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ESCOLA SUPERIOR ABERTA DO BRASIL - ESAB CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM GESTÃO ADMINISTRATIVA EM EDUCAÇÃO PAULA PORTO PEDONE DIAGNÓSTICO DAS BIBLIOTECAS DOS INSTITUTOS FEDERAIS DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA: Primeira etapa do processo de planejamento do nosso futuro VILA VELHA/ES 2010

Monografia Paula Pedone

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Page 1: Monografia Paula Pedone

ESCOLA SUPERIOR ABERTA DO BRASIL - ESAB

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM

GESTÃO ADMINISTRATIVA EM EDUCAÇÃO

PAULA PORTO PEDONE

DIAGNÓSTICO DAS BIBLIOTECAS DOS INSTITUTOS FEDERAIS DE

EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA:

Primeira etapa do processo de planejamento do nosso futuro

VILA VELHA/ES

2010

Page 2: Monografia Paula Pedone

PAULA PORTO PEDONE

DIAGNÓSTICO DAS BIBLIOTECAS DOS INSTITUTOS FEDERAIS DE

EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA:

Primeira etapa do processo de planejamento do nosso futuro

Monografia apresentada à ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil, sob orientação da Professora Mestre Lúcia de Fátima Assis Rocha.

VILA VELHA/ES

2010

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PAULA PORTO PEDONE

DIAGNÓSTICO DAS BIBLIOTECAS DOS INSTITUTOS FEDERAIS DE

EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA:

Primeira etapa do processo de planejamento do nosso futuro

Aprovada em ____ de ___________ de 2010.

_________________________________

_________________________________

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VILA VELHA/ES

2010

Page 4: Monografia Paula Pedone

Dedico esse trabalho primeiramente aos meus colegas de

trabalho, técnico-administrativos do Instituto Federal de

Educação Sul-Rio-Grandense Campus Charqueadas/RS,

por consentirem que eu os representasse na Comissão

do Plano de Desenvolvimento Institucional desta Institui-

ção, o que me possibilitou um crescimento pessoal e pro-

fissional ímpar, e deu motivação para que eu desenvol-

vesse essa pesquisa.

Também gostaria de dedicar aos que amo, pois sem eles

eu nada seria.

E as pessoas que acreditaram neste trabalho, pois isso

me deu forças para ir em frente.

Page 5: Monografia Paula Pedone

Gostaria de agradecer aos Bibliotecários...

...que direta ou indiretamente contribuíram para es-

te trabalho

...que me ensinaram o quanto essa profissão é be-

la e humana

...que fazem as coisas acontecer

...que me dão força para lutar por essa profissão.

Aos que cruzaram a minha vida em algum momen-

to, e deixaram o melhor deles em mim.

Page 6: Monografia Paula Pedone

“Que a força do medo que tenho

Não me impeça de ver o que anseio

Que a morte de tudo em que acredito

Não me tape os ouvidos e a boca

Porque metade de mim é o que eu

grito

Mas a outra metade é silêncio.

...

Que as palavras que eu falo

Não sejam ouvidas como prece e

nem repetidas com fervor

Apenas respeitadas

Como a única coisa que resta a um

homem inundado de sentimentos

Porque metade de mim é o que ouço

Mas a outra metade é o que calo.

...

E que a minha loucura seja perdoada

Porque metade de mim é amor

E a outra metade também.”

(Metade – Oswaldo Montenegro)

Page 7: Monografia Paula Pedone

RESUMO

O novo modelo de ensino proposto pelo Ministério da Educação na concepção dos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia (IFs) provocou mudanças, principalmente no que diz respeito aos públicos que deverão atender e cursos que deverão oferecer, com uma oferta de ensino verticalizada: indo da educação básica, principalmente em cursos de ensino médio integrado à educação profissional técnica de nível médio; ensino técnico em geral; cursos superiores de tecnologia, licenciatu-ra e bacharelado em áreas em que a ciência e a tecnologia são componentes de-terminantes, em particular as engenharias, bem como programas de pós-graduação lato e stricto sensu, sem deixar de assegurar a formação inicial e continuada do tra-balhador e dos futuros trabalhadores. Neste sentido, as práticas profissionais das pessoas envolvidas nesse contexto precisam ser repensadas para que a mudança aconteça de fato. Neste cenário, os bibliotecários precisam ter um novo olhar sobre as Bibliotecas desta Instituição para que sejam planejadas de forma a dar viabilidade a novo proposta de ensino que surge, de modo que compram seu papel social. Por isso, este trabalho tem o objetivo de ser um instrumento útil para fazermos um diag-nóstico da situação em que as Bibliotecas das Escolas, recentemente transformadas em IFs, se encontram, para que possamos conhecer a realidade das Bibliotecas ho-je, e assim detectarmos as mudanças que precisam ser feitas.

Page 8: Monografia Paula Pedone

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ......................................................................................... 9

CAPÍTULO I - O ENSINO PROFISSIONAL NO BRASIL: BREVE RELATO

SOBRE OS CEM ANOS DE HISTÓRIA

18

I.1 OS INSTITUTOS FEDERAIS DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNO-

LOGIA ............................................................................................................

23

CAPÍTULO II - GESTÃO E PLANEJAMENTO DE BIBLIOTECAS.................. 27

CAPÍTULO III - REFLEXÃO SOBRE A TIPOLOGIA DAS BIBLIOTECAS

DOS INSTITUTOS FEDERAIS EM EDUCAÇÃO (IFs)......................................

31

CAPÍTULO IV - REFLEXÕES SOBRE AS POLÍTICAS DO MEC EM RELA-

ÇAO ÀS BIBLIOTECAS DOS IFs.....................................................................

35

CAPÍTULO V - A FUNÇÃO SOCIAL DA BIBLIOTECA E O PROFISSIONAL

BIBLIOTECÁRIA................................................................................................

37

CAPÍTULO VI - ANÁLISE DOS DADOS: DIAGNÓSTICO DOS IFs EM RE-

LAÇÃO ÀS SUAS BIBLIOTECAS...................................................................

41

CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 58

REFERÊNCIAS................................................................................................... 60

ANEXOS.............................................................................................................. 63

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INTRODUÇÃO

Palavras-chave: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia. Planejamento de Bibliotecas. Papel social da Biblioteca.

A educação nacional está sofrendo uma transformação significativa com a criação

dos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia (IFs) através da lei

11.892 de 28 de dezembro de 2008. O cenário de hoje é de mudança e adaptações

para uma tentativa de construção coletiva no processo de redefinição da identidade

dos Institutos Federais de Educação (IFs). Mas é preciso tomar consciência de que

embora os IFs sejam criados espelhados na instituição universitária, temos que bus-

car uma configuração própria.

Uma das maiores mudanças ocorridas diz respeito à organização curricular dos Insti-

tutos Federais, que deverá oferecer ensino médio integrado ao técnico, licenciaturas

e cursos superiores de tecnologia ou bacharelados tecnológicos, podendo ainda dis-

ponibilizar especializações, mestrados e doutorados. Assim, este novo cenário pode-

rá proporcionar aos profissionais da educação um espaço ímpar de construção de

saberes.

A possibilidade de dialogar simultaneamente e de forma articulada da educação bá-

sica até a pós-graduação oportuniza aos servidores a possibilidade de, no mesmo

espaço institucional, construir vínculos em diferentes níveis e modalidades de ensi-

no, buscar metodologias que melhor se apliquem a cada ação, estabelecendo a in-

dissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão. Esta estrutura colabora para o

crescimento profissional e o desenvolvimento das pessoas envolvidas neste ambien-

te.

Nesta instituição que acaba de ser criada, cada agente deve entender seu papel,

que está diretamente vinculado à missão dos IFs. Técnicos administrativos e docen-

tes, junto aos gestores, devem dar sentido a esta nova proposta da educação profis-

sional no país, e fazer do processo de mudança e adaptação uma oportunidade de

reinventarem-se.

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Em relação à estrutura física dos IFs, o MEC refere-se à biblioteca como um espaço

facilitador para um trabalho educativo de qualidade, juntamente com outras instala-

ções físicas dos ambientes de aprendizagem, como as salas de aulas convencio-

nais, laboratórios, salas especializadas com equipamentos tecnológicos adequados,

as tecnologias da informação e da comunicação e outros recursos tecnológicos de

acesso a todos.

A preocupação com a configuração e os rumos da Biblioteca na nova concepção

dos IFs motivou esse trabalho. Pois precisamos entender o que somos para então

sabermos para onde vamos. Com base nisso pretende-se fazer um diagnóstico da

situação atual para então começarmos a planejar o nosso futuro.

Cunha (2000) já nos alertava para algumas mudanças que irão ocorrer no ensino

universitário, mas estas, em especial, vêm ao encontro da nova organização didática

dos IFs: rede interligando todos os níveis de ensino, onde todos os níveis de educa-

ção estarão mais interligados, formando uma verdadeira rede de aprendizado; e di-

versidade de opções de aprendizado, onde o sistema de ensino superior terá um

alto grau de diversidade para atender às crescentes e variadas necessidades da po-

pulação.

Neste momento abrem-se espaços para que os Bibliotecários tenham participação

no redirecionamento das ações futuras, e assim desempenharem um papel impor-

tante para a educação do nosso país.

O desenvolvimento deste trabalho inicia-se com o segundo capítulo explicando a

metodologia aplicada. Foram explicadas as razões de se utilizar a pesquisa-ação,

apresentou-se o tipo de instrumento utilizado para coleta de dados, o método aplica-

do na elaboração das questões, e a forma que essas informações foram disponibili-

zadas na análise dos dados.

No capítulo 3 foram feitos um breve relato sobre a história do Ensino Profissional no

Brasil até os dias de hoje, e um panorama sobre a situação dos Institutos Federais

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de Educação desde sua criação em dezembro de 2008, com o intuito de contextuali-

zar o objeto de estudo deste trabalho, a Biblioteca dos IFs, em seu ambiente.

No capítulo 4 discutiu-se sobre a atividade de planejamento, suas funções básicas,

vantagens, e a sua aplicação nas Bibliotecas dos Institutos Federais de Educação

de forma articulada com a Instituição, onde se fez referência da importância do bibli-

otecário se ver como gestor do seu trabalho.

No capítulo 5 foi feita uma discussão sobre o conceito de Biblioteca, bem como a

classificação dos tipos de Bibliotecas mais adotados pelos IFs segundo os dados

coletados na pesquisa - escolar, universitária e especializada – e o que as diferenci-

a. A partir disso foi feita uma análise sobre a necessidade de se quebrar paradigmas

frente às mudanças, proporcionando a construção de novos conceitos de acordo

com contexto e a realidade dos IFs.

No capítulo 6 foi feita uma reflexão sobre as políticas do Ministério da Educação em

relação à Biblioteca dos IFs que fazem parte da Rede Federal de Ensino Profissional

e Tecnológico. Também foi discutido sobre o papel da Secretaria de Educação Pro-

fissional e Tecnológica na regulação, supervisão e avaliação da educação profissio-

nal, que em seus instrumentos de avaliação de cursos técnicos e superiores em tec-

nologia aborda superficialmente a Biblioteca.

No capítulo 7 foram abordados os atributos, perfil e formação do bibliotecário para

que a Biblioteca cumpra sua função social de forma articulada com a Instituição. A

partir disso foram feitas reflexões sobre a prática do bibliotecário neste ambiente, de

forma que a Biblioteca tenha sua função reconhecida na sociedade.

No capítulo 8 foram feitas as apresentações e análises dos dados coletados através

dos questionários usados como instrumentos de pesquisa. A explicação da metodo-

logia de como esses dados foram expostos neste trabalho constam no capítulo 2.

O trabalho é encerrado com as considerações finais sobre a pesquisa a partir das

informações coletadas, baseando-se também nas pesquisas bibliográficas.

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Para melhor compreensão do trabalho é importante esclarecer que foi adotado que

quando se faz referência ao IF ou ao Instituto Federal de Educação significa que es-

tamos falando da estrutura multicampi, ou seja, uma rede de campi ligados a uma

reitoria, compondo a Rede Nacional de IFs, e quando se faz menção ao campus es-

tá se fazendo referência a cada escola que compõe o IF.

1 JUSTIFICATIVA DA ESCOLHA DO TEMA

A escolha do tema - planejamento das bibliotecas dos Institutos Federais de Educa-

ção Ciência e Tecnologia – foi feita a partir do questionamento de alguns bibliotecá-

rios em como e para quem planejar os serviços oferecidos nas Bibliotecas dos IFs,

no sentido de que precisamos identificar quem é o nosso público, qual é a maior

demanda. E assim começou-se um processo de reflexão sobre quem somos e para

onde vamos. A partir disso foram feitas buscas em publicações do Ministério da E-

ducação, bem como em outras fontes sobre essa temática, e constatou-se que as

publicações são voltadas em sua maioria para as Bibliotecas Universitárias, e uma

parte para as Bibliotecas Escolares, mas nenhuma em especial para a realidade dos

IFs ou mesmo o ensino técnico, que englobam ambas, mas vão além.

