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Mundo Cerrado Miolo 2011 - Entrelinhas Editora · Fechado-aberto à experiência sensível do Eu. ... poema é o ato supremo, cai do céu, ... pelo buraco da fechadura a fumaça do

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mundo cerrado

lorenzo falcão

Secretaria de Estado de Cultura

Obra publicada com apoio da Lei de Incentivo à Cultura

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© 2011. Direitos desta edição reservados para Entrelinhas Editora.

Impresso no Brasil 1ª edição em junho de 2011 • 1.000 exemplares

Reprodução proibida Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610, de 19 de fevereiro de 1998.

Nenhuma parte desta edição pode ser reproduzida ou utilizada – em quaisquer meio ou forma, seja mecânico ou eletrônico, fotocópia ou gravação, etc, – nem apropriada ou estocada em

sistema de banco de dados sem expressa autorização.

ENTRELINHAS EDITORA Av. Senador Metello 3.773 • Jardim Cuiabá

78030-005 – Cuiabá, MT, Brasil Distribuição e Vendas: (65) 3624 5294

www.entrelinhaseditora.com.br • e-mail: [email protected]

Edição e projeto gráfico Maria Teresa Carrión Carracedo

Produção gráfica Ricardo Miguel Carrión Carracedo

Chefe de Arte | Design | Foto da capa Helton Bastos

Diagramação Ronaldo Guarim | Maike Vanni

Revisão de textos de apresentação Marinaldo Custódio

Assistente na edição Walter Galvão

Produção cultural Cláudio de Oliveira | Isabella Marimon

Falcão, Lorenzo Mundo Cerrado / Lorenzo Falcão. -- Cuiabá, MT : Entrelinhas, 2011.

ISBN: 978-85-7992-015-8

1. Poesia brasileira I. Título

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Índices para catálogo sistemático: 1. Poesia : Literatura brasileira 869.91

11-06391 CDD-869.91

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Cuiabá, 2011

mundo cerrado

lorenzo falcão

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A arte de Lorenzo Falcão

Os poemas de Lorenzo Falcão são simples e mansos como o bom falar cuiabano. Até eu que me vejo escritor raro me vejo neles. Fico com inveja dessas pessoas a quem são dedicados. Não mereço, Lorenzo? Importante não é como ser machadiano, é ser como Lorenzo que fez do poema algo útil. De modo a que todo mundo entenda. Água pura, gosto de cerrado são as imagens que vejo ao ler seus poemas, que me fazem lembrar de Francis Vian. E mais que isso, se for como Narciso se olhando no espelho e se reconhecendo. Poeta à procura da musa, mais um poeta exemplar que ama o que escreve e é assim que deve ser, porque o poeta é fi lho dos deuses e a alma da vida.

Ricardo Guilherme Dicke

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Um mundo cerrado

Mundo cerrado. Fechado, devastado ou particular? Esses foram alguns dos sentidos convocados quando me deparei com o título deste livro. E ao fi m da primeira leitura reconvoquei-os de forma paradoxal. Fechado-aberto à experiência sensível do Eu. O externo, o outro, realiza-se na ofi cina subjetiva. Cerrado, portanto, não na acepção de fi nito, mas de circunscrito. Parti-cular-público como tudo, aliás, desde o terreiro da casa ao fi m do mundo – paisagem. Devastado-intocado pela língua que tudo experimenta, descobre e a cada vez seduz pelo que tem de misté-rio, de profundeza.

São 93 poemas em versos livres, na métrica e na semântica, livres de pudores com a língua, com os costumes, com os dita-mes morais. Livres especialmente do ofício de veicular a verdade, como se isso fosse possível.Para adentrar ao mundo cerrado é preciso pronunciar a palavra mágica. Aí as páginas se abrem. Abracadabra – substantivo inau-gural “a guisa” da forma verbal faça-se – igualmente mítica. No cerrado que se abre, então, o leitor é desafi ado, sua atenção será arrombada pelo pé de cabra da linguagem.

