Módulo 14 OTR

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Escola Profissional de Espinho

Curso Profissional de Tcnico de Receo

Ano letivo 2011/2012

Disciplina: Operaes Tcnicas de Receo

Mdulo 14 Animao na Hotelaria

Formadora: Mafalda Alpoim

Mdulo 14 Animao na Hotelaria

[3 ano]

Objetivos

- Estar sensibilizado para a importncia da Animao como fator de desenvolvimento turstico - Entender o conceito de Animao, a sua importncia e a sua aplicao no turismo - Reconhecer o papel da Animao turstica no contexto da indstria do Turismo e Lazer - Perceber a importncia do Animador Turstico - Conhecer a diversidade de atividades de animao turstica, a sua aplicabilidade a cada situao, considerando os objetivos, os destinatrios, as estratgias, e os respetivos requisitos humanos e materiais para a sua implementao. - Adquirir saberes, competncias, metodologias e tcnicas de animao - Ter capacidade de organizar e ter conscincia do seu papel de agente dinamizador da Indstria Turstica - Interligar a componente turstica, o territrio e a cultura local tendo como objetivo proporcionar ao pblico-alvo uma interao ldico-cultural em funo dos seus diferentes contextos, sensibilidades e especificidades.

Bibliografia

ALLEN, Johnny e outros Organizao e Gesto de Eventos. Rio de Janeiro: Campus, 2003;

CENTRO DE ESTUDIOS ACADMICOS A DISTNCIA, Animacin Hotelera, Espanha, s.d; FERREIRA, M.A Subsdios para uma teoria de Animao Turstica, in Economia e Prospetiva, Vol. I, n4. Lisboa: M.E, 1998;

Outros Recursos

Panfletos/brochuras fornecidos pelo Posto de Turismo sobre o turismo local e regional;

Informao sobre unidades hoteleiras fornecidas pelas prprias entidades; Informao fornecida pelas Pousadas de Portugal; Videogramas promocionais de diferentes Unidades Hoteleiras; Publicaes do Turismo de Portugal.

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Mdulo 14 Animao na Hotelariandice de Contedos

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1. 2. 3. 3.1. 3.2. 3.3. 4. 5. 6. 7.

Contexto histrico do lazer ............................................................................................. 4 O lazer e o turismo na sociedade moderna .................................................................... 6 Animao na hotelaria .................................................................................................... 8 Principais caractersticas da animao ....................................................................... 8 Atividades e conceitos relacionados com a animao ...............................................14 Classificao e tipologia das atividades de animao turstica ..................................15 Perfil e Funes do Animador Turstico .........................................................................16 Mtodos e Tcnicas de Animao .................................................................................17 A comunicao na Animao ........................................................................................19 O Planeamento de atividades de animao ..................................................................20

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Mdulo 14 Animao na Hotelaria1. Contexto histrico do lazer

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Sendo um conceito muito ambguo, o lazer no pode deixar de incluir no quadro dos seus conceitos, as dimenses do tempo e da atividade. Muitos autores definem o lazer atendendo ao seu carcter temporal, considerando as vinte e quatro horas do dia e subtraindo delas os perodos que no so de lazer: trabalho, sono, alimentao e as necessidades fisiolgicas. Segundo o dicionrio de sociologia, lazer todo o tempo excedente ao tempo devotado ao trabalho, sono, alimentao, atendimento e outras necessidades fisiolgicas.

Existem definies de lazer que no apontam para perodos de tempo mas para a qualidade das atividades executadas. O lazer uma atitude mental e espiritual, no simplesmente o resultado de fatores externos, no o resultado inevitvel do tempo de folga, um feriado, um fim de semana ou um perodo de frias. uma atitude de esprito, uma condio da alma. Para este autor, o lazer uma atitude de esprito, ligado ao gozo de fazer algo e aos valores e requintes artsticos.

