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Movimento Água para São Paulo (MApSP) DRAFT PARA DISCUSSÃO 22 de março de 2013

Movimento Água para São Paulo (MApSP) - nature.org · A rede hidrográfica paulista é estruturada por duas grandes áreas de drenagem constituídas a partir do divisor de águas

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Movimento Águapara São Paulo

(MApSP)

DRAFT PARA DISCUSSÃO22 de março de 2013

Sumário

1 Desafio ............................................................................................................................................6

2 Contexto .........................................................................................................................................9

2.1 Ameaças e tendências ..................................................................................................................................11

2.2 Oportunidades ..................................................................................................................................................12

2.2.1 Recursos financeiros ..............................................................................................................................13

2.2.2 Mecanismos para a conservação ......................................................................................................14

2.2.3 Iniciativas existentes ...............................................................................................................................15

2.2.4 Experiência da TNC ................................................................................................................................15

3 O Movimento Água para São Paulo (MApSP) .....................................................................17

3.1 Teoria da Mudança: Combinando infraestrutura cinza com infraestrutura verde ..................18

3.2 Missão .................................................................................................................................................................20

3.3 Visão .....................................................................................................................................................................20

3.4 Estratégia ............................................................................................................................................................20

3.5 Objetivo ...............................................................................................................................................................20

3.6 Resultados esperados em 10 anos ...........................................................................................................20

3.7 Resultados esperados nos primeiros 2 anos ........................................................................................20

3.8 Proposta de valor para segmentos alvos ................................................................................................20

4 Componentes do MApSP ......................................................................................................... 22

4.1 Sensibilização e mobilização de atores-chave .....................................................................................22

4.2 Fortalecimento institucional dos municípios .........................................................................................22

4.3 Aprimoramento dos mecanismos de macro-gestão dos recursos hídricos para a

promoção da Infraestrutura Verde ...................................................................................................................22

5 Implementação .......................................................................................................................... 24

5.1 Fases do Projeto ...............................................................................................................................................24

5.1.1 Fase 1: Pré-projeto ..................................................................................................................................24

5.1.2 Fase 2: Implementação do MApSP...................................................................................................25

5.1.3 Fase 3: Alavancagem e Roll Out ........................................................................................................25

6 Plano Financeiro e Análise Econômica ................................................................................. 26

6.1 Investimentos ....................................................................................................................................................27

6.2 Custos e benefícios .........................................................................................................................................28

6.2.1 Análise de cenários business as usual versus cenário com o projeto ................................30

6.3 Oportunidades existentes ............................................................................................................................33

6.4 Oportunidades de alavancagem ................................................................................................................34

6.5 Internalização de recursos financeiros ....................................................................................................34

7 Análise de Riscos ...................................................................................................................... 35

8 Anexo............................................................................................................................................ 38

8.1 ANEXO 1: Matriz Lógica ...............................................................................................................................39

8.2 ANEXO 2: Plano de Atividades ..................................................................................................................44

8.3 ANEXO 3: Memória de Cálculo .................................................................................................................54

8.4 ANEXO 4: O Conselho Consultivo ............................................................................................................55

8.5 ANEXO 5: A Equipe de Gestão ..................................................................................................................56

8.6 ANEXO 6: Análise das 5 Forças .................................................................................................................59

8.7 ANEXO 7: 10 Maiores Usuários de Água ..............................................................................................60

8.8 ANEXO 8: Priorização das áreas de atuação: custo-benefício econômico e ambiental ......61

8.9 ANEXO 9: 1.28 Projetos com sinergia com a iniciativa MApSP ....................................................65

8.10 ANEXO 10: Breve Revisão da Literatura sobre Impacto dos investimentos do MApSP na

qualidade de água e no balanço hídrico .......................................................................................................67

8.11 ANEXO 11: Detalhamento das Ações de Comunicação e Marketing ......................................69

8.12 ANEXO 12: Organização institucional e gestão dos recursos hídricos em São Paulo .......71

8.13 ANEXO 13: Mapeamento das principais empresas para captação de fundos .....................74

8.14. ANEXO 14: Valoração do aporte de sedimentos .............................................................................78

2 MOVIMENTO ÁGUA PARA SÃO PAULO (MApSP) MOVIMENTO ÁGUA PARA SÃO PAULO (MApSP) 3

Expediente

Este documento foi elaborado pela equipe da The Nature Conservancy com o apoio do Grupo Falconi. The Nature ConservancyDireção geralJoão Campari – diretor AFCS

Equipe técnicaLuis Felipe Mendes – vice-diretor AFCSHenrique Santos – gerente de Conservação AFCSMarcel Viergever – gerente de Estratégia AFCSFernando Veiga – gerente de Fundos de Água LARGilberto Tiepolo – coordenador geral da Estratégia de PSA AFCSChristopher Finney – escritor AFCSCadija Tissiani – escritora e editora AFCSJoão Luis Guimarães – especialista em Geoprocessamento e Recursos Hídricos AFCS Licia Azevedo – analista de Geoprocessamento AFCSAnita T. B. Diederichsen – coordenadora Produtor de Água AFCSClaudio Klemz – especialista em PSAChristina Walker – diretora de Filantropia - LARAurélio Padovezi - coordenador geral da Estratégia de Restauração AFCSMarci Eggers - diretora de Marketing - LARAyla Tiago - especialista em Marketing AFCS Adriana Kfouri – diretora de Filantropia BrasilMarcelo Moura - diretor Associado de Marketing Brasil

Grupo Falconi Carlos Bicheiro - Consultor Líder de ProjetosMarcelo Esteves – consultor Rafael Santiago – consultorAndressa Costa – consultora

DES

AFI

O

©Adriano Gambarini

4 MOVIMENTO ÁGUA PARA SÃO PAULO (MApSP)

O Brasil tem em seu território 12% da água doce do planeta. Entretanto, a distribuição não é uniforme, pois 80% do potencial hídrico brasileiro está locali-zado na região Norte, enquanto outras regiões como o Nordeste e algumas áreas metropolitanas, sofrem de relativa escassez3. É o caso da Região Metropo-litana de São Paulo (RMSP). Nesta região, o maior conglomerado urbano do país, com uma população de quase 20 milhões, a disponibilidade de água per capita é relativamente baixa. De fato, já existe um dé-ficit hídrico na RMSP, uma vez que a demanda atu-al ultrapassa em 3m3/s a oferta. Pressupondo que a oferta permaneça estável, a previsão é que em 2025, o déficit aumente para 13m3/s devido ao crescimento estimado de 1,2% ao ano da população metropolitana.

Para reduzir ou até resolver o déficit, governos lo-cais e estadual estão investindo na conscientização da população a fim de promover o consumo mais racio-nal da água, e em obras de infraestrutura como, por exemplo, o aumento do bombeamento para o reser-vatório Biritiba e a implantação de captação do rio Juquiá. Entretanto, pouco é feito para conservar a ca-pacidade atual dos mananciais de captar, armazenar e filtrar água. Ao contrário, o processo desordenado de urbanização é uma ameaça cada vez mais séria aos remanescentes florestais e, consequentemente, à capacidade dos mananciais de “produzirem” água.

Segundo as Nações Unidas, cerca de 3 bilhões de pessoas vivem hoje com uma oferta anual de água abaixo do limite considerado seguro (1700 m³/pessoa/ano) e 1 bilhão não têm acesso a fontes limpas e seguras desse recurso natural.1 A distribuição geográfica desigual de água tem causado sérias limitações para o desenvolvimento econômico de vários países e desencadeado conflitos sociais. Estima-se que até 2025, mais de 66% da população mundial enfrentará falta de água e mais de 1,8 bilhões de pessoas habitarão regiões sob escassez hídrica2. A Fig. 1 mostra que, das 10 maiores economias do mundo, quatro já enfrentam problemas de abastecimento.

1 Revista EXAME, “Guia Exame de Sustentabilidade 2012”, 20122 “The United Nations World Water Development Report (WWDR4), ‘Managing Water under Uncertainty and Risk’”, 20123 Dal Marcondes, Envolverde / Carta Capital “O Brasil tem 12% da água doce do planeta, mal distribuída porém”, 2010

DESAFIO

Figura 1

1500

Boa oferta de água Situação vulnerável Situação crítica

ChinaÍndia

Estados U

nidosBrasil

Rússia

Japão

Itália

Alemanha

França

Reino Unido

1200

900

600

300

0

Consumo Nacional de Água (Bilhões de m3/ano)

Investimentos pesados são realizados em “infraestru-tura cinza” para ampliar a captação e para aumentar a eficiência do sistema, enquanto a “infraestrutura ver-de”, que garante a oferta e a qualidade da água, ainda é pouco considerada. O Movimento Água para São Paulo propõe equa-cionar o desequilíbrio hídrico, conservando e res-taurando os mananciais críticos para as bacias dos rios Alto Tietê, Piracicaba, Capivari e Jundiaí. Para tal fim, o Movimento desenvolverá ações que devem resultar em:• Ampla e forte coalisão de atores governamentais,

privados, ONGs e da população em geral, visando à conservação e restauração de florestas nativas e mananciais críticos para o abastecimento de água para a RMSP;

• Fortalecimento institucional dos órgãos estaduais e municipais de meio ambiente, de recursos hí-dricos, de planejamento, e dos comitês de bacias hidrográficas, em relação à gestão ambiental, ma-nejo eficiente de bacias hidrográficas e de conser-vação de serviços ecossistêmicos;

• Restauração de 12.200 hectares de florestas nati-vas e implementação de práticas de Conservação de Solos em 2.100 hectares, ambos fundamentais para a conservação da capacidade dos mananciais de “produzir” agua para São Paulo.

6 MOVIMENTO ÁGUA PARA SÃO PAULO (MApSP) MOVIMENTO ÁGUA PARA SÃO PAULO (MApSP) 7

CO

NTE

XTO

A rede hidrográfica paulista é estruturada por duas grandes áreas de drenagem constituídas a partir do divisor de águas da Serra do Mar: de um lado, a área de drenagem do rio Paraná, cujos afluentes prin-cipais são os rios Tietê e Paranapanema e, do outro, um conjunto de bacias cujos rios deságuam no litoral, como, por exemplo, o rio Paraíba do Sul e Ribeira de Iguape.

De acordo com a legislação estadual, essa rede hidrográfica é dividida em 22 Unidades Hidro-gráficas de Gerenciamento de Recursos Hídricos, UGRHIs(4). Há grandes disparidades entre essas regiões hidrográficas em termos de disponibilidade de água superficial per capita. Segundo o mais re-cente Plano Estadual (2012-2015), as UGRHIs que apresentam os menores índices de disponibilidade per capita são também as que concentram maior po-pulação: a unidade de gestão Alto Tietê (135 m3/hab/ano), a unidade de gestão PCJ (1.069 m3/hab/ano), formada pelos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, e a unidade de gestão Sorocaba e Médio Tietê (1.831m3/hab/ano) (5). Ademais, as UGRHIs PCJ e Paraíba do Sul têm sua disponibilidade superficial seriamente afetada devido à transposição de águas de suas bacias hidrográficas para regiões adjacentes. Na UGRHI PCJ, parte das águas de suas cabeceiras (31m3/s) é destinada--através sistema Cantareira--à UGRHI Alto Tietê, para abastecimento da Região Metropoli-tana de São Paulo (RMSP).

O abastecimento dos 39 municípios da RMSP é realizado por oito sistemas6 que, juntos, têm capa-

Oitenta por cento do potencial hídrico brasileiro está localizado na região Norte, que possui menos de 8% da população e a menor demanda país. No outro extremo, nove estados já ultrapassaram ou estão no limiar do déficit hídrico. A falta de água no Brasil não se restringe aos estados do Nordeste, onde a ocorrência de secas já se tornou um problema crônico. A região Sudeste, vem enfrentando “apagões” e racionamento devido aos baixos níveis de água nos reservatórios, principalmente, nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, onde se localizam os dois maiores e mais dinâmicos centros urbanos do país.

CONTEXTO

cidade de, aproximadamente, 70m3/s (7), da qual quase metade tem origem no sistema Cantareira (Ver Figuras 2 e 3). O sistema Cantareira foi inau-gurado em 1973 para resolver as deficiências de abas-tecimento público da RMSP. O sistema aproveita os rios Juquery, Atibainha, Cachoeira, Jaguari e Jacareí por meio de construção de barragens, reservatórios, túneis, canais e uma estação elevatória. Hoje, o siste-ma Cantareira abastece quase 9 milhões de habitan-tes, com uma produção de 33 mil litros por segundo, provenientes, basicamente, das cabeceiras da bacia hidrográfica do rio Piracicaba.

As bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí ocupam uma área de, aproximadamente, 15 mil qui-lômetros quadrados (93% no estado de São Paulo e 7% no estado de Minas Gerais). Elas incluem ainda 44 municípios em sua totalidade, 29 parcialmente, e possuem outros 18 municípios externos limítrofes. O Comitê PCJ inclui um total de 61 municípios pau-listas e quatro mineiros (3). A população total desses municípios dobrou desde 1980 e ultrapassa atual-mente 5 milhões de habitantes (4). A área da bacia é ocupada, em grande parte, para a produção de cana--de-açúcar (33,6%) e pastagens (39,1%). A vegetação original ocupa apenas 7,9% da área, principalmente, nas margens dos cursos d’água e em outras Áreas de Preservação Permanente (APP).

