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Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária – FSA
i
Farmácia Santo António
Márcio dos Santos Pinho
2020-2021
Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária – FSA
ii
Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto
Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas
Relatório de Estágio Profissionalizante
Farmácia Santo António
Fevereiro a Maio de 2021
Márcio dos Santos Pinho Orientador: Dr.ª Maria João Monteiro Trabulo
Tutor FFUP: Prof. Dr.ª Lúcia Saraiva
Março de 2021
Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária – FSA
iii
Declaração de Integridade
Declaro que o presente relatório é de minha autoria e não foi utilizado previamente
noutro curso ou unidade curricular, desta ou de outra instituição. As referências a outros autores (afirmações, ideias, pensamentos) respeitam escrupulosamente as regras da atribuição, e
encontram-se devidamente indicadas no texto e nas referências bibliográficas, de acordo com
as normas de referenciação. Tenho consciência de que a prática de plágio e auto-plágio
constitui um ilícito académico.
Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, 30 de Setembro de 2021.
Márcio dos Santos Pinho
Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária – FSA
iv
Agradecimentos
Cinco anos, foi a duração desta intensa maratona na Faculdade de Farmácia da
Universidade do Porto (FFUP), na qual evoluí a nível pessoal e profissional. Agora, segue-se o agradecimento a quem me acompanhou e ajudou, do início à conclusão deste percurso.
Primeira, agradeço à minha família, aos meus pais, avós, tios, primos, padrinhos e ao
meu irmão, pelo acompanhamento e ajuda sempre que foi necessário. Obrigado, por me
apoiarem, por acreditarem em mim e por animarem-me quando eu estava em baixo. Sem a vosso suporte, esta maratona teria sido ainda mais difícil.
Quero agradecer a todos os docentes da FFUP que fizeram parte do meu percurso
académico e me proporcionaram o conhecimento necessário para a minha formação.
À Dr.ª Lucília Rocha, ao Prof. Dr. Agostinho Almeida, ao Gabinete de Relações
Exteriores da FFUP, Serviço de Relações Internacionais da Universidade do Porto, à Dr.ª Adéla Firlová (República Checa) e ao Dr. Vito Ladisa (Itália) demonstro o meu profundo
agradecimento por me proporcionarem e por me terem acompanhado nas minhas duas
mobilidades Erasmus+. Assim, quero agradecer por estas duas incríveis e inesquecíveis
experiências, as quais contribuíram para o meu desenvolvimento como futuro profissional de
saúde, mas também como cidadão do mundo.
Quanto à Comissão de Estágios, saliento o esforço demonstrado na organização e
acompanhamento durante os estágios curriculares. Por isso, agradeço à Prof. Dr.ª Susana
Casal, Prof. Dr.ª Irene Rebelo e à Prof. Dr.ª Lucília Saraiva por estarem disponíveis e dispostas
a ajudar no que fosse preciso.
Agradeço à Dra. Maria João Trabulo, Diretora Técnica da Farmácia Santo António, em Rio Meão, pela oportunidade concedida de realizar o meu estágio profissionalizante na
farmácia e pela transmissão de todos os conhecimentos imprescindíveis no desempenho da
profissão em Farmácia Comunitária.
Agradeço, sem exceção, a toda a equipa integrante da Farmácia Santo António por me
terem recebido da melhor forma possível, por me acompanharem em todos os momentos-chave do meu estágio e por estarem dispostos a ensinar e esclarecer todas as minhas
questões, permitindo assim o meu crescimento profissional.
Para finalizar, quero demonstrar o meu profundo agradecimento ao meu círculo de
amigos(as).
Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária – FSA
v
Resumo
A formação académica de um Farmacêutico engloba um período de dez semestres,
correspondendo nove destes semestres a um conjunto de unidades curriculares para obtenção de conhecimentos técnicos, e um último semestre que corresponde a prática, ou seja, um
período de estágio profissionalizante. O presente relatório tem como objetivo a descrição do
meu estágio curricular na Farmacia Santo António, que ocorreu entre 8 de fevereiro de 2021 e
8 de maio de 2021. Este relatório esta dividido em duas partes. A primeira reflete o funcionamento da
farmacia, todas as atividades profissionais realizadas por mim e toda a informação que
considero relevante de ser descrita. Durante o estágio e nos exigida a criação de um ou mais
projetos de intervenção farmacêutica, e na segunda parte do relatório que relato os dois
projetos desenvolvidos por mim na farmacia e o desenvolvimento de cada tema. O projeto I, tem como tema, o “Mask Associated Dry Eye” e contou com a criação e
distribuição de um panfleto aos utentes da farmácia, no âmbito do Dia Mundial da Visão, ou
seja, 14 de outubro de 2021.
O projeto II, cujo tema é “Maskne”, foi abordado numa ação de formação interna ao
staff da farmácia. Por fim, o estágio foi essencial para o desenvolvimento das minhas hard e soft skills
enquanto profissional de saúde. A pandemia COVID-19 tornou a realização do estágio num
processo desafiante, mas compensador, porque consegui perceber o papel do farmacêutico na
vida dos portugueses.
Na Farmácia Santo António, ao longo destes três meses, percebi que as soft skills são tão importantes quanto as hard skills e que um bom farmacêutico, é um profissional de saúde
sensível e sábio que também ouve e aconselha o seu utente.
Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária – FSA
vi
Índice
Declaração de Integridade ..................................................................................................... iii
Agradecimentos ...................................................................................................................... iv
Resumo ..................................................................................................................................... v
Índice ........................................................................................................................................ vi
Índice de Figuras .................................................................................................................... ix
Índice de Tabelas ..................................................................................................................... x
Índice de Anexos .................................................................................................................... xi
Lista de Abreviaturas ............................................................................................................ xii
PARTE I – DESCRIÇÃO DO FUNCIONAMENTO DO ESTÁGIO CURRICULAR NA FARMÁCIA SANTO ANTÓNIO ................................................................................................. 1
1. Introdução ...................................................................................................................... 1
2. Organização da Farmácia Santo António ................................................................... 2
2.1. Localização geográfica .................................................................................................... 2
2.2. Horário de funcionamento ............................................................................................... 2
2.3. Espaço físico .................................................................................................................... 2 2.3.1. Espaço exterior ............................................................................................................................................. 2 2.3.2. Espaço interior .............................................................................................................................................. 3
2.4. Recursos Humanos .......................................................................................................... 3
2.5. Divulgação e Estratégias de Marketing .......................................................................... 4
3. Gestão da Farmácia ...................................................................................................... 4
3.1. Sistema informático ......................................................................................................... 4
3.2. Gestão de Stock ............................................................................................................... 4
3.3. Encomendas e Aprovisionamento .................................................................................. 5 3.3.1. Realização de Encomendas .......................................................................................................................... 5 3.3.2. Receção de Encomendas ............................................................................................................................. 6
3.4. Reserva de Produtos Pagos e Não Pagos ..................................................................... 6
3.5. Armazenamento dos Medicamentos e Produtos Farmacêuticos ................................ 6
3.6. Controlo dos Prazos de Validade ................................................................................... 7
4. Dispensa de Medicamentos e Produtos de Saúde .................................................... 7
Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária – FSA
vii
4.1. Medicamentos Sujeitos a Receita Médica ...................................................................... 8 4.1.1. Modelos de Prescrição Médica ..................................................................................................................... 8 4.1.1.1.1. Conferência de Receituário .................................................................................................................... 10 4.1.2. Prescrição por Denominação Comum Internacional e Medicamentos Genéricos ...................................... 11 4.1.3. Medicamentos Psicotrópicos e Estupefacientes ......................................................................................... 12 4.1.4. Medicamentos Manipulados ........................................................................................................................ 13 4.1.5. Venda Suspensa ......................................................................................................................................... 14 4.1.6. Regimes de Comparticipação dos Medicamentos ...................................................................................... 14
4.2. Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica ............................................................ 16
4.2.1. Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica de Dispensa Exclusiva em Farmácia ..................................................................................................................................... 17
4.3. Medicamentos e Produtos Homeopáticos ................................................................... 17
4.4. Medicamentos e Produtos de Uso Veterinário ............................................................ 18
4.5. Produtos de Dermofarmácia, Cosmética e Higiene Corporal .................................... 18
4.6. Alimentação Especial ..................................................................................................... 19
4.7. Suplemento Alimentar ................................................................................................... 19
4.8. Produtos Fitoterapêuticos ............................................................................................. 20
4.9. Ortopedia/Espaço Sénior ............................................................................................... 20
4.10. Área da Puericultura ................................................................................................... 20
4.11. Dispositivos Médicos ................................................................................................. 21
5. Cuidados Farmacêuticos ........................................................................................... 21
5.1. Determinação de Parâmetros Antropométricos .......................................................... 21
5.2. Determinação dos Parâmetros Bioquímicos e Fisiológicos ...................................... 22
6. Outros Serviços de Saúde Prestados na Farmácia de Santo António .................. 22
7. Cartão das Farmácias Portuguesas .......................................................................... 23
8. ValorMed ...................................................................................................................... 23
PARTE II – PROJETOS DESENVOLVIDOS NO ÂMBITO DA ATIVIDADE FARMACÊUTICA ................................................................................................................................................. 25
Projeto I – Mask Associated Dry Eye (MADE) ..................................................................... 26
1. Enquadramento teórico ..................................................................................................... 26 1.1. Anatomia e fisiologia ocular ............................................................................................................................. 28 1.2. Mecanismos etiológicos ................................................................................................................................... 29
2. Fatores de risco .................................................................................................................. 30
Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária – FSA
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3. Papel do farmacêutico ....................................................................................................... 31 3.1. Diagnóstico ...................................................................................................................................................... 31 3.2. Tratamento ....................................................................................................................................................... 32
4. Enquadramento prático e intervenção na FSA ............................................................... 34
5. Resultados .......................................................................................................................... 34
6. Considerações finais ......................................................................................................... 34
Projeto II – Formação Interna sobre Mask Acne (Maskne) ................................................ 35
1. Fundamento teórico ........................................................................................................... 35
1.1. Pele .................................................................................................................................. 35 1.1.1. Epiderme ..................................................................................................................................................... 35 1.1.2. Derme .......................................................................................................................................................... 37 1.1.3. Hipoderme ................................................................................................................................................... 38
1.2. Definição ......................................................................................................................... 38
1.3. Mecanismos etiológicos ................................................................................................ 39 1.1.4. Temperatura ................................................................................................................................................ 40 1.1.5. Humidade .................................................................................................................................................... 40 1.1.6. Microbioma .................................................................................................................................................. 40 1.1.7. Influência da máscara ................................................................................................................................. 40
2. Papel do farmacêutico ....................................................................................................... 41 2.1. Prevenção ........................................................................................................................................................ 41 2.2. Tratamento ....................................................................................................................................................... 42 2.3. Maquilhagem .................................................................................................................................................... 44 2.4. Outros .............................................................................................................................................................. 44
3. Enquadramento prático e Intervenção na FSA ............................................................... 44
4. Resultados .......................................................................................................................... 45
5. Considerações finais ......................................................................................................... 45
Conclusão ............................................................................................................................... 46
Referências Bibliográficas .................................................................................................... 47
Anexos .................................................................................................................................... 51
Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária – FSA
ix
Índice de Figuras
Figura 1 - Representação gráfica da estrutura do filme lacrimal. Adaptada de [34]. .............. 29 Figura 2 - Representação das principais zonas da nossa pele. Adaptada de [55]. ................ 39
Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária – FSA
x
Índice de Tabelas
Tabela 1 - Cronograma das atividades desenvolvidas durante o estágio. ................................ 1 Tabela 2 – Percentagem da comparticipação dos medicamentos consoante o seu escalão. 15
Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária – FSA
xi
Índice de Anexos
Anexo I – Fluxograma a seguir pelo farmacêutico quando o utente apresenta possíveis
sintomas de olho seco associado ao uso de máscara (MADE).............................................65 Anexo II – Diapositivos apresentados na ação de formação interna.........................................66
Anexo III – Panfleto distribuído, aos utentes da FSA, no Dia Mundial da
Visão.........................................................................................................................................70
Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária – FSA
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Lista de Abreviaturas
ADSE – Instituto de Proteção e Assistência na Doença
AHA – Alfa-Hidroxiácido BDNP - Base de Dados Nacional de Prescrição
BHA – Beta-Hidroxiácido
CIMPI – Centro de Informação de Medicamentos de Preparação Individualizada
COVID-19 – Coronavirus Disease 2019 DCI – Denominação Comum Internacional
DEWS – Dry Eye Workshop
DGAV – Direção-Geral da Alimentação e Veterinária
DM – Diabetes Mellitus
EC – Estágio Curricular EMA – Agência Europeia do Medicamento
EPI – Equipamento de Proteção Individual
FF – Forma Farmacêutica
FFUP – Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto FGP – Formulário Galénico Português FHL – Filme Hidrolipídico
FL – Fluido Lacrimal FSA – Farmácia Santo António
HDL – High Density Lipoprotein
HTA – Hipertensão Arterial IMC – Índice de Massa Corporal
IRSOO – Institute for Research and Studies in Optics and Optometry
LASIK – Laser-Assisted in Situ Keratomileusis
LDL – Low Density Lipoprotein
LE – Linha de prescrição de Psicotrópicos e Estupefacientes sujeitos a controlo LEF – Laboratório de Estudos Farmacêuticos
LM – Linha Manual
LMM - Linha de prescrição de Medicamentos Manipulados
LVMNRSM – Locais de Venda de Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica
MADE – Mask Associated Dry Eye MASKNE – Mask Acne
MEP – Medicamentos Estupefacientes e Psicotrópicos
MG - Medicamentos Genéricos
MICF – Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas
Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária – FSA
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MM – Medicamentos Manipulados
MMO – Medicamentos de Marca Originais
MNSRM – Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica
MNSRM-EF – Medicamento Não Sujeito a Receita Médica
MSRM – Medicamentos Sujeitos a Receita Médica NMF – Natural Moisturizing Factors
OMS – Organização Mundial de Saúde
OS – Olho Seco
PA – Pressão Arterial
PED – Prescrição Eletrónica Desmaterializada PEM – Prescrição Eletrónica Materializada
PIM – Preparação Individualizada de Medicação
PNV – Plano Nacional de Vacinação
PV – Prazo de Validade
PVP – Preço de Venda ao Público RE – Prescrição de Psicotrópicos e Estupefacientes sujeitos a controlo
SA – Substância Ativa
SAMS – Serviço de Assistência Médico-Social
SI – Sistema Informático
SMS – Serviço de Mensagens Curtas SNC – Sistema Nervoso Central
SNS – Sistema Nacional de Saúde
TAF – Técnico Auxiliar de Farmácia
TEWL - Transepidermial Water Loss
TRAg – Teste Rápido de Antigénio UC – Unidade Curricular
UP – Universidade do Porto
UV – Ultravioleta
Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária – FSA
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PARTE I – DESCRIÇÃO DO FUNCIONAMENTO DO ESTÁGIO CURRICULAR NA FARMÁCIA SANTO ANTÓNIO
1. Introdução
A unidade curricular Estágio, correspondente a etapa final do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas (MICF), e um requisito legal que confere aos estudantes a
possibilidade de, após nove semestres de uma intensa formação teórica e pratica, contactar,
pela primeira vez, com a prática profissional farmacêutica. Este estagio profissionalizante e,
entao, uma oportunidade para os estudantes aplicarem os conhecimentos adquiridos em varias
unidades curriculares ao longo do MICF, enquanto se deparam com novos desafios que apenas surgem num contexto de pratica profissional.
Assim, este relatorio de estagio tem como principal objetivo a exposicao das atividades
por mim realizadas, incluindo os projetos por mim implementados, ao longo do meu estagio em
FC, na Farmacia Santo António (FSA), sob orientacao da Dr.ª Maria João Trabulo. Este estagio,
com a duracao total de três meses, decorreu de fevereiro de 2021 a abril de 2021, e com carga horária de 40 horas semanais. Durante o estagio, realizei as atividades apresentadas na Tabela 1 que serão exploradas com detalhe ao longo deste relatório.
Tabela 1 - Cronograma das atividades desenvolvidas durante o estágio.
Atividades desenvolvidas Fevereiro Março Abril
Gestão de stocks X X X
Realização de encomendas X X
Receção e conferência de encomendas X X X
Gestão dos prazos de validade X X X
Devoluções X X X
Conferência do receituário e faturação X X
Armazenamento de medicamentos e produtos de saúde X X X
Dispensa de medicamentos e produtos de saúde X X
Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária – FSA
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Medição de parâmetros bioquímicos e fisiológicos X X X
Preparação Individualizada de Medicação X X X
Projeto I X
Projeto II X
2. Organização da Farmácia Santo António
2.1. Localização geográfica A farmácia localiza-se na Avenida Santiago da freguesia de Rio Meão no concelho de
Santa Maria da Feira pertencente ao distrito de Aveiro. Esta avenida trata-se de uma das
principais artérias da freguesia e do concelho, pois estabelece a ligação a serviços importantes, por exemplo, o Hospital de São Sebastião e conecta com outras freguesias circundantes.
2.2. Horário de funcionamento O estabelecimento está aberto todos os dias, inclusive domingos e feriados, das 8 horas
às 24 horas.
2.3. Espaço físico
2.3.1. Espaço exterior A farmácia está localizada no rés-do-chão de um edifício habitacional. Está sinalizada
com a tradicional cruz luminosa de cor verde, permitindo assim a identificação da mesma a partir da via pública. A sinalética para além de sinalizar a localização da farmácia também
transmite informações como o nome da farmácia, data, hora, temperatura exterior e o horário
de funcionamento.
Para divulgar as campanhas de marketing dos produtos e serviços prestados na
farmácia, a montra da mesma é remodelada, frequentemente, tendo em conta as estações do ano.
Atualmente, a entrada na farmácia é efetuada por uma porta automática onde os
clientes podem encontrar gel desinfetante, uma máquina de senhas e a sinalética adequada
para que as normas de segurança sejam cumpridas, bem como outras informações pertinentes
relacionadas com a COVID-19 e detalhes técnicos da farmácia (direção técnica, horário de funcionamento, serviços prestados, existência de Livro de Reclamações e a participação no
Programa Nacional de Desfibrilhação Automática Externa). No interior está sinalizado com
setas, o percurso que os clientes devem efetuar ao circular na farmácia desde a entrada até à
saída, sendo esta efetuada por uma porta na lateral oposta em relação à entrada.
Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária – FSA
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2.3.2. Espaço interior
2.3.2.1. Front Office A farmácia possui um espaço amplo e grande que está dividido em diversas áreas. A
área central da farmácia é composta por postos de atendimento ao público. Numa das laterais
temos uma área onde podemos encontrar os medicamentos mais vendidos não sujeitos a receita médica e produtos de ortodontia, nutrição, homeopatia, perfumaria e desporto. Na outra
lateral podemos encontrar um espaço dedicado à puericultura e outro dedicado à
dermocosmética.