Do ponto de vista sociolgico, lazer caracterizado pelo tempo livre de trabalho e outro tipo de obrigaes, englobando atividades caracterizadas por um volume considervel do fator liberdade, mas liberdade do poder fazer, sem ter que obedecer ou responder. Lazer uma srie de ocupaes com as quais o indivduo pode comprazer-se de livre e espontnea vontade, quer para descansar, divertir-se, enriquecer os seus conhecimentos ou aprimorar as suas habilidades, quer para aumentar a sua participao na vida comunitria.

Para este socilogo francs, o lazer replica trs funes: diverso, repouso e engrandecimento dos saberes e da participao social. O repouso, pode ser visto como o recobro das tenses quotidianas, a diverso um antdoto contra o aborrecimento e o enriquecimento dos conhecimentos conduz ao desenvolvimento da personalidade. O lazer no uma categoria, porm um estilo de comportamento, podendo ser encontrado em no importa qual atividade: pode-se trabalhar com msica, estudar brincando, lavar loua ouvindo rdio, promover um comcio poltico com desfiles de balizas, misturar o erotismo ao sagrado, etc. Toda a atividade pode pois vir a ser um lazer.

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A sociologia do lazer recusa a confuso entre lazer e tempo livre. O tempo livre o tempo orientado prioritariamente para a satisfao pessoal, e apenas as atividades orientadas para a expresso pessoal, quaisquer que sejam as suas condicionantes sociais, dizem respeito ao lazer.

O perodo devoto ao recreio visto como um fator de desenvolvimento pessoal, social e econmico. O espao de recreio tem vindo a aumentar, substancialmente, ao longo dos tempos; este espao tem sido objeto de estudo por parte das organizaes e ocupado por um conjunto de atividades e atraes muito apelativas capazes de melhorar a qualidade de vida de todos os intervenientes. O tempo de cada indivduo despendido de uma forma repartida, a que equivale um bloco de tempo ocupado em atividades existenciais (43%), atividades de subsistncia (34%) e em atividades de lazer (23%).

Ilustrao 1 - Leisure, Recreation and Tourism Existence 43% Tourism

Leisure 23%

Recreation

Subsistence 34%

Fonte: (Costa, 1996:6) O tempo de recreio, de acordo com Costa (1996:6), ocupa um espao de tempo dedicado ao lazer. nesse espao de tempo dedicado recreao prpria que os indivduos se ocupam muitas vezes a fazer turismo. O turismo como que o culminar de uma vida ativa e dedicada a muitas tarefas, umas necessariamente impostas e outras adquiridas, para o desenvolvimento pessoal de cada um.

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O tempo de lazer, por sua vez, pode ser utilizado em atividades (fsicas ou intelectuais) de recreao ou enriquecimento da personalidade ou, ainda, em alternativa, gasto na ociosidade. Alguns autores consideram que o cio no bom e criticvel, pois subentende a inatividade ou o lazer vazio sem recreao. O lazer emerge como uma perceo positiva, uma imagem desejvel e a recreao aparece como uma funo utilitria, uma atividade que se projeta na ocupao de um tempo previamente partilhado.

A necessidade de gerir este tempo e estes espaos de lazer fez com que despontasse uma nova realidade profissional, capaz de rentabilizar economicamente, tempo e espaos dedicados ao lazer.

2.

O lazer e o turismo na sociedade moderna

Hoje, o consumo do lazer est dividido por trs setores: O Lazer Livre, voluntrio e espontneo, sem algum tipo de organizao e direo, apenas conduzido pela vontade do fazer urgente que se reflete muitas vezes, de acordo com a vontade imediata e ambio propcia de fazer algo sem ter que existir uma organizao ou indivduo por detrs que a impulsione e explore. O Lazer Pblico, controlado pelo Estado e outras instncias governamentais, proporcionando espaos pblicos, geridos pelas autoridades pblicas, prontos a serem ocupados pelas pessoas no seus tempos de lazer. O Lazer Privado, controlado por particulares e empresas, rentabiliza todo o potencial na gerao de maisvalias econmicas para proveito prprio.