©Cadija Tissiani

MOVIMENTO ÁGUA PARA SÃO PAULO (MApSP) 9

2.1 Ameaças e tendências

A Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) tem mais de 20 milhões de habitantes, gera 20% do PIB brasileiro e sofre com uma das taxas mais baixas de disponibilidade hídrica por habitante no Brasil, cerca de 146 m3/pessoa/ano (ver Fig. 4). A disponi-bilidade hídrica do sistema integrado que abastece a RMSP é de 67 mil litros por segundo5. Como a de-manda atual ultrapassa os 70 mil litros por segundo, existe um déficit hídrico na RMSP da ordem 3.000 litros por segundo, o que aumenta a incidência de ra-cionamentos e “rodízios de abastecimento”. Esta si-tuação gera dificuldades na obtenção de outorgas de uso da água por indústrias e afeta o desenvolvimento econômico da região, como também o bem estar das pessoas. Com o aumento da população local proje-tado em 1,2% ao ano6, a previsão é que, até 2025, a demanda aumente para 80 mil litros por segundo, atingindo um déficit de 13 mil litros por segundo, caso não haja ações para o aumento da oferta de água.

Uma das principais ameaças à continuidade do abastecimento de água com qualidade para a popu-lação e para a indústria é a degradação dos manan-ciais. A cobertura de florestas nos mananciais que

5 Fontes: (1) Revista EXAME, “Guia Exame de Sustentabilidade 2012”, 2012 (2) Organização das Nações Unidas “The United Nations World Water Development Report (WWDR4), ‘Managing Water under Uncertainty and Risk’”, 2012 (3) Dal Marcondes, Envolverde / Carta Capital “O Brasil tem 12% da água doce do planeta, mal distribuída porém”, 20106 Fontes: (1) Atlas REGIÕES METROPOLITANAS. Abastecimento urbano de água, resumo executivo; Agência Nacional de Águas. – Brasília, ANA, 2009. (2) http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-40142011000100009&script=sci_arttext

Figura 2

Figura 3 Figura 4

abastecem a RMSP se resume a 38%, ou seja, aproxi-madamente 70% da cobertura vegetal das bacias fo-ram removidos. Os processos erosivos causados pela degradação das florestas e pela má gestão do uso do solo causam o assoreamento dos rios e, consequen-temente, dos reservatórios, com diminuição expres-siva na capacidade de armazenamento dos mesmos, comprometendo a disponibilidade hídrica em perí-odos de seca e agravando eventos extremos que im-pactam, principalmente, a população mais pobre. A queda na quantidade e qualidade de água, a instabili-dade da vazão dos rios e o aumento de enchentes são preocupações constantes da população, dos governos e também das empresas que dependem da segurança hídrica para continuarem produzindo.

Essas ameaças afetam todos os sistemas de abaste-cimento da RMSP, incluindo os principais: Cantarei-ra, Alto Tietê-Cabeceiras e Alto Tietê-Guarapiran-ga/Billings.

10 MOVIMENTO ÁGUA PARA SÃO PAULO (MApSP) MOVIMENTO ÁGUA PARA SÃO PAULO (MApSP) 11

O Sistema Cantareira, localizado nas cabeceiras da bacia do Piracicaba é caracterizado pelo relevo aci-dentado e solos frágeis (ver Fig 5). A conversão de florestas e a pecuária extensiva, desenvolvida há dé-cadas na região, causam erosão grave e, por consequ-ência, a crescente perda de qualidade das águas desse manancial. Já o sistema Guarapiranga/Billings sofre dos impactos da urbanização. Zonas ripárias foram alteradas como resultado de desenvolvimento urba-no. A qualidade da água está comprometida pela falta de tratamento de esgoto e de resíduos industriais, en-quanto o desmatamento reduziu a capacidade natural do sistema para filtrar sedimentos e produtos quími-cos. O sistema Alto Tietê-Cabeceiras recebe excesso de nutrientes provenientes de atividades agrícolas, o que compromete a qualidade da água e degrada os ecossistemas aquáticos. O uso de práticas agrícolas inadequadas em áreas sensíveis, como zonas ripárias, encostas íngremes e zonas de recarga de aquíferos, re-presenta a principal ameaça ao abastecimento de água

7 Ecosystem Restoration of riparian Forests in São Paulo8 Lei 13.798 de 9 de novembro de 20099 Artigo 23 da Lei 13.798 de 9 de novembro de 200910 Leis 12.651/2012 e Leis 12.727

Figura 5

nesta região, causando a poluição da água e diminui-ção dos volumes de aquíferos subterrâneos.

2.2 Oportunidades

A estratégia tradicional dos gestores de recursos hídricos para aumentar a oferta de água na RMSP tem sido a procura de novos mananciais, cada vez mais distantes das áreas urbanas e de alto custo de implementação. Há, no entanto, oportunidades para implementar soluções mais eficientes, baseadas em estruturas de gestão que já estão em funcionamen-to e oferecem uma boa base para a busca de solu-ções alternativas. Assim sendo, o MApSP se propõe a apoiar e contribuir com as entidades responsáveis pela gestão dos recursos hídricos, especialmente os Comitês de Bacia do PCJ e do Alto Tietê, de forma a promover a internalização do conceito de Infraestru-ra Verde como um dos mecanismos de gestão de re-cursos hídricos, trabalhando também para assegurar

a destinação de recursos dos comitês para ações desta natureza dentro dos seus Planos de Bacia. Para isso, o MApSP quer contribuir com todas as instâncias de gestão de recursos hídricos, por meio da disponibili-zação de informações técnicas sobre serviços ambien-tais que poderão proporcionar uma gestão de recur-sos hídricos que também esteja embasada no melhor aproveitamento do potencial da infraestrutura verde para buscar a garantia de provisão de água em quan-tidade e qualidade suficientes. Além disso, o MApSP poderá disponibilizar seu corpo técnico para apoiar a gestão de projetos para incremento e proteção da infraestrutura verde que o governo estadual, os mu-nicípios, os comitês de bacia e as companhias de sane-amento planejarem conduzir na região de interesse. Finalmente, a TNC tem forte interesse em intensi-ficar sua atuação nos comitês de bacias PCJ e Alto Tietê, para promover a efetiva inserção da agenda de infraestrutura verde nos planos de bacia coordenados por estes comitês.

Uma descrição completa da organização institu-cional e gestão dos recursos hídricos em São Paulo encontra-se no Anexo 12.

2.2.1 Recursos financeirosNo estado de São Paulo, os recursos disponíveis

para aplicação nas ações previstas no plano de bacia, são provenientes principalmente de duas fontes: a cobrança pelo uso da água (nas bacias onde o meca-nismo já foi instituído) e o FEHIDRO. Fontes do governo estadual paulista estimam uma arrecadação em todos os comitês onde a cobrança já foi instituída da ordem de R$ 200 milhões, em 2014.

Entre os anos de 1994 e 2011, foram destinados ao Comitê das Bacias PCJ cerca de R$220 milhões (advindos principalmente das cobranças federal e es-tadual pelo uso da água e do FEHIDRO), sendo que a estimativa de arrecadação atual da cobrança pelo uso da água é de R$40 milhões/ano. O Plano das Ba-cias PCJ (período 2010-2020) indica uma disponi-bilidade de recursos assegurados da ordem de R$633 milhões até 2014, e de R$655 milhões previstos até 2020, recursos provenientes principalmente da SA-BESP e da arrecadação do Comitê PCJ, mas também

do Plano de Aceleração de Crescimento – PAC. Entretanto, no período 1994-2011, a destina-

ção específica a projetos relacionados à Infraestru-tura Verde (recomposição florestal, por exemplo), foi de apenas R$ 2,8 milhões, segundo informações da agência das bacias PCJ. Felizmente, este cenário de modestos investimentos em Infraestrutura Ver-de nestas bacias vem mudando. O Plano das Bacias PCJ (período 2010-2020) prevê uma aplicação de R$ 255,6 milhões entre 2013 e 2020 nas ações pre-vistas no Plano de Duração Continuada 4 (PDC4) - Conservação e Proteção dos Corpos d’água, sendo este componente do Plano de Bacia mais relacionado ao conceito e as intervenções de Infraestrutura Verde defendidas e previstas pelo MApSP.

Para o Comitê de Bacia do Alto Tietê, a cobrança de uso da água, a ser instituída em 2013, deve arreca-dar R$30 e R$40 milhões nos dois primeiros anos, sendo estimada uma arrecadação de R$50 milhões nos anos seguintes. Ou seja, é previsto um montan-te de recursos disponíveis nos dez primeiros anos de R$470 milhões, apenas pela cobrança. A Bacia do Alto Tietê já recebe investimentos de grande porte de diversos agentes como SABESP, Prefeitura Mu-nicipal de São Paulo, DAEE, entre outros. É impor-tante ressaltar que a lei que dispõe sobre a cobrança pela utilização dos recursos hídricos no estado de São Paulo (Lei 12.183/05) estabeleceu a destinação, pelo período de 10 anos, de no mínimo 50% dos recursos de investimento oriundos da cobrança para conserva-ção, proteção e recuperação das áreas de mananciais que atendam à área de atuação do Comitê do Alto Tietê. Isso garante, em tese, a destinação assegurada de cerca de R$ 270 milhões de reais para ações rela-cionadas ao conceito de Infraestrutura Verde para os mananciais do Alto Tietê, uma das áreas de ação do MApSP, além do Sistema Cantareira.

Um dos principais pilares de sustentação para o atingimento dos objetivos do MApSP, é assegurar que esses recursos, já previstos pelos Comitês das Ba-cias PCJ e da Bacia do Alto Tietê para investimentos em ações de Infraestrutura Verde, e que somam mais de R$ 500 milhões para os próximos 10 anos, sejam efetivamente aplicados. Para isso, um conjunto de es-

12 MOVIMENTO ÁGUA PARA SÃO PAULO (MApSP) MOVIMENTO ÁGUA PARA SÃO PAULO (MApSP) 13

Área Total de APP Ciliar: 85.146 hectares

44.065 Ha

41.081 HaAPP Ciliar Antropizada(52%)

APP Ciliar Remanescente(48%)

tratégias deverá ser implementado pelo Movimento para internalizar o conceito de Infraestrura Verde e a necessidade das intervenções propostas como vetores eficientes para a melhoria da qualidade e da disponi-bilidade dos recursos hídricos. Entre elas, o MApSp deverá: 1) aumentar seu nível de participação e influ-ência nestes comitês; 2) apresentar estudos que indi-quem áreas prioritárias para investimento em ações ambientais e que estimem as melhorias ambientais e retornos econômicos advindos desses investimentos; 3) trabalhar para a criação de programas específicos de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) e de Infraestrutura Verde nesses comitês; e 4) capacitar prefeituras para a elaboração e implementação de programas municipais de PSA e para a submissão de projetos de PSA e Infraestrutura Verde para os co-mitês, visando à obtenção de recursos para sua im-plantação.

2.2.2 Mecanismos para a conservaçãoA análise dos índices de degradação da cobertura

florestal dos dois principais sistemas de abastecimen-to da RMSP (Alto Tietê e Cantareira), demonstra que 44 mil hectares de áreas de matas ciliares encon-tram-se degradados (ver Fig. 7). Esse valor represen-ta 52% do total de matas ciliares que deveriam estar preservadas. Isso não somente gera externalidade ambiental, como também afronta a legislação am-

cas – PEMC8. Essa Lei criou, sob a coordenação da Secretaria do Meio Ambiente, o Programa de Rema-nescentes Florestais com objetivo de “fomentar a de-limitação, demarcação e recuperação de matas ciliares e outros tipos de fragmentos florestais, podendo pre-ver, para consecução de suas finalidades, o Pagamen-to por Serviços Ambientais aos proprietários rurais conservacionistas, bem como incentivos econômicos a políticas voluntárias de redução de desmatamen-to e proteção ambienta” (9). Essa legislação criou a oportunidade de implementar iniciativas de PSA em escala maior.

A norma, aliada à aprovação do novo Código Flo-restal 10, que obriga os produtores a registrar suas propriedades e os remanescentes nelas existentes no chamado “Cadastro Ambiental Rural”, fornece uma oportunidade única para integrar melhor a gestão e para conservar a vegetação nativa e restaurar as áreas degradadas que ameaçam as mananciais nas bacias.

2.2.3 Iniciativas existentesHá, no estado de São Paulo, ampla experiência

na gestão dos recursos hídricos e na implementação de projetos com grande relevância para a presente iniciativa. Essa experiência inclui o Programa Ma-

Figura 7

Figura 8

Fonte: TNC (2012)

biental brasileira, uma vez que nascentes e margens de rio são intocáveis por serem reconhecidas pelo Código Florestal como Áreas de Preservação Perma-nentes (APPs).

Nesse contexto, um projeto do Global Environ-ment Facility (GEF) e Banco Mundial, sob coor-denação da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (SMA-SP), para restauração de matas ciliares(7) introduziu, em 2005, o Programa Mata Ciliar no Es-tado de São Paulo. No âmbito desse projeto, introdu-ziu-se o conceito de PSA como um incentivo para que pequenos produtores restaurassem suas áreas de preservação permanentes. Baseado nessa inicia-tiva, um programa que recompensa produtores pela conservação ou restauração de áreas de preservação permanente (APPs) foi implementado com recursos do Comitê das Bacias PCJ nas micro-bacias Moinho e Cancan, no Sistema Cantareira (Bacia do rio Pira-cicaba),. O projeto, o “Produtor de Água no PCJ”, é coordenado pela TNC, em parceria com SMA--SP, Casa da Agricultura de São Paulo, entre outros parceiros. Como uma derivação do Programa Mata Ciliar, também foi criado pela SMA-SP, o “Projeto Mina D’Água”, que vem a ser o embrião do Programa Estadual de Pagamento por Serviços Ambientais do Estado de São Paulo.