Nas proximidades da entrada podemos encontrar uma área da espera com um sofá e
cadeiras bem como uma balança para medição do peso e Índice de Massa Corporal. Junto à saída temos a área de Enfermagem, sendo esta constituída por um posto de atendimento, onde
são realizadas as medições básicas (Pressão Arterial, Glicemia, Colesterol e Triglicerídeos) e
um gabinete fechado para um atendimento privado e personalizado, onde são realizados
curativos ou administradas vacinas.
Os produtos de Alimentação Especial bem como aparelhos eletrónicos para medição de parâmetros fisiológicos e bioquímicos estão expostos nas proximidades ao gabinete de
enfermagem.
No piso inferior, efetuam-se os curativos de maior dimensão e armazenam-se os
produtos de Ortopedia, Fisioterapia e de ajuda na mobilidade.
No piso superior da farmácia são realizados os testes rápidos de antigénio à COVID-19 e são prestadas consultas de Podologia e Acupuntura.
2.3.2.2. Back Office Nesta zona, cujo acesso é reservado, temos o robot dispensador Go.Compact da
Gollmann®, onde é possível o carregamento e armazenamento de medicamentos. O robot
contém medicamentos sujeitos a receita médica, como por exemplo os estupefacientes e
psicotrópicos, e os medicamentos não sujeitos a receita médica.
A dispensa é feita pelos farmacêuticos através do programa informático presente nos computadores.
Adjacente ao robot temos um frigorífico, onde são armazenados os medicamentos
termossensíveis como vacinas, insulinas, entre outros.
No piso inferior, sob o Back Office, encontramos o laboratório para a produção de medicamentos manipulados bem como o stock de matérias-primas e equipamento utilizado na
mesma, o gabinete da diretora técnica, espaço comum dos funcionários e local de
armazenamento para produtos cujo stock é elevado.
2.4. Recursos Humanos A equipa é constituída por farmacêuticos, técnicos auxiliares de farmácia e enfermeiros.
Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária – FSA
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• Diretora Técnica/Farmacêutica
o Dr.ª Maria João Trabulo
• Farmacêutico Adjunto
o Dr. Élio Silva
• Farmacêutica(o) o Dr.ª Ludomila Alves
o Dr.ª Daniela Fernandes
o Dr. Nuno Pires
• Técnico Auxiliar de Farmácia
o Filipe Nunes o José Silva
• Enfermeira(o)
o Ana Margarida Sousa o Marcelo Silva
o Joana Ferreira
o Rita Barros
2.5. Divulgação e Estratégias de Marketing A farmácia utiliza as redes sociais Facebook e Instagram como plataforma de marketing
e divulgação do que está a ser desenvolvido na farmácia, como por exemplo os serviços
disponíveis, campanhas promocionais e educação para a saúde.
3. Gestão da Farmácia
3.1. Sistema informático O Sifarma 2000, software desenvolvido pela Glintt®, é o sistema informático utilizado
por cerca de 90% das farmácias portuguesas e que auxilia quer nos processos de gestão quer
no atendimento ao público. Ao longo do meu EC tive oportunidade de utilizar este sistema informático e para tal foram-me atribuídas credenciais de acesso.
As principais funções do software são, por exemplo, consultar a ficha do cliente, as
vendas normais, as vendas suspensas, os planos de comparticipação, a validação dos lotes,
toda a informação técnica e científica de um medicamento.
O software possui uma interface de utilizador básica, acessível e adequada que complementa o papel do(a) farmacêutico(a) na farmácia.
3.2. Gestão de Stock A gestão de stock e fundamental para a sustentabilidade e rentabilidade de uma
farmácia, e deve refletir as necessidades dos seus clientes para que haja a garantia de acesso aos produtos aquando necessidade. Logo, é imprescindível uma boa gestão que assegura as
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quantidades necessárias para que não haja rutura de stock ou excesso de stock, permitindo
assim obter produtos nas melhores condições económicas possíveis. Para isso, é importante
conhecer e analisar a rotatividade dos produtos, a sua disponibilidade no fornecedor, a época
sazonal, as tendências de prescrição dos médicos, a população-alvo e a divulgação de
MNSRM. Durante a minha experiência na FSA, verifiquei o aumento da procura, e
consequentemente, o aumento de stock em máscaras faciais, soluções desinfetantes e
autotestes COVID-19 devido à pandemia atual que vivemos.
3.3. Encomendas e Aprovisionamento
3.3.1. Realização de Encomendas A FSA tem como fornecedores principais a Cooperativa dos Proprietários de Farmácia
(COOPROFAR), a Alliance Healthcare e a Empifarma. Os fornecedores são selecionados de
acordo com as necessidades da farmácia, o preço dos produtos praticado por cada, as
condições de pagamento, os prazos de entrega, a possibilidade de descontos ou bonificações e as condições de transporte e/ ou serviço.
As encomendas podem ser feitas através do Sifarma e, pontualmente, por via telefónica
e/ou diretamente com os delegados comerciais. Estas encomendas realizadas aos
distribuidores podem ser encomendas diárias, via verde ou instantâneas/manuais.
Diariamente há a realização de encomendas, o que leva à compra de produtos em pequenas quantidades, isto permite uma maior sustentabilidade da farmácia. Para realizar a
encomenda, é usada uma funcionalidade do Sifarma, em que o funcionário responsável pelas
encomendas recebe a proposta de encomenda, sendo que este pode alterar e/ou confirmar a
dita proposta.
Outra funcionalidade importante do Sifarma é a execução de encomendas manuais ou instantâneas, esta faculta informação sobre a disponibilidade do produto ou medicamento nos
diversos fornecedores e a previsão de chegada à farmácia, sendo esta funcionalidade utilizada
na reserva dos produtos pagos e não pagos pelos utentes.
Dado que a FSA pertence ao mesmo grupo da Farmácia Aliança no Porto, existe assim
a possibilidade de verificar se o produto ou medicamento que o utente procura se encontra disponível na outra farmácia, permitindo assim trocas comerciais entre as duas partes.
Ao longo do meu estágio, observei a verificação das encomendas diárias realizadas
pelo responsável, realizei a receção de encomendas e procedi ao registo de encomendas
instantâneas/manuais.
Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária – FSA
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3.3.2. Receção de Encomendas A entrega das encomendas é realizada pelos funcionários dos fornecedores, sendo que
estes entregam contentores específicos com os medicamentos encomendados e as suas
respetivas faturas. Quando são encomendados produtos termolábeis, estes são entregues em contentores
térmicos especiais, para que se mantenha a estabilidade do produto durante a expedição. Aquando da receção dos contentores, o funcionário responsável pelas encomendas vai
verificar as faturas e os contentores, avaliando se o que foi entregue corresponde ao que foi
encomendado e, por fim, atualiza tudo informaticamente.
3.4. Reserva de Produtos Pagos e Não Pagos A farmácia sendo um serviço de saúde, deve dar resposta aos pedidos dos seus
utentes, nomeadamente, quando há necessidade de um medicamento sem stock, assim as
encomendas manuais e instantâneas são indispensáveis. No meu estágio realizei, frequentemente, o registo de encomendas requeridas pelos
utentes. Para isso, a farmácia dispõe de formulários em papel para registar todas as
informações sobre o produto e o utente. Depois de inserir toda a informação necessária, o
formulário é colocado num local específico do Back Office para que se possa proceder à
encomenda. Antes de proceder ao registo da encomenda e, sempre em comunicação com o utente,
deve-se conferir no Sifarma se o produto em causa está disponível no fornecedor e qual é a
previsão de entrega. No momento de entrega dos produtos aos utentes é requerida uma
assinatura de confirmação. É de salientar que realizei inúmeras encomendas manuais, sendo que várias eram de
produtos homeopáticos, estes possuem uma elevada procura pela população da região e de
regiões vizinhas. Isto verifica-se, pois, o grupo FastFarma® possui o primeiro laboratório
homeopático certificado em Portugal, e este encontra-se bastante difundido pela população
consumidora deste tipo de terapia.
3.5. Armazenamento dos Medicamentos e Produtos Farmacêuticos A farmácia, como mencionado anteriormente, possui grande variedade de produtos de
saúde, medicamentos e uma ampla área, tanto de acesso ao público como de Back Office. Os
MSRM, incluindo os MEP, e alguns MNSRM encontram-se no robot, pelo que permite uma dispensa rápida e correta. Os MNSRM restantes encontram-se dispostos em prateleiras quer
no Back Office, quer no espaço de atendimento ao público e estão organizados por ordem
alfabética, por forma farmacêutica e por indicação terapêutica.
Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária – FSA
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Os MNSRM e outros produtos de saúde como produtos homeopáticos, suplementos,
produtos infantis, entre outros, encontram-se no espaço de atendimento ao público, expostos
nas montras e prateleiras de forma a promover o conhecimento dos mesmos aos utentes.
No Back Office existe um frigorífico, com uma temperatura compreendida entre os 2 ºC
e os 8 ºC, onde são armazenados os produtos termolábeis. Como estagiário, procedi ao armazenamento e organização de MSRM, MNSRM e
outros produtos de saúde, tendo como base as orientações fornecidas pelo staff na organização
do robot e do espaço de atendimento ao público. Esta organização dos produtos era realizada
diariamente devido ao grande fluxo de encomendas que chegava à farmácia. Com isto, fiquei
a conhecer os locais de armazenamento dos produtos, e assim o meu atendimento ao público tornou-se mais eficaz e rápido, permitindo assim um maior foco no utente.
3.6. Controlo dos Prazos de Validade O controlo do prazo de validade de um medicamento é necessário, pois após
caducidade do mesmo, o medicamento pode deixar de ser seguro e/ou sofrer alterações, o que pode levar a uma diminuição do efeito pretendido ou mesmo à perda total da sua eficácia.
Quando estamos perante doenças crónicas, como a Diabetes mellitus (DM) ou a
Hipertensão Arterial (HTA), é imperativo que haja uma medicação regular para manter os
valores controlados, sendo que medicamentos sem eficácia são completamente indesejáveis à
situação patológica, podendo pôr em risco a vida do utente, daí a relevância deste controlo. Pelo que, só pode haver a venda de medicamentos, cujo prazo de validade não tenha sido
ultrapassado.
O prazo de validade encontra-se na embalagem secundária ou primária. O controlo é realizado no momento de receção das encomendas e mensalmente,
através do Sifarma, pela elaboração de uma lista dos produtos cuja validade expira nos meses seguintes, sendo estes separados dos outros. Na possibilidade de ser possível uma
dispensação segura destes produtos aos utentes, então estes devem ser colocados num local
prioritário e de fácil alcance. Se não for possível, os produtos terão de ser devolvidos ao
fornecedor, fazendo-se acompanhar de uma justificação. A dúvida “Qual é a diferença entre o prazo de validade depois de aberto e o prazo
de validade mencionado no recipiente ?” é persistente entre os utentes, sendo que alertei,
sempre, o utente no momento de dispensa de formas farmacêuticas, como os xaropes,
colutórios e colírios.
4. Dispensa de Medicamentos e Produtos de Saúde
Todo o trabalho desempenhado pelo farmacêutico centra-se no medicamento que, por
definição, é uma substância ou composição de substâncias que possui propriedades curativas
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8
ou preventivas das doenças e dos seus sintomas, do homem ou do animal, com vista a
estabelecer um diagnóstico médico ou a restaurar, corrigir ou modificar as suas funções [1].
4.1. Medicamentos Sujeitos a Receita Médica Medicamentos são considerados sujeitos a receita médica quando preenchem uma das
seguintes condições:
1. Podem constituir, direta ou indiretamente, um risco, mesmo quando usados
para o fim a que se destinam, caso sejam utilizados sem vigilância médica; 2. São, com frequência, utilizados em quantidade considerável para fins diferentes
daquele a que se destinam, se daí puder resultar qualquer risco, direto ou indireto, para a saúde;
3. Contêm substâncias, ou preparações à base dessas substâncias, cuja atividade
e ou efeitos secundários seja indispensável aprofundar; 4. Destinam-se a ser administrados por via parentérica, ou seja, são injetáveis [1].
Sendo assim, estes só são dispensados com prescrição médica. Durante o meu atendimento ao público verifiquei que a dispensa de um MSRM é algo de grande
responsabilidade e que exige a atenção total do farmacêutico.
O robot dispensador e o Sifarma são ferramentas que complementam o trabalho do
farmacêutico, pois contém toda a informação adequada para auxiliar e prevenir erros na
dispensa de medicamentos. Todavia, é importante avaliar o conhecimento do utente sobre a medicação em causa e esclarecer dúvidas, caso surjam, quanto a alterações, a efeitos
adversos, à administração e ao armazenamento).
4.1.1. Modelos de Prescrição Médica A comparticipação das receitas é aceite se estas forem prescritas nos seguintes
formatos: Receita Manual, Receita Eletrónica em papel (materializada) e Receita Eletrónica sem papel (desmaterializada).
A prescrição eletrónica é preferida em relação à manual, pois assim fica disponível na
Base de Dados Nacional de Prescrição (BDNP), e pode ser assim acedida, a nível nacional,
em qualquer farmácia. No entanto, a prescrição manual pode ser utilizada nas determinadas
circunstâncias que serão mencionadas de seguida.
4.1.1.1. Receita Médica com Prescrição Manual A prescrição manual só deve ser feita quando há falência do SI, inadaptação do
prescritor, prescrição no domicílio e outras situações ate um máximo de quarenta prescrições
por mês, devendo o médico no ato da prescrição assinalar com uma cruz, no canto superior
direito, o motivo pelo qual realizou manualmente a prescrição. A validade de uma receita e a capacidade da mesma ser aviada, depende da presença
dos items seguintes:
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• Número da receita;
• Nome e número do utente;
• Identificação do médico prescritor e a sua assinatura manuscrita;
• Vinheta do médico prescritor;
• Vinheta do local de prescrição;
• Data de prescrição;
• Validade da receita;
• Entidade financeira responsável;
• Número de beneficiário;
• Plano de comparticipação e, se aplicável, o Regime Especial de
Comparticipação;
• Medicamentos prescritos;
o Quantidade; o Identificação da exceção.
O documento nao pode conter rasuras, caligrafias diferentes e tintas de caneta
diferentes [2].
As prescrições manuais, têm uma validade de trinta dias após a data de emissão, e os
medicamentos presentes na mesma têm de ser levantados na íntegra, pois esta não é reutilizável.
Numa receita manual podem ser prescritos, no máximo, quatro medicamentos distintos,
num total de quatro embalagens de medicamentos por receita, e por cada medicamento é
possível prescrever até duas embalagens. Com a exceção de medicamentos de dose unitária,
pois estes podem ser prescritos até 4 embalagens [3]. Para cada medicamento, na receita, deve estar mencionado o princípio ativo, a dose e a quantidade, sendo que na ausência da
dose deve-se considerar a mais baixa, tal como na ausência da quantidade. Ao introduzir no Sifarma, os medicamentos a dispensar, é necessário selecionar o
regime de comparticipação a aplicar. Caso o utente tenha algum subsistema de saúde é,
imprescindível, a fotocópia da receita juntamente com o cartão da seguradora/entidade. O guia de tratamento é pessoal e intransmissível, devendo ser sempre entregue ao
utente [3].
Quando a dispensa de uma receita manual chega ao fim, devemos proceder à
impressão da fatura no verso da receita, onde podemos encontrar o número da receita e o lote
a que corresponde, o plano de comparticipação e os medicamentos sujeitos a este, bem como a quantidade dispensada, o preço de venda ao público (PVP) do medicamento, a data da
dispensa, o valor da comparticipação e o valor total da receita.
Para além desta informação, o verso da receita deve conter a assinatura do utente, bem
como o seu contacto telefónico, para que seja contactado se houver alguma irregularidade.
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10
Após o utente assinar, o farmacêutico responsável pela dispensa deve carimbar, datar e assinar
a receita, para posterior verificação da mesma.
Atualmente, as receitas manuais são raras, porém, ao longo do meu EC, deparei-me
com algumas e procedi à sua dispensa com ajuda dos meus colegas. Devo salientar que, os
principais problemas que surgiram, no ato de dispensa, foram compreender a caligrafia dos prescritores e a aplicação dos planos de comparticipação.
4.1.1.1.1. Conferência de Receituário
O farmacêutico responsável pela Conferência de Receituário vai verificar os dados do
utente e do médico prescritor, as suas assinaturas nos locais destinados a esse efeito, a
validade da receita, a correspondência entre os medicamentos prescritos e dispensados assim
como a sua quantidade, regime de comparticipação, identificação da farmácia, carimbo, data e
assinatura do farmacêutico que dispensou a receita. Após validar a receita, esta é arquivada para que sejam enviadas, mensalmente, às entidades responsáveis.
4.1.1.2. Prescrição Eletrónica Materializada (PEM) São em formato de papel e possuem uma validade de trinta dias seguidos após a data
de emissão da mesma. A renovação é possível, mas só para tratamentos de longa duração e
com uma validade de seis meses. Estas prescrições podem conter, no máximo, três vias,
devendo ser impressa a indicação da respetiva via. Em cada receita podem ser prescritos até quatro medicamentos distintos, num total de
quatro embalagens por receita. No máximo, podem ser prescritas duas embalagens por
medicamento. No caso dos medicamentos prescritos, se apresentarem sob a forma de
embalagem unitária, então, podem ser prescritas até quatro embalagens do mesmo
medicamento ou até doze embalagens no caso de medicamentos de longa duração (divididas pelas três vias).
A assinatura do médico prescritor é obrigatória e manuscrita [3].
4.1.1.3. Prescrição Eletrónica Desmaterializada (PED)
No dia 1 de abril de 2016, a prescrição eletrónica desmaterializada (receita sem papel)
tornou-se obrigatória em todo o Sistema Nacional de Saúde (SNS), constituindo a maioria das
receitas apresentadas na farmacia.
O objetivo destas é tornar a dispensa um ato mais seguro, mais cómodo, mais fiável,
com menos erros, falsificações e fraudes, para além de que permite alcançar uma maior
eficiência e segurança no circuito do medicamento. Este modelo de prescrição permite ao
utente obter os medicamentos, apresentando apenas o número da receita, o código de acesso e o código de opção, que podem ser visualizados na aplicação móvel SNS 24, na Área do
Cidadão do Portal SNS ou obtidos através serviço de mensagens curtas (SMS) ou correio
eletrónico.
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11
Para tratamentos de curta/média duração e longa duração, a validade da prescrição
eletrónica é de sessenta dias e seis meses, respetivamente, que são definidos em portaria
própria. O número máximo de embalagens por medicamento nos tratamentos de curta duração
e longa duração é de duas e seis, respetivamente [3].
Uma das grandes vantagens deste tipo de receita é que não é necessário dispensar
todos os medicamentos de uma só vez, assim é possível reutilizar a receita indefinidamente e
em qualquer farmácia, até esgotamento dos medicamentos prescritos na mesma ou expiração da sua validade.
Este tipo de prescrição apresenta, atualmente, um crescente e alargado uso, o que
permitiu habituar-me e realizar um bom atendimento ao utente. Verifiquei que, em comparação,
com as prescrições manuais, o seu processo de dispensa e mais simples e cómodo devido à
automatização existente e comunicação entre todos os serviços que constituem o SNS.
