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Monitoramento in situ da biodiversidade Uma proposta para a composição de um Sistema Brasileiro de Monitoramento da Biodiversidade

Monitoramento in Situ Da Biodiversidade Versao Final 05.12.2013

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Livro sobre biomenitoramento IBAMA

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  • Monitoramento in situ da biodiversidadeUma proposta para a composio de um Sistema Brasileiro de Monitoramento da Biodiversidade

  • REPBLICA FEDERATIVA DO BRASIL

    PresidentaDilma Rousseff

    Vice-PresidenteMichel Temer

    MINISTRIO DO MEIO AMBIENTE

    MinistraIzabella Mnica Teixeira

    Secretrio de Biodiversidade e FlorestasRoberto Brando Cavalcanti

    INSTITUTO CHICO MENDES DE CONSERVAO DA BIODIVERSIDADE

    PresidenteRoberto Ricardo Vizentin

    Diretor de Pesquisa, Avaliao e Monitoramento da BiodiversidadeMarcelo Marcelino de Oliveira

    Coordenadora Geral de Pesquisa e MonitoramentoKtia Torres Ribeiro

    Coordenador de Monitoramento da Conservao da BiodiversidadeArthur Brant Pereira

    INSTITUTO CHICO MENDES DE CONSERVAO DA BIODIVERSIDADE

    Diretoria de Pesquisa, Avaliao e Monitoramento da BiodiversidadeCoordenao Geral de Pesquisa e Monitoramento

    EQSW 103/104 Ccentro Administrativo Setor Sudoeste bloco D 2 andar CEP: 70670-350 Braslia/DFTel: 61 3341-9090 fax: 61 3341-9068

    www.icmbio.gov.br

    COORDENAO EDITORIALArthur Brant Pereira, Marcio Uehara-Prado

    AUTORESRaul Costa Pereira, Fabio de Oliveira Roque, Pedro de Araujo Lima Constantino, Jos Sabino, Marcio Uehara-Prado.

    COLABORAO NOS TEXTOS E ACOMPANHAMENTO DO ESTUDOArthur Brant Pereira, Felix Steinmeyer, Jan Kleine Bning, Marlia Marques Guimares Marini, Onildo Joo Marini Filho, Rafael Lus Fonseca, Rosemary de Jesus Oliveira.

    M744 Monitoramento in situ da biodiversidade: Proposta para um Sistema Brasileiro de Monitoramento da Biodiversidade/Raul Costa Pereira, Fabio de Oliveira Roque, Pedro de Araujo Lima Constantino, Jos Sabino, Marcio Uehara-Prado. -Braslia/DF: ICMBio, 2013, 61p. 22,5cm

    ISBN 978-85-65872-04-1

    1.Biodiversidade, 2. Monitoramento, 3. Indicadores Biolgicos, 4.Unidades de Conservao, 5. Efetividade de Conservao. I. Pereira, Raul Costa. II. Roque, Fabio de Oliveira. III. Constantino, Pedro de Araujo Lima. IV. Sabino, Jos. V. Uehara-Prado, Marcio.

    CDU 574.1 (81) (2.ed)

  • Monitoramento in situ da biodiversidadeU m a p r o p o s t a p a r a a c o m p o s i o d e u m S i s t e m a B r a s i l e i r o d e M o n i t o r a m e n t o d a B i o d i v e r s i d a d e

    Braslia 2013

  • Apresentao do Diretor Marcelo Marcelino (ICMBio)

    02

    Marcelo Marcelino de OliveiraDiretor de Pesquisa, Avaliao e Monitoramento da Biodiversidade do ICMBio

    O atual momento do Brasil impe um grande

    desafio para a conservao biodiversidade. O Pas cresce

    e, mesmo com a volatilidade momentnea no seu ritmo de

    desenvolvimento, expande os projetos de empreendimentos

    que no raro representam severas intervenes a ambientes

    naturais at ento pouco ou nada alterados. Intervenes

    que podem tornar-se verdadeiros desastres se associadas

    s mudanas climticas sobre as quais pouco se sabe.

    O desafio imposto no abrir trincheiras em torno

    das reas naturais, mas buscar uma difcil compatibilizao

    entre o avano das atividades econmicas e a manuteno

    do patrimnio de biodiversidade. No h outro meio de

    obter esta compatibilizao que no pela busca sistemtica

    do conhecimento qualificado que reduza as incertezas

    e aponte os caminhos para a viabilidade ambiental do

    desenvolvimento do Pas.

    O mundo vive a era do conhecimento em

    que conceitos como a gesto de informaes e de

    conhecimentos norteiam a estruturao do trabalho nas

    grandes organizaes para a gerao e o uso competente

    da informao. Prolifera uma grande diversidade de

    registros do estado da natureza, dados, assim como

    poderosas ferramentas tecnolgicas que possibilitam seu

    ordenamento, acessibilidade e aplicabilidade. Neste mundo

    no h mais como fazer a conservao sem recorrer s

    ferramentas de gerao e aplicao do conhecimento

    e com elas enfrentar a tomada de decises estratgicas

    que podem tanto representar a conservao de ambientes

    naturais quanto o seu uso irrestrito.

    Em geral, tais decises so carentes de respostas a

    questes nada simples e o conhecimento necessrio ou no

    existe ou no est acessvel, o que na prtica representa

    a mesma coisa, a indisponibilidade. Esta publicao tem

    a audaciosa ambio de entender o monitoramento como

    parte integrante do prottipo de uma nova ferramenta

    para a gerao, o ordenamento e o acesso informao

    altamente qualificada sobre as unidades de conservao e

    a biodiversidade. Um instrumento de fora que no apenas

    traga tona o conhecimento necessrio para lidar com

    este novo mundo, este novo Brasil, e os seus desafios,

    mas tambm proporcione a inovao na forma de fazer

    conservao.

    03

  • A biodiversidade tem papel central para a espcie humana.

    Animais, plantas e microrganismos fornecem alimentos, medicamentos

    e matrias-primas, e so nossa conexo mais evidente com a natureza.

    Os recursos genticos contidos nas espcies prometem desempenhar

    um papel crescente no desenvolvimento e, cada vez mais, nos conferem

    bem-estar. Dependemos diretamente desses servios ambientais

    fornecidos pela biodiversidade. Embora outros servios no sejam

    to perceptveis, ainda assim so essenciais ao nosso modo de vida,

    principalmente a polinizao, ciclagem de nutrientes, armazenamento

    de carbono e regulao das condies climticas.

    A conservao e o uso sustentvel da biodiversidade deixaram

    de ser um tema restrito ao meio acadmico e ao governo. Em meio

    destruio vertiginosa de recursos naturais, o mundo reage e se

    organiza para conter o processo de perda de biodiversidade global. Ao

    promover relaes mais harmnicas com os recursos vivos da Terra,

    o uso sustentvel da biodiversidade forma a base de uma poderosa

    racionalidade econmica e refora nossos vnculos ticos, culturais e

    cientficos com o mundo natural.

    0504

  • O que biodiversidade?Diversidade biolgica ou de maneira sinttica biodiversidade a variedade de organismos vivos de todas as origens, compreendendo animais, plantas e microrganismos. O termo surgiu no final dos anos 1980 e resultado da contrao das expresses bio (= vida) e diversidade (= variedade). Alm da variedade de espcies, a definio inclui a diversidade genticae o papel que cada organismo tem nos ecossistemas, e a prpria diversidade de ecossistemas, sejam eles terrestres,

    aquticos ou marinhos.1

    0706

  • O que so servios ambientais?

    Servios ambientais ou ecossistmicos so

    benefcios que as pessoas obtm da biodiversidade. Incluem

    vrias categorias de benefcios em diversos setores.