Em novembro de 2009, o estado de São Paulo instituiu a Política Estadual de Mudanças Climáti-

nanciais, Projeto Parque Várzeas Tietê; Vida Nova Mananciais; Mina d’Água; o projeto Despoluição dos Rio de São Paulo; e Águas Claras do Rio Pinheiros (ver anexo 9). Esses projetos apoiam ações para recu-peração de margens de rios e de grandes reservatórios da região como também a conservação e restauração de mananciais críticos.

2.2.4 Experiência da TNCA The Nature Conservancy (TNC) foi fundada

em 1951 e atua no Brasil desde 1988. Por ser uma organização não governamental internacional, de-senvolve projetos e programas ambientais de gran-de porte em mais de 35 países. Para garantir que os resultados sejam legítimos, duradouros e de escala, a TNC trabalha formando coalisões de parceiros, cata-lisando processos que fornecem soluções inovadoras e viáveis para problemas ambientais complexos. A organização é pautada no direcionamento dado pela ciência de vanguarda e reconhece o benefício que as pessoas recebem pela conservação da biodiversidade e dos serviços prestados pelos recursos naturais. A TNC tem mais de 4 mil funcionários e sua equipe técnica é formada por profissionais da mais alta com-petência nas diversas áreas do conhecimento.

14 MOVIMENTO ÁGUA PARA SÃO PAULO (MApSP) MOVIMENTO ÁGUA PARA SÃO PAULO (MApSP) 15

O trabalho do MapSP está vinculado à estratégia da TNC para a conservação e recuperação dos ma-nanciais que abastecem as principais cidades da Amé-rica Latina denominada Fundos de Água para a Amé-rica Latina. Os doze fundos de água existentes no continente até o momento incluem mais de 100 par-ceiros (públicos, privados e da sociedade civil organi-zada), e protegem algumas das áreas mais importan-tes em termos econômicos e populacionais da região. Nos próximos cinco anos, os Fundos de Água para a América Latina pretendem alavancar US$27 milhões para a estruturação desses fundos, o que beneficiará 3 milhões de hectares em bacias hidrográficas que pro-veem água a aproximadamente 50 milhões de pesso-as. No México, por exemplo, a TNC está ajudando a criar um fundo fiduciário para receber especifica-mente aportes de recursos privados que alavanquem recursos públicos para gestão de recursos hídricos.

Dentro das iniciativas de implementação de pro-jetos de PSA, a TNC vem trabalhando desde 2006 na bacia do rio Piracicaba, especialmente na área co-nhecida como Sistema Cantareira, responsável por metade da provisão de água da RMSP. Nesses proje-tos, mais de 125 proprietários rurais vêm sendo remu-nerados por ajudar a restaurar e conservar 2 mil hec-tares de florestas. Os mesmos já direcionaram cerca de R$5 milhões de fundos públicos e privados àqueles que aderiram a ele, e tem o potencial de catalisar ain-da mais recursos.

Mais importante, um desses projetos já foi insti-tucionalizado, com forte governança pública: o mu-nicípio de Extrema, localizado na parte mineira do Sistema Cantareira, gerencia o projeto Conservador das Águas a partir do extenso aprendizado adquirido na parceria com a TNC, com a Agência Nacional de Águas (ANA) e os governos dos estados de São Pau-lo e Minas Gerais, além do apoio inicial de diversas empresas. O outro projeto, na mesma linha, que vem sendo desenvolvido no Sistema Cantareira e liderado pela TNC, o projeto Produtor de Água do Comitê de Bacias PCJ, é o primeiro projeto de PSA no estado de São Paulo financiados com recursos da cobrança pelo uso da água.

Outra experiência relevante da TNC é a imple-mentação do Cadastro Ambiental Rural (CAR) como parte do processo de adequação ambiental de propriedades rurais frente o Código Florestal. As ações apoiadas pela TNC visam a facilitar a aplicação

e o cumprimento do Código Florestal, maximizando a conservação de habitats naturais e a manutenção de serviços ambientais em paisagens agropecuárias pro-dutivas e funcionais. O sucesso das iniciativas desen-volvidas pela TNC resultou na consolidação do CAR enquanto política pública adotada pelos estados e pelo Governo Federal, tornando-o pauta no proces-so de controle ambiental no novo código florestal, reconhecendo-o como um subsídio importante para ajudar nos processos de ordenamento territorial.

No Movimento Água para São Paulo, o CAR será utilizado para mensurar e monitorar as áreas de ori-gem dos serviços ambientais gerados pelas áreas pre-servadas dentro das propriedades rurais, garantindo a transparência no cumprimento das metas do projeto.

Institucionalmente, a TNC tem postura concilia-dora, pró-ativa e focada em resultados, o que a posi-ciona de forma diferenciada como agente aglutinador dos diversos atores da RMSP para conduzir com êxi-to o Movimento Água para São Paulo. (Ver Anexo 6)

O Movimento Água para São Paulo (MApSP)

©Cadija Tissiani

16 MOVIMENTO ÁGUA PARA SÃO PAULO (MApSP)

3.1 Teoria da Mudança: Combinando infraestrutura cinza com infraestrutura verde

Para equacionar o problema do déficit hídrico e da qualidade de água é preciso tornar o consumo de água mais racional e aumentar a disponibilidade de água. O consumo de água é determinado pela quan-tidade de usuários--incluindo indústria, agricultura, e a população--e pelo nível de consumo desses usuá-rios. A disponibilidade de água pode ser aumentada por meio da combinação da infraestrutura cinza com a infraestrutura verde.

A solução tradicional para garantir a quantidade e qualidade dos recursos hídricos é a infraestrutura cinza. Isso consiste em soluções da engenharia, como ampliação da estrutura dos sistemas de produção de água, por exemplo, a construção de novos reservató-rios, redução da poluição por ampliação do sistema de coleta e tratamento de esgoto, ou pela busca de novos mananciais de onde se possa importar água. A cha-mada infraestrutura verde, por outro lado, consiste nas soluções para proteger as fontes de água existen-tes na natureza, tais como a proteção e restauração das nascentes e margens dos rios em mananciais, a utilização de boas práticas agrícolas que diminuam processos erosivos, e o uso adequado de agroquími-cos para evitar o percolamento para o lençol freático e reduzir a poluição de águas superficiais. (Ver Fig. 9).

A importância da conservação e restauração da cobertura florestal é evidente quando comparamos a

11 FONTES: Agência das Bacias PCJ Cobranças PCJ – palestra feita pelo sr. Sérgio Rasera (Diretor Administrativo e Financeiro da Fundação Agência das Bacias PCJ) no 1º Simpósio Técnico do Comitê das Bacias PCJ (agosto/2012).

qualidade da água em regiões com maior grau de con-servação com regiões relativamente mais degradadas (ver Case 1). Com isso, a natureza se torna uma espé-cie de infraestrutura que fornece água limpa. O volu-me de investimentos e ações realizadas para financiar a infraestrutura verde ainda são consideravelmente inferiores se comparados aos valores investidos na infraestrutura cinza. Segundo dados da agência das bacias do sistema PCJ, foram investidos R$ 2,75 mi-lhões em recomposição florestal entre 1994 e 2011, o equivalente a 1,4% dos R$ 220 milhões arrecadados pelo Fundo Estadual de Recursos Hídricos (FEHI-DRO) e pela cobrança do uso da água pelo Comitê de Bacias PCJ no mesmo período, segundo a Agência das Bacias PCJ11.

A presente iniciativa parte do pressuposto que para gerar um círculo virtuoso e permanente para ga-rantir água suficiente e de boa qualidade para a Re-gião Metropolitana de São Paulo (RMSP), será ne-cessário, primeiramente, uma campanha ampla que objetive a conexão do cidadão comum com a fonte de sua água--e que também o conscientize os usuá-rios para racionalizar o consumo. A conscientização do cidadão e dos stakeholders-chave será a base para um plano de ação que consiste na combinação da in-fraestrutura cinza com a infraestrutura verde, com-plementadas por incentivos financeiros àqueles que promovem a conservação e recuperação dos corpos d’água em propriedades rurais localizadas em áreas de mananciais (os chamados “produtores de água”).

Figura 9

18 MOVIMENTO ÁGUA PARA SÃO PAULO (MApSP) MOVIMENTO ÁGUA PARA SÃO PAULO (MApSP) 19

A implementação conjunta da infraestrutura cinza com a infraestrutura verde resultará:1. Na conservação e restauração de áreas críticas para

a produção de água, da qual as pessoas e empresas da RMSP dependem; e

2. No aumento da disponibilidade hídrica para a RMSP e incremento dos serviços ambientais de redução de aporte de sedimentos e nutrientes, re-gulação de fluxo hídrico, e mitigação de mudanças climáticas.

Para alcançar esses objetivos, a presente iniciati-va propõe criar O Movimento Água para São Paulo (MApSP)

3.2 Missão Conservar e restaurar as áreas críticas para a produ-ção de água, da qual as pessoas e empresas da Região Metropolitana de São Paulo dependem.

3.3 VisãoMobilizar uma ampla coalisão de atores dos setores público, privado, financeiro, da sociedade civil orga-nizada e do terceiro setor na implementação de solu-ções consertadas, economicamente viáveis e focadas na conservação e restauração do capital natural para assegurar a disponibilidade e qualidade de água para a população da RMSP.

3.4 Estratégia Implementar um projeto de grande porte para de-monstrar que a conservação de solos e a restauração de florestas fazem parte de uma solução economicamente viável e financeiramente auto-sustentável para assegu-rar a disponibilidade permanente de água limpa para a população da região metropolitana de São Paulo.

3.5 ObjetivoIncrementar a oferta de serviços ambientais—parti-cularmente, a redução de aporte de sedimentos e nu-trientes aos rios, a regulação de fluxo hídrico, e a mi-tigação dos impactos das mudanças climáticas--para aumentar a disponibilidade hídrica para a RMSP.

3.6 Resultados esperados em 10 anos• Restauração de 12.2 mil hectares de floresta nativa

em áreas prioritárias para a produção de água;

• Conservação de 150 mil hectares de remanescen-tes de floresta;

• Adoção de práticas de Conservação de Solos em 2.100 hectares de áreas produtivas em áreas prio-ritárias para a produção de água;

• Realização e disseminação de estudos que avaliem o impacto das ações de infraestrutura verde sobre outros serviços ambientais como regulação de va-zão dos rios, filtragem de nutrientes, mitigação de eventos extremos, entre outros a serem qualifica-dos pelo projeto.

3.7 Resultados esperados nos primeiros 2 anos• Parcerias firmadas com 10 municípios dentro dos

sistemas Cantareira e Alto Tietê, para capacitação dos mesmos em desenvolvimento e implementa-ção de programas de Pagamento por Serviços Am-bientais (PSA);

• Sete municípios com programas de PSA imple-mentados;

• 150 hectares das áreas priorizadas pelo MApSP recuperados;

• 48 mil hectares protegidos como Áreas de Pre-servação Permanente e 99 mil hectares de floresta protegidos como Reservas Legais;

• 1000 hectares de florestas existentes conservadas sob contratos de PSA;

• 400 hectares de áreas produtivas adotando me-lhores práticas agrícolas, com processos erosivos controlados e carreamento agroquímicos reduzi-dos.

