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mundo h. MOÇAMBIQUE NOVAS CANDIDATURAS; M&N UM OLHAR SOBRE A INTERVENÇÃO; PORTUGAL PADRINHOS NA NOVA DIRECÇÃO; ESTÓRIAS MUDAR DE VIDA; MAIS DO QUE PADRINHOS MAIS SENSIBILIZAÇÃO NA ILHA DO FAIAL; MAIS MUNDO A BATALHA CONTRA A MALÁRIA; I MAIS NOVAS REGRAS PARA O ENVIO DO CONTENTOR. 01 DEZ.JAN.FEV.08 Ano Distribuição Gratuita

mundo H

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mundo h.MOÇAMBIQUE NOVAS CANDIDATURAS; M&N UM OLHAR SOBRE A INTERVENÇÃO; PORTUGAL PADRINHOS NA NOVA DIRECÇÃO; ESTÓRIAS MUDAR DE VIDA; MAIS DO QUE PADRINHOS MAIS SENSIBILIZAÇÃO NA ILHA DO FAIAL; MAIS MUNDO A BATALHA CONTRA A MALÁRIA; I MAIS NOVAS REGRAS PARA O ENVIO DO CONTENTOR.

01 DEZ.JAN.FEV.08 Ano Distribuição Gratuita

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ÍNDICE

EDITORIAL

3

MOÇAMBIQUE

4

mais um capítulo na história da luta pelo desenvolvimento.

uma candidatura,um padrinho.

6

primeiros passos na província de Nampula.

MAIS MUNDO

7

batalhas inevitáveis.

PORTUGAL

padrinhos nos órgãos sociais da organização.

M&N

8

etapas percorridas no longo percurso rumo ao desenvolvimento.

6

junte a sua mão a esta causa.

i MAIS

0

agenda helpo 2008.

ESTÓRIAS

8

mudar de vida.

9

uma experiência única.

envio de presentes ou entrega de milagres?

brindes...e muito mais.

MAIS DO QUE PADRINHOS

Page 3: mundo H

3

oncluir capítulos para dar vida a novas páginas é um

processo natural que faz parte do percurso de pesso-

as, entidades, países, civilizações e de todo um con-

junto de elementos que tem o privilégio de construir a sua

própria história.

A nossa Organização não é excepção a esta regra, e a mesma

aplica-se na perfeição ao momento de transformação pelo qual

estamos a passar. Ao cabo de três longos anos de existência em

que fizemos da aprendizagem os degraus a conhecer e superar

ao longo do nosso caminho, podemos estar orgulhosos do que

construímos e dos instrumentos que aprendemos a manusear

para podermos dar continuidade a essa mesma construção.

A constituição desta Organização em Portugal, com o apoio

infindável dos padrinhos portugueses, fez-nos ver com clare-

za quais os caminhos a traçar no sentido de fazê-la crescer, op-

timizando todas as formas de prestar apoio que conhecemos.

Daí ao surgimento de um novo capítulo, restava-nos dar um

pequeno grande passo que foi concretizado na construção de

uma nova estratégia:

A proximidade emocional, histórica e nalguns aspectos até cul-

tural entre Portugal e África, (particularmente no que diz res-

peito aos PALOP); a forma como os padrinhos da nossa Orga-

nização em Portugal abraçam este projecto, conscientes da

realidade à qual prestam apoio e respeitando incondicional-

mente as regras em que se desenvolve o programa; o gigan-

tesco laço que a língua representa e que condiciona a troca de

correspondência entre padrinhos e afilhados bem como as vi-

sitas ao terreno que os primeiros vão experimentando; o enor-

me potencial de apoio, por parte das inúmeras empresas pri-

vadas portuguesas que intervêm nos países onde a nossa

Organização desenvolve o seu trabalho; foram alguns dos mo-

tivos que nos levaram a traçar esta estratégia de autonomia.

Uma estratégia que tem como principal objectivo fazer com

que os destinatários do nosso apoio, bem como aqueles que

contribuem para a sua concretização, possam usufruir ao má-

Cascais, Joana Clemente

MAIS UM CAPÍTULO NA HISTÓRIA DA LUTA PELO DESENVOLVIMENTO

EDITORIAL

ximo de todas as possibilidades e vantagens que o facto de ser-

mos uma Organização Portuguesa nos pode trazer, e que me-

lhor responda às necessidades e potencialidades específicas

que advêm desta identidade única.

Foi esta identidade própria e esta maneira especial de apoiar

e fazer da imaginação realidade de forma a multiplicar esse

apoio, que nos conduziu a esta nova página: Assim, a nossa Or-

ganização renasce hoje com um novo nome, uma nova cara e

um novo percurso a desenhar.

Helpo significa ajuda em esperanto, uma língua transversal cria-

da a pensar no entendimento de todos os seres humanos a ní-

vel global. Helpo é para nós, o novo significado dado à CCS

Portugal, a sua sucessora que conta com a colaboração dos

mesmos recursos humanos, das mesmas técnicas de trabalho

e que dará continuidade a muitos projectos e uma vida nova a

grandes sonhos.

A Helpo pretende fazer a diferença nas regiões mais carencia-

das do Globo, a começar pelos países cuja própria história e

língua remetem para um forte laço com Portugal. Continuamos

a privilegiar a intervenção em contexto rural e nenhum dos

projectos desenvolvidos até ao momento será votado ao aban-

dono. Contamos com a colaboração dos nossos parceiros para

dar continuidade àqueles projectos com os quais não nos será

possível prosseguir e continuaremos a procurar criar oportuni-

dades onde o próprio significado da palavra parece ser desco-

nhecido.

As nossas novas metas passam pelo esforço em encontrar os

pontos em que as expectativas de quem apoia vão ao encon-

tro dos benefícios para quem recebe esse apoio, e fazer desses

pontos uma linha contínua, educando uns e outros no aperfei-

çoamento do exercício de ajudar com responsabilidade e gozar

dessa ajuda à altura dessa mesma responsabilidade.

