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FACULDADE ESTADUAL DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS DE APUCARANA CURSO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS _________________________________________________ FÁBIO JÚNIO BAIL ESTUDO SOBRE O SURGIMENTO DOS EUA COMO PAÍS IMPERIALISTA: DENTRO DAS TRANSFORMAÇÕES DO MODO DE PRODUÇÃO CAPITALISTA APUCARANA-PR 2012

MONOGRAFIA - FÁBIO JÚNIO BAIL

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Page 1: MONOGRAFIA - FÁBIO JÚNIO BAIL

FACULDADE ESTADUAL DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS DE APUCARANA

CURSO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS

_________________________________________________

FÁBIO JÚNIO BAIL

ESTUDO SOBRE O SURGIMENTO DOS EUA COMO PAÍS

IMPERIALISTA: DENTRO DAS TRANSFORMAÇÕES DO MODO DE

PRODUÇÃO CAPITALISTA

APUCARANA-PR

2012

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FÁBIO JÚNIO BAIL

ESTUDO SOBRE O SURGIMENTO DOS EUA COMO PAÍS

IMPERIALISTA: DENTRO DAS TRANSFORMAÇÕES DO MODO DE

PRODUÇÃO CAPITALISTA

Monografia apresentada ao Departamento de Economia da Faculdade Estadual de Ciências Econômicas de Apucarana como requisito parcial à obtenção do título de bacharel em Ciências Econômicas.

Orientador: Prof. Msc. Antônio Pereira da Silva

APUCARANA-PR

2012

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FÁBIO JÚNIO BAIL

ESTUDO DO SURGIMENTO DOS EUA COMO PAÍS IMPERIALISTA :

DENTRO DAS TRANSFORMAÇÕES DO MODO DE PRODUÇÃO

CAPITALISTA

Monografia apresentada ao Departamento de Economia da Faculdade Estadual de Ciências Econômicas de Apucarana como requisito parcial à obtenção do título de bacharel em Ciências Econômicas, sob a orientação da Prof. Msc. Antônio Pereira da Silva

Comissão Examinadora

_____________________________

_____________________________

_____________________________

Apucarana, ____de_______________de 2012

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho primeiramente à classe operária, a meu filho João Pedro e minha

batalhadora e guerreira Mãe.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço ao meu orientador e professor Antônio Pereira da Silva, pela

compreensão, paciência para ouvir meus argumentos e para que esta pesquisa se

realizasse.

E aos colegas e professores de curso, pelos consensos construídos e pelos

momentos onde a crítica se fez necessária. Anos de aprendizado, crescimento,

sorrisos, e respeito.

E a todos, direta ou indiretamente que fizeram parte desta formação.

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EPÍGRAFE

“A vida social é essencialmente prática. Todos os mistérios que seduzem a teoria

para o misticismo encontram a sua solução racional na praxe humana e no compreender desta praxe” (Karl Marx,

8° Tese Sobre Feuerbach, 1845).

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RESUMO

Esta pesquisa tem como objetivo mostrar as condições que levaram os EUA a se colocarem como potência imperialista. Identificando as mudanças ocorridas no modo de produção capitalista, estas ocorridas a partir do final do século XIX, onde os monopólios estruturados numa concentração e centralização de capital, advindas do aumento da concorrência e seus desdobramentos internos e externos ,criando condições do surgimento de potências econômicas no bojo do avanço do império Britânico. Os EUA assumem após este período, no vácuo deixado pela crise ocorrida no fim do século XIX, o papel de economia imperialista e dita os rumos da economia politica a partir da Primeira e Segunda Guerra Mundial. Estruturada em instituições multilaterais condicionadas ao seu interesse, que levam ao período de prosperidade em todo mundo num período que dura cerca de 30 anos.

Palavras-chaves: Capitalismo. Monopólio. Imperialismo. Guerra. Crise. Instituições.

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ABSTRACT

This research aims to show the conditions that led the U.S. to position themselves as imperialist power. Identifying changes in the capitalist mode of production, these occurred from the late nineteenth century, where monopolies structured in a concentration and centralization of capital, resulting from increased competition and created their conditions of emergence of economic powers in the wake of the advancing British Empire. The U.S. take after this period, in the vacuum left by the crisis in the late nineteenth century, the role of imperialist economy and dictates the direction of political economy from the First and Second World War. Structured in multilateral institutions conditional on their interest, leading to the period of prosperity throughout the world in a period that lasts about 30 years.

Keywords : Capitalism. Monopoly. Imperialism. War. Crisis. Institutions.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO....................................................................................................... 10

2. O CAPITALISMO INGLÊS E O MOVIMENTO DO CAPITALISMO.. .................... 12

2.1 DA CONCORRÊNCIA AO GERME DO MONOPÓLIO A PARTIR DO MOVIMENTO DO CAPITAL....................................................................................... 12

2.2 O MOVIMENTO FINANCEIRO DO CAPITAL...................................................... 17

3.O MONÓPOLIO E OS EUA, NO AVANÇO DO DECLÍNIO INGLÊS. .................... 19

3.1 O SURGIMENTO DOS EUA NO MOVIMENTO DE CONCENTRAÇÃO DE CAPITAL.................................................................................................................... 20

3.2 CONCENTRAÇÃO DE CAPITAL E OS EUA COMO GERME DE POTÊNCIA IMPERIALISTA.......................................................................................................... 23

4. A EMERGÊNCIA DO IMPERIALISMO AMERICANO.......... ................................ 27

4.1 OS CONFLITOS BÉLICOS E O PODER ECONÔMICO AMERICANO.............. 27

4.2 AS MUDANÇAS OCORRIDAS APÓS A I GUERRA MUNDIAL E OS MOVIMENTOS DA POLÍTIA ECONÔMICA AMERICANA........................................ 29

4.3 PODER ECONÔMICO E DECLÍNIO AMERICANO............................................ 31

CONSIDERAÇÕES FINAIS............................... ....................................................... 39

REFERNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................... ................................................. 40

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1. INTRODUÇÃO

O fim do modelo de capitalismo concorrencial foi construido a partir de

determinações do conteúdo intrínseco da acumulação e reprodução do capital,

construída no avanço do modo de produção capitalista a partir da Primeira

Revolução Industrial, surgido com pujança na Inglaterra. O laissez faire como

política, assentada numa acumulação ampliada de capital na ordem burguesa,

sustentada pelo prestamista Inglês, gera uma concorrência ferrenha nos países de

capitalismo atrasados, estes (Japão, Alemanha, EUA), se condicionam a sustentar a

briga concorrencial, através de uma centralização e concentração de capital,

gerando uma acumulação de capital condicionada e mediada por negócios

financeiros centralizado na Inglaterra e na implantação de grandes parques

industriais.

O surgimento dos sindicatos e o avanço dos operários no bojo do

desenvolvimento capitalista gera uma consciência que na sua dinâmica agudiza o

processo de crise, consubstanciada em 1873. A partir, daí a forma de concorrência e

as crises, permitem uma nova configuração das formas de acumulação de capital,

seja através da centralização/concentração, ou no aporte do capital financeiro. As

guerras inter-imperialista se impõem como forma de superar a concorrência e o

espaço de acumulação capitalista, onde a I Guerra Mundial, seguida pela quebra da

Bolsa de Valores de Nova Iorque em 1929, germinou o avanço dos EUA, como

determinante força Imperialista do Século XX.

Instituições e toda estrutura econômica criada a partir da Segunda Guerra

Mundial, trariam uma dimensão ao poderio Imperialista Americano, onde políticas de

emprego, circulação de capital, taxas de câmbio e o viés monetário, se sustentará

num pacto social, onde sindicatos e burguesia industrial possibilitam, processos de

avanços num período de 30 anos, as “décadas de ouro1” como são conhecidas,

acentuara uma queda no lucro industrial, dentro de uma lógica, onde se percebe um

relativo avanço na renda e direitos dos trabalhadores, não obstante, sustentado na

sua estrutura e determinada pela reprodução e acumulação do modo de produção

capitalista.

1 Período de prosperidade do capitalismo, que vai dos meados dos 1940 a 1973.

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Porém, a partir de 1960, ocorre uma reversão, e mudanças brusca na forma

padrão-ouro, advinda duma acentuada queda de lucro médio, um período de

processo recessivo, esta conjuntura tem como estrutura, uma intensificação da

reprodução do capitalismo no globo terrestre, onde a mundialização do capital

acentuará a exploração do trabalho, que tem o desemprego estrutural como seus

nódulos.

No capítulo primeiro apresentam-se as principais características do

capitalismo Inglês, estrutura e dinâmica que criaram condições de avanços nas

economias de desenvolvimento atrasados (Japão, Alemanha e EUA), por

conseguinte no segundo capítulo demostra-se que as formas financeiras de

acumulação assumidas na Inglaterra exigem uma concentração de capital através

do monopólio nos EUA, possibilitando a emergência dos EUA como potência

Imperialista. No terceiro capítulo atina-se a logica de acumulação americana no

período de declínio da economia Inglesa, o papel assumido pela economia

americana na I e II Guerras Mundiais, e seus desdobramentos a partir da criação de

instituições que centraliza o interesse americano. No ultimo capítulo as

considerações finais, onde se concentra nos sinais de reversão e mudanças

institucionais surgidos a partir da década de 1960.