    Os servios ambientais podem ser divididos em

    quatro tipos principais: i) Servios de proviso (alimentos,

    madeira, fibras, leos essenciais, recursos genticos); ii)

    Servios de regulao (purificao da gua, controle do

    clima, polinizao); iii) Servios culturais (recreao, crenas

    religiosas, atividades sociais); e iv) Servios de suporte

    (ciclagem de nutrientes, produo primria).2

    Alteraes ambientais podem influenciar

    negativamente nos servios ecossistmicos e comprometer o

    bem-estar humano, a sade, as relaes sociais e a cultura.

    0908

  • O que so presses antrpicas?

    So atividades humanas

    potencialmente impactantes a

    ecossistemas naturais, que pode levar

    perda de biodiversidade. Alguns dos

    exemplos mais claros de presses

    antrpicas para os ecossistemas

    brasileiros so o desmatamento,

    queimadas e poluio de corpos

    dgua. Outras presses so menos

    marcantes, mas podem ser igualmente

    alarmantes biodiversidade, como

    a caa, a explorao excessiva de

    recursos naturais e a introduo de

    espcies exticas.3

    A atividade humana tem degradado diferentes

    ecossistemas naturais da Terra. Como resultado dessas

    aes, um crescente consenso cientfico aponta que nos

    confrontamos com uma perda de espcies em taxas nunca

    registradas no planeta. Pior: estamos perdendo justamente

    as espcies sobre as quais pouco ou nada sabemos.

    Pode parecer alarmista em um primeiro momento, mas

    a extino de uma espcie um evento irreversvel, que

    apaga definitivamente uma histria evolutiva nica e

    que pode colapsar as redes de interao que mantm o

    funcionamento saudvel dos ecossistemas.

    A perda de hbitats e extino de espcies no so

    as nicas ameaas biodiversidade. Os servios ambientais

    vitais para a manuteno da natureza tambm esto

    ameaados. Presses antrpicas sobre os ecossistemas

    alteram o balano das interaes biolgicas do mundo

    natural, muitas vezes levando perda de processos como

    polinizao, estabilizao do clima, proteo do solo ou

    purificao da gua.

    Assim, igualmente importante reduo da

    perda de biodiversidade, preservar os processos naturais

    vital para o bem-estar humano. Claramente, a gesto de

    espcies e de ecossistemas em conjunto a forma mais

    eficaz e racional de abordar o problema.

    Essa complexa questo tornou-se um dos grandes

    desafios do milnio e tem justificado os vigorosos esforos

    para a proteo da biodiversidade em escala planetria. Nas

    ltimas dcadas, o tema gerou grande mobilizao poltica,

    social e econmica em diferentes naes do mundo. O Brasil

    um pas protagonista nessa rea. Somos signatrios de

    diversos acordos internacionais como a Conveno sobre

    Diversidade Biolgica da ONU. Temos, ainda, uma Poltica

    Nacional voltada para a biodiversidade que promove aes

    conjuntas entre o Poder Pblico e a sociedade civil, por

    meio do Programa Nacional de Biodiversidade-PRONABIO.

    Presses Antrpicas

    1110

  • Mudanas climticas afetam a biodiversidade

    As conexes entre o clima e os organismos so

    evidentes e bem estabelecidas pela cincia. Interaes

    complexas entre o sol, os oceanos, os continentes, o

    eixo de inclinao da Terra, as grandes reas florestais e

    a atmosfera modulam o clima e criam condies para o

    estabelecimento ou ausncia da vida. Assim, de acordo

    com a temperatura, a luminosidade, a umidade e o regime

    de chuvas, entre outros fatores, plantas e animais se

    distribuem de maneira a produzir padres biogeogrficos.

    Informaes da Geologia e da Paleontologia

    mostram, ainda, que ao longo da histria da vida no planeta

    o clima sempre mudou e afetou a ocorrncia das espcies.

    Nos ltimos 150 anos, a composio da atmosfera est

    mudando drasticamente, com aumento dos chamados

    gases do efeito estufa. Mudanas de concentrao de

    certos gases, como o expressivo aumento de CO2, aquecem

    a atmosfera e causam alteraes em escala planetria.

    A rpida alterao climtica afeta os ecossistemas e as

    espcies. Incapazes de adaptar-se s novas condies, tm

    suas populaes reduzidas ou mesmo se extinguem, o que

    implica na perda de biodiversidade4.

    Como o clima est mudando, so previstas

    alteraes na composio e distribuio dos organismos,

    que podem ser detectadas por meio de monitoramento

    da biodiversidade. O Painel Internacional de Mudanas

    Climticas (IPCC) desenhou as consequncias das mudanas

    climticas na diversidade biolgica: Com um aumento da

    temperatura mdia global de 1,5 a 2,5C, previsto que

    de 20 a 30% das espcies de animais e plantas entrem

    em estado de ameaa de extino. Com um aumento da

    temperatura de mais de 4C poderiam desaparecer bem

    mais do que 40% de todas as espcies conhecidas.5 Algumas

    espcies so mais sensveis s alteraes climticas. No

    ltimo sculo, animais e plantas responderam de diferentes

    maneiras s variaes do clima: plantas perderam folhas

    mais cedo, aves migraram em perodos distintos aos

    1312

  • Biodiversidade da ONU indica que j existe perda de

    diversidade derivada das mudanas climticas. O texto

    assinala que as ameaas sero cada vez mais expressivas

    nas prximas dcadas. O documento aponta, ainda, como

    as mudanas climticas globais afetaro os ecossistemas e

    alerta que as tendncias atuais nos levaro para uma srie

    de pontos de ruptura, ao reduzir de maneira alarmante

    a capacidade dos ambientes de prestarem os servios

    ecossistmicos.

    Mudanas em cadeias alimentares das quais

    dependemos, impactos nos processos de purificao

    da gua, diminuio ou mesmo desaparecimento de

    organismos provedores de medicamentos, e aumento de

    populaes de pragas ou vetores de doenas sintetizam

    algumas das presses que as alteraes climticas nos

    causaro. Alm de temperaturas mais quentes, eventos

    climticos extremos mais frequentes e alteraes nos

    padres de chuva e de seca podem vir a ter impactos

    marcantes, tanto para a biodiversidade como para o

    homem. De acordo com o quarto relatrio do IPCC, a partir

    de 2050 as mudanas climticas e os seus efeitos sero o

    fator global mais importante da perda da biodiversidade e

    de servios ecossistmicos.7

    Portanto, monitorar a biodiversidade fundamental

    para entender e moderar a extenso das mudanas

    climticas e reduzir seus impactos negativos. Com aes

    balizadas pelo monitoramento, possvel criar estratgias

    para atenuar as presses sobre os ecossistemas. Tais

    mecanismos podem ajudar a reduzir tambm as ameaas

    espcie humana.

    padres anteriores e espcies se

    moveram para mais perto dos

    polos ou para maiores altitudes.

    Alguns ecossistemas, como as

    florestas pluviais, a tundra e

    os recifes de corais, so mais

    sensveis ao aquecimento e as

    espcies desses ambientes so

    mais suscetveis.6

    A um s tempo frgil

    e fascinante, o urso polar

    tornou-se a espcie-bandeira

    das mudanas climticas

    globais. Entretanto, h muitos

    outros grupos ameaados pelas

    mudanas climticas, como os

    primatas e os anfbios (sapos,

    rs, pererecas e salamandras).

    O 3 Panorama Global da

    1514

  • Acordos internacionais para manuteno da biodiversidade

    Reduzir consideravelmente a perda da biodiversidade um dos

    maiores desafios da humanidade e promove grande mobilizao poltica e social

    em diferentes naes. Representantes de governos, cientistas e lideranas

    sociais tm se reunido regularmente em fruns multilaterais para discutir

    estratgias planetrias para conciliar o desenvolvimento socioeconmico com

    a conservao e proteo dos ecossistemas.