Mais uma vez, contamos consigo na construção desta e de

muitas outras páginas, que nos permitirão preencher um

sem fim de capítulos.

C

3

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4

uma candidatura, um Padrinho.Nampula, Raquel Roldão

MOÇAMBIQUE

Page 5: mundo H

epois de sabermos quais as prio-

ridades e de termos passado o

terreno a “pente fino” para fazer-

mos um bom diagnóstico, é altura de pen-

sar em novas “candidaturas”.

Significa então que vamos dar o nosso con-

tributo a novas comunidades.

A candidatura é o primeiro passo para ter

um padrinho; não é um luxo, é sim uma

forma ou tentativa de crescer sentindo me-

nos fome, aproveitando a oportunidade de

poder ir à escola e assim poder construir

um projecto de vida.

Escrever numa folha informações não é di-

fícil, difícil muitas vezes é saber o que es-

crever pois a criança desconhece a sua pró-

pria vivência. Acompanhei este processo

num Centro Indirecto* e fiz novas candida-

turas pela primeira vez.

Para começar, estamos num país onde

um registo de nascimento não é sinóni-

mo de obrigatoriedade e trazer no bolso

um documento que nos identifique não é

um dado adquirido, muitas vezes este não

existe, é como se fossemos ninguém.

Para conhecermos uma pessoa começa-

mos pelo nome. A maioria sabe que nome

tem, mas logo nas perguntas seguintes as

dificuldades surgem!

Incrível mas verdadeiro, é o facto de ser

normal as crianças não saberem a sua data

de nascimento e, quando perguntei a um

jovem de 14 anos qual era o dia do seu

aniversário, ele respondeu: “Tia, não sei”,

numa voz suave e quase sem som.

Continuando com as perguntas e curio-

sidades que vão surgindo pelo meio do

questionário, verifiquei que, para saber-

mos os apelidos da criança perguntamos o

nome do pai e o do avô. Juntamos ao seu

e temos o nome completo da criança.

É curioso porque as crianças não sabem

onde nasceram nem tão pouco como

cresceram.

Geralmente, as crianças mostram-se enver-

gonhadas, tímidas. É normal, pois alguém

que não conhecem não pára de fazer per-

guntas sobre a sua vida. Uma coisa é certa:

quando ultrapassamos as perguntas sobre

o pai e a mãe nota-se um quebrar do gelo,

até mesmo um alívio, por parte da criança.

Regra geral, as histórias de vida são difí-

ceis de viver, o que faz com que muitas

vezes, seja doloroso verbalizá-las. Pode-

mos sempre contar com doenças graves

que levam as pessoas ao sofrimento, os

próprios e também os familiares que os

rodeiam. A realidade é dura e muitas são

as crianças que não têm nem pai nem

mãe para as ver crescer.

A principal causa de morte é a Malária,

mas como é sabido a taxa de HIV/SIDA in-

siste em não diminuir. Depois, contam-se

ainda a cólera, a desnutrição, a tuberculo-

se entre outras com taxas mais reduzidas,

mas muitas vezes associadas ás de maior

gravidade.

Talvez seja a parte mais complicada das

candidaturas, esta das perguntas, mas a re-

ceptividade ao facto de se ter um padrinho

é muito grande.

Ao preenchermos estes documentos, expli-

camos a todas as crianças o que se preten-

de e muitas vezes os animadores sociais

(figura dentro da comunidade que colabo-

ra com a nossa Organização), descrevem o

padrinho como um amigo, que está longe

mas que está presente nas suas vidas.

Sinto que há sempre um mistério, há sem-

pre um fantasiar da criança, pois fala-se do

desconhecido…de um padrinho que vive

longe. Há crianças que perguntam:

“ ele vem cá? (...) vem visitar-me?” outras

mais ariscas e tentando a sua sorte per-

guntam: “ele pode trazer prendas?”, “eu

posso ir visitá-lo”?.

Em resumo, o momento das candidatu-

ras é muito importante, pois é necessá-

rio clarificar qual o objectivo de todo o

processo.

Depois de muitas perguntas e respostas,

no meio de risos e brincadeiras com as

crianças, chega o momento das fotogra-

fias: Começamos a formar uma fila e cla-

ro que os atropelos são muitos, todos que-

rem ser retratados. Aqui, a fotografia tem

um fascínio especial, e há mesmo uma mú-

sica conhecida de um cantor Moçambica-

no com o título Foto!

Ao mesmo tempo que se aguarda o mo-

mento da fotografia, surge a timidez e não

há maneira de desvendar nem um sorri-

so…o mais habitual é que as crianças se

apresentem numa pose militar, corpo direi-

to e mãos a apontar para baixo, acompa-

nhando o corpo.

Porque será que esta é a postura adopta-

da? Talvez seja uma forma de impressionar

o desconhecido, alguém que não conhece-

mos, mas que nos vai conhecer através da

imagem, e que se encontra tão longe.

Nesta altura é preciso brincar com as crian-

ças e dizer: “vamos rir para o padrinho”

ou fazer qualquer “macacada” que os faça

sentir confiantes e confortáveis.

Mas é importante dizer ainda que para

este dia há uma preparação especial da

parte das crianças. Para agradarem a objec-

tiva, não pode vestir-se uma roupinha qual-

quer, nesse dia toda a criança veste o seu

melhor traje e calça uns chinelos, ou em

caso de ter, uns sapatos. São peças de ves-

tuário bem à moda de África.

Mas para nós, para lá da roupa de domin-

go, o importante neste processo é conhe-

cer a história verdadeira da criança, tirar

uma fotografia simpática na tentativa de

mostrar a quem apadrinha, o mais possí-

vel, a realidade em que a criança vive.

Cada candidatura não passa de uma folha

com apontamentos, mas uma folha que

permitirá ao padrinho conhecer a crian-

ça que apoia. E o que é certo é que já fa-

lei com crianças que falam do padrinho

como se da família fosse, mesmo que se

trate de uma fantasia, que não o conhe-

çam, têm uma ideia sobre alguém que

está longe, que não os conhece, mas que

participa na sua vida.