4.1.2. Prescrição por Denominação Comum Internacional e Medicamentos
Genéricos
A prescrição deve conter a denominação comum internacional (DCI) da substância
ativa (SA), a FF, a dosagem, apresentação ou tamanho de embalagem e a posologia.
Com o uso da DCI, o utente tem a possibilidade de opção entre um medicamento genérico (MG), no caso da existência do mesmo, que e uma opção mais económica, ou um
medicamento dito “de marca”. Isto nao acontece quando a prescrição dos medicamentos inclui
a denominação comercial, neste caso o utente e sujeito a optar pelo medicamento da marca
mencionada na receita, de acordo com exceções mencionadas abaixo.
As exceções a prescrição por DCI são:
• Margem ou índice terapêutico estreito - a receita tem que conter a menção “Exceção
a) do n. º 3 do art. 6.º”. Esta justificação está limitada ao conjunto de medicamentos
previamente identificado pelo Infarmed. Nesta situação, o farmacêutico só pode dispensar o medicamento que está prescrito;
• Reação adversa prévia - a receita tem de conter a menção “Exceção b) do n. º 3 do
art. 6.º - reação adversa prévia”. Esta alínea apenas se aplica às situações em que
tenha havido reação adversa reportada ao Infarmed, isto é, a um determinado
medicamento (marca comercial) e a um utente em particular, pelo que esta exceção
só pode ser evocada nestas condições. Nesta situação, o farmacêutico só pode
dispensar o medicamento que está prescrito;
• Continuidade de tratamento superior a 28 dias - a receita tem de conter a menção
“Exceção c) do n. º 3 do art. 6.º - continuidade do tratamento superior a vinte e oito
dias”. O prescritor pode prescrever com indicação da marca ou nome do titular em
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tratamentos com duração estimada superior a vinte e oito dias. Apesar da
justificação, é permitido ao utente optar por medicamentos similares ao prescrito,
desde que sejam de preço inferior [3].
Os MG são, então, “cópias” dos medicamentos ditos “de marca”. Estes surgem quando
a patente da marca caduca, e como toda a investigação clínica e em laboratório já foi desenvolvida pela marca, então, os MG apresentam um preço mais baixo, visto que, a sua
criação não foi tão dispendiosa. Assim, estes são mais acessíveis para os utentes com
dificuldades económicas e permitem uma melhor gestão económica e sustentabilidade do SNS.
Portanto, os medicamentos genéricos representam competição para os medicamentos de
marca, pressionado a redução do seu preço.
Para que, um medicamento genérico seja validado e comercializado, este tem de
apresentar a mesma composição qualitativa e quantitativa das substâncias ativas, a mesma FF
e demonstrar bioequivalência com o medicamento de referência. Os MG estão sujeitos ao
mesmo controlo de qualidade em termos de desenvolvimento, fabrico, controlo de qualidade e
condições de fornecimento dos medicamentos de marca original (MMO) e, deste modo, é expectável que apresentem a mesma segurança e eficácia que o medicamento de referência,
porém estão isentos de apresentar ensaios pré-clínicos e clínicos desde que comprovem a
bioequivalência em comparação com o produto de marca.
Durante o meu atendimento ao público, reparei que a maioria dos utentes ainda
possuem dúvidas quanto aos MG, nomeadamente, em relação à sua eficácia relativamente aos de marca. Portanto, esclareci sempre, com cuidado, qualquer dúvida e questionei os utentes,
caso a medicação fosse nova, qual era o laboratório que pretendiam, e caso a medicação fosse
habitual qual era o laboratório que costumava tomar, de forma a evitar uma possível não adesão
à terapêutica por desconhecimento ou incerteza quanto ao medicamento dispensado. Quando
o utente não se lembrava do laboratório que costumava comprar, então procedia à pesquisa do mesmo no histórico de vendas da ficha do utente.
4.1.3. Medicamentos Psicotrópicos e Estupefacientes
Os MEP são medicamentos cujo alvo é o sistema nervoso central (SNC) e
consequentemente têm impacto em todo o organismo humano, podendo atuar como
depressores ou estimulantes. Apesar das suas propriedades que podem ser vantajosas, estes
apresentam riscos como a habituação, a dependência e a sobredosagem, por isso e fundamental que sejam utilizados com fim clínico e com indicação médica, daí serem bastante
controlados.
Numa receita eletrónica materializada ou manual, estes medicamentos devem ser
prescritos isoladamente numa receita do tipo RE, ou seja, uma prescrição de Psicotrópicos e
Estupefacientes sujeitos a controlo. Caso seja uma prescrição desmaterializada, então a linha
Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária – FSA
13
de prescrição é linha de prescrição de Psicotrópicos e Estupefacientes sujeitos a controlo (LE).
A dispensa da receita só pode ser efetuada por um farmacêutico e o utente deve apresentar
sempre o cartão de cidadão no ato da dispensa.
Cada farmácia está sujeita a um controlo rigoroso por parte das autoridades
competentes pois tem de enviar mensalmente para o Infarmed, os comprovativos juntamente
com a lista dos MEP saídos da farmácia nesse mês e balanços das entradas/saídas dos MEP
e benzodiazepinas, anualmente [3].
Como estagiário, aprendi todos os passos de como dispensar MEP e a respetiva parte
burocrática da dispensa dos mesmos e posteriormente contei com várias oportunidades de os
dispensar, mas sempre com supervisão de um farmacêutico.
4.1.4. Medicamentos Manipulados
O MM e qualquer Formula Magistral ou Preparado Oficinal, preparado e dispensado
sob a responsabilidade de um farmacêutico. A Formula Magistral e o medicamento preparado
segundo uma receita médica e o Preparado Oficinal corresponde ao medicamento preparado
segundo as indicações compendiais, de uma Farmacopeia ou de um Formulario.
Quanto à sua prescrição, esta deve ser isolada se for usada uma receita eletrónica
materializada ou manual. No caso de receita materializada é requerido que esta seja do tipo MM e caso seja receita desmaterializada, então a linha de prescrição deve ser uma Linha de
prescrição de Medicamentos Manipulados (LMM).
Estes medicamentos nao podem ser prescritos em receita renovável. Após a data de
emissão, a sua validade é de trinta dias e sessenta dias seguidos, caso seja PEM e PED,
respetivamente. Cada linha de prescrição pode conter até duas embalagens de um MM. Em
cada PEM ou manual podem ser prescritos até quatro MM distintos.
O SNS comparticipa em 30% do PVP, os medicamentos manipulados que constam na
lista do Despacho nº 18694/2010.
Caso surjam dúvidas quanto à prescrição, formulação e interpretação da Fórmula
Magistral, o farmacêutico deve entrar em contacto com o médico prescritor.
Durante o processo de preparação, o farmacêutico é responsável por assegurar a
qualidade seguindo as boas práticas de manipulação. A técnica de preparação do MM deve ser
validada e consultada no Formulario Galénico Português (FGP). Se nao existir nenhuma, então,
devemos solicitar ajuda ao Centro de Informação de Medicamentos de Preparação
Individualizada (CIMPI) do Laboratório de Estudos Farmacêuticos (LEF) [4, 5].
No laboratório da FSA, aquando da produção de MM, o farmacêutico realiza o
preenchimento da ficha de trabalho, onde e registada a quantidade de matéria-prima utilizada
e os seus lotes, o modo de preparação, os dados do utente e do médico prescritor, o controlo de qualidade, o prazo de validade (PV) e condições de conservação, cálculo do PVP (de acordo
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com a legislação em vigor) e a criação de um lote para o MM. Por fim, a informação relevante
para o utente como a posologia, PV e as condições de conservação, é impressa num rótulo
que vai ser colado na embalagem.
Tive a possibilidade de observar e colaborar na preparação de MM, algo no qual me
senti confortável devido ao meu forte background em laboratório graças aos conhecimentos
adquiridos das aulas de Tecnologia Farmacêutica. Exemplos de preparações efetuadas são:
• Loção Ácido Salicílico e Ictiol;
• Suspensão Oral de Nitrofurantoína a 0,5%;
• Suspensão Oral de Trimetropim a 1%;
• Enxofre precipitado a 7,5% em Vaselina;
• Suspensão oral de Esomeprazol 5 mg/ml;
• Álcool 60º saturado em Ácido Bórico;
• Creme de Permetrina a 5%.
4.1.5. Venda Suspensa
Certos utentes com determinadas patologias, requerem medicação constante para
controlar as mesmas. Na eventualidade de uma possível paragem da terapia devido à falta de
medicação, o farmacêutico pode dispensar a medicação habitual do utente em modalidade de
venda suspensa, nesta o medicamento é pago na totalidade, ou seja, sem comparticipação. Posteriormente, o utente tem um prazo de trinta dias para regularizar a venda e se desejar
obter a comparticipação, para isso deve requisitar a prescrição ao seu médico.
Ao longo do meu período de estágio, efetuei inúmeras vendas suspensas, mas sempre
de forma responsável através da verificação do histórico de vendas do utente no Sifarma.
Porém, esta funcionalidade tem a desvantagem de que apenas permite verificar o histórico de
medicação do utente naquela específica farmacia. Saliento que isso poderia ser algo a ter em
consideração numa próxima atualização do SI, ou seja, permitir a comunicação entre farmácias a nível nacional. Isto, seria vantajoso para os utentes obterem a sua medicação crónica, quando
não se encontram na área de residência.
4.1.6. Regimes de Comparticipação dos Medicamentos A comparticipação dos medicamentos pode realizar-se através de um regime geral e
regime especial [4].
4.1.6.1. Regime Geral de Comparticipação
No regime geral, o estado contribui com uma determinada percentagem do PVP dos
medicamentos comparticipados consoante os escaloes, representados na Tabela 2. A distribuição dos medicamentos em cada escalão é feita consoante a sua classificação
farmacoterapêutica.
Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária – FSA
15
4.1.6.2. Regime Especial de Comparticipação
No regime especial, a comparticipação é em função de: beneficiários, patologias ou
grupos especiais de utentes e cidadãos estrangeiros com estatuto de refugiados ou com direito
de asilo em Portugal. A comparticipação por parte do Estado é acrescida de 5% no escalão A
e de 15% nos escalões B,C e D. Tabela 2 – Percentagem da comparticipação dos medicamentos consoante o seu escalão.
Escalão Regime geral Regime especial A 90% 95% B 69% 84% C 37% 52% D 15% 30%
4.1.6.2.1. Beneficiários
4.1.6.2.1.1. Patologias ou grupos especiais de utentes
A comparticipação relativamente a medicamentos utilizados no tratamento de determinadas patologias ou por grupos especiais de utentes e definida por despacho, sendo
que o prescritor deve mencionar na receita expressamente o diploma correspondente.
4.1.6.2.1.2. Cidadãos estrangeiros com estatuto de refugiados ou com direito de asilo em Portugal
Tendo em conta o artigo 52º da Lei nº 27/2008, de 30 de junho, 5.º da Portaria nº 30/2001, 27 de dezembro de 2000, publicada no Diário da República nº 14, Série I-B de 17 de
janeiro de 2001, “Os requerentes de asilo têm acesso gratuito ao Serviço Nacional de Saude
para efeitos de cuidados de urgência, incluindo diagnóstico e terapêutica, e de cuidados de
saude primários, bem como assistência medicamentosa, a prestar pelos serviços de saude da
sua área de residência.”
Relativamente à comparticipação, é de realçar algumas excecoes como:
• A comparticipação de MM e de 30% do seu PVP;
• A comparticipação de produtos destinados ao autocontrolo da DM: as tiras-testes para
determinacao da glicemia, cetonemia e cetonuria, bem como as agulhas, seringas e
lancetas. As tiras-teste são comparticipadas a 85% do PVP e as agulhas, seringas e
lancetas a 100% do PVP;
• A comparticipacao a 100% de produtos dieteticos com carácter terapeutico, desde que
sejam prescritos nos centros de tratamento dos hospitais protocolados com o Instituto
de Genética Medica Dr. Jacinto Magalhães ou no próprio Instituto;
Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária – FSA
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• A comparticipação das câmaras expansoras é de 80% do PVP ate um valor máximo de
28 euros;
• A comparticipacao é de 100% do PVP para dispositivos medicos de apoio a doentes
ostomizados e/ou com incontinência/retenção urinária [3].
Além dos regimes de comparticipação que o SNS oferece, o utente pode,
adicionalmente, beneficiar de inumeros subsistemas de saude privados que comparticipam
como o Serviço de Assistência Médico-Social (SAMS), Instituto de Proteção e Assistência na Doença (ADSE), Multicare, etc. Para isso, o utente deve apresentar o respetivo cartão de
beneficiário.
Durante o atendimento ao utente deparei-me, frequentemente, com varios regimes de
comparticipacao complementares, e tive sempre cuidado em aplicar o regime de
comparticipacao de que o utente é beneficiário.
4.2. Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica
Os MNSRM sao os medicamentos que podem ser adquiridos sem uma prescrição
medica, sendo que estes também podem ser incluídos em receitas. Podem ser comercializados
em farmácia e em locais devidamente licenciados pelo Infarmed. A sua venda deve ser,
sempre, monitorizada por um farmacêutico ou técnico de farmácia.
São usados na prevenção e tratamento de sintomas e afeções ligeiras, sem
necessidade de consulta médica, sendo assim utilizados em automedicação ou através do
aconselhamento farmacêutico. No entanto, é necessario prestar atenção às reações adversas
ou interações medicamentosas.
Assim, quando o farmacêutico realizar aconselhamento farmacêutico este deve obter o
máximo de informação a partir do utente e avaliar se o utente necessita de ser referenciado
para uma consulta médica ou se necessita de acompanhamento farmacêutico posterior. Caso
não seja necessário a referenciação para uma consulta médica, então o farmacêutico é
responsável por selecionar o MNSRM mais adequado para a situação, ou dispensar o que lhe
foi pedido (se adequado) e transmitir toda a informação necessário ao uso responsável daquele medicamento.
Os pedidos de MNSRM foram muito frequentes ao longo da minha experiência em
atendimento ao público. Todas as dispensas que fiz foram de forma responsável e adequada.
Caso surgisse alguma dúvida não hesitava em esclarecer a mesma com um farmacêutico. A
partir da visualização de como os outros farmacêuticos da FSA atendiam e aconselhavam o
utente, permitiu-me obter a informação pertinente do utente e dar-lhe o melhor aconselhamento
farmacêutico.
Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária – FSA
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Exemplos de perguntas fundamentais são: perceber se o adquirente é o doente, a
sintomatologia, a duração da mesma, se já tomou medidas, questionar se o utente tinha alguma
alergia e se tinha outras patologias ou fazia alguma medicação.
Assim, com esta informação recolhida, selecionei o medicamento mais adequado e
expliquei ao utente a indicação terapêutica e a toma do mesmo, garantindo o uso do mesmo
no período recomendado, tendo em consideração contraindicações como gravidez e
amamentação, promovendo assim o uso racional do medicamento.
Quando se tratava de algo que estava para além das minhas capacidades, solicitava
ajuda a um dos meus colegas ou então aconselhava uma ida ao médico.
Os MNSRM que mais dispensei, ao longo do meu EC, foram os analgésicos, relaxantes
musculares, os de tratamento sintomático de constipações e para problemas gastrointestinais.
4.2.1. Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica de Dispensa
Exclusiva em Farmácia
Foi criada uma subcategoria de MNSRM designada por MNSRM de Dispensa Exclusiva
em Farmácia (MNSRM-EF), os medicamentos pertencentes a esta exigem que a sua dispensa
seja feita por um farmacêutico seguindo um protocolo de dispensa. Cada MNSRM-EF possui
um protocolo de dispensa específico e este deve ser cumprido aquando da dispensa. A criação
desta subcategoria permitiu ao utente, um acesso simplificado e seguro a determinados medicamentos [6].
Tendo em conta a minha experiência, da lista de MNSRM-EF existentes, os que
dispensei com mais frequência na FSA foram: Kreon® (BGP Products), Doce Alívio® (Farmácia
Moreno), Brufen® 400 mg (BGP Products) e Fucidine® (pomada e creme).
4.3. Medicamentos e Produtos Homeopáticos A Homeopatia e uma terapêutica nao convencional que se fundamenta num processo
natural de cura em que os medicamentos homeopáticos procuram estimular o organismo a
reagir, reforçando os mecanismos de defesa e assim ajudam o paciente a retornar a uma
condição saudável, ou seja, o alvo é o paciente e não a doença [7].
Um medicamento homeopático é um medicamento obtido a partir de substâncias
denominadas stocks ou matérias-primas homeopáticas, de acordo com um processo de fabrico descrito na farmacopeia europeia, ou na sua falta, em farmacopeia utilizada de modo oficial
num estado membro, e que pode ter vários princípios [8].
Na homeopatia, sao administradas aos doentes quantidades mínimas de SA, pois
acredita-se que a atividade da SA é potenciada pela diluição e assim provocam em pessoas
saudáveis os sintomas que estao a ser tratados. A preparação destes medicamentos homeopáticos, consiste em sujeitar a SA por uma série de diluições (podendo esta ser de
escala decimal, centesimal e cinquenta milésimas), assegurando inocuidade e o processo é
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semelhante ao de preparação dos medicamentos “normais”, sendo que existe um capítulo
dedicado na Farmacopeia Europeia e Portuguesa. A homeopatia e uma das sete terapêuticas
nao convencionais oficializada. Pode ser usada isoladamente ou com o apoio de trata- mentos
convencionais, sendo um tratamento utilizado principalmente para patologias autolimitadas.
Foi na FSA que tive o meu primeiro contacto com homeopatia pois o grupo FastFarma® possui o primeiro laboratório homeopático certificado em Portugal, sendo que este se encontra
bastante difundido na população consumidora da região e regiões vizinhas. O laboratório
produz medicamentos homeopáticos para as farmácias do grupo. Junto aos balcões de
atendimento ao público, existe um sistema de gavetas dedicado a este tipo de produtos. Acho
uma mais-valia este contacto que tive com a homeopatia e os utentes que a utilizavam.
4.4. Medicamentos e Produtos de Uso Veterinário De acordo com a Direção Geral da Alimentação e Veterinária (DGAV), o medicamento
veterinário é “toda a substância ou associação de substâncias, apresentada como possuindo
propriedades curativas ou preventivas de doenças em animais ou dos seus sintomas, ou que possa ser utilizada ou administrada no animal com vista a estabelecer um diagnóstico médico-
veterinário ou, exercendo uma ação farmacológica, imunológica ou metabólica, a restaurar,
corrigir ou modificar funções fisiológicas” [9].
A FSA possui uma grande seleção de produtos para uso veterinário com várias
finalidades. Como estagiário, os produtos que mais dispensei foram os antiparasitários internos ou externos. Por vezes, ao balcão, chegavam situação específicas, nas quais teria de recorrer
à ajuda de um dos meus colegas, permitindo assim um melhor atendimento e expansão do
meu conhecimento nesta área.