    O primeiro grande encontro mundial para debater a conservao da

    natureza foi a Conferncia de Estocolmo em 1972. Desde ento, a partir da

    crescente preocupao com a biodiversidade, muitos outros encontros mundiais

    vieram, incluindo a Conferncia das Naes Unidas sobre o Meio Ambiente e

    o Desenvolvimento realizada no Rio de Janeiro em 1992, tambm conhecida

    como Rio-92. Atualmente, o Brasil signatrio de diversas convenes

    internacionais (por exemplo: Conveno de Diversidade Biolgica da ONU,

    Conveno do Clima) e de aes decorrentes (como Protocolo de Nagoya,

    Metas de Aichi), e tem se destacado por assumir um papel de liderana em

    vrias dessas iniciativas.

    Para o Secretrio Geral das Naes Unidas, Ban Ki-moon, essencial

    que os desafios relacionados biodiversidade e s mudanas climticas

    sejam abordados de forma coordenada e com a mesma prioridade.

    1716

  • Muitos ecossistemas do mundo esto expostos a

    grandes ameaas. consenso que nenhum sistema natural

    dos vastos oceanos s geladas reas polares, passando

    pelas florestas tropicais e zonas ridas encontra-se

    a salvo das presses humanas, inclusive de mudanas

    climticas. Para opor-se a essa ampla crise ambiental,

    foras polticas e lideranas cientficas tm se aliado para

    implantar programas de conservao.

    Desse esforo, surgem alianas dedicadas ao

    aprimoramento de estratgias para conservao e uso

    sustentvel da biodiversidade. Polticas de desenvolvimento

    sustentvel, fomento economia verde e ajustes ao padro

    de consumo parecem nos dar alguma esperana de que a

    vida no planeta no entrar em colapso.

    A implantao de reas protegidas uma

    das estratgias mais eficientes para a conservao da

    Contudo, alm dos esforos para que as UCs

    funcionem verdadeiramente para a conservao da

    biodiversidade em escala nacional, a gesto local dessas

    reas deve garantir a conservao da biodiversidade e

    dos processos ecolgicos naturais em escala regional.

    Nesse sentido, monitorar a integridade da biodiversidade

    local (in situ) em Unidades de Conservao (UCs) ao longo

    do tempo essencial para a tomada de deciso em uma

    gesto em nivel local, regional e nacional.

    biodiversidade. Quando se trata de proteo de reas

    naturais e defesa de vida silvestre, o Brasil tem posio de

    destaque no cenrio mundial. Perto de 17% do territrio

    continental brasileiro est protegido em Unidades de

    Conservao (UCs) e cerca de 13% em Terras Indgenas

    (TIs). Essa rede de reas protegidas totaliza 312 unidades

    federais, 623 estaduais, 148 municipais, 681 Reservas

    Particulares do Patrimnio Natural (RPPNs) e 688 Terras

    Indgenas.8

    Como proteger a biodiversidade - reas protegidas como estratgia de conservao

    1918

  • Existem vrias definies de monitoramento da

    biodiversidade. Algumas so estritamente ecolgicas,

    outras tm forte componente aplicado gesto. Se bem

    projetado e aplicado, o monitoramento uma poderosa

    ferramenta para a gesto da rea protegida. Seus dados

    e informaes ajudam a detectar problemas e permitem

    reaes em fase precoce, quando solues ainda podem

    ser relativamente baratas. Detectar, antecipar e reagir so

    palavras-chave para nortear o processo de monitoramento.

    A proposta aqui apresentada, para um Sistema

    Brasileiro de Monitoramento da Biodiversidade, adota

    o conceito-chave de monitoramento adaptativo. Tal

    conceito busca conciliar a vertente ecolgica com o flanco

    da gesto. Basicamente, o monitoramento adaptativo

    definido como um sistema de monitoramento dinmico e

    adaptvel a distintas situaes ou propostas, de modo a

    no comprometer a integridade da srie temporal de dados.

    Essa abordagem se estrutura, ainda, na crena de que os

    gestores locais e sua rede de colaboradores so capazes de

    aplicar o monitoramento com preciso e eficcia.

    Monitoramento da biodiversidade

    2120

  • Gesto por meio do monitoramento adaptativo da biodiversidade

    O monitoramento adaptativo da biodiversidade

    um sistema de gesto no qual o desenvolvimento das

    etapas desde a elaborao de um modelo conceitual

    at a tomada de decises est conectado por passos

    interativos. O sistema de monitoramento adaptativo evolui

    em resposta a novas informaes e desenvolvimento de

    novos protocolos. Contudo, isso no deve distorcer ou

    quebrar a continuidade e integridade da srie temporal

    do monitoramento. Alm do aspecto tcnico, o sistema

    de monitoramento adaptativo envolve o componente

    poltico de gesto da biodiversidade, destacando a

    participao democrtica com responsabilidades entre

    as esferas pblicas e sociedade civil. Um sistema de

    monitoramento bem arquitetado e implantado deve: (i)

    produzir informaes sobre tendncias de aspectos-

    chave da biodiversidade; (ii) alertar antecipadamente

    sobre problemas que depois de estabelecidos podem ser

    difceis ou muito caros de reverter; (iii) gerar evidncia

    quantificvel sobre sucesso (por exemplo, recuperao

    de espcies aps manejo) e insucesso de conservao;

    (iv) destacar maneiras de tornar o manejo mais efetivo; e

    (v) oferecer informao sobre o retorno do investimento

    em conservao.9

    Aplicaes do monitoramento adaptativo

    O monitoramento adaptativo da biodiversidade gera

    uma robusta base de dados sobre os indicadores biolgicos.

    Com avaliaes peridicas, h o acmulo de informaes do

    monitoramento, e possvel observar tendncias de variao

    desses indicadores ao longo do tempo. Essa resposta

    cronolgica dos indicadores a partir de dados biolgicos

    o que permite inferncias sobre o estado da biodiversidade

    nas reas protegidas.

    Impactos das presses antrpicas na biodiversidade

    tambm so detectados pelo monitoramento, que pode ter

    uma face voltada para a percepo e alerta dessas

    perturbaes. Por exemplo, os efeitos de muitas das presses

    potenciais sobre a biodiversidade em reas protegidas

    brasileiras como o desmatamento, a caa, a introduo

    de espcies exticas e as mudanas climticas podem

    ser de difcil percepo, s vezes notadas apenas quando

    atingem nveis preocupantes de ameaa. A deteco tardia

    dos problemas dificulta as aes de mitigao, tornando-

    os irreversveis em alguns casos. De outro lado, tendo o

    conhecimento da resposta dos indicadores, a srie de dados

    fornecida por monitoramentos da biodiversidade permite

    captar os efeitos progressivos das presses antrpicas sobre

    a biota antes que estas atinjam nveis alarmantes. Esse

    alerta rpido dos efeitos negativos sobre a biodiversidade

    um forte aliado da gesto. Tal alerta permite a tomada de

    deciso precisa para mitigar o problema de maneira gil e a

    implantao de medidas de adaptao em diferentes escalas

    (local, regional, nacional).

    2322

  • Indicador biolgico

    Um indicador biolgico um

    componente (taxonmico ou

    ecolgico) ou uma medida

    de presses, estados e/ou

    respostas da biodiversidade,

    usado para descrever

    ou avaliar condies e

    mudanas ambientais ou

    um conjunto de objetivos.

    (Definio adaptada de Heink

    U, Kowarik I.11)

    Como monitorar a biodiversidade?