Cada candidatura faz uma criança sentir-

se especial!

*Centros apadrinhados na totalidade e não apenas um percentual de crianças. geralmente

estes estão sob tutela da acção social. exemplo: associações e orfanatos estatais.

“ ter um padrinho é uma tentativa de crescer sentindo menos fome”

D

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6

Nampula, Raquel Roldão

MOÇAMBIQUE

primeiros passos na província de Nampula.

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7

m Moçambique, aprendia-se de-

baixo de qualquer árvore. Qual-

quer árvore não, pois tinha que

ser de dimensão suficiente para fazer

sombra a uma turma. Em 2004 o acer-

vo legislativo moçambicano foi aumenta-

do com um Decreto-Lei que “proíbe” es-

sas escolas, no entanto existem aldeias e

comunidades que não dispondo ainda de

construções apropriadas vão recorren-

do de forma transitória, aqui e ali, a este

método “proibído”.

A Helpo está em Nampula!

Estamos a fazer um trabalho exaustivo de

observação e análise de situações para

prepararmos o alargamento da nossa in-

tervenção e para tal contamos com o

apoio do Departamento Provincial da

Educação e também do Departamento

da Acção Social de Nampula.

Estes dois departamentos são responsá-

veis pela sinalização de Escolas, Institui-

ções e Associações e até mesmo de situa-

ções de pobreza extrema e as suas listas

intermináveis de casos identificados ser-

vem-nos, muitas vezes, de instrumento

de orientação durante o nosso próprio

processo de diagnóstico.

Começámos, nesta fase que antecede o

alargamento da nossa intervenção, por

visitar algumas escolas seleccionadas

pelo Departamento de Educação. Percor-

remos apenas 3 dos 19 distritos perten-

centes à província de Nampula e nestes

analisámos a situação de 23 comunida-

des escolares.

A selecção dos distritos foi feita pelo De-

partamento Provincial de Educação de

Nampula que destacou um funcioná-

rio para nos acompanhar, o Sr Uiski, que

programou, junto dos departamentos

distritais, as nossas Visitas.

Neste país, as escolas sucessoras daque-

las abrigadas pelas copas das árvores,

são construídas por estruturas de paus e

estacas, forradas a matope, com telhados

de três camadas, do interior para o exte-

rior: estacas de Bambu (quando possível,

porque impede a proliferação do bicho

da madeira), plástico preto e capim.

As condições em que se estuda são im-

pressionantes: se calha que S. Pedro se

zanga e envia uma chuvada cá para bai-

xo, é possível que uma das paredes ou

até mesmo uma parte do telhado ceda.

Há escolas que não têm quadro, o que faz

com que materiais como o giz ou o apa-

gador sejam dispensados, e as ligações

eléctricas são praticamente inexistentes

nas escolas da província de Nampula.

Na maioria dos recintos escolares, avis-

tam-se montes de capim e estacas, sen-

do estes os materiais usados na reabili-

tação necessária e constante das escolas.

Algumas têm ainda buracos de onde se

extrai terra para fazer tijolos que vão se-

cando ao sol e assim constroem-se as pa-

redes mais resistentes.

O primeiro dia levou-nos até ao distrito

de Mogovolas, que tem como capital a

cidade de Nametil e que dista 70 Km de

Nampula.

Nas imediações do recinto da primeira

escola (Rieque) situava-se a casa do pro-

fessor; uma palhota que consegue asse-

gurar que não haja visitas indesejadas

à escola e, ao mesmo tempo, que o do-

cente tem onde viver, evitando as deslo-

cações de largos quilómetros, que dão

muitas vezes origem a faltas sucessivas.

Também o mobiliário escolar pôde sus-

citar algum espanto: há salas onde se

aprende no chão com os cadernos ao

colo; noutras, os bancos são troncos

onde se amontoam alunos a ouvir a li-

ção (metro e meio de cumprimento e

um diâmetro de 20 cm, dá muitas vezes

para 6 ou 7 crianças).

Realizámos várias visitas de análise neste

distrito durante 3 dias, até que chegou a

vez de Meconta que tem como capital a

Cidade de Namialo.

O que mais ressalta à vista é a dimen-

são das escolas e a quantidade de alu-

nos que frequentam ali as aulas. A escola

de Bairro Clube, por exemplo, tem 2400

crianças e destas, 1970 frequentam a 1ª

e a 2ª classes.

A escola de Mulapane Alto tinha 12 sa-

las, mas com as chuvas caíram 2 e as 10

restantes têm que bastar para albergar

800 alunos.

É comovente, a vontade de aprender das

crianças. E não menos importante é a

vontade de ensinar dos professores, que

acabaram por ter que dominar a arte do

improviso para transmitir o seu conhe-

cimento.

Durante dois dias, dedicámos o nosso

tempo e atenção aos casos identificados

neste distrito.

Segundo o nosso programa de diagnós-

tico, seguia-se Mecuburi, onde acabá-

mos por nos surpreender pela positiva,

uma vez que neste distrito há um núme-

ro elevado de escolas construídas e/ou

em construção, em alvenaria e, ao pas-

so que nos distritos anteriores havia ain-

da numerosas escolas sem latrinas, aqui

as latrinas são melhoradas e a evolução é

notável, pois já se encontram a construir

sistemas de esgoto.

Em todas as nossas visitas, fomos muito

bem recebidos pelos departamentos dis-

tritais e em todos ouvimos atentamente

as necessidades, as dificuldades, as con-

quistas e as alegrias. Foi bastante posi-

tivo e a forma como os professores nos

mostram as suas escolas, orgulhosos, de-

monstra o gosto com que lutam pela me-

lhoria do sistema de ensino.

Ainda assim, há uma grande necessida-

de de desenvolver campanhas de sensibi-

lização junto das famílias e responsáveis

pelas crianças pois destas, muitas vão

para a escola muito tarde, já para lá dos

10 anos ou muitas vezes, simplesmente,

nunca chegam a ir.