A partir dessa constatação, houve a necessidade de começar um trabalho no senti-

do de documentar a nossa prática, e iniciar um processo de reflexão sobre essa prá-

tica no processo de construção e/ou redefinição de identidade dos IFs e de suas Bi-

bliotecas.

A reflexão é importante, pois, a partir de questionamentos como o que motivou esse

trabalho, surgem inúmeros outros, como por exemplo: qual o tipo de Biblioteca dos

IFs; quais os públicos que atendem; se os gestores dos IFs consideram a Biblioteca

um setor estratégico para oferta de um ensino de qualidade; se há disparidades

quanto ao investimento nas Bibliotecas nos IFs; se os coordenadores das Bibliote-

cas são os próprios Bibliotecários; se estes profissionais buscam atualização profis-

sional; como se dá a tomada de decisão e se é um processo democrático; se a Bi-

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blioteca é informatizada; se há um espaço no site institucional para o setor; quais os

serviços que oferece; se os Bibliotecários participam de eventos para troca de expe-

riências; e assim por diante.

É importante que os Bibliotecários dos IFs se aventurem a levantar questionamentos

e ao mesmo tempo buscarem as respostas. É preciso registrar as constatações dos

Bibliotecários para, a partir disso, começar um processo de construção desta nova

identidade, e de instrumentos de apoio sobre a nossa prática como esta pesquisa

propõe. Tais documentos serão relevantes à medida que retratarem as realidades

das Bibliotecas, lembrando que cada campus deve ter um perfil adaptado para aten-

der da melhor forma a comunidade em que está inserido, e assim responder mais

efetivamente aos anseios dessa comunidade, e ao mesmo tempo da sociedade em

geral.

Mas para elaborarmos instrumentos de apoio a nossa prática, capazes de nos orien-

tar, sem corrermos o risco de ficarem obsoletos, é fundamental fazermos um exercí-

cio constante de reavaliação do nosso fazer. Ao contrário disso, a obsolescência

destes instrumentos poderá ser próprio reflexo da nossa prática.

Almeida (2005) conceitua o diagnóstico exploratório como “um tipo de mapeamento

que perpassa todos os componentes de uma unidade de informação – estrutura,

atividades, recursos, processos, produtos e usuários”. Nesse sentido, este trabalho

se propõe a fazer um diagnóstico exploratório sobre a biblioteca e a percepção dos

bibliotecários quanto a este setor no ambiente institucional.

2 OBJETIVOS

A pesquisa pretende alcançar os objetivos aqui propostos.

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2.1 OBJETIVO GERAL

Discutir as percepções dos bibliotecários sobre a situação das Bibliotecas dos IFs,

bem como o modo que estão sendo geridas.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

a - Fazer um diagnóstico das Bibliotecas dos IFs.

b - Compreender os diferentes tipos de bibliotecas.

c - Apontar os diferentes usuários das bibliotecas dos IFs.

d - Pesquisar sobre a prática dos bibliotecários dos IFs.

d – Motivar, principalmente, os bibliotecários dos IFs a desenvolverem pesquisas em

geral sobre as Bibliotecas desta Instituição.

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3 METODOLOGIA O presente trabalho emprega a pesquisa-ação com o fim de ser significativo para

todos os envolvidos no ambiente das Bibliotecas dos Institutos Federais de Educa-

ção, Ciência e Tecnologia. Conforme Krafta et al. “A pesquisa-ação é um método de

condução de pesquisa aplicada, orientada para elaboração de diagnósticos, identifi-

cação de problemas e busca de soluções.”

Esse método permite a retratação da realidade das Bibliotecas por permitir que seja

utilizado quando o próprio pesquisador está inserido no contexto da pesquisa. Nesse

sentido apostou-se que todos os envolvidos na pesquisa têm muitos interesses em

comum em relação à Biblioteca, inclusive a construção de uma identidade para elas

no ambiente dos IFs e fora dele, ou seja, no ambiente local e global.

Esta pesquisa também aplica o método misto, ou seja, os métodos quantitativo e

qualitativo. O método quantitativo serviu para aplicar na quantificação dos dados ob-

tidos pelas informações coletadas por meio de questionário, já o método qualitativo

foi aplicado pela pesquisa se tratar da investigação de um determinado universo so-

cial, as Bibliotecas dos IFs, das quais se dispõe de pouca informação. A decisão pe-

lo método misto foi feita para proporcionar um melhor entendimento das informações

coletadas, pois dados numéricos muitas vezes não dizem muita coisa fora de um

contexto. Essa decisão foi baseada no problema de pesquisa, nas experiências pes-

soais e no público para quem se destina.

CRESWELL (2007, p. 60) fala sobre o método misto que:

[...] essa técnica emprega estratégias de investigação que envolvem coleta de dados simultânea ou seqüencial para melhor atender o problemas de pesquisa. A coleta de dados também envolve a obtenção tanto de informa-ções numéricas como de informações de texto, de forma que o banco de dados final represente tanto informações quantitativas como qualitativas.

A pesquisa foi feita em quatro etapas: pesquisa de fontes documentais, elaboração

do questionário, aplicação do questionário, e análise dos dados.

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Primeiramente foi feito um estudo exploratório, a fim de levantar informações biblio-

gráficas em suporte tradicional e eletrônico que ajudaram a esclarecer conceitos e

aprofundar conhecimentos sobre o tema.

Num segundo momento foi elaborado o questionário abordando questões relativas à

Biblioteca como organização, recursos humanos deste setor, número de bibliotecá-

rios por campus e por IF, tamanho da equipe da Biblioteca, número de servidores e

alunos por Campus, tipos de usuários, tempo de atividade do campus, quem toma

as decisões e se isso se dá de forma participativa, serviços que oferece, etc. Con-

forme podemos verificar detalhadamente no Anexo I.

Quanto à forma de apresentação das perguntas foram feitas questões abertas e fe-

chadas. As perguntas foram em sua maioria fechadas, isto é, apresentam alternati-

vas com sugestões de respostas. Nestas foram disponibilizados espaços para os

Bibliotecários fazerem suas considerações a cerca da questão, a fim de que a res-

posta possa ser explicada e complementada.

As perguntas abertas, isto é, sem sugestões de respostas, foram feitas com o pro-

pósito de os Bibliotecários responderem com suas próprias palavras a questão. Foi

decidido que seriam feitas questões deste tipo pelo fato de existirem realidades di-

versas nos campi de todo país, e assim se evitaria cometer erros, principalmente nas

perguntas que tratam da configuração de cada campus.

Na terceira etapa foram buscados os contatos de correio eletrônico das Bibliotecas

nos sites dos campi para o envio do questionário. Na composição do e-mail, além do

próprio questionário, foi enviado um texto justificando a pesquisa e definindo um

prazo para devolução das respostas de 3 semanas. Em cada e-mail enviado foi soli-

citado que o questionário fosse encaminhado para outros campi, a fim de que a pes-

quisa atingisse um maior universo de Bibliotecas.

Foi proposto para esta pesquisa que se teria uma amostragem de 40 questionários,

abrangendo pelo menos 70% dos Estados do país. O critério utilizado para definir os

campi que receberiam os questionários foi que estes só poderiam ser respondidos

pelos bibliotecários dos campi dos IFs, já que também se pretende analisar a prática

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desses profissionais nessa Instituição. Portanto os campi sem bibliotecários não fo-

ram contemplados na pesquisa.

A quarta e última etapa foi a análise dos dados. Foram respondidos 22 questionários

que foram numerados para possibilitar a representação dos campi nas análises.

Primeiramente foi feita a organização e preparação dos dados, após isso os dados

foram lidos, organizados, interpretados, para então serem apresentados. Para uma

melhor representação dos dados coletados foram adotadas quantificações percen-

tuais.

A exposição através de gráficos dos dados quantitativos coletados foi feita para as

questões que apresentavam uma variação muito grande de respostas com o objetivo

de serem apresentados da forma mais clara possível. E também foram usados gráfi-

cos para representar o cruzamento de dados de questões diferentes com a finalida-

de de serem comparados para uma análise mais detalhada.

Após a apresentação dos dados das questões de caráter quantitativo foram coloca-

das as considerações que os bibliotecários fizeram nos espaços deixados com este

fim, e também as constatações da responsável pela pesquisa. Neste sentido, vale

ressaltar que a principal proposta deste trabalho é fazer um diagnóstico da situação

das Bibliotecas dos IFs e do ambiente em que estão inseridas, portanto não houve

um aprofundamento na análise dos dados.

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CAPÍTULO I - O ENSINO PROFISSIONAL NO BRASIL: BREVE RELATO SOBRE

OS CEM ANOS DE HISTÓRIA

O ensino técnico no Brasil foi iniciado em 1906, pelo governador do Rio de Janeiro

Nilo Peçanha. Foram criadas 3 escolas no Estado do Rio de Janeiro para o ensino

de ofícios e a uma à aprendizagem agrícola. Este ano foi marcado por ações impor-

tantes para o ensino técnico no Brasil: foi apresentado ao Congresso um projeto de

promoção do ensino prático industrial, agrícola e comercial, a ser mantido com o a-

poio conjunto do Governo da União e dos Estados; houve aumento da dotação or-

çamentária para os Estados instituírem escolas técnicas e profissionais elementares;

e o Presidente da República, Afonso Pena, em seu discurso de posse em 1906 falou

que “A criação e multiplicação de institutos de ensino técnico e profissional muito

podem contribuir também para o progresso das indústrias, proporcionando-lhes

mestres e operários instruídos e hábeis”.

Quando Nilo Peçanha assumiu a Presidência da República, em 1909, ele sancionou

um decreto (Decreto nº 7566/09) permitindo a criação de instituições voltadas para a

educação profissional, considerado o embrião da atual Rede Federal de Educação

Profissional, Científica e Tecnológica instituída na Lei n° 11.892 de 29 de dezembro

de 2008. Na época houve um aumento significativo de 19 de Escolas de Aprendizes

Artífices, destinadas ao ensino profissional, primário e gratuito, em 19 Estados do

país, conforme mostra a figura 1.

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Figura 1: Localização das 19 Escolas de Aprendizes Artífices construídas em 1909.

(Fonte: MEC, 2009)

Em 1927, o Congresso Nacional sancionou o Projeto de Fidélis Reis que previa o

oferecimento obrigatório do ensino profissional no país. E a partir de 1930 houve um

período de grande expansão do ensino industrial, impulsionada por uma política de

criação de novas escolas industriais e introdução de novas especializações nas es-

colas existentes.

Em 1941 vigoraram uma série de leis conhecidas como a “Reforma Capanema” que

remodelou todo o ensino no país, e tinha como principais pontos:

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- o ensino profissional passou a ser considerado de nível médio;

- o ingresso nas escolas industriais passou a depender de exames de admissão;

- os cursos foram divididos em dois níveis, correspondentes aos dois ciclos do novo

ensino médio: o primeiro compreendia os cursos básico industrial, artesanal, de a-

prendizagem e de mestria; o segundo ciclo correspondia ao curso técnico industrial,

com três anos de duração e mais um de estágio supervisionado na indústria, e com-

preendendo várias especialidades.

Em 1942, houve a transformação das Escolas de Aprendizes Artífices em Escolas

Industriais e Técnicas, passando a oferecer a formação profissional em nível equiva-

lente ao do ensino médio. A partir desse ano, inicia-se, formalmente, o processo de

vinculação do ensino industrial à estrutura do ensino do país.

No ano de 1959, as Escolas Industriais e Técnicas são transformadas em autarquias

com o nome de Escolas Técnicas Federais. As instituições ganham autonomia didá-

tica e de gestão.

O processo acelerado de industrialização do país faz com que aumente a oferta de

ensino profissional. A lei de Diretrizes e Bases da Educação de 1971 torna, de ma-

neira compulsória, técnico-profissional, todo currículo do segundo grau. Há urgência

na formação de técnicos, e a oferta de vagas e criação de novos cursos são intensi-

ficadas.

Em 1978 as Escolas Técnicas do Paraná, Minas Gerais e Rio de Janeiro são trans-

formadas em Centros Federais de Educação Tecnológica – CEFETs. Esta mudança

traz mais uma atribuição a estas instituições de formar engenheiros de operação e

tecnólogos, processo esse que se estende às outras instituições bem mais tarde.

A partir da transformação gradativa das Escolas Técnicas Federais e das Escolas

Agrotécnicas Federais, em 1994, em Centros Federais de Educação Tecnológica –

CEFETs, mediante decreto específico para cada instituição e em função de critérios

estabelecidos pelo Ministério da Educação.

