Upload
others
View
1
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
JOÃO PEDRO CARVALHO SEQUEIRA
MODIFICAÇÃO DE CARBONATO DE CÁLCIO NATURAL COM SÍLICA
PARA APLICAÇÕES EM PAPEL
Dissertação do Mestrado Integrado em Engenharia Química, apresentada ao Departamento de Engenharia Química da Faculdade de Ciências e
Tecnologia da Universidade de Coimbra
Julho de 2014
Joao Pedro Carvalho Sequeira
MODIFICACAO DE CARBONATO DE
CALCIO NATURAL COM SILICA PARA
APLICACOES EM PAPEL
Dissertacao de Mestrado Integrado em Engenharia Quımica orientada pelo Professor
Doutor Paulo Ferreira e pelo Doutor Jose Gamelas, apresentada ao Departamento de
Engenharia Quımica da Faculdade de Ciencias e Tecnologia da Universidade de Coimbra
Julho 2014
This work was partially funded by FCT – Fundação para a Ciência e Tecnologia, in the framework of
the Project PTDC/EQU-EQU/120578/2010, and by FEDER – Fundo Europeu de Desenvolvimento
Regional, through the program COMPETE (Programa Operacional Fatores de Competitividade)
(FCOMP-01-0124-FEDER-020483).
Este trabalho foi parcialmente financiado pela FCT – Fundação para a Ciência e Tecnologia, no âmbito
do Projeto PTDC/EQU-EQU/120578/2010, e pelo FEDER – Fundo Europeu de Desenvolvimento
Regional, através do COMPETE (Programa Operacional Fatores de Competitividade) (FCOMP-01-
0124-FEDER-020483).
Agradecimentos
Na realizacao desta dissertacao de mestrado contei com diversos apoios, sem os quais
este nao se teria tornado uma realidade. As diversas pessoas que desempenharam esse
papel quero expressar um especial agradecimento.
Ao Professor Doutor Paulo Ferreira e ao Doutor Jose Gamelas, quero agradecer a
enorme disponibilidade, a sapiencia, o interesse demonstrado e o apoio ao longo deste se-
mestre. Tambem queria mostrar a minha gratidao por me permitirem estudar e trabalhar
sobre um tema que aprecio e por me proporcionarem o contacto com outra instituicao, o
RAIZ - Instituto de Investigacao da Floresta e Papel.
A Engenheira Ana Filipa Lourenco agradeco toda a disponibilidade, paciencia e de-
dicacao na transmissao de varios ensinamentos e conhecimentos fundamentais para a
realizacao deste estudo. A ela todo o apoio e carinho nesta fase difıcil pela qual esta a
passar.
Ao RAIZ por disponibilizar todas as condicoes, ao nıvel de instalacoes e equipamentos,
para a concretizacao de uma parte essencial do procedimento experimental. Aos seus
tecnicos e bolseiros tambem quero agradecer pela sua pronta disponibilidade em colaborar
e pelos momentos de boa disposicao proporcionados.
Aos Engenheiros Jorge Pedrosa e Tiago Nunes, agradeco o genuıno auxilio e o com-
panheirismo demonstrado ao longo deste semestre.
Ao meu tio Jorge, quero demonstrar a minha gratidao pelo apoio incondicional dado
ao longo do meu percurso academico.
Agradeco igualmente ao meus amigos e familiares que demonstraram interesse e in-
centivo na concretizacao de mais uma etapa academica.
iii
Resumo
Esta dissertacao de mestrado teve como objectivo modificar partıculas de carbonato
de calcio natural (GCC) com sılica, in situ, seguindo a metodologia sol-gel, de modo a
melhorar a resistencia mecanica da folha de papel.
Foram utilizadas tres gamas de GCC, testando diferentes tamanhos e brancuras, para
efectuar o revestimento de sılica, seguindo a metodologia que Gamelas et al. (2011) aplicou
ao carbonato de calcio precipitado. A reaccao sol-gel decorreu em meio alcalino durante
24 horas a uma temperatura de 21°C, utilizando TEOS como percursor.
Com o intuito de caracterizar as partıculas de carbonato de calcio, original e modifi-
cado, foram utilizadas diversas tecnicas analıticas para analisar: a morfologia (microscopia
electronica de varrimento), o tamanho (espectroscopia de difraccao laser), a composicao
quımica (espectroscopia de infravermelho por transformada de Fourier), a quantidade de
sılica presente no GCC (termogravimetria), a brancura (espectrofotometria) e a carga
da partıcula (medicao de potencial zeta). Concluiu-se que houve deposicao de sılica nas
partıculas de GCC, tal como era expectavel.
Tal como com o PCC modificado, documentado em Lourenco et al. (2013), conseguiu-
se obter melhorias nas propriedades mecanicas da folha quando o filler de GCC modificado
foi aplicado para um alvo de 20 %(w/w) na folha, independentemente da gama utilizada,
concretizando-se um dos objectivos propostos. Esta melhoria deve-se a presenca de gru-
pos hidroxilo da sılica, que permitem estabelecer pontes de hidrogenio com as fibras de
celulose. O aumento na resistencia da folha ocorreu em maior grau no GCC com me-
nor tamanho de partıcula, indicativo que a deposicao de sılica depende do tamanho das
partıculas de GCC. Relativamente as propriedades opticas das folhas, estas foram ligei-
ramente prejudicadas com a aplicacao dos GCC’s modificados, sugerindo que a folha esta
”fechada”devido a uma ligacao filler -fibra mais forte, sendo que perdeu-se menos opa-
cidade no GCC com menor tamanho de partıcula. Assim, constatou-se que e preferıvel
modificar este carbonato de calcio.
Nos GCC’s que se diferenciavam pelo nıvel de brancura, nao houve diferencas a registar
entre as folhas formadas por estas duas cargas minerais.
v
RESUMO
Compararam-se os resultados obtidos com GCC modificado com os de PCC, consegui-
dos por Lourenco et al. (2013), constatando-se que e mais positivo modificar PCC do que
GCC. Alem da tendencia natural que o PCC possui para repercutir boas propriedades
opticas na folha de papel, o revestimento com sılica induziu uma melhoria nas proprieda-
des mecanicas da folha numa magnitude superior as obtidas com GCC, ultrapassando a
capacidade intrınseca que este filler contem neste ambito. Este resultado foi semelhante
ao obtido pela aplicacao de GCC modificado correspondente a 30 %(w/w) da folha.
Tambem se produziram folhas de papel com uma mistura de cargas minerais, 20
%(w/w) GCC modificado e 10 %(w/w) de carbonato de calcio precipitado, com o objectivo
de reduzir a quantidade de carga modificada e para melhorar as propriedades opticas. Os
resultados indicam que e preferıvel usar esta carga mineral a apenas GCC modificado, se
tivermos em conta os custos associados a modificacao.
Ao utilizar cargas modificadas, comprovou-se que e possıvel aumentar o conteudo em
cerca de 10 % da carga mineral sem prejudicar as propriedades mecanicas das folhas de
papel. Este facto foi confirmado tanto na aplicacao de GCC modificado, como na de
mistura de cargas, sendo esta mais vantajosa devido a componente economica.
Como os objectivos deste estudo estao intimamente ligados a um factor economico,
deverao estimar-se os custos economicos da modificacao de carbonato de calcio a fim de
avaliar devidamente os resultados obtidos.
Apesar dos resultados nao serem totalmente positivos na aplicacao a papeis de im-
pressao e escrita, isto e, em relacao ao carbonato de calcio precipitado, poderao ser uteis
em papeis com outro tipo de utilizacao, onde as propriedades opticas nao sao fundamen-
tais.
vi
Abstract
This master thesis had as its objective to modify particles of ground calcium carbonate
with silica, in situ, following the sol-gel method, in order to improve the mechanical
strength of the paper.
Three GCC ranges were used, with different sizes and brightness, to carry out silica
coating, following the Gamelas et al. (2011) methodology applied to precipitated calcium
carbonate. The sol-gel reaction took place under alkaline conditions during 24 hours at a
temperature of 21°C, using TEOS as a precursor.
In order to characterize the original and modified particles of calcium carbonate, multi-
ple analytical techniques were utilized to test: morphology (scanning electron microscopy),
the size (laser diffraction spectroscopy), chemical composition (infrared spectroscopy),
amount of silica present in the GCC (thermogravimetry), brightness (spectrophotometry)
and particle charge (measuring of zeta potential). It was concluded that silica deposition
was in GCC particles, as expected.
The modified PCC, documented in Lourenco et al. (2013), succeeded in obtaining
improvements in the mechanical properties of the sheet when the modified GCC filler was
applied for a goal of 20 %(w/w) in sheet, regardless of the range, one of the objectives
was achieved. This improvement is due to the presence of hydroxyl groups of silica,
which establish hydrogen bonds with the cellulose fibers. The increase in sheet resistance
occurred to a larger degree in the GCC with smallest particle size, indicating that silica
deposition depends on GCC particle size. Regarding the optical properties of sheets, these
were slightly prejudiced with the application of GCC’s modified, suggesting that the sheet
is ”closed”due to a stronger connection filler-fiber, and a slighter loss of opacity in the
GCC with smaller particle size. Thus, it was found that it is preferable to modify calcium
carbonate.
In GCCs that differed on the level of brightness, there were no differences to register
between the sheets formed by these two mineral fillers.
The results achieved with the modified PCC, which Lourenco et al. (2013) had obtai-
ned, have been compared noting that it is better to modify PCC than GCC. Besides the
vii
ABSTRACT
natural tendency that the PCC has to pass good optical properties on the sheet of paper,
coating with silica induced a higher improvement in the mechanical properties of a sheet
than those obtained with GCC magnitude, overcoming the intrinsic ability that this filler
contains in this context. This result was similar to that obtained by applying the sheet
corresponding modified GCC 30 %(w/w).
Paper sheets were also produced with a mineral filler mixture, 20 %(w/w) modified
GCC and 10 %(w/w) of precipitated calcium carbonate, with the aim of reducing the
amount of modified load and improving the optical properties. The results indicate that
it is preferable to use this filler than just modified GCC, if we take into account the costs
associated with the modification.
By using modified loads, it was shown that it is possible to increase the content, about
10 %, of mineral filler without damaging the mechanical properties of the paper sheets.
This was confirmed both in the use of modified GCC, as in the filler mixture, the latter
having advantage due to the economic component.
Since the objectives of this study are closely linked to an economic factor it should be
estimated the economic costs of the modification of calcium carbonate in order to properly
evaluate the obtained results.
Although the results were not entirely positive in applying the uncoated woodfree
printing, that is, regarding to precipitated calcium carbonate, it may be useful in papers
with other use where the optical properties are not fundamental.
viii
Conteudo
1 Introducao 1
1.1 Enquadramento e motivacao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.1.1 Objectivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1.2 Papel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1.2.1 Materias-Primas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.2.2 Constituintes do papel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.2.3 Cargas minerais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1.2.4 Modificacao de cargas minerais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
1.2.5 Metodo Sol-Gel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
1.2.6 Propriedades do papel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
2 Materiais e metodos 21
2.1 Revestimento de carbonato de calcio com sılica . . . . . . . . . . . . . . . . 21
2.1.1 Caracterizacao de partıculas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
2.2 Testes papeleiros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
2.2.1 Formacao de folhas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
2.2.2 Caracterizacao das folhas formadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
3 Resultados e Discussao 31
3.1 Caracterizacao de Partıculas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
3.1.1 Morfologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
3.1.2 Tamanho de Partıcula . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
3.1.3 Potencial Zeta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
3.1.4 Composicao Quımica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
3.1.5 Quantidade de sılica nos hıbridos GCC-Sılica . . . . . . . . . . . . . 39
3.1.6 Brancura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
3.2 Caracterizacao de folhas de papel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
3.2.1 Retencao de carga mineral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
3.2.2 Propriedades estruturais, mecanicas e opticas . . . . . . . . . . . . 43
ix
CONTEUDO
3.2.3 Comparacao entre cargas minerais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
4 Conclusoes 57
5 Trabalho Futuro 61
Bibliografia 62
Anexo A Separacao de GCC da mistura reaccional 71
Anexo B Preparacao de fibra e aditivos 73
B.1 Determinacao da consistencia da fibra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
B.2 Fibra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74
B.3 GCC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74
B.4 Amido + ASA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74
B.5 CPAM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75
Anexo C Formacao de folhas 77
C.1 Prensagem e condicionamento das folhas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77
Anexo D Imagens SEM 79
Anexo E LDS - Tamanho de partıcula 83
Anexo F Potencial zeta 85
Anexo G FT-IR 87
Anexo H Retencao de cargas minerais 89
Anexo I Caracterizacao de folhas de papel 91
x
Lista de Figuras
1.1 Esquema da actuacao dos agentes de retencao durante a formacao da folha. 6
1.2 Distribuicao do consumo mundial de fillers em 2004. . . . . . . . . . . . . 9
1.3 Imagens por microscopia electronica de varrimento das tres morfologias do
mineral calcite, (a) Escalenoedrica, (b) Prismatica e (c) Romboedrica. . . 10
1.4 Esquema do processo de producao de carbonato de calcio natural. . . . . . 11
2.1 Imagem da modificacao laboratorial de GCC com sılica. . . . . . . . . . . . 22
2.2 Formador MARVI 255/SA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
3.1 Imagens SEM do Hydrocarb® 60 original 20000x (a) e modificado 20000x
(b). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
3.2 Imagens SEM do Hydrocarb® 90 original 20000x (a) e modificado 20000x
(b). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
3.3 Imagens SEM do Hydrocarb® 90 E original 20000x (a) e modificado 20000x
(b). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
3.4 Relacao do ındice de traccao com a quantidade de carbonato de calcio
presente no papel e com o tamanho de partıcula dessa mesma carga. . . . . 34
3.5 Distribuicao do tamanho de partıculas fraccionada do GCC Hydrocarb®
60 original e modificado. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
3.6 Distribuicao do tamanho de partıculas fraccionada do GCC Hydrocarb®
90 original e modificado. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
3.7 Distribuicao do tamanho de partıculas fraccionada do GCC Hydrocarb®
90 E original e modificado. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
3.8 Espectros FT-IR de GCC H60 e GCC’s modificados. . . . . . . . . . . . . 38
3.9 Termograma dos GCC H60 original e modificado. . . . . . . . . . . . . . . 39
3.10 Termograma dos GCC H90 original e modificado. . . . . . . . . . . . . . . 40
3.11 Termograma dos GCC H90 E original e modificado. . . . . . . . . . . . . . 41
3.12 Valores medios da retencao de solidos nas folhas formadas com 20 %(w/w)
de filler. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
xi
LISTA DE FIGURAS
3.13 Valores medios da retencao de solidos nas folhas formadas com 20 e 30
%(w/w) de GCC H60 modificado e com mistura de cargas minerais. . . . . 44
3.14 Factor mecanico e optico de filler entre as folhas produzidas com PCC e
GCC’s originais/modificados. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
3.15 Factor mecanico e optico de filler entre as folhas produzidas com PCC e
GCC H60 original/modificado. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
3.16 Factor mecanico e optico de filler entre as folhas produzidas com PCC e
GCC H90 original/modificado. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
3.17 Factor mecanico e optico de filler entre as folhas produzidas com PCC’s e
GCC’s a 30 %(w/w). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
3.18 Factor mecanico e optico de filler entre as folhas produzidas com cargas
minerais modificadas a 30 %(w/w) e 20 %(w/w) originais. . . . . . . . . . 55
D.1 Imagens SEM do Hydrocarb® 60 original, 7500x (a) e 20000x (c); Hydrocarb®
60 modificado , 7500x (b) e 20000x (d). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
D.2 Imagens SEM do Hydrocarb 90 original, 7500x (a) e 20000x (c); Hydrocarb
90 modificado , 7500x (b) e 20000x (d). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80
D.3 Imagens SEM do Hydrocarb® 90 E original, 7500x (a) e 20000x (c);
Hydrocarb® 90 E modificado , 7500x (b) e 20000x (d). . . . . . . . . . . . 81
E.1 Distribuicao do tamanho de partıculas fraccionada (a) e acumulativa (b)
do Hydrocarb® 60 original e modificado. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83
E.2 Distribuicao do tamanho de partıculas fraccionada (a) e acumulativa (b)
do Hydrocarb® 90 original e modificado. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84
E.3 Distribuicao do tamanho de partıculas fraccionada (a) e acumulativa (b)
do Hydrocarb® 90E original e modificado. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84
F.1 Distribuicao do potencial zeta das amostras (a) Hydrocarb® 60, (b) Hydrocarb®
90 e (c) Hydrocarb® 90 Extra, original e modificado. . . . . . . . . . . . . 85
G.1 Espectro FTIR das amostras de carbonato de calcio natural (a) H60, (b)
H90 e (c) H90E, original e modificado. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87
xii
Lista de Tabelas
1.1 Composicao quımica media de folhosas, em percentagem ponderal (base
seca). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.2 Propriedades fısicas gerais de caulino, talco e carbonato de calcio. . . . . . 8
2.1 Tipos de cargas minerais usados na formacao de folhas de papel. . . . . . . 27
2.2 Quantidade de cada aditivo, e respectivo tempo de contacto, aplicado na
formacao de uma folha de papel. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
2.3 Equipamentos e normas utilizados nos testes papeleiros com o objectivo de
caracterizar as folhas de papel. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
3.1 Mediana do tamanho de partıcula de cada gama de carbonato de calcio
natural, original e modificado. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
3.2 Potencial zeta do carbonato de calcio original e modificado. . . . . . . . . . 37
3.3 Composicao quimica (%(w/w)) dos GCC’s originais e modificados. . . . . . 40
3.4 Brancura ISO R547 (%) dos GCC’s originais e modificados. . . . . . . . . . 41
3.5 Propriedades estruturais, mecanicas e opticas das folhas produzidas com
GCC H60 original e modificado. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
3.6 Propriedades estruturais, mecanicas e opticas das folhas produzidas com
GCC H90 original e modificado. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
3.7 Propriedades estruturais, mecanicas e opticas das folhas produzidas com
GCC H90 E original e modificado. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
3.8 Propriedades estruturais, mecanicas e opticas das folhas produzidas com
GCC H60 modificado e mistura PCC + GCC H60 modificado. . . . . . . . 48
3.9 Factor mecanico de filler aplicado para diferentes combinacoes de series de
folhas produzidas com GCC H90 e H90E. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
3.10 Factor mecanico de filler aplicado para diferentes combinacoes de series de
folhas produzidas com GCC H90-M e H90E-M. . . . . . . . . . . . . . . . 49
3.11 Propriedades das folhas produzidas com PCC e com PCC Modificado. . . . 50
xiii
LISTA DE TABELAS
H.1 Retencao de carga mineral para cada serie de folhas produzidas com 20
%(w/w) de GCC nao modificado. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89
H.2 Retencao de carga mineral para cada serie de folhas produzidas com 20
%(w/w) de GCC modificado. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90
H.3 Retencao de carga mineral para cada serie de folhas produzidas com 30
%(w/w) de GCC nao modificado e mistura de cargas minerais (H60 modi-
ficado + PCC). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90
I.1 Propriedades estruturais, mecanicas e opticas das folhas produzidas com
GCC H60 original e modificado. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91
I.2 Propriedades estruturais, mecanicas e opticas das folhas produzidas com
GCC H90 original e modificado. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92
I.3 Propriedades estruturais, mecanicas e opticas das folhas produzidas com
GCC H90 E original e modificado. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93
I.4 Propriedades estruturais, mecanicas e opticas das folhas produzidas com
30 %(w/w) de GCC H60 modificado e mistura PCC + GCC H60 modificado. 94
xiv
Abreviaturas e Nomenclatura
AKD Alkylketene dimer (Dımero de alquil ceteno)
ASA Alkenyl Succinic Anhydride (Anidrido alquenil succınico)
CEDL Coeficiente Especıfico de Dispersao da Luz
CPAM Cationic Polyacrylamide (Poliacrilamida Cationica)
ELS Electrophoretic Light Scattering (Espalhamento Electroforetico da Luz)
FMF Factor Mecanico de Filler
FOF Factor Optico de Filler
FTIR Fourier Transform Infrared Spectroscopy (Espectroscopia de infraver-
melho por transformada de Fourier)
GCC Ground Calcium Carbonate (Carbonato de calcio natural)
H60 GCC Hydrocarb® 60
H60 20 Folhas produzidas com 20 %(w/w) de GCC Hydrocarb® 60
H60-M + PCC Folhas produzidas com 20 %(w/w) de GCC Hydrocarb® 60 Modificado
e 10 %(w/w) de PCC
H60-M 20 Folhas produzidas com 20 %(w/w) de GCC Hydrocarb® 60 Modificado
H60-M 30 Folhas produzidas com 30 %(w/w) de GCC Hydrocarb® 60 Modificado
H90 GCC Hydrocarb® 90
H90 20 Folhas produzidas com 20 %(w/w) de GCC Hydrocarb® 90
H90-M 20 Folhas produzidas com 20 %(w/w) de GCC Hydrocarb® 90 Modificado
xv
ABREVIATURAS E NOMENCLATURA
H90E GCC Hydrocarb® 90 Extra
H90E 20 Folhas produzidas com 20 %(w/w) de GCC Hydrocarb® 90 E
H90EM 20 Folhas produzidas com 20 %(w/w) de GCC Hydrocarb® 90 E Modifi-
cado
LDS Laser Diffraction Spectroscopy (Espectroscopia de difraccao laser)
PCC Precipited Calcium Carbonate (Carbonato de calcio precipitado)
RAIZ Instituto de Investigacao da Floresta e do Papel
SEM Scanning Electronic Microscopy (Microscopia electronica de varrimento)
TEA Tensile Energy Absorption (Trabalho de traccao)
TEOS Tetra etil ortosilicato
TG Termogravimetria
TMOS Tetra metil ortosilicato
UWF Uncoated woodfree printing (Papeis finos nao revestidos)
xvi
Capıtulo 1
Introducao
1.1 Enquadramento e motivacao
A fibra no fabrico de papel e uma materia-prima muito cara. De acordo com o
proposito de baixar os custos e com o intuito de melhorar algumas propriedades opticas
e estruturais do papel, a industria usa cargas minerais (fillers) como, por exemplo, car-
bonato de calcio, caulino ou talco. Segundo Cheng et al. (2011) o custo de filler pode ser
4 a 7 vezes inferior ao preco de mercado da pasta kraft. Alem deste facto, folhas com um
elevado conteudo de cargas secam mais rapidamente, o que se traduz num menor consumo
de vapor. Todos estes aspectos afectam positivamente a economia do processo. A somar
a estas vantagens economicas, pode-se acrescentar o facto das propriedades opticas (opa-
cidade, brancura) melhorarem, bem como a lisura e a imprimabilidade. A importancia
deste aditivo, devido aos efeitos descritos, esta bem patente na quantidade presente no pa-
pel, cerca de 20 a 35 %(w/w) em papeis de impressao e escrita (Neimo e Yhdistys, 1999),
sendo o segundo constituinte numa folha de papel. A primeira vista, a industria pape-
leira poderia aumentar a quantidade deste composto, porem, esse aumento de partıculas
inorganicas implicaria reducao das propriedades mecanicas do papel e problemas adicio-
nais na zona humida do processo de producao, ao nıvel da retencao. Deste modo, existe
uma relacao de compromisso, a qual se tem que obedecer na adicao de filler.