3.8 Proposta de valor para segmentos alvos• Aos habitantes da RMSP: fornecimento de quan-

tidade contínua de água de boa qualidade;• À indústria e à agricultura: risco reduzido de falta

de água para os processos produtivos;• À Sabesp: uma abordagem custo-efetiva para o

abastecimento de água;• Aos governos municipais e estaduais e aos comitês

de bacias: maior coordenação e capacidade de ge-renciar as bacias hidrográficas utilizando uma base científica robusta para a tomada de decisões.

do MApSP

Com

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©Zé Paiva

20 MOVIMENTO ÁGUA PARA SÃO PAULO (MApSP)

4.1 Sensibilização e mobilização de atores-chave

A primeira iniciativa do MApSP é sensibilizar ato-res-chave para a relação entre a água que consomem e as bacias hidrográficas que a fornece, assim como da situação da degradação ambiental das bacias hidro-gráficas da RMSP e sua conexão com a qualidade e quantidade de água. A sensibilização, mobilização e engajamento contemplarão atividades direcionadas à população em geral, ao setor privado, aos governos, comitês de bacia e ONGs. Com essa demanda criada, o MApSP poderá ser implementado. Os resultados desse componente estão agrupados em cinco catego-rias (com suas respectivas atividades detalhadas no Plano de Atividades no Anexo 2):

4.1.1 Sensibilização da População4.1.2 Mobilização e engajamento do setor privado4.1.3 Articulação e mobilização de governos locais4.1.4 Mobilização dos comitês de bacias para agenda verde4.1.5 Engajamento de parceiros com potencial de sinergia

4.2 Fortalecimento institucional dos municípios

Para garantir efetividade e continuidade das ações de restauração e conservação é fundamental a lide-rança dos governos municipais. Entretanto, falta à maioria dos governos municipais a capacidade técni-ca e institucional para implementação das atividades de restauração florestal, conservação de remanes-centes e práticas de Conservação de Solos associadas ao pagamento por serviços ambientais (PSA). Esse componente visa, portanto, a capacitar os municípios da região dos sistemas Cantareira e Alto Tietê para desenhar o arcabouço legal necessário. Também visa a capacitar as prefeituras para desenvolver e imple-

Para alcançar os objetivos, o MapSP está estruturado em três componentes: 1. Sensibilização e mobilização de atores-chave;2. Fortalecimento institucional dos municípios;3. Aprimoramento dos mecanismos de macro-gestão dos recursos hídricos.

mentar projetos e programas de PSA associados às práticas de restauração e conservação florestal e de melhores práticas agrícolas. O componente atenderá ainda as necessidades de capacitação de organizações locais de trabalhadores que estarão envolvidos nas atividades de restauração. Consultorias específicas serão promovidas para subsidiar a tomada de deci-sões, fazendo com que as intervenções sejam rápidas, de alto impacto e custo-efetivas. Assim, as ações pre-vistas neste componente podem ser agrupados em três categorias:

4.2.1 Governança municipal4.2.2 Capacitação dos municípios4.2.3 Conservação de Agua e Solo

4.3 Aprimoramento dos mecanismos de macro-gestão dos recursos hídricos para a promoção da Infraestrutura Verde

Um dos fundamentos do esforço bem-sucedido do MApSP é o poder das agências governamentais locais em apoiar, orientar, implementar e monitorar os investimentos e as atividades necessárias para o cumprimento das metas do projeto. O Movimento Água para São Paulo (MApSP) se propõe a apoiar e contribuir com as entidades responsáveis pela gestão dos recursos hídricos, especialmente os Comitês de Bacia do PCJ e do Alto Tietê, dentro das seguintes categorias:

4.3.1 Aperfeiçoamento da informação sobre ser-viços ambientais para gestão de recursos hidricos4.3.2 Gestão de Projetos para infraestrutura verde4.3.3 Atuação dos comitês de bacias na implemen-tação de infraestrutura verde

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22 MOVIMENTO ÁGUA PARA SÃO PAULO (MApSP)

5.1 Fases do Projeto

O projeto está estruturado em 3 fases, conforme mostra o diagrama acima.

5.1.1 Fase 1: Pré-projetoAlém de elaborar o documento base do projeto,

já na Fase 1 será recrutado um conselho consultivo para ajudar a desenhar o MApSP e garantir a boa governança e aderência aos objetivos durante a fase 2 (implementação). Uma equipe mínima de gestão também será identificada na Fase 1.

5.1.1.1 O Conselho ConsultivoUm grupo de 8-12 líderes dos setores público e

privado será recrutado seletivamente para compor o Conselho Consultivo, garantindo as forças polí-tica e empresarial necessárias para nortear as ações do MApSP. Cada membro do Conselho Consulti-vo será recrutado pelo seu reconhecimento público como um agente de mudança, pelo seu interesse na busca de soluções para o problema de déficit hídri-co na Região Metropolitana de São Paulo e pela sua capacidade de influenciar pessoas, empresas e gover-nos a aderirem ao projeto. Os membros do Conselho Consultivo servirão como embaixadores do MApSP, apoiarão a revisão do plano de negócios e ajudarão pró-ativamente na captação de recursos públicos e

privados para que o projeto seja bem-sucedido. O conselho ainda avaliará relatórios de desempenho e proporá correções de rumo para garantir que o pro-jeto cumpra as suas metas. As reuniões do Conselho Consultivo serão semestrais. (Ver anexo 4).

5.1.1.2 A equipe de gestãoO MApSP contará com uma equipe de gestão

própria, composta por até 16 integrantes responsá-veis pela implementação e monitoramento do proje-to, pela captação de fundos, pelo marketing e comu-nicação dos resultados, e pelas relações institucionais do Movimento com governos, empresas e ONGs.

A equipe de gestão do MApSP se reportará ao Conselho Consultivo e ao líder dos Fundos de Água para a América Latina da TNC. A equipe do projeto tabalhará de forma integrada à equipe da TNC que já trabalha na região do projeto. O trabalho da equipe de gestão está organizado em três áreas: (a) execução e acompanhamento dos resultados, (b) comparti-lhamento e disseminação dos resultados e (c) gestão adaptativa. (Ver Anexo 5).

5.1.2 Fase 2: Implementação do MApSPA fase 2 é a implementação do projeto propria-

mente dita, conforme o Plano de Atividades deta-lhado no Anexo 2, em áreas previamente priorizadas pela TNC.

5.1.2.1 Priorização de áreas de implementaçãoA priorização de áreas de intervenção do projeto

foi realizada com base numa premissa de 50% de re-dução de aporte de sedimentos nos sistemas Canta-reira e Tietê até 202312. O exercício de priorização consistiu de quatro etapas:

1) Identificação do uso do solo e da cobertura vegetal atuais nos sistema Cantareira (área total de 227,8 mil hectares) e no sistema do Alto Tietê (área total de 265,5mil hectares);

2) Estimativa do aporte de sedimentos (parcela da erosão que chega aos corpos d’água) aos rios desses sistemas, levando em conta o uso do solo atual 13;

3) Seleção das áreas com maior impacto relati-vo na redução de sedimentos (maiores benefícios por menor extensão de área de intervenção) o que permi-tiu identificar um total de 14,3 mil hectares divididos em: 12,2 mil hectares para intervenções de restaura-ção e 2.100 hectares para implementação de melho-res práticas agrícolas;

4) Cálculo da redução potencial de aporte de sedimentos que seria proporcionado por restaurar as áreas de pastagens e mineração abandonada, e imple-mentar boas práticas agrícolas nas áreas de agricul-tura. A modelagem da produção de sedimentos con-siderando essas intervenções indicou uma redução potencial de 52,5% no sistema Cantareira, e de 50% nos sistemas do Alto Tietê.

Com base nesses passos foram selecionados 36 municípios pertencentes aos sistemas Cantareira e Alto Tietê. (Ver Anexo 8).

5.1.2.2 Monitoramento Além do compromisso de resguardarem a imple-

mentação do plano de atividades do projeto, tanto o Conselho Consultivo quanto a Equipe de Gestão estarão focados no monitoramento e divulgação de indicadores-chave qualitativos e quantitativos do MApSP. Esses indicadores serão inseridos num sis-tema de acompanhamento de desempenho, que será usado para corrigir desvios e disseminar os resultados

publicamente. Os indicadores estão organizados da seguinte forma: (A) Indicadores ambientais: (i) Qua-lidade de água; (ii) hectares recuperados; (iii) hecta-res conservados; (iv) hectares sob regime de melhores práticas agrícolas; (v) quilômetros de mata ciliar re-cuperados e protegidos. (B) Indicadores econômicos: (i) percentual de recursos dos Comitês aportados à infraestrutura verde; (ii) valor total de recursos in-vestidos anualmente nos projetos de infraestrutura verde; (iii) número de produtores rurais remunera-dos por PSA; (iv) valor total pago de PSA. (C) Go-vernança: (i) número de instituições parceiras que implementam projetos de infraestrutura verde; (ii) diversidade das organizações parceiras (iii) número de municípios com legislação de PSA; (iv) disponi-bilidade de relatórios para o bom funcionamento do Conselho Consultivo e stakeholders; (v) divulgação pública do relatórios anuais integrando os indicado-res ambientais, sócioambientais e de governança.

5.1.3 Fase 3: Alavancagem e Roll OutO MApSP tem uma estratégia clara de saída ao

final de dois anos. Estimamos que em dois anos os municípios já estejam capacitados a apresentar bons projetos aos comitês de bacias para captar recursos e investir em infraestrutura verde.

12 A TNC realizou a priorização das áreas de intervenção do projeto usando a ferramenta de modelagem InVEST. Essa ferramenta foi desenvolvida pela Natural Capital Project, numa iniciativa conjunta da Universidade de Stanford, Universidade de Minnesota, TNC e WWF, e foi utilizada para avaliar o valor econômico dos serviços ambientais prestados em áreas críticas para a oferta de água e, portanto, priorizar as áreas mais eficientes (isto é, aquelas cujos benefícios ambientais marginais sejam equalizados com os custo marginal das intervençôes propostas pelo MApSP).13 Foi estimado um aporte de sedimentos atual nos rios do sistema Cantareira da ordem de 2,6 ton/ha/ano, sendo que para os sistemas do Alto Tietê a estimativa foi de 2,2 ton/ha/ano (o que é considerado pela literatura científica como uma taxa alta de perda de solo)

24 MOVIMENTO ÁGUA PARA SÃO PAULO (MApSP) MOVIMENTO ÁGUA PARA SÃO PAULO (MApSP) 25

Plano Financeiro e Análise

Econômica

6.1 Investimentos

O investimento de R$15 milhões em 2 anos ala-vancará recursos da ordem de R$162 milhões ao longo dos próximos 10 anos para continuidade do projeto.

Os gráficos abaixo mostram, respectivamente, a divisão de recursos financeiros por componente do projeto e o fluxo de caixa trimestral para os primeiros dois anos.

O MApSP prevê uma arrecadação total de R$ 15 milhões durante dois anos

De acordo com a Tabela 2 e a Figura 12 a seguir,

Figura 10

espera-se captar os recursos financeiros para os dois primeiros anos da seguinte forma:1. Patrocínio do setor privado e doações individuais

(63,5%) - (Ver Anexo 13 com a lista completa de empresas com potencial de apoiar o projeto)

2. Comitês de bacias(13,5%) 3. Marketing de causa (7%)4. Fundos públicos (12%)5. Programa da TNC Plante um Bilhão de Árvores

(3%)6. Outras fontes (1%)

©Zé Paiva

MOVIMENTO ÁGUA PARA SÃO PAULO (MApSP) 27

6.2 Custos e benefícios

A conservação e recuperação de florestas junto com a implementação de boas práticas agrícolas re-duzem o carreamento de sedimentos e agroquímicos aos rios do sistema Cantareira e Alto Tietê (Guara-piranga/Billings e Cabeceiras), aumentando a quali-dade de água desses sistemas. Esse serviço ambiental gera um benefício de R$11,9 milhões por ano (ver figura 13), equivalente à redução do custo de trata-mento. No entanto, sabemos que a implementação conjunta das ações do MApSP traz outros benefícios econômicos (ainda não computados) tais como: (a) manutenção do fluxo hídrico dos rios, diminuindo a vulnerabilidade da população nos períodos críti-cos de seca ou cheias; (b) melhoria da capacidade de armazenamento dos reservatórios de abastecimento de água e de hidrelétricas, dando maior segurança hídrica à indústria e à população; (c) diminuição da necessidade de execução de obras de dragagem ou desassoreamento, reduzindo o custo para os opera-dores de reservatórios, (d) diminuição do impacto de enchentes em áreas urbanas pela maior retenção de água nos solos das áreas rurais a montante dos rios; (e) sequestro e armazenamento de carbono atmosfé-rico, auxiliando na mitigação do efeito das mudanças climáticas. O valor de todos os benefícios econômi-

cos quando contabilizados poderão ser um múltiplo do custo financeiro do projeto. A análise econômica do MApSP foi realizada, portanto, utilizando o cená-rio mais conservador possível.

Para estimar o valor dos serviços ambientais do projeto, utilizamos dois custos de oportunidade:

a) o custo de dragagem para remoção do sedimen-to residual (isto é, o montante de aporte de sedimen-tos aos rios que poderia ser evitado, caso houvesse cobertura florestal suficiente e a adoção de práticas agrícolas para evitar processos erosivos)

b) o custo do tratamento de água para remoção de sedimentos e nutrientes residuais (isto é, a quan-tidade de sedimentos e nutrientes cujo carreamento poderia ser evitado, caso houvesse cobertura florestal suficiente e adoção de boas práticas agrícolas)

Sabemos que a restauração de 12.200 hectares de florestas e a implementação de boas práticas agrícolas em 2.100 hectares de áreas produtivas, localizadas em áreas prioritárias devido ao alto potencial erosivo das mesmas, reduziria em 50% os sedimentos e nutrientes carreados para os rios que abastecem a Região Me-tropolitana de São Paulo. Sabemos ainda que as ati-vidades do MApSP economizariam R$11,9 milhões em infraestrutura cinza, através da redução de custos de tratamento de água e desassoreamento de rios e reservatórios. Com essa informação, calculamos que

Figura 11 Figura 12

Figura 13

o valor dos serviços ambientais prestados pelo proje-to é de aproximadamente R$835 por hectare por ano.

Como a restauração da floresta e a adoção de boas práticas agrícolas prestam outros serviços à socieda-de—como, por exemplo, a regulação do fluxo hídrico, a diminuição dos impactos de enchentes e mitigação dos efeitos das mudanças climáticas--os benefícios

reais do MApSP superam os custos de oportunidade usados nesta análise. Assim, podemos afirmar que a composição dos benefícios do projeto é extremamen-te conservadora.

Os gráficos abaixo mostram os custos e os benefí-cios cumulativos do projeto. Os custos estão são re-presentados ao longo do tempo (em anos) por barras

28 MOVIMENTO ÁGUA PARA SÃO PAULO (MApSP) MOVIMENTO ÁGUA PARA SÃO PAULO (MApSP) 29

vermelhas (com valores negativos) enquanto os be-nefícios são representados por barras azuis.