    Como monitorar a biodiversidade de maneira vivel

    e exequvel em reas protegidas de um pas megadiverso

    como o Brasil? Nosso territrio comporta de 15 a 20% das

    espcies de todo o planeta. Nesse contexto impossvel,

    em termos logsticos, monitorar todas as espcies que

    ocorrem em uma determinada rea protegida. H dcadas,

    esse tema um desafio para cientistas, conservacionistas e

    gestores na rea ambiental.

    Um caminho comum que vem surgindo como

    soluo mais racional e vivel em reservas ao redor de

    toda a terra monitorar grupos especficos de animais e

    plantas (taxonmicos ou ecolgicos) que respondam de

    modo previsvel a alteraes ambientais. Grupos com tais

    caractersticas so chamados de indicadores biolgicos.10

    Ainda mais interessantes so aqueles indicadores

    biolgicos que quando monitorados tm a capacidade de

    representar outros grupos ou txons. Grupos de animais

    ou plantas com esse potencial so chamados de grupos

    substitutos (ou surrogates, em ingls). Nesse sentido,

    a partir do monitoramento de um determinado grupo

    substituto possvel inferir o estado de outros grupos da

    biota em um determinado local, ou da biodiversidade como

    um todo, se outros grupos substitutos complementares

    forem monitorados.

    2524

  • Integrando pessoas e biodiversidade: monitoramento participativo

    A maior fonte de ameaas biodiversidade vem do conflito entre o

    homem e a natureza. Nesse sentido, conciliar o desenvolvimento

    humano com a conservao dos ecossistemas naturais

    fundamental. Uma maneira eficaz de sensibilizar as pessoas sobre

    a importncia da biodiversidade envolv-las em programas de

    monitoramento. A participao no monitoramento promove a

    insero da comunidade local no processo de gesto das reas

    protegidas. Quanto maior o envolvimento das pessoas que moram

    perto ou dentro das unidades de conservao, maior o potencial

    de conservao da biodiversidade. Alm disso, a participao da

    comunidade local em monitoramentos aperfeioa as amostragens,

    aumentando consideravelmente o esforo amostral e a obteno

    de dados sobre a biodiversidade.10

    Monitorar apenas determinados grupos de

    organismos com potencial de bioindicao e de substituio

    torna, sem dvida, o monitoramento da biodiversidade mais

    prtico e vivel em termos logsticos. Entretanto, ainda h

    barreiras implantao de monitoramentos ambientais em

    larga escala.

    Para muitos animais e plantas consagrados como

    indicadores em estudos ambientais, o monitoramento

    eficaz depende de identificao taxonmica das espcies,

    o que demanda por especialistas em taxonomia desses

    grupos. Por exemplo, determinados grupos de insetos

    so muito sensveis a alteraes ambientais alm de ser

    simples e baratos de se amostrar, o que justificaria seu uso

    como indicadores biolgicos. Entretanto, para que esses

    insetos funcionem verdadeiramente como indicadores,

    geralmente h a necessidade de identificao taxonmica

    ao nvel de espcie, o que certamente exigiria o trabalho de

    especialistas. Para contornar essa barreira, uma estratgia

    selecionar indicadores que sejam de fcil e rpida

    identificao, sem depender integralmente do trabalho de

    especialistas.

    Envolver pessoas nas atividades de monitoramento

    um mecanismo que pode fortalecer a gesto das UCs

    e promover a conservao da biodiversidade tanto por

    sensibiliz-las sobre a importncia da conservao, quanto

    por aperfeioar a amostragem de dados do monitoramento.

    Ao selecionar indicadores biolgicos de fcil identificao

    taxonmica e que faam parte do cotidiano daqueles que

    vivem ou usam as UCs, o envolvimento da comunidade no

    monitoramento da biodiversidade facilitado.

    Iniciativas de monitoramento participativo em

    diversos pases obtiveram resultados expressivos para a

    conservao da biodiversidade. Por exemplo, em pases da

    Europa e Amrica do Norte, h uma extensa srie de dados

    sobre presena e localizao de

    aves e borboletas coletadas por

    cidados no-especialistas, e que

    alimentam slidas bases de dados

    para a tomada de deciso sobre

    a conservao desses grupos. Na

    Amrica do Sul, frica e sia, o

    envolvimento de comunidades

    rurais no monitoramento

    gera o empoderamento local,

    alm de promover tomada de

    decises mais eficientes para a

    conservao.

    Monitoramento participativo: envolvendo a comunidade

    2726

  • Figura 1. Trs caractersticas de um bom indicador biolgico para monitoramento da biodiversidade.

    Implantao

    (c) Racionalidade

    DesempenhoImplantao

    (a) Racionalidade

    Desempenho Implantao

    (b) Racionalidade

    Desempenho

    O que so bons indicadores biolgicos?

    Grupos considerados bons indicadores em um

    sistema de monitoramento da biodiversidade

    devem apresentar as seguintes caractersticas: i)

    alta racionalidade o grupo deve ser sensvel

    a alteraes ecolgicas do ambiente, alm

    de ser bom representante de outros grupos

    tambm sensveis a essas alteraes; ii)

    alto desempenho ter potencial de aplicao

    como indicador em diferentes situaes,

    p. ex. em diferentes biomas, ou seja, estar

    bem representado em ampla escala, alm de

    fornecer indicao confivel e segura; e iii)

    alta possibilidade de implantao ser de

    fcil mensurao e acompanhamento, ou seja,

    ser vivel econmica e logisticamente. Assim,

    os conceitos de racionalidade, desempenho e

    implantao so os trs pilares que sustentam

    um bom indicador biolgico (Figuras 1 e 2).

    Com o propsito de trazer o

    monitoramento da biodiversidade

    para a realidade das reas protegidas

    do Brasil, apresentamos a seguir

    o conjunto mnimo de indicadores

    biolgicos selecionados para a

    composio de um Sistema Brasileiro

    de Monitoramento da Biodiversidade.

    Trata-se de uma proposta de

    indicadores com perfis mais

    abrangentes em termos de escalas,

    que no exclui a possibilidade de

    incluir outros indicadores biolgicos,

    selecionados de acordo com a

    necessidade e possibilidade de cada

    rea protegida.

    Racionalidade- Potencial de resposta a

    diferentes impactos humanos- Potencial para avaliar

    funes ecolgicas

    Implantao- Baixos custos de

    amostragem e identificao- Amostragem simples

    Desempenho- Aplicvel em larga escala (diferentes UCs, biomas)

    - Indicao prtica e confivel de impactos

    antrpicos

    Figura 2. Esquemas ilustrando a interao entre as trs caractersticas que sustentam um bom indicador biolgico para monitoramento da biodiversidade. Um indicador ideal para o monitoramento da biodiversidade deve ter alta racionalidade, desempenho e implantao (a), enquanto indicadores inviveis so fracos nesses trs quesitos (b), uma situao comum na prtica so indicadores

    com alta racionalidade e desempenho, mas com baixa implantao (c). Exemplos comuns dessa situao so aqueles indicadores biolgicos que fornecem resultados precisos e teis gesto durante o monitoramento da biodiversidade, mas que demandam por equipamentos com alto custo de aquisio e manuteno para sua amostragem, o que muitas vezes inviabiliza sua implantao.

    3130

  • iniciativas de monitoramento

    Oficinas comespecialistas

    Indicadores biolgicos

    Reviso daliteraturacientfica

    Racionalidade

    Desempenho

    Implementao

    A seleo de indicadores um passo essencial

    funcionalidade do monitoramento. Para compor um

    Sistema Brasileiro de Monitoramento da Biodiversidade

    seguindo os princpios de racionalidade, desempenho

    e implantao os indicadores foram listados por trs

    vias: i) consulta a especialistas em diferentes grupos

    taxonmicos em oficinas realizadas para trs biomas

    (Amaznia, Cerrado e Mata Atlntica); ii) levantamento

    de quais grupos so os mais consagrados em iniciativas

    internacionais de monitoramento da biodiversidade; iii)

    levantamento de quais grupos de indicadores so os mais

    relatados na literatura cientfica sobre monitoramento,

    com nfase em grupos substitutos (surrogates). Em todas

    as fases foi considerada a sensibilidade dos grupos

    mudanas climticas.