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2. O CAPITALISMO INGLÊS E O MOVIMENTO DO CAPITALIS MO

2.1 DA CONCORRÊNCIA AO GERME DO MONOPÓLIO A PARTIR DO MOVIMENTO DO CAPITAL

O século XIX foi marcado pelo processo de mudanças no modo de produção

capitalista, mudanças quantitativas e qualitativas na forma de acumulação

econômica, revoluções pela Europa, avanços científicos, o surgimento da classe

operária questionadora das condições de trabalho e como se inserem no modo de

produção capitalista. Como assinala Sweezy (1976) estes fatos estão

condicionados, a uma transformação processual no modo de produção capitalista

concorrencial, onde o aumento da composição orgânica do capital possibilita a

formação de oligopólios e num segundo momento em capital monopolista.

O primeiro estágio se deu até o terceiro quarto do século XIX,

concomitantemente o segundo se construiu a partir de uma crise estrutural do

capitalismo. Belluzzo; Tavares (2004) apontam que as mudanças geradas pela

Grande Depressão no final do século XIX e também ocorridas a partir da

2°Revolução Industrial entre os anos de 1873-1896, criaram condições para o

surgimento de avanços tecnológicos como aço, eletricidade, a química da soda e do

cloro, carvão, ferro, o motor a combustão interna, o telégrafo, o navio frigorífico,

modificando o cenário da indústria, nas telecomunicações e dos transportes.

Esta segunda revolução industrial veio acompanhada de um processo

extraordinário de ampliação das escalas de produção. O crescimento do volume de

capital requerido pelos novos investimentos impôs novas formas de organização à

empresa capitalista. A sociedade anônima por ações se torna a forma dominante de

estruturação da propriedade. Neste sentido, a única forma encontrada em

decorrência das crises geradas pelo modo de produção capitalista no período

assinalado, são estratégias que se moldam no sentido de uma concentração e

centralização do capital2 nos países atrasados, acabando por consolidar a Indústrias

de grandes dimensões, caracterizada por uma produção em grande escala dentro de

grandes barracões, como uma predominante força de acumulação de capital.

2 SWEEZY, Paul. M. Teoria do Desenvolvimento do Capitalismo: Princípios de Economia Política Marxista. Zaar: Rio de Janeiro; p. 284 - 287,1976.

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Segundo Doob (1986, p. 185) este ocorre a partir das determinações que

provocam transformações no processo de produção capitalista de sua fase

concorrencial, todavia sua formação esta na passagem do modo de produção feudal

para o modo de produção capitalista; vale citar o trabalho de Leo Hubermam (1981).

Neste sentido o surgimento do modo de produção, esta condicionado à expropriação

dos meios de produção dos trabalhadores advinda das mudanças nas forças

produtivas, agora o homem se torna apenas uma peça da máquina.

A mudança estava no caráter da produção que, em geral, se associava à utilização de máquinas movidas por energia não humana e não animal. Marx afirmou que “a transformação crucial foi na verdade a adaptação de uma ferramenta, antes empunhada pela mão humana, a um mecanismo, a partir daquele momento, a maquina toma o lugar de mero implemento”, sem levar em conta se a força motriz vem do homem ou de outra máquina”. (DOBB, 1986, p.185)

O que se pode observar, nos anos finais do século XIX, é que, se estruturam

e consolidam forças produtivas determinadas pelo modo de produção capitalista,

onde se processa um distanciamento que separa o econômico da técnica, dos meios

de consumo e meios de produção, ou seja uma intensificação da divisão trabalho

internacional. Da mesma forma os processos nos países periféricos, constrói-se a

partir das determinações dos países industriais, um avanço nas destruições de

relações pré-capitalistas, que conjuga em seu bojo uma industrialização germinal

(BALANCO; PINTO, 2007 p. 24).

Vale assinalar que as transformações foram impulsionadas pela Grande

Indústria, porém o avanço da técnica, do comércio, o surgimento da classe burguesa

são condições necessárias para a formação de um sistema de produção capitalista

como assinala Marx no Manifesto Comunista:

A grande indústria criou o mercado mundial, preparado pela descoberta da América. O mercado mundial promoveu um desenvolvimento incomensurável do comércio, da navegação e das comunicações. Esse desenvolvimento, por sua vez, voltou a impulsionar a expansão da indústria. E na mesma medida em que a indústria, comércio, navegação e estradas de ferro se expandiam, desenvolvia-se a burguesia, os capitais se multiplicavam e, com isso, todas as classes oriundas da Idade Média passavam a um segundo plano (MARX, 1848 p.09).

Assim, o estabelecimento da supremacia Inglesa é constituído, a partir das

transformações que se estruturam e dão solidez ao desenvolvimento de um modo

de produção capitalista, que na fase concorrencial atrelado a mudanças apontadas,

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geram o capital monopolista. Articulam-se relações nos espaços interno e externos

das Economias Nacionais, que forjará a imposição e a criação da Inglaterra como

força suprema no sistema mundial. Passando a liderar uma prática de livre comércio

multilateral com base numa ordem ideológica burguesa, que se consolida a partir do

Tratado Anglo-Francês. Associa-se ao livre comércio, um deslocamento espacial e

expansionista ultramarino territorial, assentado no desenvolvimento da indústria e

das finanças inglesas. O imperialismo3 Britânico surge em consonância com alguns

fatores de fundamental importância, BALANCO; PINTO (2007, apud ARRIGHI, 1996;

FIORI, 1997 e 2004.) destaca que:

[...] (i) da sua liderança na precedente primeira revolução industrial, (ii) do seu pioneirismo em consolidar uma “revolução financeira” na qual o Estado transformou o crédito público (sistema de dívida pública e de tributos), (iii) da derrota das pretensões imperiais de Napoleão Bonaparte e (iv) de seu controle quase monopolista dos meios de pagamentos aceitos internacionalmente, o que fazia da libra a “moeda mundial”(BALANCO ; PINTO, 2007, p.31).

Este processo é determinado pelo avanço do capitalismo Inglês, pautado por

um liberalismo ordenado, que se passa na Segunda Revolução Industrial gestada no

final do século XIX, disseminando concomitantemente a industrialização além do

espaço Inglês, criando condições para que surjam brechas, onde alguns países de

industrialização atrasadas (EUA, Japão, Alemanha), façam parte do

desenvolvimento e da expansão do capitalismo Inglês. Ao mesmo tempo, este final

de século conduzirá as potências econômicas (Japão, Alemanha, EUA) um equilíbrio

econômico, exigindo uma ampliação em suas economias dada à concorrência.

Agora as potências econômicas em condições de equilíbrio, dada a pressão

e poder econômico determinado pela grande indústria, pelo fluxo de acumulação

financeira mediada pela troca entre os países, levando-se em conta as diferenças

respeitáveis, Alemanha, EUA, estes dois principalmente, surgem, como países de

uma economia dinâmica e desenvolvida, apesar dos seus atrasos caracterizados por

um processo de a expansão econômica em pouco tempo, ou seja, a construção de

um capitalismo diferente do capitalismo do Inglês, este leva cerca de um século para

3 LÊNIN, V. I. O Imperialismo Etapa Superior do Capitalismo. Apresentação: Por que Voltar a Lênin? Imperialismo, Barbárie e Revolução. ARRUDA, Plínio Sampaio Jr. Campinas-SP. FE/UNICAMP, 2011.

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o seu desenvolvimento atingir um capitalismo imperialista (JÚNIOR, 2011 apud

LÊNIN, 1916).

Todavia, embebidos ao atrelamento determinante das relações comerciais e

financeiras do imperialismo Britânico, agora como novas potências industriais EUA e

Alemanha, surgem e alcançam posições de Estados fortes, que se traduz no papel

de seus Estados Nacionais, com uma presença, que corresponde a uma forma

dirigente, consolidando o processo de avanço econômico desses países, em

consonância com suas políticas de cunho industriais, ao mesmo tempo em que se

articulam ao sistema financeiro bancário, onde este último passa a financiar

operações de endividamento público, também novas plantas industriais de grande

escala e grandiosas fusões das empresas existentes (BELLUZZO; TAVARES, 2004,

p. 115).

O surgimento de grandes potências capitalistas brota no seio da

concorrência capitalista, numa conjuntura de grande e ferrenha rivalidade

concorrencial mundial. Com o tempo a dinâmica dos setores industriais onde impera

a concorrência, foram sobrepujados por grandes corporações-empresas, onde a

lógica de acumulação é determinada pelo capital financeiro.

O movimento de concentração do capital produtivo e de centralização do comando capitalista tornou obsoleta a figura do empresário frugal que confundia o destino da empresa com sua própria biografia. O magnata da finança é o herói e o vilão do mundo que nasce (BELLUZZO; TAVARES, 2004, p.115).

O que define nas palavras de Júnior (2011 apud LÊNIN, 1916) a dinâmica

que determinará a rapidez do desenvolvimento dos EUA e Alemanha, como

assinalado acima, está no avanço econômico desses países, num período de tempo

curto, consolidado no desenvolvimento e numa ampliação dos monopólios

existentes em suas economias, condicionado a um amplo poder financeiro centrado

em seus bancos-empresas. Possuindo mais de 50% do capital financeiro mundial.

