e no direcionamento da ocupação do espaço. Após garantir o controle da energia elétrica, Julius Arp adquiriu terras dos herdeiros do Barão de Nova Friburgo, às margens do rio Cônego e próximo a Praça Paissandu, dando início a Fábrica de Rendas M. Sinjen & Cia. Em junho de 1911, chegaram as primeiras máquinas alemãs, iniciando a produção de rendas com 36 empregados.

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[3] O pantógrafo é um instrumento de desenho que permite transferir e redimensionar figuras e que pode ser regulado de modo a executar ampliações e reduções nas proporções desejadas. [4] ARAÚJO, João Raimundo. Nova Friburgo: a construção do mito da suíça brasileira (1910-1960). Tese (Doutorado em História) - Departamento de História, Programa de Pós-Graduação em História. Niterói: Universidade Federal Fluminense, 2003.

Já em 1913, uma diversificação da produção se inicia quando a empresa importa da Alemanha um pantógrafo[3], iniciando-se a produção de rendas bordadas em filó grosso de sete jardas. Já em 1913, uma diversificação da produção se inicia quando a empresa importa da Alemanha um pantógrafo[3], iniciando-se a produção de rendas bordadas em filó grosso de sete jardas.

Em janeiro de 1925 era fundada a Fábrica de Filó S/A, de propriedade de Carl Ernst Otto Siems e na qual Arp era acionista, e instalada em um grande terreno

da Vila Amélia nas proximidades da estrada de Teresópolis e próximo à Praça do Suspiro. Sua criação em Nova Friburgo, está ligada à crise capitalista vivida pela Alemanha nos anos 20.

O processo de implantação industrial em Nova Friburgo, só se completou em 1937, quando, mais uma vez, por iniciativas e contatos de Julius Arp e os engenheiros Hans Gaiser e Frederico Sichel, outra fábrica se instalou na cidade. Desta vez, criou-se no bairro Village a Fábrica de Ferragens Hans Gaiser, hoje conhecida como HAGA. A metalúrgica localizada à margem direita do rio Bengala, utilizou-se de cerca de 10 operários. Com a criação da Fábrica de Ferragens Hans Gaiser, o quadro de implantação industrial em Nova Friburgo se fecha, com capitais pertencentes aos alemães.Os anos que sucederam à implantação da indústria têxtil, de propriedade

dos capitalistas alemães, presenciaram a consolidação da situação de cidade industrial e turística. Nesse contexto, esboça-se a visão de que

Nova Friburgo constituía um exemplo de cidade moderna, ordenada, um tanto imune ao contágio das novas “estranhas ideias” que proliferaram no mundo

a partir da década de 30.De 1930 a 1980, o processo de industrialização estava sólido na cidade. Além

das indústrias pioneiras criadas na segunda década do século XX, verificamos a ampliação da indústria têxtil, bem como o surgimento de outros ramos industriais. O crescimento da indústria têxtil foi evidente, mas paralelamente surgiram e cresceram novos ramos como vestuário, plástico e metalurgia. Nas décadas de 60 e 70, acompanhando uma tendência nacional, que redundou no chamado “milagre brasileiro”, foi possível perceber um forte crescimento industrial em Nova Friburgo[4].

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Peter Julius Arp nasceu em Holstein, na Alemanha e veio para o Brasil aos 23 anos, chegando ao Rio de Janeiro em 9 de janeiro de 1882. Inicialmente, fixou residência na cidade de Santos, dedicando-se ao comércio de café. Mais tarde, retornando ao Rio de Janeiro empregou-se em uma empresa de importação. Tratava-se da firma M Nothmann & Cia. Após morte de seu dono, Maximillian Nothmann, a M. Nothamann & Cia foi renomeada como ARP & Cia, tendo como sócio Julius Arp.

Os primeiros contatos com Nova Friburgo aconteceram através de um amigo pessoal e corretor da Bolsa de Valores, o alemão Maximillian Falck, futuro sócio. A aproximação destes empresários, assim como as dificuldades percebidas na implementação de sua fábrica junto ao governo catarinense, transferiram o empreendimento de Julius Arp e MaximillianFalck para a cidade Nova Friburgo.

Tais capitais, provindos dos setores comercial e financeiro, não deixam dúvidas quanto às origens dos capitais responsáveis pelo início do processo de industrialização de Nova Friburgo.