Ao longo do tempo tem havido diversas tentativas de ultrapassar ou minorar este
problema, principalmente, atraves da modificacao da superfıcie do carbonato de calcio
precipitado (PCC, Precipited Calcium Carbonate), quer seja com compostos organicos,
quer seja atraves de materiais inorganicos (Shen et al., 2009). Contudo, tem-se obtido pou-
cos progressos relativamente as propriedades mecanicas, quando a modificacao e realizada
atraves de substancias inorganicas. Um estudo realizado por Gamelas et al. (2011) revela
a modificacao de PCC atraves do revestimento com sılica, in situ, seguindo o metodo sol-
1
CAPITULO 1. INTRODUCAO
gel. A formacao de folhas, aplicando estas cargas modificadas, e respectiva caracterizacao
esta documentada em Lourenco et al. (2013). Neste artigo, os autores comparam os re-
sultados da aplicacao de PCC modificado e nao modificado. Estes revelam uma melhoria
nas propriedade mecanicas do papel, como a traccao e a resistencia interna, sem por em
causa as propriedades opticas.
1.1.1 Objectivo
O objectivo desta dissertacao de mestrado passa por propor a aplicacao do mesmo
metodo de modificacao realizado por Gamelas et al. (2011) relativamente a outra carga
mineral: o carbonato de calcio natural (GCC, Ground Calcium Carbonate). O GCC e uma
das cargas minerais mais usadas no fabrico de papel, por isso e de todo relevante apurar os
resultados consequentes da modificacao deste composto. As principais vantagens no uso
deste filler pela industria papeleira prendem-se com o facto de ser uma materia-prima de
baixo custo e com uma capacidade de producao mais elevada comparativamente a outros
fillers, como o PCC. Estas caracterısticas advem do facto do GCC ser um composto
natural extraıdo da crosta terrestre, enquanto que o PCC e sintetizado industrialmente.
Espera-se obter resultados coerentes com Lourenco et al. (2013), ocorrendo a melhoria
das propriedades mecanicas do papel como resultado da aplicacao de GCC modificado
versus GCC. E ainda desejavel que, com a modificacao do GCC, o melhoramento destas
propriedades seja maior relativamente aos resultados do PCC modificado versus PCC, por
forma a constituir um atractivo adicional na escolha desta carga por parte da industria
papeleira no fabrico de papeis de impressao e escrita.
Outro objectivo pretendido e aumentar a quantidade de carga mineral aplicada no
papel. Serao produzidas folhas em que 30 %(w/w) da sua constituicao corresponde a
carbonato de calcio natural modificado, ocorrendo uma maior substituicao parcial de
uma materia-prima cara (fibra) por outra menos dispendiosa.
Por ultimo, aplicam-se misturas de cargas minerais na formacao de folhas. Estas serao
constituıdas, ao nıvel de cargas minerais, por carbonato de calcio natural modificado e
carbonato de calcio precipitado, de modo a obter folhas com boas propriedades mecanicas
(provenientes do GCC modificado) e opticas, resultado da aplicacao de carbonato de calcio
precipitado.
1.2 Papel
Ha centenas de anos que o papel tem vindo a ser usado com diferentes propositos,
desde planos de guerra, passando pela emissao de notas, na literatura ou ate o simples
2
1.2. PAPEL
facto de qualquer cidadao conseguir escrever o seu proprio manuscrito.
O papel e uma teia de fibras de celulose, ligadas por entrelacamento e pela utilizacao de
agentes de ligacao, sendo utilizado para escrita, impressao, acondicionamento, embalagem,
decoracao, limpeza, etc (Paperindex, 2006).
Actualmente, o papel de impressao e escrita continua a ser uma ferramenta de tra-
balho essencial e vital em qualquer organizacao moderna, devido as suas caracterısticas
intrınsecas, tais como ser leve, fino, poroso, opaco, flexıvel, versatil e pouco dispendioso.
Isto permite ainda que seja facilmente agarrado, transportado, manipulado, dobrado e
marcado. Assim, num contexto de escritorio, este material pode ser utilizado como:
� meio para armazenar informacao;
� suporte para gerir e coordenar actividades;
� instrumento de apoio a discussao;
� suporte para organizar, relembrar e documentar o conhecimento individual;
� meio para manter a posse da informacao antes de ser partilhada.
Uma sociedade economicamente desenvolvida consome um elevado volume de papel.
A sua procura esta intimamente ligada ao desempenho economico de um paıs ou regiao. A
recessao economica na Europa e, consequentemente, o aumento da taxa de desemprego,
conduziram a uma reducao no consumo global de papeis finos nao revestidos (UWF,
Uncoated woodfree printing). Embora este cenario macroeconomico nao seja favoravel, o
consumo de papeis de escritorio caracteriza-se por ter uma boa resiliencia, como e possıvel
constatar no relatorio de contas do Grupo Portucel Soporcel (2012), no qual se indica que
a procura na Europa regrediu apenas 1,5%.
Nos grupos empresariais de producao de papel UWF (como o grupo portugues Por-
tucel Soporcel), cujos mercados estao essencialmente sediados na Europa e America do
Norte, devido as recentes contingencias nestas economias tem-se desenvolvido esforcos
para tornar o processo de producao menos oneroso. O motivo do estudo desta dissertacao
de mestrado esta intimamente ligado a este objectivo; consiste numa tentativa de reduzir
custos de producao, atraves de um potencial aumento na substituicao parcial do cons-
tituinte principal — fibra — por um aditivo — a carga mineral — sem prejudicar as
propriedades finais do papel.
1.2.1 Materias-Primas
Em Portugal a arvore mais utilizada como materia-prima e Eucalyptus globulus Labill,
desde logo devido a esta especie representar 95% da area florestada de eucalipto em
3
CAPITULO 1. INTRODUCAO
Portugal. E materia-prima de grande valor economico devido a sua qualidade intrınseca
que permite fazer papeis de impressao e escrita sem necessidade de recorrer a incorporacao
de fibras de reforco (Ferreira, 2000).
As fibras de eucalipto possuem um comprimento reduzido, inferior a 2 mm, e integram-
se no grupo das folhosas ou hardwood. Relativamente a composicao quımica, como todas
as arvores para a producao de papel, o Eucalyptus globulus e constituıdo por celulose,
hemiceluloses, lenhina e extractivos. As percentagens tıpicas destes componentes em
folhosas sao apresentados na Tabela 1.1.
Tabela 1.1: Composicao quımica media de folhosas, em percentagem ponderal (baseseca) (Ferreira, 2000).
Folhosas
Celulose (%, w/w) 45 +− 2
Hemiceluloses (%, w/w) 30 +− 5
Lenhina (%, w/w) 20 +− 5
Extractivos (e cinzas) (%, w/w) 5 +− 3
Como em Portugal a materia-prima predominante e o eucalipto (fibra curta), usam-
se processos quımicos para a producao de pasta de papel. Estes sao caracterizados por
conduzirem a menor degradacao das fibras e consequentemente maior resistencia, e por
originarem um baixo teor de lenhina, o que facilita o branqueamento e a ligacao entre
fibras. Porem, apresentam um rendimento menor (mais perda de celuloses e hemiceluloses)
face a processos mecanicos.
O principal processo de obtencao de pasta de papel e do tipo quımico, denominado
pastas ao sulfato ou processo Kraft. Neste as aparas de madeira sofrem um cozimento
com hidroxido de sodio e sulfureto de sodio e, deste modo, consegue-se romper a ligacao
da lenhina com a celulose.
1.2.2 Constituintes do papel
Alem da pasta de papel, existem outros constituintes quımicos que entram no processo
de fabrico de papel; estes sao adicionados antes do processo seguir para a maquina de
papel, mistura conhecida por furnish.
Agentes de colagem
Os agentes de colagem melhoram as propriedades mecanicas da folha, ajudando na
adesao entre fibras e aditivos. O Dımero de Alquil Ceteno (AKD, Alkylketene Dimer)
4
1.2. PAPEL
e Anidrido Alquenil Succınico (ASA, Alkenyl Succinic Anhydride) sao dois agentes de
colagem interna muito usados no fabrico de papel em meio basico (Xu et al., 2013); estas
substancias garantem um caracter hidrofobico as fibras, tornando o papel mais resistente
a penetracao de lıquidos.
Considera-se que o mecanismo de reaccao do ASA, produto quımico que sera tratado
nesta tese, com as fibras de celulose consiste na esterificacao dos grupos hidroxilo da
celulose (Ding et al., 2011). O ASA apresenta uma carga neutra, nao possuindo afinidade
com as fibras de celulose (carga negativa) e, por isso mesmo, este composto quımico e
geralmente adicionado ao furnish, emulsionado em amido cationico a fim de assegurar
uma boa retencao (Jenkins, 2001).
A alta reactividade de ASA tambem promove a rapida hidrolise em solucao aquosa (for-
mando um di-acido de estrutura anfifılica, ou seja, uma ponta da molecula e hidrofobica
enquanto que a outra e hidrofılica (Jenkins, 2001)), aspecto fundamental para uma boa
runnability da maquina de papel (Qian et al., 2013).
Agentes de retencao
Com vista ao melhoramento da retencao de pequenas partıculas, finos, aditivos e agen-
tes de colagem durante a formacao de papel sao usados agentes de retencao no furnish;
estes agentes quımicos representam um papel fundamental na reducao de custos numa
fabrica de papel, visto que, alem da poupanca na quantidade de aditivos a usar (dimi-
nuindo a perda destes composto na drenagem, atraves da teia da maquina), consegue-se
obter uma boa runnability (menos quebras na formacao do papel) e aumento da velocidade
na maquina de papel (a drenagem e acelerada) (Hubbe et al., 2009).
As poliacrilamidas sao polielectrolitos vulgarmente usados no fabrico de papel, como
agentes de retencao, auxiliando na floculacao de materiais finos. Utilizando polımeros
cationicos consegue-se, por mecanismos de bridging e patching, flocular as partıculas
anionicas (as fibras e as cargas minerais) (Fardim, 2002), como e possıvel observar na
Figura 1.1.
Amido
O amido cationico e um aditivo importante no fabrico de papel, porque tanto melhora
as qualidades do produto final como ajuda a melhorar o processo, reduzindo custos de
producao. O amido melhora as propriedades mecanicas, devido a criacao de pontes de hi-
drogenio adicionais entre superfıcies de fibras contıguas atraves dos seus grupos hidroxilos
(Schellhamer et al., 1992); os seus grupos cationicos facilitam as interaccoes electrostaticas
e ionicas, reduzindo a repulsao entre os compostos anionicos (fibras e cargas minerais),
5
CAPITULO 1. INTRODUCAO
Figura 1.1: Esquema da actuacao dos agentes de retencao durante a formacao da folha(adaptado de Hubbe et al., 2009).
fortalecendo as ligacoes fibra-fibra e fibra-carga mineral e melhorando a retencao de finas
partıculas (fibras e aditivos) durante a formacao da folha (Becerra e Odermatt, 2014).
O amido tambem pode ser aplicado apos a etapa de secagem, funcionando como agente
de colagem externo ou de superfıcie, contribuindo, assim, para uma melhoria na folha ao
nıvel da porosidade, rugosidade e resistencia interna (Becerra e Odermatt, 2014).
1.2.3 Cargas minerais
As cargas minerais sao a segunda materia-prima, em termos quantitativos, na manu-
factura de papel (podem constituir entre cerca de 20 a 35 %(w/w) do papel), facto que
contribui para lhes atribuir o tıtulo de aditivo mais importante na industria papeleira.
Cargas minerais sao pos finos de cor branca; podem ser obtidos de forma natural,
atraves da extraccao mineira, ou por sıntese a partir de diversas materias-primas.
As cargas minerais sao tambem conhecidas no meio industrial como fillers. Este termo
esta relacionado com o enchimento dos espacos entre as fibras na folha. (Neimo e Yhdistys,
1999).
Fundamentalmente, existem duas razoes para utilizar cargas minerais no fabrico de
papel (Neimo e Yhdistys, 1999):
� Preencher espacos entre as fibras, melhorando a lisura, a regularidade na formacao,
a imprimabilidade, a opacidade, a estabilidade dimensional e a brancura.
� Diminuir os custos de fabrico, na substituicao parcial de uma materia-prima por
outra menos onerosa (a maioria das cargas sao mais baratas que a fibra), e a nıvel
6
1.2. PAPEL
energetico na etapa de secagem (com menos fibra, e mais facil ”retirar”a humidade
da folha).
Apesar de existirem fundamentos validos para o emprego de cargas como aditivos
na industria papeleira, a sua utilizacao acarreta alguns inconvenientes. Estes podem ser
ao nıvel das propriedades mecanicas do produto final (devido a uma perda nas ligacoes
fibra-fibra, por pontes de hidrogenio), ao aumento no consumo de aditivos (consequencia
de uma retencao mais pobre) e ao nıvel do equipamento, aumentando a abrasividade na
maquina de papel (Neimo e Yhdistys, 1999; Raymond et al., 2004).
Tipos de cargas minerais
Os fillers podem ser classificados, de acordo com a sua natureza, como inorganicos e
organicos. Estes ultimos podem ter uma estrutura esferica micro-porosa, constituıda a
partir de copolımeros de cloreto de polivinilideno e acrilonitrila, ou porosa, como no caso
das resinas de ureia-formaldeıdo. Porem, sao aplicados apenas em circunstancias especiais
devido ao seu elevado preco (Mollaahmad, 2008).
Deste modo, os principais tipos de cargas usadas no fabrico de papel sao inorganicos.
Destes, podem-se destacar como os mais utilizadas o caulino, talco, carbonato de calcio
precipitado (PCC) e carbonato de calcio natural (GCC). Outro filler utilizado pela
industria e o dioxido de titanio, mas aplicado em menor quantidade, devido ao seu alto
preco (Shen et al., 2009).
Na Tabela 1.2 e feita uma comparacao entre diversos fillers em termos de propriedades
fısicas.
7
CA
PIT
UL
O1.
INT
RO
DU
CA
O
Tabela 1.2: Propriedades fısicas gerais de caulino, talco e carbonato de calcio (adaptado de Yoon, 2007).
Caulino Talco GCC PCC
Formula Quımica Al4Si4O10(OH)8 Mg3Si4O10(OH)2 CaCO3 CaCO3
Estrutura do CristalLamelar
Lamelar RomboedricaEscalanoedrica
Hexagonal RomboedricaDensidade (kg dm3) 2,7 2,8 2,7 2,7
Indice de RefraccaoHidratado: 1,57
1,57 1,59 1,59Calcinado: 1,60
Dureza (escala de Mohs) 2-2,5 1-1,5 3 -
Brancura (%)Hidratado: 78-90
85-90Calcario: 80-90
> 93Calcinado: 90-95 Marmore: 85-95
Distribuicao de Tamanhos (%)< 10 µm 94 84 98 100< 5 µm 75 45 90 100< 2 µm 48 16 40 70
Area de Superfıcie (BET) (m2 g−1)Hidratado: 10-25
9-20 2-12 5-25Calcinado: 15-25
Potencial Zeta (mV) -24 (pH 7) -19 (pH 9) -26 (pH 9) +5 (pH 9)Abrasao (AT 1000) (m2 g−1)Teia de bronze 45 31 24 20Teia de plastico 3 13 27 6pH 5 9 9 9
Coeficiente de Difraccao (cm2 g−1)Hidratado: 1100-1200
- 1400-1700 2200-2700Calcinado: 2600-3000
8
1.2. PAPEL
O caulino era a carga mineral mais usada no fabrico de papel, porem, desde a entrada
do processo alcalino na industria papeleira, o carbonato de calcio ultrapassou-o, tornando-
se o filler mais usado no mundo. A Figura 1.2 mostra a distribuicao no consumo mundial
de fillers no ano de 2004.
Figura 1.2: Distribuicao do consumo mundial de fillers em 2004 (Nogueira, 2013).
Carbonato de calcio
O carbonato de calcio, CaCO3, pode ser extraıdo em pedreiras e minas, das rochas de
marmore, giz e calcario. E um composto bastante abundante constituindo 4 % da crosta
terrestre (Omya, 2012).
As plantas e os animais absorvem carbonato de calcio na agua, na forma de carbo-
nato de calcio hidrogenado Ca(HCO3)2, e usam-no para ”construir”os seus esqueletos e
carapacas. Apos a morte, especies como algas e corais formam depositos sedimentares
nos fundos marinhos. Atraves de um processo de sedimentacao formam-se giz e calcario.
O giz e obtido devido a uma fraca e incompleta sedimentacao de pedras de carbonato de
calcio. A formacao de calcario e resultado de um completo processo de sedimentacao.
A marmore e uma rocha metamorfica resultante da recristalizacao da rocha de calcario
sob altas temperaturas e pressoes.
Existem tres minerais de carbonato de calcio: a calcite, a aragonite e a vaterite. Estes
sao considerados polimorfos, porque a sua formula quımica e igual, mas o arranjo espacial
dos ioes de carbonato e calcio (estrutura do cristal) e diferente em todos eles. E este
arranjo que vai determinar a forma do cristal ou a sua morfologia. A calcite e o mineral
mais comum e tambem o mais estavel em diversas pressoes, temperaturas e ambientes.
Porem, e o menos soluvel em agua (Boulos et al., 2014; Omya, 2012). Pode possuir tres
morfologias: romboedrica, prismatica e escalenoedrica, como e possıvel observar na Figura
1.3:
9
CAPITULO 1. INTRODUCAO
(a) Escalenoedrica (b) Prismatica (c) Romboedrica
Figura 1.3: Imagens por microscopia electronica de varrimento das tres morfologias domineral calcite, (a) Escalenoedrica, (b) Prismatica e (c) Romboedrica (Foster e Doll,2000).
As morfologias romboedrica e prismatica sao uteis para aplicacoes, como revestimento
de papel e fortalecimento da estruturas polimericas. No seu uso como fillers, as morfologias
prismaticas de dimensoes elevadas sao importantes para melhorar a drenagem na maquina
de papel e o ındice de mao ou bulk do papel. A morfologia escalenoedrica, devido a sua
forma unica (parecido com uma roseta), e vantajosa no uso como filler pela industria
papeleira, visto conseguir dispersar eficazmente a luz, melhorando a opacidade do papel.
Esta morfologia tambem ajuda a aumentar o ındice de mao do papel (Specialty Minerals,
2014).
O polimorfo aragonite apresenta cristais ortorrombicos em forma de agulha, acicular.
No revestimento de papel, esta morfologia e vantajosa para produtos com alto brilho ou
para aumentar a forca e a resistencia de materiais polımericos que usem este mineral como
aditivo.
A morfologia da vaterite e semelhante a esferas perfeitas. E considerada meta-estavel,
devido aos atomos dos seus cristais possuırem uma tendencia natural para se rearranjarem
na estrutura de calcite, o que torna este polimorfo raro e pouco interessante comercial-
mente (Specialty Minerals, 2014).
O carbonato de calcio pode ser obtido de forma natural atraves da extraccao em minas
ou pedreiras, vulgarmente conhecido como GCC (Ground Calcium Carbonate), ou pode
ser sintetizado quimicamente, chamado de PCC (Precipited Calcium Carbonate).
Carbonato de calcio natural
O carbonato de calcio natural (GCC) e obtido atraves da moagem de rochas de calcario
e marmore, e utilizado devido ao seu brilho e pureza. Geralmente, o mineral presente e a
calcite com morfologia romboedrica.
O processo de producao de GCC consiste, essencialmente, em moagens grossas e finas
e posterior classificacao. Estas moagens podem ser realizadas a seco ou em condicoes
10
1.2. PAPEL
humidas. Um esquema deste processo esta ilustrado na Figura 1.4.
Em termos de uso, o GCC e o filler que predomina na Europa (Thorp, 2005). O
seu consumo por parte da industria papeleira situava-se, em 2009, em oito milhoes de
toneladas (Industrial Minerals, 2011).
Figura 1.4: Esquema do processo de producao de carbonato de calcio natural (adaptadode GEA, 2014).
Carbonato de calcio precipitado
O carbonato de calcio precipitado (PCC) e obtido atraves de sıntese quımica. Ge-
ralmente o mineral formado e a calcite, e pode apresentar-se em qualquer uma das suas
morfologias: escalenoedrica, romboedrica e primatica.
Este composto e comercializado desde 1841. O seu primeiro produtor foi uma compa-
nhia inglesa, John E. Sturge Ltd.
O carbonato de calcio precipitado, hoje em dia, e produzido atraves de um processo
relativamente economico. As reaccoes quımicas presentes na sıntese de PCC sao as se-
guintes:
(1) CaCO3 CaO + CO2 Calcinacao
(2) CaO + H2O Ca(OH)2 Hidratacao
(3) Ca(OH)2 + CO2 CaCO3
(PCC)
+ H2O Precipitacao
A primeira etapa (Reaccao 1) e a calcinacao do carbonato de calcio a 900°C, separando-
se em cal viva (CaO) e dioxido de carbono (CO2). De seguida, ocorre a adicao de agua
a cal viva formando hidroxido de calcio (Ca(OH)2) ou cal apagada (Reaccao 2). Por
ultimo, ocorre a reaccao entre o dioxido de carbono libertado na reaccao de calcinacao e o
11
CAPITULO 1. INTRODUCAO
hidroxido de calcio (Reaccao 3). Como o carbonato de calcio e insoluvel em agua, ocorre
a sua precipitacao.