    Como resultado desse processo, uma extensa lista

    de potenciais indicadores foi compilada. Considerando

    as caractersticas de racionalidade, desempenho e

    implantao, essa lista foi refinada por meio de um

    processo criterioso de seleo, at a obteno de um

    conjunto mnimo de indicadores biolgicos praticveis em

    monitoramentos, viveis e teis gesto (Figura 3).

    Figura 3. Esquema ilustrando o mtodo de seleo dos indicadores biolgicos. Os potenciais indicadores foram eleitos por trs fontes distintas: i) oficinas com especialistas em diferentes grupos taxonmicos; ii) reviso das iniciativas globais de biomonitoramento; e iii) reviso de literatura cientfica sobre monitoramento da biodiversidade, indicadores ecolgicos e substitutos. Ento, essa lista de potenciais indicadores passou por um criterioso processo de seleo baseado em suas caractersticas de racionalidade, desempenho e implantao. Os indicadores melhores colocados foram selecionados para a proposta de um Sistema Brasileiro de Monitoramento da Biodiversidade.

    Como escolher indicadores biolgicos para avaliar a efetividade de conservao?

    3332

  • Como mensurar os indicadores biolgicos para o monitoramento?

    To complexo quanto selecionar quais indicadores

    biolgicos so eficazes e viveis em monitoramentos

    de biodiversidade, selecionar quais medidas tomar

    desses indicadores para que reflitam as tendncias da

    biodiversidade. Por exemplo, podemos usar mtricas

    simples como a presena de uma espcie focal em uma

    dada localidade, o que demanda a identificao apenas

    dessa determinada espcie. Outras mtricas so mais

    dificeis de se obter, como aquelas que demandam a

    identificao e contagem de todas as espcies de um

    determinado grupo taxonmico. Alm disso, ainda h

    empecilhos metodolgicos. Alguns grupos so visualmente

    conspcuos e podem ser amostrados simplesmente por

    contagem do nmero de indivduos avistados, como

    mutuns, araras, tamandus e antas. Por outro lado, alguns

    grupos de animais demandam armadilhas especficas para

    sua amostragem, que podem ser caras e difceis de manter

    por longo tempo. Portanto, alm da seleo de indicadores

    biolgicos, a seleo de mtricas tambm um processo

    essencial para o monitoramento da biodiversidade.

    evidente que entre as muitas unidades de

    conservao no Brasil temos cenrios distintos, tanto em

    termos da biodiversidade quanto de gesto. Por exemplo,

    h realidades distintas na captao de recursos, na

    categoria da UC e nos recursos humanos envolvidos. Assim,

    o processo de seleo das mtricas considerou o potencial

    de aplicabilidade do monitoramento para realidades

    distintas, mesmo as mais precrias, buscando resultados

    acurados e teis gesto. Nesse contexto, a proposta para

    um Sistema Brasileiro de Monitoramento da Biodiversidade

    deve ter o carter de modularidade. Esse princpio garante

    um protocolo mnimo para monitoramento de grupos focais

    de indicadores biolgicos, mas que pode ser ampliado para

    outras caractersticas mais especficas de acordo com a

    realidade de cada rea protegida. Alm do mdulo mnimo

    de monitoramento, diferentes unidades podem ter outros

    mdulos de monitoramento (Figura 4), ou

    seja, outros indicadores ou mtricas de

    acordo com o seu contexto local e propsitos

    especficos de monitoramento.

    3534

  • Figura 4. Modularidade na implantao do monitoramento da biodiversidade para os quatro grupos de indicadores biolgicos selecionados. Os crculos mais prximos ao indicador (cor mais forte) compem o mdulo mnimo para o monitoramento, o mais exequvel e vivel do ponto de vista logstico. Os demais crculos (indicados por cores mais claras) so mdulos adicionais que podem complementar o monitoramento da biodiversidade e fornecer dados mais refinados ao monitoramento.

    Comunidade

    Espcies selecionadas localmente Biomassa

    Plantaslenhosas

    Mamferos de mdio e grande

    porte

    Borboletasfrugvoras

    Grupos selecionados de

    Aves

    Mdulo bsico de monitoramento

    Mdulo bsico de monitoramento

    Mas afinal, quais so os indicadores selecionados?

    O processo de seleo de indicadores e suas

    respectivas mtricas para o monitoramento

    resultou em quatro principais grupos de

    indicadores biolgicos: plantas arbreas,

    grupos selecionados de aves, mamferos

    de mdio e grande porte e borboletas

    frugvoras. A seguir, apresentamos as

    caractersticas que esses grupos tm que os

    tornam vantajosos na implantao de um

    Sistema Brasileiro de Monitoramento da

    Biodiversidade com base nos princpios que

    nortearam o processo de seleo.

    Comunidade

    Espcies selecionadas localmente

    Tribos

    ComunidadeEspcies

    selecionadas localmente

    Cracdeos e Tinamdeos

    Espcies selecionadas localmente

    Noturnos e crpticos

    Diurnos

    3736

  • Plantas lenhosasPorque so bons indicadores?

    As plantas lenhosas constituem um timo indicador

    biolgico considerando os trs critrios norteadores:

    racionalidade, desempenho e implantao. Geralmente, o

    monitoramento da vegetao no envolve grandes esforos

    metodolgicos e pode fornecer dados teis gesto,

    visto que refletem presses em diversas escalas. Por

    exemplo, uma das mtricas amplamente empregadas em

    monitoramentos da biodiversidade de plantas a biomassa

    vegetal lenhosa. Essa mtrica pode refletir indiretamente a

    complexidade do ambiente, de modo que ambientes naturais

    mais complexos teriam maior biomassa e poderiam ter

    condies adequadas para maior diversidade de espcies.

    Alm disso, a biomassa vegetal tambm um indicativo

    da quantidade de carbono fixado em uma determinada

    rea importante para o sequestro e armazenamento de

    carbono atmosfrico no contexto de mudanas climticas

    globais. O mtodo selecionado para mensurar a biomassa

    vegetal envolve apenas a medio do dimetro e altura

    das plantas lenhosas em um determinado tamanho de

    parcela, independente da taxonomia das espcies. Dessa

    maneira, a amostragem no demanda grandes esforos

    em campo e em capacitao, ressaltando o alto potencial

    de implantao desse grupo de indicador.

    Alm do mdulo mnimo biomassa vegetal ,

    mdulos adicionais podem ser bem-vindos, como o

    monitoramento de espcies-alvo ou mesmo da comunidade

    (ou seja, o conjunto das diferentes espcies de plantas

    lenhosas) (Figura 4). Um bom exemplo para a implantao

    do mdulo adicional de monitoramento de espcies

    selecionadas so as UCs de uso sustentvel, nas quais

    espcies vegetais so exploradas como recursos naturais

    por populaes humanas locais. Aqui o monitoramento

    3938

  • da dinmica de populaes dessas espcies pode ser uma

    ferramenta importante para a gesto, visto que pode

    subsidiar a manuteno sustentvel das atividades de

    explorao pela comunidade local.

    Outra caracterstica que torna as plantas

    importantes como indicadores biolgicos o seu elevado

    potencial como grupo substituto (surrogate). Como so

    componentes estruturantes do ambiente, espcies vegetais

    fornecem micro-hbitats e alimentos para muitas espcies.

    Dessa maneira, a vegetao est diretamente associada

    com muitos outros grupos da biota. Esse potencial de

    substituio foi confirmado por meio de reviso da

    literatura cientfica, que evidenciou que o monitoramento

    de plantas permite inferncias sobre uma expressiva

    parcela da biodiversidade.