PETER JULIUS FERDINAND ARP

MAXIMILIAN WILHELM BOGISLAV FALCK

Maximillian Falck nasceu em Berlim em 07 de Abril de 1865 e veio para o Brasil aos 26 anos de idade. Foi funcionário do Brasiltanische

Bank Fuer Deutschland e sócio da empresa Dennis e Falck. Em 1912, Falck associou-se a Julius Arp, que comprara o sítio Ypu. Dá-se aí a criação da produtora de passamanarias de propriedade de Falck, a Fábrica M. Falck & Cia, conhecida como Fábrida de Rendas, que se localizava à margem esquerda do rio Santo Antônio, nas proximidades do rio Bengala.

A sociedade entre Falck e Arp, corroboraram para a presença e imbricação dos negócios em Nova Friburgo do início do século XX.

TRIN

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CARL ERNST OTTO SIEMS

Otto Siems nasceu em 27 de Abril de 1899, filho do proprietário de uma fábrica de filó em Plaunen, Alemanha. Encontrou-se com Arp

em um cruzeiro marítimo e este o convencera a instalar uma fábrica de filó em Nova Friburgo. A Fábrica de Filó foi então fundada em janeiro de 1925. Otto Siems era o proprietário da fábrica, na qual Arp também era acionista, e onde o controle maior era de origem germânica, acentuando ainda mais a importância da presença alemã na cidade.

O filó da fábrica de Ernst Siems servia como matéria-prima da Fábrica de Rendas, onde a energia era gerada na empresa de Julius Arp e empregada nas demais fábricas.

[1] Julius Arp, Maximiliam Falck e Otto Siems foram comparados, no passado, à Santíssima Trindade, a “Trindade Teutônica”, por terem gerado milhares de empregos em Nova Friburgo. 212 0

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Inicialmente, a estrada de ferro Leopoldina foi resultado da expansão cafeeira no Paraíba Oriental, na segunda metade do século XIX.

Em 1890, a recém cidade era constituída por um território composto por um núcleo urbano situado nas proximidades do rio Bengala e por áreas rurais que circundavam esse território. As regiões de Rio Grande, Terras Frias e Lumiar, eram responsáveis na época pela produção de hortifrutigranjeiros e de flores. No núcleo denominado Estação de Conselheiro Paulino[1], embora também ligado a produção rural, assumia características urbanas sendo este a região em torno da estação ferroviária da Leopoldina Railway[2].

A expansão do capital cafeeiro e suas relações com a grande empresa de serviço público, foi aos poucos minimizando sua importância. A partir de 1915, o café vai perdendo a função de gerador de outras atividades (indústrias, ferrovias, bancos), e começa um processo de automatização desses setores da economia, gerando acumulações próprias. O trem exerceu um papel importantíssimo nas transformações sociais em curso na cidade dos primórdios do século XX. Se antes o rio Bengala se fazia mais importante na ocupação do espaço urbano friburguense, com a chegada da ferrovia, o direcionamento da população passou a acompanhar a linha férrea. É inegável a importância desempenhada pela Companhia Leopoldina Railway para esse desenvolvimento e para a vida social de Nova Friburgo. Desde a sua criação até meados do século XX, a ferrovia continuou exercendo papéis importantes na distribuição de mercadorias, transporte de pessoas, promoção de encontros e despedidas, enfim, participação ativa no pulsar da vida friburguense.

[1] Conselheiro Paulino constitui-se hoje um Distrito de Nova Friburgo. Naquela época, fazia parte do primeiro Distrito juntamente com Rio grande, Terras Frias e núcleo central da cidade. O segundo Distrito era a região de Lumiar, que englobava o atual Distrito de São Pedro da Serra. [2] Inicialmente resultada da expansão cafeeira no Paraíba Oriental na segunda metade do século XIX, A Companhia Estrada de Ferro Leopoldina passou a ser de capital inglês em 1898 e foi denominada The Leopoldina Railway Company Limited.

P R O G R E S S OS O B T R I L H O S

Passagem do trem pela Praça XV de Novembro (atual Getúlio Vargas) em direção a Rua General Argollo (atual Avenida Alberto Braune), principal artéria da cidade.”

Até meados do século XX, a ferrovia continuou exercendo papéis importantes na distribuição de mercadorias, transporte de pessoas, promoção de encontros e despedidas, enfim, a participação ativa no pulsar da vida friburguense.