Apos as etapas de reaccao, seguem-se as de filtracao, secagem e moagem. O tamanho
das partıculas, bem como o mineral (aragonite ou calcite), pode ser controlado atraves da
temperatura, concentracao dos reagentes e tempo.
Carbonato de calcio natural vs carbonato de calcio precipitado
Na industria papeleira, tanto o carbonato de calcio natural como o precipitado pos-
suem vantagens e desvantagens na sua utilizacao como cargas minerais. Os pontos fa-
voraveis do GCC situam-se na boa retencao de filler na folha, menor perda nas propri-
edades mecanicas do papel, boa runnability da maquina do papel (consequencia de uma
boa drenagem) e preco reduzido. Porem, apresenta desvantagens no que diz respeito as
propriedades opticas (nomeadamente na baixa opacidade), na possibilidade de adicionar
dispersantes quımicos (em casos de abrasao elevada) e na carga ionica negativa (maior
repulsao com a carga das fibras).
O PCC tem como vantagens: a) o seu baixo custo de producao (caso haja a possibi-
lidade de producao satelite nas fabricas de papel); b) boa opacidade, brancura e ındice
de mao (em resultado da morfologia escalenoedrica); c) baixa abrasividade e melhor dis-
tribuicao de partıculas na folha (boa formacao). Por outro lado, esta carga mineral,
apresenta aspectos menos favoraveis: a) as propriedades mecanicas das folhas de papel
sao prejudicadas; b) a runnability da maquina de papel pode ser afectada devido a elevada
retencao de agua; c) alguns resıduos da rocha de calcario que nao reagiram (no processo
de producao de PCC) podem afectar a qualidade do papel e a runnability da maquina de
papel (Stratton, 2012).
1.2.4 Modificacao de cargas minerais
Nao existe uma carga mineral capaz de produzir papel com uma boa dispersao da luz
(com brilho e opacidade adequadas) sem comprometer as propriedades mecanicas da folha,
mas e possıvel uma relacao de compromisso, por isso ha esforcos para tentar aumentar a
quantidade de cargas minerais presentes no papel. Sao motivos economicos que estao por
detras deste esforco, visto que substituir fibra por filler pode constituir uma boa poupanca
nos custos do fabrico de papel. De acordo com Thorp (2005), se o nıvel de cargas presente
no papel aumentar para o triplo (em relacao a uma quantidade inicial de 17% de filler)
numa fabrica que produza 1800 toneladas de furnish por dia, pode ocorrer a substituicao
de 600 toneladas/dia de fibra por cargas minerais. Este cenario hipotetico, e de acordo
12
1.2. PAPEL
com simples aproximacoes, resulta numa reducao em cerca de 110 dolares americanos por
cada tonelada produzida na fabrica. No final de um ano de producao constituira uma
poupanca de 65 milhoes de dolares americanos.
As vantagens deste cenario, devido ao aumento de cargas, reflectem-se a nıvel energetico.
A producao de pasta de papel iria cair e consequentemente o consumo de materia-prima
(Eucalyptus globulus Labill). Deste modo, ocorreriam poupancas energeticas que se tra-
duzem a nıvel economico e ambiental.
Em jeito de conclusao, as cargas minerais apresentam algumas limitacoes ou des-
vantagens. Varios metodos e estudos tem sido efectuados e propostos, na tentativa de
ultrapassar estas dificuldades. Este facto, aliado a um possıvel melhoramento e conse-
quente aparecimento de aspectos muito favoraveis ao nıvel da superacao de limitacoes
existentes, torna este assunto bastante pertinente.
Os estudos efectuados prendem-se com a modificacao de cargas minerais, e diversas
tecnologias estao ao dispor da ciencia com o objectivo de efectuar alteracoes, nomeada-
mente, ao nıvel do tratamento de superfıcie, com vista a fornecer novas propriedades as
partıculas de filler. De entre as tecnologias presentes, pode-se enumerar o revestimento
por spray, a micro-encapsulacao, tratamentos mecanicos e fısico-quımicos, decomposicao
quımica de vapor, polimerizacao a superfıcie, entre outros (Shui, 2003; Kim e Lee, 2002).
Melhoria da resistencia do filler a condicoes acidas
A conversao do processo tradicional de fabrico de papel de acido para alcalino ainda e
um grande desafio por parte da industria; depende de varios factores como a gramagem do
papel, furnish, da configuracao da fabrica e do metodo de controlo de pH (Chabot et al.,
2008). Como o carbonato de calcio e o filler com melhores propriedades na producao de
papel, e este composto e intolerante a valores baixos de pH, existe uma necessidade de
melhorar este facto.
Existem diversos estudos sobre este tema. Passaretti e Corner (1991) modificaram
carbonato de calcio com um agente quelante de calcio (hexametafosfato de sodio) e um
acido fraco (acido fosforico) com sucesso.
Wu (1996) modificou carbonato de calcio com sais de alumınio, tambem com o objec-
tivo de tornar esta carga mineral propıcia para processos de producao de papel ligeira-
mente acidos.
Existem outros estudos com o mesmo objectivo, empregando compostos identicos ao
referidos acima ou mesmo combinacoes, de modo a conseguirem alcancar o efeito preten-
dido. Apesar dos estudos diversificados, a ciencia ainda tem que alcancar uma reducao a
nıvel de custos relativamente a estes metodos.
13
CAPITULO 1. INTRODUCAO
Melhoria das propriedades opticas
A modificacao de fillers tambem incide sobre o melhoramento das propriedades opticas
do papel. A tıtulo de exemplo, a patente de Donald et al. (2000) revela o revestimento
de partıculas de caulino com dioxido de titanio (composto que induz boas propriedades
opticas ao papel) mediado por um agente redutor de pH. Deste modo, torna-se o filler
potenciador de propriedades opticas, melhorando a difraccao da luz e a opacidade. No-
gueira (2013) tambem modificou uma carga mineral com dioxido de titanio, neste caso
concreto, PCC; o revestimento foi realizado atraves da hidrolise de tetracloreto de titanio
in situ, tendo como objectivo pressuposto melhorar as propriedades opticas deste filler e
consequentemente repercutir os seus efeitos nas folhas de papel.
Outro modo de alcancar melhores propriedades opticas e atraves da alteracao do ındice
de refraccao do filler. Lattaud et al. (2006) refere que a adicao de cloreto de zinco a uma
suspensao de carbonato de calcio faz com que haja um revestimento da carga mineral
por carbonato de zinco. Esta mudanca aprimora o ındice de refraccao da luz da carga
mineral.
Melhoria das propriedades mecanicas
Um dos pontos negativos na incorporacao de cargas minerais na producao de papel
prende-se com o facto das propriedades mecanicas do papel serem prejudicadas. Assim,
alem de existirem diversas tentativas para corrigir esta contrariedade, ha interesse em
aumentar a quantidade de cargas minerais na folha de papel, substituindo uma materia-
prima mais dispendiosa, a fibra.
Uma alternativa estudada por diversos autores consiste na modificacao de fillers por
amido ou seus derivados — baixo custo e facil disponibilidade constituem duas vantagens
inerentes a sua utilizacao (o amido e utilizado actualmente no fabrico de papel, como
agente de retencao e de colagem) — a qual pode ser alcancada atraves do revestimento
de cargas por amido ou pelo encapsulamento da partıcula de filler por meio de um gel
de amido. Tanto uma solucao como a outra melhoram as propriedades mecanicas das
folhas, como a traccao e o rasgamento, sem por em causa as propriedades opticas. Porem,
o revestimento da superfıcie do filler e menos complicado comparativamente ao processo
de encapsulamento (Shen et al., 2009; Yoon, 2007).
Outro composto organico usado para melhorar as propriedades das cargas minerais
e a celulose e seus derivados. Revestindo as cargas minerais com celulose pretende-se
formar uma pseudo ligacao inter-fibra, ou seja, criar pontes de hidrogenio entre o filler e
as fibras de celulose. Teoricamente, o encapsulamento em celulose cria excelentes fillers
no que diz respeito as capacidades de ligacao. Este encapsulamento pode ser realizado,
14
1.2. PAPEL
como demonstrou Myllymaeki et al. (2006), utilizando um liquido ionico como solvente
da celulose. Estes metodos sao fazıveis industrialmente, isto e, possibilitam aplicar a
tecnologia de modificacao. No caso da utilizacao de lıquidos ionicos, o seu preco elevado
deve ser tomado em conta e, alem disso, convem existir um estudo sobre a sua recu-
peracao. Moleculas como a quitina e quitosano, que possuem uma estrutura semelhante
a celulose, tambem sao utilizadas na modificacao de fillers com o objectivo de melhorar
as propriedades mecanicas do papel (Shen et al., 2009).
Gamelas et al. (2014) modificou carbonato de calcio precipitado com esteres de ce-
lulose (acetato de celulose e acetatobutirato de celulose). Um novo procedimento foi
aplicado, o qual consiste em misturar uma suspensao aquosa de PCC com uma solucao
organica de derivados de celulose e, adicionar a mistura resultante a agua a 40°C; O novo
composto hıbrido, ao ser aplicado na producao de folhas, revelou um ligeiro aumento nas
propriedades mecanicas, sem interferir nas opticas.
A sılica e um composto quımico usado para o revestimento de papeis, muito comum em
papeis matte para impressoes ink-jet. As suas caracterısticas morfologicas unicas fazem
com que seja um excelente composto quımico para desempenhar esta funcao. A estrutura
da sılica precipitada ou sılica-gel, com a sua porosidade interna, alta hidrofilicidade e area
de superfıcie, permite a rapida difusao de tinta na camada de revestimento. Alem destas
caracterısticas, a sılica apresenta boa brancura e opacidade. Porem, e um composto que
nao e usado como filler no fabrico de papel devido, essencialmente, ao seu elevado custo
de producao (Lee et al., 2005; Hladnik e Muck, 2002).
Gamelas et al. (2011) modificou partıculas de carbonato de calcio precipitado (PCC)
com sılica formada in situ pelo metodo sol-gel. Este estudo tem grande interesse na
aplicacao de fillers por parte da industria de papel, desde que o revestimento de sılica
contribua para aumentar as ligacoes fibra-filler e, deste modo, intensificar as propriedades
mecanicas do papel. O aumento na forca de ligacao entre a fibra e a carga mineral
deve-se ao facto dos grupos hidroxilo na superfıcie das partıculas de sılica possuırem
capacidade de estabelecer fortes interaccoes com as fibras de celulose. Lourenco et al.
(2013) aplicaram o PCC modificado como filler no papel e compararam com o PCC
original, isto e, sem modificacao. Os autores concluıram que, com o uso deste novo filler,
havia um aumento nas propriedades mecanicas do papel, como por exemplo, na traccao
e nas ligacoes internas, sem afectar as propriedades estruturais e a brancura do papel.
Assim, de acordo com o pretendido, os resultados indicam que o revestimento de sılica
fortalece as ligacoes filler -fibra. Os custos deste metodo podem ser atenuados devido a
este aumento de forca, que podera aumentar a runnability dos processos de impressao, e
pelo possıvel aumento de cargas minerais presentes nas folhas de papel.
15
CAPITULO 1. INTRODUCAO
1.2.5 Metodo Sol-Gel
O processo de sol-gel e um metodo para criar materiais avancados a baixas tempera-
turas, por exemplo ceramicos e hıbridos (organicos e inorganicos), nas mais diversificadas
formas (pos ultrafinos, filmes, materiais porosos, densos). Em termos gerais, o processo
envolve a transicao de uma solucao lıquida (geralmente coloidal), o sol, para uma fase
solida, gel, com posterior remocao do solvente.
Esta tecnologia apresenta diversas vantagens: a) os percursores sao preparados quimi-
camente (o que se traduz num produto com alta pureza); b) ocorre manipulacao quımica
desde a formacao do sol (controlo da estrutura dos materiais obtidos); c) processamento
a baixas temperaturas (economia energetica, possibilidade de combinar com outros ma-
teriais, por exemplo, polımeros); d) producao de materiais com forma, superfıcie e pro-
priedades (fısicas, quımicas, etc) optimizadas para uma aplicacao especifica (de Moraes,
2008). O essencial do processo de sol-gel pode ser em resumido em 3 etapas:
1. Hidrolise e Condensacao
2. Policondensacao
3. Secagem
Hidrolise e condensacao
Apos o percursor (elemento metalico rodeado por ligandos do tipo O-R) ser dissolvido
num solvente e adicionada agua suficiente para que ocorra hidrolise do percursor.
A reaccao de condensacao ocorre entre as especies hidrolizadas, ocorrendo a libertacao
de agua. Desta forma produzem-se entidades com tamanhos coloidais, a formacao do sol.
Posteriormente a esta etapa, a solucao deve ser colocada num recipiente com a forma
desejada para o produto final.
A sıntese de sılica consiste na hidrolise e policondensacao de um percursor lıquido,
alcoxido de silıcio (geralmente tetra etil ortosilicato, TEOS ou tetra metil ortosilicato,
TMOS), em meio alcoolico (e necessario um co-solvente, visto que os alcoxidos de silıcio
sao imiscıveis em agua), resultando numa rede integrada de sılica. Na reaccao de hidrolise
(Reaccao 4) sao formados grupos silanois (Si-OH), enquanto que na etapa de condensacao
(Reaccao 5) sao produzidos grupos siloxanos (Si-O-Si) (de Moraes, 2008; Rahman e Pa-
davettan, 2012).
(4) RO Si
OR
OR
OR + H2OHidrolise RO Si
OR
OR
OH + HOR
16
1.2. PAPEL
(5) 2 RO Si
OR
OR
OHCondensacao
RO Si
OR
OR
O Si
OR
OR
OR + H2O
Policondensacao
Atraves de um agente de gelidificacao ou de um catalisador sao provocadas mudancas
ao nıvel do pH da solucao que favorecem as reaccoes de policondensacao (Reaccao 6).
Assim, ocorre o crescimento de uma matriz solida tridimensional atraves de ligacao das
partıculas coloidais (por cross-linking) que resulta num gel com a forma do recipiente.
(6) x R O Si
OR
OR
O Si
OH
OR
OH
−mH2O
−kROH
z O Si
O
Si
OR
O Si
O H
O
Si
O Si
O
Si
O H
O Si
n
Secagem
A secagem do gel pode ser realizada por evaporacao do solvente e do catalisador a
pressao ambiente (criando um xerogel), envolvendo um fluido supercrıtico (aerogel) ou
atraves da congelacao e subsequente sublimacao da fase lıquida do gel (criogel).
1.2.6 Propriedades do papel
Como o objectivo desta tese passa por modificar uma carga mineral (GCC) e discutir
devidamente os resultados deste composto apos aplicacao no papel, e de todo conveniente
17
CAPITULO 1. INTRODUCAO
realizar diversos testes as folhas formadas. Deste modo, irao ser avaliadas propriedades
mecanicas, estruturais e opticas do papel.
Antes de proceder a qualquer teste, constitui-se como pre-requisito o condicionamento
das folhas de papel relativamente a sua humidade, visto que esta influencia todas as
propriedades fısicas do papel. Como as fibras de celulose sao higroscopicas, o papel absorve
com facilidade a humidade presente no meio ambiente. Ou, por outro lado, liberta-a, caso
as folhas estejam presentes num ambiente ”seco”. De acordo com a norma ISO 187,
as condicoes de condicionamento devem ser: humidade relativa 50 +− 2% e temperatura
23 +− 1°C.
Propriedades estruturais
As propriedades estruturais do papel dependem da orientacao das fibras, dos aditivos
empregues e das diferencas entre os dois lados do papel (bilateralidade da folha) (Levlin e
Soderhjelm, 1999). Os testes que serao realizados as folhas de papel, no intuito de avaliar
as suas propriedades estruturais, sao os seguintes:
� Gramagem: peso por unidade de area do papel expresso em g m−2. A sua deter-
minacao envolve pesar cada folha de papel com uma area constante.
� Densidade aparente: massa por unidade de volume de papel, calculado atraves
de um racio entre a gramagem e a espessura expresso em g cm−3.
� Indice de mao: inverso da densidade aparente. Devido a preferencia de papeis
com baixa densidade, fabricantes e consumidores preferem utilizar este parametro
como caracterıstica da densidade do papel.
� Retencao de filler : a determinacao da quantidade de filler presente no papel e
conseguida atraves da sua calcinacao a 525°C. Com base na quantidade de cinzas
(materia inorganica) remanescestes, e possıvel calcular a retencao de filler em termos
percentuais.
� Rugosidade Bendtsen: medida do caudal de ar que passa entre uma cabeca de
medida circular plana e a superfıcie do papel, medido em mililitros por minuto.
� Resistencia ao ar, Gurley: metodo para avaliar a permeabilidade ao ar. Medicao
do tempo requerido para que um caudal de 100 ml de ar atravesse a folha de papel.
Propriedades mecanicas
Relativamente as propriedades mecanicas, estas dependem dos aditivos (e respectiva
quantidade) e das propriedades das fibras (comprimento, forca, grau de refinacao, ori-
18
1.2. PAPEL
entacao) (Levlin e Soderhjelm, 1999). Os testes que irao ser realizados com vista a carac-
terizacao das folhas formadas sao os seguintes:
� Resistencia a traccao: forca necessaria para que ocorra ruptura numa folha de
papel quando esta e submetida a uma traccao nas suas extremidades em direccoes
opostas, a velocidade constante. Expresso em N m−1.
� Indice de traccao: razao entre a resistencia a traccao e a gramagem, expressa em
N m g−1.
� Alongamento: deformacao maxima da folha, em percentagem, antes da ruptura
no teste de traccao.
� Tensile Stiffness: declive maximo da curva de traccao. Exprime a rigidez da
folha em kN m−1.
� Indice de trabalho de traccao (TEA, Tensile Energy Absoption): razao
entre o trabalho realizado sobre a folha (quando esta sofre uma forca de traccao ate
a ruptura) e a gramagem, J m g−1.
� Indice de rasgamento: razao entre a forca de rasgamento (forca necessaria para
que haja um rasgamento de um folha) e a gramagem, expressa em mN m2 g−1.
� Indice de rebentamento: razao entre a resistencia ao rebentamento (maxima
pressao que o papel pode resistir sem quebrar, com a pressao aplicada na perpendi-
cular em relacao a folha) e a gramagem, expressa em kPa m2 g−1.
� Resistencia interna: resistencia de uma folha quando submetida a uma forca na
direccao perpendicular ao plano da folha de papel, expresso em J m−2.
Propriedades opticas
Diversos factores podem afectar as propriedade opticas do papel, tais como: a espes-
sura, a porosidade, os aditivos utilizados, grau de refinacao das fibras (Levlin e Soderhjelm,
1999). Os testes a efectuar serao os seguintes:
� Brancura ISO R457: factor de reflectancia difusa, intrınseco do papel relativa-
mente ao comprimento de onda de 457 nm, expresso em percentagem.
� Opacidade: medida da capacidade do papel em obstruir a passagem da luz. Propri-
edade importante a fim de prevenir a observacao do texto impresso no lado reverso
da folha. Expressa em termos percentuais.
� Coeficiente Especıfico de Dispersao da Luz (CEDL): capacidade do papel em
dispersar a luz; esta propriedade afecta a opacidade da folha. Engloba os fenomenos
19
CAPITULO 1. INTRODUCAO
de reflexao, difraccao e refraccao da luz. Os valores deste testes sao fornecidos em
m2 kg.
20
Capıtulo 2
Materiais e metodos
O objectivo desta dissertacao de mestrado, como referido anteriormente, passa por re-
alizar e avaliar o revestimento de partıculas de carbonato de calcio natural,in situ, atraves
do metodo sol-gel. Deste modo, a primeira fase de trabalhos experimentais consiste na
modificacao das partıculas de GCC e respectiva caracterizacao, apos a qual sao efectua-
dos testes papeleiros. Estes incluem a producao de folhas e a realizacao de testes fısicos e
mecanicos a fim de efectuar uma adequada avaliacao da aplicacao destes compostos modi-
ficados. Aumentou-se ainda o grau de incorporacao de GCC modificado, de modo a este
constituir 30 %(w/w) da folha. Tambem foram produzidas folhas com a carga mineral a
representar 30 %(w/w), mas, neste caso, a carga utilizada foi uma mistura de carbonato
de calcio natural (modificado) e PCC. Em todas estas folhas produzidas foram efectuados
testes fısicos de modo a determinar o efeito da aplicacao destas cargas.
2.1 Revestimento de carbonato de calcio com sılica
Antes de proceder a modificacao do carbonato de calcio natural foi necessario secar
o GCC a 105°C durante 24 horas. De seguida, moeu-se, atraves de um almofariz de
porcelana, de modo a obter-se o composto na forma de po. E nesta forma que o GCC foi
utilizado nas reaccoes de modificacao.
A reaccao, com o proposito da modificacao de GCC, seguiu a metodologia aplicada por
Gamelas et al. (2011) no revestimento de partıculas de carbonato de calcio precipitado
com sılica.
A preparacao da reaccao fez-se com a adicao de agua (38 mL), etanol (356,4 mL)
e amonıaco a 25 % (9,5 mL) num copo de 1 litro; sob agitacao mecanica(200 rpm)
introduziu-se GCC (4,22 g) lentamente e, posteriormente, TEOS (19 mL). Apos a adicao
deste ultimo composto comecou a ocorrer a reaccao. Esta prolongou-se por 24 horas a
21
CAPITULO 2. MATERIAIS E METODOS
Figura 2.1: Imagem da modificacao laboratorial de GCC com sılica.
uma temperatura ambiente de 21°C.
O GCC foi fornecido gratuitamente pela empresa Omya S.A., ao passo que o etanol,
o amonıaco e TEOS usados foram adquiridos a Sigma-Aldrich com qualidade analıtica.