    4140

  • Aves - grupos selecionadosPorque so bons indicadores?

    Segundo o Livro Vermelho da Fauna Brasileira

    Ameaada de Extino cerca de 10% das aves brasileiras

    esto ameaadas, o que faz do Brasil o pas com maior

    nmero de espcies de aves em risco de extino. As

    principais presses que afetam negativamente as aves

    so o desmatamento e a fragmentao de hbitats. Essa

    sensibilidade s alteraes no hbitat credencia as aves como

    um grupo de grande valor para indicao biolgica. Para a

    proposta de um Sistema Brasileiro de Monitoramento da

    Biodiversidade, o mdulo bsico de amostragem inclui dois

    grupos importantes da ornitofauna: os cracdeos (mutuns)

    e tinamdeos (macucos), ambos so aves cinegticas (alvo

    de atividades de caa). Aves localmente selecionadas e a

    comunidade de aves podem ser includos nos mdulos

    adicionais.

    Muitos grupos de aves so popularmente

    conhecidos e, em geral, facilmente identificveis. Alm disso,

    existem guias ilustrados e com fotos de diversos biomas

    brasileiros, que facilitam a identificao das aves avistadas

    em campo, e diminui a dependncia de especialistas em

    taxonomia para o monitoramento. Outra vantagem que

    a amostragem em campo para alguns grupos pode ser

    realizada por avistamento, independentemente da aquisio

    de equipamentos, armadilhas ou manuseio dos animais.

    Aves cinegticas compem um grupo utilizado

    em monitoramentos, especialmente em locais onde h

    uso de recursos naturais por populaes humanas locais.

    Em geral, espcies cinegticas pertencem s famlias

    Tinamidae, Cracidae, Columbidae e Anatidae. Muitas

    delas, so aves grandes, com voo limitado e que nidificam

    no cho. Essas caractersticas biolgicas as tornam alvo

    fcil para caadores, e em geral as aves cinegticas so

    rapidamente eliminadas de localidades sujeitas presso

    de caa. Muitas dessas aves esto ameaadas de extino

    4342

  • no Brasil, como os macucos (gnero Tinamus) e mutuns

    (gnero Crax). Por esses motivos, monitorar a ocorrncia e

    abundncia de aves cinegticas pode fornecer informaes

    importantes sobre potenciais presses de caa dentro dos

    limites de reas protegidas.

    Um exemplo de aves que podem ser selecionadas

    localmente so os psitacdeos. Araras, papagaios e periquitos

    so bons indicadores biolgicos porque dependem de

    grande oferta de frutos para alimentao e de stios

    especficos para reproduo, como ocos de determinadas

    espcies de rvores. Alm disso, so de fcil amostragem,

    porque tm cores vistosas e vocalizao caracterstica.

    O monitoramento de psitacdeos se torna ainda mais

    importante quando consideramos que 16 espcies desse

    grupo esto ameaadas de extino no Brasil.

    Outro grupo de aves que pode ser selecionado

    para o monitoramento o das espcies localmente

    comuns. Monitorar espcies comuns e abundantes em

    hbitats pode fornecer informaes importantes. Espcies

    comuns contribuem com a maior parcela da biomassa de

    teias trficas, sendo fundamentais para o funcionamento e

    equilbrio dos ecossistemas. Alm disso, a incluso de aves

    comuns atribui um carter regional ao monitoramento

    de cada UC, permitindo inferncias especficas gesto e

    manejo local.

    Alm das vantagens especficas de cada um dos

    grupos de aves selecionados, um facilitador comum a esses

    trs grupos que todos so bem conhecidos popularmente.

    Isso possibilita a implantao de um modelo participativo

    no monitoramento de aves com o auxlio de comunidades

    locais envolvidas nas atividades da UC.

    Mtricas adicionais podem ser incorporadas ao

    monitoramento de aves, de acordo com o contexto de cada

    rea protegida. Por exemplo, incluir mdulos adicionais

    como a abundncia de espcies selecionadas (tais como

    espcies endmicas ou ameaadas), subsidiando dados

    importantes gesto.

    4544

  • Mamferos de mdio e grande portePor que so bons indicadores?

    O Brasil tem a maior riqueza de mamferos do

    mundo, com mais de 530 espcies descritas e grande

    nmero de endemismos. Cerca de 15% dessas espcies

    encontram-se ameaadas. As presses antrpicas mais

    associadas a essa ameaa so a perda e fragmentao de

    hbitats, mas a caa e os atropelamentos tambm causam

    diminuies expressivas em populaes de mamferos.

    No monitoramento in situ da biodiversidade, muitos

    mamferos de mdio e grande porte so considerados bons

    indicadores de qualidade de hbitat em ampla escala, uma

    vez que necessitam manter extensos territrios de reas

    naturais contnuas para alimentao e reproduo. Por

    exemplo, a rea de vida de onas-pintadas no Cerrado do

    Brasil Central pode chegar a 265 km2 (www.jaguar.org.br).

    Muitas vezes, presso antrpica de fragmentao em reas

    contnuas divide o hbitat em unidades menores que as

    necessrias para a sobrevivncia de mamferos mdios e

    grandes. Alm disso, algumas espcies de mamferos servem

    como reservatrio de agentes infecciosos, ressaltando a

    importncia desse grupo em questes de interao com a

    comunidade local e sade pblica. Mamferos tm, ainda,

    grande variabilidade alimentar com espcies estritamente

    herbvoras at outras carnvoras e predadores de topo

    participando assim do fluxo de energia em vrios nveis da

    cadeia trfica e do equilbrio dinmico das teias alimentares.

    Vale lembrar, muitas espcies de mamferos so

    consideradas espcies-bandeira, carismticas e contam

    com a simpatia popular. Esse carter ajuda na sensibilizao

    sobre a importncia dos monitoramentos e na captao de

    recursos para a conservao da biodiversidade.

    Quanto implantao, o mdulo bsico de

    amostragem simples e bastante vivel. Em geral,

    4746

  • mamferos de mdio e grande porte so bem conhecidos

    popularmente e muitos deles so de fcil identificao visual

    ou por pegadas. Guias e fotos podem auxiliar na identificao

    dos indivduos avistados, diminuindo a dependncia de

    especialistas no processo de amostragem. Um exemplo

    aplicvel a isso o caso dos mamferos cinegticos, que

    so um grupo ameaado em vrios biomas brasileiros. O

    monitoramento das populaes de espcies cinegticas

    importante para sua conservao em UCs que enfrentam

    presses de caa. Esse conhecimento das populaes locais

    sugere a possibilidade de implantao de um modelo

    participativo no monitoramento de mamferos de mdio e

    grande porte, especialmente aqueles cinegticos.

    Alm do mdulo bsico de monitoramento

    de mamferos por avistamento, o carter modular da

    proposta de um Sistema Brasileiro de Monitoramento

    da Biodiversidade permitiria a incluso de mtricas

    adicionais que podem complementar a base de dados

    biolgicos, de acordo com os propsitos de gesto de

    cada unidade de conservao. Adicionalmente, mtricas

    de comunidade podem fornecer importantes resultados

    sobre o funcionamento e diversidade de mamferos nos

    ecossistemas da UC.

    4948

  • Borboletas frugvorasPorque so bons indicadores?

    Especificamente para a regio tropical, o grupo das

    borboletas frugvoras considerado um timo bioindicador

    de alteraes ambientais. Borboletas so sensveis a

    alteraes do ambiente, porque dependem de micro-

    hbitats especficos e de recursos adequados para sua

    sobrevivncia. Muitas espcies so estritamente associadas

    a determinadas condies presentes em hbitats mais

    conservados, enquanto outras so associadas a reas

    perturbadas. Assim, alteraes na qualidade de hbitat

    causadas, por exemplo, por desmatamento, queimadas

    e mudanas climticas atuam nas populaes de

    borboletas e podem ser captadas pela srie de dados do

    monitoramento ambiental.