As formas de lazer hoje mais praticadas continuam a relacionar-se muito com a mobilidade o turismo e com o convvio com a natureza, que possibilita prticas de baixo custo, muito adequadas crise..... O culto da imagem do corpo e a procura de emoes fortes em modalidades desportivas de aventura so outra das marcas dos lazeres destes anos mais recentes. Esta abordagem conduz ao recreio, que pode ser visto como uma das funes do lazer, a de renovar o ego ou de preparar para o trabalho. O termo recreio, deriva do Latim Recreare, que significa fazer brotar de novo. A 7 edio do Dicionrio de Lngua Portuguesa da Porto Editora, diz que recreio o lugar onde as pessoas se recreiam, a recreao o ato ou efeito de recrear ou recrear-se, e recrear divertir-se, causar

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prazer, folgar, deleitar-se, ou seja, rejuvenescer o corpo e alma, aprontando-se para as tarefas de carcter obrigatrio que se avizinham.

Assim, o recreio pode ser considerado como uma extenso do lazer, a consequncia do tempo disponvel, aps satisfeitas as necessidades do trabalho, com um conjunto de oportunidades, naturais ou construdas, capazes de motivar a experimentao, obtendo o prazer como resultado.

O turismo, importante promotor do recreio, espelha um setor de atividade organizado e, muito atento s mutaes constantes da sociedade. A indstria do recreio , cada vez mais, uma realidade diretamente relacionada com vrios setores de atividade. O recreio foi, e sempre ser, o espao de tempo pelo qual constantemente todos ansiamos. Reside neste facto um dos vrios fatores de crescimento do setor turstico no mundo, pois, quanto maior o tempo disponvel, maior as hipteses de ser ocupado com atividades ligadas ao turismo.

O turismo atualmente uma realidade inteiramente enraizada na sociedade e no mundo. Hoje um objeto de anlise interdisciplinar, motivando o interesse e desejo dos mais variados setores de atividade. De facto, o turismo to amplo, to intrincado e to multifacetado, que so necessrias diferentes abordagens para o estudar, cada uma delas adaptadas a uma tarefa ou objetivo diferente. O turismo aborda uma multidisciplinaridade de cincias ligadas vida em sociedade. So diversos os ramos cientficos que se aliam

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ao turismo, tentando entrelaar informao, de forma a erigir conceitos explicativos deste fenmeno social.

3.

Animao na hotelaria

A Animao na hotelaria, aparece nos nossos dias como uma necessidade imprescindvel, se tomarmos em considerao as Novas Motivaes no Turismo. As unidades hoteleiras de vanguarda tiveram que se adaptar s mudanas operadas na sociedade, indo ao encontro duma clientela que deixou de estar somente interessada num quarto ou apartamento confortvel, ou comodamente sentados num restaurante com servio impecvel, para exigir tambm um complemento diferente, que ocupe os seus tempos livres, sem presses e com liberdade para escolher o que pretende fazer. Possibilitando assim, o aumento das taxas de ocupao e rentabilidade dos diferentes departamentos que compem uma unidade.

3.1.

Principais caractersticas da animao

A hotelaria teve ento que conseguir os meios, as instalaes, o pessoal necessrio para corresponder cabalmente a estas necessidades, implementando programas de animao, no s a nvel desportivo, mas tambm cultural, quando ao mesmo tempo reformulava os

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seus servios e incentivava o seu pessoal, para um apoio mais direto clientela animandoos verdadeiramente.