Para efectuar a referida agitacao mecanica foi usado um agitador Heidolph RZR 1, com
controlo automatico de velocidade.
A Figura 2.1 e uma fotografia do copo onde a reaccao sol-gel decorreu durante as 24
horas.
Apos a reaccao ocorrer durante 24 horas, separou-se a fase solida da solucao. Para tal,
usou-se a forca centrıfuga como operacao de separacao, recorrendo a uma centrifugadora
Hettich Universal 32 para realizar a etapa pretendida. Posteriormente, a fase sobrenadante
e decantada.
A fase solida remanescente, ou seja o GCC modificado, foi lavado com 84 mL de
etanol nos frascos apropriados para a centrifugacao. O objectivo desta lavagem consiste
na remocao de reagente que ficou por reagir. A seguir, faz-se a separacao do etanol
recorrendo novamente a forca centrıfuga. O procedimento mais detalhado das etapas de
separacao por centrifugacao e lavagem com etanol esta descrito no Anexo A.
No fim da respectiva lavagem, a carga mineral modificada foi colocada numa estufa
a 40°C durante 3 dias, com o intuito de secar os resquıcios de etanol presentes. Apos a
secagem, moeu-se com cuidado de forma a obter-se novamente um po uniforme.
2.1.1 Caracterizacao de partıculas
Nesta tese foi proposto ao autor usar diferentes gamas de carbonato de calcio natural.
Assim, os materiais em estudo sao os seguintes:
� Hydrocarb 60® (H60)
22
2.1. REVESTIMENTO DE CARBONATO DE CALCIO COM SILICA
� Hydrocarb 90® (H90)
� Hydrocarb 90 Extra® (H90E)
Segundo informacoes indicadas pelo fornecedor, o Hydrocarb® 60 e 90 diferem ao nıvel
do tamanho de partıcula; assim, a gama 90 apresenta uma dimensao de partıcula inferior
face ao produto Hydrocarb® 60.
A diferenca da gama 90 extra em relacao aos outros produtos propostos reside numa
maior brancura.
A caracterizacao de partıculas e uma etapa muito importante porque, alem de uma
correcta avaliacao e descricao dos materiais em estudo, consegue-se elaborar um compara-
tivo entre os originais e os modificados. Para tal, utilizaram-se diversas tecnicas e metodos
instrumentais de analise quımica. Recorreu-se a microscopia electronica de varrimento,
espectroscopia de difraccao laser, espectroscopia de infravermelho por transformada de
Fourier, termogravimetria, espectrofotometria e metodos de potencial zeta.
Microscopia electronica de varrimento
A microscopia electronica de varrimento (SEM, Scanning Electron Microscopy) e uma
tecnica analıtica, muito util na actual investigacao cientifica, e consiste no bombardea-
mento de um feixe de electroes, os quais sao encaminhados na direccao pretendida atraves
de lentes electromagneticas e objectivas; ao atingirem a amostra, sao emitidos uma serie de
sinais, os quais sao captados por um detector. Deste modo, reproduzem-se imagens virtu-
ais da superfıcie da amostra,atraves da descodificacao da energia emitida pelos electroes.
Esta tecnologia possibilita obter imagens de alta resolucao, permitindo analisar a morfo-
logia da amostra. Quando esta e constituıda por metais, nao e necessario qualquer tipo de
preparacao, mas, como este estudo incide sobre o carbonato de calcio, e necessario aplicar
um filme fino de um material bom condutor a superfıcie do material, caso contrario os
electroes acumulam-se na superfıcie da amostra, originando um brilho intenso que impos-
sibilita uma boa observacao. Por isso, revestiu-se a amostra com uma camada de ouro,
de cerca 10 nm, durante 20 segundos (Dedavid et al., 2007).
O equipamento SEM usado para efectuar as referidas analises, foi o modelo JEOL
JSM-5310 do Instituto Pedro Nunes. As imagens foram obtidas com uma resolucao de
7500x e 20000x.
Espectroscopia de difraccao laser
A espectroscopia de difraccao laser (LDS, Laser Diffraction Spectroscopy) e uma
tecnica cujo o objectivo e medir o tamanho de partıculas. E conseguido atraves da medicao
23
CAPITULO 2. MATERIAIS E METODOS
da intensidade da luz difractada, devido a passagem de um feixe laser por uma amostra
de partıculas dispersas. Posteriormente, esta informacao e analisada para calcular uma
distribuicao do tamanho de partıcula usando a teoria da luz difractada de Mie. Este ta-
manho corresponde a um diametro esferico equivalente, ou seja, mesmo que as partıculas
sejam irregulares, o equipamento trata-as como esfericas (Malvern Instruments, 2014a).
O equipamento usado para efectuar esta analise foi o modelo Mastersizer 2000 da
empresa Malvern Instruments, que possui capacidade para medir um tamanho de partıcula
no intervalo de 0,02-2000 µm.
A preparacao da amostra consistiu na realizacao de uma diluicao da carga mineral em
agua destilada, de forma a obter uma suspensao de 1 %(w/w). Antes de adicionar a agua
devem-se colocar 3 gotas de um dispersante: policarbonato de amonio (Targon 1128). A
suspensao foi agitada magneticamente durante 20 minutos, apos os quais, foi colocada
num banho com ultrassons (50 kHz), por mais 15 minutos.
Uma parte da amostra foi adicionada a um copo do equipamento com 700 mL de agua,
no intuito de obter uma obscuracao situada entre 10 a 20 %. O teste realizou-se com a
bomba a funcionar a uma velocidade de 2000 rpm.
Espalhamento electroforetico da luz
O espalhamento electroforetico da luz (ELS, Electrophoretic Light Scattering) e uma
tecnica que mede a mobilidade electroforetica das partıculas em dispersao. Esta mobi-
lidade pode ser convertida em potencial zeta, o qual e uma medida da magnitude da
atraccao e repulsao electrostatica entre partıculas. E um indicador bastante util, visto
que, atraves dele, consegue-se prever e controlar a estabilidade de suspensoes ou emulsoes
coloidais. Quanto maior o potencial zeta, mais estabilidade possui a suspensao. As
partıculas carregadas repelem-se e esta forca supera a tendencia natural de agregacao
(Brookhaven Instruments, 2012; Instrutecnica, 2011).
Neste estudo, o potencial zeta foi calculado usando um modelo Zetasizer Nano ZS da
Malvern Instruments. Neste equipamento, um campo electrico e aplicado numa dispersao
de partıculas, as quais se movem para o electrodo com carga oposta a sua, com uma
velocidade que esta relacionada com o seu potencial zeta. Esta velocidade e medida
usando uma tecnica de laser Doppler (Malvern Instruments, 2014b).
A preparacao da amostra consistiu em diluir a carga mineral em agua ultrapura (con-
dutividade = 0,054 mS cm−1) obtendo-se uma concentracao de 1% (w/w). Esta suspensao
deve ser agitada durante 20 minutos, apos os quais, se seguem 15 minutos num banho
com ultrassons (50 kHz).
24
2.1. REVESTIMENTO DE CARBONATO DE CALCIO COM SILICA
Espectroscopia de infravermelho por transformada de fourier
A espectroscopia de infravermelho por transformada de Fourier (FTIR, Fourier Trans-
form Infrared Spectroscopy) e uma tecnica analıtica que fornece dados quantitativos e qua-
litativos sobre amostras, quer sejam organicas ou inorganicas. O princıpio deste metodo
consiste na passagem de radiacao infravermelha sobre uma amostra. Parte da radiacao
e absorvida pelo material e outra passa por este (transmitida). O comprimento de onda
da luz absorvida e caracterıstico da ligacao quımica. Como nao ha duas estruturas mole-
culares a produzir o mesmo espectro infravermelho, esta tecnica e extremamente util na
identificacao de ligacoes quımicas (grupos funcionais). Os picos de absorcao no espectro
infravermelho representam as frequencias de vibracao entre as ligacoes moleculares, que
dependem dos elementos e do tipo de ligacao (Thermo Nicolet Corporation, 2001; Rou-
essac e Rouessac, 2007). Como a intensidade de absorcao e proporcional a concentracao,
a analise FTIR pode fornecer dados quantitativos acerca da amostra.
A obtencao do espectro de infravermelho inclui a preparacao de uma fina pastilha de
brometo de potassio, a qual deve possuir uma concentracao de amostra entre 0,1 e 1 %.
O equipamento usado para realizar este estudo foi o modelo 4200 da Jasco. O espectro
foi obtido nas frequencias entre 400 e 4000 cm−1, com 64 scans e uma resolucao de 4 cm−1.
Termogravimetria
A termogravimetria (TG) e uma tecnica analıtica que monitoriza a massa de uma
substancia em funcao da temperatura e do tempo. Uma amostra e sujeita a um programa
de temperatura, numa atmosfera controlada. A amostra e colocada em cima de uma
balanca de precisao que vai registando a massa da amostra, a qual vai sendo aquecida
gradualmente num forno (Harris, 2010).
Atraves deste teste consegue-se obter a massa perdida relativamente a substancias
volateis. Neste estudo, pretende-se determinar a quantidade de agua e aditivos presentes
no carbonato de calcio natural fornecido pelo Omya S.A., bem como a quantidade de
sılica contida numa amostra de carbonato de calcio apos modificacao.
Atraves de graficos elaborados a partir dos dados fornecidos pela tecnica de termo-
gravimeria e possıvel calcular a quantidade de sılica no carbonato de calcio modificado
atraves da Equacao 2.1 (Gamelas et al., 2011).
(Quantidade
Sılica (wt%)
)=
(Perda de Massa
(580°C-900°C)× 100,144
)−(
Perda de Massa
(30°C-200°C)
)−(
% Resıduos
GCC
)(2.1)
Onde o termo [Perda de Massa (580°C-900°C)× 100,144
] estima a quantidade de carbo-
25
CAPITULO 2. MATERIAIS E METODOS
nato de calcio na amostra, de acordo com a decomposicao de CaCO3 em CaO acompa-
nhada da libertacao de CO2. O termo [Perda de Massa (30°C-200°C)] traduz a libertacao
de agua. A percentagem de Resıduos de GCC e determinada com base na termogravime-
tria do GCC original.
Esta analise foi efectuada no equipamento com a referencia TGA-50 Shimadzu da
Universidade de Aveiro, em atmosfera de ar, num intervalo de temperatura entre 25ºC e
900ºC. A taxa de aquecimento fixou-se em 10°C por minuto.
Espectrofotometria
A brancura ISO R457 do carbonato de calcio natural (em forma de po), original e
modificado, foi determinada usando o espectrofotometro L&W Elrepho concebido especi-
ficamente para a industria papeleira, que esta presente no RAIZ - Instituto de Investigacao
da Floresta e do Papel. A amostra e analisada na forma de uma pastilha de acordo com
o metodo SCAN-P 89:03. Como o teste nao e destrutivo, o GCC pode ser reaproveitado
para a producao de folhas de papel.
2.2 Testes papeleiros
Apos caracterizacao e modificacao das cargas minerais — carbonato de calcio natural
— efectuou-se uma avaliacao no que diz respeito a sua aplicacao em papel. A primeira fase
desta etapa consistiu na producao de folhas com GCC modificado, nao modificado e com
misturas de cargas minerais. Posteriormente, realizaram-se testes fısicos as respectivas
folhas formadas, com vista a sua caracterizacao.
A realizacao desta etapa decorreu nas instalacoes do RAIZ, o qual dispoe de todas as
condicoes ao nıvel de equipamento (nos seus laboratorios tecnicos) para produzir folhas e
efectuar a respectiva avaliacao.
2.2.1 Formacao de folhas
A formacao de folhas de papel e um passo essencial na concretizacao dos objectivos
definidos neste estudo e, portanto, e necessario que cumpra um planeamento previamente
determinado acerca das cargas minerais a utilizar. Assim, na Tabela 2.1 estao esquema-
tizados os tipos de cargas minerais usados na producao de folhas de papel.
O primeiro passo a realizar na formacao de folhas consiste na preparacao de materias-
primas e aditivos essenciais no fabrico de papel de impressao e escrita.
A fibra utilizada na formacao de folhas foi fornecida pelo grupo Portucel Soporcel e,
foi obtida a partir de Eucalyptus globulus Labill, por processo quımico Kraft. A fibra
26
2.2. TESTES PAPELEIROS
Tabela 2.1: Tipos de cargas minerais usados na formacao de folhas de papel.
Folhas Formadas Carga Mineral
GCC Original H60
H90
H90 E
GCC Modificado H60
H90
H90 E
Aumento de carga com GCC Modificado H60 (30 wt%)�
Misturas de cargas minerais PCC (10 %(w/w)) + H60 Modificado (20%(w/w))�
� As cargas minerais representam 30 %(w/w) na constituicao da folha de papel.
sofreu ainda refinacao de modo a obter-se um grau Schopper-Riegler de 33. A preparacao
da fibra para a producao de folhas envolveu a sua desintegracao em agua desmineralizada
com o objectivo de obter uma consistencia de 1 %.
De modo a minorar a perda de aditivos durante a formacao, foi utilizada uma solucao
aquosa a 0,025 %(w/w) de um agente de retencao, uma poliacrilamida cationica (CPAM,
Cationic Polyacrylamide) com o nome comercial Percol. Relativamente ao agente de cola-
gem, usou-se anidrido alquenil succınico (ASA), o qual foi adicionado a uma suspensao a
3 %(w/w) de amido cationico. Os aditivos foram igualmente cedidos pelo grupo industrial
Portucel Soporcel.
As cargas minerais, carbonatos de calcio natural da empresa Omya S.A., foram pre-
viamente misturadas em agua, de forma a produzir suspensoes de 1 %(w/w).
A mistura dos compostos necessarios a formacao de folhas tem que obedecer a tempos
de mistura que estao previamente estabelecidos, como e possıvel visualizar na Tabela 2.2.
Os procedimentos de preparacao da fibra e aditivos estao descritos em detalhe no Anexo
B.
A Tabela 2.2, alem dos tempos de contacto, apresenta as quantidades de fibra e aditivos
necessarios para obter uma folha de 1,6 g com uma gramagem de 80 g m2.
Um aumento na quantidade de carga mineral a adicionar implica uma menor utilizacao
de fibra, indo de encontro ao objectivo pretendido.
A formacao de folhas, alem da preparacao dos seus componentes, implica natural-
mente o uso de equipamento adequado. Assim, neste estudo utilizou-se um formador des-
contınuo da MARVI (modelo 255/SA), no qual e possıvel definir os tempos de agitacao
e decantacao. Neste formador, usou-se uma teia com 60 mesh. A fotografia do modelo
27
CAPITULO 2. MATERIAIS E METODOS
Tabela 2.2: Quantidade de cada aditivo, e respectivo tempo de contacto, aplicado naformacao de uma folha de papel (?).
ComponenteQuantidade (g) Tempo de Contacto (s)
(20 % GCC)* (30 % GCC)�
Fibra 1,266 1,102 300
GCC 0,316 0,480 300
Amido 0,016 0,016 180
ASA 0,002 0,002 180
CPAM 0,00032 0,00032 30
� As cargas minerais representam 30 %(w/w) na constituicao da folha de papel.* As cargas minerais representam 20 %(w/w) na constituicao da folha de papel.
utilizado esta presente na Figura 2.2.
Figura 2.2: Formador MARVI 255/SA(Xavier, 2012)
Os procedimentos de formacao, prensagem e condicionamento de folhas estao apresen-
tados em pormenor no Anexo C.
2.2.2 Caracterizacao das folhas formadas
No intuito de caracterizar as folhas formadas, foram realizados diversos testes fısicos,
de modo a determinar as suas propriedades estruturais, mecanicas e opticas. E atraves
destas que se torna possıvel efectuar uma adequada avaliacao do efeito das cargas modi-
ficadas no papel.
28
2.2. TESTES PAPELEIROS
Previamente a determinacao das propriedades das folhas, procedeu-se ao seu condi-
cionamento no laboratorio de ensaios fısicos durante 3 dias. Este laboratorio e mantido
a uma humidade relativa de 50 +− 2% e temperatura 23 +− 1°C, de acordo com a norma
portuguesa 20187 (ISO 187).
Primeiramente, realizaram-se os ensaios nao destrutivos para determinar as proprie-
dades opticas e estruturais. Posteriormente, cortaram-se as folhas de acordo com a norma
ISO 5269/1, a fim de obter os provetes necessarios a utilizar em cada equipamento que
irao permitir determinar as propriedades mecanicas pretendidas.
Na Tabela 2.3 estao apresentados os equipamentos, e respectiva norma, utilizados na
determinacao das propriedades estruturais, mecanicas e opticas das folhas de papel.
Tabela 2.3: Equipamentos e normas utilizados nos testes papeleiros com o objectivo decaracterizar as folhas de papel.
Propriedade Equipamento Norma Unidade
Est
rutu
rais Gramagem Mettler HK 160 ISO 536 g m−2
Espessura Micrometro SE 051 D2 ISO 534 µm
Indice de Mao Calculado ISO 534 cm3 g−1
Resistencia ao Ar Gurley SE 121 ISO 5636-5 s 100ml−1
Rugosidade de Bendtsen L&W Bendtsen ISO 8791-2 ml min−1
Opti
cas Brancura L&W Elrepho ISO 2470 %
Opacidade L&W Elrepho ISO 2471 %
CEDL L&W Elrepho ISO 9416 m2 kg−1
Mec
anic
as
Resistencia ao Rebentamento Burst-o-matic ISO 2758 KPa
Resistencia a Traccao Alwetron TH1 ISO 1924-2 N m−1
Alongamento Alwetron TH1 ISO 1924-2 %
Indice Tensile Energy Absoption Alwetron TH1 ISO 1924-2 J g−1
Tensile Stiffness Alwetron TH1 ISO 1924-2 kN m−1
Resistencia ao Rasgamento Elmendorf 125 ISO 1974 m N−1
Retencao de filler
Apos a formacao de folhas e necessario calcular a retencao de filler de modo a determi-
nar a quantidade efectiva de carga mineral que esta presente nas folhas formadas. Assim,
as amostra de papel foram calcinadas a 525°C durante 16 horas, de acordo com a norma
TAPPI 211. Amostras com GCC original e modificado tambem foram calcinadas nas
mesmas condicoes, de modo a determinar a quantidade de impurezas presentes. Assim,
29
CAPITULO 2. MATERIAIS E METODOS
estima-se um factor de correccao que e utilizado na determinacao da retencao de filler.
Esta retencao e calculada atraves da Equacao 2.2.
Retencao de Filler =Peso apos 525°C
Peso de GCC adicionado× (100 - Factor de Correccao)(2.2)
30
Capıtulo 3
Resultados e Discussao
Neste capıtulo sao analisados e discutidos os resultados provenientes das tecnicas e
metodos propostos no Capıtulo 2. A ordem de apresentacao e a mesma do capıtulo
anterior. Assim, faz-se primeiramente uma abordagem a caracterizacao das partıculas de
carbonato de calcio natural modificado e, posteriormente, uma avaliacao do seu efeito na
aplicacao em folhas de papel.
3.1 Caracterizacao de Partıculas
A caracterizacao das partıculas de carbonato de calcio natural, original e modificado,
foi realizada atraves da analise da sua morfologia, tamanho e carga de superfıcie. Tambem
existiu um foco sobre a composicao quımica, incluindo dados quantitativos acerca da
presenca de sılica no carbonato de calcio modificado. Por ultimo, analisou-se a brancura
dos carbonatos de calcio.
3.1.1 Morfologia
A morfologia e um parametro que pode ser caracterizado atraves de imagens prove-
nientes do SEM. Analisaram-se as amostras em estudo de GCC original e as respectivas
amostras modificadas. A Figura 3.1 (a) revela a tıpica morfologia romboedrica (parale-
lipıpedo com faces em losango) do mineral que constitui o carbonato de calcio natural, a
calcite. A Figura 3.1 (b) mostra as imagens SEM do Hydrocarb® 60 modificado, no qual
se observa uma ligeira alteracao da morfologia das partıculas; a forma romboedrica com
os angulos bem definidos ja nao e tao evidente indiciando a presenca de um fino filme de
sılica. Verifica-se tambem a presenca de pequenas esferas de sılica.
Na Figura 3.2 (a) e possıvel observar novamente a forma romboedrica das partıculas
de Hydrocarb® 90. Porem, nesta gama e notorio a presenca de partıculas mais pequenas,
31
CAPITULO 3. RESULTADOS E DISCUSSAO
(a) H60 - 20000x (b) H60 Modificado - 20000x
Figura 3.1: Imagens SEM do Hydrocarb® 60 original 20000x (a) e modificado 20000x(b).
confirmando a informacao indicada pelo fornecedor. Na Figura 3.2 (b), esta presente
a imagem SEM do Hydrocarb® 90 modificado, onde se constata, uma vez mais, um
revestimento de sılica na superfıcie das partıculas e a presenca de mais esferas de sılica
em redor das partıculas de carbonato de calcio. Nesta gama, e perceptıvel uma maior
agregacao das partıculas revestidas. O tamanho de partıcula inferior (e consequentemente
maior area especıfica) pode explicar a existencia de uma tendencia maior de agregacao,
face ao H60.
(a) H90 - 20000x (b) H90 Modificado - 20000x
Figura 3.2: Imagens SEM do Hydrocarb® 90 original 20000x (a) e modificado 20000x(b).
As conclusoes a retirar acerca da Figuras 3.3 (a) e (b) para GCC H90 E sao seme-
lhantes as obtidas para GCC H90.
Verificou-se que o revestimento de sılica do GCC nao e tao bem definido como no PCC
32
3.1. CARACTERIZACAO DE PARTICULAS
modificado (Gamelas et al. (2011)). Neste estudo a forma das partıculas apos modificacao
era diferente, nao sendo tao evidente a morfologia escalenoedrica. No que diz respeito ao
GCC modificado, o fino filme de sılica nao ”consegue”englobar a partıcula de forma a
alterar a sua morfologia. A explicacao para este acontecimento pode residir no facto
das partıculas de PCC possuırem uma forma geometrica com maior area especifica de
superfıcie do que o GCC.