Em conversa com os Funcionários da Di-

recção Provincial de Educação, fiquei a

saber que as escolas estão cada vez mais

cheias de crianças. As estatísticas de

2001 indicam que a taxa de analfabetis-

mo era de 70%, e o que hoje se verifica é

que a tendência para o decréscimo desse

número é drástica e global.

Para nós, Helpo, este é um aspecto pro-

fundamente positivo, pois para estarmos

presentes e desenvolvermos a nossa ac-

tividade, necessitamos do envolvimento

de toda a comunidade, escolar e não só.

Apenas desta forma conseguiremos che-

gar à nossa população alvo de maneira

ainda mais forte e eficaz, pois o proces-

so de solidificação da confiança será ace-

lerado devido ao envolvimento entre as

partes: famílias, associação, escolas e ob-

viamente as entidades locais parceiras

(Acção Social e Educação).

E

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8

M&N

DEZEMBRO 2005

Apoio à construção e apetrechamento de uma escola primária em Angola

Com o objectivo de amenizar as consequências dramáticas de

uma Guerra Civil prolongada em Angola, a nossa Organização

co-financiou a construção de uma escola primária na cidade

da Ganda, província de Benguela, em Angola. Este projecto foi

concebido e implementado por uma Organização local parceira

– o PISI – cujo objectivo é apoiar as crianças órfãs e traumatiza-

das pela guerra, nesta região.

O PISI apoia hoje mais de 800 crianças nestas condições.

Búfalos e Micro-Crédito

Na aldeia de Thulo Parsel levou-se a cabo um projecto de micro-

crédito que visava não só reduzir a pobreza em que algumas fa-

mílias viviam mas também fornecer às pessoas um meio que

possibilitasse a sua subsistência. O projecto consistia no em-

préstimo de um búfalo a algumas famílias e estas teriam de se

empenhar em restituir o valor do búfalo em 20 meses. Com este

valor, era possível comprar um outro búfalo para uma outra fa-

mília, e assim sucessivamente. A taxa de juro (10%) foi usada

para integrar o fundo da Organização necessário para a alimen-

tação das crianças da escola. O projecto foi um sucesso e as pes-

soas participaram com entusiasmo tendo assistido a um aumen-

to do rendimento familiar anual.

JUNHO 2006

Ngolhosa: um projecto de segurança alimentar

Baseando-se nos pressupostos de que a alimentação e a edu-

cação são dois factores nos quais o desenvolvimento assenta, a

nossa Organização inicia em 2005, em Ngolhosa, um projecto

para garantir a segurança alimentar nesta comunidade.

Estabeleceram-se com a comunidade os principais objectivos

ETAPAS PERCORRIDAS NO LONGO PERCURSO RUMO AO DESENVOLVIMENTO.

8

O CCS Portugal/Helpo, ao longo dos seus anos de vida e devido ao seu apoio constante, venceu vários dos obstáculos do difícil percurso que con-duz ao desenvolvimento. Contamos consigo para continuar a percorrer esta estrada, e a cantar vitórias feitas de esperança e de sorrisos.

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9

tais como combater os efeitos da seca através da mudança das

técnicas de cultivo, introduzir novas culturas mais adaptadas a

climas secos e variar a alimentação com produtos de alto valor

nutritivo e proteico. Construíram-se um armazém e três poços,

e a comunidade indicou um grupo de 40 beneficiários, que

tiveram formação sobre as técnicas agrícolas por parte dos téc-

nicos da Organização, e que se organizaram numa associação

para assegurar o funcionamento e continuação do projecto.

Visitas médicas a 4,000 crianças

Em Maio de 2006 deu-se início a um projecto de saúde para a

infância em colaboração com o Hospital de Dhulikel, centro ad-

ministrativo do distrito de Kavre.Dada a falta de estruturas de

saúde, principalmente nas zonas rurais do Nepal onde a Or-

ganização opera, a acção contemplou 4000 crianças de Thu-

lo Parsel, Bolde, Sarmathali, Meche, Narayansthan e Chapako-

ri; em cada aldeia foi criado um Campo Médico apetrechado

para análises essenciais e fisioterapia, onde operavam as “Vol-

untárias da Saúde” e foram realizadas visitas de diagnóstico e

acompanhamento médico a cerca de 4,000 crianças.

SETEMBRO 2006

Projecto de electricidade em Kavre

Em Agosto de 2005 chegou à comunidade, pela mão da nos-

sa Organização, um grupo de 5 engenheiros que iriam levar a

cabo um projecto que mudaria a vida de toda aquela comuni-

dade: a construção de uma rede de electricidade. O projecto

contou com apoio financeiro do governo (80%) e das comuni-

dades (20%). Foi feita uma acção de sensibilização na comu-

nidade e foi-lhe explicado que a luz iria trazer um desenvol-

vimento duradouro, mais oportunidades de trabalho para os

jovens e uma melhoria nas suas condições de vida. Após esta

fase de sensibilização e de recolha dos fundos necessários a

completar o valor total do projecto, iniciaram-se os trabalhos.

DEZEMBRO 2006

Macunhe: os pescadores e os alunos

Com o objectivo de aumentar a produtividade e assim também

o rendimento próprio das famílias residentes no Bairro dos Pes-

cadores em Macunhe, a nossa Organização levou a cabo, junta-

mente com o Fundo do Fomento Pesqueiro, um esboço para um

projecto de micro-crédito, que financia grupos de trabalho as-

sociativos de forma rotativa, de maneira a que aumentando os

meios e mantimentos ao dispor de cada família, se vá reduzin-

do progressivamente o abandono escolar por parte das crianças

que, para ajudar os pais, acabam por deixar a escola.

MARÇO 2007

9

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0

M&N

Uma escola nova para Chigamane

A primeira intervenção mais significativa da nossa Organização

na comunidade de Chigamane foi a construção de uma escola

em material convencional (alvenaria) com quatro salas de aula,

latrinas e um gabinete pedagógico. Para a construção da escola

a Organização comprometeu-se a fornecer o material de cons-

trução e técnicos profissionais e a comunidade, a título volun-

tário, participou activamente nos trabalhos. Apenas quatro dias

após a abertura das inscrições a maioria das crianças estavam

inscritas, o que revelou o sucesso desta iniciativa.