Numa altura em que cada vez mais o horrio de trabalho tem tendncia a diminuir, surge a grande oportunidade do turismo, atravs de atividades de recreio capazes de ocupar algum desse tempo disponvel. No de estranhar, que cada vez mais as unidades hoteleiras se apetrecham de atividades de animao, para fazer face concorrncia e s adversidades da economia mundial. Cada vez mais a agressividade e competio entre pases tursticos da nossa rea tornou a animao num elemento caracterstico e diferenciador, que ajuda a nossa melhor infraestrutura e o nosso maior profissionalismo a continuarem mantendo a vanguarda dentro do mundo turstico e recreativo a nvel europeu e mundial.

O tempo disponibilizado ao turismo, vai ser cada vez mais ocupado por atividades de animao dinmicas e atraentes, j ningum se satisfaz unicamente com sol e com os preos baixos.

Do homem portugus, da sua cultura e das suas paisagens provm os valores mais nobres que podemos dar a uma Europa sem fronteiras.

A animao consegue criar e desenvolver hobbies e aes que noutro tempo e noutro lugar, eram difceis de levar a cabo. A animao hoteleira consegue pr em prtica

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programas que se adaptam s infraestruturas, de forma a dot-las de capacidades que vo de encontro s necessidades dos clientes desejados.

O atendimento nas organizaes O animador a pessoa que diariamente representa a organizao onde trabalha junto dos clientes no que toca a atividades de animao turstica. Deve, por isso, executar as suas tarefas de forma profissional.

Mas o que ser profissional? ser capaz de aplicar as tcnicas da atividade que exerce, as informaes e os conhecimentos que possui; dominar as tcnicas relacionadas com a relao interpessoal, a comunicao e a ocupao de tempos livres com atividades criativas e diversificadas.

Para isso necessita: Conhecer o hotel que representa e os seus objetivos; Conhecer bem os objetivos da sua funo; Utilizar de modo profissional as suas caractersticas pessoais e as suas competncias tcnicas; Conhecer bem a rea geogrfica envolvente e as atraes tursticas;

Esprito de Vendas

Os profissionais devero comportar-se como um anfitrio e saber receber de forma acolhedora e hospitaleira. S assim o cliente permanecer fiel ao hotel e este conseguir vender mais e melhor. Para que um cliente se sinta bem recebido e especial, essencial que seja tratado de forma personalizada.

Assim, a personalizao do atendimento consiste em: Respeitar todos os clientes;

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Tratar o cliente como um ser humano singular e particular e no como mais um caso; Tratar o cliente pelo nome; Manter o auto-controlo, mesmo quando o cliente manifesta alguma comportamento mais agressivo ou incorreto; Demonstrar competncia em toda a sua atuao e saber orientar corretamente o cliente; Satisfazer as necessidades de cada cliente; Criar com cada cliente uma relao especial, que este lembrar com agrado; Responsabilizar-se por cada problema que lhe apresentado pelo cliente.

Fatores que influenciam o sucesso das atividades de animao turstica:

Aptides

Posso fazer

Atitudes

Quero fazer

Conhecimentos

Conheo

Habilidades

Sei fazer

Animao nas Unidades Hoteleiras Animao hoteleira o conjunto de aes sociais que um estabelecimento hoteleiro leva a cabo de uma forma programada, organizada, avaliada e continuada, com o fim de complementar o bem-estar dos seus clientes. Assenta na criao de uma estrutura que transmita tranquilidade e distraes complementares aos servios clssicos hoteleiros. Alm das atividades de grupo deve assegurar o divertimento e a distrao.

A oferta de animao, dever conter determinados ingredientes para que possa ser aceite positivamente pelos clientes das unidades hoteleiras. O nmero de animadores e a forma de programar, tendo em conta os tempos livres dos clientes, a originalidade, a ateno que se deve prestar aos diversos tipos de clientela (consoante a sua idade, nacionalidade,

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personalidade), so fatores que iro potenciar o interesse destes clientes pela unidade hoteleira onde esto alojados, fazendo com que fiquem mais tempo e automaticamente despendam mais dinheiro nos departamentos onde essa animao se realiza. Alis, o grande objetivo dessas unidades o incremento das receitas dos departamentos atravs de uma boa componente animao.