No Anexo D estao presentes as imagens de todas as amostras de GCC original e
modificado, com resolucoes de 7500x e 20000x.
(a) H90 E - 20000x (b) H90 E Modificado - 20000x
Figura 3.3: Imagens SEM do Hydrocarb® 90 E original 20000x (a) e modificado 20000x(b).
3.1.2 Tamanho de Partıcula
O tamanho de partıcula e uma caracterıstica importante de um filler, visto que in-
fluencia directamente as propriedades mecanicas do papel. Existem diversos estudos que
relacionam aumento da resistencia a traccao com um aumento no tamanho de partıcula
da carga mineral (Kinoshita et al., 2000; Neimo e Yhdistys, 1999). Esta relacao pode ser
observada na Figura 3.4, que compara o ındice de traccao com o tamanho de partıcula e
com a quantidade de filler presente no papel. Uma justificacao possıvel reside no facto
da area de superfıcie especifica do filler diminuir a medida que o tamanho de partıcula
deste aumenta. Como esta area diminui, existem menos interfaces fibra-carga e a folha
torna-se mais resistente.
Ao observar os valores das medianas do tamanho de partıcula do carbonato de calcio,
presentes na Tabela 3.1, verificam-se as informacoes indicadas pelo fornecedor (Omya,
S.A.). O Hydrocarb® 60 possui um d50 1,6 vezes maior do que a gama Hydrocarb® 90 e
33
CAPITULO 3. RESULTADOS E DISCUSSAO
Figura 3.4: Relacao do ındice de traccao com a quantidade de carbonato de calciopresente no papel e com o tamanho de partıcula dessa mesma carga, adaptado de (Neimoe Yhdistys, 1999).
90E. Entre estes dois GCC nao existe uma diferenca no tamanho de partıcula, tal como
era expectavel.
O tamanho medio de partıcula do carbonato de calcio modificado e na ordem de
2,5 vezes maior que o original, independentemente da gama a considerar. Este efeito e
explicado pela sılica presente na superfıcie das partıculas de carbonato de calcio. Nas
imagens de SEM foi possıvel visualizar um filme fino de sılica, assim como esferas de sılica
na superfıcie das partıculas de GCC. O resultado obtido por LDS esta de acordo com os
resultados obtidos por Gamelas et al. (2011), onde se registou um aumento no tamanho
medio das partıculas de PCC sılicado relativamente ao original.
Tabela 3.1: Mediana do tamanho de partıcula de cada gama de carbonato de calcionatural, original e modificado.
Tamanho de Partıcula d50 (µm) H60 H90 H90 E
Original 2,1 1,3 1,3
Modificado 5,1 3,4 3,4
Nas Figuras 3.5, 3.6 e 3.7 estao representados os graficos com a distribuicao do ta-
manho de partıcula, de carbonato de calcio natural original e modificado, das gamas
Hydrocarb® 60, 90 e H90E respectivamente . A curva unimodal de distribuicao de tama-
nho de partıculas e transversal a todas as gamas de carbonato de calcio natural. O GCC
revestido apresenta uma distribuicao bimodal (Hydrocarb® 60) e trimodal (Hydrocarb®
90 e Hydrocarb® 90E) com os picos da distribuicao de tamanhos localizados em valores de
34
3.1. CARACTERIZACAO DE PARTICULAS
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
0,1 1 10 100 1000
Vo
lum
e (%
)
Tamanho de Partícula (µm)
H60 H60 Modificado
Figura 3.5: Distribuicao do tamanho de partıculas fraccionada do GCC Hydrocarb® 60original e modificado.
tamanho de partıcula mais elevados, indicativo que os GCC’s modificados agregam mais
do que os GCC’s originais. A curva trimodal dos GCC’s H90’s demonstra que ocorre
maior agregacao de partıculas nestas amostras face ao H60 modificado, acontecimento
referido na Seccao 3.1.1, que pode ser explicado pelo seu tamanho de partıcula inferior (e,
consequentemente, maior area especıfica). Tal como anteriormente descrito, a presenca
destes picos em valores de tamanho de partıcula superiores em relacao ao GCC original
tambem e explicada pela elevada quantidade de esferas agregadas de sılica, presentes na
superfıcie das partıculas do carbonato de calcio, principalmente nas gamas H90 e H90 E.
No Anexo E e possıvel visualizar tanto as distribuicoes fraccionadas como as acumu-
lativas de todas as gamas de GCC em estudo, na vertente original e modificada.
3.1.3 Potencial Zeta
O potencial zeta e um dado importante para analisar as ligacoes electrostaticas entre
as partıculas. Ao observar a Tabela 3.2 constata-se que o carbonato de calcio natural
possui uma carga superficial negativa, nao ocorrendo alteracoes significativas entre as
gamas analisadas.
Apos modificacao dos GCC’s, o potencial zeta tornou-se ligeiramente mais negativo,
contudo, a diferenca e residual. A sılica possui um ponto isoelectrico de aproximadamente
35
CAPITULO 3. RESULTADOS E DISCUSSAO
0
1
2
3
4
5
6
7
8
0,1 1 10 100 1000
Vo
lum
e (%
)
Tamanho de Partícula (µm)
H90 H90 Modificado
Figura 3.6: Distribuicao do tamanho de partıculas fraccionada do GCC Hydrocarb® 90original e modificado.
0
2
4
6
8
10
12
0,1 1 10 100 1000
Vo
lum
e (%
)
Tamanho de Partícula (µm)
H90E H90E Modificado
Figura 3.7: Distribuicao do tamanho de partıculas fraccionada do GCC Hydrocarb® 90E original e modificado.
36
3.1. CARACTERIZACAO DE PARTICULAS
dois, ou seja, e o valor para o qual a carga superficial e igual a zero (Simoes, 2009). Acima
deste valor de pH, a sılica fica com carga de superfıcie negativa. Como as condicoes de
preparacao de sılica foram basicas, esta devera apresentar um potencial zeta negativo.
Assim, conclui-se que o revestimento de GCC com sılica, aplicando o procedimento de
Gamelas et al. (2011), podera tornar a carga superficial das partıculas de GCC ainda mais
negativa.
A carga negativa das partıculas de GCC e de sılica nao induz uma interaccao elec-
trostatica forte entre estes dois compostos, prejudicando, possivelmente, o revestimento
de carbonato de calcio natural com sılica.
A carga negativa do filler tambem nao e favoravel para que ocorra uma ligacao robusta
entre fibra e carga mineral, apesar deste efeito ser atenuado devido a presenca de amido
cationico e de agente de retencao no furnish. Em Lourenco et al. (2013) foram realizados
testes de drenagem para seleccionar o agente de retencao mais apropriado para PCC
modificado com sılica; uma poliacrilamida cationica linear revelou bons resultados tanto
no PCC original como no modificado; na comparacao entre a utilizacao dos dois fillers,
o valor da retencao — acima de 90% — apenas desceu um ponto percentual no caso do
PCC revestido. Conclui-se que a utilizacao de uma carga mineral com carga de superfıcie
negativa nao e problematica, desde que se use CPAM como agente de retencao.
Tabela 3.2: Potencial zeta do carbonato de calcio original e modificado.
H60 H90 H90 E
Original Modificado Original Modificado Original Modificado
Potencial-29 -33 -29 -30 -28 -29
zeta (mV)
pH 8,1 8,3 8,4 8,4 8,2 8,5
No Anexo F estao presentes os graficos com a distribuicao do potencial zeta de cada
uma das amostras de GCC, nao contendo dados relevantes para a discussao.
3.1.4 Composicao Quımica
Atraves da tecnica de espectroscopia de infravermelho por transformada de Fourier
consegue-se aferir acerca da composicao quımica de uma amostra. Aplicou-se esta tecnica
analıtica ao GCC’s originais e modificados. Ao analisar o espectro do carbonato de calcio
natural, Figura 3.8, observam-se as suas bandas caracterısticas (marcadas com *) aos
1460 cm−1 (υ3 (CO3)), 872 cm−1 (υ2(CO3)) e 713 cm−1 (υ4(CO3)) (Ferreira et al., 2009).
Os espectros correspondentes ao Hydrocarb® 60, 90 e 90E originais sao identicos, nao
37
CAPITULO 3. RESULTADOS E DISCUSSAO
existindo diferencas a assinalar e, devido a este facto, optou-se por colocar apenas o
espectro de uma gama (Hydrocarb® 60) na Figura 3.8, como referencia. No entanto,
os espectros de transmitancia provenientes de todos os GCC’s, quer sejam originais ou
modificados, estao presentes no Anexo G.1.
Nos espectros dos GCC’s modificados, alem dos picos nas frequencias correspondentes
ao carbonato de calcio, visualizam-se bandas que indicam a presenca de sılica (marcadas
com +). Na regiao 1080-1085 cm−1 ocorre vibracao da ligacao Si-O-Si com o modo de
extensao assimetrico. Observam-se, igualmente, picos a 960 e 800 cm−1, devido a extensao
simetrica da ligacao Si-O-Si e, aos 460 cm−1, devido ao modo de flexao O-Si-O (Schroden
et al., 2001).
400600800100012001400160018002000
Tran
smit
ânci
a (u
.a.)
Comprimento de Onda (cm-1)
H60 H60 Modificado H90 Modificado H90E Modificado
+ + ++ +
**
*
Figura 3.8: Espectros FT-IR de GCC H60 e GCC’s modificados.
De acordo com o resultado presente em Gamelas et al. (2011), os picos de carbonato
de calcio sao mais intensos nos espectros dos GCC’s originais do que nos modificados, o
que e expectavel devido a presenca, nao so de carbonato de calcio, mas tambem de sılica.
A quantidade de sılica produzida na superfıcie das partıculas de carbonato de calcio
precipitado e proporcional a concentracao de amonia na mediacao da reaccao sol-gel,
como esta demonstrado em Gamelas et al. (2011). Como nesta tese se utilizou sempre a
mesma quantidade de NH3 na modificacao de todas as classes de GCC, nao e esperado
a formacao de quantidades muito diferentes de sılica no revestimento de cada tipo de
partıculas e,de facto, a intensidade das bandas correspondentes a sılica nos espectros dos
GCC’s modificados e identica.
38
3.1. CARACTERIZACAO DE PARTICULAS
3.1.5 Quantidade de sılica nos hıbridos GCC-Sılica
Recorrendo a tecnica de termogravimetria consegue-se estimar a quantidade de car-
bonato de calcio e sılica presente nas amostras. A decomposicao de carbonato de calcio
ocorre entre 635 °C e 865 °C (Halikia et al., 2001).
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000
Per
da
de
Mas
sa (
%)
Temperatura (⁰C)
H60 H60 Modificado
Figura 3.9: Termograma dos GCC H60 original e modificado.
Ao analisar o termograma presente na Figura 3.9, para a amostra Hydrocarb® 60,
verifica-se uma perda de massa de 45,3 % no intervalo de temperatura [580-900 °C].
Atraves da Formula 3.1 estima-se a quantidade de carbonato de calcio.
Quantidade de CaCO3 (%(w/w)) = [Perda de massa (580°C-900°C)]× 100, 1
44(3.1)
O resultado obtido (Tabela 3.3) indica que a amostra contem uma percentagem de
carbonato de calcio superior a 100%, valor que nao e plausıvel. A explicacao para este
problema pode estar num erro de medicao, a qual o autor e alheio. Nao foi efectuada,
uma repeticao do termograma devido a limitacao de tempo. Porem, o valor expectavel
para a pureza do composto e bastante elevado, tal como indicam os resultados do GCC
H90 e H90 E da Tabela 3.3.
A curva correspondente a perda de massa do GCC modificado no termograma, pre-
sente na Figura 3.9, indica um valor de 3,9% no intervalo de temperatura entre [20°C
- 200°C], a qual se deve a libertacao de agua. E esperado que ocorra maior libertacao
de agua nos GCC’s modificados do que nos GCC’s originais, devido a caracterıstica hi-
groscopica da sılica (Miner et al., 2004). A perda entre [580°C - 900°C] e explicada pela
39
CAPITULO 3. RESULTADOS E DISCUSSAO
decomposicao termica do carbonato de calcio, permitindo calcular a sua percentagem na
amostra; efectuando o mesmo raciocınio que foi aplicado a amostra de GCC original. A
percentagem de sılica foi entao estimada a partir da Equacao 2.1 referida no Capıtulo 2.
Ocorre uma perda de massa entre as temperaturas 200°C - 580°C, que pode ser atribuıda
a condensacao dos grupos hidroxilo, dando origem a grupos siloxanos, ocorrendo a li-
bertacao de agua (Unger, 1979).
Tabela 3.3: Composicao quimica (%(w/w)) dos GCC’s originais e modificados.
Composicao H60 H90 H90 Equımica (%(w/w)) Original Modificado Original Modificado Original Modificado
Carbonato103,2 � 55,5 97,4 55,9 95,8 64,3
de calcio
Agua − 3, 9 0, 2 3, 2 0, 3 2, 5Sılica − 40, 6 − 39, 6 − 30, 6Impurezas − − 2, 4 1, 4 3, 9 2, 6
� Erro de medicao.
A Figura 3.10 contem os termogramas do carbonato de calcio H90 original e mo-
dificado. As conclusoes a retirar desta amostra sao semelhantes as encontradas para
Hydrocarb® 60.
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000
Per
da
de
Mas
sa (
%)
Temperatura (⁰C)
H90 H90 Modificado
Figura 3.10: Termograma dos GCC H90 original e modificado.
O termograma do Hydrocarb® 90 E original, Figura 3.11, demonstra que a perda
de massa correspondente a libertacao de agua e a decomposicao de carbonato de calcio
40
3.1. CARACTERIZACAO DE PARTICULAS
e semelhante a obtida nos termogramas anteriores. Relativamente ao Hydrocarb® 90 E
modificado, a percentagem (em fraccao massica) de carbonato de calcio e superior a obtida
para as gamas H60 e H90, e, consequentemente, a quantidade de sılica presente na amostra
e inferior. Este facto pode ser justificado com o acaso da amostra que foi analisada conter
maior quantidade de esferas de sılica em relacao aos outros GCC’s modificados.
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000
Per
da
de
Mas
sa (
%)
Temperatura (⁰C)
H90E H90E Modificado
Figura 3.11: Termograma dos GCC H90 E original e modificado.
3.1.6 Brancura
A brancura das cargas minerais e um aspecto importante no fabrico de papel, visto
que a industria papeleira de impressao e escrita tem como objectivo a producao de papeis
com elevada brancura.
Analisando a brancura R457 das cargas minerais originais, confirma-se que o Hydrocarb®
90 E e a gama que apresenta melhor brancura, tal como indicado pelo fornecedor. No en-
tanto, existe tambem uma ligeira diferenca entre os GCC’s H60 e H90, sendo este ultimo
mais branco, como pode ser confirmado na Tabela 3.4.
Tabela 3.4: Brancura ISO R547 (%) dos GCC’s originais e modificados.
H60 H90 H90 E
Original Modificado Original Modificado Original Modificado
Brancura (%) 85,4 85,6 88,0 87,0 93,3 93,2
De acordo com a modificacao de PCC documentada em Lourenco et al. (2013), os
41
CAPITULO 3. RESULTADOS E DISCUSSAO
GCC’s revestidos com sılica mantem a brancura em relacao aos seus correspondentes ori-
ginais. Este resultado e positivo, visto que nao implica uma diminuicao nas propriedades
opticas do papel formado com estas cargas minerais modificadas.
3.2 Caracterizacao de folhas de papel
A caracterizacao das folhas e o ultimo procedimento realizado. So apos esta avaliacao
e possıvel concluir se os objectivos propostos para esta tese foram concretizados.
3.2.1 Retencao de carga mineral
A retencao de cargas minerais foi determinada pela Equacao 2.2, apos determinar o
teor de cargas segundo a norma TAPPI 211. Nas Figuras 3.12 e 3.13 sao apresentados
valores medios (de 4 ensaios) de retencao para cada gama de folhas formadas com 20
%(w/w) de cargas e um teor de sılica nas cargas modificadas de cerca de 40 %(w/w). No
Anexo H encontram-se todos os valores que conduziram a estas medias.
928787 8888
82
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Original Modificado
% R
eten
ção
méd
ia d
e C
arga
Min
eral
Carga Mineral
H60 H90 H90 E
Figura 3.12: Valores medios da retencao de solidos nas folhas formadas com 20 %(w/w)de filler.
Na Figura 3.12 e possıvel visualizar que existe maior retencao de carbonato de calcio
com a carga mineral H60 original relativamente as restantes. Este resultado pode estar
relacionado com o facto do carbonato de calcio H60 possuir um tamanho de partıcula
superior em relacao as outras gamas e assim ocorre maior retencao durante a formacao de
42
3.2. CARACTERIZACAO DE FOLHAS DE PAPEL
folhas. No que diz respeito ao GCC H90 e H90 E, estes fillers possuem retencoes identicas
o que seria de esperar atendendo ao facto de que tem um tamanho de partıcula igual.
Nas folhas produzidas com GCC modificado, verifica-se uma tendencia de descida nos
valores de retencao. A excepcao do carbonato de calcio H90, esta reducao e de cerca de
cinco pontos percentuais, valor semelhante ao reportado por Lourenco et al. (2013) no
caso em que e usado PCC.
De notar que e usado o mesmo agente de retencao para o GCC nao modificado e
modificado, podendo nao ser este o mais adequado para reter as cargas funcionaliza-
das. Todavia, um estudo feito com diferentes polımeros mostra que as poliacrilamidas
cationicas lineares sao, apesar de tudo, mais eficazes na retencao de cargas modificadas
do que as poliacrilamidas ramificadas, ou de carga negativa (Lourenco et al., 2013). Os
valores obtidos com GCC sao todos eles superiores aos obtidos quando se usou PCC num
estudo semelhante (Lourenco et al. (2013)), o que esta naturalmente relacionado com
as diferencas no tamanho, na forma e eventualmente tambem na quantidade de sılica
presente (40 %(w/w) para GCC e 29 %(w/w) para PCC).
A Figura 3.13 mostra o valor de retencao para folhas com diferente teor de GCC
H60 modificado. De todas as cargas estudadas (H60, H90 e H90E) foi este, o H60, o
escolhido para avaliar o aumento do teor de cargas pois, como se vera ao analisar os
resultados das propriedades fısico-mecanicas, e aquele que apresenta melhores valores
antes da modificacao. Na Figura 3.13 e possıvel comparar a retencao de folhas com 20 e
30 %(w/w) de H60 modificado, bem como de folhas com 30 %(w/w) de H60 modificado
e uma mistura correspondente a 20 %(w/w) de H60 modificado e 10 %(w/w) de PCC
nao modificado. Por um lado, e visıvel que a retencao aumenta com o aumento do teor
de carga. Por outro lado, quando o teor e identico independentemente de ser apenas
GCC ou uma mistura de GCC de PCC, os valores sao tambem identicos. A mistura de
20 %(w/w) de GCC H60 modificado e 10 %(w/w) de PCC nao modificado foi estudada
com o objectivo de verificar se seria possıvel usar um teor de cargas semelhantes mas sem
necessidade de modificar a totalidade, tirando partido, no caso, das melhores propriedades
opticas que o PCC exibe comparando com o GCC.
3.2.2 Propriedades estruturais, mecanicas e opticas
A discussao dos resultados relativos a caracterizacao de folhas, nomeadamente ao
nıvel das propriedades estruturais, mecanicas e opticas, esta dividida em duas etapas.
Primeiramente, sera efectuada uma abordagem entre folhas formadas com GCC original
e modificado, em cada gama. Esta abordagem incidira sobre uma leitura geral das propri-
edades mais importantes das folhas caracterizadas. Como os resultados das propriedades
43
CAPITULO 3. RESULTADOS E DISCUSSAO
8790 89
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
% R
eten
ção
méd
ia d
e C
arga
Min
eral
Carga Mineral
H60-M 20 H60-M 30 H60-M + PCC
Figura 3.13: Valores medios da retencao de solidos nas folhas formadas com 20 e 30%(w/w) de GCC H60 modificado e com mistura de cargas minerais.
da folha de papel estao extremamente dependentes da quantidade efectiva de carga mine-
ral que possuem, torna-se difıcil realizar uma correcta analise dos dados. Para contornar
esta situacao, na segunda etapa de caracterizacao de folhas e utilizado um factor de com-
paracao com o intuito de se efectuar um adequado confronto, ao nıvel das propriedades
mecanicas e opticas, entre os diversos fillers.
GCC Hydrocarb® 60 (H60 20) e Hydrocarb® 60 modificado (H60-M 20)
Na Tabela 3.5 estao apresentadas as propriedades estruturais, mecanicas e opticas mais
importantes das folhas produzidas com 20 %(w/w) de carbonato de calcio H60 original
(H60 20) e modificado (H60-M 20). Para cada carga mineral realizou-se uma replica de
formacao de folhas. As restantes propriedades medidas nestas folhas estao presentes no
Anexo I.
Ao analisar folhas com a mesma gramagem (serie 1 do H60 original e 2 do H60 mo-
dificado) e notorio que o ındice de mao aumenta com a modificacao do Hydrocarb® 60,
apesar da quantidade de filler efectivo nas folhas produzidas com GCC modificado ser
ligeiramente inferior as produzidas com o original. Este aumento deve-se ao maior ta-
manho das partıculas do GCC apos modificacao e tambem a alguma heterogeneidade na
distribuicao das esferas de sılica na estrutura do material.
Com a modificacao, as propriedades mecanicas, nomeadamente o ındice de rebenta-
mento e de traccao, aumentam, tal como era expectavel, indo de encontro ao objectivo
44
3.2. CARACTERIZACAO DE FOLHAS DE PAPEL
estabelecido neste trabalho. Este aumento pode em parte ser justificado por uma ligeira
diminuicao do teor de carga (cerca de 1 %) mas, como se vera mais tarde, ao mitigar este
efeito, ainda assim as resistencias aumentam com a funcionalizacao das cargas.