4.5. Produtos de Dermofarmácia, Cosmética e Higiene Corporal Os produtos de Dermofarmácia, Cosmética e Higiene Corporal podem ser designados,
apenas por produtos Cosméticos e estes são definidos como “qualquer substância ou mistura
destinada a ser posta em contacto com as partes externas do corpo humano (epiderme,
sistemas piloso e capilar, unhas, lábios e órgãos genitais externos) ou com os dentes e as
mucosas bucais, tendo em vista, exclusiva ou principalmente, limpá-los, perfumá-los, modificar-lhes o aspeto, protegê-los, mantê-los em bom estado ou corrigir os odores corporais” [10].
Porém, os produtos de Dermofarmácia consistem em fórmulas com ação corretiva
devido à presença de substâncias ativas e que tem como finalidades, por exemplo, o tratamento
de acne, eczema, psoríase, rosácea, dermatites, entre outras.
Atualmente, esta área encontra-se em elevado crescimento e existe, cada vez mais, a procura de produtos que sejam vegan, cruelty-free, eco-friendly e naturais.
Como mencionado anteriormente, a FSA possui uma área dedicada à cosmética, na
qual existe uma extensa seleção de produtos (cremes, champôs, cleansers, séruns, ampolas,
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bálsamos, produtos de higiene íntima, produtos de higiene oral, perfumes, entre outros)
pertences a marcas como CeraVe®, Avéne®, Uriage®, Bioderma®, La Roche-Posay®,
Vichy®, Caudalie®, Filorga®, Skinceuticals®, SVR® e ISDIN®.
4.6. Alimentação Especial
Os produtos de alimentação especial são formulados de forma a satisfazer as
necessidades nutricionais dos pacientes, nomeadamente, lactentes, doentes oncológicos, pessoas com distúrbios metabólicos ou com condições fisiológicas especiais. Estes produtos
têm uma composição e fabrico diferente dos alimentos de consumo normal [11].
Ao longo do meu estágio tive em contacto com vários produtos de alimentação especial,
nomeadamente, leites adaptados às diferentes fases de crescimento de um bebé (leite
hipoalergénico HA e leite anti regurgitante AR) de marcas como a Nutriben®, Nestle® e
Aptamil® bem como produtos hiperproteicos e hipercalóricos (iogurtes e pudins) da Fresubin® e Nutricia®. Para além de ganhar experiência ao balcão, também tive a oportunidade de
participar numa formação da Fresubin® onde foi abordada toda a gama de produtos que a
marca oferece e um breve resumo das características de cada produto. Esta formação permitiu
que tivesse um maior conhecimento e facilitou o meu aconselhamento quando fosse
necessário.
4.7. Suplemento Alimentar
Os suplementos alimentares têm como objetivo fornecer, ao nosso organismo,
nutrientes, como vitaminas, sais minerais, fibras, ácidos gordos e aminoácidos, de forma
complementar a nossa dieta, quando há insuficiente aporte destes na dieta normal do individuo.
É de salientar que, o suplemento alimentar não pode alegar propriedades de prevenção,
tratamento ou cura de patologias e os seus sintomas bem como não pode apresentar atividade terapêutica [12]. A DGAV é responsável pelo controlo dos produtos existentes no mercado
nacional.
Notei que existe uma grande procura por produtos desta categoria, nomeadamente,
multivitamínicos. Antes de dispensar um multivitamínico, o farmacêutico deve questionar o
utente de forma a obter toda informação necessária para um aconselhamento correto bem
como informar como tomar para alcançar o maior benefício com a maior segurança. Por exemplo, quando o farmacêutico está perante um utente com uma dieta vegetariana (ovo-
vegetariana, lacto-vegetariana ou ovo-lacto-vegetariana) ou vegan que está à procura de
suplementos alimentares para complementar a sua dieta, este deve aconselhar suplementos
que irão fornecer nutrientes, vitaminas e minerais que estão presentes nos alimentos de origem
animal e que o utente não consome, alguns exemplos são vitaminas do Complexo B, Ómegas-3-6-9, Ferro, Vitamina D, Iodo e Cálcio.
Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária – FSA
20
Como exemplos de marcas presentes na FSA temos a Cerebrum®, Memorium®,
Absorvit®, BioActivo®, Solgar®, Centrum® e ainda outras marcas focadas em suplementos
desportivos. O conhecimento destes produtos é importante, pois permite sugerir ao utente um
suplemento de forma a satisfazer as suas necessidades. Alguns dos suplementos mais
vendidos aquando do meu período de estágio foram os suplementos de vitamina C, suplementos energéticos, suplementos para desconforto urinário e suplementos para alteração
do sono e humor.
4.8. Produtos Fitoterapêuticos
A área da Fitoterapia inclui substâncias ativas que são obtidas de plantas e que têm
como fins terapêuticos o controlo do colesterol, o controlo do trânsito intestinal, desintoxicação
do organismo, resolução de problemas urinários e também fins dietéticos.
Para venda ao público, a farmácia tem infusões, tisanas e produtos específicos de
marcas como Aquilea®, Aboca®, entre outras. Alguns dos constituintes presentes nestes
produtos foram estudados durante o MICF e, portanto, foi fácil a sugestão destes produtos a
utentes devido ao conhecimento adquirido em certas unidades curriculares.
4.9. Ortopedia/Espaço Sénior
A área da ortopedia contém produtos destinados ao aparelho locomotor. Estes produtos
destinam-se aos idosos e aos utentes que estejam acamados ou que necessitem de cuidados
especiais depois de terem sofrido um trauma. A finalidade destes produtos é aumentar a
qualidade de vida e/ou tornar a recuperação eficaz. Os aparelhos auxiliares na locomoção, os
assentos sanitários, os assentos de banho, as barras de banho, entre outros são exemplos de produtos aos quais os utentes da FSA têm acesso.
4.10. Área da Puericultura
Na área da puericultura, encontramos artigos que vão acompanhar o desenvolvimento
do bebé desde o seu nascimento e durante a sua infância. Nesta área temos produtos de
higiene (cremes, champô, gel de banho, fraldas, toalhitas, entre outros), produtos alimentares,
termómetros, chupetas, biberões, brinquedos e muito mais.
Como já mencionado anteriormente, a FSA possui uma área dedicada à Puericultura,
onde podemos encontrar marcas como Mustela®, Nestlé®, Chicco®, Aptamil®, Avéne®, NAN® entre outras. Devo salientar que os produtos que mais vendi foram os de alimentação
(substitutos do leite materno e “papas”) e as chupetas. Quer os produtos de alimentação quer
as chupetas têm diversas variedades consoante idade do recém-nascido e certas condições
que este possa ter, por exemplo, intolerância à lactose, fácil regurgitamento, alergias, entre
outras, daí ser importante falar com o pai ou mãe e retirar informação sobre o bebé.
Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária – FSA
21
4.11. Dispositivos Médicos
Os dispositivos medicos sao um conjunto de produtos que têm como finalidade, o
diagnóstico, a prevenção, o controlo, o tratamento ou a atenuação de uma condição do utente.
No entanto, estes distinguem-se dos medicamentos pois as suas finalidades são alcançadas de um modo não farmacológico, metabólico ou imunológico [13]. Estes produtos são divididos
em quatro classes de risco:
• Dispositivos medicos de classe I - baixo risco;
• Dispositivos medicos de classe IIa – baixo medio risco;
• Dispositivos medicos de classe IIb – alto medio risco;
• Dispositivos medicos de classe III – alto risco.
A classificação acima é definida tendo em conta os seguintes fatores: duracao de
contacto com o corpo humano, a invasibilidade no corpo humano, a anatomia afetada pela
utilização e os potenciais riscos provenientes da sua concecao técnica e fabrico [14].
Dentro dos dispositivos médicos com que mais contactei, destacam-se os autotestes
COVID-19, as meias de compressão, as seringas, os termómetros, os pensos, as ligaduras, os
óculos corretivos, os preservativos, os testes de gravidez, os medidores de tensão arterial,
lancetas, câmaras expansoras, as palmilhas, os materiais de ostomia, as muletas e as
canadianas. Antes de dispensar estes produtos, procurei perceber o que o utente procurava e
só depois procedia, se necessário, à explicação de como usar o produto em questão.
5. Cuidados Farmacêuticos
As farmácias como parte integrante do SNS, possuem como objetivo a promoção de
saúde e hábitos de vida saudáveis através da dispensa de medicamentos, promoção da adesão
à terapêutica, acompanhamento farmacêutico, identificação de fatores de risco e prestação de
outros serviços.
Em Portugal, a farmácia é considerada o local de saúde ao qual os utentes recorrem
em primeiro lugar quando necessitam [15]. Isto porque existe uma relação de confiança e uma
credibilidade elevadíssima no farmacêutico e também porque muitos utentes não possuem, além da farmácia, nenhuma unidade de saúde nas proximidades da sua residência. E, portanto,
são espaços extremamente importantes para auxiliar no rastreio, diagnóstico, controlo e
tratamento de condições patológicas.
5.1. Determinação de Parâmetros Antropométricos A altura, o peso e o IMC são designados por parâmetro antropométricos e estes podem
ser medidos na FSA através de uma balança eletrónica.
Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária – FSA
22
5.2. Determinação dos Parâmetros Bioquímicos e Fisiológicos Como mencionado anteriormente a farmácia possui um espaço dedicado à medição
destes parâmetros, dos quais fazem parte a PA, a glicemia, o colesterol total, o colesterol HDL, o colesterol LDL e os triglicerídeos. A prestação destes serviços é gratuita e cómoda, o que
atrai os utentes.
Os utentes procuram, frequentemente, a medição destes parâmetros, o que possibilita
à farmácia realizar um acompanhamento dos seus utentes com certas patologias e assim encaminhar para uma consulta médica, caso seja necessário.
Apesar de a farmácia possuir serviço de enfermagem, fui solicitado, regularmente, para
medir a PA, nas horas de maior afluência. Ao efetuar esta medição tive o cuidado de
compreender o histórico do utente, explicar os valores obtidos e registar no seu cartão de
utente, bem como indicar possíveis medidas não farmacológicas para controlar os valores, caso estes estejam superiores ou inferiores aos valores normais.
6. Outros Serviços de Saúde Prestados na Farmácia de Santo António
A ampla oferta de serviços de saúde faz desta farmácia uma das mais procuradas na
região, oferta essa que inclui:
• Serviço de enfermagem permanente [administração de vacinas não incluídas
no plano nacional de vacinação (PNV), administração de medicamento
injetáveis adquiridos na farmácia, prestação de primeiros socorros, medição
dos parâmetros bioquímicos e fisiológicos];
• Consultas de Podologia;
• Acupuntura;
• Rastreios (dermatológicos, auditivos, entre outros);
• Teste Rápido de Antigénio (TRAg) COVID-19;
• Serviço de Entregas ao Domicílio;
• Preparação Individualizada da Medicação (PIM) semanal em centros de dia e
lares;
Para além das atividades realizadas na FSA, eu fazia parte da equipa responsável pela
PIM em dois lares do grupo Bella Vida. O nosso papel era organizar os medicamentos orais
sólidos de acordo com a posologia prescrita e proceder ao acondicionamento destes em fitas
com uma máquina de emblistar. Após acondicionados, os “blisters” eram organizados num sistema de gavetas, onde cada gaveta correspondia a um utente. Para isso, aprendi os
procedimentos da PIM e como manusear a máquina de emblistar. Verifiquei que isto permite
uma maior adesão à terapêutica, prevenção dos erros de medicação e diminuição da
sobrecarga das enfermarias, no que toca à gestão dos medicamentos.
Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária – FSA
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7. Cartão das Farmácias Portuguesas
O cartao Sauda é uma iniciativa que permite aos utentes acumular pontos com todas
as compras realizadas de produtos de saude e bem-estar, MNSRM e serviços farmacêuticos,
sendo que cada euro gasto corresponde a um ponto.
Posteriormente, esses pontos podem ser trocados diretamente por produtos do
catálogo de pontos ou podem ser convertidos em vouchers que podem ser utilizados para pagar ou descontar na conta da farmacia, por exemplo, cinquenta pontos equivale a um vale de dois
euros.
Os pontos acumulados têm um ano de validade a partir do fim do mês da emissão dos
mesmos [16].
Vários utentes apresentaram este cartão durante o meu atendimento ao público, sendo que procedi a utilização de vouchers de desconto e efetuei trocas de pontos como, por exemplo,
por pastas dentífricas.
8. ValorMed
A ValorMed é uma sociedade cuja responsabilidade é a gestão dos resíduos de
embalagens vazias e medicamentos fora de uso. Esta iniciativa surgiu com o objetivo de criar
um processo de recolha e tratamento seguro e adequado para os medicamentos, dada a sua especificidade enquanto resíduo, contribuindo para a preservação do ambiente e proteção da
saúde pública.
A distribuição e recolha dos contentores ocorre a nível nacional (continente e ilhas) e
permite abranger os resíduos de embalagens de medicamentos de uso humano, contendo ou
não restos de medicamentos, resíduos de embalagens de medicamentos de uso veterinário,
contendo ou não restos de medicamentos, e produtos veterinários para animais domésticos
vendidos nas Farmácias Comunitárias e Locais de Venda de Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica (LVMNSRM), produzidos pelos consumidores finais e recolhidos através de
Farmácias Comunitárias e LVMNSRM aderentes, e pelos resíduos de embalagens de uso
veterinário, contendo ou não restos de medicamentos e, acessoriamente produtos de uso
veterinário, recolhidos através dos Centros de Receção Veterinários aderentes [17].
No interior dos contentores podemos depositar as embalagens, os folhetos, blisters,
frascos, bisnagas, sendo que podem estar vazios ou mesmo com restos. É de salientar que não devem ser colocadas agulhas e seringas, termómetros de mercúrio, pilhas, aparelhos
elétricos e eletrónicos, material de penso e cirúrgico, produtos químicos e radiografias [18].
Durante o estágio recebi, com frequência, sacos com medicamentos para depositar nos
contentores da ValorMed. Adicionalmente, quando nos deslocávamos aos lares para a PIM,
levávamos sempre um contentor novo para trocar com o existente, caso estivesse cheio. Na
Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária – FSA
24
entrada da farmácia existe um sinal informativo da ValorMed, o que permite dar a conhecer a
iniciativa aos clientes e no interior da farmácia há folhetos que permitem instruir sobre como
rejeitar esta categoria de resíduos.
Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária – FSA
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PARTE II – PROJETOS DESENVOLVIDOS NO ÂMBITO DA ATIVIDADE
FARMACÊUTICA
A COVID-19, uma doenca infeciosa aguda do trato respiratorio, é causada por um novo
coronavírus que a 11 de fevereiro de 2020 foi designado de SARS-CoV-2 (Severe Acute Respiratory Syndrome Coronavirus 2). Nos últimos vinte anos, a população humana já foi
atingida por três coronavírus, incluindo este último, que conseguiram ultrapassar a barreira das
espécies e tornar-se altamente patogénicos. A província de Wuhan na China, foi o berço do
surto deste coronavírus, porém rapidamente se disseminou por outros países e assim a 11 de
março de 2020, a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou o estado de pandemia [19]. O primeiro paciente com a COVID-19 foi hospitalizado a 12 de dezembro de 2019. Os
sintomas apresentados são febre (temperatura ≥ 38,0 ºC), tosse, dor de garganta, cansaço,
dores musculares e perda de olfato e paladar. Afeta predominantemente a população idosa
com patologias pré-existentes e tem uma taxa de mortalidade de 2-5% [19].
Atualmente, o vírus possui quatro variantes, a alfa, a beta, a gama e a delta, sendo esta última a mais preocupante. De acordo com a OMS, a nível mundial, existem mais de 200
milhões de casos de COVID-19 e quase 5 milhões de óbitos [20].
Desde o início da pandemia, Portugal passou por três vagas com números cada vez
mais altos relativamente a infeções, mortes e internamentos. Apesar do esforço coletivo de vários países em controlar esta pandemia e todas as medidas aplicadas, os números atingidos
foram preocupantes, nomeadamente, no Brasil, Estados Unidos da América, Reino Unido,
entre outros. As medidas aplicadas levaram ao descontentamento de populações e geraram
uma crise económica, devido ao aumento do desemprego, fecho do comércio, paragem do
turismo, e isto, levou à falência de muitas empresas pois não conseguiram suportar a crise. Porém, caso não fosse este esforço coletivo, muitos países não iriam conseguir
controlar a evolução da pandemia e iriam alcançar números ainda mais elevados. Com a
melhoria das estatísticas associadas à COVID-19, os países começaram a aliviar as restrições
e medidas, de forma a que se possa voltar lentamente ao estado normal, mas sempre em
segurança e vigilância epidemiológica constante [19]. Inicialmente, o conhecimento sobre a origem e as vias de transmissão era limitado,
todavia, rapidamente se descobriu que a disseminacao rapida e eficiente da COVID-19 deve-
se à elevada capacidade de infeção do vírus e invasao de celulas do trato respiratorio,
permitindo assim uma transmissao pessoa-a-pessoa eficaz. A principal via de transmissão
direta é a inalação de aerossóis respiratórios que as pessoas infetadas imitem. Contudo, a transmissão pode ser feita indiretamente pelo contacto das maos com fómites e depois com a
boca, nariz ou olhos [21].
Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária – FSA
26
No início do combate a esta pandemia, nao existiam vacinas nem uma terapêutica
específica e eficaz, assim, a única estratégia de controlo era implementar medidas de
prevenção da transmissao do vírus, ou seja, o uso de máscara facial, como, equipamento de
proteção individual (EPI), higiene pessoal e desinfeção de espaços e superfícies/objetos [19,
22]. Desde o primeiro caso da COVID-19 até hoje, os profissionais de saúde da primeira
linha de combate contra o coronavírus apresentam um elevado risco de infeção, portanto, usam
EPI para sua proteção. Os EPI incluem: bata, máscara facial, proteção ocular, luvas, cobre-
botas, touca [21]. A eficácia do EPI depende do seu uso correto, contudo o seu uso pode ser
desconfortável e levar à contaminação dos profissionais de saúde quando o retiram. Devido a isto, estes equipamentos foram redesenhados, de forma a facilitar a remoção dos mesmos [23].
Contudo, o grande boost na investigação e no desenvolvimento de vacinas para a
COVID-19 fez com que, atualmente, haja a produção, comercialização e administração de
quatro vacinas aprovadas pela EMA, sendo estas da: BioNTech e Pfizer, Moderna,
AstraZeneca e Janssen Pharmaceutica NV. A vacinação, hoje, avança a um ritmo acelerado, pelo que contamos com,
aproximadamente, 6 bilhões de doses de vacina administradas [20], sendo que mais de 15
milhões de doses foram administradas em Portugal e, aproximadamente, 85% da população
portuguesa já se encontra completamente vacinada [24, 25]. Para além destas quatro vacinas,
a EMA iniciou ensaios clínicos de mais quatro vacinas, a Novavax, a CureVac AG, a Sputnik V e a Vero Cell. As vacinas só serão autorizadas para introdução no mercado quando reunirem
todas as condições necessárias [26].