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Com a promulgação da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação, em 1196, dis-

põe sobre a educação profissional fazendo uma intervenção social crítica e qualifi-

cada para tornar-se um mecanismo para favorecer a inclusão social e democratiza-

ção dos bens sociais de uma sociedade, superando enfoques de assistencialismo e

preconceito social contido nas primeiras legislações da educação profissional no pa-

ís. E define o sistema de certificação profissional que permite o reconhecimento das

competências adquiridas fora do sistema escolar.

O Decreto 2.208/1997 regulamenta a educação profissional e cria o Programa de

Expansão da Educação Profissional - PROEP. Uma das novidades é que a educa-

ção profissional de nível técnico poderá ser oferecida de maneira concomitante ou

seqüencial em relação ao ensino médio regular. O PROEP tem por objetivo a im-

plantação da reforma da educação profissional determinada pela Lei de Diretrizes e

Bases da Educação Nacional, a LDB. Os investimentos do programa destinam-se à

construção, reforma e ampliação das escolas, aquisição de equipamentos para labo-

ratórios, despesas de consultoria, capacitação e serviços de terceiros. Abrange,

também, aspectos técnico-pedagógicos, como flexibilização curricular, gestão esco-

lar que contemple a autonomia, flexibilidade, captação de recursos e parcerias, ga-

rantindo a expansão da rede de educação profissional.

Em 1999 retoma-se o processo de transformação das Escolas Técnicas Federais em

Centros Federais de Educação Tecnológica, iniciado em 1978.

De 1909 a 2002 foram construídas 140 unidades de ensino na Rede Federal de E-

ducação Profissional e Tecnológica brasileira.

O lançamento da primeira fase do Plano de Expansão da Rede Federal de Educa-

ção Profissional e Tecnológica ocorre em 2005, com a construção de 64 novas uni-

dades de ensino. Neste mesmo ano há a transformação do CEFET - Paraná em U-

niversidade Tecnológica Federal do Paraná e primeira universidade especializada

nessa modalidade de ensino no Brasil.

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22

Com o Decreto 5.840, em 2006 é instituído, no âmbito federal, o Programa Nacional

de Integração da Educação Profissional com a Educação de Jovens e Adultos –

PROEJA com o ensino fundamental, médio e educação indígena.

Há o lançamento da segunda fase do Plano de Expansão da Rede Federal de Edu-

cação Profissional e Tecnológica em 2007, tendo como meta entregar à população

mais 150 novas unidades, perfazendo um total de 354 unidades, até o final de 2010,

cobrindo todas as regiões do país, oferecendo cursos de qualificação, de ensino

técnico, superior e de pós-graduação, sintonizados com as necessidades de desen-

volvimento local e regional.

A articulação da criação dos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia

ocorreu em 2008, e através da lei 11.892, de 29 de dezembro deste ano, é instituída

a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, que cria os Insti-

tutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia.

O centenário da Educação Tecnológica no País é comemorado em 2009, com mais

escolas sendo construídas em todo país. A Figura 2 mostra a perspectiva do gover-

no para a expansão da Rede Federal de Ensino Profissional até 2010.

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Figura 2: Mapa da Expansão da Rede Federal de Ensino Profissional até 2010. (Fonte: MEC, 2009)

I.1 OS INSTITUTOS FEDERAIS DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA

Os IFs já nascem incorporados a Rede Federal de Educação Profissional e Tecno-

lógica, da qual também fazem a Universidade Tecnológica Federal do Paraná –

UTFPR, o Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca -

CEFET-RJ, o Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais - CEFET-

MG, e as Escolas Técnicas Vinculadas às Universidades Federais. Segundo o Minis-

tério da Educação (MEC), são 38 institutos, com 366 campi até 2010 espalhados por

todo território nacional, atuando no ensino médio integrado ao técnico, licenciaturas

Page 24: Monografia Paula Pedone

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e cursos superiores de tecnologia ou bacharelados tecnológicos, podendo ainda dis-

ponibilizar especializações, mestrados e doutorados.

O papel que está previsto para os Institutos Federais é o de garantir a perenidade

das ações que visem a incorporar, antes de tudo, setores sociais, que historicamen-

te foram alijados dos processos de desenvolvimento e modernização do Brasil, o

que legitima e justifica a importância de sua natureza pública e afirma uma educação

profissional e tecnológica como instrumento realmente vigoroso na construção e

resgate da cidadania e da transformação social.

Os Institutos foram criados para atuar como uma rede social de educação profissio-

nal e tecnológica no sentido do desenvolvimento local e regional, mas sem perder a

visão do universal. Essa interferência local é importante para se estabelecer um vín-

culo entre o local e o global, possibilitando a inclusão social. Assim, cada Instituto

Federal de Educação deve conhecer o ambiente em que está inserido, para ter uma

conduta articulada com o contexto em sua volta.

Essa nova visão da educação tecnológica pretende que os Institutos Federais reú-

nam da diversidade sociocultural, princípios e valores que convergem para fazer va-

ler uma concepção de educação profissional e tecnológica em sintonia com os valo-

res universais do homem.

Os Institutos Federais estabelecem-se como rede social, tecida a partir das relações

sociais existentes que oportunizam, por um lado, o compartilhamento de idéias, vi-

sando à formação de uma cultura de participação e, de outro, a absorção de novos

elementos, objetivando sua renovação permanente, que vai além da relação entre

os Institutos atingindo toda a sociedade. Há a preocupação de se estabelecer víncu-

los, numa postura favorável ao diálogo para reestruturação dos laços humanos e

articulação e organização dos saberes.

Em sua proposta político-pedagógica, os Institutos Federais deverão ofertar educa-

ção básica, principalmente em cursos de ensino médio integrado à educação profis-

sional técnica de nível médio; ensino técnico em geral; cursos superiores de tecno-

logia, licenciatura e bacharelado em áreas em que a ciência e a tecnologia são com-

Page 25: Monografia Paula Pedone

25

ponentes determinantes, em particular as engenharias, bem como programas de

pós-graduação lato e stricto sensu, sem deixar de assegurar a formação inicial e

continuada do trabalhador e dos futuros trabalhadores. Reafirmando assim o seu

compromisso com todos.

Essa organização curricular dos Institutos Federais traz para os profissionais da e-

ducação um espaço ímpar de construção de saberes. Por terem esses profissionais

a possibilidade de dialogar simultaneamente, e de forma articulada, da educação

básica até a pós-graduação, trazendo a formação profissional como paradigma nu-

clear, o que faz com que essa atuação acabe por sedimentar o princípio da verticali-

zação do ensino.

A proposta curricular, que integra o ensino médio à formação técnica, além de esta-

belecer o diálogo entre os conhecimentos científicos, tecnológicos, sociais e huma-

nísticos, e conhecimentos e habilidades relacionadas ao trabalho, superar o conceito

da escola dual e fragmentada, pode representar, em essência, a quebra da hierar-

quização de saberes e colaborar, de forma efetiva, para a educação brasileira como

um todo, no desafio de construir uma nova identidade para essa última etapa da e-

ducação básica.

Em relação à educação superior vislumbra-se, com os Institutos Federais de Educa-

ção, a possibilidade de repensá-la de forma consistente, na perspectiva de supera-

ção de distorções históricas.

O fazer pedagógico desses Institutos, ao trabalhar na superação da separação ciên-

cia/tecnologia e teoria/prática, na pesquisa como princípio educativo e científico, nas

ações de extensão como forma de diálogo permanente com a sociedade revela sua

decisão de romper com um formato consagrado, por séculos, de lidar com o conhe-

cimento de forma fragmentada.

Na concepção dos Institutos, entende-se a educação para o trabalho como potencia-

lizadora do ser humano, enquanto integralidade, no desenvolvimento de sua capaci-

dade de gerar conhecimentos a partir de uma prática interativa com a realidade, na

perspectiva de sua emancipação. A necessidade da formação para ocupar os postos

Page 26: Monografia Paula Pedone

26

de trabalho não é a razão exclusiva e definidora para a educação profissional. Há a

preocupação que as novas formas de relação entre conhecimento, produção e rela-

ções sociais demandam o domínio integrado de conhecimentos científicos, tecnoló-

gicos e sócio-históricos e nessa tessitura de saberes, materializa-se também a for-

mação profissional.

No campo da pesquisa, o desafio colocado para os Institutos Federais é ir além da

descoberta científica. Em seu compromisso com a humanidade, a pesquisa, que de-

ve estar presente em todo trajeto da formação do trabalhador, deve representar a

conjugação do saber e de mudar e se construir, na indissociabilidade pesquisa, en-

sino e extensão. Os novos conhecimentos produzidos pelas pesquisas deverão es-

tar colocados a favor dos processos locais e regionais numa perspectiva de reco-

nhecimento e valorização dos mesmos no plano nacional e global.

Pode-se ver que se espera muito desse novo modelo de instituição de ensino, e que

as ações estão apenas começando. Os servidores federais em educação precisam

vestir a camiseta e colaborar para que as metas do IF sejam alcançadas, através de

métodos eficientes e eficazes, para que essa Instituição possa colaborar efetivamen-

te em benefício da sociedade.

Page 27: Monografia Paula Pedone

27

CAPÍTULO II - GESTÃO E PLANEJAMENTO DE BIBLIOTECAS

Segundo Furtado (2008, p. 9) “o planejamento é um processo contínuo desenvolvido

para o alcance de uma situação futura desejada, de um modo mais eficiente, eficaz

e efetivo, com a melhor concentração de recursos.”

Complementando esse raciocínio, Almeida (2005, p. 2) nos diz que:

Planejamento não é um acontecimento, mas um processo contínuo, perma-nente e dinâmico, que fixa objetivos, define linhas de ação, detalha etapas para atingi-los e prevê os recursos necessários à consecução desses obje-tivos. Com a incorporação dessa prática reduz-se o grau de incerteza dentro da organização, limitam-se situações arbitrárias, diminuem-se riscos ao mesmo tempo em que se dá rentabilidade máxima aos recursos, tira-se proveito de oportunidades, com a melhoria da qualidade de serviços e pro-dutos, e garante-se a realização dos objetivos visados.

Pode-se concluir que é necessário estabelecer objetivos, metas, diretrizes, para en-

tão se definir o caminho para alcançar algum resultado. O ato de planejar deve ter

uma abordagem racional com base em conhecimentos científicos e técnicos, pois

requer investigações constantes e bem fundamentadas para basear decisões coe-

rentes, de alto significado, que precisam ser tomadas ao longo do processo de pla-

nejamento.

O processo de planejar envolve alguns questionamentos sobre o que fazer, como,

quando, quanto, para quem, por que, por quem, e onde. Isso tudo exige tempo para

reflexão, e tomada de decisão constante.

No processo de planejamento das Bibliotecas dos Institutos Federais de Educação

precisa-se encarar a mudança que está havendo a partir da lei de transformação dos

Institutos de forma positiva, pois neste momento histórico se abrem oportunidades

para se pensar a prática do Bibliotecário, bem como o(s) rumo(s) das Bibliotecas.

Nesse sentido, é preciso conhecer os aspectos da organização que afetam a Biblio-

teca, como o ambiente, missão, objetivos, estratégias e políticas, estrutura, recursos,

etc. Assim, utilizando essas informações no processo de planejamento, as futuras

ações da Biblioteca estarão contextualizadas com as da Instituição, e isso trará mui-

Page 28: Monografia Paula Pedone

28

to benefícios para a própria Instituição e para a comunidade escolar. Para saber a-

onde se quer chegar, primeiramente, é importante compreender o presente.

A Biblioteca deve ser vista como uma organização, com suas funções específicas e

sua função social. Mas o reconhecimento como tal depende de como é conduzida,

administrada, ações que refletem na sua imagem perante a instituição e toda a soci-

edade. E como se pode definir essa função sem haver a reflexão sobre quem so-

mos? Esse exercício faz parte do processo de planejamento do nosso futuro.

Pode-se apontar inúmeras vantagens do planejamento, como: o compromisso com

os objetivos estabelecidos por nós mesmos fazem as ações aconteçam; há redução

de riscos, pois os objetivos são traçados com mais segurança, bem como as toma-

das de decisão; como as decisões são baseadas em informação e obedecem a cri-

térios objetivos, são menos passíveis de variáveis subjetivas. Conforme Almeida

(2005), as decisões planejadas ajudam a dar estabilidade à organização e, conse-

qüentemente, criam um ambiente mais equilibrado e produtivo em benefício de to-

dos.

Segundo Furtado (2008), há três tipos de planejamento: estratégico, tático e opera-

cional. Neste trabalho vamos nos ater ao planejamento estratégico e tático: o primei-

ro por se relacionar com os objetivos de longo prazo e com estratégias e ações para

alcançá-los que afetam a Instituição como um todo; e o segundo por ser a metodo-

logia que tem por finalidade administrativa aperfeiçoar determinadas áreas de resul-

tado e não a empresa como um todo, e, que, portanto, trabalha com decomposições

dos objetivos, estratégias e políticas estabelecidas no plano estratégico. Uma dife-

rença entre um e outro é que o primeiro é desenvolvido pelos níveis mais altos da

instituição, enquanto o último é desenvolvido pelos níveis intermediários.