O declínio e extinção do trem na década de 60 do século XX, denota a adoção de um novo modelo de modernidade ao país: a rodovia, onde não cabia mais o transporte ferroviário.

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O caminho para Nova Friburgo antes da era do trem.

Trilhos do trem na descida da serra

em direção a Niterói.

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Operários da Fábrica Ypu

Construção da Fábrica YPU

Fábrica Filó

Fábrica de Rendas Arp

Fábrica YPU

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Concessão da Companhia de Energia Elétrica ganha por Julius Arp, marcando o início da Era Industrial friburguense. Criação da Fábrica de Rendas M. Sinjen & Cia e Fábrica M. Falck & Cia.

Em janeiro é fundada a Fábrica de Filó S/A, de propriedade de Carl Ernes Otto Siems, por sugestão de Julius Arp.

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1 9 2 5L I N H A D O T E M P O

A Triumph, uma grande indústria de moda íntima, se instala em Nova Friburgo.

Completa-se o processo de implantação industrial quando a Fábrica de Ferragens Hans Gaiser se instala na cidade.

A crise econômica resulta na dispensa de inúmeros operários fabris, marcando o surgimento das micro e pequenas empresas (MPEs). Nova Friburgo se tornou então Polo de Moda Íntima.

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PARA O BRASILNOVA FRIBURGOHOJE

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o início, quando a indústria da moda começou a se desenvolver, os pequenos empreendedores eram discriminados. Esse pensamento mudou a medida que as médias e grandes empresas entraram em crise no fim dos anos 80.

A cadeia têxtil do município tinha como base os recursos movimentados pelas indústrias de grande porte, as fábricas de rendas/passamanarias, Arp, Ypu e Sinimbu, e por uma grande produtora de lingerie, a Filó, cujo controle acionário foi assumido em 1968 pelo grupo multinacional Triumph. A crise dos anos 80 atingiu fortemente essas empresas, assim como o setor metal-mecânico local que começou a perder importância na economia friburguense. A retração do mercado fez com que as indústrias dispensassem uma grande quantidade de funcionários que, como forma de sobrevivência, construíram a base para a indústria da moda em Nova Friburgo.

O custo de capital relativamente baixo, simplicidade, domínio do processo produtivo, fornecedores na região e uma mão-de-obra treinada na indústria de lingerie disponível, foram fatores cruciais para que a relativa modernidade do parque fabril do polo beneficiassem vantagens da indústria na cidade.

O momento definitivo para o início e ampliação de pequenos negócios familiares foi a crise de 1989, quando a Filó/Triumph dispensou centenas de empregados. Com o dinheiro da indenização, investiram na compra de máquinas de costura profissionais.

Grandes empresas caíram no Plano Collor, em 1990, mas uma grande parte das pequenas e médias empresas sobreviveram muito bem e consolidaram o polo de confecções em Nova Friburgo. O então polo de produção de moda de Nova Friburgo e região, ganhou notoriedade rapidamente e, nos últimos, anos, é tido como um exemplo bem-sucedido de integração entre micro, pequenos e médios empresários em uma cadeia produtiva bem articulada com notável capacidade de renda e empregos.

G R A N D E S N E G Ó C I O S

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Uma outra iniciativa empresarial de sucesso mundial surgiu em 1997. A FEVEST[1] é referência para o setor de moda no Brasil e no exterior.

Em muitos pontos, a experiência do polo de confecções de Nova Friburgo lembra a gênese dos distritos industriais italianos. Esse polo abrange hoje os municípios de Cantagalo, Cordeiro, Duas Barras, Bom Jardim, Macuco e Nova Friburgo - localizados na região Centro-Norte do Estado.

A história desse polo, se confunde com as estratégias de sobrevivência das costureiras, costureiros e mecânicos, despedidos pelas grandes empresas em épocas de crise, mas já em 1997 a evolução da indústria da moda havia atingido tal nível que a atenção externa já estava focada no polo. Partindo dessa notoriedade, a Fundação Getúlio Vargas (FGV), FIRJAN e SEBRAE, apoiados pelo Governo Federal, realizou para as oito regiões do estado o primeiro estudo sistemático das condições de desenvolvimento.