Ao longo da pandemia, a preocupação em reduzir a transmissão da doença levou a um
incremento significativo no uso de máscara facial e de soluções desinfetantes e, assim,
surgiram duas condições associadas ao uso de máscara: o Mask Associated Dry Eye (MADE) e o Mask Acne (Maskne). Apesar de estas condições estarem a ser enaltecidas no presente,
não quer dizer que estas já não existiam no passado, especialmente, em ambientes
hospitalares. Como o uso de máscaras faciais têm-se prolongado até hoje e pode vir a ser
ainda mais prolongado, devemos aprofundar o conhecimento destas condições, ou seja, compreender a sua etiologia, o seu diagnóstico, tratamento e o papel do farmacêutico. Isto é
essencial porque a não aderência ao uso de máscara pode levar a consequências graves na
prevenção da COVID-19 e de futuras infeções [27].
Projeto I – Mask Associated Dry Eye (MADE)
1. Enquadramento teórico Em junho de 2020, o oftalmologista Dr. E. White descreveu no seu blog, pela primeira
vez, o termo MADE como síndrome do olho seco associada ao uso de máscara facial [28].
Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária – FSA
27
O olho seco, de acordo com o International Dry Eye Workshop (DEWS), é uma doença
multifatorial da superfície ocular caracterizada pela perda de homeostasia do filme lacrimal,
sendo esta acompanhada por sintomas oculares, na qual a instabilidade e hiperosmolaridade
do filme lacrimal, a inflamação e o dano da superfície ocular bem como anormalidades
neurossensoriais representam um papel etiológico [29]. A sintomatologia apresentada é: vermelhidão, ardor, lacrimejo, prurido, fotofobia, fadiga visual, sensação de areia e picada.
Existem dois tipos de olho seco, ou seja, olho seco com reduzida produção lacrimal
(aquodeficiente), olho seco com evaporação exacerbada do filme lacrimal (evaporativo) ou a
combinação de ambos [30].
O Institute for Research and Study in Optics and Optometry (IRSOO) em Itália, durante o mês de setembro e outubro de 2020, realizou um estudo epidemiológico, no qual foi pedido
o preenchimento anónimo de um formulário online, onde era questionado a idade, o sexo, a
profissão e a frequência de sintomas de OS.
Em relação à frequência, os participantes podiam selecionar uma das seguintes
opções: nunca, às vezes e frequentemente. Se o participante respondesse “nunca”, então não lhe seriam feitas mais questões.
Aos participantes que responderam “às vezes” ou “frequentemente”, seria-lhes
perguntado se estes sintomas melhoravam, pioravam ou mantinham-se quando usavam
máscara facial. Aos mesmos também foi questionado se usavam óculos graduados ou lentes
de contacto. Neste estudo, só os participantes que manifestavam sintomas ao usar máscara facial
ou os que manifestavam agravamento dos sintomas com o uso da máscara, foram
considerados afetados com MADE. Por outro lado, os participantes que reportaram não
apresentar sintomas de MADE.
Sendo assim, de um total de 3 605 questionários válidos:
• 32,1%, nunca apresentaram sintomas oculares;
• 54,3%, às vezes;
• 13,6%, frequentemente.
Quanto ao efeito do uso de máscara facial, dos 2 447 participantes que apresentaram
sintomas:
• 20 (0,8%), reportaram a melhoria de sintomas;
• 1 769 (72,3%), não sentiram nenhuma diferença;
• 658 (26,9%), reportaram o agravamento de sintomas.
Podemos concluir que, apenas, 18,3% da amostra total apresentou MADE. Tendo em
conta, a composição da amostra e os resultados obtidos, o sexo feminino apresenta uma maior prevalência para apresentar sintomas de OS, bem como os utilizadores de óculos graduados
ou lentes de contacto.
Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária – FSA
28
Apesar dos resultados demonstrarem que a maioria dos participantes não sentiram
diferença quanto aos sintomas com o uso de máscara, não devemos de ignorar a percentagem
significativa de participantes, ou seja, aproximadamente, 18%, que reportaram o agravamento
dos sintomas.
Quanto à profissão dos participantes, os resultados mostraram que trabalhadores de estabelecimentos comerciais tem mais predisposição em comparação com outras profissões
como, por exemplo, os profissionais de saúde que usam máscara facial por longos períodos de
tempo, esta diferença deve ser explorada em futuros estudos [31].
1.1. Anatomia e fisiologia ocular De maneira a compreender melhor o que se passa a nível do olho, devemos conhecer
a anatomia e fisiologia ocular. Sendo assim, o olho é uma das estruturas mais complexas do
corpo humano, este é constituído por diversas partes, cujo funcionamento coletivo proporciona
o nosso sentido de visão. Entre as estruturas oculares, o filme lacrimal parece ser a mais
relevante no processo etiológico desta condição.
O filme lacrimal (FL) é constituído, maioritariamente, por água (cerca de 98%) e outras substâncias, como, eletrólitos (sódio, potássio, cálcio e bicarbonato), proteínas, glicoproteínas
e lípidos (colesterol, fosfolípidos e retinol) [32]. Na Figura 1, é possível visualizar a
representação gráfica do FL e a estrutura dinâmica dividida nas três camadas seguintes:
1. Camada mais superficial é rica em lípidos e tem como função diminuir a
evaporação da camada aquosa subjacente - o conteúdo lipídico deve-se às glândulas de Meibomius e glândulas de Zeis y Moll;
2. Camada intermédia é composta por água, proteínas e sais hidrossolúveis e tem
como função nutrir e proteger – o conteúdo desta camada advém da glândula
lacrimal principal e as glândulas acessórias de Wolfring e Krause;
3. Camada interna é excretada, maioritariamente, pelas células Goblet da conjuntiva e, em menor quantidade, pela glândula lacrimal principal, tendo a
mucina como constituinte maioritário. A mucina é uma glicoproteína que adere
as microvilosidades das células epiteliais da córnea, e assim, facilita a retenção
e distribuição superficial da camada aquosa do fluido lacrimal na córnea [33].
Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária – FSA
29
Figura 1 - Representação gráfica da estrutura do filme lacrimal. Adaptada de [34].
Tendo em conta, a estrutura do FL e a sua função, parece existir uma ligação entre a
fragilidade e a rápida evaporação deste com a patologia do olho seco, associado ou não ao
uso de máscara facial.
1.2. Mecanismos etiológicos De forma geral, os mecanismos que parecem estar por trás do aparecimento de olho
seco são a produção insuficiente de FL, a sua evaporação excessiva ou a combinação destes dois fenómenos. Agora, o objetivo é avaliar como é que o que nos protege contra a COVID-19,
está a levar ao aparecimento ou agravamento dos sintomas de OS.
1.2.1. Influência da máscara facial e soluções desinfetantes Em relação à etiologia de MADE, para além dos fenómenos mencionados acima, o uso
de máscara facial leva a um fluxo de ar exalado, que ascende em direção à superfície ocular,
e destabiliza o FL. Para além do efeito da temperatura do ar exalado, a sua baixa concentração em oxigénio e alta concentração em dióxido de carbono, leva à diminuição do pH do FL e isso
conduz a alterações na superfície ocular.
Isto é, na presença de hipoxia ocular, há produção excessiva de espécies reativas de
oxigénio que promovem a inflamação e a neovascularização através da expressão de fatores
e interleucinas. Porém, com o uso de certas máscaras (por exemplo, FFP ou KN95/N95), onde o
espaço existente entre a máscara e superfície da pele é diminuto, o efeito destes mecanismos
não se observa, pois, não há ascensão deste fluxo de ar em direção aos olhos. Todavia, é
necessário prestar atenção ao fitting destas máscaras, pois podem condicionar o movimento
natural das pálpebras, podendo levar a outras consequências. Quanto aos sintomas de MADE estes são, geralmente, mais severos para quem usa
óculos de proteção ou óculos graduados, pois existe um aprisionamento do ar exalado entre a
lente e a superfície ocular, exacerbando ainda mais o efeito dos mecanismos etiológicos
mencionados acima. Os idosos, pacientes pós-LASIK, utilizadores de lentes de contacto e
1 2
3
Córnea
Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária – FSA
30
pacientes que foram operados às cataratas podem sentir o agravamento dos sintomas com o
uso de máscara [35].
Para além das máscaras faciais, foi observado um uso exponencial de soluções
desinfetantes, não só por profissionais de saúde, mas também pela população em geral. Muitas
das substâncias químicas presentes nessas soluções, evaporam quando são usadas, e assim a exposição continuada pode desencadear reação químicas ou alérgicas na superfície ocular
e, consequentemente, irritações que vão aumentar a predisposição e fragilidade do olho para
MADE.
É necessário destacar que a deficiência e/ou instabilidade do filme lacrimal não levam
só a sintomas oculares, inflamação e complicações visuais, como também enfraquecem os mecanismos de defesa e aumentam a suscetibilidade do olho a infeções [36].
Alguns estudos revelam a hipótese de que o aumento na frequência de toque no olho
devido ao desconforto causado pela máscara e pelos sintomas associados a MADE podem
levar a uma maior suscetibilidade e, consequentemente, à transmissão do vírus SARS-CoV-2,
podendo assim, o olho representar uma possível via de contaminação [37].
1.2.2. Influência do isolamento social e Screen Time A COVID-19 trouxe consigo grandes períodos de quarentena e isolamento, aos quais
o mundo adaptou-se e, desde então, trabalha, aprende e socializa através de ecrãs de
equipamentos digitais e plataformas digitais. No passado, o tempo passado ao ecrã (Screen
Time) e as suas consequências já eram conhecidas e discutidas, porém com esta pandemia
tudo foi exacerbado. O uso de computadores, telemóveis, tablets e outros dispositivos levam à diminuição
do número de vezes que o olho pestaneja, levando a um pestanejar incompleto, evaporação
lacrimal e, consequentemente, aparecimento ou agravamento de sintomas de OS.
Adicionalmente, há estudos que demonstraram que a radiação emitida pelos ecrãs leva
à formação de espécies reativas de oxigénio, diminuição da viabilidade celular e dano celular no tecido ocular [38]. Sendo assim, o uso de máscara facial associado a um aumento de screen
time, vai aumentar a predisposição do olho a MADE.
A relação entre o aumento de screen time e MADE tornou-se evidente e apesar de,
atualmente, o processo de vacinação já se encontrar avançado e haver um levantamento de
restrições, grande parte da comunicação e do trabalho vai continuar a ser realizado de forma digital, pelo que esta relação vai permanecer e pode constituir um problema grave para a saúde
ocular da população mundial [39].
Por isso, é importante que os profissionais de saúde possuam o conhecimento para
educar e aconselhar os seus pacientes, caso apresentem sintomas desta condição.
2. Fatores de risco Os fatores de risco que contribuem para o desenvolvimento de MADE são:
Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária – FSA
31
• Fatores oftálmicos (disfunção da glândula de Meibomius, uso de lentes de
contacto, conjuntivite alérgica, etc.);
• Fatores gerais (idade, sexo feminino, raça, doenças inflamatórias da pele, doenças autoimunes [lúpus, artrite reumatoide, síndrome de Sjogren, etc.],
insuficiência androgénica, transplante de células hematopoiéticas, diabetes,
rosácea, infeção viral, doença na tiróide, doenças mentais, dieta pobre em
ácidos gordos e vitamina A); • Fatores relacionados com medicamentos (terapia hormonal de substituição,
anti-histamínicos, antidepressivos, ansiolíticos, Isotretinoína, inibidores da
acetilcolinesterase, agentes diuréticos e bloqueadores beta); • Fatores ambientais (vento, fumo, alergias sazonais, screen time, poluição
atmosférica e baixa humidade). A avaliação do histórico e dos fatores de risco de cada paciente é importante para a
identificação da causa e do tratamento a iniciar [29, 30, 32].
3. Papel do farmacêutico
3.1. Diagnóstico Apesar desta condição oftalmológica ser muito comum nos adultos, principalmente
agora com o uso de máscara facial e soluções desinfetantes, o seu diagnóstico e tratamento
ainda não estão bem estabelecidos [40]. Quando um utente chega ao balcão da farmácia e apresenta sintomas oculares, o farmacêutico deve estar atento e realizar um questionário para
que possa obter a informação necessária e, assim, aconselhar o utente.
Assim, o farmacêutico pode atuar de acordo com o fluxograma representado no Anexo I e recorrer, por exemplo, ao seguinte questionário:
1. Quando usa máscara facial sente os olhos secos, cansados, vermelhos, inchados, a lacrimejar, com sensação de areia e ardor?
2. Sente dor nos olhos?
3. Que medicação toma?
4. Que tipo de máscara facial usa?
5. O seu espaço de trabalho tem ar-condicionado? 6. Passa muito tempo ao ecrã ou a ler?
7. A sua dieta é rica em alimentos com ómega-3, ou seja, peixes gordos, óleos
vegetais, sementes e frutos secos?
Após avaliar as respostas do utente, o farmacêutico deve decidir como proceder, ou
seja, se achar que vai além das suas capacidades, então deve informar o utente que deve recorrer a um médico oftalmologista para averiguar melhor a situação. Caso opte por realizar
Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária – FSA
32
aconselhamento farmacêutico, então pode recorrer a medidas farmacológicas ou não
farmacológicas.
3.2. Tratamento
3.2.1. Medidas não farmacológicas O farmacêutico deve começar, sempre que possível, pelas medidas não farmacológicas
e estas podem ser: evitar espaços com ar-condicionado, posicionar corretamente os ecrãs de
equipamentos digitais, realizar pausas durante o seu uso seguindo a regra 20:20:20 (a cada vinte minutos, olhar para um objeto a vinte pés [seis metros] por vinte segundos), evitar
ambientes quentes e secos, colocar um humidificador em casa ou no local de trabalho,
descansar os olhos, instruir o utente em como usar corretamente a máscara facial,
experimentar outro tipo de máscara facial, colocar fita adesiva na parte superior do nariz desde
que esta não impeça o movimento natural de pestanejar [35, 37], aumentar a excreção das glândulas de Meibomius pela aplicação de compressas quentes nas pálpebras [41] e
aconselhamento nutricional.
Caso o utente tomar algum dos medicamentos mencionados no tópico 2 acima, então,
é importante realizar uma revisão da medicação, pois esta pode ser a causa da sintomatologia
apresentada. Por fim, o aconselhamento nutricional é importante pois o aumento da ingestão ácidos
gordos ómega-3 é essencial para a homeostasia da superfície ocular devido à sua ação anti-
inflamatória. E, como, o nosso organismo é incapaz de os produzir, então, a nossa única fonte
é pela dieta, incluindo, sementes, frutos secos e peixes gordos [30, 42, 43].
3.2.2. Medidas farmacológicas Em relação às medidas farmacológicas que permitem o alívio dos sintomas, a dispensa
de lágrimas artificiais é a medida de 1ª linha, e estas vão levar a aumento do volume lacrimal,
melhoria da estabilidade lacrimal, redução da osmolaridade e à diluição de substâncias
proinflamatórias.
Assim, tendo em conta, o que está disponível nas farmácias portuguesas, o
farmacêutico pode escolher entre uma vasta gama de fórmulas que podem ser apresentadas sob a forma de gel, gotas, pomadas ou sprays. As fórmulas contêm uma combinação de
polímeros, surfactantes, eletrólitos, agentes que aumentam a viscosidade, osmo-protetores e
tampão.
Os eletrólitos incluídos são fundamentais, por exemplo, o potássio tem um papel na
manutenção da córnea e o bicarbonato na formação de um gel que protege a superfície ocular. A maioria das fórmulas disponíveis no mercado, contém carboximetilcelulose, glicerina,
hidroxipropilmetilcelulose, ácido hialurónico, polietilenoglicol, propileneglicol ou álcool
polivinílico como agentes que aumentam a viscosidade. Estas substâncias vão promover a
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retenção lacrimal, proteger a superfície ocular, manter a espessura fisiológica da córnea, aliviar
sintomas de OS, aumentar a densidade de células Goblet, aumentar a espessura do FL,
permitindo assim a sua estabilização e, consequentemente, aumento da biodisponibilidade de
outros ingredientes ativos [32, 44].
As substâncias osmo-protetoras são solutos que protegem as células de condições extremas de stress osmótico, através da manutenção do equilíbrio osmótico sem alteração do
metabolismo celular. Dois exemplos de substâncias que podemos encontrar nas fórmulas de
lágrimas artificiais são a Trealose e a Ectoína.
A Trealose é um dissacarídeo composto por duas moléculas de D-Glucose. Esta é
encontrada em várias espécies de plantas, fungos, algas, microrganismos, insetos e outros invertebrados, com a exceção dos mamíferos e outros vertebrados. Vários estudos reportaram
o seu efeito protetor no tecido ocular contra radiação, hipoxia, oxidação, inflamação e apoptose
[45-48].
A Ectoína é uma substância natural sintetizada por bactérias e protege as células de
condições ambientais extremas como calor, radiação UV, seca e hiperosmolaridade. Vários estudos realizados demonstraram a sua eficácia no tratamento de condições inflamatórias
epiteliais, incluindo na superfície ocular [49].
Relativamente à apresentação destas fórmulas, podemos encontrar no mercado,
fórmulas em unidose ou multidoses. O formato unidose não tem conservantes, é mais caro e
leva a baixa adesão terapêutica. Por outro lado, as multidoses são mais baratas, têm conservantes, mas possuem elevada adesão terapêutica.
Os conservantes são imprescindíveis para manter o produto estável e com a qualidade
microbiana desejada. Porém, a sua presença pode ser prejudicial, por exemplo, o cloreto de
benzalcónio leva a irritação ocular e agrava a sintomatologia de OS, especialmente, se a
posologia for frequente. Sendo assim, se não for possível optar por unidoses, então escolher uma fórmula que contenha conservantes bem tolerados e em baixa concentração, como o
perborato de sódio, cloreto de sódio e cloreto de polidrónio [50].
Devido a esta preocupação com o uso de conservantes a indústria farmacêutica
desenvolveu alguns sistemas inovadores que permitem fórmulas multidoses totalmente ou praticamente ausentes de conservantes. Os sistemas desenvolvidos tornam o produto mais
caro, mas aumentam o perfil de segurança do produto e ajudam na adesão à terapêutica.
Nas farmácias portuguesas podemos encontrar vários produtos com diferentes
fórmulas, por exemplo: Siccafluid®, Thealoz®, Optrex®, Systane®, Vidisic® Gel, Hylo-
Comod®, Bepanthene® Gotas Oftálmicas e Opticol®. Outras medidas farmacológicas são, por exemplo, os anti-inflamatórios, secretagogos,
antibióticos e as tetraciclinas, porém estas medidas são indicadas para situações mais graves
e com receita médica.
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4. Enquadramento prático e intervenção na FSA Ao longo do meu EC, reparei na elevada afluência de utentes com sintomas oculares
que procuravam aconselhamento ao farmacêutico. Pelo acompanhamento do atendimento destes utentes, observei que a maioria mencionava o aparecimento dos sintomas com o início
do uso de máscara e, também, reparei no padrão de prescrição dos médicos oftalmologistas.