A animao nas unidades hoteleiras tem de ter em conta determinados objetivos, viabilizao essenciais para a do

econmica

investimento realizado.

A animao deve procurar a: o o o o Diverso Procurar que as pessoas se divirtam enquanto esto alojadas na unidade hoteleira; Integrao Procurar integrar os clientes na cultura da unidade hoteleira, na cultura da regio onde est implantada e na cultura do pas; Ocupao Manter os clientes ocupados durante os tempos mortos da sua estadia; Participao Motivar os clientes atravs de promoo adequada, levando-os a participar nos programas de animao elaborados, criando assim alguma interatividade entre o hotel e o cliente; o Tranquilidade Procurar que os programas de animao, mesmo por vezes sendo muito dinmicos, ofeream alguma tranquilidade aos participantes, levando-os a esquecer o que os espera no regresso; o Diversificao Diversificar ao mximo os programas de animao, permitindo ao cliente a experimentao de vrias atividades, interferindo diretamente com a sua rotina diria;

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Interao A abertura dos programas, devem permitir que diferentes tipos de clientes possam interagir em simultneo, coagindo assim as suas diferenas culturais;

o

Pedagogia Os clientes ao participarem nas atividades de animao tm que sentir que esto a adquirir algum tipo de saber, cultural, artstico, desportivo, gastronmico, tradicional, histrico, etc.;

o

Fidelizao Toda a interatividade criada tem por objetivo o aumento da cumplicidade entre o cliente e o hotel, para que a sua relao se mantenha no futuro.

Problemas identificados na animao

Passando a enumerar algumas consideraes sobre a Animao nas Unidades Hoteleiras, temos em conta algumas das caractersticas e problemas que podem surgir na programao: o Entretenimento dos hspedes dentro do empreendimento turstico/hoteleiro, oferecendo-lhe a todas as horas do dia, numerosas e diversificadas atividades recreativas vocacionadas para os mesmos; o o o No suficiente organizar as iniciativas e esperar que os hspedes adiram espontaneamente, necessrio cativ-los a participarem; Animao nas unidades nunca obrigao ou responsabilidade, sim prazer, espontaneidade, divertimento, inter-relao, animao; Os programas do dia devero ser expostos nos locais mais frequentados do empreendimento, de modo a que possam ser visionados em pleno por todos os clientes;

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Os programas podem e devem ser anunciados por vdeo, projetor, circuito rdio interno, etc.; Os programas devem conter ingredientes que possam motivar os clientes levando-os a participar; Durante as atividades noturnas, dever-se- anunciar os programas do dia seguinte, pois a noite o prime-time da animao; S a promoo adequada e eficaz das iniciativas produz sucesso.

3.2.

Atividades e conceitos relacionados com a animao

Segundo o Turismo de Portugal, I.P., So Empresas de Animao Turstica as que tenham por objeto a explorao de atividades ldicas, culturais, desportivas ou de lazer, que contribuam para o desenvolvimento turstico de uma determinada regio e no se configurem como empreendimentos tursticos, estabelecimentos de restaurao e bebidas, casas e empreendimentos de turismo no espao rural, casas de natureza e agncias de viagens.

So atividades prprias das empresas de animao turstica: Marinas, portos e docas de recreio predominantemente destinados ao turismo de desporto Autdromos e kartdromos Balnerios termais e teraputicos Parques temticos Campos de golfe Embarcaes com e sem motor, destinadas a passeios martimos e fluviais de natureza turstica Aeronaves, com e sem motor, destinadas a passeios de natureza turstica, desde que a sua capacidade no exceda um mximo de seis tripulantes e passageiros Instalaes e equipamentos para salas de congressos, seminrios, colquios e conferncias, quando no sejam parte integrante de empreendimentos tursticos e se situem em zonas em que a procura desse tipo de instalaes o justifique Centros equestres e hipdromos, destinados prtica de equitao desportiva e de lazer Instalaes e equipamentos de apoio prtica de windsurf, surf, bodyboard, wakeboard,