Toda essa explicação foi dada para dizer que a Biblioteca, assim como outros seto-

res, são parte de uma organização que tem uma missão macro, que norteia a Institu-

ição. Analisando a estrutura organizacional da Instituição, a Biblioteca pode e deve

estar contemplada no planejamento estratégico da Instituição, juntamente com os

outros setores, estando no mesmo patamar que esses ou não. E seguindo esse ra-

Page 29: Monografia Paula Pedone

29

ciocínio a Biblioteca opera no nível tático ao ser mais uma meta dentro de todo um

planejamento.

Mas quando a Biblioteca é planejada a longo prazo, a partir do seu coordenador

e/ou sua equipe, se está estabelecendo estratégias para chegar onde se quer, e

nessa ótica está sendo feito o planejamento estratégico. Nesse sentido, devemos

pensar este setor como uma organização que faz parte de um sistema maior, e que

precisa estar em sintonia com o todo para que tenha sua função reconhecida. É pa-

pel da Biblioteca planejar suas funções, políticas, diretrizes, metas e objetivos, com

protagonismo, para então discutir isso com o resto da Instituição. Mas quando as

ações não partem da Biblioteca alguém pode fazer o que já deveria ter sido feito, e

que muitas vezes cria sérios problemas.

Furtado (2008) ainda diz que as fases básicas para elaboração e implementação do

planejamento estratégico podem ser: diagnóstico estratégico, missão da instituição,

instrumentos prescritivos e quantitativos, e controle e avaliação. É na fase de diag-

nóstico estratégico que se deve determinar o estado atual da biblioteca, e analisar

todos os aspectos inerentes a realidade. E tão importante quanto é ter clara a defini-

ção da missão para nortear as tomadas de decisão e gerar resultados satisfatórios.

As duas primeiras fases envolvem a apropriação de conhecimentos e informações

para as fases seguintes serem colocadas em prática.

Maciel e Mendonça (2006, p.44) dizem que planejar unidade de informação:

[...] implica em caracterizar a ambiência relativa à unidade de informação que se pretende implantar ou avaliar. E que isso inclui a análise do seu con-texto externo, que abriga e justifica a existência da Biblioteca, e do seu con-texto interno: esquema de organização adotado, recursos que a compõem, qualidade dos serviços e produtos etc. Tais dados e informações permitem o seu diagnóstico, a base de atuação de quem planeja.

No que diz respeito à análise do contexto externo, deve-se orientar pela razão de ser

do Instituto Federal de Educação em nível global e regional, para então se compre-

ender qual o contexto em que a Biblioteca está inserida. Pois a Biblioteca deve ser

visualizada como um subsistema de um sistema maior, integrados e alinhados, de

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30

tal forma que justifique sua razão de existir, e seja reconhecida sua importância pe-

rante a sociedade.

O planejamento deve ser encarado como uma função administrativa nas Bibliotecas.

Os coordenadores das Bibliotecas, na maioria das vezes, não estão nas cúpulas

institucionais ou nos cargos de mais poder, mas precisam se ver como gerentes de

seu trabalho. Sem um plano de trabalho tomam-se decisões apressadas sem ter

consciência da real proporção do impacto que estas surtirão na instituição.

Em muitas Bibliotecas os Bibliotecários executam funções técnicas, informacionais e

administrativas, ao mesmo tempo. E esse é um dos motivos que levam ao adiamen-

to do planejamento, e assim não reservamos um tempo para refletir sobre o que está

sendo feito, e em que as ações contribuem com o todo. É preciso que todos estejam

alertas de que é justamente o que é deixado de lado que poderia ser a solução de

muitos problemas que surgem diariamente.

Segundo Maciel (2006), o reconhecimento de problemas, sua localização e seu pos-

sível equacionamento só podem ser realizados a partir da perspectiva do observador

dentro da estrutura onde eles ocorrem.

Enquanto se estiver voltado para uma Biblioteca com um fim em si mesma não se

atingirá resultados satisfatórios, menos se estará integrado com o resto da institui-

ção, e a frustração será inevitável ao verificar-se que todo o trabalho não é revertido

em benefício para ninguém.

A prática do não planejamento faz com que sempre ocorra o re-trabalho, o que toma

tempo, energia, além de causar desmotivação pelo fato de se estar sempre se depa-

rando com os mesmos problemas, que são resolvidos apenas temporariamente.

Conforme Miranda (2006), sem o planejamento executa-se tarefas descoordenadas,

isoladas, repetitivas, não raro absorvendo rotinas não profissionais o que significa

baixa produtividade, falta de metas e objetivos definidos.

Page 31: Monografia Paula Pedone

31

CAPÍTULO III - REFLEXÃO SOBRE A TIPOLOGIA DAS BIBLIOTECAS DOS INS-

TITUTOS FEDERAIS EM EDUCAÇÃO (IFs)

Conforme o Ministério da Educação, como princípio em sua proposta político-

pedagógica, os Institutos Federais deverão ofertar educação básica, principalmente

em cursos de ensino médio integrado à educação profissional técnica de nível mé-

dio; ensino técnico em geral; cursos superiores de tecnologia, licenciatura e bacha-

relado em áreas em que a ciência e a tecnologia são componentes determinantes,

em particular as engenharias, bem como programas de pós-graduação lato e stricto

sensu, sem deixar de assegurar a formação inicial e continuada do trabalhador e dos

futuros trabalhadores. A Biblioteca deste novo modelo de escola deve ser

(re)planejada para atender a todos esses públicos.

Segundo Targino (1984):

Biblioteca é o local, onde uma coleção organizada e constituída de acordo com a demanda e necessidade dos usuários efetivos e potenciais a que se destina, está à disposição dos interessados, para suprir suas necessidades informativas, educacionais ou recreativas. Para tanto requer recursos hu-manos, materiais e financeiros que assegurem a continuidade e atualização dos seus serviços. (p.59)

A determinação do tipo da biblioteca é baseada no público a quem se destina, e a

partir disso são definidos quais os serviços e produtos que serão oferecidos. Mas

neste novo cenário, não cabe as tipologias tradicionais de Bibliotecas. Nesse senti-

do, precisamos inovar conceitos e adaptar modelos para criarmos um ambiente pro-

pício ao desenvolvimento de Bibliotecas que atendam a essa demanda tão distinta

dos IFs.

LEITÃO (2005) dá respaldo para entender que as Bibliotecas devem estar em um

processo de mudança constante quando fala que:

As Bibliotecas não existem de forma independente da sociedade e das insti-tuições às quais se vinculam. Elas acompanham as tendências que se veri-ficam na vida social, em especial aquelas relacionadas ao campo do conhe-cimento e da educação. Em razão disso as Bibliotecas foram se especiali-zando à medida que instituições científicas e educacionais foram se diferen-

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32

ciando umas das outras em torno de um objeto, de uma teoria ou de uma prática. (p. 24)

A partir dessas colocações será falado brevemente sobre os tipos de Bibliotecas que

são adotados em geral, para a partir de então se tentar classificar as Bibliotecas dos

IFs.

A missão da Biblioteca escolar, segundo a Organização das Nações Unidas para a

Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), é promover serviços de apoio à apren-

dizagem e livros aos membros da comunidade escolar, oferecendo-lhes a possibili-

dade de se tornarem pensadores críticos e efetivos usuários da informação, em to-

dos os formatos e meios. Também observa que as Bibliotecas escolares ligam-se às

mais extensas redes de Bibliotecas e de informação.

A UNESCO também diz que para o desenvolvimento da literacia e/ou competência

na leitura e escrita e no uso da informação, no ensino e aprendizagem, na cultura e

nos serviços básicos da biblioteca escolar, é essencial o cumprimento dos seguintes

objetivos:

[...] - apoiar e intensificar a consecução dos objetivos educacionais defini-

dos na missão e no currículo da escola; - desenvolver e manter nas crianças o hábito e o prazer da leitura e da a-prendizagem, bem como o uso dos recursos da biblioteca ao longo da vida; - oferecer oportunidades de vivências destinadas à produção e uso da in-formação voltada ao conhecimento, à compreensão, imaginação e ao entre-tenimento; - apoiar todos os estudantes na aprendizagem e prática de habilidades para avaliar e usar a informação, em suas variadas formas, suportes ou meios, incluindo a sensibilidade para utilizar adequadamente as formas de comuni-cação com a comunidade onde estão inseridos; - prover acesso em nível local, regional, nacional e global aos recursos exis-tentes e às oportunidades que expõem os aprendizes a diversas idéias, ex-periências e opiniões; - organizar atividades que incentivem a tomada de consciência cultural e social, bem como de sensibilidade; - trabalhar em conjunto com estudantes, professores, administradores e pais, para o alcance final da missão e objetivos da escola; - proclamar o conceito de que a liberdade intelectual e o acesso à informa-ção são pontos fundamentais à formação de cidadania responsável e ao exercício da democracia; - promover leitura, recursos e serviços da biblioteca escolar junto à comuni-dade escolar e ao seu derredor. (MANIFESTO UNESCO, 2000)

Page 33: Monografia Paula Pedone

33

Mas é importante ressaltar que a missão e os objetivos da Biblioteca escolar suprem

apenas uma parte da demanda dos IFs – os cursos de ensino médio integrado. E

sua aplicabilidade aos IFs necessita de estudos e cuidados no momento de decidir

sobre quais serviços oferecer para um público escolar que já teve um primeiro conta-

to com a Biblioteca no ensino fundamental.

Já a Biblioteca universitária é destinada a suprir as necessidades informacionais da

comunidade acadêmica, no desempenho de suas atividades de ensino, pesquisa e

extensão. (CARVALHO, 1981 apud TARGINO, 1984). Este tipo de biblioteca deve

suprir as necessidades dos públicos dos cursos superiores e de pós-graduação, mas

caso seja adotada nos IFs se estará abdicando dos demais níveis de ensino.

A Biblioteca especializada direciona-se ao público de nível acadêmico, sua coleção

se restringe a assuntos específicos, e a maioria dos seus usuários são os pesquisa-

dores. Por isso não é o modelo ideal para os IFs, que têm uma demanda diversifica-

da.

Conforme Figueiredo (198?) apud Targino (1984), a Biblioteca especializada:

[...] se assemelha a Biblioteca universitária, no que diz respeito ao nível de suas coleções, desde que visam a servir a uma clientela de formação supe-rior, bem como, no que tange aos serviços prestados. Por outro lado, esse tipo de biblioteca se diferencia das demais pela sua estrutura de orientação por assunto.

Targino (1984) defende que a verbalização do conceito de biblioteca para atender ao

nível de maior abrangência deve fazer menção às dimensões principais como insta-

lação, recursos, coleção, características funcionais e finalidades básicas. Sendo esta

última a razão de ser da Biblioteca.

Nesse sentido, é preciso que se entre em acordo que um novo modelo de Biblioteca

está surgindo, e que esse é o momento de se quebrar paradigmas. Assim como o

ensino está redirecionando seu enfoque para a aprendizagem do aluno, ao invés do

seu corpo docente, os Bibliotecários precisam enxergar além das estruturas adminis-

trativas, enfocando seu trabalho na satisfação dos usuários, sempre alinhados as

finalidades básicas da Biblioteca.

Page 34: Monografia Paula Pedone

34

Miranda (2006) sabiamente diz que é a experiência que amplia ou limita conceitos.

Por isso não deve ser uma preocupação determinar o tipo de Biblioteca que compõe

os IFs para não se correr o risco se fazer julgamentos e análises precipitadas que

poderão limitar o trabalho e os serviços da Biblioteca.

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35

CAPÍTULO IV - REFLEXÕES SOBRE AS POLÍTICAS DO MEC EM RELAÇAO ÀS

BIBLIOTECAS DOS IFs

Os Institutos Federais foram criados espelhados na instituição universitária, mas são

ainda mais complexos, e um dos aspectos que ratifica isso é a diversificação de ní-

veis de formação que oferecem. Tal complexidade afeta diretamente a Biblioteca,

pois esta deve estar preparada para atender a uma demanda diversificada, com ne-

cessidades informacionais peculiares de cada seguimento de ensino.

O Ministério da educação tem trabalhado para melhorar a qualidade das instituições

de nível superior, como a criação do Sistema Nacional de Avaliação da Educação

Superior (Sinaes). Este é formado por três componentes principais: a avaliação das

instituições, dos cursos e do desempenho dos estudantes. O Sinaes avalia todos os

aspectos que giram em torno desses três eixos: o ensino, a pesquisa, a extensão, a

responsabilidade social, o desempenho dos alunos, a gestão da instituição, o corpo

docente, as instalações e vários outros aspectos.