Rapidamente, o olho seco associado ao uso de máscara tornou-se frequente e ainda
que nao muito conhecido, tornou-se um tema abordado em muitas pesquisas científicas, até que foi designado por MADE.
Depois do meu EC, decidi criar um panfleto sobre este tema (Anexo III), no qual os
utentes podem encontrar um conjunto de informação breve e pertinente. Em articulação com a
FSA, solicitei permissão para criação e a distribuição do panfleto aos utentes, ao longo da
semana de 14 de outubro, ou seja, Dia Mundial da Visão.
5. Resultados Após a distribuição dos panfletos aos utentes para sensibilização destes quanto ao
MADE, estes receberam um feedback positivo quer por parte dos utentes, quer pelo staff da
FSA. Foi salientado o aspeto apelativo do panfleto e a informação nele contida, que era importante e breve.
Os farmacêuticos da Farmácia Comunitária são responsáveis pela educação para a
saúde, pois existem vários temas que são desconhecidos aos utentes, nomeadamente, temas
que surgiram com a COVID-19. Desta forma, os farmacêuticos têm o papel de sensibilizar os
seus utentes, pelo que a execução deste panfleto foi enriquecedora e importante.
6. Considerações finais A MADE e uma condição inflamatória e de etiologia multifatorial que deriva da patologia
do OS e está associada ao uso de máscara facial, como equipamento de proteção individual
contra a COVID-19, e outros fatores, por exemplo, oftálmicos, gerais, medicamentosos e ambientais. Como foi mencionado, anteriormente, a sintomatologia apresentada leva a
implicações no dia a dia do indivíduo, possibilitando a diminuição da qualidade de vida, o
aparecimento de ansiedade, depressão e a diminuição da adesão à máscara facial, sendo que,
atualmente, não é recomendado devido à pandemia que estamos a presenciar.
Portanto, o farmacêutico tem um papel fundamental na identificação dos sintomas em utentes da farmácia, ou seja, a partir do atendimento individual e personalizado, o farmacêutico
pode proceder à indicação de um tratamento ou encaminhar o utente a um oftalmologista. O
tratamento pode ser feito com medidas farmacológicas e/ou medidas não farmacológicas de
acordo com o caso.
Para isto, é essencial que o farmacêutico esteja em constante atualização quanto à descoberta científica que acontece diariamente.
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Projeto II – Formação Interna sobre Mask Acne (Maskne)
1. Fundamento teórico
1.1. Pele A pele é o maior órgão do corpo humano e uma das suas funções é separar o nosso
organismo do meio ambiente e protegê-lo de microrganismos, químicos e desidratação. Para
além de ser uma barreira, a pele tem as seguintes funções:
• Função Imunológica - as células epiteliais na interface entre a pele e o meio
ambiente fornecem uma primeira linha de defesa;
• Proteção Ultravioleta (UV) e Produção de Melanina - os melanócitos constituem
10% do total de células no estrato basal e são produtores de melanina, um
pigmento que absorve a luz UV e atua como escudo protetor do núcleo;
• Síntese de Vitamina D - as principais fontes de Vitamina D são a dieta e a
produção na pele;
• Sensação – a pele é um órgão sensorial, onde estímulos são recebidos e depois
processados pelo Sistema Nervoso Periférico e Central;
• Termorregulação - a pele ajuda na regulação e manutenção da temperatura
corporal, sendo isto possível através de processos como a sudorese e pela
variação do fluxo sanguíneo na pele, que vão levar à conservação ou perda de
calor;
• Proteção - a derme protege e funciona como amortecedor para as estruturas
abaixo dela, pois esta suporta vasos sanguíneos, nervos e estruturas anexas
[51].
Relativamente à sua estrutura, esta é dividida em três camadas, a epiderme, derme e hipoderme.
1.1.1. Epiderme A epiderme, a camada mais superficial, é constituída por células, os queratinócitos, e
estes dispõem-se em cinco estratos – estrato basal, estrato espinhoso, estrato granular, estrato
lúcido e por fim o estrato córneo [52]. Fatores como o meio ambiente, a idade, entre outros, podem modificar a aparência da
pele bem como a sua função. Sendo assim, de grande importância, o estudo e conhecimento
da epiderme pois esta contribui para uma pele saudável [52].
O processo de renovação celular da epiderme é designado por queratinização, no qual
ocorre a formação de queratinócitos no estrato basal e a sua transformação em corneócitos até ao estrato córneo. De acordo com a sequência do processo temos:
• Estrato basal - É a base da epiderme, aqui ocorre a formação de novas células
e estas apresentam uma forma cubóide. O processo de renovação é lento, mas
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em certas condições, como na cicatrização de feridas ou exposição a fatores
de crescimento, este processo acelera.
• Estrato espinhoso – É uma camada em que as células apresentam grânulos
lamelares, cujo conteúdo é composto por ceramidas, colesterol, ácidos gordos
e enzimas. Durante o processo de migração, o conteúdo destes grânulos é
expelido por exocitose, envolvendo a superfície das células por uma camada
lipídica que confere a propriedade de barreira. A presença de desmossomas é
proeminente e confere o aspeto espinhoso, daí a designação;
• Estrato granular – É a camada viável mais periférica da epiderme, as células
possuem grânulos queratohialinos visíveis que contém profilagrina, o precursor da filagrina, uma proteína responsável por estabelecer ligações cruzadas entre
os filamentos de queratina fornecendo estrutura e força à pele;
• Estrato lúcido – É uma fina camada de células achatadas e é característica de
zonas onde a pele é mais espessa (mãos e pés);
• Estrato córneo – É uma camada densa de células achatadas, anucleadas e sem
grânulos que estão dispostas num arranjo em parede de tijolo, ou seja, os tijolos
são os corneócitos, células anucleadas, achatas e ricas em queratina, e o
cimento de natureza lipídica que é expulso pelos grânulos lamelares. Este
estrato funciona como uma barreira e é responsável pela defesa imunitária,
proteção UV, proteção contra oxidação e previne a perda transepidermial de água, do inglês Transepidermial Water Loss (TEWL). Esta última função é
desempenhada pelos lípidos e os fatores naturais de hidratação, do inglês
Natural Moisturizing Factors (NMF), que representam um papel muito
importante na hidratação, flexibilidade e suavidade da pele. Para além destas
funções, este estrato é uma estrutura muito importante, a nível cosmético, pois é responsável pela textura, hidratação e cor da pele (53).
Relativamente aos NMF, estes são aminoácidos e seus metabolitos que resultam da
degradação da filagrina, sendo libertados pelos grânulos lamelares. Estes fatores são
encontrados, exclusivamente, nas células do estrato córneo e conferem a propriedade
humectante a esse estrato, pois conseguem absorver e reter grande quantidade de água. Com a idade, os níveis de NMF diminuem, daí a população idosa apresentar maior incidência de
pele seca [53].
Resumidamente, à medida que os queratinócitos migram para a superfície da pele, o
seu conteúdo celular e funções mudam, de acordo com o estrato em que se localizam,
transformando-se em corneócitos.
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1.1.1.1. Lípidos Como mencionado anteriormente, a pele é rica em lípidos, prevenindo a TEWL, a
entrada de possíveis microrganismos patogénicos e a absorção de substâncias hidrossolúveis.
Para além disso, o meio intercelular (lipídico) da epiderme mantém os NMF dentro das células
e isto garante um meio celular aquoso, adequado à atividade enzimática [53]. A composição lipídica da pele é afetada pela idade, genética, variação sazonal, dieta,
medicamentos e patologias. Qualquer alteração ou deficiência nestes lípidos predispõe o
individuo para pele seca. Por exemplo, a administração de fármacos para baixar o colesterol
está associada a maior incidência de pele seca [53].
Para além da produção a nível dos grânulos lamelares, também pode haver produção de lípidos a nível das glândulas sebáceas, a qual é regulada por hormonas, e depois há
exteriorização pelo folículo piloso [53].
Dos lípidos que contribuem para a pele ser permeável a água, acredita-se que não há
um único tipo de lípido mais importante que outros, mas sim uma combinação de lípidos num
ratio adequado. Isto foi demonstrado por vários estudos, nos quais a aplicação de uma mistura de lípidos levava a uma recuperação normal da função de barreira, enquanto que a aplicação
de apenas um tipo de lípidos levava a uma recuperação mais lenta. Contudo, a aplicação destas
misturas em tratamentos cosméticos não tem sido promissora [53].
1.1.1.2. Ciclo Celular À medida que o ser humano envelhece, a duração do ciclo celular na pele aumenta, e
isto significa que as células mais superficiais são cada vez mais velhas, daí se observar uma pele velha, sem brilho e “morta”.
Os retinóis e alfa-hidroxiácidos (AHAs) são ingredientes ativos que ajudam na
diminuição da duração do ciclo celular, tornando o estrato córneo uma camada mais jovem, e
assim fornecendo um aspeto revigorado à pele [53].
1.1.2. Derme A derme localiza-se abaixo da epiderme e é constituída por duas camadas de tecido
conjuntivo, a camada reticular e camada papilar. É responsável pela espessura da pele e tem
como funções, a proteção do organismo contra agentes externos e a nutrição da epiderme [54].
A camada papilar é a camada superior, fina e estabelece contacto com a epiderme. A
camada reticular é espessa e possui poucas células, sendo composta por um tecido conjuntivo denso e fibras de colagénio. Para além disso, a derme suporta glândulas sudoríparas, cabelos,
folículos pilosos, nervos, músculos, vasos linfáticos e vasos sanguíneos [54].
As duas fibras predominantes são o colagénio e a elastina, que são responsáveis pela
força e flexibilidade, proporcionando um aspeto jovem e saudável. Estas fibras estão contidas
num meio gelatinoso rico em ácido hialurónico com grande capacidade de retenção de água e que mantem o volume da nossa pele [54].
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Fatores como o estilo de vida e outros, tais como o sol e as mudanças de temperatura,
têm impacto nos níveis de colagénio e elastina e na estrutura das substâncias circundantes.
Com o envelhecimento, a concentração da pele em ácido hialurónico baixa e a produção natural
de colagénio e elastina diminui, levando a uma pele não tonificada e com rugas [54].
1.1.3. Hipoderme A hipoderme, ou tecido subcutâneo, é a parte mais profunda da pele, onde podemos
encontrar adipócitos e folículos pilosos, nervos sensitivos e vasos sanguíneos [54].
1.2. Definição O termo “Maskne” tornou-se popular durante a pandemia COVID-19 e designa uma
variante da Acne associada ao uso de máscara facial como EPI. Assim, o objetivo deste projeto
é abordar o impacto do uso de máscara na pele e descobrir qual pode ser o papel do
farmacêutico comunitário nesta situação.
Primeiramente, a Acne é uma doença cutânea muito frequente e é caracterizada por
um processo inflamatório que ocorre nas unidades pilossebáceas, originando pápulas foliculares não inflamatórias (comedões brancos ou negros) e pápulas inflamatórias (pústulas
e nódulos). Afeta as áreas da pele com maior densidade de glândulas sebáceas, as quais
incluem a face, a parte superior do tórax e o dorso [55]. Habitualmente, desenvolve-se na
adolescência devido à influência hormonal e o mecanismo patogénico é o seguinte:
• Hipersecreção sebácea e Disseborreia – As hormonas androgénicas vão
estimular a secreção de sebo, o que conduz ao aparecimento dos primeiros
sinais da acne, comedões e mais tarde pápulas inflamatórias. A Disseborreia
consiste na alteração do conteúdo lipídico do FHL da pele, levando a um sebo irritante, comedogénico e denso;
• Hiperqueratinização folicular – Descamação anormal dos queratinócitos;
• Formação do microcomedão – Acumulação de queratinócitos e lípidos no
folículo piloso levam à formação de um microcomedão, no qual pode haver
infeção bacteriana e inflamação;
• Colonização por Cutibacterium (Propionibacterium) acnes e Staphylococcus
albus – A hipersecreção sebácea torna a pele um excelente ambiente para colonizar. Posteriormente, as substâncias sintetizadas e libertadas por estas
bactéricas são irritantes e vão induzir a queratinização;
• Resposta Inflamatória – Como resposta ao mencionado acima, vai haver
libertação de mediadores inflamatórios que vão conduzir a lesões inflamatórias.
Devido a esta inflamação, a barreira cutânea vai-se desagregar, exacerbando
ainda mais o processo patogénico [56].
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Para além do impacto estético pode, também, levar a problemas psicológicos e sociais.
[55].
Maskne, já tinha sido reportada em profissionais de saúde, devido ao uso habitual de
EPI, mas com o alargamento do uso deste pela população geral, este tornou-se mais prevalente
e amplamente reconhecido [56]. No presente, o conhecimento é meramente observacional, porém parece resultar de uma disfunção decorrente da oclusão folicular, diretamente
relacionada com o stress mecânico exercido pela pressão, oclusão e fricção causada pela
máscara. Para além da causa mecânica, a alteração do microbioma da pele devido a fatores
como o calor, o pH e a humidade, pode ser considerada como uma causa. Ambas as causas,
são favorecidas com o uso prolongado da máscara. [55]. A incidência pode ocorrer quer em indivíduos com histórico de acne, quer em indivíduos
sem histórico [56]. Os climas tropicais, exposição ao exterior (sudorese intensa) e certos
medicamentos são fatores de risco para populações suscetíveis a Acne (jovens adultos,
seborreia e predisposição genética) [55]. Alguns dos medicamentos que podem predispor a
pele a Maskne pertencem as seguintes categorias: corticosteroides, antiepiléticos, antidepressivos, antipsicoticos, antituberculosos, antivíricos, bloqueadores dos canais de
cálcio, antineoplásicos, vitamina B12 e compostos halogenados [57]. Os critérios clínicos propostos para Maskne são o surgimento de Acne até seis
semanas após o início do uso regular de EPI ou a exacerbação de Acne na área coberta pela
máscara, designada por zona O (Figura 2). A exclusão de Maskne ocorre quando há diagnóstico de dermatite perioral, dermatite seborreica, rosácea e foliculite por Pityrosporum [55].
Figura 2 - Representação das principais zonas da nossa pele. Adaptada de [55].
1.3. Mecanismos etiológicos Tendo em conta, os fatores etiológicos mencionados acima e estudos observacionais,
sugere-se que o Maskne resulta de mudanças nas áreas da pele cobertas pela máscara, ou
seja, temperatura e humidade, e da alteração do microbioma cutâneo.
Zona T
Zona U
Zona O
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1.1.4. Temperatura Por exemplo, um estudo verificou que nas zonas da pele cobertas pela máscara, existe
um aumento da temperatura, o que conduz ao aumento na excreção de sebo em 10% por cada
grau centígrado e , consequentemente, o excesso de sebo pode levar à oclusão de poros [58].
1.1.5. Humidade O efeito oclusivo do tecido da máscara leva a uma elevada retenção de suor em
indivíduos normais e agrava os sintomas nos indivíduos com hiperidrose facial. Se presente, a
alergia ao suor representa um catalisador para exacerbação dos processos inflamatórios [59].
Em geral, a elevada humidade origina irritação, oclusão e inchaço dos queratinócitos, causando erupções de acne [58].
1.1.6. Microbioma A alteração do microbioma depende da alteração da composição do FHL bem como
fatores ambientais, como a temperatura, pH e a humidade, e fatores genéticos [59]. Até hoje, a
alteração do microbioma da pele na zona coberta pela máscara ainda não foi objeto de estudo. Porém, um estudo verificou que existem diferenças entre os isolados bacterianos de lesões de
acne inflamatórias e não inflamatórias, sendo isto pertinente pois as máscaras tendem a causar
mais lesões inflamatórias do que não inflamatórias [60].
A microbiota da pele é constituída por bactérias, fungos e outros microrganismos [59] e
o seu desequilíbrio desencadeia patologias dermatológicas, como acne, eczema, dermatite perioral, dermatite seborreica, foliculite por Pityrosporum e rosácea [55].
O microambiente quente e húmido criado pela mascara aumenta a suscetibilidade da
pele ao aparecimento de infeções, particularmente por espécies Staphylococcus e
Corynebacteria, em novas áreas intertriginosas, e a infeções por fungos e leveduras, incluindo
os comensais da pele Candidiasis e Malassezia [59].
1.1.7. Influência da máscara Atualmente, as máscaras fazem parte do nosso dia-a-dia e existem vários tipos,
nomeadamente, as máscaras cirúrgicas, FFPs, KN95/N95 e as de tecido.
As máscaras FFPs e as KN95/N95 são usadas, maioritariamente, por populações
específicas (certas profissões e patologias graves) e possuem um fitting mais apertado. O uso prolongado de máscaras pode levar, facilmente, ao excesso de suor, humidade e fricção.
Apesar de as máscaras FFPs serem mais vantajosas em relação às máscaras cirúrgicas na
proteção contra a doença em questão, estas são associadas a maior número de reações
adversas na pele, talvez porque haja maior isolamento e pressão local exercida pela máscara
[61]. O uso de máscara conduz a acne, eritema, erupções cutâneas, pigmentação, pele seca,
edema, dermatite alérgica de contacto, dermatite irritante de contacto, dermatite friccional,
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abrasões, seborreia e sensação de queimadura devido ao uso prolongado e às substâncias
irritantes e alérgicas usadas na sua produção [62, 63]. É de salientar a importância da avaliação
dos potenciais riscos de saúde das matérias primas usadas no fabrico das máscaras, pois
devido à sua procura exponencial, a indústria foi pouco regulamentada [59].
É necessário, o estudo do material e design da máscara, pois estes também têm impacto no microambiente pele/máscara e, consequentemente, no Maskne, por exemplo:
• Interações pele-têxtil – As fibras naturais, como o algodão, linho, seda e lyocell
originais tecidos mais respiráveis, em comparação com fibras sintéticas, através da absorção da humidade presente;
• Os tecidos sintéticos que foram tratados para melhorar as suas propriedades
térmicas e permeabilidade ao ar e à humidade são tecidos biofuncionais;
• Fricção têxtil-pele desencadeia várias consequências a nível dermatológico
como dermatites, acne e hiperpigmentação pós-inflamatória;
• É recomendado um design de superfície lisa com poucas dobras e elásticos
ajustáveis;
• As pontes nasais de metal não têm qualquer função adicional e podem causar
alergia e sensibilidade ao metal usado;
• Elásticos ajustáveis são recomendados para evitar a pressão e fricção na região
retroauricular aquando o uso prolongado da máscara;
• A farmacoterapia para acne pode levar a complicações, pois os efeitos adversos
da Isotretinoína são ampliados com o uso de máscara;
• O microambiente quente e húmico aumenta o risco do crescimento de
microrganismos e de infeções secundárias [59].
Com a COVID-19, o uso de máscara é quase inevitável, e por isso, o Maskne constitui
um desafio quer para os dermatologistas quer para os farmacêuticos comunitários. Assim, é importante que os profissionais de saúde estejam atualizados, para que
forneçam uma explicação correta e simples dos mecanismos causadores desta condição, bem
como a sugestão de uma rotina de skincare e/ou tratamento. Só assim, irá haver uma redução
da incidência de Maskne e as suas consequências na população atingida [58].