Prosseguir os estudos em Thulo-Parsel

Um dos grandes problemas dos jovens de Thulo Parsel era não

existir uma escola secundária que lhes permitisse ter estes graus

de formação o que levava a que muitos jovens acabassem por

renunciar aos estudos uma vez que as escolas mais próximas fi-

cavam a 6 horas de caminho.

Para combater este problema a 8 de Dezembro de 2006 e com o

apoio da nossa Organização foi inaugurada a Temple Shree Pan-

chakanya Higher Secondary School 10+2 para permitir que os jo-

vens estudassem na proximidade de sua casa e assim evitassem

despesas pesadas.

JUNHO 2007

Higiene pessoal: um manual para todas as escolas

Durante a implementação do nosso projecto sanitário a equi-

pa médica concluiu que os principais problemas de saúde das

crianças, lombrigas e diarreia, se deviam à falta de uma higiene

pessoal cuidada devido à escassez ou uso indevido de fontes de

água e também a uma utilização imprópria ou mesmo à falta de

latrinas. Face a isto, iniciou-se uma campanha de educação sani-

tária nas escolas, dirigidas às crianças e aos professores. O pro-

jecto consistiu na distribuição de um manual com as principais

regras de higiene pessoal, informações sobre as modalidades e

periodicidade para efectuar a vacinação e também sobre as do-

enças mais ocorrentes e principais sintomas. Paralelamente, le-

vou-se a cabo a construção de serviços higiénicos nas escolas.

Depois do ciclone… voltámos à escola em Vilankulos!

No dia 22 de Fevereiro de 2007, a passagem do ciclone Fávio

deixou atrás de si um rasto de profunda destruição na província

de Inhambane, em Moçambique. Durante a fase de emergên-

cia, a nossa Organização colaborou com outras ONG’s (Unicef

e Cruz Vermelha) bem como com o Instituto Nacional de Ges-

tão de Calamidades em Moçambique, e procedeu à distribuição

de produtos alimentares e kits de emergência que ajudassem a

minimizar as drásticas consequências da passagem do ciclone.

Passada a fase de emergência seguiu-se a fase de reconstrução,

durante a qual nos concentrámos na reconstrução das escolas,

tendo desenhado um plano de acção que prevê a construção

de 11 salas de aula em 4 escolas, nas comunidades de Macu-

nhe, Mungozel, Mungonze e Mangalisse. As primeiras constru-

ções já foram inauguradas e estarão em funcionamento a par-

tir do ano lectivo de 2008/2009 (com início a 30 de Janeiro, em

Moçambique).

0

Page 11: mundo H

SETEMBRO 2007

Ciclone Fávio: passámos aos actos com a reconstrução

O plano de reconstrução iniciou-se com a construção de qua-

tro salas de aula em Macunhe. A comunidade compareceu em

peso na cerimónia da “primeira pedra” onde se pediu protecção

aos antepassados para a realização dos trabalhos. Pôs-se mãos

à obra e passados 40 dias as duas primeiras salas estavam pron-

tas e contaram com um elogio feito publicamente pela Direcção

Provincial de Educação de Inhambane. O balanço desta primeira

intervenção do plano de reconstrução foi sem dúvida positivo,

não só por o CCS ter correspondido as expectativas dos parcei-

ros e beneficiários, mas também pela boa participação da co-

munidade nos trabalhos efectuados.

Centro Comunitário de Formação

O CCS construiu na comunidade de Thulo Parsel um Centro Co-

munitário de Formação, um espaço multifuncional construído,

não só para ser utilizado pelo CCS mas para desempenhar uma

função social e pública. O Traning and Community Centre foi

colocado à disposição para encontros das associações locais,

grupos de mulheres e jovens, representações teatrais, manifes-

tações e tudo o que possa ser um ponto de interesse para a co-

munidade. No centro também se levaram a cabo as acções de

formação para os professores e de todos os envolvidos nos pro-

jectos do CCS.

DEZEMBRO 2007

Um milhão de gotas traz um mar de felicidade

No âmbito da redução do abandono escolar por parte das rapa-

rigas, que têm como responsabilidade o apoio das mães na rea-

lização das tarefas domésticas, bem como da melhoria das con-

dições de vida globais da população rural, a nossa Organização

procedeu à construção de dois poços na aldeia de Macunhe,

província de Inhambane. Durante este ano, todos os habitantes

desta aldeia e das proximidades da mesma, beneficiaram des-

te projecto, podendo reduzir consideravelmente o peso da tare-

fa diária de recolha da água, bem como as consequências que a

mesma comporta, a vários níveis, para todas estas famílias.

2005 / 2006 / 2007

Apoio global a mais de 3,000 crianças espalhadas por regiões carenciadas

Ao longo dos últimos três anos, a nossa Organização prestou e

monitorizou um apoio concreto e continuado a mais de 3,000

crianças e suas famílias em comunidades rurais dos Países em

Vias de Desenvolvimento onde trabalhámos. Foi colocado à dis-

posição dos mais carenciados, apoio escolar, alimentar e médico.

A Helpo tem como objectivo dar continuidade e este pequeno

grande sonho; a estes pequenos gestos cheios de significado.

Contamos consigo na persecução dos nossos objectivos.

Page 12: mundo H

O que vos levou a aceitar o desafio de constituir a nova Direc-

ção da nossa Organização?

2. Sofia Dinis. O gosto pelo associativismo. A paixão por cons-

truir, projectar e ajudar.

1. Maria Ribeiro da Fonseca. Penso que há também uma ne-

cessidade de retribuir um pouco daquilo que sentimos ter re-

cebido ao longo da vida, de contribuir para melhorar as condi-

ções de vida de todos aqueles que não podem ou não sabem

fazê-lo sozinhos, de contribuir para projectos muito maiores

do que nós.

3. Carlos Almeida. E além do interesse no projecto e de um

enorme sentido de responsabilidade o facto de já conhecermos

de perto a forma séria, transparente e responsável como a or-

ganização trabalhava, foi um forte motivo para colaborar com

um pouco do meu tempo para ajudar a ajudar.