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esqui aqutico, vela, remo, canoagem, mergulho, pesca desportiva e outras atividades nuticas Instalaes e equipamentos de apoio prtica de espeleologia, alpinismo, montanhismo e de atividades afins Instalaes e equipamentos destinados prtica de paraquedismo, balonismo e parapente Instalaes e equipamentos destinados a passeios de natureza turstica em bicicletas ou outros veculos de todo o terreno Instalaes e equipamentos destinados a passeios de natureza turstica em veculos automveis, sem prejuzo do legalmente estipulado para utilizao de meios prprios por parte destas empresas Instalaes e equipamentos destinados a passeios em percursos pedestres e interpretativos As atividades, servios e instalaes de animao ambiental previstas no Decreto Regulamentar n 18/99, de 27 de agosto, sem prejuzo das mesmas terem de ser licenciadas de acordo com o disposto nesse diploma Outros equipamentos e meios de animao turstica, nomeadamente de ndole cultural, desportiva, temtica e de lazer.

3.3.

Classificao e tipologia das atividades de animao turstica

Segundo o objetivo e as motivaes dos participantes, as atividades de animao turstica podem ser classificadas de: Culturais; Desportivas; Aventura; Recreao e Entretenimento;

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4.

Perfil e Funes do Animador Turstico

Das vrias aptides do animador, podem referir-se um conjunto de tcnicas que o animador turstico deve desenvolver: o O Animador Animado Como que se pode transmitir nimo se no se est animado.

Os animadores praticamente fazem um seguro de garantia sobre o seu estado de humor e boa disposio, de forma a contagiarem e atrarem os hspedes a participarem nas atividades programadas. o O Animador Formador O animador formador detm conhecimentos muito vastos

sobre determinada atividade de animao. Assim, ele atravs da sua pacincia, das suas habilidades, dos seus conhecimentos e das suas aptides, mostra ser detentor do saber fazer e tenta passar o fazer saber. o O Animador Comunicador Aqui o animador tem que saber algumas lnguas, para

poder passar a sua mensagem corretamente. Mas deve socorrer-se de todos os tipos de comunicao para dinamizar, para emocionar, para entusiasmar e para motivar a participar. A mensagem do animador decisiva na motivao e participao dos hspedes. o O Animador Vendedor O animador est incumbido de vender diverso,

entretenimento, mediante as atividades de animao programadas. Embora por vezes esta venda no seja direta, ela reflete-se no aumento do consumo de alimentao, de bebidas, na ocupao de campos de jogos e claro, no grande objetivo, no aumento das taxas de ocupao.

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O Animador Promotor O animador tem que fazer a promoo diria das atividades

programadas, para o dia e seguintes, promover a qualidade e segurana das atividades, para que ao mesmo tempo se promova a qualidade da unidade que representa e os servios disponibilizados.

5.

Mtodos e Tcnicas de Animao

O que caracteriza a Animao?

Da definio das atividades de Animao, destacam-se os seguintes elementos chave: o o o o Ocupao dos tempos livres dos turistas; Integrao dessas atividades com outros recursos das reas protegidas; Contribuio para a divulgao dos recursos locais; Recurso s infraestruturas e aos servios existentes no mbito do turismo de natureza.