No futuro, será importante a avaliação das características da pele durante o uso de máscara, pois este EPI pode começar a fazer parte do nosso dia a dia, nomeadamente, para
profissionais de saúde e outras profissões com elevado risco [62].
2. Papel do farmacêutico
2.1. Prevenção Na farmácia comunitária, o farmacêutico pode aconselhar o utente em como prevenir o
aparecimento de Maskne, através das seguintes medidas:
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• Uso correto da máscara;
• Evitar máscaras de tecido;
• Trocar a máscara FFP/KN95/N95 por uma máscara cirúrgica, caso pretenda
menos efeitos adversos a nível da pele;
• Utilizar máscaras certificadas e com informação dos seus constituintes;
• Não aplicar solução desinfetante na superfície da máscara;
• Aplicar óxido de zinco para reduzir a fricção entre a pele e a máscara, em
situações de pele sensível ou uso prolongado de máscara;
• Pode aplicar pensos hidrocolóides ou pensos de silicone, nos locais de maior
pressão na cara e orelhas, para prevenir a fricção e o contacto;
• Evitar ambientes muito quentes e húmidos;
• Optar por produtos cosméticos não oclusivos, sem fragância e sem
conservantes para hidratar, restaurar e manter a barreira;
• Caso haja histórico de patologias dermatológicas, então a máscara não deve
ser usada por longos períodos de tempo. Antes e após o seu uso, a pele deve
ser hidratada e os tratamentos prescritos devem ser continuados sob a supervisão de um dermatologista [61].
2.2. Tratamento O farmacêutico possui os conhecimentos necessários para aconselhar o seu utente
quanto a uma rotina de skincare. Porém, caso a situação exceda as suas capacidades, então
deve encaminhar o utente para uma consulta de Dermatologia. Assim, tendo em conta, a gama de produtos cosméticos acessível na maior parte das farmácias portuguesas, a rotina de
skincare deve incluir as seguintes etapas.
2.2.1. Limpeza Em primeiro lugar, a pele deve ser limpa, utilizando formulações suaves com
ingredientes antibacterianos e hidratantes, de forma a manter uma pele e microbioma
saudáveis [55, 59]. Cleansers com baixa concentração de beta-hidroxiácidos (BHAs) (como o ácido
salicílico) são úteis para diminuir a hiperqueratose e a concentração de óleo na pele [58].
Devem ser evitados produtos com álcool, retinóis, lauril sulfato de sódio e elevada
concentração de AHAs e BHAs [59].
2.2.2. Hidratação Quanto à hidratação, devemos optar por fórmulas em sérum, spray, loção ou creme em
vez de pomada. Este passo deve ser efetuado antes e depois de usar a máscara, para a manutenção da barreira cutânea e do microbioma.
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Um dos ingredientes mais importantes é a niacinamida, vitamina B3, pois acalma e
repara a barreira da pele, para além disso é anti-inflamatória e seborreguladora [58].
Para manter a pele hidratada, ou seja, reduzir a TEWL, optar por ácido hialurónico e o
ácido poliglutâmico, pois estes não causam irritação cutânea. Por outro lado, o ácido lático e a
ureia, devem ser evitados pois estes ingredientes interagem com o suor e a humidade da pele, irritando-a, devido à alteração do pH da pele.
Prestar atenção aos ingredientes oclusivos (vaselina, parafina líquida e silicone) e
emolientes (lanolina, estearato de glicerol, estearato de glicerilo e esteróis de soja) pois estes
podem causar oclusão e, consequentemente, piorar a condição.
Na presença de hiperidrose facial, pele suscetível a acne e extremamente oleosa, deve-se optar por formulações em pasta, pois são as mais indicadas por ajudarem a manter a barreira
da pele, absorver a humidade e prevenir inflamação [59].
2.2.3. Tratamento Tópico para Acne Quanto ao tratamento tópico e direcionado, contendo ingredientes ativos
químicos/sintéticos, como o peróxido de benzoílo, ácido salicílico, enxofre, AHAs e retinóis,
este leva a um risco acrescido de irritação sob o efeito oclusivo da máscara [59]. Sendo assim, é melhor escolher formulações com óxido de zinco, cujas propriedades antimicrobianas de
largo espectro são úteis para a prevenção e tratamento de acne [59].
2.2.4. Proteção Solar Apesar da proteção solar ser extremamente importante, a recomendação de um
protetor solar com fator de proteção solar (FPS) 50+ e a sua reaplicação a cada três/quatro
horas é impraticável, quando se usa máscara por longos períodos de tempo.
Todavia, é essencial a aplicação de protetor solar nas áreas não cobertas pela máscara e que estão expostas à radiação UV. Porém, devem ser evitadas as fórmulas resistentes à
água, pois estas são comedogénicas, já que apresentam elevada quantidade de substâncias
lipofílicas, que por sua vez, são oclusivas.
Adicionalmente, os protetores solares químicos podem induzir sensibilidade da pele
devido a fotodegradação, sendo esta agravada quando ocorre em pele atópica e num ambiente húmido.
Portanto, em vez de aplicar protetor solar, podemos usar máscaras de tecidos com fator
de proteção ultravioleta 50+, permitindo que a área coberta pela máscara esteja protegida da
radiação solar. Isto, permite que haja compliance à proteção solar e incentivo a usar máscara,
para além de eliminar a necessidade de protetor solar [59].
2.2.5. Antibióticos No tratamento tópico e sistémico da acne com antibiótico, as classes de antibióticos
mais usadas são as tetraciclinas e os macrólidos. Porém, o uso alargado de máscara e o
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aumento da incidência de Maskne, exige que os dermatologistas estejam cientes da forma
como prescrevem os antibióticos, de forma a evitar resistências [55, 59].
2.3. Maquilhagem Os indivíduos com Maskne devem prestar atenção à aplicação de maquilhagem. Assim,
a sua aplicação deve ser evitada nas zonas cobertas pela máscara. Todavia, nas outras áreas faciais, a maquilhagem pode ser usada mas optar por fórmulas pobres em excipientes oleosos
[58].
Pela análise do impacto da COVID-19 no consumidor, a nível internacional, verificou-
se que o uso de máscara afetou a rotina de aplicação de maquilhagem. Isto porque os produtos
de maquilhagem são transferidos para a máscara, manchando o material da máscara. Os consumidores também reportaram a degradação da maquilhagem devido às condições
adversas na zona coberta pela máscara, mas também à volta dos olhos devido ao ar quente e
húmido ascendente [64].
Tendo em conta isto, a rotina de maquilhagem foi modificada de forma a ser mais
simples e que salientasse os olhos e o cabelo, pois são as partes visíveis da cara aquando uso de máscara [64].
Paralelamente a isto, os consumidores procuraram mais produtos cosméticos para
acne, borbulhas e pontos negros. Estas afeções dermatológicas, levaram à diminuição do uso
de maquilhagem, na tentativa de diminuir a irritação na pele, surgindo o interesse produtos
cosméticos com propriedades apaziguantes e protetoras [64]. Por fim, a indústria cosmética pode responde à situação que vivemos de várias formas
através da criação de produtos inovadores que respondam aos problemas que surgiram com o
uso de máscara [64].
2.4. Outros Os ingredientes ativos de origem botânica com efeito anti-inflamatório, antioxidante,
seborregulador e antimicrobiano, são recomendados para tratamento de Maskne.
As formulações tópicas com combinações de retinóis e antibióticos em hidrogel podem
minimizar irritação local pela melhoria da tolerância e eficácia. Para além de fornecer um
ambiente ótimo para a cicatrização da ferida também ajuda na redução da fricção entre pele e
têxtil bem como diminuir a uma segunda infeção bacteriana. Porém, a aplicação destas formulações deve ser feita com supervisão de um dermatologista [59].
3. Enquadramento prático e Intervenção na FSA A escolha deste tema para a formação interna deveu-se ao interesse demonstrado pela
equipa da farmácia e pela falta de conhecimento na área de cosmética. Assim, desenvolvi uma apresentação breve e sucinta (Anexo II), a qual apresentei aos elementos da equipa.
Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária – FSA
45
Na apresentação, resumi a informação para que possa ser consultada pelos
farmacêuticos e indiquei exemplos de produtos disponíveis na farmácia para possível
aconselhamento aos utentes.
4. Resultados Após a apresentação, a equipa da FSA demonstrou-se interessada e recetiva, pois
como mencionado anteriormente, este tema era desconhecido. A informação contida em cada
tópica foi elogiada pela sua organização e exposição.
Por fim, os farmacêuticos saíram da formação com um bom conhecimento geral neste
tema, facilitando, assim o aconselhamento farmacêutico aos utentes da farmácia caso apresentem Maskne.
5. Considerações finais Maskne e uma condição inflamatória que deriva da acne e está associada ao uso de
máscara facial, como equipamento de proteção individual contra a COVID-19. O seu mecanismo patogénico é complexo e envolve vários fatores, por exemplo, ambientais,
medicamentosos e gerais. A sintomatologia apresentada leva a implicações no dia a dia do
indivíduo, conduzindo à diminuição da qualidade de vida, ao aparecimento de ansiedade,
depressão, baixa autoestima e à diminuição do uso de máscara facial, sendo que, atualmente,
não é recomendado devido à pandemia que estamos a presenciar. Portanto, o farmacêutico pode ajudar o utente através do aconselhamento de uma
rotina de skincare compatível com o seu tipo de pele, de forma a controlar e diminuir os
sintomas. No entanto, caso a situação do utente seja demasiado grave, o farmacêutico deve
encaminhar o utente a um dermatologista.
Para isto, é essencial que o farmacêutico esteja atento ao seu utente e em constante atualização, através da literatura, pesquisa ou ações de formação.
Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária – FSA
46
Conclusão
O estágio serve como um elo entre o nosso conhecimento teórico, obtido durante o
curso, e o exercício da profissão farmacêutica. Para além de desenvolver as hard skills, o estágio permite aprimorar e introduzir soft skills, as quais são extremamente importantes para
profissionais de saúde, principalmente, farmacêuticos comunitários.
Ao longo do estágio, consegui aprender e desenvolver todas as atividades executadas
pelos farmacêuticos das Farmácias Comunitárias, desde a receção de encomendas, armazenamentos de produtos de saúde, prestação de serviços e o atendimento ao público.
Adicionalmente, descobri a importância da profissão farmacêutica na saúde pública e vida dos
portugueses, a qual foi ainda mais enaltecida durante a pandemia da COVID-19.
Somos responsáveis por induzir o uso apropriado do medicamento e a adesão à
terapêutica, como também educar os utentes para a saúde. Em conclusão, graças a este estágio, agora conto com todas as competências
indispensáveis para o exercício da profissão farmacêutico e sinto-me concretizado e grato com
esta evolução pessoal.
Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária – FSA
47
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Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária – FSA
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Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária – FSA
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Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária – FSA
51
Anexos
Anexo I – Fluxograma a seguir pelo farmacêutico quando o utente apresenta possíveis
sintomas de olho seco associado ao uso de máscara (MADE). Adaptado de [65].
Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária – FSA
52
Anexo II – Diapositivos apresentados na ação de formação interna.
Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária – FSA
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Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária – FSA
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Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária – FSA
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Anexo III – Panfleto distribuído, aos utentes da FSA, no Dia Mundial da Visão. Frente do Panfleto
Verso do Panfleto
Professional Internship Report of Hospital Pharmacy – Fondazione IRCCS INT
ii
Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto
Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas
Relatório de Estágio Profissionalizante
Fondazione IRCCS Istituto Nazionale dei Tumori (INT)
Milão, Itália
Abril a Agosto de 2021
Márcio dos Santos Pinho
Orientador: Dr. Vito Ladisa
Tutor FFUP: Prof. Doutora Lúcia Saraiva
Abril de 2021
Professional Internship Report of Hospital Pharmacy – Fondazione IRCCS INT
iii
Faculty of Pharmacy of the University of Porto
Integrated Master in Pharmaceutical Sciences
Professional Internship Report
Fondazione IRCCS Istituto Nazionale dei Tumori (INT)
Milan, Italy
April to August of 2021
Márcio dos Santos Pinho Tutor (University of Porto): Doctor Lúcia Saraiva
Tutor (INT): Doctor Vito Ladisa
April of 2021
Professional Internship Report of Hospital Pharmacy – Fondazione IRCCS INT
iv
Declaração de Integridade Declaro que o presente relatório é de minha autoria e não foi utilizado previamente noutro
curso ou unidade curricular, desta ou de outra instituição. As referências a outros autores (afirmações, ideias, pensamentos) respeitam escrupulosamente as regras da atribuição, e encontram-se devidamente indicadas no texto e nas referências bibliográficas, de acordo com as normas de referenciação. Tenho consciência de que a prática de plágio e auto-plágio constitui um ilícito académico. Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, 28 de setembro de 2021. Márcio dos Santos Pinho
Professional Internship Report of Hospital Pharmacy – Fondazione IRCCS INT
v
Acknowledgements I am grateful to everyone at the Faculty of Pharmacy of the University of Porto for their
contribution in my academic and personal growth, which enabled me to accomplish all my goals
during this internship.
To Doctor Vito Ladisa, I want to acknowledge his counselling, assistance, and
organization. He allowed me to witness the inner workings of all departments at INT. To all the pharmacists and staff members of each department, I would like to thank you for making
yourselves available to teach, listen to and supervise me since day one. Additionally, I am
thankful for every person that I met who made my stay in Milan unforgettable.
In conclusion, I wish to express gratitude to my family and friends for their absolute
support, without which it would have been impossible to achieve this personal conquest and for helping me handle the adversities presented.
Now, after going through this unique experience, I am aware of my evolution as a
healthcare professional due to all the skills I received from this internship at Istituto Nazionale
dei Tumori.
Professional Internship Report of Hospital Pharmacy – Fondazione IRCCS INT
vi
Abstract In order to complete the Master in Pharmaceutical Sciences, students must undergo an
internship, which for many of us is the first interaction with the work world. The aim of this
internship is to consolidate most of the theoretical and practical concepts acquired over these
five years. This report describes my three months’ experience at INT, chronologically organized
by each department I worked with. During the first month, I was in the advanced and dynamic department of Experimental
Studies (ESD). There I had the opportunity to familiarize myself with the many procedures of
this interesting domain, from the reception and delivery of new experimental drugs to the
Centralized Pharmaceutical Production Unit (CPPU).
In the second month, I relocated to the CPPU, where I followed the making of preparations by laboratory technicians and learned how pharmacists validate and examine them
before sending them to the respective department for administration to the patient.
In my third and final month, I moved to the ground floor where the Distribution Unit is
located. Here you have a pharmacy that is accessible to patients so they can obtain their
prescribed drugs. Moreover, you can find some offices related to administration and logistics. Since INT is a hospital dedicated to the treatment and research of cancer, the knowledge
that I acquired during this internship is specific to this field, one of the most influential in
medicine. As mentioned before, the internship's goal is not only to consolidate the intern's hard
skills but also their soft skills, which will become assets and prepare them for a future career in
the pharmaceutical field.
Professional Internship Report of Hospital Pharmacy – Fondazione IRCCS INT
vii
Index
Declaração de Integridade iv
Acknowledgements v
Abstract vi
Index vii
List of Abbreviations ix
1. Introduction 1
2. Experimental Studies Department 1
2.1. Experimental Drug Chain 3
2.1.1. Reception 3
2.1.2. Storage 4
2.1.3. Prescribing and Dispensing 4
2.1.4. Stock Management (Return and Disposal) 5
3. Centralized Pharmaceutical Production Unit 6
3.1. Organization 6 3.1.1. Structure of the unit 6 3.1.2. Staff 7 3.1.3. Personal Protective Equipment 7
3.2. Software 8
3.3. Drug Life Cycle 8 3.3.1. Clinical Prescriptions 8 3.3.2. Preparation 8 3.3.3. Validation and Distribution 9
4. Distribution Unit 10
4.1. CAR T-cell Therapy 10 4.1.1. Indications 10 4.1.2. How are “CAR T-cells” made? How do they work? 11 4.1.3. Side-Effects 11 4.1.4. Efficacy 11 4.1.5. Cost 11 4.1.6. Examples 11
Professional Internship Report of Hospital Pharmacy – Fondazione IRCCS INT
viii
Conclusion 12
References 13
Professional Internship Report of Hospital Pharmacy – Fondazione IRCCS INT
ix
List of Abbreviations CPPU – Centralized Pharmaceutical Production Unit
DU – Distribution Unit
EC – European Commission
EMA – European Medicine Agency
ESD – Experimental Studies Department GCP – Good Clinical Practice
INT – Istituto Nazionale dei Tumori
SIV – Site Initiation Visit
WHO – World Health Organization
Professional Internship Report of Hospital Pharmacy – Fondazione IRCCS INT
1
1. Introduction
The Fondazione IRCCS – Istituto Nazionale dei Tumori (INT) is a health institute located
in Milan, Lombardy’s largest city and the commercial capital of Italy.
From 1928 to today, the INT is one of the leading national and international centres for
the treatment and study of cancer. INT is committed to find answers to the clinical complications posed by the evolution of different types of cancer in every stage of their development from
prevention until palliative care.
Besides providing existing treatments, INT also supports and lays the foundations for
new ones by conducting preclinical and clinical studies, then translating that research into
improved prevention, diagnosis, therapy, rehabilitation, and superior quality of life.
During my three months stay at INT, I had the privilege to work and learn with the staff
of three different departments, in the following order:
● 1st month – Experimental Studies Department (ESD)
● 2nd month – Centralized Pharmaceutical Production Unit (CPPU) ● 3rd month – Distribution Unit (DU)
2. Experimental Studies Department
Clinical research is a type of medical and health research that aims to understand
human disease, prevent, treat illness, and promote health. It is a series of studies involving
interactions with patients, diagnostic materials or data, or populations in any of the following
categories:
a) Etiopathogenesis
b) Translational research
c) Clinical knowledge, detection, diagnosis, and natural history of disease
d) Therapeutic interventions including drugs, biologics, devices, and instruments e) Prevention and health promotion
f) Behavioural research
g) Health services research
h) Epidemiology
i) Community-based and managed care-based trials [1].
Furthermore, it is a medical investigation that involves people and there are two types,
observational studies, and clinical trials.
In observational studies, people are observed in their normal settings. Investigators
collect information, select group volunteers, and compare changes over time. For instance, the
data collected through medical exams, tests, or questionnaires from a group of older adults over
Professional Internship Report of Hospital Pharmacy – Fondazione IRCCS INT
2
a period of time can then be beneficial in studying the effects of different lifestyles on cognitive
health. These investigations may help pinpoint new possibilities for clinical trials.
A clinical trial is a research study performed in a population, and is aimed to evaluate a
medical, surgical, or behavioural intervention. It is the primary way that researchers have to find
out if a new treatment, like a new drug or diet or medical device (for example, a pacemaker) is
safe and effective. A clinical trial determines if a new treatment is more effective and/or has
fewer harmful side effects than the standard treatment.
Besides the clinical trials for new treatments, there are also clinical trials for new ways
of diagnosis and/or prevention for certain diseases (for example, detect a disease before any
symptomatology). They can also seek to improve a patient's quality of life with a chronic disease
or a life-threatening disease, as well as study the impact of health care providers or support
groups [2].