O que significa/como é fazer parte dos bastidores de um pro-

jecto deste tipo?

5. Nuno Tavares. É muito motivante fazer parte de uma equi-

pa constituída por pessoas provenientes de áreas de formação

completamente diferentes, mas que estão profundamente em-

penhadas num mesmo objectivo: ajudar cada vez mais crianças

a receberem a nossa ajuda.

S.D. Exactamente: aprende-se imenso e além disso, fica-se feliz.

É muito satisfatório saber que o nosso trabalho trará melhor

Este leque de padrinhos que desde o início da constituição da Organização par-ticipa activamente nos seus programas de apoio, foi convidado a constituir a Di-recção da Helpo com vista a prepará-la para esta nova fase. Este grupo versátil, disponível e empenhado dedica-se voluntariamente ao estudo das problemáti-cas quotidianas desta ONGD e discute, aconselha e decide sobre as estratégias que melhor nos poderão conduzir à concretização das nossas metas.Nesta entrevista todos falam das expectativas, mais-valias, dificuldades e inú-meros objectivos respeitantes a esta nova fase da nossa Organização.

MARIA RIBEIRO DA FONSECA, EMPRESÁRIA, 37 ANOS, (PRESIDENTE); SOFIA DINIZ, ADVOGADA 31 ANOS, (VICE-PRESIDENTE); CARLOS ALMEIDA, PROFESSOR, 33 ANOS, (COORDENA-DOR GERAL DE DIRECÇÃO) DUARTE MARQUES, CONSULTOR, 26 ANOS, NUNO TAVARES, GESTOR, 26 ANOS.

PORTUGAL

Page 13: mundo H

3

qualidade de vida a alguém. Perante esta satisfação, os janta-

res à base de salgados à mesa da sala de reuniões ou a discus-

são de ideias para lá do nosso limiar de cansaço, não signifi-

cam nada.

C.A. E o esforço feito é minimizado pelo retorno. O retorno da

participação em todo o tipo de projectos que envolvam pesso-

as é muito positivo. Não só pelos projectos desenvolvidos mas

sobretudo pelo excelente capital humano com que se contac-

ta de perto.

Está em curso uma pequena grande mudança. A Organiza-

ção exibe, a partir do início de 2008, uma nova imagem e um

novo nome. O que é que os padrinhos e colaboradores da

Helpo podem esperar desta mudança?

M.R.F. Podem esperar uma organização mais dinâmica e mais

pró activa, com maior capacidade de intervenção no terreno, e

uma relação ainda mais próxima com os padrinhos. O facto de

passar a ser uma organização independente e 100% nacional

permite-nos apostar na relação com os países da CPLP, capitali-

zando as sinergias provenientes de uma língua e uma herança

histórica comum.

4. Duarte Marques. Temos uma grande responsabilidade para

com estes países, e ter a possibilidade de apoiá-los e acompa-

nhá-los no seu crescimento, penso que é ter o dever de fazê-lo.

N.T. A nova imagem é o resultado de todas as emoções e ex-

pectativas que durante estes últimos anos todos os que fazem

parte desta organização acumularam. São estes novos valores

que queremos transmitir especificamente a todas as pessoas

que residem em Portugal.

S.D. De facto, a nova imagem e o novo nome da Associação de-

monstram de forma inequívoca os seus fins e princípios, o que

é imprescindível neste tipo de organizações para que gozem

de credibilidade. E a credibilidade é indispensável para que se

possam levar a cabo os projectos de forma satisfatória. Assim,

o que se pode esperar desta mudança é tão-somente um ainda

maior sucesso da Organização e, em consequência, que a ajuda

chegue a quem dela necessita de uma forma ainda mais célere

e ainda mais organizada.

C.A. Mais concretamente, os padrinhos podem contar com

uma estrutura 100% portuguesa no terreno, com perspectivas

e esperanças mais próximas das suas, e com um investimento

numa relação de proximidade com quem ajudamos, pautada

por uma marca de qualidade que já foi vincada nos primeiros

anos desta ainda jovem associação

Pode dizer-se que este novo percurso é um percurso desenha-

do ainda mais à medida dos padrinhos portugueses? Em que

medida?

M.R.F. Mais à medida dos padrinhos portugueses uma vez que

permite uma maior interacção entre padrinhos e afilhados.

3

1.2.

3.

Page 14: mundo H

4

A partir de agora haverá mais oportunidades para enviar ma-

terial e o facto de passarmos a ter uma equipa permanente de

voluntários portugueses no terreno além dos tradicionais co-

ordenadores, permite que os próprios padrinhos possam fazer

parte dessa experiência se assim o desejarem.

C.A. Além disso, o nosso programa de voluntariado passou re-

centemente à 2ª fase, caracterizada por uma presença constan-

te de voluntários no terreno, o que nos permite pensar que es-

tamos a potencializar ao máximo a marca cultural e linguística

comum com Moçambique para optimizar o nosso trabalho. Por

exemplo, com um maior número de recursos humanos acresci-

do pelos voluntários, será possível aumentar os instrumentos

de comunicação, mantendo os padrinhos mais actualizados so-

bre os projectos, iniciativas e outros acontecimentos relevantes.

N.T. O facto de trabalharmos em plena autonomia irá natural-

mente facilitar todos os processos operacionais, e quem irá be-

neficiar serão em primeiro lugar, as crianças e em segundo lu-

gar, os padrinhos, que irão ter junto deles uma organização

muito mais flexível e ágil.

S.D. O desenho do percurso à medida dos nossos padrinhos

deve forçosamente integrar os nossos objectivos, uma vez que

falamos de pessoas que se sacrificam de forma altruísta e de-

sinteressada para ajudar outras pessoas. Conhecemos bem as

expectativas dos padrinhos; afinal, esse foi o primeiro laço a li-

gar-nos à Organização.

Quais as principais dificuldades que encontram aqueles que

trabalham para dar vida a este projecto?