Ao observar os valores de coeficiente de dispersao da luz (CEDL) constata-se que este
parametro diminui nas folhas produzidas com GCC modificado. O ındice de refraccao da
sılica e menor em relacao ao carbonato de calcio (1,45 vs 1,57), influenciando negativa-
mente as propriedades opticas das folhas formadas com esta carga mineral. Esta tendencia
tambem foi observada por Lourenco et al. (2013). A primeira vista, estes resultados, in-
dicativos que a folha esta mais ”fechada”(menos interfaces ar-fibra), nao estao de acordo
com o aumento do ındice de mao. Porem, este aumento pode ser explicado pelo elevado
numero de esferas de sılica presentes no GCC modificado e pelo seu grau de desordem na
estrutura.
Ao nıvel da brancura, este parametro nao parece ser muito afectado pela modificacao
de carbonato de calcio, tal como se concluiu na analise as cargas minerais em po.
Tabela 3.5: Propriedades estruturais, mecanicas e opticas das folhas produzidas comGCC H60 original e modificado.
Amostra H60 20 H60-M 20
Replica 1 2 1 2
Filler Efectivo (%) 18,39 18,25 17,56 17,07Gramagem (g m−2) 83,78 85,02 82,82 83,02
Indice de Mao (cm3 g−1) 1,40 1,38 1,50 1,51
Indice de Rebentamento (kPa m2 g−1) 1,76 2,09 2,34 2,32
Indice de Traccao (N m g−1) 34,60 37,18 42,51 43,42
Indice de Rasgamento (mN m2 g−1) 5,62 5,74 5,72 5,50
C.E.D.L. (m2 kg−1) 48,50 47,59 43,41 43,74Brancura R457 (%) 84,59 84,95 84,62 85,77
GCC Hydrocarb® 90 (H90 20) e Hydrocarb® 90 modificado (H90-M 20)
A Tabela 3.6 apresenta dados quantitativos relativos as propriedades estruturais,
mecanicas e opticas das folhas formadas com GCC Hydrocarb® e GCC Hydrocarb®
modificado. As consequencias a retirar da aplicacao desta carga mineral sao semelhantes
as obtidas para o carbonato de calcio H60. O ındice de mao e as propriedades mecanicas
(Indice de traccao e rebentamento) voltam a aumentar com o GCC modificado, mas o
valor de dispersao da luz diminui. Uma vez mais, as restantes propriedades medidas estao
presentes no Anexo I.
45
CAPITULO 3. RESULTADOS E DISCUSSAO
Tabela 3.6: Propriedades estruturais, mecanicas e opticas das folhas produzidas comGCC H90 original e modificado.
Amostra H90 20 H90-M 20
Replica 1 2 1 2
Filler Efectivo (%) 17,47 17,49 17,63 17,43Gramagem (g m−2) 82,82 83,37 84,81 81,31
Indice de Mao (cm3 g−1) 1,35 1,36 1,45 1,59
Indice de Rebentamento (kPa m2 g−1) 1,87 1,83 2,16 2,27
Indice de Traccao (N m g−1) 33,71 31,80 41,70 42,34
Indice de Rasgamento (mN m2 g−1) 5,28 5,19 5,17 5,40
C.E.D.L. (m2 kg−1) 49,89 49,27 46,97 44,46Brancura R457 (%) 85,74 82,83 85,63 85,79
GCC Hydrocarb® 90 E (H90E 20) e Hydrocarb® 90 E modificado (H90E-M
20)
A principal diferenca entre os fillers carbonato de calcio H90 e H90 E reside no facto
deste ultimo apresentar um maior teor de brancura. Portanto, nao e expectavel que
haja uma disparidade nos resultados da formacao de folhas entre estas duas cargas mine-
rais, como esta patente na Tabela 3.7. Assim sendo, os resultados apresentam a mesma
tendencia dos outros GCC’s, a excepcao de alguns outliers, como e o caso do valor do
ındice de traccao e de rebentamento na serie 2 do GCC H90E-M 20. A nıvel de brancura,
ao contrario dos resultados ao po de filler, nao ocorreram diferencas neste parametro entre
as folhas produzidas com GCC H90 e H90 E. A modificacao de carbonato de calcio nao
influencia na brancura das folhas de papel.
Aumento de carga mineral
Apos a producao de folhas com 20 %(w/w) de carga mineral, aumentou-se o seu teor
nominal. Optou-se por modificar apenas o GCC H60 devido a uma limitacao de tempo e
porque possuı o maior tamanho de partıcula, e consequentemente, e o filler mais promissor
ao nıvel das propriedades mecanicas.
Comparando os resultados das folhas produzidas com H60-M 30, presentes na Tabela
3.8 com os resultados das folhas formadas com GCC nao modificado (H60 20), na Ta-
bela 3.5, observa-se que existe um aumento no ındice de mao, mas uma diminuicao nas
propriedades mecanicas da folha. Em relacao ao CEDL, este valor aumenta ligeiramente
com a presenca de filler modificado. Estes resultados evidenciam que a folha tem uma
estrutura mais ”aberta”quando e produzida com 30 %(w/w) de GCC modificado do que
46
3.2. CARACTERIZACAO DE FOLHAS DE PAPEL
Tabela 3.7: Propriedades estruturais, mecanicas e opticas das folhas produzidas comGCC H90 E original e modificado.
Amostra H90E 20 H90E-M 20
Replica 1 2 1 2
Filler Efectivo (%) 17,63 17,84 16,58 16,34Gramagem (g m−2) 83,23 85,25 82,11 84,58
Indice de Mao (cm3 g−1) 1,37 1,33 1,45 1,49
Indice de Rebentamento (kPa m2 g−1) 1,93 2,31 2,43 1,57
Indice de Traccao (N m g−1) 35,50 40,18 43,72 28,28
Indice de Rasgamento (mN m2 g−1) 5,61 5,35 5,43 5,29
C.E.D.L. (m2 kg−1) 48,96 49,25 46,52 45,72Brancura R457 (%) 85,92 86,68 87,54 86,84
com apenas 20 %(w/w) de carbonato de calcio original. Assim, a ideia retida e que o
aumento nas propriedades mecanicas induzido pelas cargas com revestimento de sılica
nas folhas de papel nao e suficiente para que se possa obter uma folha de papel com 30
%(w/w) de carga mineral e obter-se a mesma resistencia de uma folha com 20 %(w/w)
de filler.
Ao introduzir misturas de cargas minerais, tem-se como objectivo, ”produzir”uma
carga com as melhores propriedades de cada filler. Assim, produziram-se folhas de pa-
pel, em que a carga mineral foi constituıda por 20 %(w/w) de carbonato de calcio H60
modificado e 10 %(w/w) de PCC original. O intuito seria obter-se folhas com boas pro-
priedades mecanicas (provenientes do GCC modificado) e opticas, oriundo do PCC. Ao
analisar a Tabela 3.8, comprova-se que o PCC aumenta o ındice de mao e o coeficiente
especifico de dispersao da luz das folhas, devido a sua forma escalenoedrica. Porem, o
ındice de traccao sai prejudicado quando se compara com as folhas H60-M 30. Este re-
sultado era expectavel, ja que o PCC nao proporciona uma folha tao resistente como o
GCC (Raymond et al., 2004).
3.2.3 Comparacao entre cargas minerais
Embora as propriedades mecanicas sejam normalizadas pela gramagem, a comparacao
entre as folhas produzidas com diferentes cargas minerais torna-se uma tarefa difıcil por-
que o teor de filler em cada serie de folhas produzidas influencia as propriedades es-
truturais, mecanicas e opticas. Como e impossıvel produzir folhas com exactamente o
mesmo conteudo de carga mineral, e necessario encontrar uma forma de elaborar uma
comparacao mais correcta. Assim, definiu-se um factor mecanico e um optico de filler, de
47
CAPITULO 3. RESULTADOS E DISCUSSAO
Tabela 3.8: Propriedades estruturais, mecanicas e opticas das folhas produzidas comGCC H60 modificado e mistura PCC + GCC H60 modificado.
Amostra H60-M 30 H60-M+PCC
Replica 1 2 1 2
Filler Efectivo (%) 26,68 26,90 26,32 26,93Gramagem (g m−2) 82,49 82,47 83,01 83,65
Indice de Mao (cm3 g−1) 1,48 1,47 1,52 1,53
Indice de Rebentamento (kPa m2 g−1) 1,49 1,45 1,55 1,24
Indice de Traccao (N m g−1) 27,31 27,17 23,91 25,43
Indice de Rasgamento (mN m2 g−1) 4,11 4,13 3,99 3,90
C.E.D.L. (m2 kg−1) 49,69 49,81 55,39 55,60Brancura R457 (%) 86,40 82,43 87,23 83,77
modo a analisarem-se dois parametros muito importantes na producao de papeis de im-
pressao e escrita, um optico (CEDL) e outro mecanico (Indice de Traccao), trabalhando-se
com variaveis normalizadas. O factor mecanico de filler (FMF), esta presente na Equacao
3.2 (adaptado de Huang et al., 2014).
FMF =[% Filler Efectivo× Indice de Traccao] (Material 1)
[% Filler Efectivo× Indice de Traccao] (Material 2)(3.2)
Tambem se definiu um factor optico de filler (FOF), tendo por base o CEDL (Equacao
3.3 (adaptado de Huang et al., 2014)).
FOF =[% Filler Efectivo× CEDL] (Material 1)
[% Filler Efectivo× CEDL] (Material 2)(3.3)
Carga Mineral - 20 %(w/w)
Na aplicacao destes factores, utilizaram-se valores medios de cada gama. Como a
diferenca entre as gamas H90 e H90E e ao nıvel da brancura, optou-se por juntar as
series de folhas formadas com carbonato de calcio H90 e H90 E original e GCC H90-M
com H90E-M, de modo a simplificar o processo. Porem, como existem alguns pontos
outliers, foi criado um criterio para associar as series mais fidedignas. Estabeleceu-se uma
condicao em que o FMF (factor que avalia um parametro essencial para esta tese, o ındice
de traccao) aplicado a todas as combinacoes de series, deveria situar-se no intervalo 0,9 —
1,1. Na Tabela 3.9 estao presentes os resultados deste criterio e constata-se que as series
de folhas que se situam no intervalo requerido sao as seguintes: H90 1; H90 2 ; H90E 1.
Assim, os resultados de filler efectivo, ındice de traccao e CEDL a aplicar na determinacao
48
3.2. CARACTERIZACAO DE FOLHAS DE PAPEL
de FMF e FOF serao valores medios correspondentes a estas series seleccionadas.
Tabela 3.9: Factor mecanico de filler aplicado para diferentes combinacoes de series defolhas produzidas com GCC H90 e H90E.
Series FMF Aceitacao
H90 1 / H90 2� 0,94 Sim
H90 1 / H90E 1 1,05 Sim
H90 1 / H90E 2 1,22 Nao
H90 2 / H90E 1 1,11 Nao
H90 2 / H90E 2 1,29 Nao
H90E 1 / H90E 2 1,16 Nao
� p.e. H90 1 / H90 2 deve ler-se: factor mecanico de filler entre folhas formadas com20 %(w/w) de GCC H90 serie 1 e H90 serie 2, sendo as ultimas como referencia.
Aplicou-se a mesma metodologia para os GCC’s modificados. Apos analisar a Ta-
bela 3.10 conclui-se que as series a seleccionar sao: H90-M 1; H90-M 2; H90E-M 1. A
serie H90E-M2 e excluıda porque nao foi aceite no criterio definido, em nenhuma das
combinacoes de series realizadas.
Tabela 3.10: Factor mecanico de filler aplicado para diferentes combinacoes de seriesde folhas produzidas com GCC H90-M e H90E-M.
Series FMF Aceitacao
H90-M 1 / H90-M 2� 1,00 Sim
H90-M 1 / H90E-M 1 1,01 Sim
H90-M 1 / H90E-M 2 1,57 Nao
H90-M 2 / H90E-M 2 1,02 Sim
H90-M 2 / H90E-M 2 1,60 Nao
H90E-M 1 / H90E-M 2 1,57 Nao
� p.e. H90-M 1 / H90-M 2 deve ler-se: factor mecanico de filler entre folhas formadascom 20 %(w/w) de GCC H90 modificado serie 1 e H90 modificado serie 2, sendo asultimas como referencia.
O procedimento de modificacao do GCC aplicado nesta tese, tal como referido nos
capıtulos anteriores, seguiu a metodologia aplicada em Gamelas et al. (2011), no qual
foi utilizado como filler o PCC. A avaliacao desta carga mineral hıbrida na producao de
papel esta documentada em Lourenco et al. (2013) e Lourenco et al. (2014). Deste modo,
e pertinente efectuar-se um estudo comparativo entre o PCC (tanto na vertente original
como na modificada) e as cargas minerais estudadas nesta tese. Por forma a realizar este
49
CAPITULO 3. RESULTADOS E DISCUSSAO
estudo, foram retiradas de Lourenco et al. (2014) os valores das propriedades necessarias
para calcular o FMF e FOF (Tabela 3.11)
Tabela 3.11: Propriedades das folhas produzidas com PCC e com PCC Modificado(Lourenco et al., 2014).
Propriedade PCC PCC Modificado�
Filler efectivo (%) 20,9 22,5
Indice de Traccao (N m g−1) 28,4 33,6CEDL (m2 kg−1) 62,1 52,8
� PCC revestido com sılica, 28 %(w/w).
Apos estes dados introdutorios, calculou-se finalmente o FMF e FOF relativo as fo-
lhas produzidas com PCC e GCC’s originais e modificados tendo como referencia, de
preferencia, a carga mineral original. Assim, na Figura 3.14 sao apresentados estes resul-
tados.
1,12
1,021,010,95
1,13
0,86
1,25
0,91
1,27
0,92
0,00
0,20
0,40
0,60
0,80
1,00
1,20
1,40
FMF FOF
H60/H90 H60-M/H90-M H60-M/H60 H90-M/H90 PCC-M/PCC
Figura 3.14: Factor mecanico e optico de filler entre as folhas produzidas com PCC eGCC’s originais/modificados. Nota: p.e. H60/H90 deve ler-se: factor mecanico de fillere/ou factor optico de filler entre folhas formadas com 20 %(w/w) de GCC H60 e H90,tendo como referencia as folhas com carbonato de calcio H90.
Ao visualizar os resultados apresentados na Figura 3.14, confirma-se a informacao
referida na Seccao 3.1 sobre o tamanho de partıcula. Um tamanho superior induz melhores
propriedades mecanicas, conforme se pode constatar pela determinacao de FMF entre os
GCC’s originais H60 e H90. Alem de apresentar boas propriedades mecanicas, o filler
H60 tambem possui uma ligeira vantagem ao nıvel das propriedades opticas em relacao a
carga H90.
50
3.2. CARACTERIZACAO DE FOLHAS DE PAPEL
Os dados de FMF das gamas H60-M/H60 e H90-M/H90 revelam que a modificacao
de GCC com sılica cumpre o objectivo proposto neste tese: aumentar a resistencia da
folha atraves de uma ligacao fibra-carga mineral mais forte. A melhoria ao nıvel da
traccao e mais significativa no GCC H90 do que no H60. Este resultado comprova que o
revestimento de sılica em partıculas mais pequenas e mais eficiente. No que respeita ao
factor optico de filler, existe uma perda no CEDL apos a modificacao, como foi constatado
anteriormente, porem, essa reducao e menor no H90 do que no Hydrocarb® H60. De
acordo com Velho (2002), o coeficiente de dispersao da luz e tanto maior quanto menor
for o tamanho de partıcula. Quando se efectua uma comparacao directa entre o carbonato
de calcio H60 modificado e H90 tambem modificado, demonstra-se que sao semelhantes
no ındice de traccao, mas o ultimo e melhor ao nıvel das propriedades opticas. No balanco
entre estes dois factores, o H90 e o filler que induz melhores propriedades a folha.
A comparacao directa entre o PCC modificado e original mostra que o revestimento
com sılica e um pouco mais vantajoso no PCC do que no GCC, por apresentar um valor
maior de FMF e de FOF, ou seja, a modificacao de PCC permite um melhoramento de
maior magnitude nas propriedades mecanicas e menores perdas ao nıvel optico face ao
GCC.
1,11
0,68
0,98
0,64
1,25
0,58
0,00
0,20
0,40
0,60
0,80
1,00
1,20
1,40
FMF FOF
H60/PCC H60-M/PCC-M H60-M/PCC
Figura 3.15: Factor mecanico e optico de filler entre as folhas produzidas com PCC eGCC H60 original/modificado. Nota: p.e. H60/PCC deve ler-se: factor mecanico de fillere/ou factor optico de filler entre folhas formadas com 20 %(w/w) de GCC H60 e PCC,tendo como referencia as folhas com carbonato de calcio precipitado.
A Figura 3.15 compara o carbonato de calcio H60 com o PCC, tanto a nıvel original
como modificado.
Folhas produzidas com carbonato de calcio H60 sao mais resistentes do que as produ-
51
CAPITULO 3. RESULTADOS E DISCUSSAO
zidas com PCC. Quando se analisam as propriedades opticas, a situacao e inversa. Esta
conclusao e expectavel de acordo com os estudos documentados por Thorp (2005). No
balanco entre as duas cargas, ocorre maior perda nas propriedades opticas do que ganho
nas mecanicas, na passagem do filler de PCC para GCC H60.
Analisando as folhas produzidas pelas cargas H60-M e PCC modificado (PCC-M), o
GCC, apos modificacao, nao induz propriedades mecanicas tao boas como o PCC revestido
com sılica. No aspecto optico, o PCC modificado induz melhores resultados que o GCC
H60-M, demonstrando a vantagem intrınseca que possui neste campo. Estes resultados
confirmam que o ganho a nıvel mecanico adquirido no PCC modificado, observado na
Figura 3.14, compensa a tendencia intrınseca e o aumento adquirido que o GCC induz
nas propriedades mecanicas da folha.
Apesar do GCC modificado apresentar resultados inferiores ao PCC modificado, convem
relembrar que o PCC e sintetizado industrialmente e, consequentemente, e um com-
posto mais dispendioso do que o GCC, o qual e extraıdo naturalmente. Assim, o factor
economico pode compensar a ligeira perda das propriedades mecanicas do GCC modifi-
cado versus PCC modificado.
Comparando a carga mineral H60 modificado com PCC industrial, conclui-se que o
primeiro apresenta um aumento de 25 % nas propriedades mecanicas face ao PCC. Apesar
deste resultado positivo, o GCC revestido produz folhas com piores propriedades opticas.
Assim, a carga H60-M pode ser bastante util para a producao de papeis especiais com
elevada resistencia, ja que e menos dispendiosa do que o PCC modificado. Tambem a
nıvel economico, e importante aferir se o GCC modificado e mais oneroso que o PCC
industrial.
A Figura 3.16 mostra os resultados da comparacao entre a carga mineral H90 e PCC.
Ao contrario do H60, o filler H90 original nao e vantajoso em relacao ao PCC industrial
a nıvel mecanico e, como seria esperado, ainda menos no campo optico.
Em relacao aos fillers modificados, tal como se concluiu na analise comparativa entre
o Hydrocarb® 60 modificado e o PCC modificado, revestir GCC H90 com sılica produz
um resultado, no que diz respeito as propriedades mecanicas da folha, inferior ao obtido
com PCC modificado.
Entre a carga mineral H90-M e PCC os resultados sao semelhantes, uma vez mais, aos
obtidos com o filler H60. Embora a diferenca entre o H90-M e o PCC seja ligeiramente
inferior a obtida entre o H60-M e PCC a nıvel das propriedades mecanicas, a perda nas
propriedades opticas do papel nao e tao elevada no caso do H90-M face ao PCC, como
acontece no H60-M.
52
3.2. CARACTERIZACAO DE FOLHAS DE PAPEL
0,99
0,66
0,97
0,67
1,23
0,61
0,00
0,20
0,40
0,60
0,80
1,00
1,20
1,40
FMF FOF
H90/PCC H90-M/PCC-M H90-M/PCC
Figura 3.16: Factor mecanico e optico de filler entre as folhas produzidas com PCC eGCC H90 original/modificado. Nota: p.e. H90/PCC deve ler-se: factor mecanico de fillere/ou factor optico de filler entre folhas formadas com 20 %(w/w) de GCC H90 e PCC,tendo como referencia as folhas com carbonato de calcio precipitado.
Carga Mineral - 30 %(w/w)
Apos producao de folhas com 20 %(w/w), aumentou-se a quantidade de carga mineral
presente nas folhas de papel para 30 %(w/w). Por limitacao de tempo, optou-se por
estudar apenas uma gama de GCC. A escolha teve por base os resultados ate entao
obtidos: o filler H60 repercute melhores propriedades mecanicas no papel do que o H90.
Na Figura 3.17 consegue-se visualizar a comparacao entre o carbonato de calcio H60
modificado e o PCC modificado. Comparando o resultado com a Figura 3.15, constata-se
que o aumento na quantidade de carga presente no papel, faz com que a diferenca entre
o GCC modificado e o PCC modificado aumente ao nıvel da traccao. Enquanto que a 20
%(w/w) de filler, o GCC modificado e praticamente igual ao PCC modificado ao nıvel das
propriedades mecanicas, o mesmo nao acontece quando a carga representa mais que 20
%(w/w). Em relacao ao coeficiente de dispersao, com o aumento da quantidade de carga
mineral presente no papel ocorre menos perda nas propriedades opticas, isto e, quando se
compara o H60-M 20 com o H60-M 30 (tendo como referencia o PCC modificado).
A comparacao entre as folhas produzidas com H60-M e PCC a 30 %(w/w), revela que a
incorporacao de um filler modificado aumenta o ındice de traccao, como seria expectavel,
porem esse aumento nao e tao significativo como acontece nas folhas produzidas com
20 %(w/w). Enquanto que neste ultimo caso, o aumento e de 25 %, nas folhas com 30
%(w/w), essa diferenca e apenas de 13 %. Em relacao ao CEDL, nao ha grandes diferencas
a registar entre as folhas formadas com GCC modificado a 30 %(w/w) e as produzidas a
53
CAPITULO 3. RESULTADOS E DISCUSSAO
20 %(w/w), apesar de em ambos os casos ocorrer perda nas propriedades opticas.