The adoption of a new treatment requires assessment of its impact on the overall health
of the population. In other words, the goal is to know if the population's health is modified after
adoption of the treatment in comparison with no treatment. In practice, this can never be known precisely, but the European Medicines Agency (EMA) is responsible for the approval of new
treatments which includes evaluation of the treatment’s impact to the highest level possible [3].
The development of a clinical trial has several stages, from the identification of the
research site, through the authorization to begin the trial until its end. The stages are:
● Identification of the site
● Feasibility – Evaluation of the possibility to conduct a clinical trial with optimal
accomplishment of timelines, targets, and cost [4].
● Pre-study visit – Aims to determine if the investigator and site have the know-how to conduct the study.
● Submission of the study to the responsible authorities and European
Commission (EC)
● Site Initiation Visit (SIV) – Training of the research team on site [5].
● Trial conduction ● Close-out visit – occurs when a clinical trial ends, and it can be an on-site visit
or by a phone call [5]. The goal of this visit is to ensure that all the documentation
is completed and tidy, plus to return any materials or drugs that were not used.
Clinical trials are designed, reviewed, completed, and need to be approved before they
can begin. There are 4 phases of clinical trials:
● Phase I, new drugs are tested for the first time in a small group of people and
focus on evaluating safety, tolerability, pharmacokinetics, pharmacodynamics
and identifying a safe dosage range [6].
Professional Internship Report of Hospital Pharmacy – Fondazione IRCCS INT
3
● Phase II, treatments that are revealed to be safe in Phase I but now are tested
with a larger sample to monitor for any adverse effects and evaluate its efficacy.
This phase can have a duration of several years [6].
● Phase III, conducted on even larger populations and in other regions and
countries [7], and are often the step right before a new treatment is approved. During this phase, the new drug’s efficacy is compared with the standard
treatment or with placebo [6].
● Phase IV, also called post-marketing surveillance trial, takes place after country
approval, and it aims to optimize drug use, evaluate its efficacy over a longer
period of time [8].
The experimental studies department is on the ground floor of building number five. It is
composed by three offices that also function as storage rooms and another storage room with
fridges and freezers. Currently, the institute is conducting approximately 600 ongoing studies,
including profit or non-profit clinical trials, most of which are presently in phase III.
The staff is composed by the department's responsible pharmacist and its auxiliary
pharmacists. This team has an important role concerning the experimental drug chain, since its
arrival at INT until dispensation. Their responsibilities are to provide the required documents to
the monitor of each clinical trial, to make preparation guides for each experimental drug in order to ease the protocol comprehension by technical operators, to ensure correct storage conditions
and appropriate destruction of experimental drugs. Besides that, the pharmacists are
responsible to keep track of everything that happens to an experimental drug. This type of
monitoring is referred to as study drug accountability.
The sponsor is responsible for the drug’s packaging and its distribution to the site where
the study is conveyed. On the other hand, a proper registration of the product’s management is
a responsibility of ESD. Therefore, it’s important that pharmacists have experience and follow the Good Clinical Practice (GCP) guidelines.
2.1. Experimental Drug Chain
2.1.1. Reception When receiving a parcel, a pharmacist will verify the shipping list in order to verify that
the items received correspond to those mentioned in the same document. This verification consists in checking the drug's identification, quantity received, batch number, expiration date
and product condition.
Occasionally, when a drug for double-blind clinical trial is received, the pharmacists will
verify its kit number instead of batch number.
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Inside of each parcel there is a thermometer recording data from the moment that the
drug is shipped until its final destination. This device is provided by the clinical trial sponsor, and
this is crucial for quality control and assuring product stability.
Therefore, the pharmacist must evaluate the average temperature registered by the
device and also check whether the order contains any products that required shipment in a refrigerated container and if that requirement was fulfilled or not. Hence, the pharmacist prints
a document which confirms that the order was shipped correctly and then fills it out
before attaching to shipping list.
Lastly, experimental drugs should be stored in specific conditions and separated from
normal drugs, this topic will be furthermore explored below.
2.1.2. Storage As a pharmacist you have the responsibility to ensure the correct storage of
pharmaceutical products. Most of the drugs can be stored at room temperature, though some
will require a lower temperature. The conditions of light, humidity, ventilation, temperature, and security must be considered by the pharmacist.
The drugs that are stable at room temperature (around 25 °C) are placed on shelves,
where you can find boxes with an identification number, and each represents a clinical trial,
therefore the drugs are allocated accordingly to the clinical trial that they belong to.
Regarding temperature-sensitive drugs, these are placed in a room where you can find one refrigerator (2 °C — 8 °C) and two freezers, one at -20 °C and other at -80 °C.
Changes in temperature or the disruption of the temperature chain may compromise the
stability of a drug and alter the efficacy of the final product, for these reasons is important to
verify that all doors are tightly closed and minimize the number of doors open.
Inside of the room temperature storage there is a temperature monitoring device needed to guarantee that the range of temperature for medications stored in this site is achieved. A
similar device (calibrated digital thermometer) can be found on refrigerators and freezers and
marks the temperature records that are checked twice a day by a pharmacist.
This institute also has an alarm system to assist in the monitoring of temperatures, which
prevent extra financial costs in cases where the temperature is outside of standard range. Although it is important to mention that these alarm systems do not replace the recording and
reading of temperatures.
2.1.3. Prescribing and Dispensing Following the prescription of experimental drugs by a doctor, a nurse will come to the
ESD to pick them up.
Before dispensing the drug, the pharmacist checks if the prescription is signed and if it
has the following information: protocol and study number, main investigator and monitor, date
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of the request, patient's random number and name initials, body weight, and finally, the drugs
with the corresponding dosage.
In case all the information is present and valid, then the pharmacist proceeds to search
for the experimental drugs in a database by the clinical trial number. When dispensing the drug,
the pharmacist will give a Linea Guida (Preparation Guide), which is a document that contains the most relevant information that ensures the right preparation before administration.
Except for flat-fixed dose drugs, which are dosed without consideration of body size or
other pharmacological parameters [9], the pharmacist builds a dynamic table where the dosage
is calculated based on the patient characteristics. Then, when this process is finished the nurse
must return the Linea Guida signed so it can be archived with other documents. However, on double-blind studies and in order to preserve confidentiality, the
preparation is made on site by a pharmacist, who also puts a manual label on the bag to hide
any information and delivers it directly to the treatment room. Remember that when dispensing
experimental drugs, everything must be recorded to keep track of these drugs in case something
happens.
2.1.4. Stock Management (Return and Disposal)
Experimental drugs can be returned to the respective sponsor due to the following
reasons: the study has finished/closed; a patient has returned unused drugs to the pharmacy;
the drug expired and/or was stored incorrectly.
The sponsor may allow the destruction procedure at the study site, in accordance with
standard operating procedures of the pharmacy, but this is, normally, discussed during SIV.
The destruction of an expired drug must be documented on its record. In case there is
a need to send it back to the sponsor, then it should be placed in a sealed red container by a
sponsor representative in person.
During my stay at ESD, I understood why INT is one of the leading national centres for
the treatment and study of cancer because it is responsible for a significant number of clinical trials, and it is always busy with requests.
I experienced what it is like to be part of the team in this department. From hosting
monitor and sponsor visits to sorting documents and drugs by clinical trial, they ensure all rules
are being followed and no mistakes are made.
I helped the team on every step of the drug chain, for example, how to validate a parcel
using a specific software, how to evaluate the temperature during its shipment and what to do if
something is incorrect. Furthermore, I was taught on how to organize the materials and drugs
inside the refrigerators and freezers.
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Finally, thank you to everyone at ESD for hosting me and transmitting your knowledge
of the clinical trial world.
3. Centralized Pharmaceutical Production Unit
3.1. Organization
3.1.1. Structure of the unit
The CPPU is located on the fourth floor (Block F) of the building and only can be accessed by authorized personnel. As you enter, you will find a changing room for the staff or
visitors, so they can put on protective equipment before entering.
It is composed by four clean rooms (L17, L18, L19 and L13) and a storage room. For
safety reasons, all rooms have airlock doors to prevent contamination and windows that allow
intervisibility. Regarding room L17, this room has two preparation cameras for chemotherapeutic
agents and monoclonal antibodies (Soft 1 and Soft 2). Besides those two cameras, you can find
Light 10 (used only for experimental drugs) and Light 9 (certain preparations that demand double
control).
Room L18 is like a twin of L17. It has Soft 3 and 4 which have the same usage as Soft 1 and 2, and it has Light 5. Like Light 9, it requires double control by technicians.
Moving to room L19, you can find Light 1 and Light 2 which are used for hydrating
solutions. These are crucial when treating a patient with Cisplatin, and antiemetic preparations
to prevent chemotherapy-induced nausea and vomiting.
Lastly, room L13, where you can find two i.v. STATION ONCO Hazardous Compounding Robots (ONCO 1 and ONCO 2). Generally, ONCO 1 is selected for preparations with lower
concentration range of Paclitaxel, Gemcitabine, Etoposide and Methotrexate, and it is slightly
faster than ONCO 2 which is used for higher concentration range preparations of Oxaliplatin,
Carboplatin, Cisplatin and Cyclophosphamide. These robots do not prepare with monoclonal antibodies nor preparations in a syringe. Nonetheless, they allow compounding of
chemotherapy and other hazardous drugs, completely hands-free and that brings several
advantages:
● Increased safety of the operator.
● Minimized exposure to hazardous drugs because of negative pressure loading area and containment chamber.
● Automated waste sealing.
● Improved efficiency and optimization of pharmacist's time with streamlined
remote verification of admixtures.
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Therefore, they enhance safety, improve therapy, reduce cost, and facilitate compliance
in the administration room.
In order to ease the communication between the different working areas at CPPU, an
interphone system was installed in all rooms along with surveillance cameras.
The magazzino (storage room) is an important part of the CPPU because it supplies with all the material and active ingredients for each preparation.
3.1.2. Staff The team is composed by pharmacists that are responsible for therapeutic schemes
validation and preparation's control; laboratory technicians and nurses who are involved in
drug preparation process and engineers that ensure the correct performance of the equipment,
as well as the computer system. Finally, there are the storage's workers that support all the above.
The staff responsible for drug preparation is used to handle hazardous compounds and
execute procedures in a sterile environment. Therefore, they go through continuous training and
education.
3.1.3. Personal Protective Equipment Drug preparation comes with a great risk of occupational exposure to cytotoxic drugs.
Therefore, it is required Personal Protective Equipment (PPE) when preparing, handling, and administering cytotoxic drugs and also when dealing with cytotoxic waste.
The exposure to these hazardous drugs can be made by inhalation, skin contact with
contaminated surfaces, clothing, and medical equipment and throughout the life cycle of the
drug (manufacturing, transportation, distribution, unpacking, storage, and preparation). Personal Protective Equipment is important because it decreases and avoids any risks.
It is composed by: ● Coveralls and gowns: Coveralls are worn usually when preparing drugs, and
gowns are worn for the logistic part, such as reception, inspection, and
distribution of the finished preparations.
● Gloves: Powder-free (to prevent the increase in particle loading in the preparation area), single-use, sterile and made of nitrile. When removing the
gloves, avoid dermal exposure and then dispose them in cytotoxic waste.
● Disposable Shoe Covers: They should be worn before entering a sterile area
and must be removed immediately when leaving to avoid contamination of other
areas. ● Facial respiratory masks: Offers protection against exposure to powders, liquids,
or aerosols via inhalation and must be used during preparation of drugs. ● Hairnet: It should be worn to contain hair and reduce contamination on sterile
and non-sterile areas.
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● Goggles: Avoids a possible exposure of the eye to liquid splashes.
3.2. Software
The software i.v. SOFT Work list is the most used and allows pharmacists and laboratory
technicians to remotely observe, approve and manage drug preparation processes. Besides that, it allows you to create an automatic inventory list for each preparation room.
When pharmacists need to check information related to a drug's characteristics, they
use Codifa (drug database in Italian) or Stabilis platform.
3.3. Drug Life Cycle Based on the life cycle of a drug, pharmaceutical regulation can maintain and promote
the safety of medicines and their use, from the prescription until the distribution to various
departments.
3.3.1. Clinical Prescriptions Cytotoxic drugs are requested through an electronic prescription by a physician and then
sent to the pharmacy. The software permits the visualization of prescriptions organized by time,
patient, department, and physician. The pharmacist will validate plus verify them, and also check if the prescriptions are
unambiguous and contain the following information: name, gender, date of birth or admission
number, body weight, height, or body surface area, department, therapeutic regimen, drug
prescribed (dosage), physician and emission date.
The stability of preparations should be considered because some preparations are stable for one or two hours. Consequently, these preparations only are requested when the
patient checks in at the INT.
When a new chemotherapy regimen is submitted into a patient's file for the first time, or
it's used “off-label”, the head pharmacist must evaluate the situation and discuss it with the
accountable doctor. After assessing the situation, the new regimen may be inserted into the informatic platform called MEDarchiver.
3.3.2. Preparation Laboratory technicians and nurses are responsible for the preparation of drugs, with
pharmaceutical oversight. To help to minimize errors, the staff has a computer program that
follows the preparation step by step and gives all the information necessary. This is possible
because the machine has an integrated camera that recognizes all the material used and a scale. These features allow the preparation process to be blocked in case of a mistake (e.g.,
material's choice, volume, weight). At room L13, the preparation process is slightly different because in each robot ONCO
there are three compartments (drugs, syringes, and bags). To continue the preparation, the
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robot must recognize all the material and if it does then the process resumes automatically but
always with a technical supervision. After preparation, a label is created and printed with all the necessary patient's
information and a barcode that identifies the preparation.
Then all the preparations are placed inside a protective bag and transferred, via a pass box with UV lights, to the validation area. In this area, the preparations are checked by a group
of pharmacists before being sent to the respective department via pneumatic tube.
3.3.3. Validation and Distribution The validation of the preparations is a crucial component of a pharmacist's job at CPPU.
To begin, the barcode on the label is scanned into a database that allows access to all the
information required for validation, for example, patient's name, diagnostic, date of birth, drug's vial used, volume of drug withdrawn and total preparation volume. Besides checking all the
information on the database, the pharmacist must verify, for example, if:
● Photosensitive drugs, like Carboplatin, are placed inside a special yellow
protective bag.
● Preparations with Paclitaxel, Nivolumab and Etoposide have a proper filter. ● Preparation bag is equipped with Spiros™, and the slide clamps are closed.
After checking all of the above, a second label is printed and glued on the external
protective bag, which is sealed and sent to the department.
Each drug has specific storage conditions, some demand to be refrigerated (2ºC — 8ºC)
and others are stable at room temperature. At INT, a pneumatic tube system is used to distribute the preparations from the CPPU
to all the departments and vice-versa. In case the administration does not happen, then the
department returns the preparation to the CPPU. Subsequently, an alert label is glued, and the
bag is correctly stored. This allows the preparations to be reused, if so, then a new label is
created. However, if that can't happen, then the preparation expires, and it is destroyed on site.
At CPPU, I had the opportunity to acquire a lot of knowledge from a fantastic team. I had
the opportunity to learn a lot and help on anything possible, for example, I…:
… followed, closely, how the technicians prepare the therapies prescribed to the
patients in each preparation room.
… sent the preparations to the respective department, through the pneumatic tube. … verified the expiration date of preparations that were not used.
… controlled the experimental drugs protocols before entering into the preparation
room.
… learned how to validate different types of preparations and verified if they comply
with all requirements.
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… participated in two clinical trials meetings.
In conclusion, it was a short but delightful stay at CPPU, and for that, I want to thank all
the staff for always supporting me and being so welcoming.
4. Distribution Unit The Distribution Unit is located on the ground floor of the main building. It has a Back-
Office area that can only be accessed by authorized personnel. There is a counter that allows
communication between the pharmacists and patients. The Back-Office is composed of two areas, one with private offices and another with an
open space. Connecting these zones, there is a hall with refrigerators and a mechanical mobile
storage system for drugs and other products. In the open space there are desks with computers, where pharmacists work and a counter to receive patients and dispense their prescribed
therapy. The mechanical mobile storage system allows maximum storage of products, reduces
costs, optimizes space utilization, accommodates growth (if necessary), improves organization,
workflow, productivity, and it can also control unauthorized access. The DU has a home delivery service that allows patients outside Milan to get their
therapy by mail. This service is requested frequently, especially nowadays due to COVID-19
measures.
During my stay at DU, I followed the day-to-day of pharmacists, since receiving parcels
to dispensing therapy to a patient. It’s important to highlight that I noticed that this department is different from the others because they make direct contact with the patient, which reminded
me of a Community Pharmacy.
Plus, I want to thank all the staff for supporting me and being so welcoming.
Lastly, I was asked to do a brief research work about Chimeric Antigen Receptor (CAR)
T-cell Therapy, which is shown below.
4.1. CAR T-cell Therapy
4.1.1. Indications CAR T-cell Therapy is indicated for:
● Patients ≤ 25 years old with B-cell precursor Acute Lymphoblastic Leukaemia (refractory or in second or later relapse).
● Adult patients with relapsed or refractory Diffuse Large B-cells Lymphoma after
two or more lines of systemic therapy.
● Primary mediastinal B-cell lymphoma.
● High grade B-cell lymphoma. ● Transformed follicular lymphoma.
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● Mantle cell lymphoma.
● Relapsed or refractory follicular lymphoma.
● Relapsed or refractory multiple myeloma [10, 11].
4.1.2. How are “CAR T-cells” made? How do they work?
4.1.3. Side-Effects ● Most frequent - Cytokine release syndrome, the outburst of cytokines produced
by these cells will stimulate the immune system.
● Nervous system problems.
● Other serious side effects: allergic reaction, abnormal levels of minerals in the
blood, weakened immune system and low blood cell counts [12].
4.1.4. Efficacy
For example, CAR T-cell therapy demonstrates impressive responses, including complete responses in approximately 40% to 60% of aggressive lymphomas and 60% to 80%
in Acute Lymphoblastic Leukaemia [13].
4.1.5. Cost The treatment costs around 300 000 € per patient [12].
4.1.6. Examples CAR T-cell therapies currently approved include: Tisagenlecleucel, Axicabtagene
ciloleucel, Brexucabtagene autoleucel, Lisocabtagene maraleucel and Idecabtagene vicleucel
[13].
Figure 1 – Scheme of the production of CAR T cells.
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Conclusion First, I want to acknowledge that the Istituto Nazionale dei Tumori was a great choice
for my hospital internship. It was a pleasure to learn and work with every team of each
department.
Despite COVID-19, everything went smoothly and there were no setbacks. Every day I
learned something new, and I understood the importance of a pharmacist’s role in the Italian Health System.
This experience allowed me to enhance my soft and hard skills, and I learned Italian
which can be an asset professionally. Moreover, I experienced the Italian way of life in such a
beautiful city, that is Milan.
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Components of the Enterprise, in The Role of Purchasers and Payers in the Clinical Research Enterprise: Workshop Summary. 2002.
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