    Outra caracterstica biolgica que as tornam

    teis em biomonitoramentos, que borboletas frugvoras

    tm ciclo de vida curto. Dessa maneira, alteraes

    ambientais causam, em curto intervalo de tempo,

    mudanas nas populaes de borboletas que podem ser

    percebidas rapidamente ao longo do monitoramento. Essa

    possibilidade de rpida percepo de mudanas por meio do

    monitoramento in situ de borboletas frugvoras possibilita

    a definio de medidas mitigadoras do problema, antes que

    outros componentes da biota sejam afetados.

    Em questo de implantao, borboletas frugvoras

    compem um dos grupos com maior potencial. A

    amostragem em campo depende de armadilhas simples e

    de fcil confeco e manuteno. O uso de armadilhas tem

    a vantagem adicional de minimizar o efeito do coletor nos

    dados. Outra grande vantagem que a mtrica selecionada

    no monitoramento de borboletas frugvoras a proporo

    5150

  • de tribos. Isso se torna uma vantagem na prtica, pois

    diminui a dependncia de especialistas do grupo, uma vez

    que no h a necessidade da identificao taxonmica mais

    refinada at o nvel de espcie.

    Alm do mdulo bsico que utiliza a mtrica da

    proporo de tribos, mdulos adicionais tm a capacidade

    de potencializar a utilizao de borboletas frugvoras como

    indicadores biolgicos, de acordo com a possibilidade de

    aplicao em cada rea protegida. Por exemplo, incluir o

    acompanhamento de populaes de espcies selecionadas

    ou da comunidade de borboletas frugvoras como nveis

    adicionais no monitoramento, pode fornecer informaes

    mais especficas e, consequentemente, importantes

    tomada de deciso.

    Borboletas so insetos bioindicadores consagrados

    em vrios pases. Na Europa, onde 9% das espcies

    de borboletas esto em declnio, vrias iniciativas de

    monitoramento participativo e de cincia cidad utilizam

    borboletas como bioindicador para subsidiar aes de

    gesto e conservao do grupo.6 A principal motivao

    para isso que borboletas so carismticas e visualmente

    atraentes, o que desperta o interesse popular e estimula

    a conservao desses insetos. Essa ideia tem potencial

    para ser aplicada realidade da grande diversidade de

    borboletas brasileiras, uma vez que a variedade de cores e

    formas certamente atrai a simpatia popular.

    5352

  • O que esse conjunto de indicadores nos diz?

    Plantas lenhosas, grupos selecionados de

    aves, mamferos de mdio e grande porte e borboletas

    frugvoras so grupos importantssimos para o

    funcionamento de ecossistemas, correspondendo a uma

    importante parcela da enorme biodiversidade brasileira.

    O desempenho desses grupos como indicadores biolgicos

    faz com que eles tenham um papel chave para o

    monitoramento in situ e a conservao da biodiversidade.

    Entre esses grupos selecionados, encontramos indicadores

    biolgicos para impactos em mltiplas escalas e de

    distintas fontes. Desde a ameaa global das mudanas

    climticas, at impactos locais e de carter pontual e

    regional como caa e utilizao de agrotxicos podem

    ter seus efeitos negativos biodiversidade percebidos

    com o subsdio dos dados biolgicos do monitoramento

    da biodiversidade. A percepo dos problemas que afligem

    as reas protegidas brasileiras, com base em seu maior

    patrimnio, a biodiversidade, permite a tomada de deciso

    e gesto efetivas para conservao.

    Quanto ao potencial de substituio (surrogacy)

    dos grupos de indicadores selecionados, a reviso

    da literatura cientfica durante o processo de seleo

    mostrou que os grupos escolhidos tm amplo potencial de

    representar outros componentes da biodiversidade. Por

    exemplo, plantas e mamferos de mdio e grande porte

    so timos representantes da biodiversidade de outros

    grandes grupos taxonmicos, como plantas no vasculares,

    insetos, anfbios, entre outros. Dessa forma, ao monitorar

    os quatro grupos selecionados de indicadores biolgicos,

    conseguimos monitorar indiretamente outros tantos

    componentes da biodiversidade.

    Alm dos quatro indicadores biolgicos

    selecionados, importante ressaltar que outros

    componentes da biodiversidade tambm tm grande

    5554

  • potencial de indicao e substituio, e podem ser aplicados

    efetivamente em monitoramentos da biodiversidade.

    Por exemplo, anfbios e rpteis tambm podem ser

    adicionados como indicadores locais em monitoramentos

    da biodiversidade em UCs. Indicadores de importncia

    local, como espcies endmicas, ameaadas ou espcies

    que so exploradas por comunidades locais em UCs de

    uso sustentvel, podem tambm ser timos indicadores

    complementares. Portanto, recomendvel que, de acordo

    com o contexto e as necessidades de cada UC, espcies

    ou grupos adicionais sejam inseridos ao conjunto de

    indicadores biolgicos selecionados, conferindo um carter

    de gesto local ao monitoramento.

    Em sntese, partindo de uma extensa lista

    compilada de fontes especializadas e conceituadas em

    monitoramento da biodiversidade, o criterioso processo

    de seleo de indicadores resultou nos quatro grupos

    apresentados. Plantas lenhosas, grupos selecionados de

    aves, mamferos de mdio e grande porte, e borboletas

    frugvoras, alm de serem componentes fundamentais da

    biodiversidade, esto diretamente associados a servios

    ambientais, respondem a impactos antrpicos, indicando

    a sade e integridade do sistema, alm de representar

    bem outros componentes da biota. Adicionalmente, a

    preocupao com a viabilidade prtica e econmica dos

    monitoramentos de biodiversidade frente realidade das

    reas brasileiras protegidas norteou todo o processo de

    seleo dos indicadores, de modo a torn-lo praticvel e

    til tomada de deciso e gesto.12

    5756

  • Referncias

    1. http://www.cbd.int/

    2. Pagamento por servios ambientais na Mata Atlntica: Lies aprendidas e desafios (http://www.mma.gov.br/estruturas/202/_arquivos/psa_na_mata_atlantica_licoes_aprendidas_e_desafios_202.pdf), World Resources Institute (wri.org/project/mainstreaming-ecosystem-services/about), Ecosystems and Human Well-being: A Framework for Assessment (millenniumassessment.org/documents/document.300.aspx.pdf).

    3. http://www.conservation.org/learn/health/pages/threats.aspx

    4. SHAH, A. 2012. Climate change affects biodiversity. http://www.globalissues.org/article/172/climate-change-affects-biodiversity.

    5. IPCC, AR4, Synthesis Report (2007): 48ff

    6. CHEVIAN, E. & BERNSTEIN, A. 2008. Sustaining Life: How Human Helth Depends on Biodiversity. Oxford: Oxford Unioversity Press.

    7. IPCC, AR4 WG II (2007): 241

    8. Cadastro Nacional de Unidades de Conservao/MMA (dados consolidados em 05/02/2013). FUNAI/DTI

    9. LINDENMAYER D B, LIKENS G E, HAYWOOD A & MIEZIS L. 2011. Adaptive monitoring in the real world: proof of concept. Trends in Ecology and Evolution 26: 641-646.

    10. EVANS, K., and GUARIGUATA, M. 2008. Participatory monitoring in tropical forest management: A review of tools, concepts and lessons learned. Bogor, Indonesia: Center for International Forestry Research (CIFOR)

    11. HEINK U, KOWARIK I. 2010. What are indicators? On the definition of indicators in ecology and environmental planning. Ecological Indicators 10: 584593.