Em relacao as misturas de cargas minerais, folhas produzidas com 20 %(w/w) de GCC
modificado e 10 %(w/w) de PCC, nao sao melhores a nıvel mecanico do que folhas com 30
%(w/w) de GCC modificado. Esta diferenca era esperada, visto que a quantidade de GCC
modificado foi reduzida. Porem, o ganho que se obtem no caso das folhas constituıdas
por 30 %(w/w) nao compensa os custos economicos de modificar maior quantidade de
filler. Alem do mais, folhas produzidas com a mistura tem melhores propriedades opticas,
induzidas pela presenca do PCC.
0,90
0,69
1,13
0,56
0,90
1,11
0,810,77
1,01
0,62
0,00
0,20
0,40
0,60
0,80
1,00
1,20
FMF FOF
H60-M/PCC-M H60-M/PCC (PCC+H60-M)/H60-M (PCC+H60-M)/PCC-M (PCC+H60-M)/PCC
Figura 3.17: Factor mecanico e optico de filler entre as folhas produzidas com PCC’se GCC’s a 30 %(w/w). Nota: p.e. H60-M/PCC-M deve ler-se: factor mecanico de fillere/ou factor optico de filler entre folhas formadas com 30 %(w/w) de GCC H60 modificadoe PCC modificado, tendo como referencia as folhas com carbonato de calcio precipitado.
As folhas produzidas com a mistura de cargas minerais nao tem propriedades mecanicas
e opticas tao boas como as produzidas com apenas PCC modificado. Como as folhas
formadas com 30 %(w/w) de GCC modificado tem um ındice de traccao inferior as pro-
duzidas com PCC modificado, e expectavel que a mistura tambem induza ainda menos
propriedades mecanicas. Contudo, tendo como referencia o PCC, a diferenca no valor de
CEDL nao e tao grande na mistura relativamente as folhas produzidas com apenas GCC
modificado. Convem relembrar que o GCC e menos dispendioso que o PCC e, portanto,
a nıvel economico e menos oneroso produzir uma mistura de carga H-60 modificado mais
PCC do que apenas GCC ou PCC modificado. Se este parametro for tido em conta,
podera contrabalancar os resultados menos positivos que a mistura revela.
A analise as folhas produzidas com a mistura e com PCC original revela que o ganho
obtido na traccao devido ao GCC modificado e residual. Alem disso, ocorre uma perda
54
3.2. CARACTERIZACAO DE FOLHAS DE PAPEL
substancial a nıvel das propriedades opticas. A conclusao e que nao compensa produzir
folhas com a mistura de cargas minerais, face a formacao com apenas PCC.
Analisando adicionalmente o factor mecanico e optico de filler entre as folhas formadas
com 30 %(w/w) de Hydrocbarb® 60 modificado e as produzidas com 20 %(w/w) do filler
H60 (1,11 e 1,51 respectivamente, Figura 3.18), constata-se que e possıvel aumentar o
teor de cargas minerais presentes na folha, em cerca de 10 %, sem por em causa as
suas propriedades mecanicas e opticas. A mesma comparacao pode ser realizada entre a
mistura de cargas minerais e GCC H60 original, sendo 1,00 o resultado de FMF e 1,68 de
FOF. As conclusoes sao identicas ao confronto anterior, porem a mistura de cargas possui
vantagem em relacao ao GCC H60 modificado ao nıvel das propriedades opticas e no que
diz respeito ao aspecto economico.
1,11
1,51
1,00
1,68
0,00
0,20
0,40
0,60
0,80
1,00
1,20
1,40
1,60
FMF FOF
H60-M 30 / H60 20 H60-M+PCC / H60 20
Figura 3.18: Factor mecanico e optico de filler entre as folhas produzidas com cargasminerais modificadas a 30 %(w/w) e 20 %(w/w) originais. Nota: p.e. H60-M 30/H60 20deve ler-se: factor mecanico de filler e/ou factor optico de filler entre folhas formadascom 30 %(w/w) de GCC H60 modificado e 20 %(w/w) de GCC H60 original, tendo comoreferencia as folhas com carbonato de calcio original.
55
Capıtulo 4
Conclusoes
O objectivo proposto nesta tese passou por aplicar um revestimento de sılica sobre a
carga mineral, carbonato de calcio natural, aplicando o metodo de Gamelas et al. (2011),
tentando-se aumentar a resistencia do papel. Este objectivo foi cumprido, visto que
resistencia a traccao das folhas de papel aumentou apos a aplicacao dos fillers modificados.
Os grupos hidroxilo da sılica permitem estabelecer pontes de hidrogenio com as fibras de
celulose, melhorando a ligacao fibra-filler. Avaliaram-se tres gamas diferentes de GCC e,
em todas elas, cumpriu-se esta finalidade, independentemente das diferencas que residem
entre as gamas, ao nıvel do tamanho de partıcula e da brancura.
O GCC Hydrocarb® 60, sem ser modificado, apresenta melhores propriedades mecanicas
do que o H90 (devido ao seu tamanho de partıcula maior), porem, apos modificacao, nao
ocorre diferenca entre eles. O aumento de traccao na transicao de original para modificado
e maior no H90 do que no H60, compensando a tendencia intrınseca que o H60 possui.
Este resultado sugere que o revestimento com sılica e mais eficiente em partıculas de GCC
mais pequenas. A nıvel optico, o valor de CEDL da folha diminui com a aplicacao de um
filler modificado, indicativo que a folha esta mais ”fechada”(menos interfaces ar-fibra).
Porem, o aumento do ındice de mao observado contradiz esta informacao. O elevado
numero e distribuicao aleatoria de esferas de sılica aumenta o ındice de mao (mais inter-
faces fibra-ar), mas nao perturba a ligacao fibra-fibra. As folhas perdem menos opacidade
no H90 modificado versus H90 do que no Hydrocarb® 60 modificado versus H60. Apos
estes factos concluıdos, constata-se que e preferıvel modificar o GCC H90 do que o H60.
Entre os GCC’s Hydrocarb® H90 e H90 E, a diferenca reside ao nıvel de brancura.
Contudo, a diferenca que se observa no filler em po nao e evidente apos a producao
de folhas com estas cargas. Como nao se constataram diferencas entre estes dois fillers
optou-se por estuda-los como sendo a mesma carga mineral.
Os resultados provenientes da comparacao entre o GCC modificado e PCC modificado
57
CAPITULO 4. CONCLUSOES
revelam que o revestimento de sılica nas partıculas de carbonato de calcio precipitado
repercute resultados (no que diz respeito a traccao) mais satisfatorios do que no GCC, in-
dependentemente da gama a utilizar. Estes resultados indicam que alem, da interferencia
do tamanho de partıcula na deposicao de sılica na superfıcie de carbonato de calcio, su-
gerida pela diferenca de resultados entre as gamas de GCC’s estudadas, o estudo entre o
GCC e o PCC revela que a morfologia tambem intervem no revestimento de sılica. Este
e mais eficaz na forma escalenoedrica do que na romboedrica.
Apesar de a modificacao de GCC nao trazer resultados tao positivos como os de PCC,
quando se compara o GCC modificado com o PCC modificado conclui-se que eles possuem
valores identicos a nıvel de traccao (o carbonato de calcio natural, sem modificacao, induz
melhores propriedades mecanicas do que o PCC). No aspecto optico, o GCC modificado
prejudica mais esta caracterıstica na formacao da folha do que o PCC modificado, de
facto, na comparacao entre estes dois fillers na sua forma original ja existe esta diferenca.
No caso dos papeis de impressao e escrita, as propriedades opticas sao muito relevantes
na avaliacao entre as duas cargas e, portanto, a vantagem que o GCC modificado possui
no aspecto economico (e menos oneroso extrair GCC de uma pedreira ou mina do que
sintetizar o PCC industrial) podera nao ser relevante.
Observou-se que a 30 %(w/w), as folhas formadas com GCC modificado nao tem
resultados tao positivos como a 20 %(w/w), tendo como referencia o PCC. A 30 %(w/w)
existe uma diferenca de 10% em desfavor do GCC. Em termos opticos a perda de CEDL
do GCC modificado face ao PCC, mantem-se quer a folha seja constituıda por 20 %(w/w),
quer a 30 %(w/w).
A mistura de cargas minerais e pior, no que respeita a traccao, do que o H60 modifi-
cado. A nıvel optico a situacao e inversa. Ponderando ambos os parametros, conclui-se
que as cargas (mistura e H60 modificado) estao equilibradas. Porem, se adicionarmos o
factor economico, a mistura apresenta vantagem, visto ser menos dispendioso modificar
20 %(w/w) do que 30 %(w/w) da carga mineral.
Tendo como referencia o PCC modificado, a mistura de cargas minerais prejudica
tanto as propriedades mecanicas como opticas das folhas de papel. Apesar da mistura
de cargas ser favoravel economicamente (GCC e mais barato que o PCC e usa-se apenas
20 %(w/w) modificado), este facto pode nao ser suficiente para contrabalancar os seus
pontos desfavoraveis em relacao ao PCC modificado.
Comprovou-se que e possıvel realizar um aumento de carga mineral (em cerca de 10
%) presente na folha, sem prejudicar as propriedades mecanicas e opticas da folha, quer
atraves da aplicacao de GCC H60 modificado, quer com a mistura de cargas minerais,
tendo este ultimo vantagem no campo economico e nas propriedades opticas.
Na ponderacao ou comparacao entre os diversos filler o factor economico e determi-
58
CAPITULO 4. CONCLUSOES
nante na escolha entre o GCC e o PCC. Torna-se difıcil elaborar o exercıcio de comparacao
entre os fillers neste campo porque, alem do autor desconhecer o preco das cargas mine-
rais, existem custos inerentes a modificacao de GCC ou de PCC que sao desconhecidos
(os custos a nıvel laboratorial sao muito dıspares em relacao a um processo industrial
optimizado, caso seja possıvel realizar o scale-up da reaccao de modificacao). No entanto,
os custos da modificacao poderao ser mitigados com o aumento da resistencia do papel e
consequente melhoria nos processos de impressao e copia.
59
Capıtulo 5
Trabalho Futuro
O autor recomenda como trabalho futuro, primeiramente, repetir a producao de folhas
com as cargas minerais utilizadas nesta tese de modo a confirmar a reprodutibilidade.
Propoe-se aplicar diversas quantidades de filler, original e modificado, no papel, de
modo a estudar o efeito e as tendencias que o seu aumento repercute nas propriedades
estruturais, mecanicas e opticas das folhas do papel. A carga a utilizar para este estudo,
alem do Hydrocarb® 60, deve ser a mistura de cargas (H60 modificado + PCC) e o H90.
Este foi o filler cuja modificacao trouxe mais benefıcios a folha no que diz respeito a
resistencia a traccao e menos prejuızos a nıvel optico.
Tambem se sugere estudar a possibilidade de utilizar GCC modificado em papeis onde
a resistencia mecanica e determinante em detrimento das opticas. Neste campo, o GCC
possui vantagem em relacao ao PCC.
Propoe-se, igualmente, verificar se existe diferenca entre as gamas H60 e H90 a nıvel
de custo economico e realizar uma estimativa dos custos envolvidos na modificacao do
GCC.
Por ultimo, devem-se realizar testes de scale-up das reaccoes de modificacao de car-
bonato de calcio natural e tambem da aplicacao destas cargas minerais na producao de
papel.
61
Bibliografia
Becerra, V. e Odermatt, J. (2014). Direct determination of cationic starches in paper sam-
ples using analytical pyrolysis. Journal of Analytical and Applied Pyrolysis, 105(0):348
– 354.
Boulos, R. A., Zhang, F., Tjandra, E. S., Martin, A. D., Spagnoli, D., e Raston, C. L.
(2014). Spinning up the polymorphs of calcium carbonate. Scientific Reports, 4:–.
Brookhaven Instruments (2012). http://www.brookhaveninstruments.com/literature/
lit_theory_02.html. Consultado em: 29/05/2014.
Chabot, B., Thibodeau, J., e Daneault, C. (2008). Effect of a synthetic zeolite on free
calcium ion build-up in white water. Pulp & Paper Canada, 109:3:39–43.
Cheng, W., Broadus, K., e Ancona, M. (2011). New technology for increased filler use
and fiber savings in graphic grades. PaperCon, 1:616–620.
de Moraes, S. V. M. (2008). Sıntese e caracterizacao de hıbridos a base de sılica contendo
aminas alifaticas e aromaticas. PhD thesis, Universidade Federal do Rio Grande do
Sul.
Dedavid, B. A., Gomes, C. I., e Machado, G. (2007). Microscopia eletronica de varredura
: aplicacoes e preparacao de amostras : materiais polimericos, metalicos e semicondu-
tores. Edipucrs, Porto Alegre.
Ding, P., Liu, W., e Zhao, Z. (2011). Roles of short amine in preparation and sizing perfor-
mance of partly hydrolyzed {ASA} emulsion stabilized by laponite particles. Colloids
and Surfaces A: Physicochemical and Engineering Aspects, 384(1–3):150 – 156.
Donald, C., Juha, K., e Michael, W. (2000). Composite pigments having enhanced light
scattering ability. WO Patent App. PCT/US1999/015,230.
Fardim, P. (2002). Papel e quımica de superfıcie. O Papel, 1:97–107.
63
BIBLIOGRAFIA
Ferreira, P. J., Gamelas, J. A., Moutinho, I. M., Ferreira, A. G., Gomez, N., Molleda,
C., e Figueiredo, M. M. (2009). Application of ft-ir-atr spectroscopy to evaluate the
penetration of surface sizing agents into the paper structure. Industrial & Engineering
Chemistry Research, 48(8):3867–3872.
Ferreira, P. J. T. (2000). Estudos de Pastas Kraft de Eucalyptus Globulus: Caracterısticas
Estruturais e Aptidao Papeleira. PhD thesis, Universidade de Coimbra.
Foster, J. C. e Doll, J. (2000). The effect of calcium carbonate particle size and shape
on the properties and performance of calcium carbonate granulations. In Specialty
Minerals.
Gamelas, J. A., Lourenco, A. F., Xavier, M., e Ferreira, P. J. (2014). Modification of
precipitated calcium carbonate with cellulose esters and use as filler in papermaking.
Chemical Engineering Research and Design, (0):–.
Gamelas, J. A. F., Lourenco, A. F., e Ferreira, P. J. (2011). New modified filler obtained
by silica formed by sol-gel method on calcium carbonate. Journal of Sol-Gel Science
and Technology, 59(1):25–31.
GEA (2014). http://www.westfalia-separator.com/applications/
chemical-pharmaceutical-technology/mineral-processing/calcium-carbonate.
Consultado em:07/05/2014.
Grupo Portucel Soporcel (2012). Relatorio e contas. Technical report, Grupo Portucel
Soporcel.
Halikia, I., Zoumpoulakis, L., Christodoulou, E., e Prattis, D. (2001). Kinetic study of
the thermal decomposition of calcium carbonate by isothermal methods of analysis.
European Journal of Mineral Processing and Environmental Protection, 1(2):89–102.
Harris, D. (2010). Quantitative Chemical Analysis. W. H. Freeman, New York.
Hladnik, A. e Muck, T. (2002). Characterization of pigments in coating formulations for
high-end ink-jet papers. Dyes and Pigments, 54(3):253 – 263.
Huang, X., Sun, Z., Qian, X., Li, J., e Shen, J. (2014). Starch/sodium oleate/calcium
chloride modified filler for papermaking: Impact of filler modification process conditions
and retention systems as evaluated by filler bondability factor in combination with other
parameters. Industrial & Engineering Chemistry Research, 53(15):6426–6432.
64
BIBLIOGRAFIA
Hubbe, M., Nanko, H., e McNeal, M. (2009). Retention aid polymer interactions with
cellulosic surfaces and suspensions: a review. Bioresource Technology, 4(2):850–906.
Industrial Minerals (2011). 523. 32-37.
Instrutecnica (2011). http://www.instrutecnica.com/represen/bic/teoriazeta.html.
Jenkins, S. (2001). The use of alkenyl succinic anhydride for sizing recycled fibres.
TAPPSA Journal, 1:1.
Kim, D. S. e Lee, C. K. (2002). Surface modification of precipitated calcium carbonate
using aqueous fluosilicic acid. Applied Surface Science, 202(1–2):15 – 23.
Kinoshita, N., Katsuzawa, H., Nakano, S., Muramatsu, H., Suzuki, J., Ikumi, Y., e
Toyotake, Y. (2000). Influence of fibre length and filler particle size on pore structure
and mechanical strength of filler-containing paper. The Canadian Journal of Chemical
Engineering, 78(5):974–982.
Lattaud, K., Vilminot, S., Hirlimann, C., Parant, H., Schoelkopf, J., e Gane, P. (2006).
Index of refraction enhancement of calcite particles coated with zinc carbonate. Solid
State Sciences, 8(10):1222 – 1228.
Lee, H.-K., Joyce, M. K., Fleming, P. D., e Cawthorne, J. E. (2005). Influence of silica and
alumina oxide on coating structure and print quality of ink-jet papers. Tappi Journal,
4:11–16.
Levlin, J.-E. e Soderhjelm, L. (1999). Pulp and Paper Testing. Papermaking Science &
Tecnology Series.
Lourenco, A. F., Gamelas, J. A. F., e Ferreira, P. J. (2014). Increase of the filler content in
papermaking by using a silica-coated pcc filler. Nordic Pulp & Paper Research Journal,
29:240–245.
Lourenco, A. F., Gamelas, J. A. F., Zscherneck, C., e Ferreira, P. J. (2013). Evaluation
of silica-coated pcc as new modified filler for papermaking. Industrial & Engineering
Chemistry Research, 52(14):5095–5099.
Malvern Instruments (2014a). http://www.malvern.com/en/products/technology/
laser-diffraction/. Consultado em: 29/05/2014.
Malvern Instruments (2014b). http://www.malvern.com/en/products/product-range/
zetasizer-range/zetasizer-nano-range/zetasizer-nano-zsp/default.aspx. Consul-
tado em: 29/05/2014.
65
BIBLIOGRAFIA
Miner, M., Hosticka, B., e Norris, P. (2004). The effects of ambient humidity on the
mechanical properties and surface chemistry of hygroscopic silica aerogel. Journal of
Non-Crystalline Solids, 350(0):285 – 289. Aerogels 7. Proceedings of the 7th Internati-
onal Symposium on Aerogels 7th International Symposium on Aerogels.
Mollaahmad, M. A. (2008). Sustainable filler for paper. Master’s thesis, Lulea University
of Techonology.
Myllymaeki, V., Aksela, R., Sundquist, A., e Karvinen, S. (2006). New composite ma-
terials, method for their preparation and use in paper and board manufacturing. WO
Patent App. PCT/FI2006/000,088.
Neimo, L. e Yhdistys, S. P.-I. (1999). Papermaking Chemistry. Technical Association of
the Pulp and Paper Industry.
Nogueira, I. F. J. (2013). Funcionalizacao de cargas minerais para a producao de papeis
de impressao e escrita. Master’s thesis, Universidade de Coimbra.
Omya (2012). Calcium carbonate & dolomite. http://www.omya.com/C125728900639D06/
direct/calciumcarbonate-dolomite. Consultado em: 29/04/2014.
Paperindex (2006). http://www.paperindex.com/resources/glossary/p.aspx. Consul-
tado em: 01/04/2014.
Passaretti, J. D. e Corner, L. (1991). Acid-stabilized calcium carbonate, process for its
production and method for its use in the manufacture of acidic paper.
Qian, K., Liu, W., Zhang, J., Li, H., Wang, H., e Wang, Z. (2013). Using urea to improve
stability, sizing performance and hydrolysis resistance of {ASA} emulsion stabilized by
laponite. Colloids and Surfaces A: Physicochemical and Engineering Aspects, 421(0):125
– 134.
Rahman, I. A. e Padavettan, V. (2012). Synthesis of silica nanoparticles by sol-
gel: Size-dependet properties, surface modification and applications in silica-polymer
nanocomposites- a review. Journal of Nanomaterials, 2012:15 pages.
Raymond, L., Turcotte, R., e Gratton, R. (2004). The challenges of increasing filler in
fine paper. Paper Technology, July:34–40.
Rouessac, F. e Rouessac, A. (2007). Chemical Analysis: Modern Instrumentation Methods
and Techniques. Wiley, Chichester.
66
BIBLIOGRAFIA
Schellhamer, A., Schuster, M., e Taggart, T. (1992). Papermaking using cationic starch
and naturally anionic polysacchride gums. US Patent 5,104,487.
Schroden, R. C., Blanford, C. F., Melde, B. J., Johnson, B. J., e Stein, A. (2001). Direct
synthesis of ordered macroporous silica materials functionalized with polyoxometalate
clusters. Chemistry of materials, 13(3):1074–1081.
Shen, J., Song, Z., Qian, X., e Liu, W. (2009). Modification of papermaking grade filler:
A brief review. Bioresources, 4:1190–1209.
Shui, M. (2003). Polymer surface modification and characterization of particulate calcium
carbonate fillers. Applied Surface Science, 220(1–4):359 – 366.
Simoes, P. F. (2009). Revestimento de cargas minerais para papel por metodos sol-gel.
Master’s thesis, Universidade de Coimbra.
Specialty Minerals (2014). http://www.specialtyminerals.com/paper/pcc-pigments/
features-of-pcc/pcc-morphology-comparison/. Consultado em: 02/05/2014.
Stratton, P. (2012). An overview of the north american calcium carbonate market. In
Roskill Information Services.
Thermo Nicolet Corporation (2001). Introduction to fourier transform infrared spectro-
metry.
Thorp, B. (2005). Engineered filler: An agenda 2020 goal. Solutions! for People, Processes
and Paper, May:45–48.
Unger, K. K. (1979). Porous silica. Elsevier.
Velho, J. L. (2002). How mineral filler influence paper properties: Some guidelines. In
CIADICYP’2002.
Wu, K. (1996). Surface modified calcium carbonate composition and uses therefor. US
Patent 5,584,923.
Xavier, M. J. F. C. (2012). Revestimento de cargas minerais para papeis finos de impressao
e escrita. Master’s thesis, Universidade de Coimbra.