“Quase todo o resto do mundo exerce, de uma forma ou de outra, funções de

devedor e tributário desses países, banqueiros internacionais, desses quatro [dois]

“pilares” do capital financeiro mundial” (JÚNIOR, 2011 apud LÊNIN, 1916, p. 179).

Emerge dai a rivalidade imperialista e a luta entre estados soberanos, do

avanço de grandes corporações associadas, sob controle da financeirização

aportado pelos bancos, que ira até década de 1930, no caso americano que é o que

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nos interessa, fica evidente este processo, em 1890, em torno 60% das linhas

férreas mundiais se encontram nos Estados Unidos da América (Júnior, 2011 apud

LÊNIN, 1916).

Belluzzo; Tavares (2004, p. 115) detalham que o capitalista prestamista que

surge ao final do século XIX em alguns países retardatários, nos EUA tiveram

características diferentes dos outros países. Na Inglaterra ele já havia ascendido

como um capitalista prestamista, onde os lucros absorvidos pela senhoriagem do

capital financeiro, mantinha a burguesia inglesa no comando mundial. É interessante

notar este desenvolvimento processual do capital industrial ao capital financeiro.

A estrutura financeira da Inglaterra e dos países capitalistas retardatários orientou-se, no momento inicial do processo de industrialização, para o financiamento do capital industrial. Tratava-se de uma estrutura que se apresentava como via para o exercício da divisão do trabalho entre diferentes modalidades funcionais do capital, atuando, por conseguinte, como o espaço de representação do capital portador de juros. Havia, por consequência, uma superestrutura financeira de aporte à esfera produtiva geradora da mais-valia na qual os vínculos orgânicos entre o capital industrial e o financeiro compunham a estrutura clássica da reprodução ampliada juntamente com o capital comercial (MARX, 1986). Mas, no novo cenário dominado pela Inglaterra, esta superestrutura passa a apresentar uma tendência à aquisição de uma autonomia relativa devido ao surgimento de um aparato creditício-financeiro que viabilizou o controle da máquina monetária das sociedades capitalistas à medida que avançava a concentração do capital produtivo. (BALANCO; PINTO, 2007, p.31)

O desenvolvimento do processo de centralização financeiro que determina a

lógica de acumulação do capital, a partir do fim do século XIX, se dá com fixação ao

papel das economias capitalistas centrais, onde a forma que assume esta lógica se

constitui a partir e mediante a interpenetração entre a propriedade dos meios de

produção, instituições bancárias e sociedades por ações sustentadas na

acumulação industrial. Uma correspondência processual, em que a fusão entre

indústria e sociedade por ações, viabilize uma nova forma financeira, objetivando

desta forma, maximizar a lucratividade, intermediada por operações de lançamento,

compra e venda de ações, potencializando sua forma abstrata de riqueza, o capital

fictício, se entrelaça ao novo movimento de acumulação e valorização (BALANCO;

PINTO, 2007, p.31).

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2.2 O MOVIMENTO FINANCEIRO DO CAPITAL

A potencialização do capital financeiro torna-se central nas disputas entre as

várias frações da burguesia industrial e financeira, ocorrendo sempre nos momentos

de crise, onde nesta, surgem barreiras ao processo de valorização do valor4,

refletindo-se em conflitos entre Estados Soberanos e suas dimensões internas. A

potencialização da forma fictícia do capital5 é uma válvula de escape ao processo de

crise. Desta forma, as estratégias assumidas para sustentar o processo de

valorização do valor, na materialização da mercadoria, constroem-se através de um

deslocamento da esfera produtiva do processo de acumulação de capital para sua

esfera financeira, com a possibilidade do aumento do lucro financeiro. Não obstante,

como já descrito, nas economias capitalistas de desenvolvimentos atrasados, este

processo não se afigura até o fim da primeira Guerra Mundial, onde EUA, Japão e

Alemanha, se utilizam do processo de centralizações e concentração industrial,

justaposto ao uma política protecionista, visando uma defesa de seus monopólios

(BALANCO; PINTO, et. al. 2007).

Como aponta Belluzzo; Tavares (2004, p. 113-114) concomitantemente ao

processo atribuído na divisão do trabalho internacional aos países desenvolvidos,

sua lógica de acumulação financeira, a defesa dos monopólios através de políticas

protecionistas nos países de desenvolvimento marginal ao Imperialismo Inglês, se

faz notar que é importante constituição de países subdesenvolvidos, este por sua

vez, exportando matérias-primas, alimentado num sistema de crédito internacional

que ao mesmo tempo sustenta e trava o processo de desenvolvimento industrial das

economias em subdesenvolviemto6, portanto, são uma das principais características

que se deve exultar para compreensão, de como os EUA surge no processo de

acumulação de capital como potência imperialista.

4 CARCANHOLO, Reinaldo. Aulas sobre o Capital de Marx-Programa de Pós-Graduação em Política Social. UFES. 2011. http://carcanholo.com.br/videos.htm 5 PAULANI, Leda Maria; ROTTA, Tomas Nielsen. A Teoria Monetária de Marx: Atualidade e Limites Frente ao Capitalismo Contemporâneo. Revista Economia: Brasília, vol. 10, n.3, set./dez., 2009. 6 MANUEL, João Cardoso de Mello. O Capitalismo Tardio: Contribuição á Revisão Critica da Formação e do Desenvolvimento da Economia Brasileira. Prefácio de Luiz Gonzaga de Mello Belluzzo. Editora Brasiliense. São Paulo, 1991; 8º edição.

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As transformações ocorridas no sistema capitalista ao longo do século XX não podem ser compreendidas sem se levar em conta três fatores: os efeitos das guerras mundiais, as mudanças no padrão monetário internacional e as alterações da divisão internacional do trabalho (BELLUZZO; TAVARES, 2004, p.117).

Mas, a crise na verdade que faz emergir novas potências imperialista, teve

um caráter estrutural, pois se vinculava à própria dinâmica do capitalismo, o qual,

naquele período, atravessava um esgotamento do padrão de acumulação

concorrencial, em virtude de alguns fatores como a transição tecnológica de 1873-

1893 e seus desdobramentos nos processos de trabalho e de valorização do capital;

um avanço no aumento dos conflitos sociais atrelados à maior organização e nitidez

ideológica dos trabalhadores que, inclusive, à época, avançavam estratégias anti-

sistêmicas de caráter socialista e a relativa incapacidade do Estado liberal, dentro de

seus marcos regulatórios, de controlar as manifestações de descontentamento,

abrindo espaço para a lei do mais forte. Um perigo para o sistema naquele

momento, uma vez que a classe trabalhadora ganhava força e poderia subverter as

relações de dominação (BALANCO; PINTO, 2007 apud OLIVEIRA, 2004).

À medida que aumentavam as contradições no interior da valorização do

capital em processo, o imperialismo emerge para sustentar a materialização do

valor. O exemplo Inglês, cada vez mais difícil de sustentar, não somente ao avanço

da classe operária, conjuntamente ao aumento concorrencial das novas potências

Imperialista, a nova fase de avanço expansionista do capital é determinante o a

construção dos EUA, como nova potência Imperialista. Minando o laissez- faire

Inglês, subvertendo uma nova forma de acumulação capitalista nas concorrências

entre monopólios, que mais tarde geraria as duas Grandes Guerras Mundiais

(BALANCO; PINTO, 2006, 131-133).

Naquele contexto de elevação dos conflitos inter (capital versus trabalho) intraclasses (capital versus capital), as barreiras impostas ao processo de valorização se tornaram mais robustas e elevadas, principalmente, com o acirramento da luta de classes, a qual representa o principal componente crítico. Tal dinâmica socioeconômica, por sua vez, alçou o capital a uma segunda crise estrutural - iniciada em 1929 e concluída após o final da Segunda Guerra - e atingiu a totalidade do mundo capitalista, provocando (i) deflação de ativos; (ii) crises bancárias recorrentes; (iii) intensa queda dos preços das mercadorias; (iv) desvalorizações competitivas das moedas nacionais; (v) a ruptura do padrão-ouro; (vi) o colapso da produção industrial; e (vii) a forte elevação do desemprego que chegou a atingir a taxa de 40% da população economicamente ativa em alguns países (BALANCO; PINTO, 2006, p.34)

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Este fato leva os EUA, já no final do século a se tornar o maior país

imperialista da economia global, verificado em seu bojo, uma pujante economia

industrial, relacionado a seu poder competitivo. Todavia, assumido nos percalços

das severas crises financeiras e cambiais, haja vista, um dólar dependente dos

ditames de uma institucionalização desregulada bancária, e sucessivas intervenções

de grandes riscos, aportadas por bancos de investimentos posteriores a Guerra Civil

(BELLUZZO; TAVARES, 2004).