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Linguagem, modo de dizer, é neste livro uma chave. Magistral-mente híbrida, um dos pontos fortes do engenho do autor. Do quase hermético dedicado a Aclyse à última página, vemos coa-bitarem metáforas eruditizadas como Ana Modigliani e tão popu-lares como taquara de panhar mamão. Também vemos combina-das a sofisticação de um quando mordo sua sombra e a vulgari-dade de um te usar melhor.

Muitos poemas com endereço certo, dedicados a próximos, a distantes, a outros líricos como Dicke e Tereza (que já se foram) e Aclyse , Manoel de Barros e Andre de Leones (entre nós). Também há poemas em que a metalinguagem experimentou de tudo um pouco. Da experiência do bloqueio com requintes intertextuais,

e que querendo reencontrar a poesia que perdi

entre sovacos fedorentos

e a vontade louca de voltar pra casa.

sei não,

ando meio com vergonha e medo

de perder um bonde chamado desejo de fazer versos.

passando pelo descontraído brinquedo, que brincando vai reve-lando...

gosto de poemas curtos

como estes que faço.

penso nos pequenos furtos

que aplico na memória espaço

de quem me flagra o verso

e que desejo conquistar.

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até a conclusão de que a poesia é a passagem

secreta/pra minha vida reverdecer.

Lorenzo Falcão se revela nesta obra um centripetador de expres-sões, de olhares, de dizeres, de silêncios. A maioria dos poemas em tom prosaico, parecendo às vezes o ato de puxar o banco e a conversa (coisas de um jornalista-poeta ou de um poeta-jorna-lista?). Às vezes, a conversa é de pai pra filha e ‘cabe’ no poema. Um diálogo à primeira vista informal e comum, depois espe-cialmente filosófico e profético, servindo-nos da ambiguidade expressa em dois valores semânticos – um narcísico, outro trá-gico – comparação (como eu) e exclusão (nem eu nem ninguém) – em:

um dia você vai crescer ...

pode ser que, que nem eu

faça versos.

Os sonhos do poeta são alimentados de palavras. A feitura de um poema é o ato supremo, cai do céu, diante de um mundo hostil e que oprime. Mas cair do céu nem sempre significa obter as coisas com a maior facilidade. Escrever, transformar o usual em mate-rial de beleza, às vezes cansa. Mesmo o sentido estando no devir, nem assim dá pra encompridar o poema.

o resto

é chope com colarinho

sorvete com cereja

e bicho preguiça

no horóscopo chinês.

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e tem mais...

tinha, fazer novos versos

e encompridar o poema

vai cansar demais

a minha beleza.

Lorenzo não é poeta de passar a mão na cabeça das palavras. Prefere redigi-las em minúsculo, ignorando as regras de pontuação. Seus versos não têm ritmo regular, nem uma classificação uniforme para as rimas. Não têm métrica exata, mesmo quando quase arrisca um soneto, como em ‘cachorro’, ’encontro’, ’fora da lei’, ‘minha dor’, ‘musa’, ‘segredos’ e ‘substantivos femininos’. Os textos não formam necessariamente um conjunto. O que os torna coesos então? O seu trejeito irreverente, sua organização pseudo-caótica, seu descompromisso. Não com a vida, descompromisso com as convenções (sou apenas poeta/bicho solto./ sei que no

cativeiro/ o pelo dos animais perde o viço). Isso, em alguns casos, é a natural beleza de um poema que se anuncia ‘uma bosta’:

bosta

está chovendo demais.

pingam horas, minutos e segundos

e essa demasia faz

em minha imaginação mundos

e paraquedas que não abrem

em nenhuma hora bomba h.

sinto meu verso agora

meio zen e uma vontade de cagar.

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esta poesia vai ficar uma bosta

mas faz parte da vida.

Se a alguém pode desagradar um poema como esse, vale infor-mar que foi criado pelo mesmo autor de: o poeta deve cuidar da

imagem e da reputação das palavras.