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F E V E S T

[1] Inicialmente conhecida como Feiras de Vestuário e agora Feira de Moda Íntima de Nova Friburgo Distrito de Nova Friburgo. 373 6

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Em 2002 fundou-se o Conselho da Moda, inaugurando e consolidando um sistema institucional de governança para o APL e se encarregando, sobretudo, de estabelecer a estratégia de desenvolvimento do polo. A adesão de entidades e instituições dos setores público e privado, estruturou e articulou programas que prestam serviços de apoio às empresas.

A cultura do design, passa a ser o diferencial no cenário, estreitando a relação com a empresa e mostrando que a tecnologia é, sobretudo, o design.

O C O N S E L H OD A M O D A

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A região Centro Norte Fluminense tem, hoje, cerca de 600 empresas de confecção voltadas para o mercado de moda íntima. A produção gira em torno das linhas: dia, noite, sensual, moda praia e fitness. Em alguns segmentos do mercado de lingerie, o polo é responsável por 25% do mercado brasileiro, gerando 20 mil postos de trabalho – 8 mil diretos e 12 mil indiretos. A maior parte das confecções da região (68,5%) é formada por micro empresas que têm entre 1 a 9 trabalhadores. Em segundo lugar (29,9%) ficam as pequenas empresas que empregam entre 10 e 49 pessoas. O mix de produtos tem como carro-chefe a lingerie usada no dia a dia (70%), seguida da lingerie sensual, com 14,42%. Os negócios com o exterior têm uma participação inexpressiva na comercialização da produção brasileira de lingerie: 0,8%. Mas a região registra desempenho superior à média nacional, destinando 1% da produção ao mercado externo.

R E P R E S E N T A Ç Ã ON A C I O N A L

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Comparado apenas aos setores de Indústria de Transformação (Comércio, Serviço, Construção Civil, Administração Pública, entre outros), o setor do vestuário representa 60% deste montante, 18.273 (Ind.Transformação) dividido por 11.018 (Ind. Vestuário) do Município de Nova Friburgo.

Hoje o setor do vestuário representa 21% (11.018) comparado a todos os setores de trabalho formais de Nova Friburgo.

Comparado ao setor das Indústrias do Vestuário do Rio de Janeiro, somente o município de Nova Friburgo representa 17% da mão de obra formal.

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O crescimento do Polo de Moda de Nova Friburgo é demonstrado aqui pelo IFDM, sigla para Índice FIRJAN de Desenvolvimento Municipal, no ano base de 2011, pontuados entre 0 e 1. De acordo com tais dados, o setor manteve uma significativa tendência de crescimento.

Neste estudo fe i to pelo S istema FIRJAN , que acompanha anualmente o desenvolvimento socioeconômico de mais de 5 mil municípios brasileiros, com bases estatísticas públicas e oficiais, são disponibilizados pelos ministérios do Trabalho, Educação e Saúde, dados e apontando das transformações na área de Desenvolvimento Municipal.

Tais estudos, apontam que Nova Friburgo teve crescimento no ranking IFDM do Estado e pontuação superior nas áreas de desenvolvimento.

Vale destacar que a totalidade da oferta gerada no polo, pode ser muito maior se consideradas as ocupações informais e os contratos temporários ocorrentes, sendo estes últimos de difícil mensuração. A expressiva e crescente participação do emprego formal no polo em relação ao emprego formal no setor de confecções do Estado do Rio, mostra que o crescimento do desenvolvimento do Polo de Moda destaca-se também na ampliação do mercado, direcionando seu crescimento em todos os vetores que constituem seu mercado.

D E S E N V O L V I M E N T OA N U A L D O P O L O

IFDM EDUCAÇÃO SAÚDE EMPREGO

N Ú M E R O S Q U EI M P R E S S I O N A M ANO 2011

1,0

0,8

0,6

0,4

0,2

0

0.75680.84530.84070.8143

Desenvolvimento moderado (entre 0,6 e 0,8 pontos)

Alto desenvolvimento (superiores a 0,8 pontos)

R A N K I N G E S T A D U A L POSIÇÃO DO MUNICÍPIO NO RANKING DO IFDM - CONSOLIDADO

RESENDE

VOLTA REDONDA

NOVA FRIBURGO

E RENDA

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FOTO: REGINA LO BIANCO

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DO POLODE MODA

O FUTUROAMANHÃ

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visão para o futuro do polo de Nova Friburgo está baseada em alcançar a liderança nacional em produção de lingerie, tornando-se referência também em fitness e moda praia. O sistema em vigor será aquele que

resultará de atividades sustentáveis, inovadoras e diversificadas. A busca pela conscientização e enriquecimento da cultura do design tornará os produtos mais atraentes para consumidores de todas as classes sociais, com maior valor agregado, orientando o polo de moda friburguense a um futuro desejável.