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3. O MONOPÓLIO E OS EUA, NO AVANÇO DO DECLÍNIO INGL ÊS

3.1 O SURGIMENTO DOS EUA NO MOVIMENTO DE CONCENTRAÇÃO DE CAPITAL

O monopólio como forma de acumulação capitalista emerge do caráter

concorrencial e expansionista do capital, onde este necessariamente leva a uma

acumulação e concentração de grau elevado. Exigindo um controle maior das fontes

de matérias primas. Agudizando o processo de luta concorrencial entre cartéis e

estruturas não cartelizadas, assim assinala Júnior (2011 apud Lênin, 1916):

Em primeiro lugar: o monopólio é um produto da concentração da produção num grau muito elevado do desenvolvimento. Formam-se, então, as associações monopolistas dos capitalistas, os cartéis, os sindicatos e os trustes. Vimos o seu enorme papel na vida econômica contemporânea. Nos princípios do século XX atingiram completo predomínio nos países avançados, e se os primeiros passos no sentido da cartelização foram dados anteriormente pelos países de tarifas alfandegárias protecionistas elevadas (a Alemanha, os Estados Unidos), a Inglaterra, com o seu sistema de livre-câmbio, mostrou, embora um pouco mais tarde, esse mesmo fato fundamental: o nascimento de monopólio como consequência da concentração da produção. Em segundo lugar: os monopólios conduziram ao controle, cada vez maior, das mais importantes fontes de matérias-primas, particularmente para a indústria fundamental e mais cartelizada da sociedade capitalista: a hulhífera e a siderúrgica. A posse monopolista das fontes mais importantes de matérias primas aumentou enormemente o poderio do grande capital e agudizou as contradições entre a indústria cartelizada e a não cartelizada. Em terceiro lugar: os monopólios surgiram através dos bancos, os quais, de modestas empresas intermediárias que eram antes, se transformaram em monopolistas do capital financeiro. Três ou cinco grandes bancos de cada uma das nações capitalistas mais avançadas realizaram a “união pessoal” do capital industrial e bancário, e concentraram em suas mãos somas de milhares e milhares de milhões, que constituem a maior parte dos capitais e dos rendimentos em dinheiro de todo o país. A oligarquia financeira, que tece uma densa rede de relações de dependência entre todas as instituições econômicas e políticas da sociedade burguesa contemporânea sem exceção: tal é a manifestação mais evidente deste monopólio. Em quarto lugar: os monopólios nasceram da política colonial. Aos numerosos “velhos” motivos da política colonial, o capital financeiro acrescentou a luta pelas fontes de matérias-primas, pela exportação de capitais, pelas “esferas de influência”, isto é, as esferas de transações lucrativas, de concessões, de lucros monopolistas e, finalmente, pelo território econômico em geral. Quando as colônias das potências europeias em África, por exemplo, representavam a décima parte desse continente, como acontecia ainda em 1876, a política colonial podia desenvolver-se de uma forma não monopolista, pela “livre conquista”, poder-se-ia dizer, de territórios. Mas quando 9/10 da África estavam já ocupados (por volta de 1900), quando todo o mundo estava já repartido, começou inevitavelmente a era da posse monopolista das colônias e, por conseguinte, de luta

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particularmente aguda pela divisão e pela nova partilha do mundo (LÊNIN, 2011, p.263; 264; 265).

Arienti; Filomeno (2007) desenvolve uma síntese da obra de alguns

pensadores que pensam o sistema capitalista a partir de uma concepção estrutural

de um sistema econômico histórico7, como Wallerstein (1979) , Braudel (1985) e

Arrighi (1996), constitui uma análise de processo, identificando um movimento

histórico de transformações no seio da estrutura concorrencial capitalista.

Descrevem que Wallerstein (1979) concebe uma avaliação constituída a partir de

uma determinação evolutiva centrada em avanços expansionistas geográficos, onde

este é um fim em si mesmo, ou seja, uma abordagem caracterizada por dinâmicas

expansivas econômicas em função de um aumento da renda e, por conseguinte

elevação na arrecadação do tributo, determinada por uma distribuição desigual entre

regiões mundiais.

Concomitante a este processo, uma divisão social do trabalho é determinada

mundialmente, com diferenças regionais dos lucros auferidos a partir do excedente

produzido pelo trabalho, onde se define agora como regiões centrais,

centralizadores e de controle fundamentalmente no Estado da dinâmica

monopolista. O desenvolvimento econômico que tem no comércio seu comando

baseado nas necessidades do capital, não são economias autônomas, que através

de decisões internas, decidem sobre relações comerciais com outras economias

nacionais, mas sim um sistema mediado por uma intensificação da divisão do

trabalho que interessa ao cálculo capitalista dos monopólios. Ocorrendo através do

poder tecnológico ou alguma restrição política da concorrência mediada pelo Estado

(ARIENTI; FILOMENO, 2007, p.106).

As mutações ocorridas no desenvolvimento do capitalismo e o avanço de

sua mobilidade dos fatores produtivos criam condições e levam o capital a

desenvolver novas formas de acumulação em períodos específicos, com o

surgimento da possibilidade de auferir lucros exorbitantes. Onde o desabrochamento

que finaliza a dinâmica econômica, que teria dado ao capitalismo sua verdadeira

7 Fernand Braudel (1958), historiador com contribuições para a Escola dos Annales, propôs o método da longa duração para analisar as descontinuidades e as descontinuidades que fazem a mudança lenta das estruturas sociais. Wallerstein (1979), de forma não revelada, e Arrighi (1996), de forma explícita e elogiosa, utilizam o método da longa duração em suas interpretações da mudança social no capitalismo histórico (ARIENTI; FILOMENO, 2007, p.113)

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22

forma monopólica, se apresenta logo após a revolução industrial. Assim com a

geração de mais valia relativa 8 pelo capital industrial, onde a retenção dependerá da

concorrência e sua forma monopolística, assim percebe-se variações numa

economia de mercado.

Na forma histórica da acumulação capitalista, Braudel (1985) demonstra que

a concorrência é dissimulada pelos instrumentos institucionais econômicos,

possibilitando a imposição dos monopólios que se centralizará seu poder no

mercado, porém o monopólio legal constituído pelo Estado se torna dispositivo do

capitalista. Neste sentido, o capitalista se condiciona e se desenvolve a partir de

sua identificação com o Estado. O capitalismo dessa forma triunfa, onde o Estado

prolongando uma situação temporária, possibilita aos capitalistas, uma troca

desigual entre a economia capitalista e aos monopólios, sustentando uma

acumulação e lucros exorbitantes (ARIENTI; FILOMENO, 2011, p.117).

A junção e forma de aliança entre capital e Estado possibilitam e permitem

ao monopólio, não fossem as condições esporádicas ou temporárias, que assim os

lucros condicionassem a forma de aliança entre Capital/Estado, este surge primeiro

na Europa, e, por conseguinte em varias regiões de Estados nacionais, acirrando

uma rivalidade econômica entre os Estados agora monopólicos (ARIENTI;

FILOMENO, 2007, p. 117).

Neste processo a indústria concentra rapidamente a produção, formando

grandes indústrias, constituindo e dando uma das formas mais marcante deste

período monopolista do capitalista. Júnior (2011 apud Lênin 1916, p. 120) assinala

que neste período as estatísticas fornecem os mais completos dados preciso deste

desenvolvimento da grande indústria, através do processo de concentração que se

8 Mais valia relativa: A elevação da taxa de mais-valia relativa (e sua variação, a mais-valia extraordinária) ocorre quando um progresso nas forças produtivas permite reduzir o tempo de trabalho necessário para reproduzir a força de trabalho e, com isso, aumenta-se o tempo de trabalho excedente para uma dada jornada de trabalho. Neste caso não há um prejuízo em termos absolutos aos trabalhadores, pois trabalham a mesma jornada e conseguem, como antes, obter em salário o valor mínimo necessário para adquirir os meios de subsistência e reprodução da FT. Apesar disso, porém, aumentou o grau de exploração. No caso específico da elevação da taxa de mais-valia relativa, deve ocorrer um progresso das forças produtivas, que elevem de forma generalizada a produtividade na produção do setor de meios de reprodução da FT (ou que produzem meios de produção para a produção de meios de reprodução da FT), de modo que caia o valor desses artigos de subsistência. Devido à concorrência entre os trabalhadores o valor da FT cairá na exata proporção que caiu o valor dos seus meios de subsistência. Os capitalistas de um modo em geral pagarão um salário menor e obterão uma mais-valia maior (PITAGUARI, s.n.t).

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evidencia com o avanço da acumulação. Onde nos EUA a concentração e seu

aumento se tornam mais intenso.

Neste país, a estatística considera à parte a indústria, no sentido restrito da palavra, e agrupa os estabelecimentos de acordo com o valor da produção anual. Em 1904, havia 1900 grandes empresas (num total de 216.180, isto é, 0,9 %), cada uma produzindo o valor de um milhão de dólares ou mais! Estas empresas empregavam 1,4 milhões de operários (num total de 5,5 milhões, ou seja, 25,6 %), e tinham um volume de produção de 5,6 bilhões (em 14,8 bilhões, ou seja, 38%). Cinco anos mais tarde, em 1909, os números correspondentes eram: 3.060 empresas (num total de 268.491, isto é, 1,1%) empregando 2 milhões de operários (num total de 6,6 milhões, isto é, 30,5%) e 9 bilhões de produção anual (em 20,7 bilhões, isto é, 43,8%) ...Quase metade da produção global de todas as empresas do país nas mãos de uma centésima parte do total das empresas! E essas 3.000 empresas gigantescas abarcam 258 ramos da indústria (JÚNIOR, 2011 LÊNIN, 2011, p.120).