Lorenzo demonstra em seus versos uma sensibilidade divertida (insinuando uma comparação aos chamados poetas malditos), que é também uma fina sensibilidade. De quem olha para o céu cinza e vê coisas além de um parece que vai chover, ou torna lírica alguma lembrança, como esta em que bate uma bola com Manuel Bandeira:

quando criança tive um porquinho

...

coradinho era seu nome

e acho que não prestou pra cachaço.

morreu antes.

penso que ofendido por cobra

ou alguma moléstia suína.

coradinho definitivamente

não era um porquinho da índia

não foi minha primeira namorada

e não foi minha primeira feijoada.

Aos que desejavam, por conta do título deste livro, uma engajada referência ao ambiente regional, Lorenzo não decepciona. São muitos os versos dedicados ao pantanal, ao calor de Cuiabá e, obviamente, ao cerrado, como esta bela advertência:

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o cerrado

é um tronco do mundo

a desfocar a imagem

e encarquilhar o pensamento.

o tronco é lenha

a senha

é não virar uma brasa

mora?

Essas são pegadas por onde segui na tentativa de viajar pelo mundo poético de Lorenzo Falcão. Afi nal foi sugerido na página 85: gosto de deixar pista aos estudiosos e pesquisadores. Ora, quem diz que a poesia é cisco no olho da razão, deixaria por acaso alguma confi ável pista? Não sei. Por ora confesso ter sido uma dádiva encontrar este cerrado, esta sincera e espontânea terra verbal: viva, diversa, despretensiosa, forte.

Marta Helena Cocco

Poeta e professora de literaturas da língua portuguesa

da Universidade do Estado de Mato Grosso.

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abracadabra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23aclyse . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24agradecimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25amor de pai . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26ana hickmann . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27ano novo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29atriz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30beijo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31bicho preguiça. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32bloqueio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33bosta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34brinquedo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35cachorro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36cadê tereza . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37carnaval . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38cerrado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39chuvas de verão. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40cigarro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41coisarada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42cotidiano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43demais de quente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44deus . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45doismileoito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46embromação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47encontro. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48erva daninha . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49exame de vista . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50festa junina . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51fora da lei . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52

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função poesia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53geografia & amor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54gestão cultural . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55gostosa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56h. q. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57ideologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58incompletudes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59inútil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60jovens e literatura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61loja de conveniência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62luíza . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63mané bodinho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64matéria prima . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65me deixa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66minha dor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67morte . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68mundo cerrado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69musa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70ñ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71noite . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72noturno . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73oito de março . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74os pássaros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76ouço dizer . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77palavras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78papa-peixe . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79papo virtual . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80parabéns . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81passagem secreta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82perguntas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83pinguim . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84poesia e ciência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85

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porquinho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86portanto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87pound, ezra pound . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88promessa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89quase chuva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90quase dia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91refeição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92reforma ortográfica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93regionalismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94responsa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95resposta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 96restinho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97réu confesso. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98réveillon . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99roquenrou . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100sábado de carnaval . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101sangue . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 102segredos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103seja eu . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104sete de setembro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105sol . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 106somos o que somos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107substantivos femininos . . . . . . . . . . . . . . . . 108tarde . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109tarde II . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 110tarde demais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111tigre pantaneiro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112tropicália . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113universo poético . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 114vaidoso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115verão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 116vida noturna . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 117

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abracadabra

abracadabra é um bom nomepra começar um livro de poemas.palavra mágicajá nasce metáforaa dispensar o sentido mais literalque o vocabulário vastoparece querer ter.

ao ser

presente e (d)escrita entre semelhançasem grego e latime noutras línguas primevasabracadabracresce no meu conceito.crava-se como chave cabalísticada porta entreaberta da poesia.eu poeta quero roubarsua atenção...

...arrombar sua imaginação.

pelo buraco da fechaduraa fumaça do meu olhara neblinar seu hipotálamo.

abracadabraé pé de cabra!

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aclyse

o futuro da natureza mortaé uma salada de frutasque bate na minha portalogo após o jantar.amêndoas e trutasagora enobrecem meu paladar.

outroraaurora boreal

fez-se de conta em eclipsetotal.

amanhã minha manhaé ênclise de grande façanha.

aclyse

é o poeta de quem falode matos grossoe versos com bife a cavalo.esticou o pescoçoe olhou muito a lua...loucoficou e no meio da rua um boloflor obrou.

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