LIDERANÇA, SUSTENTABILIDADE E VALOR

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A posição desejada para 2030 tem sua base na capacidade de acompanhar o novo e fixar empresas entre as mais rentáveis do setor de moda íntima, praia e fitness.O objetivo é trabalhar cada vez mais a aproximação dos novos negócios e novos canais de distribuição e comunicação, na relação entre empresas e clientes finais. O polo segue em direção à consolidação, como provedor de moda inovadora e eficaz, em termos estratégicos, e nos segmentos varejista e atacadista. Será preciso aproveitar oportunidades rentáveis de crescimento com a implantação de novas tecnologias. As roupas inteligentes irão decolar com tecnologias vestíveis. Designers e estilistas inovadores terão, junto ao avanço tecnológico, possibilidades fascinantes, como circuitos eletrônicos flexíveis e biodegradáveis. Toda a indústria deverá garantir o menor tempo de resposta às exigências do mercado e a customização elevada de todos os processos, tornando-se capaz de acompanhar os novos tempos.

2030NOVOS TEMPOS

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Espaços para pesquisa e inovação são a base para o futuro desejado. As tendências de mercado apontam para a aquisição de novas tecnologias e criação de valor para segmentos selecionados de clientes. Os novos símbolos introduzidos na moda pela ampliação e diversificação da base de consumo adotam novos princípios e impulsionam a demanda do consumo ligado à qualidade, segurança, ética e responsabilidade socioambiental.

Assim, podemos afirmar que para vencer em uma economia complexa, o Polo de Moda de Nova Friburgo dependerá do trabalho com energia, paixão e respeito às pessoas. A indústria dependerá da agilidade e capacidade de promover inovações e desenvolver processos mais avançados, flexíveis e eficientes, para conquistar cada vez mais espaço no mercado da moda.

S E N A IE S P A Ç O D A M O D A

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ARAÚJO, João Raimundo de (2003). Nova Friburgo: A construção do mito da suíça brasileira - 1910-1960. Niterói, UFF, tese de doutorado. A PAZ, JORNAL. 21 de maio de 1911. CORRÊA, Helloisa Sersedello (1986). A industrialização de Nova Friburgo. Niterói, UFF, dissertação de mestrado.

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Mundo das Marcas www.mundodasmarcas.blogspot.com.br

Triumph Internacionalwww.triumph.com

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

SITES CONSULTADOS

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Eduardo Eugenio Gouvêa VieiraPRESIDENTE DO SISTEMA FIRJAN

Cezar VasquezDIRETOR-SUPERINTENDENTE SEBRAE RJ

Marcelo PortoPRESIDENTE DO SINDVEST

D I R E T O R I A S I N D V E S TAlexandre RangelPatrícia Ribeiro SchuabbJanaina do NascimentoCarlos Eduardo de LimaNely de Souza TeixeiraJamil Brum KazanRita Nazaré TardinEleonora Maria Monnerat ErthalAndrea Luiza de Souza BarbosaElver Rodrigues da SilvaNeucileia Layola PortoPaulo Roberto ChellesWagner MarquetteVictor Soares RodriguesJosé Carlos BastosAderson Carvalho

Márcia Carestiato Sancho PRESIDENTE DO CONSELHO DA MODA

CRÉDITOS

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Page 33: MODA - pro-thor.compro-thor.com/wp-content/uploads/Livro-Polo-Lingerie.pdf · originários da Alemanha, ... foi possível perceber um forte crescimento industrial em Nova Friburgo

Coodernação EditorialAndré Abicalil CerejaJosé Manoel Pereira

Projeto gráficoLayout DMP Design e diagramaçãoDemian Lamblet

TextosRebecca Coutinho

Imagens históricasFundação D. João VI

Imagens originaisRebecca CoutinhoRegina Lo BiancoOsmar de Castro

AgradecimentosNelson Augusto Bohrer

ImpressãoGráfica Regente, Maringá - PR

Edição 2015

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