Os benefícios do projeto vêm de duas frentes:a) adoção de práticas de Conservação de Solos

para controle da erosão e redução de carreamento de agroquímicos para os corpos d´água: esse resultado é obtido no ano seguinte ao investimento e perdura no tempo;

b) restauração florestal: esse benefício começa a ser gerado 5 anos após o investimento ter sido reali-zado. Ou seja, um hectare de Mata Atlântica restau-rado hoje, só começará a produzir benefícios ambien-tais plenos, em termos de retenção de sedimentos e nutrientes, quando a floresta estiver estruturalmente formada, o que leva, em média, 5 anos. Uma vez for-mada, os benefícios serão mantidos em perpetuidade.

Tabela 3: Investimento e benefícios ao longo do tempo (valores correntes e presentes)

É esperado que o investimento inicial de R$15 mi-lhões (nos primeiros dois anos) alavanque R$157 mi-lhões (nos oito anos seguintes), totalizando os R$162 milhões a serem investidos ao longo de 10 anos. Os benefícios do projeto atingiriam a sua plenitude no décimo quinto ano, a partir do qual os benefícios to-tais seriam permanentes.

O ciclo de benefícios e custos do projeto estão re-sumidos na tabela 3, abaixo, tanto em valores corren-tes como presentes (para cálculo do valor presente, usamos a taxa de juros de 6% ao ano).

6.2.1 Análise de cenários business as usual versus cenário com o projeto

O MApSP não propõe substituir a infraestrutura cinza pela infraestrutura verde, mas otimizar os cus-

tos anuais das operações de dragagem e tratamento de água desses sistemas. Os custos associados à infra-estrutura cinza cairiam gradualmente, somente quan-do a infraestrutura verde conseguir gerar, em associa-ção com a infraestrutura cinza, os mesmos benefícios que a infraestrutura cinza gera no cenário atual (sem o projeto).

Sem o projeto, o custo da infraestrutura cinza (dragagem e tratamento de água) somam aproxi-madamente R$36,6 milhões ao ano14. Com o in-vestimento em infraestrutura verde proposta pelo MApSP (representado por barras verdes nos gráficos abaixo), espera-se reduzir pela metade a quantida-de de sedimentos somente após 14 anos de projeto, gerando a partir de então e em perpetuidade, uma economia anual de mais de R$11,9 milhões. Como

a infraestrutra verde não consegue, por si só, equa-cionar o problema, o investimento anual que deveria continuar sendo feito em infraestrutura cinza é da or-dem de R$24 milhões anuais (representado em bar-ras azuis) nos gráficos abaixo.

Vimos na tabela acima que o investimento rea-lizado na melhoria das práticas agrícolas num dado ano T começa a gerar fluxos de caixa positivos a partir do ano seguinte, T+1. E daí por diante, em perpe-tuidade. No caso da restauração florestal, os fluxos de caixa positivos começam no ano T+5, isto é, após a floresta estar formada e começar a filtrar os sedi-mentos (e isso leva, em média 5 anos). Chamamos de “sedimento residual” o sedimento que será evita-do quando o projeto começar a gerar seus benefícios, ou seja, quando o projeto começar a apresentar flu-

30 MOVIMENTO ÁGUA PARA SÃO PAULO (MApSP) MOVIMENTO ÁGUA PARA SÃO PAULO (MApSP) 31

xos de caixa positivos. Até que os benefíficos sejam gerados--isto é, até que a infraestrutura verde come-ce a limpar a água--a remoção do sedimento residual deverá continuar sendo realizada pela infraestrutura cinza. Tanto o sedimento residual quanto o custo para sua limpeza estão representados por barras ver-melhas nos gráficos que seguem. As curvas decrescem ao longo do tempo, ao passo que o MApSP começa a gerar seus resultados.

O gráfico a seguir faz uma análise dos custos re-lativos aos dois cenários, com e sem projeto. Sem o projeto, os custos de dragagem e tratamento equiva-lem à soma das áreas A, B e C, ou seja, R$36,6 mi-

Figura 14 Custos e Benefícios Figura 15

Figura 16 Valor Presente Líquido

lhões anuais. Com o projeto, soma-se a área D (que representa a parte do investimento em infraestrutura verde que excede o valor que seria gasto no cenário sem o projeto) e subtrai-se a área C (que representa uma economia com relação ao cenário sem o proje-to). Assim, o investimento de R$118,6 milhões em infraestrutura verde ao longo de 10 anos proporcio-naria uma economia de R$38,8 milhões nos 4 anos seguintes e, a partir de então, uma economia perma-nente de R$12 milhões anuais.

Finalmente, a Figura 16 mostra que, enquanto no cenário sem o projeto o valor presente líquido é sem-pre zero, no cenário com o projeto, o VPL é sempre

positivo, devido aos benefícios perpétuos gerados pelo projeto.

6.3 Oportunidades existentes

Um dos maiores desafios para o MApSP é o desen-volvimento de fontes de recursos seguras e contínuas para a implementação e sustentação dos programas de PSA e suas ações de conservação e restauração. No entanto, São Paulo já possui diversas fontes poten-ciais de fundos públicos para a infraestrutura verde. Por exemplo, o Comitê de Bacia Hidrográfica PCJ arrecada mais de R$ 40 milhões anuais15. No entan-to, a quase totalidade desse montante é investida em infraestrutura cinza. Redirecionar uma parte desses fundos para a restauração e a conservação de flores-

tas geraria um fluxo de caixa razoável para realização dos trabalhos. O MApSP buscará, portanto, asses-sorar o Comitê da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê no processo de priorização dos investimentos em in-fraestrutura verde da lei que dispõe sobre a cobran-ça pela utilização dos recursos hídricos no estado de São Paulo (Lei 12.183/05), que estabeleceu a alocação de no mínimo 50% dos recursos arrecadados pela co-brança pelo uso da água, nos primeiros dez anos, para as ações de recuperação e proteção dos mananciais que abastecem a população da bacia.

O município de São Paulo está estabelecendo um programa para proteger os mananciais existentes por meio de Pagamentos por Serviços Ambientais. Para esse mesmo fim, o estado de São Paulo já alocou R$ 3,5 milhões para pagar agricultores que protegem e

14 Sousa Jr, W.C.Pagamento por Serviços Ecossistêmicos: Sedimentos e Nutrientes -Sistemas de Abastecimento da RMSP -São Paulo, SP

32 MOVIMENTO ÁGUA PARA SÃO PAULO (MApSP) MOVIMENTO ÁGUA PARA SÃO PAULO (MApSP) 33

restauram florestas em torno de nascentes (Proje-to Mina D’Água). Acreditamos que a influência e os investimentos concretos resultantes do MApSP possam aumentar substancialmente os investimentos públicos em infraestrutura verde na RMSP.

6.4 Oportunidades de alavancagem

O custo do projeto está estimado em R$15 mi-lhões para dois anos (a primeira fase), sendo que R$9 milhões são de fontes privadas. Uma vez criadas as condições preliminares durante a primeira fase, esti-ma-se que os comitês de bacias e outras fontes públi-cas possam aportar mais de R$500 milhões em dez anos para financiar as ações necessárias à recuperação e manutenção da infraestrutura verde na RMSP.

Entendemos que a estrutura de governança dos Comitês é extremamente desenvolvida e que o pro-cesso de alocação de recursos passa pelo Plano de Ba-cias e por uma competição bastante vigorosa por par-te de demandantes de todos os matizes. Não é dado que o MApSP conseguirá garantir esta alocação. No entanto, uma das maiores fortalezas do MApSP é a força conjugada dos membros do Conselho Consul-tivo e da TNC para dar suporte às articulações com empresas e agências governamentais para, juntos, criarmos um movimento ousado, diferenciado e com alto valor agregado. O objetivo é investir a quase to-talidade desses recursos nos municípios alvos.

6.5 Internalização de recursos financeiros

Nos 2 primeiros anos, os recursos (principalmen-te de fontes privadas) do MApSP entrariam direta-mente para uma conta específica da TNC, que ge-renciaria os recursos e emitiria relatórios internos e

externos do projeto. A TNC seria responsável, en-tre outras atribuições, pela contratação de auditoria anual externa. Nos 8 anos seguintes, a expectativa é que os comitês de bacias destinem um fluxo contínuo de investimentos para infraestrutura verde, de acor-do com seus planos de bacias, e que os municípios se apropriem dos mecanismos de internalização desses recursos de forma independente da TNC.

Há 5 formas possíveis de internalização de recursos privados pela TNC:

1. Programa de afiliações: nesse caso, indivíduos se tornam membros da TNC com a possibi-lidade de escolher doar especificamente para o MApSP;

2. Marketing de causa: é uma parceria comercial e/ou de marketing entre o MApSP e uma em-presa privada, visando ao benefício mútuo. A parceria pode envolver associação de marcas, porcentagem de vendas revertidas à causa, entre outros modelos de negócios; nesse caso, empresas que querem associar sua marca à marca do MApSP ou da TNC patrocinariam o projeto dentro de um pacote de patrocínio;

3. Doações de indivíduos e empresas: indívíduos ou empresas podem optar por fazer doações ao MApSP sem se tornar membros da TNC;

4. Práticas corporativas: essa linha possibilita o engajamento de empresas que desejam apoiar atividades específicas do MApSP para tornar a prática empresarial mais sustentável do pon-to de vista do projeto;

5. Grants: nessa linha específica, a participação de governos seria possível, bem como de fun-dações privadas, que fariam aporte de recursos específicos ao projeto.

15 Fonte: Plano de Bacias PCJ 2010-2020.

Análise de Riscos

©Rafael Araújo

34 MOVIMENTO ÁGUA PARA SÃO PAULO (MApSP)

Os riscos ao projeto estão classificados da seguinte forma:1. Riscos à ORGANIZAÇÃO: estão associados a

problemas de imagem e reputação que a organi-zação poderá sofrer caso o projeto não seja bem--sucedido ou caso as premissas sobre as quais o projeto foi construído não se sustentem. Foram identificados três riscos nessa categoria.

2. Risco FINANCEIRO: está associado à não disponibilidade de recursos para implementar o projeto. Foram identificados seis riscos nessa ca-tegoria.

3. Riscos de MERCADO: está associado a não ade-são dos parceiros ao projeto. Foram identificados quatro riscos nessa categoria.

4. Riscos à entrega de PRODUTOS E SERVIÇOS: ocorrem quando os resultados das atividades não são entregues. Foram identificados sete riscos nes-sa categoria.

5. Governança: o MApSP é um processo catalítico, pautado no engajamento dos seus membros, prin-cipalmente, do Conselho Consultivo e da Equipe de Gestão. O não funcionamento dessas instân-

cias inviabiliza o projeto. Foram identificados três riscos nessa categoria.

Os impactos da ocorrência dos 23 riscos identifi-cados no projeto foram distribuídos em três catego-rias:• Riscos associados ao atraso na implementação do

MApSP• Riscos com potencial de impactar negativamente

a imagem do MApSP• Riscos de impedeminto à implementação do

MApSP

Cada um dos riscos levantados foi classificado em ALTO, MÉDIO, BAIXO em relação à (A) probabi-lidade de ocorrência e (B) seu impacto sobre os re-sultados do MApSP. Foi convencionado que somente as combinações: ALTO/ALTO seriam classificadas com o grau final de ALTO. A configuração final dos graus de riscos são: 3 ALTOS; 15 MÉDIOS e 4 BAI-XOS. A tabela completa encontra-se na sequência. Para cada risco foi estabelecida uma contramedida.

36 MOVIMENTO ÁGUA PARA SÃO PAULO (MApSP) MOVIMENTO ÁGUA PARA SÃO PAULO (MApSP) 37

Anexos©Adriano Gambarini

8.1 ANEXO 1: Matriz Lógica

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40 MOVIMENTO ÁGUA PARA SÃO PAULO (MApSP) MOVIMENTO ÁGUA PARA SÃO PAULO (MApSP) 41

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8.2 ANEXO 2: Plano de Atividades

44 MOVIMENTO ÁGUA PARA SÃO PAULO (MApSP) MOVIMENTO ÁGUA PARA SÃO PAULO (MApSP) 45

46 MOVIMENTO ÁGUA PARA SÃO PAULO (MApSP) MOVIMENTO ÁGUA PARA SÃO PAULO (MApSP) 47

48 MOVIMENTO ÁGUA PARA SÃO PAULO (MApSP) MOVIMENTO ÁGUA PARA SÃO PAULO (MApSP) 49

50 MOVIMENTO ÁGUA PARA SÃO PAULO (MApSP) MOVIMENTO ÁGUA PARA SÃO PAULO (MApSP) 51

52 MOVIMENTO ÁGUA PARA SÃO PAULO (MApSP) MOVIMENTO ÁGUA PARA SÃO PAULO (MApSP) 53

8.3 ANEXO 3: Memória de Cálculo 8.4 ANEXO 4: O Conselho Consultivo

Estrutura do Conselho Consultivo

Composição: Lideranças empresariais e governamentais da Região Metropolitana de São Paulo e presidente do comitê de liderança do MApSPTamanho: 8-12 membros Duração do mandato: 2 anosReuniões: 1 reunião por semestre e trabalhos paralelos entre as reuniões

Responsabilidades dos membros: 1. Ser um embaixador do projeto, apoiando e difundindo as ações do MApSP2. Apoiar com liderança estratégica a fase de estruturação do projeto, incluindo a revisão do plano de negócios 3. Participar ativamente do lançamento do Movimento em 2013 4. Apoiar o Movimento com orientação estratégica e direcionamento 5. Acompanhar os resultados do MApSP, analisando a relação investimentos x resultados6. Identificar oportunidades de captação de recursos públicos e privados7. Contribuir com doações para a estruturação e implementação do Movimento e/ou Incentivar doações de suas redes de relacionamento 8. Auxiliar na criação de parcerias, alianças e contatos9. Recrutar novos membros para o Conselho10. Participar das reuniões do Conselho

Perfil do presidente do conselho: 1. Ter conhecimento, ou predisposição à conhecer, sobre temas relacionados a questão da água2. Ter disponibilidade, tanto pessoal como institucional, para exercício deste papel

Responsabilidades do presidente1. Promover e liderar as reuniões do Conselho 2. Encorajar os membros do Conselho a executar suas responsabilidades 3. Convocar reuniões extraordinárias do Conselho por sua iniciativa ou solicitação do comitê de liderança

Observações: 1. O Presidente do conselho será assistido por uma equipe senior da TNC.

