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texto a respeito dos impactos da ciência e tecnologia na educação de base.
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS
CURSO DE CIÊNCIAS SOCIAIS
ALUNAS: LUISA OLIVEIRA DI CONSULIN
Trabalho – Educação e Tecnologia: Treinamento polivalente ou formação
politécnica?
Gaudêncio Frigotto
2- Mudanças tecnológicas e científicas: indicações do impacto sobre a
sociedade e a educação
O autor inicia este tópico falando sobre as tendências que o “senso
comum” tem em entender as mudanças tecnológicas e científicas e o que estas
mudanças trazem para o campo social e do trabalho colocando, as deficiências
destas duas tendências em mostrar que, na realidade, a ciência e a tecnologia
são fruto de transformações sociais ocorridas no decorrer da história. São elas:
- Uma visão que ele coloca como uma volta ao pensamento rousseauniano em
que a sociedade tecnológica é ruim e a volta à natureza seria uma solução
para esta sociedade maléfica;
- e a outra tendência é contrária à primeira, colocando a tecnologia como
imprescindível para a “evolução” do homem.
A primeira visão, conforme a crítica de Marx e Engels, negaria a
própria natureza do homem. A produção tecnológica e a ciência fazem parte do
caminhar natural do homem enquanto ser social, mas citando a segunda visão,
a grande questão é que essa tecnologia que deveria ser utilizada para trazer
benefícios a todos os homens é utilizada somente para transformar o trabalho
em lucro.
Mas mesmo esta ciência de nossos tempos não é utilizada somente
em benefício do capital, como diz o autor. Mas para que se possa entender que
há algo de positivo no meio tecnológico de nossa sociedade, o autor primeiro
fala sobre o aspecto negativo da ciência e da tecnologia. Para isto, ele utiliza
nosso país como exemplo, onde o crescimento da ciência e da tecnologia em
quase nada trouxe benefícios à população de modo geral. Apesar da projeção
internacional que temos neste aspecto, o Brasil continua sendo um país
miserável – mesmo esse texto sendo dos anos 80-90, continua atual. Além
disso, a crença de que junto com a tecnologia seriam gerados empregos cai
quando, segundo o autor, países desenvolvidos possuem índices de
desemprego elevado, fato relacionado ao capital morto, que traz benefícios ao
capitalista mas prejudica os trabalhadores, que tem seus trabalhos reduzidos à
sua adaptação com relação às máquinas. Utilizar-se da tecnologia é algo que
não tinha escapatória há alguns anos atrás, visto que o Brasil, assim como
outros países emergentes, precisava entrar na competição tecnológica. A
questão é que essa corrida traz enormes transformações sociais.
A ideia que se tinha de que, com o avanço tecnológico, seria
necessário também o aumento da qualificação do trabalhador vai abaixo
quando se percebe que a maioria destes trabalhadores precisam de
qualificação mínima para exercer seu trabalho. O autor vai falar de todo o
processo das três revoluções industriais para chegar à conclusão de que a
função do homem neste processo de trabalho passa a ser não mais de parte
do processo de produção, mas de regulador desse processo de produção
(Marx e Engels). Todo este processo é indispensável para o entendimento da
crescente polivalência do homem neste meio e, indispensável também, para se
refletir a respeito da formação científica e técnica dos jovens.
A tecnologia, em vez de trazer novas oportunidades de emprego, as
transforma sem que haja necessidade de contratação de novos trabalhadores.
No Brasil, a consequência disso é a adesão cada vez maior de nossa
população ao trabalho informal. Outra consequência dessa intensa tecnização
do trabalho é o deslocamento dos trabalhadores dos setores primário e
secundário ao setor terciário. Além desse deslocamento, é preciso fazer uma
nova interpretação do conceito de primário, secundário e terciário, pois se verá
um deslocamento de trabalhadores intenso entre estes setores. Estas e outras
situações são importantes para se pensar positivamente a educação técnica
dentro deste contexto capitalista de produção científica e tecnológica.
3 – Da “unilateralidade-polivalente” à luta pela “omnilateralidade-
politécnica”
A intenção do autor é pensar uma ação educativa da politecnia
dentro do capitalismo. Para Lenin e Marx, o conceito de politecnia traz uma
nova visão de trabalho para o homem, onde esse trabalho – trabalho aqui
como algo positivo e inerente ao homem - possui função educativa e papel
importante para a construção de uma sociedade comunista. A questão da
politecnia aparece aqui como um desafio, pois ela está inserida dentro do
contexto capitalista. Para um melhor debate a respeito da politecnia e possíveis
ações para que se possa fugir do modo capitalista de educação politécnica, o
autor enumera elementos do conceito de politecnia. São eles: concepção de
homem omnilateral – aquele que pode aliar suas necessidades materiais à
satisfação de desenvolver outras capacidades, contrapondo-se ao homem
unilateral -; relação trabalho manual e intelectual – relação essa que deve ser
estabelecida desde a infância do indivíduo. Marx e Engels acreditavam que o
indivíduo deveria ser introduzido no campo do trabalho desde a infância – e; as
bases científico-técnicas.
Na primeira revolução industrial, segundo o autor, o capital separou-
se do tipo de produção artesanal e levou o trabalho ao especialismo. Já na
terceira revolução industrial, há a necessidade de o homem ser polivalente.
Sobre estas questões, Frigotto reflete a respeito dos seguintes pontos:
- A concepção de ensino politécnico é elitista e excludente;
- A necessidade de universalização da escola pública para que a educação
seja igualitária;
- A questão da organização e articulação do conhecimento a ser passado;
- A união entre trabalho manual e intelectual, antagônica ao modo dominante
de produção do trabalhador dentro do capitalismo.
O autor encerra o texto colocando a dificuldade de se teorizar a
politecnia no âmbito do capitalismo, onde o homem é fetiche do mercado de
trabalho e coloca como uma possível positividade o resgate do homem como
sujeito de sua história (MACHADO, 1964).