Em que se pode concretizar a Animao? A legislao refere algumas atividades, servios e instalaes de animao, que podemos sintetizar da seguinte forma:

Para que determinado projeto possa ser enquadrada no mbito da Animao, h que ter em conta certas condicionantes legais, nomeadamente no que respeita a: o Gastronomia - Deve promover as receitas e formas de confeo tradicionais,

designadamente incorporando as matrias-primas e os produtos tradicionais, bem como os

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produtos de base local e regional, constituindo um meio de divulgao de estabelecimentos de restaurao e bebidas tradicionais. o Produtos Tradicionais Regionais - Devem ser promovidos e comercializados, obedecendo

aos requisitos exigidos por lei.

o

Artes e Ofcios Tradicionais da Regio so as atividades que compreendem o fabrico de

materiais e objetos, de prestao de servios, de produo e confeo de bens alimentares e arte tradicional de vender, ou incorporem uma quantidade significativa de mo de obra e manifestem fidelidade aos processos tradicionais. Devem ser promovidos de forma a garantir o interesse para a economia e tradio do saber fazer local, contribuindo para a dinamizao de feiras regionais. o Estabelecimentos tradicionais de convvio, de educao e de comrcio. So

estabelecimentos comerciais onde se consomem e transacionam produtos resultantes das atividades ligadas s artes e aos ofcios. A instalao ou recriao destes locais deve garantir a manuteno das caractersticas arquitetnicas da regio e contribuir para a identificao cultural e social que estes estabelecimentos representam. o o Feiras, Festas e Romarias - Devem contribuir para a dinamizao da economia local e

manifestaes socioculturais caractersticas de cada regio. Rotas Temticas e Expedies Panormicas e Fotogrficas - Devem privilegiar a

divulgao e promoo dos contextos mais representativos da economia, cultura e natureza de cada AP e devem promover a utilizao e a recuperao de meios de transporte tradicionais.

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Passeios a P, de Barco, a Cavalo e de Bicicleta - Devem respeitar os trilhos e a

sinalizao existente, bem como as limitaes estabelecidas quanto ao nmero de atividades ou visitantes em relao a alguns locais e ou poca do ano. o Passeios em Veculos Todo-o-Terreno - Devem respeitar os trilhos e a sinalizao

existente, bem como as limitaes estabelecidas quanto ao nmero de atividades ou visitantes em relao a alguns locais e ou poca do ano. Devem ainda ter como objetivo a divulgao dos valores naturais e culturais. o o Jogos Tradicionais e Parques de Merendas - Devem contribuir para a dinamizao e

revitalizao de formas de convvio e ocupao dos tempos livres. Polos de Animao - So locais onde se renem uma ou mais ocorrncias de animao,

podendo integrar valncias da interpretao e do desporto de natureza. Devem contribuir para a revitalizao dos lugares atravs da recuperao e promoo do seu patrimnio cultural e das atividades econmicas caractersticas de cada regio. o Meios de Transporte Tradicionais - Devem ser adequados ao fim da visita e da

manuteno das condies ambientais, nomeadamente atravs da utilizao de transportes coletivos, tradicionais ou que adotem energias alternativas. Tcnica multidisciplinar de traduo da paisagem, do patrimnio natural e cultural.

6.

A comunicao na Animao

A animao no pode ser vista como um todo, mas sim, como um sistema composto por vrias modalidades de animao. Ou seja, conjuntos de atividades selecionadas e direcionadas para vrios tipos de pessoas diferentes.

Com efeito, embora o objetivo seja satisfazer necessidades, o objeto pode ser diferenciado e diversificado, adequado s necessidades de cada um e, com potencialidades capazes de despoletar motivao e interesse que levem participao. A melhor forma de comunicar na animao atravs de contactos diretos, de brochuras e cartazes afixados em lugares estratgicos.