Este processo de desenvolvimento do capitalismo num grau superior,

dinamizado pela concentração de capital, sua propensão natural de conduzir-se ao

monopólio, gera facilidades em acordos e dificultando a concorrência. Uma

quantidade cada vez maior de capital não pertence neste sentido ao capitalista

industrial, este deve tomar emprestado aos bancos, os verdadeiros proprietário do

capital, ao mesmo tempo os bancos se veem necessariamente inclinado a investir

nas indústrias. O capital na forma de dinheiro, que se transforma em capital

industrial nessa relação, é o movimento que explanaremos agora. O aumento da

concentração de capital que conduz ao monopólio é um dos pilares, na forma que

aparece historicamente o capital dinheiro dentro das condições gerais da produção

mercantil e da propriedade privada, onde dominação da oligarquia financeira impera

(JÚNIOR, 2011 apud LÊNIN, 1916).

3.2 CONCENTRAÇÃO DE CAPITAL E OS EUA COMO GERME DE POTÊNCIA

IMPERIALISTA

A concentração de capital em uma pequena maioria de grupos modifica a

forma de acumulação de capital, se apropriando de lucros enormes, ampliando

concomitantemente as sociedades anônimas, empréstimos aos Estados, consolida a

dominação financeira, exigindo através desta oligarquia financeira decisões e

politicas em proveito dos grandes monopólios. Júnior (2011 apud LÊNIN, 1916,

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p.169) exemplifica claramente um dos métodos utilizados pelos trustes9 americanos,

onde o poder de concentração citando o setor de Havemeyer do açúcar denota este

impacto, onde apenas 15 pequenas companhias juntas somavam $ 6.500.000,00

dólares. Como também aponta Hobson (1962):

Durante o período de 1914/19, o percentual do número total de estabelecimentos manufatureiros sob controle de corporações aumentou de 23,6 para 31,5%. A percentagem de assalariados empregados por corporações elevou-se de 70,6 para 86,6%. A percentagem do valor do produto manufaturado por corporações subiu de 73,7 para 87,7 (HOBSON, 1962, p.271).

Este poder concentrador dos monopólios exigirá a exportação de capital que

se repercute no desenvolvimento do capitalismo dentro dos países em que são

investidos, acelerando-o extraordinariamente. Se, em consequência disso, a referida

exportação pode, até certo ponto, ocasionar uma estagnação do desenvolvimento

nos países exportadores, isso só pode ter lugar em troca de um alargamento e de

um aprofundamento maiores do desenvolvimento do capitalismo em todo o mundo.

Os países que exportam capitais podem quase sempre obtém certas vantagens,

cujo caráter lança luz sobre as particularidades da época do capital financeiro e do

monopólio.

Um exemplo disso é a exportação do capital monopolista financeiro visto

por Arrighi (1996) que levará a Inglaterra a perca da sua supremacia, ele aponta que

grande parcela dos investimentos absorvido pelos EUA advindo do país Britânico,

gera grandes receitas futuras para o país inglês, esses recursos estão

condicionados a uma característica dos acontecimentos daquele período . A Europa

após a depressão de 1873 e os países de industrialização pujante leva e condiciona

a Inglaterra a se armar e sustentar o poder da burguesia. Neste período de 1873 a

1914 os EUA pagam ao governo Inglês, somando juros e dividendos dessa

exportação de capital constituído pelos monopólios em torno de $5,8 bilhões de

dólares.

Esses recursos estão determinados em solo americano devido a grande

capacidade e força da indústria americana, ao mesmo tempo em que essa

exportação de capital inglês migra para o solo americano, o capital expande-se e

9(Ibidem, p. 292-296)

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nutre a concentração de capital nas indústrias americanas sustentadas pelos

bancos, a concentração de capital se desenvolve nos EUA através do fluxo

financeiro gerado a partir da acumulação nas indústrias americanas e no aporte do

capital Inglês.

Os direitos Britânicos sobre os ativos e rendas norte- americanas forma muito importante na economia dominada pela Grã-Bretanha, porque os Estados unidos poderiam fornecer a esta com presteza e eficiência, todos os suprimentos de que ela precisasse para defender seu dispersíssimo império territorial numa guerra... As movimentações maciças para Londres e um aumento de quase 300°/° de ouro do Banco da Ingl aterra, entre agosto e novembro de 1914, pareceram corroborar estas expectativas (ARRIGHI, 1997, p.178).

Belluzzo; Tavares (2004, p.116) detalha como as mudanças no seio do

desenvolvimento capitalista operadas numa concentração de capital e na

necessidade de ampliação do aporte tecnológico dos grandes monopólios, tende

não somente concentrar o excedente econômico, mas ao mesmo tempo, gerenciar

os fluxos financeiros gerados com o surgimento dos monopólios. Denotando os

mecanismos internacionais de dependência da acumulação capitalista, onde os

relações Inter setoriais assumem este poder.

A necessidade de acumulação de capital encontra seu limite no espaço interno do Estado, assim por maior que seja sua extensão e seu controle através do monopólio, como e o caso dos EUA. A expansão continuada dos lucros obriga a busca de novas regiões para seus mercados, tanto para as mercadorias quanto para os investimentos diretos e exportação do capital (BELLUZZO; TAVARES, 2004, p. 114). Isso, por sua vez, provocou um acirramento das disputas entre a Inglaterra e as potências retardatárias por espaços para a realização e reprodução do capital, culminando nas guerras mundiais imperialistas (BALANCO; PINTO, 2006, p.33).

Neste sentido dos acontecimentos, uma pergunta pode ser colocada, no

desenvolvimento assinalado acima do capitalismo, pautado pela concentração de

capital que tem no monopólio sua forma, será que poderia a guerra, eliminar as

desproporções existentes entre forças produtivas e acumulação de capital através

de sua ocupação em novos espaços geográficos como coloca Júnior (2011 apud

Lênin, 1916) ou de outra forma, como se constrói neste movimento a partilha das

colônias e ao mesmo tempo o novo papel assumido pelas finanças. São várias as

questões, porém atina-se a análise, aos aspectos da I Grande Guerra e II Guerra

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Mundial e seus desdobramentos que tem nos EUA o centro do imperialismo até a

década dos anos de 1970.

A competição entre eles [Inglaterra e potências retardatárias] foi a grande responsável pela recolonização européia do mundo, na segunda metade do século XIX, mas também levou a Europa às duas guerras mundiais, que desmontaram o império inglês e a superioridade mundial europeia (BALANCO; PINTO apud FIORI, 2001, p.68)

Assim o período entre guerras levará a Inglaterra a perder seu poder de

potência imperialista, centrada num modelo de comercio livre e num padrão ouro. As

dívidas assumidas pela Inglaterra neste período, uma acumulação de capital

centrada em seu domínio, a inexistência de uma divisão do trabalho que lhe fosse

favorável, converte sua expansão e seu poder num anacronismo que não sustenta a

funcionalidade dos ditames de sua liderança mundial. A partir disso os EUA

assumem o papel como potência imperialista, condicionado aos seus monopólios

determinado em uma dominação financeira e econômica (BELLUZZO; TAVARES,

2004, p.118; 119).

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4. A EMERGÊNCIA DO IMPERIALISMO AMERICANO

4.1 OS CONFLITOS BÉLICOS E O PODER ECONÔMICO AMERICANO

A Primeira Guerra Mundial surge como saída da aguda concorrência entre os

monopólios mundiais, que por sua vez, leva a uma mudança na Ordem Burguesa

em sua tentativa frustrada de impor uma regulação entre os mais diferentes setores

econômicos envolvidos durante a crise no final do século XIX, onde a crise tem sua

válvula de escape na ampliação e exportação de capital para as novas potências

mundiais. Assim a agudização da crise tem na I Guerra Mundial não somente as

preocupações com a regulação concorrencial entre as potências econômicas, mas

também a correlação de forças entre o capital e trabalho, que se intensifica a partir

da Revolução Russa de 1917 (BALANCO; PINTO, 2007, p. 32).

A forma que assumira a acumulação de capital depende naquele momento

não somente do aspecto financeiro e econômico, onde a crise teria sido gerada

pelas fraquezas institucionais do modelo de regulação do Estado liberal que impedia

a coordenação e o controle da anarquia da produção, por parte do agente estatal, na

nova etapa monopolista do capitalismo como elencada por Belluzzo; Tavares (2004).

A continuidade do processo de acumulação de capital esta engendrada pela luta

entre as classes, que se expressa na resistência dos trabalhadores à exploração.

Desta forma, a luta entre as classes expressa o germe do processo crítico de

acumulação, ao mesmo tempo em que desta luta de classes dependerá seu

desfecho (BALANCO; PINTO, 2007, p.34).