Segundo o MEC, a avaliação institucional divide-se em duas modalidades: Auto-

avaliação, coordenada pela própria instituição; e avaliação externa, realizada por

comissões designadas pelo Instituto Nacional de Estudos e

Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP). Em seu conjunto, os processos ava-

liativos devem constituir um sistema que permita a integração das diversas dimen-

sões da realidade avaliada, assegurando as coerências conceitual, epistemológica e

prática.

O fato de a Biblioteca estar contemplada nos instrumentos de avaliação do MEC

prova a importância dela para a qualidade da oferta do ensino superior. Estes ins-

trumentos, mesmo que estejam longe do ideal no que diz respeito à biblioteca, dão

condições aos bibliotecários de argumentar com os gestores sobre os investimentos

no setor.

O problema é que estes instrumentos regulam apenas os cursos superiores, deixan-

do os outros níveis de ensino a própria sorte. Por isso é preciso começar uma dis-

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36

cussão com a Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (SETEC) para que

também haja uma regulação mais detalhada das Bibliotecas que atendem o ensino

médio técnico. Já que compete a esta secretaria, entre outros fins, planejar, orientar,

coordenar e supervisionar o processo de formulação e implementação da política da

educação profissional e tecnológica; promover ações de fomento ao fortalecimento,

à expansão e à melhoria da qualidade da educação profissional e tecnológica e zelar

pelo cumprimento da legislação educacional no âmbito da educação profissional e

tecnológica (MEC).

O Senhor Eliezer Pacheco, secretário da Secretaria de Educação Profissional e

Tecnológica ligada ao MEC, diz que esta vem aperfeiçoando o fortalecimento de

seus instrumentos de regulação e supervisão. E que uma das ações mais efetivas

diz respeito à autorização e o reconhecimento de cursos. O destaque fica para a im-

plementação dos catálogos nacionais dos Cursos Superiores de Tecnologia e de

Cursos Técnicos. E acrescenta que estes são instrumentos fundamentais para regu-

lação, supervisão e avaliação da educação profissional em nosso país.

No que diz respeito às Bibliotecas, estes instrumentos apenas recomendam que o

acervo seja específico para o curso e atualizado. Portanto, falta um olhar mais aten-

cioso às Bibliotecas dos Institutos Federais de Educação e da Rede de Educação

Profissional. A falta de regulação das Bibliotecas a deixa sem orientação, e dá mar-

gem para que os gestores não se comprometam em investir neste setor como deve-

riam, e conseqüentemente a qualidade do ensino é menor.

Um dos motivos basilares do Instituto Federal é a emancipação humana, e para isso

precisamos derrubar as barreiras entre o ensino técnico e o científico, articulando

trabalho, ciência e cultura. A Biblioteca tem papel fundamental nessa mudança de

paradigma, pois possibilita o acesso igualitário a informações e aspirações educa-

cionais ao estimular o conhecimento. Por isso deve receber atenção especial dos

órgãos do governo a quem compete assegurar a oferta de um ensino de qualidade,

em especial o ensino profissional, que é a nossa maior demanda e principal foco.

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CAPÍTULO V - A FUNÇÃO SOCIAL DA BIBLIOTECA E O PROFISSIONAL BI-

BLIOTECÁRIA

Conforme Targino (1984), a profissão de Bibliotecário é sempre atingida por mudan-

ças sociais, exigindo novas técnicas de abordagem para a solução de problemas

diversificados e complexos. Nesse sentido é essencial que sejam desenvolvidas a

criatividade e a criticidade, afim de que se possa atuar num mundo em constante

mutação e evolução.

É preciso a preocupação permanente com a função social da Biblioteca, por isso o

Bibliotecário deve se fazer valer da técnica como um meio, mas deve se empenhar

em desvendar a realidade, o que a sociedade quer da instituição, e então se esfor-

çar para construir um ambiente compatível com as expectativas da sociedade.

Segundo Silva (2005) o bibliotecário, no ambiente escolar, deve

[...] trabalhar em parceria com toda a comunidade escolar, fazendo com que haja um alinhamento entre e o aprendizado em sala de aula e os recursos e serviços oferecidos na biblioteca, o que requer cooperação com professo-res, gestores escolares, administradores, pais e outros bibliotecários escola-res para trocas de experiências, de modo que todos os envolvidos no pro-cesso de ensino sintam-se estimulados para acompanhar e contribuir com o desenvolvimento da biblioteca. (p.127)

Para que isso ocorra o Bibliotecário, que é um bacharel, precisa de uma formação

pedagógica para colaborar de forma efetiva como o aprendizado do aluno, mas os

Institutos Federais de Educação possibilitam essa formação somente para os docen-

tes. É preciso que se busque a participação neste espaço, ou em outro meio, para

aprimorar conhecimentos. Seria importante que os IFs promovessem o acesso dos

técnicos administrativos a esse tipo de formação, pois todos são servidores em edu-

cação, responsáveis direta ou indiretamente pela formação dos alunos, e isto valori-

zaria e motivaria o trabalho de cada um.

A educação contribui para que as pessoas melhorem a cada dia, em todos os as-

pectos. Segundo Ortega, 1990 (apud CARVALHO; REIS, 2007, p. 37), “cada qual

faz o que é capaz de fazer, mas sua capacidade depende completamente da sua

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38

preparação: isso nos obriga a manter desperta a consciência de nossa solidariedade

com as forças e até com os vícios do passado”. Por isso os profissionais que traba-

lham em instituições de ensino precisam estar numa constante busca por conheci-

mentos a fim de aprimorar sua prática, e assim contribuir efetivamente com a educa-

ção do país.

O bibliotecário também precisa de outras formações, além da pedagógica. É essen-

cial uma competência técnica e administrativa para fazer com que a Biblioteca cum-

pra seu papel social.

As modificações nas formas de gestão das organizações estão exigindo que conhecimentos, antes exigidos apenas para dirigentes, hoje, sejam exigidos também para gerentes de níveis intermediários. Portanto, as questões e os problemas de ordem gerencial não devem ser ignorados pelos Bibliotecá-rios, pois a administração participativa possibilita que estes possam ser re-crutados para compartilhar decisões que, anteriormente, emanavam unica-mente das cúpulas administrativas. (MACIEL, 2006, p.41)

Os coordenadores das Bibliotecas, na maioria das vezes, não estão nas cúpulas

institucionais ou nos cargos de mais poder, mas precisam se ver como gerentes de

seu trabalho. A biblioteca deve ser vista como um ambiente dinâmico e pronto para

interagir com a comunidade.

Na visão de Ortega, 1990 (apud CARVALHO E REIS, 2007, p. 40), “a função do pro-

fissional da informação, bibliotecário, é como um filtro, ou seja, mediador entre a in-

formação e o usuário.” Como mediador, sua função é selecionar a informação, orga-

nizá-la e disseminá-la em linguagem acessível, visando o acesso à informação com

o foco no usuário. Servir a comunidade da melhor forma possível, fomentando-a

com informações que proporcionem qualquer tipo de crescimento intelectual ou hu-

mano, são uma das principais razões da nossa existência profissional.

Ainda segundo Ortega (1990, apud CARVALHO E REIS, 2007, p. 40), o desígnio do

bibliotecário é ser o guardião da necessidade social de ter acesso ao livro e nesse

sentido, o bibliotecário conquista o seu valor ao proporcionar ao leitor o acesso ao

conhecimento, como o auxílio para a tomada de decisão e, como educador porque,

investe na educação do leitor, com a finalidade de torná-lo cada vez mais indepen-

dentes, em busca da autonomia no acesso à informação.

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39

O atendimento ao nível acadêmico exige do bibliotecário uma preparação para ori-

entar a produção científica, tanto na pesquisa quanto na elaboração de trabalhos,

até a divulgação científica. Cada atividade que desempenha reflete na qualidade dos

serviços que a biblioteca oferece, e o público do ensino superior é mais exigente,

pois geralmente já tem certa experiência no uso de Bibliotecas.

Para desenvolver serviços eficazes, principalmente para este público, o bibliotecário

precisa possuir alguns atributos. Silva (2005) lista alguns, como, cultura geral, man-

ter contatos com professores ou técnicos que utilizem o acervo da biblioteca, conhe-

cimentos de microinformática, buscar novas tecnologias para a constante melhoria

do processo de informatização da biblioteca, conhecer novas tecnologias nas áreas

de catalogação, etc.

Souto (2005) complementa traçando novos perfis dos profissionais da informação,

como: capacidade de comunicação e relacionamento interpessoal; capacidade ge-

rencial e administrativa; administração estratégica; adaptabilidade social; visão inter-

na e externa do ambiente; gestão participativa, envolvendo todos os funcionários da

unidade de informação; tomadas de decisões compartilhadas; trabalho em equipe de

forma globalizada e regionalizada; participativo, flexível, inovador, criativo; atitudes

gerenciais pró-ativas; espírito crítico e bom senso; relação informação e sociedade;

planejamento e gerenciamento de sistemas de informação; ativa participação nas

políticas sociais, educacionais, científicas e tecnológicas.

Os bibliotecários têm uma grande responsabilidade social, à medida que tem um

importante papel na sociedade: a comunicação do conhecimento, científico ou não.

Assim a Biblioteca vai além da estrutura organizacional, se torna um organismo vivo,

com um ambiente propício a formação de pessoas. Esse papel social faz da Biblio-

teca uma importante aliada para a construção de uma sociedade mais igualitária.

Mas para a Biblioteca cumprir sua função, são necessárias boas práticas dos profis-

sionais que nela atuam. Por trás de cada serviço ou produto da Biblioteca está pre-

sente o fator humano, de um lado os bibliotecários e de outro os usuários, cada um

com suas expectativas. Em uma orquestra, cada músico tem o seu papel, a música

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40

sairá bem se toda a orquestra estiver trabalhando em sintonia, aguardando o mínimo

gesto do maestro, que é quem responde pelo resultado final, e se tudo der certo

grupo recebe os aplausos. Se compararmos uma biblioteca a uma orquestra, vere-

mos que a equipe precisa estar ciente do seu papel, trabalhando em conjunto, e

sendo coordenada eficazmente, para que ela cumpra sua função e atenda as expec-

tativas da sociedade, sendo reconhecida pela sua importância.

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41

CAPÍTULO VI - ANÁLISE DOS DADOS: DIAGNÓSTICO DOS IFs EM RELAÇÃO

ÀS SUAS BIBLIOTECAS

A análise dos dados é a quarta e última etapa da metodologia aplicada a este traba-

lho. Neste momento as respostas dos questionários já estão organizadas, e serão

apresentadas algumas análises com as informações obtidas através dos dados cole-

tados.

Dos 60 questionários enviados, 22 foram respondidos. Sendo que esses 22 campi

representados fazem parte de 12 IFs diferentes do Brasil. Levando-se em conta que

hoje são 38 IFs constituídos, a pesquisa abrangeu 37% dos IFs do país. Para maior

entendimento, os gráficos que vierem a aparecer ao longo deste capítulo apresen-

tam no eixo y a representação dos campi, onde cada campus recebeu um número

de identificação.

A idade dos campi dos IFs em que a pesquisa foi aplicada varia entre 1 a 140 anos.

Cada uma dessas escolas transformadas em IF foi criada para atender a determina-

da demanda da sociedade, numa determinada época, mas a maioria delas eram Es-

colas Técnicas Federais. A figura 3 mostra os Estados dos campi que a pesquisa

abrangeu, e como podemos ver, os Estados do RS, SC e ES são os que tiveram

maior representatividade.

5 5 5 5

9 9

14

18

32

0

10

20

30

40

PI PR RJ TO MA MG ES SC RS

Figura 3: Representação dos Campi por Estado na pesquisa (%)

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42

O universo da pesquisa abrangeu IFs com 3 a 12 campi, os quais possuem de 2 a

21 bibliotecários por campus. Analisando a relação da quantidade de campi constru-

ídos por IF, com o número de bibliotecários que possuem, poderíamos concluir que

a média do número de bibliotecários por IF é aproximadamente 10 profissionais.

Mas como se pode ver na Figura 4 essa informação não confere, pois há realidades

distintas. Podemos ver que somente 8 campi, ou seja, 36% dos campi abrangidos na

pesquisa, tem quase o dobro ou mais de bibliotecários em relação ao número de

campus. Pode-se observar também que 2 campi não deram essa informação (cam-

pus 7 e 10), e por isso ficaram fora dessa estimativa.

.

Esses 8 campi referidos acima pertencem a 3 IFs: o campus 1 pertence a um IF; os

campi 2, 3 e 4 a um segundo IF; e os campi 13, 14, 15 e 16 a um terceiro IF, sendo

que neste último IF há divergência quanto a informação prestada do seu número

total de bibliotecários. Quanto a isso podemos deduzir que houve um engano quanto

à informação prestada, o que pode ser explicado por essa informação ser de abran-

gência institucional, e muitas vezes de difícil acesso.