S.D. Aqueles que se encontram deslocados nos países em que

efectivamos o nosso apoio sofrem muito com a distância da fa-

mília, que só poderão voltar a ver na altura das férias ou quan-

do os respectivos programas findarem, no caso dos voluntários.

M.R.F. Trata-se de um misto de vários elementos. As missões fa-

zem-se com enorme entusiasmo, mas também com muito sa-

crifício pessoal, deixando para trás as suas famílias, carreiras

promissoras, amizades fortes. Estas partidas sabem a sonho

tornado realidade, mas é também uma caminhada dura, em

que ficam para trás os confortos mundanos a que todos esta-

mos habituados. Implica grande capacidade de adaptação e al-

guma solidão.

S.D. Quanto àqueles que trabalham em Portugal, fazem-no

com grande sacrifício pessoal e familiar. Isto porque, neste tipo

de organizações não existem horários fixos, tem que se estar

disponível sempre. Por outro lado, muitas vezes deparamo-nos

com entraves burocráticos que, neste tipo de actividade urge

agilizar, pois enquanto andamos perdidos em papéis, existem

crianças e famílias que não recebem o nosso apoio.

N.T. Quanto a nós, nem sempre é fácil conciliar a disponibili-

dade de todas as pessoas, já que todos trabalhamos em áreas

completamente diferentes, com exigências e horários também

diferentes…

D.M. …e a maior dificuldade da nossa parte acaba por ser mesmo

essa: encontrar dias onde o relógio permita encaixar 25 horas!

E o que é que faz com que se continue? Com que o entusias-

mo se mantenha vivo?

C.A. O facto de acreditar no projecto. Como professor que sou,

acredito que a educação é a melhor ferramenta que se pode

dar a estas crianças para fazer o país andar para a frente. Para

além disso, é necessário relativizar sempre as coisas, para não

nos deixarmos desmotivar com os resultados. Nunca pode-

mos comparar a realidade destas crianças com a nossa. Se con-

seguirmos transportar-nos para aquele contexto, a motivação

manter-se-á sempre elevada, pois o sorriso que estas crianças

4.

Page 15: mundo H

nos oferecem com as suas pequenas alegrias e grandes vitó-

rias, não deixará que seja de outra maneira.

S.D. Essa hipótese real de que, quando o apoio chega, seja em

material escolar, seja em kits de higiene, seja na construção de

uma nova escola ou de um poço, existe uma criança, uma mu-

lher ou um homem que sorri e que se torna mais feliz. Este sor-

riso basta.

M.R.F. Para além desse sorriso, há também os resultados: o de-

senvolvimento das comunidades, a mudança, o crescimento, a

prosperidade dos que venceram, o gozo de saber que contri-

buímos para criar oportunidades a quem não tinha perspecti-

vas de futuro.

D.M. E depois há outro aspecto importante que não pode dei-

xar de prolongar o entusiasmo: este é um trabalho sem fim;

sempre que se ajuda uma criança, descobre-se outra que ainda

não tem acesso a essa ajuda. E para cada criança que se ajuda,

quantas ficam por ajudar? É impossível não contribuir para o

enorme efeito bola-de-neve de que estes países necessitam; do

qual a Cooperação Internacional procura alimentar-se.

Que novas perspectivas estão na base da nova estratégia as-

sumida pela Organização?

M.R.F. O objectivo de criar uma grande organização de ajuda

para o desenvolvimento nos países da CPLP. Para tal está já pre-

vista a abertura de uma nova delegação em São Tomé e Prín-

cipe para a qual continua em curso um estudo de diagnóstico

exaustivo.

S.D. Partindo desta ideia pretendemos crescer e levar o apoio

que prestamos a cada vez mais comunidades, alimentando o

sonho que todos partilhamos de ajudar a tornar o nosso mun-

do melhor.

D.M. Ajudar mais e melhor; dar a cada projecto o investimen-

to e projecção que ele merece adequando cada um à realidade

para a qual foi desenhado. Com o ganho de uma maior autono-

mia, é possível dotar cada intervenção de um espírito de profis-

sionalismo fundamental, mas também da flexibilidade necessá-

ria às potencialidades de crescimento de cada uma delas.

Que mensagem gostariam de deixar aos nossos padrinhos

e colaboradores?

S.D. Um grande obrigado por apoiarem este projecto e por

terem tanta imaginação na angariação de fundos; pelos vos-

sos sacrifícios. Acho importante deixar também a garantia de

que os vossos sacrifícios serão compensados através da pres-

tação de ajuda às comunidades onde os meninos que apa-

drinham vivem.

C.A. Participem de todas as formas nas nossas iniciativas. Es-

tamos sempre abertos a sugestões por parte dos padrinhos

por isso venham fazer parte da solução do problema.

M.R.F. Obrigada por acreditarem. O vosso entusiasmo e a

vossa disponibilidade para promover a associação têm sido

exemplares. Aos colaboradores um grande muito obrigada

pelo esforço, dedicação, entusiasmo e criatividade com que

têm desenvolvido este projecto, muitas vezes com enorme

sacrifício pessoal. A todos pedimos que continuem a acredi-

tar, que continuem a investir. A Helpo nasceu da junção de

muitos sonhos, vontades e necessidades. A Helpo é todos

nós, ao encontro daqueles que mais necessitam. Continuem

a dar o vosso contributo, porque o mundo é humano!

N.T Um excelente ano de 2008 em conjunto com a HELPO,

com os maiores sucessos a nível pessoal e profissional.

D.M. E sobretudo, nunca é demais relembrar, que pode haver

quem tenha um papel tão importante como os nossos padrinhos,

mas não há quem tenha um papel mais importante que o deles.

5.