54 MOVIMENTO ÁGUA PARA SÃO PAULO (MApSP) MOVIMENTO ÁGUA PARA SÃO PAULO (MApSP) 55

8.5 ANEXO 5: A Equipe de Gestão

Estrutura da Equipe de Gestão

Composição: Integrantes da TNC com dedicação integral ao MApSPTamanho: 16 membros Duração da equipe de gestão: 24 mesesReuniões: 1 reunião mensal, do corpo gerencial, para avaliação global dos resultados e acompanhamento das ações do programa

Responsabilidades dos membros: 1. Executar as ações necessárias para cumprimento dos objetivos do MApSP2. Exercer a gestão do Movimento de acordo com as crenças e valores da TNC3. Relatar desempenho real contra o programa do projeto4. Identificar problemas e obstáculos ao sucesso da implantação5. Ativar as forças-tarefa para resolver os problemas identificados e executar as tarefas6. Tomar decisões operacionais quanto à alocação de recursos.

Observações:1. Job descriptions serão elaborados após aprovação do business plan e dependem de financiamento nos dois primeiros anos.

Equipe de Gestão: Papeis e responsabilidades

56 MOVIMENTO ÁGUA PARA SÃO PAULO (MApSP) MOVIMENTO ÁGUA PARA SÃO PAULO (MApSP) 57

8.6 ANEXO 6: Análise das 5 Forças

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58 MOVIMENTO ÁGUA PARA SÃO PAULO (MApSP) MOVIMENTO ÁGUA PARA SÃO PAULO (MApSP) 59

8.7 ANEXO 7: 10 Maiores Usuários de Água 8.8 ANEXO 8: Priorização das áreas de atuação: custo-benefício econômico e ambiental

Utilizando a premissa de 50% de redução de apor-te de sedimentos nos sistemas Cantareira e Tietê até 2023, a TNC realizou a priorização das áreas de intervenção do projeto usando a ferramenta de mo-delagem InVEST. Essa ferramenta foi desenvolvida pela Natural Capital Project, numa iniciativa con-junta da Universidade de Stanford, Universidade de Minnesota, TNC e WWF, e foi utilizada pela TNC para avaliar o valor econômico dos serviços ambien-tais prestados em áreas críticas para a oferta de água e, portanto, priorizar as áreas mais eficientes (isto é, aquelas cujos benefícios ambientais marginais sejam equalizados com os custo marginal das intervençôes propostas pelo MApSP).

A priorização das áreas foi realizada em quatro etapas:

1) Identificação do uso do solo e da cobertura ve-getal nos sistema Cantareira (área total de 227,8 mil hectares) e no sistema do Alto Tietê (área total de 265,5mil hectares).

2) Estimativa do aporte de sedimentos (parcela da erosão que chega aos corpos d’água) desses sistemas,

levando em conta o uso do solo atual. Foi estimado um aporte de sedimentos atual nos rios do sistema Cantareira da ordem de 2,6 ton/ha/ano, sendo que, para os sistemas do Alto Tietê, a estimativa foi de 2,2 ton/ha/ano (o que é considerado pela literatura cien-tífica como uma taxa alta de perda de solo).

3) Seleção das áreas com maior impacto relati-vo na redução de sedimentos (maiores benefícios por menor extensão de área de intervenção) o que permitiu identificar um total de 14,3 mil hectares di-vididos em: 12,2 mil hectares para intervenções de restauração e 2.100 hectares para implementação de melhores práticas agrícolas. Além das priorizações das áreas para restauração e melhores práticas agríco-las, foi definido que os remanescentes florestais dos mananciais que compõem os sistemas Cantareira e Alto Tietê também serão alvo de conservação e terão ações específicas para evitar o desmatamento e a de-gradação dos mesmos.

4) Cálculo da redução potencial de aporte de se-dimentos que seria proporcionado por restaurar as áreas de pastagens e mineração e implementar boas práticas agrícolas nas áreas de agricultura. A modela-gem da produção de sedimentos considerando essas intervenções indicou uma redução potencial de 52,5% no sistema Cantareira, e de 50% nos sistemas do Alto Tietê, conforme tabela abaixo.

60 MOVIMENTO ÁGUA PARA SÃO PAULO (MApSP) MOVIMENTO ÁGUA PARA SÃO PAULO (MApSP) 61

As áreas priorizadas pelo movimento estão dividas entre 36 municípios pertencentes aos sistemas Canta-reira e Alto Tietê, conforme listado abaixo:

16 Além dos $12 milhões pela redução de sedimentos existem outros R$ 10 milhões potenciais pela redução de nutrientes. Estes R$ 10 milhões equivalem ao custo de oportunidade do uso de carvão ativado para combater as florações de algas nos reservatórios. Não foi possível estimar a economia real desse tratamento pelas intervenções do MApSP, o que levou a TNC a apenas indicar um valor potencial, mas não a utilizá-lo no cálculo de redução de custos. A TNC usou um valor conservador para refletir o custo de oportunidade.

Áreas Prioritárias nos municípios dos Sistemas do Alto Tietê

A conclusão a que chegamos é que ao restaurar 12,2 mil hectares e ao implementar boas práticas agrí-colas em 2.100 hectares em áreas críticas em termos de produção de sedimentos , conseguiremos reduzir o aporte de sedimentos aos rios que abastecem a RMSP em 50%. O benefício econômico permanente gerado, quando todas as intervenções planejadas atingirem seu nível máximo de provisão de serviços ambientais, é da ordem de R$11,94 milhões1, a um custo total de

R$162,1 milhões investidos ao longo dos 10 primei-ros anos, considerando custos de implementação e de Pagamento por Serviços Ambientais. Cada hectare restaurado custará R$10.875 (R$10.500/ha em res-tauração e R$375/ha/ano por pagamento dos serviços ambientais) e cada hectare com práticas de Conser-vação de Solosterá um custo de R$ 1.050.

62 MOVIMENTO ÁGUA PARA SÃO PAULO (MApSP) MOVIMENTO ÁGUA PARA SÃO PAULO (MApSP) 63

Municípios prioritários nos primeiros dois anos 8.9 ANEXO 9: Projetos com sinergia com a iniciativa MApSP

1) Programa Mananciais (Secretaria Estadual de Saneamento e Recursos Hídricos, do Secretaria Estadual de Meio Ambiente, Sabesp e CDHU, e Prefeituras de São Paulo, de São Bernardo do Campo e de Guarulhos)

No período 1995-2000, o Governo do Estado desenvolveu o Programa Guarapiranga com a finali-dade de recuperar o controle sobre a qualidade das águas dessa represa. Neste Programa favelas foram urbanizadas, construíram-se conjuntos habitacionais, implantaram-se sistemas de esgotos e de infra-estru-tura urbana em diversos bairros. Por sua vez, o cres-cimento populacional e o dinamismo da Metrópole determinam a necessidade de um conjunto contínuo de medidas para a preservação das represas. Assim, o Programa Guarapiranga foi sucedido pelo Programa Mananciais, abrangente a todas as áreas de manan-ciais da RMSP.

O Programa Mananciais tem por objetivo Recu-perar e proteger as represas, rios e córregos utilizados para o abastecimento de água da RMSP e melhorar a qualidade de vida da população residente em áreas de mananciais.

Trata-se de um esforço cooperativo entre diferen-tes esferas de governo, sob uma perspectiva de ações integradas que, a um só tempo, reduzam impactos de poluição e motivem a inclusão social, melhorando a relação hoje difícil entre a ocupação urbana e a ma-nutenção dos mananciais para o objetivo do abasteci-mento público em grau compatível com as necessida-des da região e da própria sustentabilidade econômica e ambiental da RMSP.

Seu escopo de ações é amplo: urbanização de fa-velas e comunidades de baixa renda; construção de conjuntos habitacionais; implantação ou melhorias de sistemas de esgotos sanitários e de abastecimento de água; avanços nos estudos e controles de qualidade da água; implantação de parques.

2) Parque Várzeas Tietê (Governo do Estado de São Paulo, DAEE, e prefeituras de São Paulo, Guarulhos, Itaquaquecetuba, Poá, Suzano, Mogi das Cruzes, Biritiba Mirim e Salesópolis):

Com 75 km de extensão e 107 km2 de área, o Par-que Várzeas do Tietê será o maior parque linear do

mundo. Este parque está inserido na região dos ma-nanciais do Sistema Tietê-Cabeceiras. O principal objetivo do programa é recuperar e proteger a função das várzeas do rio, além de funcionar como um regu-lador de enchentes, salvando vidas e o patrimônio das pessoas. Ao mesmo tempo, o Projeto Parque Várzeas do Tietê contempla uma gigantesca área de lazer para a população. O empreendimento beneficiará direta-mente 3 milhões de pessoas da Zona Leste da capital e indiretamente toda a população da Região Metro-politana de São Paulo. Além disso, levará mais quali-dade de vida também à população dos municípios de São Paulo, Guarulhos, Itaquaquecetuba, Poá, Suzano, Mogi das Cruzes, Biritiba Mirim e Salesópolis.

3) Vida Nova Mananciais (SABESP): O principal objetivo do Vida Nova é recuperar os

grandes reservatórios de água da região metropolita-na, organizando a ocupação de seu entorno e garan-tindo o abastecimento da Grande São Paulo, hoje e no futuro. A região é uma das maiores concentrações urbanas do mundo e vive uma situação de escassez hídrica. Cada morador da região tem à sua disposi-ção, por ano, 201 m3 de água. O recomendado pela ONU são 1,5 mil m3 por habitante/ano. Os benefi-ciados pelo programa serão: diretamente cerca de 2,5 milhões de pessoas residentes no entorno das bacias Guarapiranga, Billings, Alto Tietê, Juqueri-Canta-reira e Alto e Baixo Cotia, e, indiretamente, a popu-lação que consome a água tratada dos mananciais da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP). Billin-gs e Guarapiranga abastecem 4 milhões de pessoas na RMSP.

4) Mina d’Água (SMA-SP): O projeto Mina D’água é um projeto piloto (em-

brião de um Programa Estadual de Pagamento por Serviços Ambientais) criado pelo Governo Estadual de SP, especificamente pela Secretaria de Meio Am-biente afim de estimular a proteção das nascentes de mananciais de abastecimento público, concilian-do atividades de preservação com geração de renda principalmente no meio rural. A TNC já vem traba-lhando com esse projeto em parceria com o governo do estado de São Paulo, que reservou R$3,15 milhões para a fase piloto do projeto. Um dos projetos está no sistema Cantareira, no município de Piracaia, um município parceiro da TNC no projeto. A previsão

64 MOVIMENTO ÁGUA PARA SÃO PAULO (MApSP) MOVIMENTO ÁGUA PARA SÃO PAULO (MApSP) 65

é de que 150 nascentes sejam protegidas por muni-cípio, num total de 3.150. Os recursos são do Fundo Estadual de Prevenção e Controle da Poluição (FE-COP) e serão repassados mediante convênios com as prefeituras. As cidades envolvidas são: Brotas, Colina, Eldorado, Guapiara, Guararapes, Ibiúna, Novo Ho-rizonte e Santa Fé do Sul. Na fase piloto do projeto estão previstos convênios com 21 municípios, um por Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricos (UGRHI). Os municípios de Assis, Cristais Paulista, Garça, Monteiro Lobato, Piracaia, Regente Feijó, São Bento do Sapucaí e Votuporanga já assinaram convê-nio com o governo paulista. As cidades de Bertioga, Itapecerica da Serra, Santa Rosa do Viterbo, São João da Boa Vista e Ubatuba estão em processo para fir-mar a parceria.

5) Despoluição dos Rios de São Paulo: Este projeto é liderado pela Fundação Brava e

trata de um choque de gestão para otimizar as ações do governo visando a despoluição dos rios da capital do estado de São Paulo, particularmente o Rio Tietê. Este projeto de 4 mmilhões de reais tem forte siner-gia com o MApSP. Enquanto o projeto da Fundação Brava trata da infraestrutura cinza, o MApSP trata da infraestrutura verde. A combinação de esforços para garatir a eficácia e eficiência de ambos projetos seria fundamental para a mudança de paradigma de gestão hídrica no estado de São Paulo.