Na I Guerra, o Conselho de Defesa Nacional (Council of National

Defense), uma instituição similar ao Conselho da Indústria da Guerra (United States

Shipping Board) generaliza o controle de preços, a racionalização dos alimentos e

do carvão, as compras do governo também são controladas visando um nível

elevado de dispêndio público. O controle foi uma forma construídos a partir de sua

compatibilidade com o aumento dos lucros nos setores industriais da burguesia, ao

mesmo tempo um aumento dos salários, que se ajustava a partir de uma elevação

de preço entre os anos de 1913 e 1918 (BELLUZZO; TAVARES 2004, p. 120).

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Belluzzo; Tavares (2004, p.121) demonstram que a saída da I Guerra

Mundial pelo lado americano, se dá como país credor, afetando as negociações

sobre uma normalização econômica. A Europa por sua vez estava endividada

devido ao conflito bélico, a necessidade de reparação forçava que a obtenção de

recursos para o problema seja construído a partir de recursos fiscais, principalmente

através da elite burguesa, estes não estavam dispostos a conceder. Os níveis de

preços se elevaram rapidamente, os países que se submeteram ao gasto, visando

as reparações e sobrecarregados com a reconstrução do aparato produtivo, sofrem

com um período de hiperinflação. A generalização do sufrágio universal e a

demonstração do poder de uma Guerra imperialista foram atribuídas à insensatez de

uma elite burguesa de poder politico e econômico, que acabam concedendo por sua

vez um peso maior à opinião da classe operária.

Os EUA assumem a posição dominante em termos econômicos e financeiros e saem do conflito com mais da metade das reservas em ouro mundiais. Nesta condição, os americanos se negam a renegociar a dívida dos aliados, transferindo para os banqueiros de Wall Street as negociações. A Inglaterra é devedora líquida dos EUA, mas ficou credora dos devedores de moeda fraca, sobretudo Rússia, Países do Leste Europeu e Itália, mas também da França, com o que se transformou no vértice do triângulo entre o credor em última instância (os EUA) e o resto dos países devedores. Isto aumentou a pressão sobre as reparações de guerra alemãs, o que levou esse país ao colapso financeiro, à hiperinflação e às negociações em 1924 com a Comissão Dawes sob o comando do Banco Morgan (BELLUZZO; TAVARES 2004, p. 121)

Belluzzo; Tavares (2004, p. 119), assinalam que na segunda década do

século XX, o Estado e o sistema financeiro com o Banco Morgan, por exemplo,

sintetizam a braço da politica americana. Os empréstimos que se destinavam a

solucionar o problema monetário na Alemanha em 1924 e em França de 1926 foram

comandados pelos empregados do Banco Morgan. Sustentando o regresso da

Alemanha ao padrão ouro e forçando o regresso da Inglaterra em 1925 a apreciar

sua moeda em relação ao dólar. Um movimento intenso de capital dos EUA, após o

retorno a paridade com a libra, é deflagrado em direção a Europa ao mesmo tempo

uma enxurrada de empréstimos baratos para a e América Latina. Neste sentido, a

restauração de um padrão monetário que prevalecera no período anterior a guerra

demonstra-se impossível. No período de relativa paz entre as potências mundiais,

uma tentativa de avaliação do funcionamento de taxas de câmbio flutuantes foi

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negativa, aumentando a necessidade de volta ao padrão ouro estável, porém o

padrão ouro fora incapaz de reproduzir os ajustes e convenções entres as potências

econômicas, responsáveis pelo anterior sucesso.

O desastre que se seguiu foi consequência da mudança de sinal da política monetária americana, em meados de 1928. O Federal Reserve, preocupado com o aquecimento da economia e com a febre dos mercados financeiros subiu a taxa de desconto, provocando o "estouro" da bolha especulativa em outubro de 1929. Os "grilhões dourados" do regime monetário tiveram grande responsabilidade na imobilização das políticas econômicas, determinando uma quase completa incapacidade de resposta e de coordenação dos governos da Europa e, pelos menos até 1933, dos EUA (BELLUZZO; TAVARES, 2004, p.122).

Tornam-se mais graves as tentativas de ajustamento, os capitais privados

americanos entre 1925-1928, com diferenciais de juros e ativos baratos como

atrativos nos países de relativa estabilidade, caso singular o da Alemanha, acabam

formando bolhas especulativas, ávidos de lucros. Entra-se num momento de inflação

dos ativos concomitantemente a valorização das ações da bolsa de valores

americana, uma onda especulativa alimentada pela expansão creditícia americana,

com taxas de descontos reduzidas, necessárias para aliviar as pressões da moeda

inglesa. ( BELLUZZO; TAVARES, 2004,p.122)

4.2 AS MUDANÇAS OCORRIDAS APÓS A I GUERRA MUNDIAL E OS MOVIMENTOS DA POLITICA AMÉRICA

Em consequência da mudança da politica monetária gerada pela economia

politica americana em 1928. Preocupado com o aquecimento da economia o Federal

Reserve, sobe as taxas de juros, que por consequência provoca o estouro da bolha

em 1929, que vinha sendo gestado. Os proponentes do regime monetário tiveram

grande responsabilidade na imobilização das políticas econômicas, determinando

uma quase completa incapacidade de resposta e de coordenação dos governos da

Europa e, pelos menos até 1933, dos EUA (BELLUZZO; TAVARES, 2004, p. 123).

Na visão de Belluzzo; Tavares (2004) ocorre um desmoronamento da ordem

liberal, estruturado num ponto de vista financeiro e econômico, ao mesmo tempo em

que o social e politico. A crise da década de 1930 desorganiza todo o sistema

mundial, surgem nesta conjuntura processos políticos nacionalistas e que intentam

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um maior poder estatizante. Nos EUA o New Deal é experimentado, enquanto os

Britânicos saem do padrão ouro, com uma politica monetária de baixos juros, e uma

ampliação dos gastos estatais. No restante dos países Europeus, o aumento do

exército industrial de reserva, a deflação e a contração do comércio internacional,

exigem um auto grau de intervenção do Estado.

A arregimentação de massas sem precedentes leva ao surgimento de

nacionalismos autoritários que reforçam o expansionismo bélico das chamadas

potências do Eixo e levaram à eclosão da II Guerra Mundial. O surgimento dos EUA

como motor da recuperação mundial será o definidor das instituições que

desenharam e Bretoon Woods, onde este será construído a partir das negociações

entre Estados Unidos e Grã-Bretanha em 1941, para uma reestruturação da

economia mundial, que vise uma reorganização financeira e comercial do sistema

econômico internacional.

Entre 1929 e o início da II Guerra, as economias capitalistas mergulharam na violenta queda de preços das mercadorias, na deflação de ativos, nas sucessivas e intermináveis crises bancárias, nas desvalorizações competitivas das moedas, na ruptura do comércio internacional, do sistema de pagamentos e, finalmente, no colapso do Gold Exchange Standard. Nos EUA as taxas de desemprego atingiram cifras superiores a 20% da população economicamente ativa e os níveis de utilização da capacidade caíram dramaticamente, chegando, em alguns casos, a 30% do potencial instalado (BELLUZZO; TAVARES, 2004, p.122).

Moffit (1985, p. 18) assinala que a economia política adotada acentua a

queda advinda do Crash da Bolsa de Nova Iorque, exportando deflação e depressão

para os quatros pontos cardeais do planeta. Nos princípios dos anos de 1940,

Roosevelt10 percebe que a única saída possível, se da na hegemonia imperialista

americana, desta forma, se conclui que os EUA, devem assumir a dianteira da

dinâmica econômica politica, criando mecanismos que reestruturasse e

reorganizasse a economia mundial, com características diferentes das políticas

econômicas até então adotadas, sinalizando mudanças sustentadas e um auto-

10 Franklin Delano Roosevelt (Hyde Park, 30 de janeiro de 1882 — Warm Springs, 12 de abril de 1945) foi o 32.° presidente dos Estados Un idos (1933-1945), realizou quatro mandatos e morreu durante o último. Do Partido Democrata, foi o primeiro presidente a conseguir mais de dois mandatos, e será o único devido à 22.ª emenda. Durante sua estada na Casa Branca, teve de enfrentar o período da Grande Depressão e a Segunda Guerra Mundial. Em 1939, foi o primeiro presidente dos Estados Unidos a aparecer na televisão, mesmo ela tendo sido inventada durante o período de Calvin Coolidgeno no cargo. http://pt.wikipedia.org/wiki/Franklin_Delano_Roosevelt

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interessse, com politicas econômicas liberalizantes, onde se viabilize o comercio

mundial criando condições de fluxos financeiros favoráveis ao império Americano.

4.3 PODER ECONÔMICO E DECLÍNIO AMERICANO?

A institucionalização do New Deal como ferramenta de um Estado regulador,

inaugura uma nova estrutura socioeconômica, como assinala Balanco; Pinto (2006).

Embora o New Deal sendo adotada no início dos anos 1930, a recuperação não fora

retomada da forma esperada, somente a partir da Segunda Guerra Mundial, neste

reordenamento e consolidação imperialista, as politicas de pleno emprego e

comerciais, conduzem os EUA a se impor como potência imperialista,

“posteriormente transformada em hegemonia mundial no sentido gramsciano até

meados da década 1970” (BALANCO; PINTO, 2007, p 36).