9

12 12 12

4

109

54

9

56

7 7 7 7

4 4 4 4 43

14

21 21 21

3

12

7

2

54

1617

16 16

6 6 6 6

2

4

0

6

12

18

24

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22

Nro campi

Nro bibliotecários

Figura 4: Relação de número de bibliotecários e número de campi construídos por IF.

Somente os IFs representados pelos Campi 9 e 21, na Figura 4, não possuem pelo

menos 1 bibliotecário por campus. A falta de bibliotecários em alguns campi pode

ser explicada pelo fato de muitas escolas estarem concluindo suas obras este ano, e

Page 43: Monografia Paula Pedone

43

por isso recém começando as atividades sem os recursos humanos que necessitam.

Outro fato que pode explicar isso é a migração de bibliotecários, já que na esfera

federal os servidores têm a possibilidade de serem removidos para outras institui-

ções federais. Ainda outro motivo pode ser a resistência dos profissionais em traba-

lharem em instituições de difícil acesso, ou fora dos grandes centros.

No que diz respeito à média de bibliotecários por campus de cada IF representando

na pesquisa, ela fica entre 1 e 2 profissionais, conforme a Figura 5. Analisando essa

informação na perspectiva da nova concepção dos IFs e de sua nova demanda, se

antes a maioria das Bibliotecas não precisavam oferecer serviços na área de comu-

nicação científica, e voltados ao ensino superior e de pós-graduação, isso está mu-

dando. O tipo de demanda dos IFs está sofrendo mudanças, e as instituições preci-

sam disponibilizar recursos humanos para que se atendam as exigências do MEC

no sentido de ofertar ensino de qualidade. Com esse raciocínio espera-se que se

tenha um olhar mais atento para as Bibliotecas, para que haja abertura de vagas

para especialistas da área de biblioteconomia atuar neste ambiente, além do provi-

mento de uma equipe que auxilie o bibliotecário no cumprimento do papel social do

setor.

2 2 2

6

1 1 1

2

1 1 1 1

2 2

4

2 2

1

2

1

2

1

0

4

8

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22

Figura 5: Relação de bibliotecários por campus.

Page 44: Monografia Paula Pedone

44

Entre os públicos que as bibliotecas abrangidas na pesquisa atendem 50% são os

alunos do ensino médio integrado ao técnico, e 50% são alunos de curso pós-médio

(somente curso técnico) e/ou do ensino superior.

A Figura 6 apresenta o número de alunos por bibliotecário em cada campus dos IFs.

Como visto na figura, há campus com um grande número de alunos por bibliotecário,

aproximadamente 2000. E um dado preocupante que se confirma nesta pesquisa é

que somente nos campi novos, com no máximo 5 anos de funcionamento, e por isso

com número pequeno de alunos, que essa relação bibliotecário-aluno é baixa, com

aproximadamente 300 alunos por bibliotecário.

Infelizmente os instrumentos do MEC de avaliação de instituições de nível superior e

cursos de graduação não apontam o número ideal de bibliotecários por alunos, mui-

to menos para os cursos de nível médio. Isso deixa margem para deduzirmos que a

Biblioteca e o bibliotecário ainda não têm sem papel reconhecido na sociedade, fi-

cando a margem dos investimentos no ensino público na maioria das vezes.

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1800

2000

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22

Figura 6: Relação do número de alunos por bibliotecário em cada campus.

Os campi em que a relação bibliotecário-aluno é acima de 1000 alunos por bibliote-

cário possuem mais de 100 servidores, portanto não deve ser por falta de investi-

mento em recursos humanos pelo governo que há poucos bibliotecários atuando nos

IFs.

Page 45: Monografia Paula Pedone

45

Os campi mais velhos, com idade acima de 35 anos, são os que possuem a maior

quantidade de alunos por bibliotecário, conforme exposto na figura 7. Isso quer dizer

que há uma preocupação em disponibilizar o maior número de vagas possível para

os alunos, mas o crescimento da oferta de matrículas não é proporcional há contra-

tação de recursos humanos.

35

1 5

100

54

3

62

15

140

1

50

1 2 3

100

20

3 2

55

13

0

46

0

20

40

60

80

100

120

140

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22

Figura 7: Tempo (em anos) de funcionamento de cada campus

Outro dado relevante é que essa relação varia até dentro do mesmo IF. Como po-

demos observar na Figura 6 os campi 17, 18, 19 e 20 pertencem ao mesmo IF, sen-

do que os dois últimos apresentam a maior relação alunos por bibliotecário. A figura

7 mostra que os campi 19 e 20 são os mais velhos, o primeiro com 55 anos e 2 bi-

bliotecários, e o segundo com 13 anos de idade e 1 bibliotecário, enquanto o cam-

pus 17 tem 3 anos e 2 bibliotecários, e o 18 tem 2 anos e 1 bibliotecário. Voltando a

figura 5 podemos deduzir que nunca houve uma política para a contratação de bibli-

otecários nestes campi, ou seja, não há uma preocupação institucional com a Biblio-

teca, pois as disparidades em relação ao número de bibliotecários desses campi

mostram que a decisão quanto esse número fica a cargo da gestão de cada cam-

pus.

Daqui a alguns anos será possível verificar se essa relação alunos por bibliotecário

irá aumentar cada vez mais, ou se haverá mudanças nas políticas e ações institu-

Page 46: Monografia Paula Pedone

46

cionais. Investir em profissionais qualificados para atuar nas Bibliotecas é uma das

formas de dar condições para que esse setor cumpra seu papel social efetivamente.

Em relação ao tempo que os bibliotecários que responderam os questionários estão

trabalhando no Campus (ou na Escola) há uma variação muito grande. Existem os

que estão há menos de 10 meses trabalhando, e portanto já se depararam com a

nova realidade dos Institutos Federais, e há outros que estão há mais de 30 anos, e

portanto assistiram muitas transformações até aqui. A figura 8 demonstra o tempo

que cada um dos bibliotecários envolvidos na pesquisa está trabalhando na escola,

sendo que o campus representado pelo número 21 não informou esse dado. Pode-

mos concluir que a maioria dos entrevistados está há 3 anos ou menos servindo nas

escolas. Diante desta pequena amostragem já podemos ver a quantidade crescente

de vagas abertas nos últimos anos, o que pode ser explicado pela construção de

escolas novas em todo país. Mas ainda sim é necessária uma política institucional

em relação ao quadro de bibliotecários nos IFs, para que a Biblioteca não fique de

fora das prioridades e preocupações dos gestores, levando-se em conta que não

basta apenas ter esse especialista na Instituição, mas medir a quantidade necessá-

ria deste profissional de acordo com o número de alunos e a complexidade dos ser-

viços que a Biblioteca precisa oferecer.

30.83

5

30

5

1.58 1.33 1.67

16

0.83

5

1.25 0.833

34

31 0.67

15

12

0.75 1.67

0

20

40

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22

Figura 8: Tempo (em anos) que os bibliotecários envolvidos na pesquisa trabalham no Campus

(mesmo antes de se tornarem IF)

Em relação ao tamanho da equipe da biblioteca, podemos ver na figura 9 que na

maioria dos campi o tamanho é proporcional ao seu número de bibliotecários, mas

também mostra a pequena quantidade de pessoas trabalhando nas bibliotecas. Po-

Page 47: Monografia Paula Pedone

47

de-se verificar também que nos campi 2, 12, 18 e 21 a equipe da biblioteca é com-

posta somente por um pequeno número de bibliotecários: o primeiro e o último têm

apenas 2 bibliotecários e o segundo e o terceiro apenas 1 bibliotecário, ou seja, não

existe equipe. Assim é difícil de imaginar que essas bibliotecas atendam de forma

satisfatória seus usuários, por melhores que sejam esses profissionais.

Um dado preocupante é que em algumas equipes das bibliotecas há muitos estagiá-

rios e/ou bolsistas, que muitas vezes superam seu número de servidores, essa in-

formação confere nos campi 1, 6 e 20. Nos casos em que não há essa situação, ve-

rifica-se que há a mesma proporção de servidores e estagiários/bolsistas. Diante

disso, devemos nos atentar para que isso não prejudique os serviços da biblioteca,

pois o estagiário/ bolsista não pode responder pelos percalços que vir a ocorrer, nem

tomar decisões, já que ele é um aprendiz. Lembrando que o que está sendo levan-

tado é o alto número de estagiários atuando em bibliotecas em comparação ao nú-

mero de servidores, e não a sua utilidade para o setor ou sua competência.

14

1

24

3 3 3

1 1

54

3

1

14

5

32

3

1 1 1

8

3

1

4

12 2 2

6

1 1 12

1 1 1 12 2

4

2 21

21

21

0

5

10

15

20

25

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22

bolsistas+estagiarios

equipe biblioteca

bibliotecários

Figura 9: Tamanho da equipe da biblioteca por campus

No que diz respeito ao número total de itens do acervo de cada campus (incluindo

todos os suportes físicos) em relação ao seu número de alunos, podemos observar

que 32% dos campi têm uma relação acervo-aluno maior que 10, ou seja, 10 alunos

para cada material, e 36% dos campi possuem essa relação inferior a 5. Quando

comparamos a relação acervo-aluno (figura 10) com o tempo de funcionamento da

escola (figura 7) vemos que há disparidades, pois há alguns campi novos com essa

relação maior ou igual a dos mais velhos. Por exemplo, o campus 17 tem 3 anos de

idade e o campus 22 tem 46 anos, e em ambos a relação acervo-aluno é 16.

Page 48: Monografia Paula Pedone

48

Investimento em acervo custa caro, onde se gasta muito e o retorno do resultado

desse investimento é lento. Assim, muitos gestores investem em outras áreas que

dão mais visibilidade frente à comunidade. Agora, com a transformação das escolas

em IFs surge a esperança de se receber mais investimentos nos acervos das biblio-

tecas, pois com a equiparação às instituições de nível superior, os IFs serão mais

visados pelo MEC, que tem instrumentos de avaliação de cursos que exigem um

número mínimo de livros e periódicos no acervo.

15

8

3

14

44

4

9

6

1

9

11

8

4

9

11

5

8

5

13

1616

0

3

6

9

12

15

18

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22

Figura 10: Relação do número de itens no acervo pelo número de alunos por campus

Analisando a posição que o bibliotecário ocupa na instituição, vemos que somente

41% dos campi possuem um bibliotecário com cargo de coordenador da biblioteca,

conforme vemos na figura 11. Essas bibliotecas com tal cargo pertencem aos campi

com idade entre 5 e 140 anos, mas dos 59% que não possuem cargo de coordena-

ção, 31% se encaixam neste parâmetro de idade. Há casos em que o responsável

direto pela biblioteca é um professor. Por isso não se pode afirmar que o cargo de

coordenação é disponibilizado depois de certo período de tempo, mas deduz-se que

essa é uma decisão individual dos gestores, e que isso pode depender da disponibi-

lidade do cargo e do interesse de cada campus, entre outros fatores, mas essa

questão também deveria estar contemplada nas políticas a nível institucional, pela

Biblioteca ser um setor tão importante quanto os outros, e fundamental para o ensi-

no.

Page 49: Monografia Paula Pedone

49

Quanto à formação dos bibliotecários, 67% informaram que possuem qualificação

que lhes possibilitam gerir de forma satisfatória a Biblioteca. No total, 27% são ba-

charéis, 68% especialistas, e 5% são mestres. Sendo que muitos dos bacharéis es-

tão cursando pós-graduação lato sensu.

Além da formação em biblioteconomia, 64% bibliotecários têm formação em outras

áreas: 14% na área de relações humanas; 14% na área de gestão; 36% na área de

educação; e 21% em outras, como tecnologia da informação. Sendo que a maioria

mencionou que está sempre se atualizando na área de biblioteconomia.

Quando foi perguntado se os gestores enxergam a Biblioteca como um setor estra-

tégico para a oferta de um ensino de qualidade, dos 41% dos campi com cargos de

coordenação de Biblioteca 50% consideram que não há essa consciência entre os

gestores. Lembrando que não necessariamente o bibliotecário entrevistado seja o

coordenador da Biblioteca. Portanto só o fato da Biblioteca ter esse cargo não signi-

fica que olhem pra ela como deveriam. No total, 55% dos bibliotecários entrevistados

acham que não há essa visão sobre a Biblioteca.

Segundo os bibliotecários entrevistados, as explicações sobre o porquê dessa cons-

tatação são várias: não há investimento no setor; o discurso é de quem valoriza,

mas na prática é o oposto; há investimento somente em outros setores que conside-

ram mais importantes; a biblioteca não é prioridade dos gestores; a única preocupa-

ção dos gestores é a avaliação do MEC, não importando as condições que a Biblio-

teca funciona; pensam que a Biblioteca serve apenas para emprestar livros; não há

conhecimento sobre o trabalho despendido para a organização da Biblioteca; des-

conhecem a função da Biblioteca; os docentes não consideram a Biblioteca uma pri-

oridade; a maioria instituições públicas não investem em Bibliotecas; dificuldade em

conseguir recursos materiais e humanos; a Biblioteca é vista como um setor secun-

dário, somente de apoio; demora na abertura de vagas para bibliotecários nos campi

novos.