6) Águas Claras do Rio PinheirosÉ uma organização da sociedade civil, sem fins

lucrativos, de pessoas e empresas interessadas na re-cuperação ambiental do Rio Pinheiros e seus afluen-tes. A Associação Águas Claras do Rio Pinheiros tem como missão “Agir, apoiar iniciativas e mobilizar o poder público, as empresas e os moradores da cidade de São Paulo para a recuperação do Rio Pinheiros e sua bacia hidrográfica, promovendo a sustentabilida-de socioambiental, a melhoria da qualidade de vida, o exercício da cidadania e a convivência saudável com o Rio Pinheiros.” Esta associação fomenta, desenvolve e apoia projetos voltados à recuperação e à revitaliza-ção do Rio Pinheiros, bem como ao resgate da relação da população com ele. Tem como principais orienta-dores: a) O foco na bacia hidrográfica; b) A partici-pação e engajamento da sociedade; e c) A viabilização dos usos múltiplos do Rio Pinheiros e fortificação de

sua relação com o Rio Tietê e a Represa Billings. A Associação Águas Claras do Rio Pinheiros tem como desafio a convergência de iniciativas em um rio com 25 km e que recebe a interferência de vários agentes dos setores privados e públicos. Nas relações entre a sociedade civil e o Estado, a Associação atua na me-diação de conflitos efetivos ou potenciais entre os atores necessários responsáveis, na indução e/ou faci-litação de ações de terceiros, na promoção de parce-rias com entidades que tenham objetivos de atuação que contribuam com os da Águas Claras. Já no âm-bito da administração pública, estimula sinergias en-tre os diferentes segmentos da municipal e estadual. Também atua no processo legislativo e na formulação de normas regulamentares em benefício da causa. A Oscip é mantida pela ação de organizações de varia-dos segmentos que partilham do mesmo ideal para o rio: recuperá-lo e integrá-lo de forma harmoniosa às pessoas e à metrópole. Para se integrar a Águas Claras do Rio Pinheiros, as empresas podem filiar-se como Mantenedoras ou Contribuintes.

8.10 ANEXO 10: Breve Revisão da Literatura sobre Impacto dos investimentos do MApSP na qualidade de água e no balanço hídrico

Durante a etapa de levantamento de informações para o Plano de Negócio do MApSP, buscou-se um referencial sobre os impactos dos investimentos em infraestrutura verde e o balanço hídrico. Não foi pos-sível obter muitos indicadores quantitativos dos im-pactos em estudos de mesma natureza, mas foi levan-tada uma rica base de estudos relacionados ao tema que corroboram para a importância da atuação sobre a infraestrutura verde, assim como alguns estudos que vão em direção contrária.

Os principais impactos sobre a água, a partir de mudanças no uso da terra, podem ser resumidas, de maneira geral, da seguinte forma(Hamilton & Pear-ce, 1986; Bruijnzeel, 1990; Calder, 1992; Bruijnzeel & Proctor, 1995; Bruijnzeel, 1997, 1998, 2002; Bonell et al. 2002; Bruijnzell, 2002; Chappell et al, 2002; Grip et al., 2002; Costa, 2002; Scott et al., 2002; citados em Aylward, 2002):

1. A erosão aumenta com a alteração da floresta, às vezes dramaticamente, dependendo do tipo e dura-ção da intervenção;

2. As taxas de incremento de sedimentação são re-sultado de variações na cobertura vegetal e no manejo do solo;

3. Geralmente acontece um aumento no fluxo de nutrientes e substâncias químicas em seguida à con-versão de florestas para outros usos de solo;

4. A vazão ou fluxo de água total é inversamente proporcional à cobertura florestal, com exceção das florestas de altitude, que interceptam a neblina, e que desta maneira podem compensar a água consumida pela evapotranspiração;

5. Vazões sazonais, em particular vazões no perío-do seco, podem aumentar ou diminuir, dependendo do efeito líquido entre evapotranspiração e infiltra-ção de água no solo;

6. O abastecimento das áreas de recarga vai fun-cionar da mesma forma que o citado acima para a va-zão do período seco;

7. Vazões de pico podem aumentar, se as condições hidrológicas (relevo, tipo de solo, cobertura vegetal, manejo do solo e nível de compactação) levarem a

água da chuva que fluía por baixo da superfície a fluir por cima da superfície;

8. A precipitação local, provavelmente, não é sig-nificativamente alterada pelas mudanças na cobertura florestal (pelo menos em uma escala de até 10 km2). Exceções seriam as florestas localizadas em zonas de altitude (as que encontram os nevoeiros) e as grandes bacias continentais (menos sujeitas à influência dos oceanos), como a Amazônica;

9. No processo de avaliação destas alterações da cobertura vegetal, é fundamental considerar não so-mente os impactos das alterações iniciais, mas tam-bém as subseqüentes formas de uso da terra e do ma-nejo empregado.

10. Johnson (2000) sintetiza da seguinte manei-ra, as relações biofísicas entre floresta, água e as co-munidades humanas:

a. Florestas reduzem a taxa de escorrimento su-perficial (runoff ) de água nas bacias hidrográficas: A cobertura florestal retém a água e retarda o tem-po em que o solo entra em ponto de saturação. So-los florestais, usualmente, têm maior capacidade de armazenamento de água do que solos não-florestais. As estruturas mais complexas das superfícies de so-los florestais permitem uma maior infiltração de água do que solos não florestados. Retardando a taxa de escorrimento, florestas podem minimizar enchentes em pequenas microbacias. Também reduzindo as ta-xas de escorrimento, as florestas podem incrementar o fluxo de água na época seca;

b. Florestas reduzem a erosão do solo e a sedimen-tação nos cursos de água: A recepção de parte da água da chuva pelas copas das árvores significa que menos água chega diretamente ao solo comparado a uma bacia não florestada. Os diversos estratos florestais e a serapilheira protegem o solo do impacto direto da chuva. Extensos sistemas radiculares tornam o solo mais firme do que solos alterados por usos antrópi-cos. Níveis de sedimentação em bacias florestadas são geralmente menores do que em bacias alteradas por usos agrícolas e/ou urbanos, dependendo evidente-mente dos tipos de solo, topografia e clima;

11. Solos florestais filtram substâncias contami-nantes e influenciam a química da água: Solos flores-tais são mais úmidos do que outros solos e geralmente contem mais nutrientes, permitindo que os mesmos filtrem contaminantes de modo mais efetivo. A con-versão de florestas para outros usos tende a acelerar

66 MOVIMENTO ÁGUA PARA SÃO PAULO (MApSP) MOVIMENTO ÁGUA PARA SÃO PAULO (MApSP) 67

a decomposição e lançar grandes quantidades de nu-trientes que se dirigem para a água subterrânea e cór-regos;

12. Florestas reduzem a vazão total anual em dada bacia: Diferente da opinião popular, florestas geralmente reduzem a vazão total anual. Isto é cau-sado pelo fato de as árvores consumirem água pela evapotranspiração. Em geral, as árvores consomem mais água do que outros tipos de vegetação. O nível no qual isto acontece, depende de alguns fatores, por exemplo, árvores de raízes rasas tendem a usar menos água do que árvores de raízes profundas. Da mesma forma, florestas em crescimento tendem a consumir mais água do que florestas maduras;

13. Florestas podem aumentar ou diminuir a re-carga de nascentes e águas subterrâneas: A cobertura florestal pode reduzir a recarga de água porque maior quantidade de chuva é interceptada pela vegetação e retorna à atmosfera através da evapotranspiração. Em algumas áreas, porém, a retirada da cobertura vegetal pode resultar em um processo de impermeabilização do solo que pode reduzir ou prevenir a infiltração da água e o processo de recarga de nascentes e aquíferos;

14. A perda de florestas altera a produtividade aquática: As florestas desempenham um importante e complexo papel na sustentação da produtividade aquática. As árvores sombreiam os cursos de água e moderam a temperatura da água. Galhos, folhas e frutos caídos provem habitat e alimentos para peixes e uma enorme gama de organismos aquáticos;

15. As florestas podem influenciar as chuvas em uma escala regional, mas o efeito da cobertura flores-tal na maior parte das áreas é limitado: A distribuição das florestas é uma consequência das condições de clima e solo, não o contrário. Porém algumas evidên-cias sugerem que desmatamentos em larga escala têm reduzido o volume de chuvas na China, assim como modelos climáticos tem indicado que grandes perdas de florestas na Amazônia e na África Central podem levar a um clima mais seco.

8.11 ANEXO 11: Detalhamento das Ações de Comunicação e Marketing

A campanha de comunicação do Movimento Água para São Paulo (MApSP) será orientada para vários públicos, portanto, é preciso considerar estratégias e atividades diferentes para cada um deles, durante as várias etapas do projeto. A campanha está estruturada da seguinte forma:

1. Pré-campanha (3 meses)2. Campanha: (24 meses)i. Captação de recursos (4 - 6 meses)ii. Engajamento (12 meses)iii. Divulgação dos resultados (3 meses)

1. Pré-campanhaNa fase de pré-campanha, será necessário:i. a criação da identidade visual do projeto, com

manual de uso de logos, ii. criação de frase padrão de encerramento de pu-

blicações e iii. criação de um código de conduta em comuni-

cação entre os parceiros do projeto.

Tempo estimado 3 meses

2. A campanha A campanha propriamente dita terá três fases:

captação de fundos, engajamento e divulgação de re-sultados. As fases são detalhadas a seguir.

2.1. Fase 1: Captação de fundosO foco inicial da campanha será a captação de

fundos. Dessa forma, boa parte das ações de comu-nicação previstas para esta fase será orientada para angariar recursos, trazendo informações concretas de meta de doação para a realização da campanha. As ações desta fase são:

i. Apresentação InstitucionalPúblico alvo: EmpresasObjetivo: A apresentação já desenvolvida deve ser

revista, atualizada e ampliada, e deve ter foco na cap-tação, apresentando dados concretos de valores para implementação da campanha. Deve também enfati-zar as vantagens de ter a marca associada a esse mo-vimento.

ii. Homepage do ProjetoPúblico alvo: EmpresasObjetivo: Apresentar as atualizações constantes

da campanha.

iii. Kit de captaçãoPúblico alvo: Empresas e GovernoObjetivo: Servir como material de apoio da equi-

pe de Filantropia na captação de recursos

i. Contratação de Assessoria de ImprensaPúblico alvo: Empresa e formadores de opiniãoObjetivo: Gerar mídia espontânea por meio da

produção de press releases sobre a campanha e seus resultados nos principais veículos de comunicação. E desenvolver e atrair personalidade (s) que serão os embaixadores da Campanha.

Tempo estimado 4 - 6 meses 2.2. Fase 2: Engajamento e Divulgação do Movi-

mentoEsta segunda fase concentra um grande número

de ações, cujo conteúdo institucional--diretrizes da campanha--é a principal mensagem a ser difundida. O objetivo desta etapa é apresentar aos formadores de opinião, imprensa, empresas e governos as pre-missas do Movimento Água para São Paulo e a sua relevância para garantir o suprimento de água para a Região Metropolitana de São Paulo.

Ações previstas:ii. Apresentação InstitucionalPúblico alvo: Empresas, Parceiros, ImprensaObjetivo: Informar quem somos, objetivo, pre-

missas da campanha, metodologia e fases do movi-mento.

iii. Folder Institucional (no caso da imprensa, o folder institucional deverá compor os mídia kits)

Público alvo: Empresa, Parceiros, ImprensaObjetivo: Deve servir como um material informa-

tivo.iv. Homepage ProjetoPúblico alvo: TodosObjetivo: Será a principal fonte de informações

sobre o projeto para o grande público. v. Fanpage Facebook

68 MOVIMENTO ÁGUA PARA SÃO PAULO (MApSP) MOVIMENTO ÁGUA PARA SÃO PAULO (MApSP) 69

Público alvo: TodosObjetivo: Promover o engajamento entre

stakeholders e demais públicos.vi. Evento de LançamentoPúblico alvo: Convidados estratégicos, empresas,

imprensaObjetivo: Lançar oficialmente a campanha e apre-

sentar os parceiros da iniciativa.vii. Desenvolvimento de materiais de comunica-

ção e apoio para engajamento dos atoresPúblico alvo: Parceiros, imprensa, comitês de ba-

cias, municípiosObjetivo: Engajar os atores para participarem do

Movimentoviii. Campanha publicitária do MovimentoPúblico alvo: Todos, incluindo público em geralObjetivo: Engajar os atores para participarem do

Movimento

Tempo estimado 12 meses 2.3. Fase 3: Divulgação de resultados e Mensuração

de retorno da Campanha Esta fase da campanha visa a estreitar os laços com

o público geral, empresas, governos e parceiros usan-do os canais de comunicação estabelecidos para di-vulgar resultados e encaminhamentos da campanha. As ações são as seguintes:

i. Homepage ProjetoPúblico alvo: Todos

Objetivo: Dar um feedback para o público geral apresentando resultados gerados pela campanha.

ii. Fanpage Facebook Público alvo: TodosObjetivo: Divulgação de resultados. iii. VídeosPúblico alvo: TodosObjetivo: Registrar informações de ações e de re-

sultados da campanha. Vídeo com depoimentos de parceiros e doadores e dados numéricos de resultados do projeto.

Tempo estimado 3 meses 2.4. Vínculo com a campanha “DE ONDE VEM

SUA ÁGUA?”O MApSP faz parte da plataforma de Fundos de

Água para a América Latina e, portanto, suas ações estão vinculadas ao mesmo. A campanha do MApSP, portanto, está fortemente ancorada na campanha la-tino-americana “De Onde Vem Sua Água”, que tem o objetivo de informar e mobilizar a população so-cialmente e politicamente ativa para exigir a proteção do “capital natural” e investimentos na infraestrutura verde como soluções para garantir o abastecimento de água. A campanha deve ser iniciada no Brasil e posteriormente se expandir para: Chile, Colômbia, Guatemala e México; alcançando as 25 maiores cida-des da América Latina com risco de falta de água. As-sim devemos contemplar uma integração do MApSP nesta campanha que já está em desenvolvimento, em todas as seus pilares.