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Mdulo 14 Animao na Hotelaria7. O Planeamento de atividades de animao

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As atividades de animao devem ser planeadas de forma a conseguir ter sucesso e a satisfazer as necessidades e expectativas dos participantes. Assim, os programas de animao devem ser: a) Equilibrados quanto ao ritmo e s atividades devem contemplar uma variedade alargada de atividades ldicas, desportivas e culturais, para que o turista encontre uma ou outra atividade que o motive e se adapte s suas necessidades e expectativas. Este equilbrio tambm se refere idade dos participantes e necessidade de programar atividades para todas as faixas etrias. b) Variados o animador deve conhecer os potenciais participantes e ter conscincia que nem todos gostam do mesmo tipo de atividades. Neste sentido, a capacidade atrativa das atividades aumenta com a variedade. c) Atividades realizadas de forma contnua de manh, tarde e noite. d) Diferentes, sugestivos e atrativos as atividades devem ser o mais adequadas possvel ao grupo de participantes. Ao conhecer o comportamento e as caractersticas do turista, o animador pode propor atividades que, partida, sero consideradas atrativas e apelativas. e) Flexveis os animadores devem verificar se o programa cumpre com os objetivos definidos. Caso detetem alguma anomalia, devem proceder ao ajustamento das atividades ou mesmo sua substituio. f) Respeitar a liberdade de deciso quer os animadores quer os programas de animao devem respeitar as decises dos turistas em participar ou no nas atividades. A funo do animador consiste em motivar e no em forar. Para alm destas caractersticas, aconselhvel que o programa possua alguns elementos de reserva no caso de surgirem imprevistos meteorolgicos, logsticos ou outros. Um plano B pode existir com filmes, jogos, apresentaes sobre a cultura local, concursos, etc.

Elementos essenciais num programa de animao: 1. O dia de incio do programa este dia reveste-se da maior importncia e varia consoante o estabelecimento; deve coincidir com o dia em que se registam mais entradas

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de novos clientes. O dia 1 considerado um dia de festa em funo da chegada de novos clientes e das relaes inter-pessoais que se pretendem criar; as atividades noturnas do dia 1 do programa devem ter o duplo objetivo de receo e integrao dos recm chegados. 2. Os perodos do dia os programas so, geralmente, organizados segundo trs perodos do dia: a) b) c) Manh desde o fim do pequeno-almoo at ao almoo; Tarde desde o fim do almoo at ao jantar; Noite aps o jantar.

3. Atividades paralelas correspondem programao, para a mesma hora, de duas ou mais atividades simultneas diferentes em contedo, objetivos e espao. Estas atividades no devem destinar-se ao mesmo coletivo, caso contrrio seriam consideradas concorrentes. Programam-se com o objetivo de diversificar a oferta e, como tal, dirigem-se a grupos com caractersticas diferentes. Exemplos de atividades paralelas: o o o o Uma atividade desportiva e outra cultural Uma atividade ldica e outra desportiva Duas atividades desportivas: uma de formao e um torneio Uma atividade para idosos e outra para jovens.

Caso se justifique, o animador pode e deve elaborar programas de animao paralelos, por exemplo, um para adultos e outro para crianas. No caso de no se justificar a elaborao de um programa s para crianas, deve optar por um programa desportivo e outro genrico, contemplando algumas atividades para crianas. O processo de elaborao de um programa de animao turstica composto por 10 fases: 1. Anlise dos fatores determinantes (objetivos, destinatrios, local, etc.) e do arquivo histrico; 2. 3. Processamento da informao; Redao das diretrizes a ter em conta na elaborao do programa;

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Mdulo 14 Animao na Hotelaria4.

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Elaborao da tabela com dias da semana e horrios. Determinao do dia 1 do

programa; 5. Definio e calendarizao das atividades noturnas. A primeira noite deve ser de

boas-vindas e a ltima a mais intensa e marcante; 6. 7. 8. Definio e calendarizao das atividades para as tardes; Definio e calendarizao das atividades matinais; Reviso final antes de validar o programa. Esta reviso pressupe que as atividades

programadas cumprem com os objetivos do programa, que o material necessrio realizao das mesmas est disponvel, que os espaos necessrios so adequados e esto disponveis e em bom estado, que o tempo estipulado para as atividades suficiente, que os responsveis pelas atividades renem as capacidades necessrias; 9. 10. Validao do programa; Divulgao do programa.

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