Já os bibliotecários que consideram que os gestores enxergam a Biblioteca como

um setor estratégico para a oferta de um ensino de qualidade argumentam que a

maioria dos gestores compartilha da idéia de que: a Biblioteca precisa estar equipa-

Page 50: Monografia Paula Pedone

50

da e com acervo ideal para satisfazer a todos os cursos; a transformação das esco-

las em Institutos está proporcionando um maior investimento nas Bibliotecas; e é um

setor que precisa estar sempre atualizado.

A visão e o interesse dos gestores em relação à Biblioteca influenciam muito o modo

que a comunidade a vê no sentido de ser um setor estratégico para a oferta de um

ensino de qualidade. Mas os bibliotecário também têm responsabilidades pela visão

que a comunidade possui da Biblioteca, pois são as pessoas mais capacitadas para

defender a biblioteca e lutar para que ela cumpra sua função social.

Quanto aos cargos de gestão, 41% dos campi têm cargo de coordenação de Biblio-

tecas, mas somente 55% dos bibliotecários destes campi responderam que partici-

pam sempre das tomadas de decisão referente a esse setor, 33% dizem que partici-

pam na maioria das vezes, e 12% participam raramente, mas nenhum respondeu

que nunca participa.

Já analisando todos os campi, independente de possuírem cargo de coordenação de

biblioteca, 45% responderam que participam sempre das tomadas de decisão, 41%

na maioria das vezes, e 14% raramente. Entre os que responderam que participam

das tomadas de decisão raramente dizem que a coordenação da biblioteca costuma

tomar as decisões sozinha, e também que os gestores apenas comunicam o que

decidiram. Entre os que responderam que na maioria das vezes participam das to-

madas de decisão dizem que: algumas decisões são tomadas diretamente pelos

gestores; há participação dos bibliotecários em reuniões e as sugestões indicadas

são encaminhadas, mas às vezes percorrem instâncias maiores onde o retorno é

lento; e que a falta do cargo de coordenação priva o bibliotecário de participação em

discussões como o orçamento.

Então mesmo com cargo de coordenação alguns bibliotecários não participam de

todas as decisões que envolvem o setor, mas a causa do problema pode estar tanto

na forma que a gestão dos campi é conduzida, quanto na negligência ou desmotiva-

ção dos bibliotecários. A luta pela Biblioteca exige disposição para enfrentar desafios

e se expor perante os outros, e as possíveis conseqüências dessa ação fazem com

que muitos profissionais recuem. Mas se a Biblioteca não for defendida estará sem-

Page 51: Monografia Paula Pedone

51

pre ao capricho de gestores, que até podem discursar sobre a importância desse

setor para o ensino, mas muitos não realizam ações efetivas para que a biblioteca

esteja em constante atualização, e em condições de atender satisfatoriamente aos

usuários.

Em relação à comunicação entre a equipe da Biblioteca, 32% dos bibliotecários di-

zem que sempre estão a par das tomadas de decisão referente ao setor, e 68% na

maioria das vezes. Na visão dos bibliotecários as razões do desconhecimento das

decisões são: nos campi novos ainda não há uma prática consolidada de comunica-

ção; alguns ainda não têm poder para selecionar os estagiários/bolsistas que traba-

lham na biblioteca; agora que está se abrindo a oportunidade de participação dos

bibliotecários nas tomadas de decisão; alguns não são informados quanto à disponi-

bilidade de verba e de pessoal para o setor; as decisões são comunicadas com atra-

so. Já os que sempre são comunicados sobre as decisões dizem que as decisões

são tomadas conjuntamente com a equipe. Mas um ponto importante Foi que nin-

guém respondeu que nunca ou raramente há comunicação sobre as tomadas de

decisão.

Outra questão proposta foi quanto à percepção dos bibliotecários em relação ao a-

tendimento das expectativas da comunidade interna de cada campus pela Bibliote-

ca, onde 64% responderam que não atendem as expectativas dos usuários. Desses,

64% apontam que a principal causa é a falta de recursos informacionais em geral,

como livros, periódicos e recursos multimídia, tanto dos títulos quanto da quantidade

de exemplares. Entre os motivos apontados também estão: a obsolescência do a-

cervo; o tamanho do espaço é inadequado; recursos humanos e materiais insuficien-

tes; número insuficiente de profissionais especializados; crescimento da demanda

desproporcional ao do acervo; acervo com muitas doações e poucas aquisições;

falta de terminais de computadores para pesquisa ao acervo; acervo muito desgas-

tado pelo tempo; sistema manual de organização da biblioteca, ou seja, bibliotecas

não informatizadas; e sistemas de bibliotecas sem os recursos mínimos. As falhas

aqui apontadas comprometem o acesso a informação e conseqüentemente a quali-

dade do ensino, e isso repercute diretamente sobre a visão que o usuário tem e/ou

cria da biblioteca.

Page 52: Monografia Paula Pedone

52

Quanto à pergunta sobre o tipo de Biblioteca que o bibliotecário considera ser a do

seu campus, foram apresentadas as seguintes alternativas: biblioteca escolar, biblio-

teca universitária, e outro tipo de biblioteca. Sendo que poderia ser escolhido mais

de um tipo.

Conforme a figura 11, a maioria, 32%, respondeu que a Biblioteca é dos tipos esco-

lar-universitária, pois atendem tanto o ensino médio quanto o superior; 27% respon-

deram que a biblioteca é do tipo escolar, com as justificativas de que atendem em

maior parte o ensino médio, oferecem apenas os serviços básicos, como emprésti-

mo e renovação, e o acervo é pequeno; 9% classificam a biblioteca como universitá-

ria, entre as justificativas estão que oferecem apenas o ensino universitário, ou que

grande parte dos alunos é do nível superior inclusive de pós-graduação estricto sen-

su; 5% consideram que é especializada, com a argumentação que o acervo que

predomina é de uma determinada temática; 5% consideram que a Biblioteca é ape-

nas uma sala de leitura, pois o tamanho da sala em que o setor está instalado não

comporta o mínimo de alunos; 5% responderam que a Biblioteca é dos tipos escolar-

especializada, justificando que o acervo que predomina é das áreas técnicas e que

atendem ao ensino médio; 5% consideram a Biblioteca dos tipos escolar-

universitária-especializada, justificando que atendem ao ensino médio e superior, e

que parte do acervo é voltado para determinadas áreas temáticas devido aos cursos

que a Instituição oferece; 5% consideram a Biblioteca do tipo híbrida, justificando

que atendem a vários níveis de ensino de áreas diferentes; e 5% disseram que no

momento não conseguem classificar a Biblioteca, pois a transformação das escolas

em IFs trouxe essa dúvida à tona, e alguns ainda estão em fase de estruturação.

Essa questão foi proposta no intuito de se ter um panorama sobre o modo que os

bibliotecários pensam suas Bibliotecas. Sabe-se que não há respostas verdadeiras

ou falsas sobre o tipo ideal de Biblioteca para os IFs, mas, sim, diferentes realidades

e experiências que poderiam ser debatidas entre os próprios bibliotecários, a fim de

que todos cresçam juntos e construam coletivamente seu próprio modelo. Para isso

é preciso lutar por espaços que possibilitem a discussão de temas como esse, como

por exemplo, encontros periódicos de bibliotecários do mesmo IF e a nível nacional.

Page 53: Monografia Paula Pedone

53

No capítulo 5 já foi mencionado que a determinação do tipo da Biblioteca é baseada,

também, no público a quem se destina, e a partir disso são definidos quais os servi-

ços produtos que serão oferecidos. A Biblioteca deste novo modelo de escola deve

ser (re)planejada para atender a todos os públicos que atende, que são todos os

níveis de ensino, e que por isso não cabem as tipologias tradicionais de Bibliotecas.

Portanto, esse é o momento de haver uma discussão coletiva sobre isso a fim de

construir o ambiente que se deseja, sempre orientado pela função social da Bibliote-

ca, bem como a missão da Instituição.

27

9

5 5 5

32

5 5

9

0

10

20

30

40

escola

r

univ

ers

itaria

especia

lizada

sala

de le

itura

escola

r-

especia

lizada

escola

r-

univ

ers

itaria

escola

r-

univ

ers

itaria-

especia

lizada

híb

rida

sem

resposta

Figura 11: Tipos de biblioteca dos IFs

Também foi feita uma questão perguntando sobre a prática de cada IF em promover

encontros de bibliotecários dos seus campi: 36% responderam que não há esses

encontros, dentre esses, um bibliotecário relatou que mesmo antes de se tornarem

campus do IF não haviam encontros, devido a distância entre as escolas e a falta de

integração, e que já tentaram marcar recentemente um encontro por bate-papo onli-

ne, já outro respondeu que como muitos campus ainda estão se estruturando ainda

não há encontros, mas espera que futuramente aconteçam; e 64% responderam que

há encontros dos bibliotecários, mas a periodicidade varia muito, bimestral, trimes-

tral, anual, e alternados sem periodicidade definida. Alguns casos já é uma prática

consolidada na Instituição com periodicidade definida, mas na maioria dos casos

esses encontros acontecem conforme a necessidade.

Page 54: Monografia Paula Pedone

54

Esses encontros são importantes para a consolidação das Bibliotecas dos IFs, pois

nestes espaços possibilitam a construção coletiva da Biblioteca, trocando idéias e

experiências, atualizando-se, e discutindo sobre questões da área de bibliotecono-

mia de todos os tipos, e criando efetivamente uma rede. É importante também que

seja fortalecida não só a rede dos campi de cada IF, como também a rede nacional,

por isso deve haver o apoio a continuação do Encontro Nacional de Bibliotecários

dos Centros Federais de Educação Tecnológica, propondo que haja uma transfor-

mação para Encontro Nacional de Bibliotecários da Rede Federal de Ensino Profis-

sional e Tecnológico.

Quanto à informatização das Bibliotecas dos IFs, 76% são informatizadas, e dessas

apenas 32% são integradas a outros campi via sistema. Os campi do mesmo IF ain-

da não integrados, e que possuem o mesmo sistema na Biblioteca, pretendem co-

meçar o processo de integração, enquanto há alguns IFs em que os campi não u-

sam o mesmo sistema, inviabilizando a integração total. Há alguns IFs em fase de

troca de sistema, e que por isso seus campi novos ainda aguardam a aquisição do

sistema novo para serem informatizados e integrados. Essa falta de estrutura dificul-

ta o bom andamento das atividades da Biblioteca e inviabiliza a oferta de serviços

importantes como a pesquisa ao catálogo do acervo tanto na instituição como fora

dela, a emissão de relatórios precisos, há demora no atendimento ao usuário, entre

outros.

Quanto à existência de uma página da Biblioteca no site da Instituição, 73% respon-

deram que existe, mas apenas 55% destes dizem que os usuários conseguem con-

sultar o acervo pelo site. Em alguns casos há disponível também a renovação e re-

serva online. E em casos isolados há disponíveis as opções de sugestão de novas

aquisições de acervo, e DSI (disseminação seletiva da informação), onde os usuá-

rios definem o tipo de assunto que lhes interessam e recebem e-mails relativos a

eles. Cabe ressaltar que para aplicação dos questionários desta pesquisa foram

buscados os contatos de todas as bibliotecas dos IFs através dos sites da Institui-

ção, e a grande maioria não continham informações sobre a Biblioteca, quando mui-

to o link direto para a consulta ao acervo. Por isso foram feitos contatos com outros

setores, pedindo que fossem passados os contatos das bibliotecas, e esse foi o

principal fator que limitou a pesquisa a 22 questionários.

Page 55: Monografia Paula Pedone

55

As questões gerenciais como descrição de rotinas em documentos, avaliação de

serviços, e treinamentos da equipe, foram abordadas superficialmente no instrumen-

to de pesquisa, apenas com a pretensão de tomar conhecimento se essas ativida-

des existem nas Bibliotecas. Foi informado que 59% das Bibliotecas não têm ne-

nhum tipo de documento com a descrição das rotinas de trabalho, 55% não promo-

vem nenhum tipo de treinamento para a sua equipe, tanto a nível institucional quanto

da Biblioteca, e 82% não fazem nenhum tipo de avaliação de serviços. Mas é impor-

tante ressaltar que tais questões merecem um estudo à parte.