Conselho Estadual de Recursos Hídricos

FONTE: http://www.sigrh.sp.gov.br

8.12 ANEXO 12: Organização institucional e gestão dos recursos hídricos em São Paulo

A estrutura de gestão dos recursos hídricos para São Paulo já está em pleno funcionamento e ofere-ce uma boa base para a busca de soluções alternati-vas. Existem mecanismos testados para promover a conservação e restauração dos mananciais, incluindo mecanismos financeiros, e há experiência acumulada com a implementação de abordagens inovadoras.

8.13.1. O Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos Hídricos

O Sistema Integrado de Gerenciamento de Re-cursos Hídricos (SIGRH - Lei 7.663/91) do Esta-do do São Paulo consiste de um órgão deliberativo (o Conselho de Recursos Hídricos--CRH), que é apoiado por um comitê técnico, que funciona como secretaria executiva (a Comissão Coordenadora do Plano Estadual de Recursos Hídricos--CORHI) e um conselho financeiro (o Conselho de Orienta-ção do Fundo Estadual de Recursos Hídricos—CO-FEHIDRO). (Ver Fig. 6)

O CRH é composto por 33 conselheiros: 11 secretarias estaduais: Meio Ambiente (pre-

sidente); Saneamento e Energia (vice-presidente); Educação; Economia e Planejamento; Agricultura e Abastecimento; Saúde; Transporte; Desenvolvimen-to; Habitação; Fazenda; Casa Civil;

11 prefeitos municipais, considerando os grupos de bacias hidrográficas: Alto Tietê; Paraíba do Sul e Serra da mantigueira; Litoral Norte e Baixada San-

tista; Ribeira de Iguapé/Litoral sul e Alto Paranapa-nema; Médio Paranapanema e Pontal do Paranapa-nema; Aguapeí, Peixe e Baixo Tietê; Tietê/Jacaré e Tietê/Batalha; Turvo/Grande e São José dos Doura-dos; Sapucal Mirim/Grande e Baixo Pardo/Grande; Pardo e Mogi Guaçu; Sorocaba/Médio Tietê e Piraci-caba, Capivara e Jundiaí;

11 representantes da sociedade civil: usuários in-dustriais de recursos hídricos (1); usuários agroindus-triais de recursos hídricos (1); usuários agrícolas de recursos hídricos (1); usuários de recursos hídricos do setor de geração de energia (1); usuários de recursos hídricos para abastecimento público (2); associações especializados em recursos hídricos (3); entidades ambientalistas (2).

Os principais instrumentos de execução do Con-selho são: o Plano Estadual de Recursos Hídricos – PERH e o Fundo Estadual de Recursos Hídricos – FEHIDRO.

O Fundo é implementado pelo Conselho de Orientação e uma Secretaria Executiva (SECO-FEHIDRO). As atribuições do Conselho incluem: orientar e aprovar a captação e aplicação dos recursos do Fundo Estadual de Recursos Hídricos; aprovar as normas e critérios de prioridades para aplicação dos recursos do Fundo; apreciar relatórios anuais sobre o desenvolvimento dos empreendimentos do Fundo; e aprovar as propostas do orçamento anual e do plano plurianual do Fundo Estadual de Recursos Hídricos.

O Plano Estadual de Recursos Hídricos é qua-drienal. Provê uma análise da situação, diretrizes e re-comendações para a gestão e para investimentos, com base numa pactuação entre os principais detentores de interesse nos recursos hídricos.

8.12.1. Os comitês de bacias hidrográficas

Uma vez que o MApSP pre-coniza os comitês de bacias como o eixo de sustentação do projeto, esta seção explica, de forma re-sumida, como os mesmos fun-cionam, e explora as sinegias dos comitês de bacias do PCJ e Alto Tietê com o projeto. O Anexo 11 detalha as competências dos comi-tês de bacias.

70 MOVIMENTO ÁGUA PARA SÃO PAULO (MApSP) MOVIMENTO ÁGUA PARA SÃO PAULO (MApSP) 71

8.12.1.1. Competências e processos decisórios no âmbito dos Comitês de Bacia

Os Comitês de Bacia são instâncias deliberativas regionais, respaldadas no conceito consolidado pela Lei Federal 9.433/97, que definiu a Política Nacional de Recursos Hídricos, de que as bacias hidrográficas devem ser as unidades territoriais de planejamento e gestão dos recursos hídricos. Os comitês de bacias funcionam como espaço de articulação entre as diver-sas partes interessadas no uso e proteção dos recursos hídricos locais, proporcionando uma gestão descen-tralizada e participativa da bacia hidrográfica, que ga-ranta o uso múltiplo das águas, de forma a atender todos os interesses da sociedade (consumo humano e animal, manutenção dos processos ecológicos, uso agrícola, uso industrial, entre outros). A gestão da bacia hidrográfica por um comitê tem por objetivo principal garantir a provisão de água na quantidade necessária e qualidade compatível com seus usos, nos locais e na distribuição temporal adequada aos mes-mos, em condições economicamente viáveis e de for-ma ambientalmente sustentável.

As competências básicas do Comitê são: (i) arbitrar conflitos de uso de recursos hídricos; (ii) aprovar e acompanhar a execução do Plano

de Recursos Hídricos da bacia hidrográfica; (iii) propor aos Conselhos Nacional e Estadual os

usos insignificantes a serem isentos da obrigatorieda-de de outorga pelo direito de uso da água; e

(iv) propor valores e estabelecer mecanismos para a cobrança pelo uso da água.

Além dessas funções, os comitês de bacia devem trabalhar de forma a racionalizar o uso e a quantidade de água disponível para cada categoria de consumi-dor, financiar projetos de: a) saneamento, b) conser-vação e recuperação das bacias hidrográficas (princi-palmente suas áreas de mananciais de abastecimento público) e c) educação ambiental, e apoiar e prestar assistência aos municípios integrantes de uma mesma bacia no que tange à gestão dos recursos hídricos.

8.12.1.2. Os Comitês de Bacia e a Cobrança pelo Uso da Água

Pelo reconhecimento de que a água é um bem público, sendo um recurso natural limitado e que possui valor econômico, conceito institucionaliza-do pela Política Nacional de Recursos Hídricos (Lei 9.433/97), esta mesma política instituiu o mecanismo

de cobrança pelo uso da água. Os principais objeti-vos da cobrança pelo uso da água são: dar ao usuário uma indicação de seu real valor, incentivar a raciona-lização do uso da água, e obter recursos financeiros para o financiamento dos programas e intervenções contempladas nos planos de recursos hídricos. Cabe aos comitês de bacia estabelecer os mecanismos de cobrança e definir os valores a serem cobrados dos principais usuários. Já as agências de bacia são res-ponsáveis por efetuar a cobrança, além de propor ao comitê os valores a serem cobrados. Outra atribuição importante da agência de bacia é a proposição do pla-no de aplicação de recursos arrecadados, a ser apro-vado pelo comitê. Os valores arrecadados devem ser aplicados prioritariamente na bacia hidrográfica em que foram gerados, e podem ser investidos a fundo perdido, em projetos e obras previstos no plano de bacias que beneficiem a coletividade em termos de quantidade, qualidade ou regime de vazão dos corpos d’ água, e da qualidade ambiental das áreas de drena-gem destes corpos hídricos.

No estado de São Paulo, os comitês recebem tam-bém suporte financeiro do Fundo Estadual de Re-cursos Hídricos – FEHIDRO, ou seja, os recursos disponíveis para aplicação nas ações previstas no pla-no de bacia são provenientes principalmente de duas fontes: a cobrança pelo uso da água (nas bacias onde o mecanismo já foi instituído) e o FEHIDRO.

O processo decisório de um comitê relativo às di-retrizes, programas e ações a serem implantados na bacia envolve principalmente grandes usuários de água (empresas de abastecimento e saneamento, con-cessionarias de energia hidroelétrica, entre outros), empreendedores e o poder público. A participação dos pequenos usuários da água e de organizações da sociedade civil no processo decisório também é ga-rantida, mesmo que de forma limitada, pela menor participação percentual que cabe a esses setores. Os Comitês podem ter um total de membros variável, desde que respeitada a proporcionalidade entre os setores:• Até 40% de representantes dos Poderes Públicos;• Até 40% de representantes de setores usuários das

águas;• Pelos menos 20% de representantes da sociedade

civil.

8.12.1.3. Processo de tomada de decisão dentro dos Comitês de Bacia

Os comitês de bacia hidrográfica não concentram exclusivamente o processo decisório relativo à imple-mentação de políticas e obras relacionadas a recur-sos hídricos. O processo de tomada de decisão acaba sendo compartilhado com os órgãos administrativos da esfera federal, estadual e municipal, como a Agên-cia Nacional de Águas (ANA), as agências estaduais de águas, e outros órgãos de recursos hídricos, meio ambiente e de obras (secretarias, autarquias, etc). De qualquer forma são reservadas atribuições exclusivas para os Comitês, já que os mesmos definem o enqua-dramento dos corpos d’água (classificação da qualida-de das águas dos corpos hídricos, que visa a assegurar a qualidade compatível com os usos mais exigentes a que forem destinadas), decidem sobre prioridades de investimento e fixam os níveis de cobrança pelo uso da água.

O braço executivo de um Comitê de Bacia é a Agência de Água de Bacias Hidrográficas, mais co-mumente chamada de Agência de Bacia, sendo que esta figura institucional foi definida pela Lei 9.433/97. São instâncias executivas responsáveis pela imple-mentação das decisões dos respectivos Comitês de Bacia.

As agências de bacia apresentam modelos de ges-tão variável. No estado de São Paulo, são fundações de direito privado. Suas competências básicas in-cluem:

(i) atuar como secretaria executiva do respectivo comitê;

(ii) manter cadastro de usuários e balanço atuali-zado das disponibilidades hídricas;

(iii) efetuar, mediante delegação do outorgante, a cobrança pelo uso da água;

(iv) elaborar o Plano de Recursos Hídricos, para aprovação do respectivo comitê de bacia;

(v) promover estudos e analisar planos, projetos e obras a serem financiados à conta da cobrança pelo uso da água.

8.12.2 Os Planos de Recursos Hídricos de Bacias Hidrográficas

Os planos de recursos hídricos de bacias hidro-gráficas devem ser elaborados pelas Agências de Ba-cia e aprovados pelos respectivos comitês. Em linhas gerais, o plano de bacias: a) deve fornecer informa-

ções de caracterização da bacia de forma a explicitar quais são os fatores condicionantes para a gestão dos recursos hídricos, b) indicar estratégias para promo-ver a mudança destes fatores condicionantes visando à melhoria dos indicadores de quantidade e qualidade de água, e c) indicando objetivos e metas para atingi-mento de uma situação ideal no que tange ao equilí-brio entre disponibilidade e demanda hídrica.

Segundo a Lei 9.433/97, os planos devem contem-plar as seguintes etapas: a) diagnóstico da situação atual dos recursos hídricos; b) evolução demográfi-ca e do uso do solo; c) projeções de disponibilidade e comportamento da demanda; d) diretrizes para racionalizar o uso do recurso; e) elaboração de pro-gramas e projetos definidos em função das diretrizes estabelecidas; f ) critérios para cobrança pelo uso; g) definição de áreas de proteção.

As etapas e as atividades correspondentes para a elaboração dos planos de recursos hídricos foram re-gulamentadas pela Resolução nº 17/2001, do Con-selho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH). Segundo essa determinação, os planos devem ser constituídos por diagnósticos e prognósticos, nos quais devem ser observados itens como a avaliação quantitativa e qualitativa da disponibilidade hídri-ca da bacia hidrográfica, assim como avaliações do quadro atual e potencial de demanda hídrica, consi-derando as necessidades relativas aos diferentes usos setoriais e das perspectivas de evolução dessas de-mandas (estimadas com base na análise das políticas, planos ou intenções setoriais de uso). Além disso, o plano deve também possuir em seu corpo a avaliação ambiental e sócioeconômica da bacia, definindo tam-bém programas, ações e estudos para o controle, con-servação e proteção dos recursos hídricos, incluindo metas para seu gerenciamento.

Dessa forma, o plano deve conter as diretrizes para a gestão dos recursos hídricos da bacia, provendo informações que subsidiem seu gerenciamento, prin-cipalmente no que se refere ao enquadramento dos corpos de água (classificação de rios e reservatórios quanto ao uso permitido, de acordo com sua quali-dade de água), as prioridades para outorga de direito de uso da água, e a definição de diretrizes e critérios para a cobrança.

72 MOVIMENTO ÁGUA PARA SÃO PAULO (MApSP) MOVIMENTO ÁGUA PARA SÃO PAULO (MApSP) 73

8.13. ANEXO 13: Mapeamento das principais empresas para captação de fundos

74 MOVIMENTO ÁGUA PARA SÃO PAULO (MApSP) MOVIMENTO ÁGUA PARA SÃO PAULO (MApSP) 75

76 MOVIMENTO ÁGUA PARA SÃO PAULO (MApSP) MOVIMENTO ÁGUA PARA SÃO PAULO (MApSP) 77

8.14 ANEXO 14: Valoração do aporte de sedimentos ©Zé Paiva

78 MOVIMENTO ÁGUA PARA SÃO PAULO (MApSP)

Contato:João CampariDiretorThe Nature ConservancyPrograma da Mata Atlântica e Savanas Centrais+55 61 3421-9102+55 61 8132-1413