    12. www.icmbio.gov.br/monitoramento

    Referncias adicionais:

    Guedes, F. B. & Seehusen, S. E. Pagamento por Servios Ambientais na Mata Atlntica: Lies aprendidas e desafios. Braslia: MMA, 2011.World Resources Institute. What Are Ecosystem Services? disponvel em: http://www.wri.org/project/mainstreaming-ecosystem-services/aboutEcosystems and human well-being: A framework for assessment (2003) Alcamo, J.; Ash, N. J.; Butler, C. D.; Callicott, J. B.; Capistrano, D.; Carpenter, S.; Castilla, J. C.; Chambers, R.; Chopra, K.; Cropper, A.; Daily, G. C.; Dasgupta, P.; de Groot, R.; Deitz, T.; Duraiappah, A. K.; Gadgil, M.; Hamilton, K.; Hassan, R.; Lambin, E. F.; Lebel, L.; Leemans, R.; Jiyuan, L.; Malingreau, J. P.; May, R. M.; McCalla, A. F.; McMichael, A. J.; Moldan, B.; Mooney, H. A.; Naeem, S.; Nelson, G. C.; Wen-Yuan, N.; Noble, I.; Zhiyun, O.; Pagiola, S.; Pauly, D.; Percy, S.; Pingali, P.; Prescott-Allen, R.; Reid, W. V.; Ricketts, T. H.; Samper, C.; Scholes, R.; Simons, H.; Toth, F. L.; Turpie, J. K.; Watson, R. T.; Wilbanks, T. J.; Williams, M.; Wood, S.; Shidong, Z. & Zurek, M. B. disponvel em: millenniumassessment.org/documents/document.300.aspx.pdf

    5958

  • AGRADECEMOS A VALIOSA CONTRIBUIO

    - Adriana Assis Arantes ICMBio

    - Adriani Hass UnB

    - Adriele K. C. de Oliveira UFPR

    - Andr A. Cunha UnB

    - Andr Victor Lucci Freitas Unicamp

    - Arthur ngelo Bispo de Oliveira UFG

    - Caren Dalmolin ICMBio

    - Carla N. M. Polaz ICMBio

    - Carlos Eduardo Conte UFPR / INPCON

    - Christoph Knogge IP

    - Claudio Szlafsztein UFPA

    - Cleber Salimon UFAC

    - Cristiano Agra Iserhard UFPEL

    - Daniel Piotto SFB

    - Davi Lima Pantoja UnB

    - Emerson M. Vieira UnB

    - Esther Carone Blumenfeld MMA

    - Fabiana Ganem MMA

    - Flvio C. T. Lima Unicamp

    - Francisco Valente UFMS

    - Giovana Palazzi ICMBio

    - Glria Ramos Soares ICMBio

    - Helio Jorge Cunha MMA/ ProBio

    - Hildo Giuseppe Garcia Caldas Nunes

    LBA/ PPGCF, UFRA

    - Hugo Bonfim de A. Pinto ICMBio

    - Ingrid Prem GIZ

    - Ionai Ossami de Moura MMA

    - Isabel Belloni Schmidt IBAMA

    - Jean P. Boubli GIZ

    - Jorge Saraiva UFMS

    - Jos Fragoso Stanford University, UFRR

    - Jos Henrique Cattanio UFPA

    - Jos Luis Camargo PDBFF (INPA/STRI)

    - Jos Svio C. de Melo ICMBio

    - Keila Juarez MMA

    - Konstantin Knig ICRAF

    - Leoncio Pedrosa Lima ICMBio

    - Liliam Patricia Pinto ICMBio

    - Luciano Koji Shimizu MMA

    - Luiza Brasileiro R. Pereira MMA

    - Magno Reis LBA/ UFRA

    - Marcelo Stabile IPAM

    - Marcus Vinicius Cianciaruso UFG

    - Marlia Marques G. Marini ICMBio

    - Mario Almeida Neto UFG

    - Mario Barroso WWF

    - Marlcia B. Martins MPEG

    - Mirco Sol UESC

    - Nubia E. de Santana e Silva MMA

    - Oliver Thie GIZ

    - Pedro Develey Save Brasil

    - Rafael Loyola UFG

    - Renata Alves da Mata UnB

    - Renata M. Rossato ICMBio

    - Reuber Brando UnB

    - Rita Silvana Santana dos Santos Consultora GIZ

    - Roberto Rodriguez Suarez MMA

    - Robson Louiz Capretz Fundao Grupo

    Boticrio

    - Rodrigo de Almeida Nobre Consultor PNUD

    - Ronaldo G. Morato ICMBio

    - Rosiane Pinto MMA ARPA

    - Srgio Borges FVA

    - Sinomar F. Fonseca Jr. CEUC/ SDS (Amazonas)

    - Stefanie Elena Preuss GIZ

    - Tadeu Siqueira UNESP Rio Claro

    - Vanesca Korasaki UFLA

    REALIZAOEsta publicao foi realizada pelo Projeto Monitoramento da Biodiversidade com Relevncia para o Clima em nvel de UC, considerando medidas de adaptao e mitigao. um projeto do governo brasileiro, coordenado pelo Ministrio do Meio Ambiente (MMA) e o Instituto Chico Mendes de Conservao da Biodiversidade (ICMBio), no contexto da Cooperao Brasil-Alemanha, no mbito da Iniciativa Internacional de Proteo ao Clima (IKI), do Ministrio Federal do Meio Ambiente, da Proteo da Natureza e da Segurana Nuclear da Alemanha (BMU). Prev apoio tcnico atravs da Deutsche Gesellschaft fr Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH.

    Edio: Jos Sabino

    Projeto Grfico: Andr Morato

    Produo Editorial: Luciana Paes de Andrade

    Fotografias: Jos Sabino - Natureza em Foco, Jean Philippe Boubli, Werner Rudhart - GIZ

    Reviso: Maria Alice Pavan Sabino

    Projeto Editorial: Natureza em Focowww.naturezaemfoco.com.br

    A reproduo desta obra permitida desde que citada a fonte. Esta permisso no se aplica s fotos, que foram cedidas exclusivamente para esta publicao. Esta obra no pode ser comercializada.

    Para saber mais, acesse: www.icmbio.gov.br/monitoramento

    6160

  • As reas protegidas so a espinha dorsal da conservao da natureza. Para assegurar que essa conservao seja

    eficaz, o monitoramento da biodiversidade ferramenta fundamental porque fornece informaes para a tomada

    de deciso consistente e contribui para a gesto apropriada da rea protegida. O monitoramento funciona, assim,

    como termmetro da condio de um ambiente, orientando iniciativas e estratgias de conservao.

    Apresentamos aqui a proposta de monitoramento in situ da biodiversidade em reas protegidas brasileiras,

    resultado da parceria entre o Instituto Chico Mendes de Conservao da Biodiversidade (ICMBio), o Ministrio do

    Meio Ambiente (MMA) com apoio tcnico da Deutsche Gesellschaft fr Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH.

    Essa proposta marcada pela viabilidade econmica e prtica para implantao nas unidades de conservao

    brasileiras. Um criterioso processo de seleo elegeu quatro grupos de indicadores biolgicos terrestres: plantas

    lenhosas, grupos selecionados de aves, mamferos de mdio e grande porte e borboletas frugvoras. Esses

    organismos so sensveis a impactos gerados pelo homem e pelo clima, representam bem outros grupos da

    biodiversidade e seus protocolos de monitoramento so de implantao fcil e vivel.

    Nesse contexto, o sucesso desse tipo de iniciativa depende do engajamento e da boa receptividade dos gestores

    e de outros parceiros envolvidos com as unidades de conservao.

    ISBN

    -13:

    978

    -85-

    6587

    2-04

    -1