Xu, M., Xu, M., Hongqi Dai, S. W., e Wu, W. (2013). The impact of synthesis conditi-
ons on the structure and properties of di-(stearylamidoethyl) epoxypropyl ammonium
chloride. Bioresource Technology, 8(3):3347–3357.
67
BIBLIOGRAFIA
Yoon, S.-Y. (2007). Bonding Material Coated Clay for improving paper properties. PhD
thesis, Georgia Institute of Technology.
68
Anexos
69
Anexo A
Separacao de GCC da mistura
reaccional
A separacao de GCC da mistura reaccional, apos ocorrer a reaccao, e conseguida
empregando a tecnica de centrifugacao. O procedimento adoptado para realizar esta
etapa de separacao e a lavagem de GCC modificado com etanol esta esquematizado a
seguir. De recordar que se recorreu a uma centrifugadora do modelo Hettich Universal
32.
Para uma reaccao sol-gel com 400 mL (4,2 g de carga mineral, lavagem com 84 ml de
etanol):
1. Coloca-se a mistura reaccional numa serie de 6 frascos de vidro e leva-se a centrıfugadora
(2000 rpm; 15 min).
2. Retira-se o sobrenadante por decantacao.
3. Adicionam-se 2,5 mL de etanol em cada frasco. Limpam-se as paredes com o esgui-
cho (∼ 1 mL).
4. Agita-se cada frasco no agitador vortex. Transfere-se o conteudo de quatro frascos
para os restantes dois.
5. Centrifugam-se os dois frascos.
6. Retira-se o sobrenadante, adiciona-se 8 mL de etanol em cada um dos dois frascos
e agita-se.
7. Centrifuga-se novamente.
8. Retira-se o sobrenadante por decantacao.
9. Coloca-se 5 mL num dos frascos, agita-se e transfere-se o seu conteudo para outro.
71
ANEXO A. SEPARACAO DE GCC DA MISTURA REACCIONAL
10. Repetem-se os 9 passos anteriores, com mais uma serie de seis frascos de vidro.
11. Centrifugam-se os dois ultimos frascos de cada serie, retira-se o sobrenadante e
introduz-se na estufa a 40°C durante 3 dias.
72
Anexo B
Preparacao de fibra e aditivos
Procedimentos relativamente a preparacao de fibra e aditivos usados na formacao de
folhas.
B.1 Determinacao da consistencia da fibra
Com vista a determinacao de consistencia da fibra, devem-se seguir as seguintes etapas:
1. Desintegrar 30 g de pasta seca em um litro de agua a 1200 rpm.
2. Preparar uma suspensao de 8 L com a pasta desintegrada.
3. Homogeneizar bem a suspensao de 8 L de pasta e pesar numa proveta de 500 mL.
4. Fazer uma folha com a suspensao da proveta: encher o formador de agua. Logo que
se verifique a entrada de agua, colocar a suspensao de fibra. Rapidamente, lavar a
proveta e colocar a agua da lavagem no formador.
5. Apos a agitacao, a decantacao e a drenagem, levantar o formador de folha e colocar
3 mata-borroes por cima da folha e um disco metalico.
6. Aplicar pressao.
7. Remover o disco e os 2 mata-borroes superiores e colocar o conjunto mata-borrao+folha
de pasta a secar na esmaltadeira
8. Colocar num copo fechado e pesar rapidamente, apos a folha estar completamente
seca. Posteriormente, pesar apenas com o copo fechado.
9. Repetir todos os passos para mais 2 folhas de pasta.
10. Calcular a media dos 3 pesos e determinar a consistencia, pela Equacao B.1, para
saber qual o peso a retirar de modo a fazer uma folha com 1,266 g de fibra.
73
ANEXO B. PREPARACAO DE FIBRA E ADITIVOS
Consistencia da suspensao de fibra =massa pesada folha seca
massa da suspensao× 100 (B.1)
B.2 Fibra
A preparacao de fibra apos a desintegracao consiste apenas em diluı-la num balde ate
8 L. A quantidade a retirar para a formacao de cada folha e obtida atraves da consistencia
da fibra. Usa-se a Equacao B.2.
Massa suspensao a retirar =(1,266)
Consistencia da suspensao de fibra× 100 (B.2)
B.3 GCC
A preparacao de uma solucao de GCC implica o seguinte procedimento:
1. Diluir a quantidade de GCC necessaria de forma a realizar uma suspensao de 1%.
2. Agitar com barra magnetica durante 20 minutos.
3. Levar a suspensao aos ultrassons durante 15 minutos. No fim, manter sempre em
agitacao (antes da primeira utilizacao deve ter estado, pelo menos, 30 minutos a
agitar).
B.4 Amido + ASA
Procedimento de preparacao do amido e do agente de colagem:
1. Pesa-se 20g de amido (cationico) e coloca-se num copo de 800 mL.
2. Junta-se 600 mL de agua desmineralizada, previamente aquecida a 60°C, para faci-
litar a agitacao e evitar que a suspensao forme gel.
3. Prolonga-se o aquecimento ate 70°C e adiciona-se 10 µL de enzima (α=amilase),
sempre sob forte agitacao. Aumenta-se o aquecimento para 80°C durante 5 minutos.
4. Adiciona-se 3,3 mL de solucao de sulfato de zinco, mantendo sempre a agitacao,
para terminar a reaccao de conversao enzimatica. Aquece-se a suspensao ate 90-
92°C, mantendo a agitacao a esta temperatura durante 15 minutos (cozimento do
amido). No final arrefece-se ate 80°C, mantendo a forte agitacao.
74
ANEXO B. PREPARACAO DE FIBRA E ADITIVOS
5. Adicionam-se 2 g de ASA e mantem-se a mistura a 60-70°C.
A quantidade de amido a adicionar tem que ser repetidamente calculada na formacao
de cada folha, uma vez que o amido esta a 60°C e existe evaporacao. Deste modo,
determina-se a quantidade a retirar atraves da Equacao B.3.
Quantidade de Amido/ASA a retirar =(Peso actual− peso copo)× 0, 016)
(20− nº de adicoes anteriores× 0, 016)(B.3)
B.5 CPAM
A preparacao do agente de retencao, uma poliacrilamida cationica com o nome Percol,
com vista a formacao de folhas segue os seguintes passos:
1. Pesa-se 0,1 g de Percol.
2. Adiciona-se 100 mL de agua quente (40°C) sob forte agitacao ate o solido dissolver
totalmente. Adiciona-se a restante agua para obter 400g de solucao.
Para adicionar 0,00032 g (quantidade necessaria para formar uma folha), deve-se re-
tirar 13 µl de solucao.
75
Anexo C
Formacao de folhas
A formacao de folha e conseguida atraves da realizacao do seguinte procedimento:
1. Encher o formador com 3/4 da agua.
2. Colocar a quantidade de fibra, determinada no calculo da consistencia, a agitar.
3. Adicionar a fibra a quantidade de carga mineral necessaria para formar uma folha.
Iniciar o temporizador.
4. Introduzir a mistura Amido/ASA, previamente preparada, no copo com a fibra e
carga mineral, ao fim de 2 minutos. A quantidade de Amido/ASA a colocar e obtida
pela Equacao B.3.
5. Colocar o Percol, ao fim de 4 minutos e 30 segundos.
6. Apos 4 minutos e 35 segundos, retirar a barra magnetica e levar a mistura Fi-
bra+PCC+Amido+ASA+Percol ao formador, lavando o copo e introduzindo a agua
lavada.
7. Abrir o formador, apos a agitacao, decantacao e drenagem. Colocar 1 mata-borrao
novo por cima da folha e 1 mata-borrao usado e um disco metalico por cima deste.
Aplicar pressao.
8. Retirar o disco e o mata-borrao superior e colocar o conjunto folha+mata-borrao
na maquina de prensagem.
C.1 Prensagem e condicionamento das folhas
A prensagem e condicionamento das folhas obedece as seguintes etapas:
1. Colocar 2 mata-borroes na base da maquina de prensagem. Colocar as folhas pro-
duzidas, alternadamente, com mata-borroes.
77
ANEXO C. FORMACAO DE FOLHAS
2. Terminar a pilha com 2 folhas de mata-borrao.
3. Colocar a placa superior da prensa em cima da pilha e apertar em cruz.
4. Prensar a pilha de folhas durante 5 minutos. No final, remover a pilha.
5. Colocar 2 mata-borroes na base da maquina de prensagem. Remover os mata-
borroes e colocar um mata-borrao novo em cima de cada folha.
6. Prensar a nova pilha de folhas durante 2 minutos. No final, remover a pilha.
7. Colocar os discos metalicos e as correspondentes folhas nos aneis de secagem da sala
condicionada. E em seguida, colocar a pilha de aneis junto a ventoinha.
8. Separar cada folha dos respectivo disco, no final da secagem e por a condicionar na
sala.
78
Anexo D
Imagens SEM
Imagens SEM de carbonato de calcio natural, original e modificado, com uma resolucao
de 7500x e 20000x.
(a) H60 - 7500x (b) H60 Modificado - 7500x
(c) H60 - 20000x (d) H60 Modificado - 20000x
Figura D.1: Imagens SEM do Hydrocarb® 60 original, 7500x (a) e 20000x (c);Hydrocarb® 60 modificado , 7500x (b) e 20000x (d).
79
ANEXO D. IMAGENS SEM
Os resultados provenientes do Hydrocarb 90 podem ser visualizados na Figura D.2.
(a) H90 - 7500x (b) H90 Modificado - 7500x
(c) H90 - 20000x (d) H90 Modificado - 20000x
Figura D.2: Imagens SEM do Hydrocarb 90 original, 7500x (a) e 20000x (c); Hydrocarb90 modificado , 7500x (b) e 20000x (d).
Os resultados provenientes do Hydrocarb 90 E podem ser visualizados na Figura D.3.
80
ANEXO D. IMAGENS SEM
(a) H90 E - 7500x (b) H90 E Modificado - 7500x
(c) H90 E - 20000x (d) H90 E Modificado - 20000x
Figura D.3: Imagens SEM do Hydrocarb® 90 E original, 7500x (a) e 20000x (c);Hydrocarb® 90 E modificado , 7500x (b) e 20000x (d).
81
Anexo E
LDS - Tamanho de partıcula
Resultados correspondentes a distribuicao do tamanho de partıculas fraccionada e acu-
mulativa relativamente ao carbonato de calcio natural, original e modificado, Hydrocarb®
60, Hydrocarb® 90 e Hydrocarb® 90 Extra. Na Figura E.1 estao apresentados os resul-
tados relativamente ao Hydrocarb® 60.
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
0,1 1 10 100 1000
Vo
lum
e (%
)
Tamanho de Partícula (µm)
H60 H60 Modificado
(a) Distribuicao Fraccionada
0
20
40
60
80
100
120
0,1 1 10 100 1000
Vo
lum
e (%
)
Tamanho de Partícula (µm)
H60 H60 Modificado
(b) Distribuicao Acumulativa
Figura E.1: Distribuicao do tamanho de partıculas fraccionada (a) e acumulativa (b)do Hydrocarb® 60 original e modificado.
83
ANEXO E. LDS - TAMANHO DE PARTICULA
Os resultados provenientes do Hydrocarb® 90 podem ser visualizados na Figura E.2.
0
1
2
3
4
5
6
7
8
0,1 1 10 100 1000
Vo
lum
e (%
)
Tamanho de Partícula (µm)
H90 H90 Modificado
(a) Distribuicao Fraccionada
0
20
40
60
80
100
0,1 1 10 100 1000
Vo
lum
e (%
)
Tamanho de Partícula (µm)
H90 H90 Modificado
0
20
40
60
80
100
120
0,1 1 10 100 1000
Vo
lum
e (%
)
Tamanho de Partícula (µm)
H90 H90 Modificado
(b) Distribuicao Acumulativa
Figura E.2: Distribuicao do tamanho de partıculas fraccionada (a) e acumulativa (b)do Hydrocarb® 90 original e modificado.
A Figura E.3 representa a distribuicao do tamanho de partıcula referentes ao carbonato
de calcio H90 E.
0
2
4
6
8
10
12
0,1 1 10 100 1000
Vo
lum
e (%
)
Tamanho de Partícula (µm)
H90E H90E Modificado
(a) Distribuicao Fraccionada
0
20
40
60
80
100
120
0,1 1 10 100 1000
Vo
lum
e (%
)
Tamanho de Partícula (µm)
H90E H90E Modificado
(b) Distribuicao Acumulativa
Figura E.3: Distribuicao do tamanho de partıculas fraccionada (a) e acumulativa (b)do Hydrocarb® 90E original e modificado.
84
Anexo F
Potencial zeta
Na Figura F.1 estao presentes as distribuicoes do potencial zeta dos GCC’s em estudo,
na vertente original e modificada.
0
1
2
3
4
-100 -50 0 50 100
Inte
nsi
dad
ex
10
00
00
Potencial Zeta (mV)
H90 H90 Modificado
(a) H60
0
1
2
3
4
-100 -50 0 50 100
Inte
nsi
dad
ex
10
00
00
Potencial Zeta (mV)
H60 H60 Modificado
(b) H90
0
1
2
3
4
-100 -50 0 50 100
Inte
nsi
dad
ex
10
00
00
Potencial Zeta (mV)
H90E H90E Modificado
(c) H90 E
Figura F.1: Distribuicao do potencial zeta das amostras (a) Hydrocarb® 60, (b)Hydrocarb® 90 e (c) Hydrocarb® 90 Extra, original e modificado.
85
Anexo G
FT-IR
Na Figura G.1 estao presentes os espectros FTIR dos GCC’s em estudo, na vertente
original e modificada.
400600800100012001400160018002000
Tran
smit
ânci
a (u
.a.)
Comprimento de Onda (cm-1)
H60 H60 Modificado
**
*+
+
+ ++
(a) H60
400600800100012001400160018002000
Tran
smit
ânci
a (u
.a.)
Comprimento de Onda (cm-1)
H90 H90 Modificado
**
*++
+ ++
(b) H90
400600800100012001400160018002000
Tran
smit
ânci
a (u
.a.)
Comprimento de Onda (cm-1)
H90 H90E Modificado
**
*+
++
++
(c) H90E
Figura G.1: Espectro FTIR das amostras de carbonato de calcio natural (a) H60, (b)H90 e (c) H90E, original e modificado.
87
Anexo H
Retencao de cargas minerais
A Tabela H.1 mostra os valores de retencao de carga mineral para cada serie de folhas
produzidas com 20 %(w/w) de GCC nao modificado.
Tabela H.1: Retencao de carga mineral para cada serie de folhas produzidas com 20%(w/w) de GCC nao modificado.
Amostra Serie Retencao (%) Retencao Media(%)
H601
91,4
9292,4
291,1
91,4
H901
87,4
8787,3
286,6
88,3
H90 E1
87,5
8886,9
289,2
89,2
A Tabela H.2 e H.3 apresentam os resultados da retencao de cargas minerais das folhas
produzidas com 20 %(w/w) e 30 %(w/w) de carga mineral respectivamente.
89
ANEXO H. RETENCAO DE CARGAS MINERAIS
Tabela H.2: Retencao de carga mineral para cada serie de folhas produzidas com 20%(w/w) de GCC modificado.
Amostra Serie Retencao (%) Retencao Media(%)
H60-M1
86,7
8788,9
285,8
84,9
H90-M1
87,5
8888,8
286,6
87,8
H90E-M1
83,7
8282,1
280,9
82,4
Tabela H.3: Retencao de carga mineral para cada serie de folhas produzidas com 30%(w/w) de GCC nao modificado e mistura de cargas minerais (H60 modificado + PCC).
Amostra Serie Retencao (%) Retencao Media(%)
H60-M 301
89,7
9088,1
289,7
91,4
H60-M + PCC1
88,2
8987,2
290,5
89,0
90
Anexo I
Caracterizacao de folhas de papel
As propriedades estruturais, mecanicas e opticas de cada serie de folhas produzidas
com Hydrocarb® 60, 90, 90 E a 20 %(w/w) e a 30 %(w/w) estao representadas nas
Tabelas I.1, I.2, I.3 e I.4 respectivamente.
Tabela I.1: Propriedades estruturais, mecanicas e opticas das folhas produzidas comGCC H60 original e modificado.
Amostra H60 20 H60-M 20
Replica 1 2 1 2
Est
rutu
rais
Filler Efectivo (%) 18,39 18,25 17,56 17,07Gramagem (g m−2) 83,78 85,02 82,82 83,02
Indice de Mao (cm3 g−1) 1,40 1,38 1,50 1,51Massa Volumica (g cm−3) 0,72 0,72 0,67 0,66Resistencia ao ar Gurley 100ml (s) 3,81 5,32 4,09 3,37Rugosidade ar Bendtsen, FL (ml min−1) 191,77 199,75 414,14 410,20
Mec
anic
as
Indice de Rebentamento (kPa m2 g−1) 1,76 2,09 2,34 2,32
Indice de Traccao (N m g−1) 34,60 37,18 42,51 43,42Extensao (%) 2,86 2,72 2,77 2,62Tensile Stiffness (kN m−1) 534,60 521,73 593,68 609,64
Indice T.E.A. (J m g−1) 0,74 0,74 0,86 0,83
Indice de Rasgamento (mN m2 g−1) 5,62 5,74 5,72 5,50
Opti
cas C.E.D.L. (m2 kg−1) 48,52 47,59 43,41 43,74
Opacidade (%) 88,10 88,09 86,25 85,94Brancura R457 (%) 84,59 84,95 84,62 85,77
91
AN
EX
OI.
CA
RA
CT
ER
IZA
CA
OD
EF
OL
HA
SD
EP
AP
EL
Tabela I.2: Propriedades estruturais, mecanicas e opticas das folhas produzidas com GCC H90 original e modificado.
Amostra H90 20 H90-M 20
Replica 1 2 1 2
Est
rutu
rais
Filler Efectivo (%) 17,47 17,49 17,63 17,43Gramagem (g m−2) 82,82 83,37 84,81 81,31
Indice de Mao (cm3 g−1) 1,35 1,36 1,45 1,59Massa Volumica (g cm−3) 0,74 0,73 0,69 0,63Resistencia ao ar Gurley, 100 ml (s) 5,57 5,56 4,93 3,54Rugosidade ar Bendtsen, FL (ml min−1) 202,75 206,63 342,20 725,63
Mec
anic
as
Indice de Rebentamento (kPa m2 g−1) 1,87 1,83 2,16 2,27
Indice de Traccao (N m g−1) 33,71 31,80 41,70 42,34Extensao (%) 2,64 2,62 2,83 2,73Tensile Stiffness (kN m−1) 515,61 516,72 604,35 561,57
Indice T.E.A. (J m g−1) 0,67 0,62 0,88 0,83
Indice de Rasgamento (mN m2 g−1) 5,28 5,19 5,17 5,40
Opti
cas C.E.D.L. (m2 kg−1) 49,89 49,27 46,97 44,46
Opacidade (%) 88,41 89,58 87,52 85,92Brancura R457 (%) 85,74 82,83 85,63 85,79
92
AN
EX
OI.
CA
RA
CT
ER
IZA
CA
OD
EF
OL
HA
SD
EP
AP
EL
Tabela I.3: Propriedades estruturais, mecanicas e opticas das folhas produzidas com GCC H90 E original e modificado.
Amostra H90E 20 H90E-M 20
Replica 1 2 1 2
Est
rutu
rais
Filler Efectivo (%) 17,44 17,84 16,58 16,34Gramagem (g m−2) 83,23 85,25 82,11 84,58
Indice de Mao (cm3 g−1) 1,37 1,33 1,45 1,49Massa Volumica (g cm−3) 0,73 0,75 0,69 0,67Resistencia ao ar Gurley, 100 ml (s) 4,63 9,09 3,86 4,53Rugosidade ar Bendtsen, FL (ml min−1) 173,46 126,74 396,38 422,86
Mec
anic
as
Indice de Rebentamento (kPa m2 g−1) 1,93 2,31 2,43 1,57
Indice de Traccao (N m g−1) 35,50 40,18 43,72 28,28Extensao (%) 2,71 3,05 2,81 1,91Tensile Stiffness (kN m−1) 525,46 538,58 592,25 447,77
Indice T.E.A. (J m g−1) 0,73 0,88 0,91 0,38
Indice de Rasgamento (mN m2 g−1) 5,61 5,35 5,43 5,29
Opti
cas C.E.D.L. (m2 kg−1) 48,96 49,25 46,52 45,72Opacidade (%) 87,76 87,86 86,22 86,59Brancura R457 (%) 85,92 86,68 87,54 86,84
93
AN
EX
OI.
CA
RA
CT
ER
IZA
CA
OD
EF
OL
HA
SD
EP
AP
EL
Tabela I.4: Propriedades estruturais, mecanicas e opticas das folhas produzidas com 30 %(w/w) de GCC H60 modificado emistura PCC + GCC H60 modificado.
Amostra H60-M 30 H60-M+PCC
Replica 1 2 1 2
Est
rutu
rais
Filler Efectivo (%) 26,68 26,90 26,32 26,93Gramagem (g m−2) 82,49 82,47 83,01 83,65
Indice de Mao (cm3 g−1) 1,48 1,47 1,52 1,53Massa Volumica (g cm−3) 0,68 0,68 0,66 0,65Resistencia ao ar Gurley, 100 ml (s) 2,93 2,63 3,13 2,45Rugosidade ar Bendtsen, FL (ml min−1) 394,86 421,38 385,83 420,00
Mec
anic
as
Indice de Rebentamento (kPa m2 g−1) 1,49 1,45 1,55 1,24
Indice de Traccao (N m g−1) 27,31 27,17 23,91 25,43Extensao (%) 2,47 2,48 2,23 2,40Tensile Stiffness (kN m−1) 457,61 456,87 433,30 437,26
Indice T.E.A. (J m g−1) 0,50 0,49 0,40 0,47
Indice de Rasgamento (mN m2 g−1) 4,11 4,13 3,99 3,90
Opti
cas C.E.D.L. (m2 kg−1) 49,69 49,81 55,39 55,60
Opacidade (%) 87,97 89,78 89,28 90,99Brancura R457 (%) 86,40 82,43 87,23 83,77
94