Delgado (2009, p. 19) assinala que neste sentido a síntese da nova

reconfiguração econômica construída a partir das negociações entre EUA e

Inglaterra, durante e posterior a II Guerra Mundial, onde em 1944 com Bretton

Woods, definem-se o aparato institucional, politico e econômico que os EUA

assumiriam como potência imperialista de fato, alguns encontros precedem a

conferência de 1944. Durante os primeiros anos da II Guerra Mundial ocorre um

encontro entre Grã-Bretanha e EUA, dai resultando uma documento intitulado Carta

de Atlanta em 1941(Atlantic Charter) em que ocorre a tentativa de acordo sobre

multilateralismo econômico, outro encontro se faz visando oportunizar objetivos pós

bélicos, comuns quanto a questão do multilateralismo, em 1942 este Acordo de

Ajuda Mutua (Mutual Aid Agreement ), este com caráter bélico-econômico.

Delgado (2009 p. 19, 20), aponta que se exigia que a venda, transferência,

empréstimo de qualquer artigo de defesa deveria beneficiar os EUA, ao mesmo

tempo poderia ser dispendido os empréstimos em condições generosas aos países

receptores, com a condição de cooperar na construção do comercio multilateral nos

pós-guerra:

Isso se devia não apenas ao reconhecimento de que a postura isolacionista anterior tinha tido sua parcela de responsabilidade na deterioração das condições econômicas e políticas que levaram a catástrofe mundial, mas também ao fato de que os interesses econômicos e políticos do país no pós-guerra estariam, em grande medida, vinculados à sua atuação

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internacional, inclusive pela posição hegemônica que seria ocupada pelos Estados Unidos na nova ordem internacional que resultaria da vitória dos Aliados sobre os países do Eixo (DELGADO, 2010, p.19).

Neste sentido, a agenda pelos EUA de uma visão multilateral no pós-guerra

tem a intenção de reestruturar a ordem internacional segundo o princípio do

multilateralismo em campos essenciais, como as finanças e o comércio mundial

institucionalizado a partir de organismo internacionais, “do ponto de vista do

comércio internacional, os princípios fundamentais que orientam o multilateralismo

são o da nação mais favorecida” (DELGADO, 2009, p.20). Assim o multilateralismo

pode ser compatível em princípio com o protecionismo, de uma forma considerável,

afetando todos os parceiros comerciais.

As ideias que permeiam as discussões de saída e reconfiguração da

conjuntura econômica apontada por Delgado (2010, p.21, 22), esta assentada pelo

lado Britânico Jonh Maynard Keynes e pelo lado Americano Harry Dexter White,

precursores dos planos que antecedem a conferência de Bretton Woods. Onde o

papel do Departamento de Estado Americano se responsabilizará através de White,

da condução e definição da política referente ao comércio internacional e o Tesouro

Americano se incumbiria das propostas referentes à reorganização do sistema

financeiro internacional.

Delgado (2010, p. 22) demonstra que pelo lado britânico Keynes se debruça

em uma proposta sobre o sistema monetário internacional, este por sua vez,

objetivando uma politica econômica onde houvesse a agregação de todas as

nações, sustentando a atividade financeira e o nível de emprego interno. Os dois

planos se condensam, do lado americano, White sustenta a ideia de criação de um

fundo de estabilização, juntamente com um banco de reestruturação econômica, e

Keynes por sua vez, sustenta a criação de uma união aduaneira compensatória, da

surge uma proposta que será apresentada em 1944, Conselho de Especialista sobre

a Criação de um Fundo Monetário Internacional (Join Statement by Experts on the

Establishment of na Internacional Monetary Found). Como demostrado nada se

concretiza até a conferência, porém os diálogos e propostas erigidas, durante a

negociação entre os britânicos e americanos, tem na proposta britânica o

desfavorável interesse americano, White percebe e se assegura de que os EUA

definissem os termos do acordo de Bretton Woods.

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Na visão de Delgado (2010, p. 22), os acordos comerciais no início das

negociações sofrem resistência do Congresso Americano e também da burguesia

industrial, que de uma maneira velada apoiam a liberalização do comércio, no

entanto o apoio se dá de uma forma contida. Está resistência terá um caráter

ambíguo no pós- guerra, onde a ideias de multilateralismo se opõe a liberalização

econômica comercial, esta característica cria oposição aos objetivos da economia

doméstica e externa dos Estados Nacionais, especialmente americano. As

construções das propostas que visavam o emprego era consequência das

catástrofes na Europa, que via na II Guerra Mundial e no aumento do exercito

industrial de reserva heranças malévolas, do período antecedente a Bretton Woods,

estas negociações ocupam um espaço amplo e nos planos propostos por EUA e Grã

Bretanha. Acentuam a necessidade de uma política comercial de redução de

barreiras com medidas que complemente os empregos domésticos, introduzindo a

força de trabalho na dinâmica econômica.

Balanco; Pinto (2007) detalham que o pleno emprego desta forma era

essencial para as potências imperialistas, onde sustentaria o avanço das relações

externas comerciais, porém esta realidade deveria condizer e ser obtida através, de

um não sacrifício dos acordos comerciais internacionais e também do bem estar

econômico de outras nações. Ou visto de outra forma, como uma pactuação entre o

capital e trabalho, onde este primeiro se recompõe através um Estado regulador,

assim assinala:

A mediação estatal entre o empresariado e os trabalhadores, através de suas representações sindicais, visando articular a elevação dos salários reais aos ganhos de produtividade e dos preços e integrar o trabalhador ao âmbito dos processos decisórios da produção, a incorporação de investimentos diretos e das transferências de seguridade social como componentes basilares da demanda e do controle social (BALANCO; PINTO; 2007, apud BALANCO; PINTO, 2005; BELLUZZO, 1999; GUTTMANN, 1998; MEYER, 2000).

Delgado (2010, p.23, 24) caracteriza neste período o surgimento de duas

instituições que atuariam cenário mundial, fora constituída e estruturada durante o

período pós II Guerra Mundial, dentro do âmbito das conferências de Bretton Woods,

O FMI com características de controle e fiscalização das politicas protecionistas

objetivando também as desvalorizações cambiais, incumbidas também de fiscalizar

as politicas comerciais criados dentro de um plano para que haja um controle

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monetário. Avaliam que as estratégias adotadas de recuperação se estruturam em

três pilares: taxas de câmbio fixo, mas ajustáveis, o controle de fluxos de capitais e a

criação do FMI, como politica de monitoramento das políticas nacionais e também

oferecer financiamento para equilibrar os balanços de pagamentos.

Balanco; Pinto (2007) demonstram uma visão diferente de Giordano (2010):

O programa de recuperação da economia norte-americana [Bretton Woods, este após a II Guerra] New Deal e seus correlatos em outros espaços nacionais inaugurou uma nova macroestrutura socioeconômica capitalista, cuja marca decisiva foi a forte presença estatal em termos normativos e também como esfera (ramo) da produção (Estado planejador e produtor) articulada à nova forma de controle social assentado no Welfare State, principalmente nos países centrais. Essa acentuada inflexão relacionada às atribuições socioeconômicas do Estado capitalista baseou-se em dois elementos fulcrais, quais sejam, (i) um inquestionável aparato de regulação com o propósito principal de enquadramento do capital financeiro e seu direcionamento para o financiamento da produção através do planejamento, considerado necessário à própria dinâmica do capital naquele momento histórico; e (ii) uma acomodação das contradições entre capital e trabalho por meio de certas concessões, por parte do capital, aos trabalhadores dos países centrais (compromisso keynesiano-fordista ou estratégia de harmonização) e de forte coerção, por parte das ditaduras militares, dos frágeis movimentos operários dos países periféricos ( BALANCO; PINTO, 2006, p.35)

Na visão de Balanco; Pinto (2007 apud Mandel, 1985) a acumulação nos

Estados Unidos e sua recuperação estiveram vinculados à economia de guerra e a

dinâmica econômica criada a partir da necessidade de construção da Europa no

período pós-guerra. Apesar de certo fracasso inicial, as diretrizes do New Deal de

maior intervenção e regulação estatal sobre os mercados, além de uma nova forma

de controle social, tornaram-se o eixo da acumulação capitalista entre o pós-II

Guerra e a crise da década de 1970. Apesar dos EUA apareceram como o espaço

capitalista pioneiro de desenvolvimento do New Deal, também a Europa e o Japão

conheceriam a aplicação dos seus principais elementos constitutivos, sobretudo

quando da imposição americana ao financiar suas reconstruções depois do fim do

conflito bélico. Em particular, deve-se destacar a afinidade do Plano Marshall,

aplicado à reconstrução dos países capitalistas da Europa Ocidental, ao modelo de

demanda efetiva e seus enquadramentos institucionais.