Em relação à questão que pergunta sobre os serviços oferecidos nas bibliotecas, os

mais apontados são: empréstimo domiciliar; reserva de materiais; serviço de refe-

rência, através de auxílio nas pesquisas; treinamento dos usuários; orientação no

uso das normas ABNT; e levantamento bibliográfico. Os pouco mencionados foram:

comutação bibliográfica; empréstimo e consulta local; visita orientada; sala de estu-

dos; sala de reuniões; divulgação dos serviços, como aquisições de livros e periódi-

cos; e portal Capes. Esta pergunta também tem a proposta de apenas listar os ser-

viços oferecidos nas bibliotecas dos IFs, merecendo um estudo a parte.

Como última questão do questionário foi proposto que os bibliotecários fizessem

considerações sobre o que achassem devido, de modo que a pesquisa ficou enri-

quecida pelos depoimentos.

- “Achamos que é cultural a falta de apoio e valorização das bibliotecas, mas como

na vida tudo é uma questão de momento, buscamos um novo recomeço!”.

- “Acredito que o caminho para uma efetiva participação e reconhecimento das bibli-

otecas é longo e árduo. Vejo pelas colegas bibliotecárias que estão na instituição

desde longa data, que é histórico o descaso e descuido por parte dos gestores. Lu-

tamos por uma padronização sistêmica, por uma definição da estrutura das bibliote-

cas, mas infelizmente não conseguimos alcançar nosso objetivo ainda. Temos uma

luta diária por reconhecimento no Campus, as dificuldades são inúmeras, mas a

principal é a falta de acervo. Existe uma dificuldade enorme na compra de livros, se-

ja ela pelo valor da verba anual destinada ou pela forma de compra exageradamente

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demorada. Outra questão dificultosa é o uso remoto da base de dados do software.

Os Campi distantes sofrem com esse problema desde a criação, e não possuímos

uma equipe específica – a nível de sistema, que possa cuidar dessas questões téc-

nicas. É nítida a falta de participação dos bibliotecários na gestão.

- “No nosso Campus, somos um dos únicos setores que não possui coordenação o

que implica numa não participação dos processos de tomadas de decisões dentro

da instituição e resulta num crescente descaso com a biblioteca. Os gestores bus-

cam nos envolver com elaboração de projetos para melhorias, o que nos motiva a

acreditar que temos participação, porém, na hora de efetivamente implantar as a-

ções, não participamos do processo.”

- “Penso que os institutos estão surgindo, só que grande parte dos gestores não es-

tão interessados, pelo menos no campus em que trabalho em qualidade nos servi-

ços prestados, e sim na quantidade dos discentes que estão estudando... entra cada

vez mais alunos, mas não há um aumento de funcionários e melhoria e adequação

dos setores... o que acarreta numa descredibilidade do Instituto.”

- “Temos muitas ações em planejamento, porém, ainda não dispomos de recursos

para realizá-las, mas com certeza na hora em que o recurso chegar, nossos usuá-

rios serão beneficiados com serviços de qualidade.”

- “Muitas coisas estão em mente. Há várias políticas a serem definidas para as bibli-

otecas dos Institutos. Com relação ao gestor de Sistema de Bibliotecas ou Rede

(como alguns chamam), este deve receber em contrapartida ao seu serviço de ad-

ministrador, uma CD3 (cargo de Direção). Com relação aos eventos, os Institutos

poderiam criar um evento específico, como temos o Seminário Nacional de Bibliote-

cas Universitárias (SNBU). Criar fóruns de discussão, envolvendo os bibliotecários

dos Institutos. Precisamos fazer algo, a fim de envolver este pessoal, afinal, somos

38 Institutos no país. Tenho certeza que temos um nº significativo de profissionais

para um envolvimento sobre as formas de gerir um sistema de informação. Peço a

gentileza, se souber de alguma iniciativa neste sentido, que me avise.”

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57

- “A biblioteca está fisicamente em um espaço improvisado (em um dos laboratórios),

pois a construção da biblioteca está incluída na segunda etapa das obras. A cidade

é um lugar extremamente quente, o Campus ainda não tem ar-condicionado e venti-

lador. Tudo o que tem na biblioteca, móveis, estantes, internet e outros itens são

emprestados ou doados e até mesmo eu compro itens como etiquetas, contact com

meu dinheiro.”

- “Acredito que a Gestão de Bibliotecas dos IFs esteja mais próxima da realidade de

Bibliotecas Escolares, ou seja, ainda com pouca credibilidade depositada aos Biblio-

tecários. Em relação à Organização, vejo que as tentativas de articulação não rece-

bem apoio institucional, o que dificulta o trabalho.”

Percebem-se nesses relatos as percepções, anseios e denúncias dos bibliotecários

no que diz respeito à valorização do profissional e da Biblioteca perante a comuni-

dade, mas principalmente perante os gestores. A consolidação dos IFs traz espe-

rança aos bibliotecários de que a situação das Bibliotecas melhore, principalmente

através da disponibilização de recursos, possibilitando a reestruturação do setor de

modo que toda a comunidade seja beneficiada.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho surgiu com a proposta de ser um instrumento útil e capaz de diagnos-

ticar a situação das Bibliotecas dos Institutos Federais de Educação e Tecnologia,

para que a partir disso possamos planejar nossas ações futuras.

A fim de fundamentar a importância dos bibliotecários serem protagonistas das a-

ções de mudança nos IFs, dedicou-se, neste trabalho, um capítulo para falar sobre a

importância do planejamento nas Bibliotecas, um capítulo para refletirmos sobre a

importância de rompermos paradigmas e nos desapegarmos das tipologias tradicio-

nais de Bibliotecas, um para refletirmos criticamente sobre as políticas do Ministério

da Educação em relação às Bibliotecas dos IFs, e ainda outro para discutirmos so-

bre a função social da Biblioteca e a preparação do bibliotecário para fazer com que

ela cumpra seu papel perante a sociedade.

A abordagem qualitativa dos assuntos das questões dos questionários, e a estrutu-

ração de perguntas abertas, permitiram que houvesse uma interpretação mais deta-

lhada dos dados, na medida em que os bibliotecários enriqueceram as respostas

descrevendo suas constatações e as diferentes realidades que suas Bibliotecas se

encontram.

Embora tenham sido propostas questões em que os bibliotecários tiveram que se

apropriar de informações a nível institucional para responder a pesquisa, pode-se

perceber que a grande maioria se empenhou em buscá-las. E o que poderia ter sido

um empecilho tornou-se enriquecedor para o retrato da realidade dos IFs na pesqui-

sa.

A decisão por colocar as considerações dos bibliotecários a cerca de cada assunto

foi acertada, pois isso possibilitará que elas sejam disponibilizadas a todos os biblio-

tecários dos IFs, a todos que virão a ser, e a toda comunidade que queira fazer um

bom uso delas, e com a pretensão de que sirvam também de subsídios para futuras

políticas de ensino dos IFs.

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Como podemos observar nos relatos dos bibliotecários, disposição para o trabalho

não falta, mas sobram receios sobre as ações políticas e administrativas dos IFs, já

que na maioria dos casos a Biblioteca não está contemplada por sua função não ser

reconhecida de fato, retratada em ações e não em discurso. Apesar disso, há um

otimismo de que, com a nova concepção dos IFs, esse cenário mude e a Biblioteca

se torne uma forte aliada do ensino. Este trabalho também se prestou para ser um

espaço de desabafo quanto ao descaso dos gestores para com a Biblioteca.

A partir dessa pesquisa voltamos também para a questão de como gerir e planejar a

Biblioteca de uma Instituição que atende há públicos diferentes, e conforme os da-

dos levantados neste trabalho vimos que há muitas realidades distintas nos IFs das

diversas regiões do Brasil. Tais diferenças são vistas no tamanho da estrutura, nos

públicos que atende, na idade dos campi, entre outras, mas a idealização da cons-

trução de uma nova concepção de Biblioteca dos IFs é um interesse comum e uma

preocupação de todos os envolvidos na pesquisa. Portanto, voltando a questão de

como gerir e planejar as Bibliotecas dos IFs, podemos perceber que todos têm ex-

pectativa e muitas aspirações, mas há muitas dúvidas quanto ao futuro dos IFs. Por

isso precisamos promover discussões entre os bibliotecários e gestores, e mobilizar

esses atores para a construção de um plano de trabalho que esteja alinhado à mis-

são e a comunidade dos IFs.

Este trabalho é também uma proposta de início do processo de planejamento, abor-

dando variáveis na construção de um diagnóstico que nos dê parâmetros para visua-

lizarmos as mudanças que ocorrerão daqui pra frente nas Bibliotecas dos IFs. Por

isso, a partir desse momento precisamos abrir cada vez mais espaços como esse

para documentarmos nossa prática e nossas expectativas em relação ao futuro, cri-

ando instrumentos capazes de nos orientar nessa nova fase do Ensino Profissional

Federal.

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REFERÊNCIAS

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ANEXO

QUESTIONÁRIO

1 – Quantos Bibliotecários trabalham no seu Campus?

2 – Quantos alunos estudam no seu Campus?

3 – Quantos servidores trabalham no seu Campus?

4 – Qual o tamanho do acervo do seu Campus (livros, periódicos, multimídia, etc.)?

5 – Quantos Bibliotecários trabalham na Rede que seu Campus faz parte?

6 – Quantas pessoas compõem a equipe da Biblioteca do seu Campus?

7 – Quantos Campi da Rede do Instituto que seu Campus faz parte estão em funcionamento?

8 – Quantos Campi da Rede que seu Campus faz parte possuem Biblioteca?

9 – Há quanto tempo seu Campus está em funcionamento?

10 – Há quanto tempo você trabalha nesta Rede?

11 – Algum dos Bibliotecários do seu Campus é coordenador da Biblioteca com Função Gra-

tificada?

( ) Sim

( ) Não

12 – Você possui alguma formação na área de gestão que lhe possibilite gerir e planejar os

serviços e os recursos de uma Biblioteca de forma satisfatória?

( ) Sim

( ) Não

Explique sua resposta:

13 – Você costuma participar das tomadas de decisão relacionadas com a Biblioteca?

( ) Nunca

( ) Raramente

( ) Na maioria das vezes

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( ) Sempre

Explique sua resposta:

14 - Na sua opinião, os gestores enxergam a Biblioteca como um setor estratégico para a ofer-

ta de um ensino de qualidade?

( ) Sim

( ) Não

Explique sua resposta:

15 - A equipe da Biblioteca tem conhecimento sobre as decisões que envolvem o setor?

( ) Nunca

( ) Raramente

( ) Na maioria da vezes

( ) Sempre

Explique sua resposta:

16 – Você possui outra formação além de Biblioteconomia? Qual (is)? (múltipla escolha)

( ) Relações Humanas

( ) Administração

( ) Educação

( ) Outra(s): qual(is)? ________________________________________

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17 - Qual o seu nível de formação?

( ) Bacharel

( ) Especialista

( ) Mestre

( ) Doutor

( ) Outra(s): qual(is)? _________________________________________

18 - Como você classifica a biblioteca do seu Campus? (múltipla escolha)

( ) Biblioteca escolar. Explique: _______________________________________________

__________________________________________________________________________

( ) Biblioteca universitária. Explique: ___________________________________________

__________________________________________________________________________

( ) Outra: qual? ____________________________ Explique: ________________________

__________________________________________________________________________

19 - Entre os públicos que sua Biblioteca atende, qual deles está em maior número?

( ) Alunos do Ensino Médio integrado (adolescentes)

( ) Alunos do Pós-médio (subseqüente) e/ou universitário

Explique sua resposta

20 – A biblioteca do seu Campus é informatizada?

( ) Sim. Qual sistema? _______________________________

( ) Não

21 - As bibliotecas da Rede que seu Campus faz parte são integradas via sistema?

( ) Sim

( ) Não

Explique sua resposta

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22 – A biblioteca possui um espaço no site do Campus?

( ) Sim

( ) Não

23 - Caso a resposta da questão anterior seja “Sim”, o usuário consegue consultar o acervo

pela internet?

( ) Sim. Quais os serviços disponíveis?____________________________________________

( ) Não

24 - Você considera que a Biblioteca do seu Campus atende as expectativas da comunidade

interna?

( ) Sim

( ) Não

Explique sua resposta:

25 - Quais os serviços que sua Biblioteca oferece hoje?

26 - Na sua Biblioteca, as rotinas de trabalho são descritas em algum tipo de documento (ma-

nual, etc.)?

( ) Sim

( ) Não

Explique sua resposta:

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27 - A Biblioteca promove treinamentos para sua equipe?

( ) Sim

( ) Não

Explique sua resposta:

28 - Há encontros periódicos dos bibliotecários da Rede que seu Campus faz parte?

( ) Sim. Qual periodicidade? ________________________

( ) Não

Explique sua resposta:

29 - Na sua Biblioteca há avaliação dos serviços oferecidos?

( ) Sim. Qual(is)?_____________________________________________________________

( ) Não

Explique sua resposta:

30 - Considerações finais: