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FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ DE BELO HORIZONTE Leonardo Gomes de Lírio SÚMULA 329 DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO: Garantia de Acesso à Justiça ou Ativismo Judicial Negativo. Belo Horizonte 2012

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O presente estudo tem como objetivo a análise da aplicação das súmulas 219 e 329 do Tribunal Superior do Trabalho no âmbito da Justiça do Trabalho. Visa analisar os efeitos destas súmulas com relação à ampliação do acesso a justiça e a efetividade desse acesso, tendo em vista o instituto do jus postulandi, a prestação da assistência judiciária gratuita, os honorários advocatícios sucumbênciais e o ativismo judiciário. A partir da análise da obra de Mauro Cappelletti e Bryant Garth, Acesso À Justiça, enumera-se as características de um efetivo acesso à justiça, comparando-as com os reflexos das súmulas editadas pelo TST, com o objetivo de constatar os efeitos contrários a efetividade da tutela jurisdicional provocados por estas súmulas. Ante os efeitos negativos da aplicação das súmulas, busca-se a razão pela qual persiste este entendimento, encontrando no Ativismo Judicial a resposta para esta indagação. A partir da constatação do Ativismo Judicial como base para manutenção deste entendimento, passa-se a analisar a origem e as deficiências desta posição de protagonismo do magistrado ao criar a lei. Por fim, constata-se que este Ativismo Judicial possui deficiências que comprometem seus resultados, impondo efeitos negativos àquele que é objeto central do Direito do Trabalho, o trabalhador. Conclui-se pela necessária revisão das súmulas ante o flagrante prejuízo imposto aos empregados, que ficam a margem de um acesso à justiça realmente efetivo.

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FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ DE BELO HORIZONTE

Leonardo Gomes de Lírio

SÚMULA 329 DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO:

Garantia de Acesso à Justiça ou Ativismo Judicial

Negativo.

Belo Horizonte

2012

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LEONARDO GOMES DE LÍRIO

SÚMULA 329 DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO:

Garantia de Acesso à Justiça ou Ativismo Judicial

Negativo.

Monografia apresentada à faculdade Estácio de Sá, como requisito parcial para a obtenção do grau de bacharelado em Direito. Orientadora: Dra. Maria Cecília Máximo Teodoro.

Belo Horizonte

2012

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AGRADECIMENTOS.

Aos meus pais, que me deram tudo que eu precisava para

chegar até aqui, tudo que uma empregada doméstica e um

metalúrgico podem oferecer a seus três amados filhos, ensinando

que agir é o melhor caminho para conquistar, que se superar é a

melhor maneira de merecer e que não desistir é a maior prova de

fé que existe.

Aos professores que excepcionalmente se dedicaram a

ensinar e inspirar aqueles que contribuirão para uma

interpretação do Direito justa e condizente com as diferenças

entre os desiguais e objetivando a defesa de direitos e não de

interesses.

À Dra. Maria Cecília Máximo Teodoro que me orientou e me

inspirou a construir uma monografia com um foco inovador, embora

trate de tema debatido inúmeras vezes e que aparentemente não

haveria muitos caminhos a serem trilhados.

Obrigado!

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EPÍGRAFE.

“A justiça inflexível é frequentemente a maior das injustiças”.

Terêncio.

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RESUMO.

O presente estudo tem como objetivo a análise da aplicação das súmulas 219 e 329 do Tribunal Superior do Trabalho no âmbito da Justiça do Trabalho. Visa analisar os efeitos destas súmulas com relação à ampliação do acesso a justiça e a efetividade desse acesso, tendo em vista o instituto do jus postulandi, a prestação da assistência judiciária gratuita, os honorários advocatícios sucumbênciais e o ativismo judiciário. A partir da análise da obra de Mauro Cappelletti e Bryant Garth, Acesso À Justiça, enumera-se as características de um efetivo acesso à justiça, comparando-as com os reflexos das súmulas editadas pelo TST, com o objetivo de constatar os efeitos contrários a efetividade da tutela jurisdicional provocados por estas súmulas. Ante os efeitos negativos da aplicação das súmulas, busca-se a razão pela qual persiste este entendimento, encontrando no Ativismo Judicial a resposta para esta indagação. A partir da constatação do Ativismo Judicial como base para manutenção deste entendimento, passa-se a analisar a origem e as deficiências desta posição de protagonismo do magistrado ao criar a lei. Por fim, constata-se que este Ativismo Judicial possui deficiências que comprometem seus resultados, impondo efeitos negativos àquele que é objeto central do Direito do Trabalho, o trabalhador. Conclui-se pela necessária revisão das súmulas ante o flagrante prejuízo imposto aos empregados, que ficam a margem de um acesso à justiça realmente efetivo.

Palavras-chave: Acesso à justiça - Súmula 329 do TST - Ativismo Judiciário Negativo - Honorários Advocatícios - Hipossuficiente.

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ABSTRACT.

The present study has as an objective the analysis of 219

e 329 Law Overviews of Superior Labor Court in the context of

Labor Justice. It seeks to analyze theses Law Overviews effects

relative to the justice access and to this access effectiveness,

regarding the jus postulandi, the provision of free legal

assistance, Attorney's fees and judicial activism. From the

analysis of the work of Mauro Cappelletti and Bryant Garth,

access to justice, enumerate the features of an effective access

to justice, comparing them with the reflections of the overviews

edited by SLC, with the goal of seeing the opposite effect the

effectiveness of judicial protection caused by these precedents.

Over the negative effects of the application of precedents, the

reason why there is this understanding, Judicial Activism in

finding the answer to this question. From the observation of

Judicial Activism as a base for maintenance of this

understanding, to analyze the origin and the shortcomings of

this magistrate's leadership position to create the law.

Finally, it is noted that this Judicial Activism has shortcomings

that compromise your results by imposing negative effects to the

one who is the central object of labour law, the worker.

Finishing by necessary revision of the dockets before the

blatant prejudice imposed on employees, which are excluded from

a really effective access to justice.

Key Words: Access to justice – Superior Labor Court 329

Law Overview - Negative Judicial Activism-legal fees-legal

aid-Underprivileged.

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LEONARDO GOMES DE LÍRIO

SÚMULA 329 DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO:

Garantia de Acesso à Justiça ou Ativismo Judicial

Negativo.

Monografia apresentada à faculdade Estácio de Sá, como requisito parcial para a obtenção do grau de bacharelado em Direito. Orientadora: Dra. Maria Cecília Máximo Teodoro.

Banca Examinadora:

_________________________________________________________

Professor (a)

Faculdade Estácio de Sá

_________________________________________________________

Professor (a)

Faculdade Estácio de Sá

_________________________________________________________

Professor (a)

Faculdade Estácio de Sá

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7

SUMÁRIO.

1. INTRODUÇÃO. ................................................... 8

2. EVOLUÇÃO DO ACESSO À JUSTIÇA: AS ONDAS DE CAPPELLETTI. ... 12

3. JUS POSTULANDI NA JUSTIÇA DO TRABALHO. ..................... 20

3.1 OS LIMITES AO JUS POSTULANDI NA JUSTIÇA DO TRABALHO. ..... 23

4. ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA NA JUSTIÇA DO TRABALHO. ............ 27

5. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS NA JUSTIÇA DO TRABALHO. ........... 32

5.1 MUDANÇA DE PARADIGMA E EFETIVO ACESSO À JUSTIÇA. ......... 39

6. ATIVISMO JURÍDICO E A COMPLETUDE DO ORDENAMENTO . ......... 43

7. ATIVISMO JURÍDICO NEGATIVO NA SÚMULA 329 DO TST. .......... 50

7.1 HABILITAÇÃO DOS MAGISTRADOS. ............................... 52

7.2 MOTIVAÇÃO E REVISÃO DAS DECISÕES JUDICIAIS. .............. 55

7.3 A INSEGURANÇA JURÍDICA. .................................... 58

8. CONCLUSÃO. ................................................... 62

9. BIBLIOGRAFIA. ................................................ 66

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1. INTRODUÇÃO.

Em um Estado Democrático de Direito, o acesso à justiça é

tema de vital importância, pois um acesso à justiça que demonstre

ser ineficaz impede que os jurisdicionados busquem a efetivação

das garantias e direitos fundamentais constitucionalmente

estabelecidos, comprometendo a legitimidade e a estrutura do

Estado, e uma das questões primordiais ao se instrumentalizar o

acesso à justiça é proporcionar meios aos menos favorecidos de

superarem o obstáculo imposto pelo elevado custo deste acesso.

È com o intuito de superar este obstáculo que o Estado

disponibiliza aos seus jurisdicionados meios de acesso à justiça

que não implique em custos para aqueles que não possuem condições

financeiras de arcar com estes custos sem comprometer o próprio

sustento ou de sua família.

Entre os mecanismos disponibilizados pelo Estado para

tornar efetivo o acesso à justiça há que se destacar a isenção

de custos para os hipossuficientes economicamente, estando

englobados pela isenção as custas judiciais, os honorários

periciais e advocatícios e a ampliação do acesso ao Poder

Judiciário, possibilitando este acesso sem o patrocínio

necessário de profissional habilitado, o advogado, como ocorre

em ações propostas perante os Juizados Especiais.

É neste cenário que se desenvolve este trabalho de

conclusão de curso, avaliando no âmbito da Justiça do Trabalho

os mecanismos disponíveis para ampliação do acesso à justiça,

sua motivação, sua fundamentação, sua eficácia e seus efeitos

negativos.

Com este intuito, de ampla acessibilidade à Justiça

Trabalhista, é patente o protagonismo das súmulas 219 e 329 do

Tribunal Superior do Trabalho, que ao afastar da seara

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trabalhista a discussão sobre os honorários, tendo como pano de

fundo a defesa “incontestável” da necessidade do instituto do

jus postulandi como instrumento que garante a todo empregado

peticionar diretamente ao Poder Judiciário, sem o intermédio de

um profissional habilitado para tal.

Ocorre que, o entendimento consubstanciado nas súmulas 219

e 329 do TST esta eivada de uma dualidade que corrompe a eficácia

do disposto nestas súmulas, pois, se de um lado ao afastar do

âmbito da Justiça do Trabalho a figura dos honorários

sucumbênciais possibilita-se aos jurisdicionados peticionarem

sem a assistência de um advogado, por outro, diante da

complexidade dos processos e procedimentos judiciais, que

impossibilitam seu manejo por pessoas inabilitadas, torna-se

necessária à assistência jurídica para que as partes possam atuar

em juízo com igualdade de armas.

Diante dessa situação, em que se faz necessária a

assistência judiciária ao empregado, depara-se com os efeitos

negativos das súmulas em análise, sendo o primeiro, a deficiência

da assistência judiciária disponibilizada pelo Estado e a

necessidade de contratação de profissional particular a ser

remunerado com base nas verbas trabalhistas recebidas.

O monopólio da assistência judiciária na seara trabalhista

pelos sindicatos profissionais, o contrário do que ocorre na

seara cível em que a parte pode ser assistida pelo advogado de

sua preferência, e as deficiências desta assistência corroboram

no segundo efeito negativo, a necessidade de contratação de

advogado particular e o fato de que, ante a inexistência dos

honorários sucumbênciais, o advogado é remunerado com base nas

verbas trabalhistas recebidas pelo empregado, tornando ineficaz

a tutela do Estado, pois não permite ao empregado desfrutar

integralmente dos seus direitos trabalhistas negligenciados pelo

empregador.

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10

Diante dos efeitos negativos oriundos desta dualidade

ocasionada pelas súmulas 219 e 329 do TST surgem as questões que

objetiva serem respondidas por este trabalho.

A primeira questão versa sobre a eficácia das súmulas

quanto a uma ampliação efetiva do acesso à justiça, a ser

analisada a partir do estudo da obra de Mauro Cappelletti e

Bryant Garth, Acesso à Justiça, comparando as ondas de acesso à

justiça delineadas pelos doutrinadores com os reais efeitos das

súmulas, no intuito de responder se o acesso por elas

proporcionado está de acordo com as necessidades contemporâneas

do acesso efetivo à justiça.

A partir desta indagação serão analisados a assistência

judiciária e o instituto do jus postulandi, com o intuito de

responder se a ampliação do acesso à justiça através destes

institutos, que são a pedra fundamental das súmulas 219 e 329,

pois embasam o entendimento do TST acerca dos honorários

sucumbênciais, representam uma forma eficaz de acesso à justiça.

A resposta a esta questão evidenciará a constatação da

dualidade de efeitos positivos e negativos oriundos das súmulas,

e a partir dessa dualidade serão analisados os efeitos negativos

que afetam severamente a esfera econômica do empregado, abrindo

caminhos para a segunda questão; diante dos efeitos negativos

ocasionados pelas sumulas, o que justifica sua edição e

manutenção no ordenamento jurídico?

A partir desse ponto serão estudados os motivos que levaram

o TST a editar a súmula 219 e por que, mesmo após as mudanças

ocorridas com a promulgação da Constituição Federal de 1988,

elevando o papel do advogado ao de indispensável para a

efetivação da justiça, bem como as mudanças do Código de Processo

Civil, que alteraram as regras sobre os honorários de

sucumbência, o TST manteve seu entendimento, culminando com a

edição da súmula 329.

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11

Diante da ausência de elementos normativos que corroborem

o reiterado entendimento do TST sobre os honorários

sucumbênciais, o Ativismo Judiciário será a resposta condizente

com esta postura “criadora”.

A partir dessa constatação serão analisados,

principalmente com base na obra da Dra. Maria Cecília Máximo

Teodoro, O Juiz Ativo e os Direitos Trabalhistas, o surgimento,

desenvolvimento e o necessário protagonismo dos magistrados para

a efetivação dos direitos fundamentais em virtude da crise de um

Estado Democrático de Direito perante as exigências do

capitalismo.

Porém, os efeitos negativos das súmulas 219 e 329 do TST

na esfera econômica do empregado, evidenciarão que, embora os

efeitos pretendidos pelo Ativismo Judiciário através de uma

postura ativa dos magistrados, no intuito de adaptar a norma à

realidade social dos jurisdicionados, almejem um efeito

positivo, diante da realidade de formação cultural, ética e

técnica dos magistrados brasileiros, o exercício desta postura

ativa poderá implicar em efeitos negativos de difícil reversão,

convergindo para a existência de um Ativismo Jurídico Negativo.

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2. EVOLUÇÃO DO ACESSO À JUSTIÇA: AS ONDAS DE CAPPELLETTI.

A obra de Mauro Cappelletti e Bryant Garth, O acesso à

justiça, contribuiu e ainda contribui, para o desenvolvimento

dos institutos jurídicos que buscam ampliar o acesso da sociedade

à jurisdição do Estado. Através de um minucioso estudo da

evolução do acesso à justiça, os autores procuraram elaborar um

relatório sobre a efetividade deste acesso, organizar

cronologicamente suas fases e apontar os novos rumos que a

evolução do efetivo acesso à justiça deve se lançar.

O acesso à justiça diferenciasse do acesso à jurisdição do

Estado, sendo o primeiro, embora, de difícil definição, a

produção de resultados que sejam individual e socialmente justos

e o segundo, o sistema pelo qual as pessoas podem reivindicar

seus direitos e resolver seus litígios sob os auspícios do

Estado, sendo igualmente acessível a todos.1

Uma vez que ao Estado incumbe a jurisdição e a competência

para a regulamentação dos meios de acioná-la, a atuação positiva

do Estado é necessária para assegurar o gozo de todos os direitos

sociais básicos.2

A titularidade de direitos, por si só, na ausência de

mecanismos que garantam sua efetiva reivindicação, é destituída

de sentido, não se traduzindo em acesso efetivo, de forma que o

acesso à jurisdição tem sido reconhecido como direito individual

e social, podendo ser encarado como requisito fundamental de um

1 CAPPELLETTI, Mauro; GARTH Bryant. Acesso à Justiça. Tradução de Ellen Gracie Northfleet. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris Editor, 1988, página. 8.

2 Idem. Página. 11.

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13

sistema jurídico moderno e igualitário que almeja garantir, e

não apenas proclamar os direitos de todos.3

No entanto, a efetividade do acesso à justiça deve garantir

que a conclusão final da lide dependerá apenas dos méritos

jurídicos, sem envolvimento com questões outras que sejam

estranhas ao Direito, garantindo a completa igualdade de armas.4

Na busca pela utópica garantia de que as partes dispõem de

igualdade de armas, devem ser superados alguns obstáculos, entre

eles estão: custas judiciais, e a possibilidade das partes.

No tocante as custas judiciais, os altos custos que uma ou

ambas as partes devem suportar, constituem uma importante

barreira ao acesso à justiça5, sendo os honorários advocatícios

a mais importante despesa individual para os litigantes, devendo

as tentativas de ampliar o acesso à justiça reconhecer este

obstáculo.

Com relação à possibilidade das partes, o termo abrange os

consideráveis recursos financeiros que algumas pessoas ou

organizações possuem, traduzindo em vantagens obvias ao propor

ou defender demandas, uma vez que podem suportar os custos e a

demora dos litígios, sendo uma arma poderosa nas mãos de apenas

uma das partes, permitindo-lhe apresentar seus argumentos de

forma mais eficiente. Outro ponto relacionado à possibilidade

das partes é a aptidão para reconhecer um direito e propor uma

ação ou sua defesa, que pode ser traduzida como “capacidade

jurídica” pessoal, que se relaciona com as vantagens de recursos

financeiros e diferenças de educação, meio e status social, sendo

que muitas, senão a maior parte das pessoas comuns, não podem,

3 Idem. Página 11 - 12.

4 Idem. Página 15.

5 Idem. Página 18.

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14

ou, não conseguem superar essas barreiras na maioria dos tipos

de processos.6

A análise desses obstáculos ao acesso à justiça revela que

seus efeitos são mais pronunciados para as pequenas causas e

para os autores individuais, especialmente os pobres, sendo ao

mesmo tempo claramente vantajosos aos litigantes

organizacionais, adeptos do uso do sistema judicial para

resguardar seus interesses e muitos dos obstáculos ao acesso

estão inter-relacionados, podendo as mudanças tendentes a

melhorar o acesso por um lado, realçar as barreiras por outro.7

A evolução das formas encontradas pelos Estados para

superar os obstáculos para um efetivo acesso à justiça foram

descritas por Mauro Cappelletti e Bryan Garth, que as chamaram

de “ondas” do acesso à justiça, dividindo essa evolução em três

fases:

a) A primeira onda: Assistência judiciária para os

pobres.

A assistência judiciária é a mais remota tentativa de

ampliar o acesso à justiça, proporcionando serviços jurídicos

para os pobres através do acesso aos serviços essenciais de um

advogado, uma vez que o cidadão comum não era, e continua não

sendo, capaz de decifrar as leis cada vez mais complexas e os

misteriosos procedimentos necessários para ajuizar ou defender-

se em um litígio.8

Inicialmente, esta assistência era prestada por advogados

particulares sem receber qualquer contraprestação pelo serviço.

No entanto, ante a ineficácia desse sistema, uma vez que os

6 Idem. Páginas 21 - 22.

7 Idem. Páginas 28 - 29.

8 Idem. Página 32.

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15

advogados particulares se interessavam mais em causas

remuneradas, deixando de lado a assistência aos menos

favorecidos, foram adotados novos sistemas em que a remuneração

do advogado particular passou a ser paga pelo Estado.9

Dentre os sistemas adotados estão o judicare, através do

qual a assistência judiciária é estabelecida como um direito

para todas as pessoas que se enquadrarem nos termos da lei, sendo

os advogados particulares pagos pelo Estado, proporcionando aos

litigantes de baixa renda a mesma representação que teriam se

pudessem pagar um advogado. Embora tenha desfeito algumas

barreiras do custo, não conseguiu atacar outras barreiras

encontradas pelos pobres. Isso porque neste sistema confia-se

aos pobres a compreensão de seus direitos e os remédios jurídicos

a serem aplicados, fora a inaplicabilidade para transcender os

remédios individuais, pois o sistema judicare trata os pobres

como indivíduos, negligenciando sua situação como classe.10

Outro sistema utilizado para ampliar o acesso á justiça

teve origem na América do Norte, no programa de serviços

jurídicos do Office of Economic Opportunity, de 1965. Neste

sistema os serviços jurídicos eram prestados por advogados pagos

pelo governo e encarregados primordialmente de promover os

interesses dos pobres, enquanto classe, bem como conscientizar

as pessoas de seus direitos, demonstrando grande evolução com

relação ao sistema judicare. No entanto, um problema ainda mais

sério desse sistema é que, ao mesmo tempo em que tinha que agir

contra o governo, ele dependia essencialmente de apoio

governamental para manutenção de suas atividades. A efetividade

desse sistema também é comprometida pela demanda de serviços,

que exigem enormes equipes de advogados à custa do governo, não

9 Ibidem.

10 Idem. Páginas 38 – 39.

¹¹ Idem. Páginas 40 -43.

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16

sendo possível manter advogados em número suficiente para dar

atendimento individual de primeira categoria a todos os pobres

com problemas jurídicos. 11

Por fim, surgem os sistemas combinados, que unem

características de ambos os sistemas, de forma que assistência

judiciária passa a ser prestada tanto pelos advogados

particulares quanto pelos advogados públicos, permitindo que os

indivíduos escolham entre os serviços personalizados de um

advogado particular e a capacitação especial dos advogados

mantidos pelo governo.12

Embora importante para a ampliação do acesso à justiça, a

discussão acerca da assistência judiciária é apenas um dos pontos

a ser analisado na construção de um efetivo acesso à justiça,

pois existem sérios limites na tentativa de solução pela

assistência judiciária. Estes limites compreendem a necessidade

de um grande número de advogados, necessitando de grandes

dotações orçamentárias para que sejam remunerados adequadamente,

sob pena de os serviços jurídicos para os pobres também serem

pobres.13

b) A segunda onda: Representação dos interesses difusos.

Outra meio de ampliar o acesso à justiça foi enfrentar

o problema da representação dos interesses difusos, assim

chamados os interesses coletivos ou grupais, diversos daqueles

dos pobres, centralizando o foco de suas alterações na mudança

de visão das partes processuais, deixando de ser o processo um

assunto apenas entre duas partes, que se destinava à solução de

¹² Idem. Páginas 43-46. 13 Idem. Páginas 47-48.

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17

uma controvérsia entre essas mesmas partes a respeito de seus

próprios interesses individuais. 14

Entre as mudanças necessárias para a efetivação desse

movimento em primeiro lugar está a legitimação ativa, que passou

a permitir que indivíduos ou grupos atuem em representação dos

interesses difusos. Em segundo lugar foi necessária uma

transformação do papel do juiz e de conceitos básicos como a

citação e o direito de ser ouvido, uma vez que nem todos os

titulares de um direito difuso podem comparecer a juízo. Fechando

o círculo, para que a decisão fosse efetiva, ela deveria obrigar

a todos do membros do grupo, dessa maneira, a tradicional noção

de coisa julgada precisaria ser modificada de modo a permitir a

proteção judicial efetiva dos interesses difusos.15

c) Terceira onda: Do acesso à representação em juízo a

uma concepção mais ampla de acesso à justiça. Um novo enfoque de

acesso à justiça.

As reformas ocorridas com os sistemas de assistência

judiciária e com os mecanismos de defesa dos interesses públicos

demonstram considerável evolução do efetivo acesso à justiça,

cumprindo parcialmente o objetivo de alcançar proteção judicial

para interesses que por muito tempo foram deixados ao desabrigo.

No entanto, o fato de reconhecermos a importância dessas reformas

não deve ser impedimento para enxergar os seus limites, pois

seus efeitos se restringem basicamente em encontrar

representação efetiva para interesses antes não representados ou

mal representados.16

A terceira onda, o novo enfoque de acesso à justiça, é

muito mais amplo, incluindo a advocacia, judicial ou

14 Idem. Páginas 49-50

15 Idem. Páginas 49-51

16 Ibidem.

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18

extrajudicial, seja por meio de advogados particulares ou

público, indo além, centrado no conjunto geral de instituições

e mecanismos, pessoas e procedimentos necessários para processar

e prevenir disputas na sociedade moderna, sem abandonar os

avanços das duas primeiras ondas de reforma, tratando-os como

apenas algumas de uma série de possibilidades para ampliar o

acesso.17

Um novo enfoque de acesso à justiça visa a verificar o

papel e importância do diversos fatores e barreiras envolvidos

na ampliação do acesso à justiça, incluindo as partes envolvidas

no litígio, adaptando os procedimentos ao tipo de litígio, de

modo a desenvolver instituições efetivas para enfrentá-los. Esse

novo enfoque encoraja a exploração de uma ampla variedade de

reformas, incluindo alterações nas formas de procedimento,

mudanças na estrutura dos tribunais ou a criação de novos

tribunais, o uso de pessoas legais ou paraprofissionais, tanto

como juízes quanto como defensores, modificações no direito

substantivo destinadas a evitar litígios ou facilitar sua

solução e a utilização de mecanismos privados ou informais de

solução de litígios.18

Este novo enfoque é essencial para efetivar os direitos

substantivos que passaram a fazer parte das sociedades modernas,

pois esses novos direitos frequentemente exigem novos mecanismos

procedimentais que os tornem exequíveis.19

A evolução do acesso efetivo à justiça exige que os Estados

repensem os mecanismos colocados à disposição da sociedade para

ampliar este acesso, tornando os mecanismos de assistência

17 Ibidem.

18 Ibidem.

19 Ibidem.

Page 20: Monografia - Súmula 329 do TST - Garantia de Acesso à Justiça ou Ativismo Judicial Negativo.pdf

19

judiciária existentes, apenas um, de vários mecanismos

necessários para efetivar esse direito fundamental.

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3. JUS POSTULANDI NA JUSTIÇA DO TRABALHO.

Na seara da Justiça do Trabalho o acesso à justiça possui

uma particularidade com relação à capacidade postulatória das

partes, trata-se do instituto do jus postulandi, que reflete a

capacidade das partes para postular em juízo sem a necessidade

de patrocínio por advogados, diferentemente do que ocorre na

seara civilista, no qual a regra é que as partes devem estar

representadas por advogado legalmente habilitado, sendo a

capacidade postulatória, ato privativo deste20.

Na verdade, trata-se de uma “faculdade” 21das partes e não

de uma obrigação, uma vez que não há impedimentos quanto à

capacidade postulatória do advogado ao atuar como procurador das

partes, exceto quanto ao direito deste pelos honorários de

sucumbência.

Esta faculdade das partes de praticarem os atos processuais

sem o patrocínio de um advogado esta expressa no artigo 791 da

Consolidação das Leis do Trabalho.

Artigo 791: Os empregados e os empregadores poderão reclamar pessoalmente perante a Justiça do Trabalho e acompanhar suas reclamações até o final.

Embora o jus postulandi na Justiça do Trabalho possua

expressa previsão no diploma consolidado, sua permanência no

ordenamento jurídico pátrio foi contestada quando da promulgação

20 BEZERRA LEITE, Carlos Henrique. Curso de Direito Processual do Trabalho. 5ª Ed. São Paulo:

LTr, 2007. Página 408.

21 Idem.

Page 22: Monografia - Súmula 329 do TST - Garantia de Acesso à Justiça ou Ativismo Judicial Negativo.pdf

21

da Constituição da República de 1988, que trazia em seu artigo

133, que:

Art. 133. O advogado é indispensável à administração da justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei.

Ante a expressa disposição constitucional acerca da

indispensabilidade do advogado para a administração da justiça,

teve início na doutrina e jurisprudência uma discussão sobre a

recepção do jus postulandi pela nova ordem constitucional.

Não obstante a discussão acerca da indispensabilidade do

advogado em virtude do disposto na CR/88, com o advento da Lei

8.906 de 1994, que trazia em seu artigo 1º, inciso I, que a

postulação a qualquer órgão do Poder Judiciário e aos juizados

especiais era atividade privativa da advocacia, acirrou-se a

discussão sobre a aceitação do jus postulandi na Justiça do

Trabalho.

Esta cizânia somente foi pacificada quando o Supremo

Tribunal Federal – STF, nos autos da Ação Declaratório de

Inconstitucionalidade nº 1.127-8, proposta pela Associação dos

Magistrados do Brasil – AMB, decidiu que a capacidade

postulatória do advogado não é obrigatória nos Juizados

Especiais, na Justiça do Trabalho e na chamada Justiça de Paz,

podendo as partes exercer diretamente o jus postulandi.

Desta forma, o instituto do jus postulandi foi recepcionado

pela Constituição da República de 1988, e o Estatuto da OAB, Lei

8.906 de 1994, não conseguiu o caráter privativo da capacidade

postulatória para os profissionais da advocacia, persistindo, em

alguns casos, a inegável capacidade das partes de praticar os

atos processuais sem o patrocínio de um advogado.

Page 23: Monografia - Súmula 329 do TST - Garantia de Acesso à Justiça ou Ativismo Judicial Negativo.pdf

22

Sobre a capacidade postulatória leciona Fredie Didier Jr.

Alguns atos processuais, porém, além da capacidade

processual, exigem do sujeito uma capacidade técnica,

sem a qual não é possível a sua realização válida. È

como se a capacidade, requisito indispensável à

prática dos atos jurídicos fosse bipartida: a)

capacidade processual; b) capacidade técnica. A essa

capacidade técnica dá-se o nome de capacidade

postulatória. 22

Em resumo, o jus postulandi na Justiça do Trabalho é a

capacidade que as partes, tanto empregado, quanto empregador,

possuem para, de forma direta, sem a assistência de profissional

habilitado, o advogado, praticar os atos processuais necessários

para iniciar e garantir a continuidade de um processo judicial.

Na Justiça do Trabalho o jus postulandi reflete a tentativa

do Estado em ampliar o acesso à justiça, garantindo a todos o

acesso à jurisdição Estatal, em referência a primeira onda

descrita por Mauro Cappelletti e Bryant Garth.

No entanto, conforme anteriormente exposto ao analisar as

ondas do acesso à justiça, a efetividade do acesso à justiça não

é alcançada com a mera ampliação do acesso à jurisdição do

Estado, devendo ser acompanhada por outras medidas que assegurem

a representação de forma eficiente, tanto em relação à defesa

dos direitos individuais, quanto na defesa dos direitos

coletivos, e uma das maneiras de aumentar esta eficácia é através

do patrocínio por profissionais habilitados a entender o amplo

complexo de leis e procedimentos que formam o ordenamento

jurídico.

Na lição de Jorge Luiz Souto Maior:

22 DIDIER JÚNIOR, Fredie. Direito Processual Civil. Salvador: Jus Podivm, 2005. Página 244.

Page 24: Monografia - Súmula 329 do TST - Garantia de Acesso à Justiça ou Ativismo Judicial Negativo.pdf

23

Saber sobre direitos trabalhistas, efetivamente, não

é tarefa para leigos. Juízes e advogados organizam e

participam de congressos, para tentar entender um

pouco mais a respeito desses temas e muitas vezes

acabam saindo com mais dúvidas. Imaginem, então, o

trabalhador.23

A capacidade postulatória não pode ser vista como mera

faculdade de poder requerer em juízo o que acredita ser seu

direito, devendo ir além, e ser vista como a capacidade técnica

de atuar em juízo, observando os procedimentos legalmente

previstos para cada tipo de ação, e identificar corretamente os

direitos e deveres envolvidos na lide, sendo capaz de pedir ou

se defender de forma eficaz, sem a necessidade da intervenção do

juiz, que deve ser imparcial, sob pena de comprometer a atividade

jurisdicional do Estado.

3.1 OS LIMITES AO JUS POSTULANDI NA JUSTIÇA DO TRABALHO.

Embora as discussões acerca da recepção do instituto do

jus postulandi pela Constituição da República de 1988 e a sua

provável revogação pela Lei 8.906 de 1994 tenham sido aplacadas

pela decisão do STF na ADIN 1.127-8, em que o Supremo Tribunal

Federal reconheceu a permanência do instituto no âmbito da

Justiça do Trabalho, dos Juizados Especiais e da Justiça de Paz,

23 MAIOR, Jorge Luiz Souto. Honorários advocatícios na Justiça do Trabalho: Uma reviravolta

imposta também pelo novo Código de Processo Civil. Disponível em: http://online.sintese.com.

Acessado em 16-11-2012.

Page 25: Monografia - Súmula 329 do TST - Garantia de Acesso à Justiça ou Ativismo Judicial Negativo.pdf

24

foram-lhe impostos outros limites, de forma que não é mais

aplicável com a abrangência original.

Em sua redação original, expressa no artigo 791 da CLT,

não há qualquer ressalva quanto ao alcance da capacidade

postulatória das partes na Justiça do Trabalho. No entanto, com

as mudanças das relações empregatícias, que passaram a ser

reguladas por um número cada vez maior de normas e a ampliação

do acesso a Justiça do Trabalho, tornou-se flagrante a

necessidade de se regular a capacidade daqueles que exerciam a

capacidade postulatória, sob pena de tornar o amplo acesso a

justiça, um mero argumento, sem qualquer eficácia.

E um dos fatores de ampliação do acesso a Justiça do

Trabalho foi a Emenda Constitucional nº 45 de 2004, passando a

atrair para a esfera da Justiça do Trabalho, toda e qualquer

ação oriunda da relação de trabalho, e não apenas as ações

relativas às relações de emprego, conforme vigorava antes.

Com o advento da Emenda Constitucional nº45 de 2004, e

ampliação do acesso a Justiça do Trabalho, o Tribunal Superior

do Trabalho editou a súmula nº 425.

Súmula nº 425 - O jus postulandi das partes, estabelecido no art. 791 da CLT, limita-se às Varas do Trabalho e aos Tribunais Regionais do Trabalho, não alcançando a ação rescisória, a ação cautelar, o mandado de segurança e os recursos de competência do Tribunal Superior do Trabalho.

Desta forma, o instituto do jus postulandi, antes

amplamente aceito, passou a não ser mais aplicado nos caos de

ação rescisória, ação cautelar, mandado de segurança e nos

recursos de competência do Tribunal Superior do Trabalho, o que

exige uma nova interpretação acerca dos contornos do jus

postulandi e seus reflexos nas lides trabalhistas.

Page 26: Monografia - Súmula 329 do TST - Garantia de Acesso à Justiça ou Ativismo Judicial Negativo.pdf

25

Outro limite imposto ao jus postulandi na seara

trabalhista, também reflexo da Emenda Constitucional 45 de 2004,

refere-se à capacidade postulatória das partes quando a lide

envolver reclamação decorrente de relação de trabalho e não de

relação de emprego, “tornando a representação das partes por

advogado, obrigatória”,24 tendo em vista o disposto na Instrução

Normativa 27 de 2005 do TST, como se infere dos artigos 3º, §3º

e 5º da Instrução, que dispõe sobre o procedimento a ser

observado nos processos instaurados após a EC n.45/2004 ao dispor

que:

Artigo 3º, §3º - Salvo nas lides decorrentes da relação de emprego, é aplicável o princípio da sucumbência recíproca, relativamente as custas.

Artigo 5º- Exceto nas lides decorrentes da relação de emprego, os honorários advocatícios são devidos pela mera sucumbência.

Os limites impostos ao jus postulandi pela própria Justiça

do Trabalho é reflexo do reconhecimento da ineficácia do

instituto, que embora permita a todos o acesso à jurisdição do

Estado para a defesa dos seus direitos, por si só, não garante

o efetivo acesso à justiça, de forma que ao se estipular limites

a determinadas lides, ou até mesmo a determinadas instâncias do

Poder Judiciário, busca-se a ampliação da eficácia das decisões

que envolvam estas relações, que poderiam ser comprometidas ante

a ausência do patrocínio de um profissional habilitado a discutir

com igualdade de armas os direitos em questão.

Desta forma, inicia-se na seara trabalhista o

reconhecimento da necessidade de uma representação mais

24 BEZERRA LEITE, Carlos Henrique. Curso de Direito Processual do Trabalho. 5ª Ed. São Paulo:

LTr, 2007. Página 411.

Page 27: Monografia - Súmula 329 do TST - Garantia de Acesso à Justiça ou Ativismo Judicial Negativo.pdf

26

eficiente para as partes envolvidas no processo, em busca de uma

ampliação do acesso à justiça realmente eficaz.

Page 28: Monografia - Súmula 329 do TST - Garantia de Acesso à Justiça ou Ativismo Judicial Negativo.pdf

4. ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA NA JUSTIÇA DO TRABALHO.

Assim como o jus postulandi das partes no processo

trabalhista, a assistência judiciária está entre os pontos

relevantes para a conclusão sobre a necessária revisão da súmula

219 do TST, pois é um dos pilares sobre os quais está embasado

o entendimento do TST sobre a defesa do acesso à justiça na seara

trabalhista.

Embora ambas as partes possuam a faculdade de exercer o

jus postulandi nas ações que envolvam as relações de emprego,

existe a possibilidade dos empregados serem assistidos por

profissionais habilitados disponibilizados pelos sindicatos

profissionais.

A assistência judiciária gratuita, em regra é

regulamentada pela Lei nº 1.050/60. No entanto, na Justiça do

Trabalho, existe lei específica que trata do tema, trata-se da

Lei 5.584/70, que dispõe sobre normas de Direito Processual do

Trabalho e disciplina a concessão e a prestação de assistência

judiciária na Justiça do Trabalho, portanto, lei específica da

área trabalhista, sendo a Lei 1.060/50 sido derrogada naquilo

que não era compatível com o processo do trabalho, notadamente

no tocante à assistência judiciária, na sua forma de concessão

e prestação.

Dispõem a Lei 5.584/70, em seu artigo 14 e seguintes:

Art.14 - Na Justiça do Trabalho a assistência judiciária a que se refere à Lei1.060, de 5 de fevereiro de 1950, será prestada pelo sindicato da categoria profissional a que pertencer o trabalhador.

Em resumo, a assistência judiciária regulamentada pela Lei

5.584/70, no âmbito da Justiça do Trabalho é prestada pelo

Page 29: Monografia - Súmula 329 do TST - Garantia de Acesso à Justiça ou Ativismo Judicial Negativo.pdf

28

sindicato da categoria profissional a que pertencer o

trabalhador.

E todo aquele que perceber salário igual ou inferior ao

dobro do mínimo legal, ficando assegurado igual benefício ao

trabalhador de maior salário, uma vez provado que sua situação

econômica não lhe permite demandar, sem prejuízo do sustento ou

da família, faz jus a este benefício.

Desta forma, ao mesmo tempo em que se retirou do Estado à

obrigação de prestação de assistência judiciária a todo cidadão,

monopolizou-se em prol dos sindicatos a assistência judiciária

no âmbito da Justiça do Trabalho.

Porém, a previsão do artigo 14 da Lei 5.584/70, deferindo

aos sindicatos profissionais a atividade privativa de

assistência judiciária no âmbito da Justiça do Trabalho não

resiste a uma análise mais detida sobre seus fundamentos, tendo

em vista as alterações legislativas e constitucionais ocorridas

desde sua promulgação, reforçando mais uma vez a tese de que as

disposições da súmula 219, corroboradas pela súmula 329 do TST

não podem continuar prosperando.

A Constituição da República de 1988, em seu artigo 5º,

inciso LXXIV, atraiu para o Estado a obrigação de prestação de

assistência judiciária para todo aquele que comprovar

insuficiência de recursos, derrogando o disposto na Lei

5.584/70.

Ao mesmo tempo em que o Estado atraiu novamente para si

a obrigação de prestar assistência judiciária aos necessitados,

transferiu está incumbência para a Defensoria Pública, ao dispor

no artigo 134 que a Defensoria Pública é instituição essencial

à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a orientação

jurídica e a defesa, em todos os graus, dos necessitados, na

forma do art. 5º, LXXIV”.

Page 30: Monografia - Súmula 329 do TST - Garantia de Acesso à Justiça ou Ativismo Judicial Negativo.pdf

29

A partir das novas disposições constitucionais, teria sido

revogado o artigo 14 da lei 5.584/70, na parte que preceitua que

a assistência judiciária será prestada pelo sindicato da

categoria profissional a que pertencer o trabalhador, porquanto

o texto da Lei Magna transferiu esta incumbência ao Estado,

retirando dos sindicatos a obrigação de prestar assistência

jurídica integralmente.25

Há que se destacar ainda a lição de Jorge Luiz Souto Maior

acerca do debate sobre a vigência dos termos da Lei 5.584/70

após a edição das leis 10.288/01 e 10.537/02:

Destaque-se, com especial relevo, que a Lei nº 10.288/01 , derrogou os dispositivos da Lei nº 5.584/70 , referente à assistência judiciária gratuita, nos quais se incluem os arts. 14 e 16, por ser posterior e ter regulado de forma distinta a mesma matéria. Com efeito, a Lei nº 10.288/01 , acrescentou ao art. 789 , da CLT , o § 10, com o seguinte teor:"O sindicato da categoria profissional prestará assistência judiciária gratuita ao trabalhador desempregado ou que perceber salário inferior a 5(cinco) salários mínimos ou que declare, sob responsabilidade, não possuir, em razão dos encargos próprios e familiares, condições econômicas de prover a demanda."

Mais tarde, a Lei nº 10.537, de 27 de agosto de 2002 , trouxe novo regramento para o art. 789 , da CLT , e simplesmente não repetiu a regra contida no § 10 mencionado. Com isto, a matéria pertinente à assistência judiciária ficou sem regulamento específico na Justiça do Trabalho, pois não existe em nosso ordenamento jurídico o fenômeno da repristinação, conforme previsão expressa da LICC , fazendo com que para tal matéria se recorra, necessariamente, à Lei nº 1.060/50 , que nenhuma ligação faz, por óbvio, à assistência sindical, perdendo, por completo, o sentido de se vincular o pagamento de honorários advocatícios no processo do trabalho somente em tal hipótese.

25 PEIXOTO, Bolívar Viegas. Estudos de Direito Processual do Trabalho. Belo Horizonte: Censi,

2000. Página 172.

Page 31: Monografia - Súmula 329 do TST - Garantia de Acesso à Justiça ou Ativismo Judicial Negativo.pdf

30

Ademais, o § 3º, do art. 790, cuja redação também foi dada pela Lei nº 10.537/02 confere ao juiz a possibilidade de conferir a todos, partes ou não (visto fixar emolumentos), os benefícios da assistência judiciária gratuita, sem qualquer vinculação à assistência sindical. 26

Desta forma, uma vez extinto o monopólio dos sindicatos na

prestação de assistência judiciária gratuita no âmbito da

Justiça do Trabalho, “deveria ser observado novamente a Lei

1.060/50, que dispõem no § 4º do seu art. 5º, que é preferido

para a defesa da causa, o advogado que o interessado indicar e

que declare aceitar o encargo.” 27

Uma vez transferido o encargo de prestar assistência

judiciária para o Estado, através da Defensoria Pública e para

qualquer advogado de escolha da parte hipossuficiente que

declarasse aceitar esta incumbência, teria sido dado um grande

passo na ampliação do acesso à justiça de forma efetiva,

possibilitando ao mesmo tempo o acesso e a representação de forma

eficaz.

No entanto, prevalece o entendimento de que a assistência

judiciária no âmbito da Justiça do Trabalho é monopólio dos

Sindicatos Profissionais, não sendo possível ao empregado,

reclamante, ser patrocinado por profissional de sua escolha ou

pela Defensoria Pública.

Deste modo, o cenário atual não atende a uma completa e

eficaz prestação de acesso efetivo à justiça, pois os sindicatos

profissionais não possuem recursos financeiros capazes de manter

um corpo de advogados que atendam a toda a demanda, obrigando os

26 MAIOR, Jorge Luiz Souto. Honorários advocatícios na Justiça do Trabalho: Uma reviravolta imposta também pelo novo Código de Processo Civil. Disponível em: http://online.sintese.com. Acessado em 16-11-2012.

27 PEIXOTO, Bolívar Viegas. Estudos de Direito Processual do Trabalho. Belo Horizonte: Censi, 2000. Página 172.

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31

empregados a contratarem as suas expensas, o profissional de seu

interesse para defender os seus direitos.

Page 33: Monografia - Súmula 329 do TST - Garantia de Acesso à Justiça ou Ativismo Judicial Negativo.pdf

5. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS NA JUSTIÇA DO TRABALHO.

Conforme já dito, na ampliação do efetivo acesso à justiça

os altos custos que uma ou ambas as partes devem suportar,

constituem uma importante barreira ao acesso à justiça, sendo os

honorários advocatícios a mais importante despesa individual

para os litigantes. As tentativas de ampliar o acesso à justiça

devem reconhecer este obstáculo, não se restringindo a faculdade

de postular em juízo sem a assistência de profissional

habilitado, através do instituto do jus postulandi.

Na seara do Direito Processual do Trabalho, a figura dos

honorários advocatícios possui contornos diversos daqueles que

o instituto possui nas demais áreas do ordenamento jurídico

pátrio.

Os contornos deste entendimento singular derivam da

interpretação dada ao antigo Código de Processo Civil de 1939,

que em virtude do disposto no artigo 769 do diploma celetista,

atrai para a tutela das relações empregatícias a aplicação

subsidiária do Código de Processo Civil, que assim dispunha sobre

os honorários advocatícios:

Art. 64. Quando a ação resultar de dolo ou culpa, contratual ou extracontratual, a sentença que a julgar procedente condenará o réu ao pagamento dos honorários do advogado da parte contrária.

Art. 76. Vencedor na causa o beneficiado, os honorários de seu advogado, as custas contadas em favor dos serventuários da justiça, bem como taxas e selos judiciários, serão pagos pelo vencido.

Em decorrência desta subsidiariedade e o disposto nos

artigos 76 e 64 do Código de Processo Civil de 1939 ao tratar

Page 34: Monografia - Súmula 329 do TST - Garantia de Acesso à Justiça ou Ativismo Judicial Negativo.pdf

33

dos honorários sucumbênciais, é crucial a lição de Bolívar Viégas

Peixoto:

A luta dos empregadores foi travada no sentido de se furtar a pagar a verba relativa a honorários de advogado, conforme estava preceituado no artigo 64 do CPC então vigente.

E, diante da incansável argumentação dos empresários nos processos judiciais, assistidos por competentes advogados, a batalha foi dada por vencida, quando a jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho editou a súmula nº 11, hoje denominada enunciado, com a seguinte redação28:

“É inaplicável na Justiça do Trabalho o disposto no art. 64 do Código de Processo Civil, sendo os honorários de advogado somente devidos nos termos do preceituado na Lei nº1.060 de 1950”.

Fixou-se, então, que não haveria condenação, no processo trabalhista, de honorários ao advogado da parte vencedora, desaparecendo essa figura, por incompatibilidade da sua imposição com o espírito da Justiça do Trabalho.29

Atualmente, o tema do honorário de sucumbência é tratado

no artigo 20 do Código de Processo Civil, e o Enunciado nº 11

foi cancelado pela resolução 121 de 2003 do Tribunal Superior

Trabalho, no entanto, o entendimento nele consubstanciado se

perpetua através da das súmulas 219 e 329 do TST.

TST – Súmula nº 219. I – Na Justiça do Trabalho, a condenação ao pagamento de honorários advocatícios, nunca superiores a 15% (quinze por cento), não decorre pura e simplesmente da sucumbência, devendo a parte estar assistida por sindicato da categoria profissional e comprovar a percepção de salário inferior ao dobro do salário mínimo ou encontrar-se em situação

28 Vale ressaltar que, atualmente, os entendimentos do Tribunal Superior do Trabalho voltaram a ser

chamados de Súmulas.

29 PEIXOTO, Bolívar Viégas. Estudos de Direito Processual do Trabalho. Belo Horizonte: Censi, 2000. Página 170.

Page 35: Monografia - Súmula 329 do TST - Garantia de Acesso à Justiça ou Ativismo Judicial Negativo.pdf

34

econômica que não lhe permita demandar sem prejuízo do próprio sustento ou da respectiva família. (ex – Súmula nº 219 – Res. 14/1985, DJ 26.09.1985). II – É incabível a condenação ao pagamento de honorários advocatícios em ação rescisória no processo trabalhista, salvo se preenchidos os requisitos da Lei nº 5.584/70. (ex – OJ nº 27 da SBDI-2 – inserida em 20.09.2000)

Não obstante a pacificação das divergências, consagrada na

súmula 219 do TST, a promulgação da Constituição da República de

1988 trouxe a possibilidade de novos contornos sobre o tema,

exigindo do Tribunal Superior do Trabalho uma nova análise sobre

o entendimento adotado até então, resultando na súmula 329.

TST Súmula nº 329. Mesmo após a promulgação da Constituição da República de 1988, permanece válido o entendimento consubstanciado no Enunciado nº 219 do Tribunal Superior do Trabalho.

Além das súmulas 219 e 329, corroboram o entendimento do

Tribunal Superior do Trabalho acerca dos honorários

advocatícios, as orientações jurisprudenciais nº 304 e 305 da

SBDI- I:

OJ-SDI1. 304 - Honorários advocatícios. Assistência Judiciária. Declaração de Pobreza. Comprovação. (DJ 11.08.2003). Atendidos os requisitos da Lei nº 5.584/70 (art. 14, § 2º), para a concessão da assistência judiciária, basta a simples afirmação do declarante ou de seu advogado, na petição inicial, para se considerar configurada a sua situação econômica (art. 4º, § 1º, da Lei nº 7.510/86, que deu nova redação à Lei nº 1.060/50).

OJ –SDI1. 305 - Honorários advocatícios. Requisitos. Justiça do Trabalho. (DJ 11.08.2003). Na Justiça do

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35

Trabalho, o deferimento de honorários advocatícios sujeita – se à constatação da ocorrência concomitante de dois requisitos: o benefício da justiça gratuita e a assistência por sindicato.

Desta forma, o posicionamento jurisprudencial se

consolidou no sentido de que na Justiça do Trabalho os honorários

advocatícios apenas são devidos quando o empregado estiver

assistido por sindicato profissional nos termos do disposto no

artigo 14§1º da Lei 5.5.84/70.

No entanto, trata-se de uma interpretação equivocada da

Lei, uma vez que esta não exclui do âmbito da Justiça do Trabalho

os honorários sucumbênciais e a valoração do advogado através

dos honorários, apenas diz em seu artigo 16 que quando o

empregado estiver assistido por advogado do sindicato, os

honorários serão revertidos ao sindicato e não ao advogado.

Art. 16. Os honorários do advogado pagos pelo vencido reverterão em favor do Sindicato assistente.

Na lição de Jorge Luiz Souto Maior:

Mesmo sob o prisma da interpretação literal não se

justifica o entendimento dos Enunciados nºs 219

e 329,do TST. Os textos legais (arts. 14 e 16 , da Lei

nº 5.584/70 e art. 791 , da CLT ) não desautorizam,

expressamente, a condenação em honorários quando o

reclamante for assistido por advogado particular. A

ilação neste sentido é plenamente injustificável sob

Page 37: Monografia - Súmula 329 do TST - Garantia de Acesso à Justiça ou Ativismo Judicial Negativo.pdf

36

o prisma interpretativo, pois que confere uma

ampliação ao texto legal sem o menor fundamento.30

No mesmo sentido, destaque-se a observação de Edson Arruda

Câmara:

Se a norma do art. 16 da Lei nº 5.584 diz que os honorários serão pagos ao Sindicato - que oferecerá a assistência ao obreiro nos termos dos arts. 14 e 15 da referida Lei - onde está o impeditivo legal para a presença do advogado e a respectiva paga honorária? Respondo: a Lei nº 5.584 apenas dispõe sobre a presença assistencial - sindical, mas não subtrai ou proíbe ao advogado o seu atuar na mesma seara e nas mesmas condições. Ubi lex voluit, dixit, ubi noluit, tacuit. Mais: ubi lex non distinguit, nec nos distinguere debemus. Está claro que a Doutrina é elemento decisivo para a interpretação e, nesta medida não poderíamos esquecer a lição de Hermenêutica que nos legou Carlos Cóssio: 'o que não é proibido é juridicamente permitido'. Assim, se a Lei nº 5.584 - este 'cavalo de batalha' para aqueles que denegam honorários ao advogado em sede trabalhista - não restringe, não veda, não afasta, fica a lição de Cóssio e um tema para meditação." (Revista Virtual da Editora Consulex, atualizada até dez/02).

Em síntese, o Tribunal Superior do Trabalho, a mais alta

corte da Justiça do Trabalho, pacificou por meio dos mais

variados instrumentos normativos e uniformizadores de

jurisprudência a seu dispor, súmulas, orientações

jurisprudenciais e enunciados, o tema sobre a aplicação dos

honorários de sucumbência, dispondo resumidamente que:

a) Embora o diploma consolidado, em seu artigo 8º,

parágrafo único, estabeleça que o direito comum seja fonte

30 MAIOR, Jorge Luiz Souto. Honorários advocatícios na Justiça do Trabalho: Uma reviravolta imposta também pelo novo Código de Processo Civil. Disponível em: http://online.sintese.com. Acessado em 16-11-2012.

Page 38: Monografia - Súmula 329 do TST - Garantia de Acesso à Justiça ou Ativismo Judicial Negativo.pdf

37

subsidiária do Direito do Trabalho, naquilo em que não for

incompatível com os princípios fundamentais deste, as normas do

Código de Processo Civil que estabelecem o direito do advogado

aos honorários de sucumbência não foram aceitas como fonte

subsidiária, de forma que inexiste na seara trabalhista a

aplicação deste instituto na forma como ocorre nas demais áreas

do ordenamento jurídico pátrio.

b) Uma vez afastada a aplicação subsidiária do Direito

Comum, fixou-se os parâmetros para a aplicação da sucumbência na

Justiça do Trabalho, sendo exigidos os seguintes requisitos:

benefício da justiça gratuita e assistência através do sindicato

profissional.

Portanto, a única possibilidade de deferimento de

honorários advocatícios na Justiça do Trabalho é quando o

empregado estiver sob o pálio da justiça gratuita e assistido

por sindicato profissional.

A base deste entendimento é a proteção ao instituto do jus

postulandi, que persevera no âmbito da Justiça do Trabalho,

“garantindo” a empregados e empregadores a faculdade de postular

em juízo sem o acompanhamento de um advogado.

No entanto, ante o desenvolvimento dos institutos

jurídicos e das relações empregatícias, a perpetuação imutável

deste entendimento vai de encontro à eficácia do Direito do

Trabalho, uma vez que, de forma reflexa, fere princípio basilar

do Direito do Trabalho, o Princípio da Proteção, “o verdadeiro

princípio do processo do trabalho.” 31

Estão abarcadas pelo Princípio da Proteção inúmeros

dispositivos celetistas, tais como: a gratuidade do processo,

artigo 790, §3º; impulso oficial ex officio determinado pelo

31 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito Processual do Trabalho: doutrina e prática forense; modelos de petições, recursos, sentenças e outros. São Paulo: Atlas, 2012. Página 41.

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38

juiz na execução, artigo 878; arquivamento do processo sem

julgamento de mérito em caso de ausência do empregado na

audiência inicial, artigo 844, entre inúmeros outros

dispositivos criados a partir do pressuposto de que, ao contrário

do processo civil, no processo do trabalho as partes são

desiguais, necessitando o empregado de proteção da lei.32

A violação ao Princípio da Proteção, causada pela “criação”

jurisprudencial da súmula 219 e perpetuada através da súmula

329, infere-se do dano causado ao empregado quando, por não

dispor de efetiva assistência judiciária, conforme razões já

expressas, busca a tutela do Poder Judiciário para proteção dos

seus direitos assistido por advogado particular que será

remunerado as expensas do trabalhador, deduzindo os honorários

advocatícios, em percentuais muitas vezes abusivos, variando em

média entre 15 a 30%, das verbas trabalhistas as quais o

empregador tenha sido condenado e que deveriam ser revertidas

integralmente ao trabalhador, por ser direito deste, antes

suprimido.

Embora haja a previsão legal de dever dos sindicatos

profissionais de prestar assistência judiciária aos empregados,

nos termos da Lei 5.584/70, é notório, ante a deficiência desta

prestação assistencial, seja por falta de profissionais que

queiram atuar junto aos sindicatos, seja pelo desconhecimento

dos empregados sobre esse direito, que a grande maioria das lides

trabalhistas são travadas por advogados particulares, sem a

participação de sindicatos.

Portanto, a consequência do entendimento jurisprudencial

consubstanciado através das súmulas 219 e 329 do Tribunal

Superior do Trabalho é a mitigação do Princípio da Proteção,

lesando os trabalhadores, uma vez que, a tutela da Justiça do

Trabalho, ante a ineficácia dos instrumentos disponíveis para

32 Idem. Páginas 41 e 42.

Page 40: Monografia - Súmula 329 do TST - Garantia de Acesso à Justiça ou Ativismo Judicial Negativo.pdf

39

garantir um efetivo acesso à justiça, jus postulandi e

assistência judiciária monopolizada pelos sindicatos

profissionais, tem sido alcançada apenas em detrimento das

verbas trabalhistas de direito do trabalhador.

Desta forma, elevar a permanência das súmulas 219 e 329 ao

patamar de instrumentos necessários e eficazes a ampliação do

acesso à justiça é uma visão míope, que apenas se concretiza

ante uma postura judiciária ativa, que extrapola tanto as bases

normativas, quanto principiológicas, basilares do Direito do

Trabalho, possuindo efeito negativo na esfera econômica daquele

que deveria ser o objeto central de proteção do sistema normativo

trabalhista, o empregado.

5.1 MUDANÇA DE PARADIGMA E EFETIVO ACESSO À JUSTIÇA.

No que pese o posicionamento do Tribunal Superior do

Trabalho quando da edição da súmula 329, que se resumiu a

ratificar o entendimento da súmula 219, ser uma demonstração de

extrema rigidez hermenêutica ao interpretar a aplicabilidade do

honorário advocatício na Justiça do Trabalho, este entendimento

não é fruto da ausência de opções mais viáveis que traduzam uma

tutela mais eficiente dos direitos do trabalhador.

Em uma mudança de paradigma que amplia exponencialmente a

efetividade da tutela jurisdicional na seara trabalhista, pois

impede a lesão apontada anteriormente, corrigindo o sistema de

remuneração dos advogados particulares que atuam nas lides

trabalhistas em defesa dos direitos dos trabalhadores, parcela

da doutrina e jurisprudência já enxergaram um caminho para a

superação da questão referente aos honorários, de forma que não

haja a necessidade do trabalhador arcar com os honorários

advocatício por meio de suas verbas trabalhistas, que possuem

caráter alimentar.

Page 41: Monografia - Súmula 329 do TST - Garantia de Acesso à Justiça ou Ativismo Judicial Negativo.pdf

40

Esta mudança de paradigma esta consubstanciada no disposto

nos artigos 389 e 404 do Código Civil, que prevê a condenação do

réu por perdas e danos em virtude de inadimplemento de obrigação

legal ou contratual, abrangendo honorários advocatícios. Ante o

advento dessas novas normas, algumas vozes da doutrina

justrabalhista passaram a admitir, no processo do trabalho, a

incidência das referidas normas sob o fundamento de que o

trabalhador, quando vai a juízo, deve ser reparado integralmente

pelos danos que o empregador lhe causou.33

Nesta senda, Tribunais Regionais do Trabalho têm emitido

decisões reconhecendo a aplicação dos artigos 389 e 404 do Código

Civil na esfera da Justiça do Trabalho, conforme acórdãos abaixo

colacionados.

EMENTA: HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. RECLAMANTE HIPOSSUFICIENTE NÃO ASSISTIDO PELO SINDICATO PROFISSIONAL. POSSIBILIDADE. Ainda que vigente o jus postulandi nesta Justiça Especializada (artigo 791/CLT), à parte hipossuficiente não pode ser negado o direito à contratação de advogado de sua confiança, a fim de patrocinar seus interesses, até porque tal despesa se deve à inadimplência patronal no cumprimento de suas obrigações contratuais. Os artigos 389 e 404 do Novo Código Civil dispõem acerca da obrigação de o devedor responder por perdas e danos, juros e correção monetária além de honorários advocatícios. Consequentemente, tendo o trabalhador de se valer da contratação de um advogado, para propor ação judicial com o intuito de receber direitos legais, que não foram pagos durante o período contratual, deve ser ressarcido nos gastos havidos que, certamente, resultarão em prejuízo ao patrimônio auferido por força sentencial (artigos 186, 389, 404 e 944 do Código Civil). (TRT 3ª Região. Recurso Ordinário Nº 0000655-92.2011. 5.03.0093. 4ª Turma. Relatora Convocada Adriana G. de Sena Orsini. Data de julgamento 19-10-2011. Data publicação 28-10-2011).

EMENTA: RECURSO OBREIRO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. INDENIZAÇÃO. DEFERIMENTO. O pedido de indenização

33 SCHIAVI, Mauro. Manual de Direito Processual do trabalho. 2ª edição. São Paulo; LTr, 2009. Páginas 285 e 286.

Page 42: Monografia - Súmula 329 do TST - Garantia de Acesso à Justiça ou Ativismo Judicial Negativo.pdf

41

pleiteado na inicial deve ser provido, considerando que os artigos 389, 395 e 404, todos do CC, autorizam o ressarcimento dos honorários advocatícios despendidos pela parte que deu causa a tal despesa. (TRT 14ª Região. Recurso Ordinário Nº 00450.2011.008.14.00-8. 1ª Turma. Relatora Ministra Elana Cardoso Lopes. Data de julgamento 19-10-2011. Data publicação 20-10-2011).

No entanto, embora parcela da doutrina e jurisprudência

tenham se manifestado de forma favorável a aplicabilidade dos

dispositivos do Código Civil acima apontados no âmbito da Justiça

do Trabalho, reconhecendo o direito do trabalhador de ser

ressarcido das despesas com honorários advocatícios daquele que

patrocina seus interesses, o Tribunal Superior do Trabalho ao

julgar a matéria tem decidido no sentido de que é “ inaplicável

o disposto no artigo 389 do Código Civil, tendo em vista que na

Justiça do Trabalho, os pressupostos para o deferimento dos

honorários advocatícios encontram-se previstos no artigo 14 da

lei nº 5.584/70” (RR 2.080/2005-042-15-00.0, j. 23.09.2009, Rel.

Min. Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, 3ª T., DEJT

09.10.2009).34

Em outra oportunidade de julgar a matéria, o TST foi além

e entendeu que os “honorários advocatícios na Justiça do Trabalho

regem-se pelas disposições contidas na Lei 5.5.84/1970, nos

termos de seu artigo 14 e seguintes. A incidência da norma

específica afasta a aplicação do art.389 do Código Civil, em

face do disposto no art. 769 da Consolidação das Leis do

Trabalho” (RR 1306/2003-003-20-00.4, j. 19.08.2009, Rel. Min.

João Batista Brito Pereira, 5ª T., DEJT 28.08.2009).35

A postura irredutível do Tribunal Superior do Trabalho em

impor a observância dos requisitos da súmula 219 para o

34BEZERRA LEITE, Carlos Henrique. Curso de Direito Processual do Trabalho. 5ª Ed. São Paulo: LTr, 2007. Página 412.

35 Ibidem.

Page 43: Monografia - Súmula 329 do TST - Garantia de Acesso à Justiça ou Ativismo Judicial Negativo.pdf

42

reconhecimento de honorários advocatícios na seara da Justiça do

Trabalho, mesmo ante a evolução das relações empregatícias e

sociais, bem como em face das mudanças normativas que deram base

a este entendimento, sendo totalmente suprimidos determinados

preceitos contidos no antigo Código de Processo Civil que lhe

conferiam validade e coerência, somente podem ser admitidas ante

uma postura ativista da Colenda Corte, que atinge de forma

negativa o bem tutelado pelo Direito do Trabalho, os direitos do

trabalhador.

Page 44: Monografia - Súmula 329 do TST - Garantia de Acesso à Justiça ou Ativismo Judicial Negativo.pdf

6. ATIVISMO JURÍDICO E A COMPLETUDE DO ORDENAMENTO

JURÍDICO.

Paralelamente ao desenvolvimento das relações sociais e

das relações de trabalho há a necessidade da evolução do

ordenamento jurídico, “pois o estudo do direito não é neutro,

mas se conecta indissociavelmente ao contexto socioeconômico e

político de sua época”36.

A incoerência entre o desenvolvimento das relações

sociais, trabalhistas e as disposições normativas que tutelam

estas relações ocasiona o que Norberto Bobbio chamou de

incompletude do Ordenamento Jurídico, sendo:

Por completude entende-se a propriedade pela qual um ordenamento jurídico tem uma norma para regular qualquer caso. Uma vez que a falta de uma norma se chama geralmente “lacuna” (num dos sentidos do termo “lacuna”), “completude” significa “falta de lacunas”. Em outras palavras, um ordenamento é completo quando o juiz pode encontrar nele uma norma para regular qualquer caso que se lhe apresente, ou melhor, não há caso que não possa ser regulado com uma norma tirada do sistema. Para dar uma definição mais técnica de completude, podemos dizer que um ordenamento é completo quando jamais se verifica o caso de que a ele não se podem demonstrar pertencentes nem uma certa norma nem a norma contraditória. Especificando melhor, a incompletude consiste no fato de que o sistema não compreende nem a norma que proíbe um certo comportamento, nem a norma que o permite. 37

36 TEODORO, Maria Cecília Máximo. O Juiz Ativo e os Direitos Trabalhistas. São Paulo: LTr, 2011. Página 21.

37 BOBBIO, Norberto. Teoria do Ordenamento Jurídico. Tradução Maria Celeste C. J. Santos: ver. Tec. Claudio De Cicco: Apresentação. Tército Sampaio Ferraz Junior - 10ª Edição. Brasília: Universidade de Brasília, 1999. Página 115.

Page 45: Monografia - Súmula 329 do TST - Garantia de Acesso à Justiça ou Ativismo Judicial Negativo.pdf

44

Esta incompletude decorre principalmente do envelhecimento

da codificação, envelhecimento que é fruto do “dogma da

completude, isto é, o princípio de que o ordenamento jurídico

positivado seja completo para fornecer ao juiz, em cada caso,

uma solução sem recorrer a equidade”. 38

Em virtude deste dogma, o Estado, que detém o monopólio da

normatização, deixa de regulamentar as relações sociais,

ocasionando o envelhecimento do ordenamento e o surgimento de

lacunas que carecem de métodos eficientes para sua solução.

Este fetichismo da lei tem na escola da exegese seu maior

defensor, sendo o caráter peculiar desta escola, a admiração

incondicional, uma confiança cega na obra realizada pelo

legislador e na suficiência das leis, gerando a crença de que o

direito positivado basta-se para dirimir qualquer questão

jurídica, não existindo lacunas, em síntese, o dogma da

completude.39

Em contrapartida a este “fetichismo legislativo”, e ao

dogma da completude, surgem críticas encabeçadas pelo jurista

alemão Eugen Ehrlich, num livro dedicado ao estudo e á crítica

da mentalidade do jurista tradicional, A Lógica dos Juristas

(Die juristische Logik, Tubingen, 1925). Sua obra é uma das

expressões mais significativas contra o monopólio estatal do

Direito e ao dogma da completude e o desenvolvimento desta

crítica dá origem a Escola do Direito Livre, sendo seu principal

alvo abolir a crença de que o Direito estatal é completo e que

a completude do ordenamento jurídico é um mito.40

Esta nova escola afirma que o Direito constituído pelo

Estado está cheio de lacunas e, para preenchê-las é necessário

38 Idem. Página 119.

39 Idem. Página 121.

40 Idem. Página 122.

Page 46: Monografia - Súmula 329 do TST - Garantia de Acesso à Justiça ou Ativismo Judicial Negativo.pdf

45

confiar principalmente no poder criativo do juiz, ou seja,

naquele que é chamado a resolver os infinitos casos que as

relações sociais suscitam, além e fora de toda regra pré-

constituída, diminuindo a confiança na onisciência do

legislador. 41

Entre os vários tipos de lacunas descritas por Bobbio, é

relevante trazer ao presente trabalho as lacunas ideológicas,

lacunas de iure condendo (de direito a ser estabelecido),

entendendo-se por lacunas ideológicas, a falta não de uma

solução, qualquer que seja ela, mas de uma solução satisfatória,

ou, em outras palavras, não se trata de mera falta de uma norma,

mas a falta de uma norma justa, isto é, de uma norma que se

desejaria que existisse, mas não existe.42

Desta forma, ante a lacuna do ordenamento jurídico, não

apenas a lacuna para a qual não está previsto nenhuma forma de

tutela, mas a lacuna oriunda da efetividade do ordenamento

jurídico, quando as disposições positivadas não refletem a

melhor solução para o problema, um dos métodos de

heterointegração possíveis é o recurso a outra fonte diferente

da legislativa, é o recurso ao poder criativo do juiz, ao chamado

Direito Judiciário, aplicado nos sistemas anglo-saxões43.

Portanto, o desenvolvimento da hermenêutica jurídica com

o surgimento da escola do Direito Livre contrapondo-se a

tradicional escola exegética em uma crítica ferrenha ao

fetichismo legislativo e ao positivismo que dominavam a produção

normativa, tem-se início uma nova forma de pensar a positivação

do Direito, surgindo o Direito Judiciário, que autoriza o juiz

41 Idem. Página 123.

42 Idem. Página 140.

43 Idem. Página 149.

Page 47: Monografia - Súmula 329 do TST - Garantia de Acesso à Justiça ou Ativismo Judicial Negativo.pdf

46

a criar para o caso concreto a norma mais eficaz para a tutela

dos direitos em análise.

Concomitantemente ao desenvolvimento da hermenêutica

jurídica e o surgimento da escola do Direito Livre, corroboram

para a necessidade de um juiz mais ativo, que contribua para a

completude do ordenamento jurídico e a efetividade do acesso à

justiça, as mudanças políticas, econômicas e sociais pelas quais

os Estados passaram nos últimos séculos.

Inicialmente, o Estado Liberal de Direito, que surge

como ordem positivada que impõem limitações e restrições de

caráter imutável a garantia de liberdade do individuo e da luta

contra os abusos do poder da nobreza e da igreja na Idade Média

e contra um Estado Moderno e de sua forma de organização, baseada

em desigualdades, privilégios e arbitrariedades, exigindo do

interprete do Direito a observância da lei e ao princípio da

legalidade, passando a serem os únicos fundamentos de

legitimação para atuação do intérprete e do aplicador do direito,

momento em que surge a escola da Exegese, cujas bases traduziam

o ideal positivista. 44

O papel do juiz durante o Estado Liberal, em caso de

lacuna, estava restrito a interpretar a vontade da lei, mantendo-

se indiferente aos valores que regulavam a sociedade, devendo

manter-se alheio às mudanças políticas, econômicas e as

particularidades do caso concreto submetido ao seu julgamento.

Como consequência desta “neutralidade” do magistrado,

ocorria uma igualdade meramente formal entre as partes, uma vez

que se igualava os desiguais ao impedir o magistrado de oferecer

tratamento diverso às diferentes situações concretas e para

indivíduos de diferentes posições sociais, colocando em xeque o

44 TEODORO, Maria Cecília Máximo. O Juiz Ativo e os Direitos Trabalhistas. São Paulo: LTr, 2011. Páginas 22 -45 e 46.

Page 48: Monografia - Súmula 329 do TST - Garantia de Acesso à Justiça ou Ativismo Judicial Negativo.pdf

47

ordenamento jurídico liberal, dado o fato de não conseguir

efetivar os direitos por ele próprio editado.45

Em contrapartida ao Estado mínimo representado pelo

Estado Liberal de Direito, surge o Estado Social de Direito,

Welfare State, que tem como principal característica a

intervenção do Estado na atividade econômica e na vida social,

na tentativa de superar a igualdade meramente formal e buscando

a promoção de uma igualdade substancial.

Ante as mudanças proporcionadas pela superação do Estado

Liberal, o papel do magistrado também muda, não cabendo mais a

este a mera função mecânica de aplicação neutra da lei, devendo

os aplicadores do direito desenvolver uma atividade construtiva

do sentido e da finalidade das normas, buscando atender a

princípios previstos na Constituição, tendo como consequência

dessa nova forma de jurisdição a superação de lacunas e

antinomias do ordenamento jurídico, não mais conforme a letra

fria ou a vontade da lei, mas através da análise de garantias

constitucionais existentes. 46

O advento de um Estado intervencionista e promotor de

políticas públicas e que busca a realização de justiça social e

distribuição de renda através da expressa previsão

constitucional de direitos fundamentais, permite estabelecer

como fonte para superação das lacunas, uma gama de normas

generalistas que só encontram eficácia ante uma postura ativa do

magistrado, e uma vez que a validade de todo o ordenamento

jurídico passa a se submeter ao atendimento desses direitos

fundamentais, o papel do magistrado torna-se crucial para a

efetividade do ordenamento jurídico. 47

45 Ibidem.

46 Idem. Página 78 - 79.

47 Ibidem.

Page 49: Monografia - Súmula 329 do TST - Garantia de Acesso à Justiça ou Ativismo Judicial Negativo.pdf

48

No entanto, este modelo de Estado intervencionista e

promotor de políticas públicas entra em crise e novamente

discute-se o papel do Estado como regulador da economia e

garantidor de direitos fundamentais. “O novo Estado que se

delineia tem tons do liberalismo, porém com novas nuances”, tendo

as novas nuances promovido modificações em todos os setores do

conhecimento, afetando diretamente o Poder Judiciário. 48

Com a crise do Estado Social de Direito, vivencia-se

transformações amplas e multifacetadas, de forma tal que, a

velocidade com que estas mudanças ocorrem o Estado – legislador

não consegue acompanhar, o que influi diretamente sobre a

organização jurídica do Estado, ocorrendo o fenômeno da

“inflação legislativa”, sem que essa larga produtividade de

normas reflita na qualidade da tutela dos direitos individuais

e coletivos. 49

Porém, a principal característica dessa produção

normativa “inflacionada” é a característica de tais normas,

sendo mais abertas e gerais, ante a dificuldade do Estado de

regular pela via legislativa convencional as múltiplas facetas

das relações sociais. “Tal situação gera a necessidade de juiz

elaborar a norma e adaptar o ordenamento jurídico ao caso real,

no momento de seu processamento judicial”. 50

Ante a crise do Estado Social de Direito, esta crescente

importância política e social do Poder Judiciário na efetivação

dos direitos fundamentais tem demonstrado ser necessária para a

concretização e manutenção desses direitos, sendo essencial para

garantir as conquistas das classes sociais, a evolução do Poder

48 Idem. Páginas 81 e 125.

49 Idem. Página 125.

50 Idem. Página 126.

Page 50: Monografia - Súmula 329 do TST - Garantia de Acesso à Justiça ou Ativismo Judicial Negativo.pdf

49

Judiciário e tendo por fim primordial a realização de direitos

fundamentais.51

O Ativismo Jurídico é fruto desta postura ativa e criadora

do magistrado em busca de soluções que reflitam em uma tutela

mais efetiva e garantidora dos direitos fundamentais insculpidos

no ordenamento jurídico, opondo-se ao retorno de um Estado

Liberal, tornando-se um “protagonista judicial ao criar a norma

adequada para o caso concreto”. 52

Em síntese, o ativismo jurídico surge por conta da evidente

ineficácia do ordenamento jurídico positivado em tutelar da

forma mais efetiva e justa possível os direitos fundamentais

concebidos com o Estado Social de Direito. Está ineficácia, que

resulta em lacunas, seja em virtude da inércia do legislativo

ocasionando o envelhecimento da norma, ou pela criação de normas

de caráter genérico que não alcançam por si só seu objetivo,

necessitam de um interprete capaz de valorar o contexto no qual

a norma esta inserido para que alcance a máxima efetividade.

51 Idem. Página 150.

52 Ibidem.

Page 51: Monografia - Súmula 329 do TST - Garantia de Acesso à Justiça ou Ativismo Judicial Negativo.pdf

7. ATIVISMO JURÍDICO NEGATIVO NA SÚMULA 329 DO TST.

Concebe-se como Ativismo Judiciário Negativo no presente

estudo, os efeitos negativos decorrentes das decisões que tem

sua legitimidade na necessidade de uma posição ativista do

magistrado, devido a necessária adequação da norma ao caso

concreto em busca da efetividade da tutela jurisdicional.

No caso da súmula 329 do TST, sua origem como fruto do

ativismo jurídico evidencia-se ante as alterações do ordenamento

jurídico após a edição da súmula 219 do TST, tais como o Código

de Processo Civil e a Constituição de 1988.

Quando da edição da súmula 219, a motivação do entendimento

acerca dos honorários advocatícios e da garantia de amplo acesso

a Justiça do Trabalho, jus postulandi, justificava-se pelas

disposições presentes no ordenamento jurídico e pela necessidade

de moldar um novo entendimento sobre uma questão recente, os

honorários advocatícios no Processo Civil.

No entanto, a edição da súmula 329 não se vale dos mesmos

fundamentos, ou, se assim o faz, age de forma totalmente

desconexa com a realidade social contemporânea a sua edição.

Seja por que quando de sua edição a questão sobre os honorários

não se tratava de uma questão nova, sendo possível conhecer os

reflexos negativos da súmula 219 no âmbito da esfera econômica

do empregado, ou, por que a Constituição havia elevado a função

do advogado a um patamar antes inalcançado, colocando em cheque

o jus postulandi no âmbito do efetivo acesso à justiça.

Portanto, uma decisão que se afasta das disposições

normativas vigentes, criando uma interpretação que, de forma

míope, visa à integração da realidade social com a questão em

análise, encontra sua validade embasada no instituto do ativismo

jurídico e para que o exercício desse instituto não tenha

Page 52: Monografia - Súmula 329 do TST - Garantia de Acesso à Justiça ou Ativismo Judicial Negativo.pdf

51

reflexos negativos, é necessário que sua manipulação se dê de

forma criteriosa e por mãos capazes e habilitadas a exercer este

protagonismo.

Nesta senda, se por um lado a atuação protagonista do Poder

Legislativo durante o Estado Liberal foi a responsável por

estabelecer os direitos de primeira geração, impondo limites ao

Estado com relação a sua interferência na propriedade e na

liberdade dos cidadãos, pode-se apontar como consequência deste

protagonismo, a crença no poder de onisciência do legislador, e

que as normas eram capazes de tutelar toda e qualquer situação

que exigisse a intervenção do Estado por meio do Poder

Judiciário, no entanto esta exigência de interpretação literal

das normas, teve como efeito negativo o obstáculo a efetiva

tutela dos direitos recém criados, uma vez que se estabelecia

uma igualdade formal e não real entre aqueles que buscavam a

intervenção do Poder Judiciários em suas relações sociais.

Já no Estado Social de Direito, o protagonismo do Poder

Executivo, atuando ativamente na sociedade, intervindo em todas

as esferas, social, política e econômica, para garantir a

efetividade dos direitos fundamentais arrolados na Constituição,

em substituição ao papel do Poder Legislativo que não mais

conseguia acompanhar a evolução das relações sociais e as novas

exigências da sociedade, que passa a ter consciência da

existência desses direitos fundamentais e cobrar de seus

representantes normas que garantam sua efetividade. Este

protagonismo tem como efeito negativo a falência do Estado, que

não possui recursos para garantir a manutenção do bem estar

social diante de crises econômicas, pois seu papel ativista é

pautado pela necessidade de recursos financeiros que são

oriundos da cobrança de tributos, que se esvaem ante uma crise

econômica.

No Estado Democrático de Direito, o Poder Judiciário é a

nova vedete entre os três poderes, recaindo sobre sua guarida os

Page 53: Monografia - Súmula 329 do TST - Garantia de Acesso à Justiça ou Ativismo Judicial Negativo.pdf

52

direitos fundamentais insculpidos na Constituição. Cumpre ao

Poder Judiciário uma posição mais ativa, como resposta a uma

crescente busca da sociedade pela garantia e efetividade desses

direitos. Dessa posição de protagonismo surge o ativismo

jurídico, inspirado pela Escola do Direito Livre, e com base em

uma produção normativa que estabelece normas de caráter

generalista e principiológico, possibilitando aos magistrados a

aplicação das normas conforme as peculiaridades da realidade

social e do caso concreto, visando estabelecer a igualdade real

entre as partes.

Diante desse novo protagonismo, e observando a história,

há que se questionar acerca de seus efeitos negativos e discutir

sua origem, antes que suas consequências levem a falência do

Estado Democrático de Direito.

Tanto no Estado Liberal, onde o protagonismo era do Poder

Legislativo, quanto no Estado Social em que o protagonismo era

do Poder Executivo, as decisões eram tomadas pelas pessoas que

representavam os respectivos poderes, legisladores e chefes de

Estado. No caso do Poder Judiciário não é diferente, o exercício

do ativismo judiciário é papel destinado aos magistrados,

portanto, é a partir da compreensão da capacidade destes, que

será iniciado estudo dos efeitos negativos aos quais será

submetida toda a sociedade.

7.1 HABILITAÇÃO DOS MAGISTRADOS.

O tema da habilitação dos Magistrados refere-se a sua

formação ética e intelectual, no sentido de capacidade de adequar

a norma ao caso concreto e não há sua competência, uma vez que

está é legitimada através da aprovação em concurso público de

prova e títulos.

Partindo do pressuposto de que “a magistratura trabalhista

deve se conscientizar de que tanto na iniciativa privada quanto

Page 54: Monografia - Súmula 329 do TST - Garantia de Acesso à Justiça ou Ativismo Judicial Negativo.pdf

53

no exercício de suas funções públicas não há mais espaço para o

homem tradicional e que não busca um contínuo aprimoramento de

sua formação profissional,”53e dada a hercúlea tarefa que lhes

foi incumbida, de efetivar os direitos fundamentais, este

aprimoramento deve preceder a esta tarefa, sob pena de

desvirtuamento de seu protagonismo, transformando-se em

antagonismo.

No âmbito da Justiça do Trabalho, a competência para julgar

não confere a estes a habilitação necessária para atuar de forma

tão discricionária e criativa, pois, embora o concurso público

consiga medir adequadamente o conhecimento técnico dos

candidatos a magistrados, não permite mensurar sua higidez moral

e seus valores éticos, sendo estes elementos primordiais para

possibilitar aos magistrados a correta subsunção da norma à

realidade social, refletindo na efetivação da tutela

jurisdicional.

A habilitação dos magistrados é comprometida desde os

primeiros passos no curso de direito, reflexo de cursos

superiores em que os professores se colocam no papel de meros

transmissores de informações sobre textos e leis, em que o

professor se restringe a ler o texto para seus alunos, como se

estes fossem analfabetos, complementando com comentários breves

e superficiais que se resume a uma releitura do texto através de

sinônimos. 54

Embora seja plausível a ideia de que não se pode mensurar

a qualificação dos magistrados apenas com base em sua formação

de bacharel, sendo que estes podem se especializar após a

conclusão do curso, segundo pesquisa realizada pela Associação

53 TEODORO, Maria Cecília Máximo. O Juiz Ativo e os Direitos Trabalhistas. São Paulo: LTr, 2011. Página 174.

54 DALLARI, Dalmo de Abreu. O Poder dos Juízes. 3 ed. rev. São Paulo: Saraiva, 2007. Página 30. In TEODORO, Maria Cecília Máximo. O Juiz Ativo e os Direitos Trabalhistas. São Paulo: LTr, 2011. Página 141.

Page 55: Monografia - Súmula 329 do TST - Garantia de Acesso à Justiça ou Ativismo Judicial Negativo.pdf

54

do Magistrados Brasileiros, o corpo de magistrados brasileiros

não demonstra grande preocupação em reverter essa lacuna de

aprendizagem ética mais aprofundada das escolas de direito.

Segundo a pesquisa apenas 8,8% dos juízes que responderam às

entrevistas estão matriculados em cursos de especialização, 4%

matriculados em mestrado e 2,1% cursando o doutorado.55

A ausência de habilitação para conduzir esta postura

ativista faz com que “Juízes carecedores de formação ética

adequada colocam em risco tanto a instituição Justiça, gerando

seu descrédito junto a opinião pública, quanto a própria

comunidade, considerando o risco de esse juiz disseminar

injustiças e macular o especial mecanismo de efetivação de

direitos que é a sentença”.56

Outra deficiência do corpo de magistrados brasileiros que

afeta sua capacidade de fazer do ativismo judiciário uma

ferramenta de efetivação da justiça e da igualdade, evitando os

efeitos negativos como os da súmula 329 do TST, é o fato de que

suas decisões atingem, em maior parte, a esfera de pessoas das

quais o magistrado desconhece sua realidade social, sendo este

desconhecimento fruto do alto custo da preparação para o concurso

público de magistratura que retira da concorrência os candidatos

com baixo poder aquisitivo e que representariam justamente as

pessoas mais afetadas pelas decisões dos magistrados, mantendo

justamente aqueles que tiveram menos contato com essa realidade.

O entendimento firmado através da súmula 329 do TST é

reflexo dessa carência na formação dos magistrados, pois seu

efeito negativo atinge o empregado em um ponto que os magistrados

deveriam manter incólume, dado o caráter alimentar e vital dessa,

55 SADEK, Maria Tereza. Magistrados: uma imagem em movimento. Rio de Janeiro: FGV, 2006. Página 28. In TEODORO, Maria Cecília Máximo. O Juiz Ativo e os Direitos Trabalhistas. São Paulo: LTr, 2011. Página 142.

56 GOMES, Suzana de Camargo. A escola de magistrados e a formação do juiz. In TEODORO, Maria Cecília Máximo. O Juiz Ativo e os Direitos Trabalhistas. São Paulo: LTr, 2011. Página 149.

Page 56: Monografia - Súmula 329 do TST - Garantia de Acesso à Justiça ou Ativismo Judicial Negativo.pdf

55

a retribuição monetária pelo trabalho prestado. Este efeito

negativo resulta da ausência de compreensão dos magistrados

sobre a vitaliciedade das verbas alimentares ante a realidade

social dos empregados, não sendo concebível àqueles a agressão

à esfera econômica desses, em razão do pagamento ao advogado com

base nas verbas recebidas.

7.2 MOTIVAÇÃO E REVISÃO DAS DECISÕES JUDICIAIS.

A criação de normas abertas, de caráter generalista,

ampliou o âmbito de interpretação e de criatividade judicial

exigidos dos magistrados e trouxe como consequência a obrigação

para o juiz de apresentar uma motivação mais consistente, rica

em argumentos convincentes, de modo a fundamentar a decisão e

também legitimá-la.57

No entanto, o entendimento consubstanciado nas súmulas 219

e 329 do TST são aplicados nas instâncias inferiores da Justiça

do Trabalho com base na força “vinculante” que possuem as súmulas

e orientações jurisprudenciais daquela Corte Superior, tendo

como reflexo deste efeito “vinculante” o fato de que as decisões

dos juízes singulares, e as Turmas dos Tribunais Regionais do

Trabalho, possuem como única fundamentação nas decisões que

indeferem o pedido de honorários advocatícios a indicação do

entendimento do Tribunal Superior do Trabalho expresso nas

súmulas 219 e 329 do TST.

57 SILVA, Ana de Lourdes Coutinho. Motivação das Decisões Judiciais. Disponível em: http://www.recantodasletras.com.br/teorialiteraria/1861690 Acesso em: 02 de novembro de 2012.

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56

Sendo a fundamentação da sentença uma súmula, e diante dos

reflexos negativos que o entendimento consubstanciado na súmula

podem acarretar, qual o mecanismo de revisão disponível para

debater as consequências desta sentença? Estando embasada por um

súmula, a revisão da sentença deverá se voltar contra o

entendimento consubstanciado na súmula, porém o procedimento

disponibilizado para este objetivo são eficientes?

No âmbito da Justiça do Trabalho, os procedimentos para

revisão de uma sentença são o Recurso Ordinário e o Recurso de

Revista, sendo que, para o presente estudo, cujo objeto são as

decisões embasadas nas súmulas editadas pelo Tribunal Superior

do Trabalho, será abordado o Recurso de Revista e os mecanismos

proporcionados por este instrumento para a revisão de uma decisão

cuja base fundamental é uma súmula.

O Recurso de Revista está previsto no artigo 896 da

Consolidação das Leis do Trabalho, no qual estão dispostos os

casos em que é cabível, bem como regras específicas sobre os

casos em que não será admitido, sendo justamente os casos de

inadmissibilidade do Recurso de Revista que mais importam para

ilustrar os riscos de decisões pautadas pelo Ativismo Judiciário

e que não alcançam a realidade social que será alcançada pelos

efeitos desta decisão.

Os parágrafos 3º, 4º e 5º do artigo 896 da CLT regulam os

casos em que o Recurso de Revista não será admitido, sendo:

§ 3º Os Tribunais Regionais do Trabalho procederão, obrigatoriamente, à uniformização de sua jurisprudência, nos termos do Livro I, Título IX, Capitulo I do CPC, não servindo a súmula respectiva para ensejar a admissibilidade do recurso de revista quando contrariar Súmula da Jurisprudência Uniforme do Tribunal Superior do Trabalho. (grifo feito)

§ 4º A divergência apta a ensejar o recurso de revista deve ser atual, não se considerando como tal a ultrapassada por súmula ou superada por iterativa e

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57

notória jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho. (grifo feito)

§ 5º Estando a decisão recorrida em consonância com enunciado da Súmula da Jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho, poderá o Ministro Relator, indicando-o, negar seguimento ao recurso de revista, aos Embargos, ou ao agravo de instrumento. Será denegado seguimento ao recurso nas hipóteses de intempestividade, deserção, falta de alçada e ilegitimidade de representação, cabendo a interposição de agravo. (grifo feito)

Conforme se extrai da simples leitura dos dispositivos

normativos acima transcritos, o Recurso de Revista, único meio

processual disponível para levar a discussão sobre os efeitos

negativos de uma decisão ao Tribunal Superior do Trabalho, não

está apto a instrumentalizar o debate a respeito dos efeitos

negativos de uma súmula. Pelo contrário, os dispositivos

celetistas visam impedir veementemente este debate, perpetuando

o entendimento sumulado e seus efeitos negativos.

Embora a CLT não disponha dos mecanismos que possibilitem

a revisão de uma súmula, o Regimento Interno do Tribunal Superior

do Trabalho regulamenta a matéria, no entanto, o procedimento

previsto no Regimento Interno do Tribunal apenas intensifica os

obstáculos apontados na CLT, pois a revisão, ou cancelamento de

uma súmula tem que observar requisitos que impedem o acesso à

justiça de forma ampla e efetiva, ao dispor que:

Art. 158. A revisão ou cancelamento da jurisprudência uniformizada do Tribunal, objeto de Súmula, de Orientação Jurisprudencial e de Precedente Normativo, será suscitada pela Seção Especializada, ao constatar que a decisão se inclina contrariamente a Súmula, a Orientação Jurisprudencial ou a Precedente Normativo, ou por proposta firmada por pelo menos dez Ministros da Corte, ou por projeto formulado pela Comissão de Jurisprudência e Precedentes Normativos.

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58

O dispositivo apontado, assim como o disposto no artigo

54, inciso III do RITST, legitimam apenas os próprios membros da

Corte a propor a edição, revisão ou cancelamento de Súmulas, de

Precedentes Normativos e de Orientações Jurisprudenciais, de

forma que a revisão ou cancelamento de uma súmula não está ao

alcance dos jurisdicionados.

In casu, as decisões dos magistrados trabalhistas que

embasam as sentenças que indeferem o pedido de honorários

advocatícios, nas súmulas 219 e 329 do TST, impondo ao

trabalhador o ônus de arcar com a remuneração do seu procurador,

embora fundamentada, não possui mecanismos hábeis para que seus

fundamentos sejam revistos pelas instancias superiores, tornando

imutável a sentença e perpetuando os reflexos negativos que podem

surgir do Ativismo Judiciário quando a sua manipulação não

reflete a realidade que busca tutelar.

7.3 A INSEGURANÇA JURÍDICA.

Sobre o Ativismo Judiciário e seus efeitos negativos, há

que se fazer breve consideração sobre seu efeito em relação à

segurança jurídica, que é atributo essencial de legitimidade de

um sistema jurídico, sendo princípio fundamental a ser observado

em um Estado Democrático de Direito, sob pena de serem suprimidos

os demais direitos fundamentais existentes.

No ordenamento jurídico pátrio este princípio está

consubstanciado no artigo 5º, incisos II e XXXVI, da Constituição

Federal, no qual está disposto que a ninguém será obrigado a

fazer ou deixar de fazer algo senão em virtude de lei, e que a

lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito

e a coisa julgada. Decorrendo do disposto na Constituição Federal

que foi atribuído a “Lei” e não a jurisprudência, o pressuposto

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59

a partir do qual será estabelecida a segurança jurídica do nosso

ordenamento jurídico, sendo “a lei o instrumento por excelência

de conformação jurídica das relações sociais”. 58

È perceptível a existência de um movimento de aproximação

do sistema jurídico adotado no Brasil, Civil Law, com o sistema

anglo-saxão, Common Law, que tem se concretizado através das

reformas processuais do Código de Processo Civil ao dispor sobre

a necessária observância das súmulas e jurisprudência dominante

dos Tribunais por meio, por exemplo, dos artigos 475, §3º, 544,

§4º, “c”, 557 caput todos do CPC e através da introdução da

súmula vinculante trazida com a Emenda Constitucional 45 de 2004,

atualmente prevista no artigo 103-A da Constituição Federal. 59

No entanto, este movimento de aproximação entre os dois

sistemas não é o suficiente para validar a jurisprudência como

fonte de validade das decisões dos magistrados trabalhistas,

pois, no caso das decisões prolatadas pelo TST, inexiste

disposição normativa que atribua efeito vinculante para suas

decisões. Embora, na prática, evidencie-se um quadro compatível

com essa vinculação, a ausência de norma que assegure a

observância da jurisprudência trabalhista como fonte de validade

das decisões reflete diretamente na segurança jurídica, atributo

que dever ser eminente a qualquer sistema jurídico.

“A força da jurisprudência é mais do que um conselho e

menos do que uma ordem’”, encontra-se na breve lição de Christian

Matthias Theodor Mommsem, a síntese da insegurança jurídica que

permeia o ativismo jurídico. Em um Estado que adota uma estrutura

jurídica baseada no Civil Law, no qual a segurança jurídica está

58 MENDES, Gilmar Ferreira, COELHO, Inocêncio Mártires. BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de Direito Constitucional. 4ª Edição. São Paulo: Saraiva 2009. Página 180.

59 SILVA, Ana de Lourdes Coutinho. Motivação das Decisões Judiciais. Disponível em: http://www.recantodasletras.com.br/teorialiteraria/1861690 Acesso em: 02 de novembro de 2012.

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baseada no texto da lei, decisões como a que criou a súmula 329

do TST, a partir do manejo do ativismo jurídico, padece desse

elemento essencial, tendo em vista a ausência de obrigatoriedade

de observância da jurisprudência para o julgamento dos casos

semelhantes, como ocorre nos sistemas jurídicos estruturados a

partir da Common Law.

Dada à relevância deste tema e tendo em vista a

fragmentação e a instabilidade da produção jurisprudencial

nacional, o novo projeto do Código de Processo Civil, PL 8.046\10

visa regulamentar a matéria com o intuito de tornar a produção

jurisprudencial mais estável e uniforme60. Para tanto, dispõem

em seu artigo 882:

Art. 882 - Os tribunais velarão pela uniformização e pela estabilidade da jurisprudência, observando-se o seguinte: I - sempre que possível, na forma e segundo as condições fixadas no regimento interno, deverão editar enunciados correspondentes à súmula da jurisprudência dominante; II - os órgãos fracionários seguirão a orientação do plenário, do órgão especial ou dos órgãos fracionários superiores aos quais estiverem vinculados, nesta ordem; III - a jurisprudência pacificada de qualquer tribunal deve orientar as decisões de todos os órgãos a ele vinculados; IV - a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal e dos tribunais superiores deve nortear as decisões de todos os tribunais e juízos singulares do país, de modo a concretizar plenamente os princípios da legalidade e da isonomia; V - na hipótese de alteração da jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal e dos tribunais superiores ou daquela oriunda de julgamento de casos repetitivos, pode haver modulação dos efeitos da alteração no interesse social e no da segurança jurídica. § 1º A mudança de entendimento sedimentado observará a necessidade de fundamentação adequada e específica, considerando o imperativo de estabilidade das relações jurídicas.

60 DANTAS, Bruno. Direito Fundamental à previsibilidade das decisões judiciais. Revista do Advogado Nº117. Página 19.

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§ 2º Os regimentos internos preverão formas de revisão da jurisprudência em procedimento autônomo, franqueando-se inclusive a realização de audiências públicas e a participação de pessoas, órgãos ou entidades que possam contribuir para a elucidação da matéria.

Sendo o projeto do novo Código de Processo Civil aprovado

nos termos acima descritos, será reforçado o papel da

jurisprudência e consequentemente do magistrado em nosso sistema

jurídico, aproximando-o ainda mais do sistema de commom Law ,

mas sua principal contribuição será criar mecanismos que

garantam que a segurança jurídica não será mitigada em nome da

necessidade de um juiz mais ativo, evitando uma produção

jurisprudencial descompromissada com a estabilidade jurídica.

No entanto, enquanto este dispositivo normativo não

ultrapassar a competência do Poder Legislativo e começar a

vigorar em nosso ordenamento jurídico, regulando a produção

jurisprudencial e seus efeitos, a ausência de efeito vinculante

das decisões prolatadas pela Justiça do Trabalho e as decisões

pautadas por uma postura interpretativa e criadora do magistrado

não possuem a prerrogativa de estabelecer os pressupostos que

atribuem segurança a um sistema jurídico, devendo o protagonismo

do Poder Judiciário ser exercido com a devida cautela.

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8. CONCLUSÃO.

A observância dos prudentes argumentos de Mauro

Cappelletti e Bryant Garth ainda em 1978, sobre a essencialidade

e indispensabilidade do advogado para decifrar leis cada vez

mais complexas e a necessidade da prestação de assistência

judiciária eficiente para aqueles que não podem arcar com as

despesas processuais, é vital para que o Direito do Trabalho

seja tratado como um direito de primeira grandeza, em que vigore

a imparcialidade do Juízo e a isonomia entre as partes.

A manutenção do jus postulandi no âmbito da Justiça do

Trabalho resulta apenas no mero acesso a jurisdição estatal,

possibilitando aos jurisdicionados o acesso irrestrito ao Poder

Judiciário não implicando, efetivamente, em proteção ao

hipossuficiente, pois a efetividade do acesso à justiça depende

da ocorrência de outros fatores que devem estar ao alcance do

jurisdicionado ante a complexidade envolta na instrução de uma

ação judicial, necessitando de assistência por profissional

habilitado e um mecanismo de remuneração deste profissional que

não implique em dano aos direitos daquele que recorre ao Poder

Judiciário em busca da defesa de seus direitos.

O método de ampliação ao acesso à Justiça do Trabalho,

proporcionado pelas súmulas 219 e 329 do Tribunal Superior do

Trabalho, ao defender a inaplicabilidade dos honorários de

sucumbência na seara trabalhista como forma de manutenção do

instituto do “jus postulandi” demonstra-se ineficaz e reflete os

mecanismos previstos ainda na primeira onda de acesso à justiça

descrita por Mauro Cappelletti e Bryant Garth, demonstrando a

imaturidade deste mecanismo, ante a inobservância de outros

fatores que implicam na efetividade deste acesso.

Afastar o instituto do jus postulandi da Justiça do

Trabalho não implicaria em restringir o acesso à jurisdição do

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63

Estado, pois este acesso é possibilitado nas demais esferas do

Poder Judiciário através da assistência judiciária prestada de

forma aberta, quer seja pela defensoria pública, por advogados

dativos ou através dos benefícios da “gratuidade judiciária” ao

hipossuficiente, que o isenta das custas processuais, honorários

advocatícios e periciais.

A contrario sensu, a manutenção deste entendimento pelo

Tribunal Superior do Trabalho, perpetua a agressão imposta

àquele que em defesa de suas razões e direitos busca a tutela do

Poder Judiciário e impede a plena eficácia da Justiça do

Trabalho, pois não entrega ao trabalhador o fruto integral de

seu labor.

O Ativismo Jurídico é o pilar que sustenta este

entendimento, sendo o reflexo do protagonismo de um Poder

Judiciário que não se limita a ser a “boca da lei”, atuando

através de uma postura criadora, cuja pretensão é efetivar a

tutela jurisdicional do Estado, em defesa das garantias e

direitos fundamentais elencados na Constituição Federal e que se

encontram ameaçados ante a crise do Estado e a pressão do

capitalismo.

No entanto, o exercício deste “instrumento” integralizador

da norma à realidade social, quando a atividade regulamentar

legislativa demonstra-se ineficaz diante do rápido

desenvolvimento das relações sociais, revela-se potencialmente

propagador de injustiças, em virtude da deficiência na formação

cultural, ética e técnica dos magistrados, bem como da

representatividade destes com relação às diferentes classes

sociais brasileiras.

Restou evidente que, em contrapartida ao efeito positivo

de possibilitar de forma irrestrita, embora pouco usual, o acesso

ao Poder Judiciário a todo jurisdicionado, tem se como

consequência negativa uma proteção ineficaz ao hipossuficiente,

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64

pois ante a ausência de conhecimento técnico por parte deste,

que o coloca em disparidade de armas com a outra parte, ocorre

a patente necessidade de ser assistido por profissional

habilitado e o acesso a este profissional tem como obstáculo o

monopólio da assistência judiciária exercido pelo sindicatos

profissionais, que não se esforçam em dar publicidade a este

direito e a disponibilizar um número suficiente de advogados

para atenderem a toda a demanda existente.

O Projeto de Lei 8.046\10 do novo Código de Processo Civil

corrobora a crítica aos rumos que a produção jurisprudencial dos

Tribunais Superiores vem tomando, procurando regulamentar a

uniformização, revisão e efeitos da jurisprudência, de forma a

evitar os efeitos negativos de sua instabilidade e fragmentação,

evitando que se estabeleçam e perpetuem injustiças.

A manutenção do texto dos súmulas 219 e 329 do TST

constituem um óbice definitivo para a não concessão de honorários

advocatícios no processo trabalhista, ocasionando um descompasso

entre os resultados pretendidos e os efetivamente alcançados.

Desta forma, assim como ocorre com o as normas positivadas,

existindo um descompasso entre os fatos e a jurisprudência dos

tribunais superiores, esta deve ser modificada, pois este

descompasso demonstra que o entendimento anteriormente adotado

não acompanhou o desenvolvimento das relações sociais, sendo a

mudança essencial para que a jurisprudência não corrobore com a

desregulamentação jurídica da qual o Poder Legislativo é refém.

O ideal para a seara trabalhista seria a coexistência do

instituto do jus postulandi para atender aqueles que prescindem

de assistência de profissional habilitado, e a assistência

judiciária nos moldes da processualística civil, afastando a

exclusividade dos sindicatos com relação à prestação da

assistência judiciária aos empregados e permitindo a existência

dos honorários de sucumbência na seara trabalhista como meio de

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remuneração aos profissionais que atuassem em defesa dos

trabalhadores.

Desta forma, os efeitos negativos da súmula 219,

corroborados pela súmula 329 do TST deixariam de existir, e a

Justiça do Trabalho alcançaria o seu objetivo de possibilitar um

acesso à justiça amplo e eficaz, ao possibilitando a necessária

proteção ao hipossuficiente e mantendo incólume o amplo acesso

a sua jurisdição através do instituto do jus postulandi para

aqueles que prescindem de assistência jurídica.

Por fim, conclui-se que o entendimento do Tribunal Superior

do Trabalho consubstanciado nas súmulas 219 e 329, é fruto de um

Ativismo Judicial Negativo, pois impõem ao trabalhador um ônus

decorrente da ineficácia da assistência judiciária ao seu

alcance, tornando-lhe prejudicial a defesa de seus próprios

direitos, necessitando de urgente revisão, deixando de aplicar

os limites aos honorários de sucumbência e modificando a forma

como a assistência judiciária deve ser prestada, tornando-se um

meio de defesa dos direitos trabalhistas e não um óbice a

eficácia da tutela jurisdicional.

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