Para Moffit (1984 p. 26, 27), o que salvou a insegura recuperação no pós-

guerra não foram os acordos de Bretton Woods, mas sim o período da Guerra-Fria,

este como resultado do Plano Marshal, nos regimes que tinham o apoio americano,

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em países como a Grécia e Turquia, expondo o aspecto negativo da política

comunista soviética, assim justificando um programa de ajuda financeira aos aliados

dos EUA. Neste período os recursos enviados pelos EUA são maiores que, o Banco

Mundial e o FMI pudessem enviar. Provando que o Plano Marshal seria o ponto de

partida para a tentativa de recuperação europeia, assim que fora acionado o Plano o

sistema monetário Bretton Woods começara a operar. Tornando o dólar como

moeda chave do mundo.

Balanco; Pinto (2007 apud Brenner, 2003) diferente de Moffit (1984)

demonstra que a expansão econômica do pós-guerra esta sustentada no avanço

dos países Imperialistas manterem altas taxas de lucratividade, superávits elevados

a partir da ampliação da composição orgânica do capital (maquinas e

equipamentos), condicionado a uma nova regulação econômica articulada pós

Segunda Guerra Mundial, tanto nas relações externas e internas das potências

econômicas, quanto no plano de administração do processo de produção. Este

formato institucional possibilita uma regulação da concorrência capitalista e a

diminuição da tensão entre capital e trabalho no espaço das economias. Facilitado

pelo novo modo de controle social, este construído a partir de concessões a classe

operária. No continente europeu um reformismo construído com a participação

operária em associação com o capital, já em solo americano a racionalização do

processo de produção fordista-taylorista permite avanços salariais aos operários.

O crescimento da produção e da lucratividade nas economias avançadas no pós Segunda Guerra favoreceu a manutenção de elevados índices de investimentos privados e estatais, acompanhados de uma aceleração da produtividade, associados a crescimento salarial neutro relativamente aos lucros (BALANCO; PINTO; 2007 apud BRENNER, 2003, p. 90,93).

Esta regulação econômica definida por Balanco; Pinto (2007 p. 37, 38)

proporciona um processo com ganhos de produtividades, em parte repassada aos

salários dos trabalhadores norte-americanos. Interessante notar que a regulação

através das instâncias políticas e ideológicas não se constrói da mesma forma que

na Europa, haja vista a pequena articulação dos movimentos do operariado norte-

americano, caracterizado por um sindicalismo reformista, que centralizavam a luta

de classes em avanços salariais, se perdendo o caráter anti-sistêmico das lutas. Na

Europa o pacto social adquiriu conotações distintas.

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A “concertação” do “pacto social”, que pressupunha o consenso negociado e a harmonização das relações sociais entre capital e trabalho sob orientação social-democrata, assentou-se numa nova aliança de classe que concedia aos trabalhadores certas benesses em troca do fim das lutas mais radicais orientadas ao deblacê do sistema capitalista. A classe capitalista só aceitou fazer certas concessões em virtude do aumento, no primeiro quartel do século XX, das constantes insurgências, greves e revoluções da classe trabalhadora contra a ordem vigente nos países europeus industrializados e do “perigo” comunista que rondava o ocidente (BALANCO; PINTO, 2007 apud OLIVEIRA, 2004)

Portanto, a forma construída do Imperialismo americano, através de

regulação e coordenação, seria ampliada à dimensão internacional. O modo de

produção capitalista na sua forma monopolista instituiu mecanismos para o controle

dos monopólios e as relações entre países, abarcando, dessa maneira, os fluxos

financeiros e de mercadorias. A partir de Bretton Woods, resulta na substituição do

padrão monetário e na construção de uma estrutura institucional de controle

regulação, baseada em organismos como o Gatt, Banco Mundial e o FMI, estes

controlados a mão de ferro pelos EUA ( BALANCO; PINTO, p.43)

Um levantamento feito pela Comissão de comércio Federal dos EUA

demostrada por Doob (1986), indicam que neste período, 135 empresas industriais

no país , controlam de cerca de 45% dos ativos do capital líquido, concluindo que a

intervenção do Estado através de uma institucionalização que regule o modo de

produção capitalista, em certos aspectos tem forçado a tendência à concentração e

ampliação dos monopólios.

Esta institucionalização tinha como principal preocupação necessidade de

evitar mudanças bruscas e imprevisíveis, amenizando a autonomia dos fluxos

financeiros desestabilizadores. Em momentos de crise, as saídas que surgem a

partir de uma ruptura sistêmica, se destaca o relativo consenso entre a burguesia

industrial e financeira, nesta conjuntura abandonam os conflitos, pela luta de

apropriação e repartição da riqueza, em sacrifício manutenção de seu poder

imperialista. Após o ano de 1944, quando os acordos de Bretton Woods foram

firmados, prevalece até 1971 uma regulação que acabou por privilegiar os fluxos de

mercadorias e de investimento direto mediante um sistema de taxas de câmbio fixas

fortemente administradas (BALANCO; PINTO, 2007, pg. 44).

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Alguns sinais de reversão do período de prosperidade do capitalismo

surgem nos finais da década de 1960, caracterizado pela diminuição em sua taxa

geral de lucro nos EUA e nos níveis de acumulação, que foram gerados por uma

grave crise, em consequência dos típicos processos recessivos, cai a taxa de

investimento acompanhado de uma intensificação da exploração do trabalho com

resultados negativos das políticas sociais. Destacando-se a partir deste período o

caráter estrutural do desemprego (BALANCO; PINTO et. al., 2007).

Dobb (1986, p. 278-281) assinala que com o elevado grau de concentração

da economia americana, tendências do capitalismo com uma intervenção do Estado

característico desse período, estruturado em acordos e instituições construídas a

partir da I Guerra Mundial, configurado por um relativo período de prosperidade.

Mudanças radicais, seja do caráter do Estado , seja no acordo construído entre

capital/trabalho, não modificam, o funcionamento do sistema econômico. As

retrações econômicas em quatro ocasiões desde 1945, 1953/54, 1957/1958 e

novamente em 1960/1961, levam a uma queda do desempenho industrial, uma

diminuição do emprego, as pressões inflacionárias, os ganhos da classe

trabalhadora e o avanço tecnológico.

Arrighi (1996, p. 308) aponta que durante o período de relativa estabilidade do

capitalismo, tendo os EUA como comandante da economia mundial, as mudanças

elevam repentinamente o mercado de eurodivisas construído no bojo do Plano

Marshall, o sistema de taxas de câmbio fixas, bem como o dólar e ouro, que

vigorava durante o período de expansão material, fora abandonado em favor do

sistema de taxas de câmbio flutuantes.

Uma fração dos lucros era investida produtivamente, a rentabilidade

financeira baixa, nos EUA. Em alguns países como Japão, foi estabelecida

economias mistas, com o Estado fortemente envolvido na gestão econômica,

setores inteiros foram transferidos para propriedade do Estado. Os EUA neste

período atravessam mudanças consideravelmente menores do que o Japão e a

Europa, a crise estrutural dos anos 70, o crescimento também da inflação diminuem

a riqueza capitalista gerada pelos monopólios com forte papel do Estado na

economia, com taxas de juros praticamente zero, os lucros baixos, a bolsa estava

deprimida. No período que se estende entre a II Guerra Mundial e o começo dos

anos 1970, o 1% mais rico das famílias dos EUA tinha mais de 30% da riqueza do

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país, em meados de 1970, esse número tinha caído para 22%, às mudanças

introduzidas a partir deste declínio do Imperialismo americano, principalmente com o

Neoliberalismo, tem como objetivo a restauração dos privilégios construídos pós II

Guerra (DUMÉNIL; LÉVY, 2006, 2-3).

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao concluir o presente trabalho, constata-se que o modo de produção

capitalista esta condicionado ao movimento de concorrência, num primeiro

momento, ao ampliar a composição orgânica de capital em função da concorrência,

as indústrias se fundem em corporações que concentram/centralizam capital e

necessitam expandir-se fora dos seus espaços Nacionais, ampliando o processo de

acumulação capitalista. Este fato transforma economias retardatárias em potências

econômicas. Num segundo momento, intensifica a concorrência entre os Estados

Nacionais, tencionando as relações entre as potências, gerando neste período duas

Guerras Mundiais e vários acordos econômicos.

Demonstra-se que esta conjuntura, faz emergir como potência Imperialista

os EUA, que a beira do avanço da Inglaterra, o país Britânico praticando uma politica

protecionista e financeira, impõe aos EUA uma economia politica de ampliação do

poder econômica das corporações através do monopólio. Neste sentido pode se

verificar que uma das características do modo de produção capitalista, são suas

tendências à concentração e centralização de capital, fundindo o sistema financeiro

ao capital industrial. Regulando a dinâmica econômica a partir de instituições de

caráter Imperialista.

A quebra da bolsa de Valores em Nova Iorque em 1929, após a Primeira a

Guerra Mundial, possibilita aos EUA tomar a dianteira do processo de acumulação

de capital, sintetizado no declínio Inglês, das tensões entre as potências, onde os

acordos políticos e econômicos, o pacto social entre capital e trabalho, consolidado

nos programas implantados durante e depois da Segunda Guerra Mundial, Brettom

Woods, New Deal e no plano Marshal, trouxeram ao período uma relativa

estabilidade econômica que dura cerca de 30 anos.

Dessa forma os Estados Unidos como potência Imperialista cumprem

durante 30 anos o papel de uma força suprema industrial, financeira e militar.

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