Page 16: mundo H

6

MAIS DO QUE PADRINHOS

arregaçar as mangas e con-

tinuou o percurso difícil de

apoio aos projectos que, do

outro lado do mundo, não dei-

xam de ser gravemente ne-

cessários. Assim, as iniciativas

continuaram a multiplicar-se:

Foi organizada uma Feira de

Angariação de Fundos, que se

realizou, na freguesia da Fe-

teira, entre os dias 31 de Ou-

tubro e 4 de Novembro. Foi

com uma grande determina-

ção de contribuir para o pro-

jecto Uma gota, um sorriso que

os voluntários montaram uma

feira que apresentou aos faia-

lenses os mais variados produ-

tos. Durante os cinco dias do

evento, e para além de dar a

conhecer a Organização Helpo

e os seus respectivos projec-

unte a sua mão a esta

causa” foi a frase que,

proposta pelo grupo

de trabalho liderado pela ma-

drinha Luísa Borges, deu o

mote a mais esta acção de an-

gariação de fundos na Ilha do

Faial, nos Açores.

Este grupo de trabalho, incan-

sável no seu empenho e na

sua capacidade de transfor-

mar os sonhos em realidades

palpáveis, não baixou os bra-

ços após ter conseguido, na

primeira metade do ano de

2007, angariar os fundos sufi-

cientes para a construção de

um poço numa comunidade

rural em Moçambique.

Uma vez angariados os fun-

dos suficientes para esta cons-

trução, este grupo voltou a

“J

Sónia Borges e Joana Lopes Clemente

junte a sua mão a esta causa.

tos, foi possível, à população

da Ilha do Faial, degustar pe-

tiscos regionais, num bar/res-

taurante, comprar artigos usa-

dos como roupas e artigos de

cozinha e brinquedos e provar

castanhas assadas tudo isto a

preços simbólicos contribuin-

do para a obtenção de fundos

para apoiar a construção de

poços nas áreas rurais da pro-

víncia de Nampula, em Mo-

çambique, no âmbito da cam-

panha Água e Vida.

Realizámos ainda leilões com

produtos oferecidos pelos lo-

cais e entidades que apadri-

nharam este evento. O espírito

de solidariedade serviu de ins-

piração a um grupo de música

local que animou esta feira to-

cando uma dança tradicional

dos Açores, a chamarrita. Esta

actuação contagiou os presen-

tes e proporcionou um mo-

mento de grande alegria.

Este evento foi possível gra-

ças à colaboração de todos os

que contribuíram quer através

da cedência de produtos quer

com o esforço do seu trabalho

para o sucesso desta acção.

Sempre sem perder o ritmo e

a enorme energia que movem

estes colaboradores, no dia 30

de Novembro teve lugar um

outro evento: uma noite de fa-

dos cuja angariação de fundos

se destinou, mais uma vez, à

campanha Uma gota, um sorri-

so. O restaurante onde o even-

to teve lugar não tinha espa-

ço suficiente para a vontade

de ajudar que até ele acorreu.

As pessoas encheram o espa-

ço que foi animado pelos fa-

distas. A imaginação era a úni-

ca a ditar os limites das formas

pensadas para ajudar à reco-

lha: o jantar, as sobremesas, a

óptima música à disposição de

quem ali se deslocou por uma

causa.

Com um grupo cada vez maior

de colaboradores e um gran-

de espírito de ajuda, estes vo-

luntários continuam, incansá-

veis, a preparar mais acções

de angariação de fundos tal-

vez para a construção de algo

mais ambicioso nas terras mo-

çambicanas.

As actividades nas terras aço-

rianas não terminam aqui,

muito pelo contrário, em bre-

ve haverá mais novidades

oriundas deste pedaço de ter-

ra no meio do Atlântico cuja

distância do continente africa-

no se encurta cada vez mais.

Page 17: mundo H

7

A malária está presente em cerca de 90

países e em grande parte deles, a preo-

cupação relativa à causa da morte de

um ente querido não pode definir-se

como prioritária. As organizações es-

pecializadas vêem-se obrigadas a re-

correr às estimativas para melhor po-

derem definir o perfil do inimigo e os

números acabam por ser, naturalmen-

te, pouco exactos. Aquilo que pare-

ce reunir o consenso de todos é que o

impacto mundial da malária apenas é

comparável ao da Tuberculose e do ví-

rus da Sida.

Perante estes números, o financiamen-

to à investigação centrada na desco-

berta de uma vacina contra o parasi-

ta, nunca é demais. Os investigadores

continuam a mover esforços e as des-

cobertas importantes multiplicam-se. A

última descoberta esperançosa foi fei-

ta por um grupo de investigadores por-

tugueses do Instituto de medicina mo-

lecular da Universidade de Lisboa, que

no final do ano de 2007 descobriu uma

forma de impedir a propagação da do-

ença no organismo. Este é um passo

fundamental para chegar a uma cura

que brindaria com o privilégio da vida,

milhares de pessoas em todo o mundo.

Apesar das boas notícias, do passo

científico à comercialização de uma

possível substância mágica, erguem-se

repetidas montanhas de aspecto inul-

trapassável e, enquanto isso, a cada

trinta segundos morre uma criança

africana devido à malária.

E quais são os meios ao nosso alcance

para participar nesta guerra no entre-

tanto? A quem cumpre o papel de pro-

curar minimizar consequências desta

s números são confusos.

Numa breve pesquisa na In-

ternet, em que procuramos

saber exactamente quantas pessoas

morrem anualmente no mundo devido

à malária, as oscilações numéricas si-

tuam-se entre 1 e 3 milhões.

No entanto, tanto a UNICEF como a

OMS asseguram que mais de 1 milhão

é o número que corresponde apenas

às crianças abaixo dos 5 anos a quem

o parasita causa a morte, anualmente.

Cascais, Joana Clemente

dimensão, enquanto na arena política

e económica se negoceiam interesses

inutilmente incomparáveis ao Direito à

Vida?

A única luta possível ao alcance do ho-

mem comum, do técnico ou do coor-

denador de projecto de uma qualquer

organização, é a luta ao nível das medi-

das preventivas e da sensibilização.

Segundo os dados da OMS, nos últimos

anos a produção de redes mosquiteiras

aumentou em 100% e quase duas deze-

nas de países da África sub-Sahariana

triplicaram a distribuição das mesmas.

Como resultado, o número de crianças

que procuram aceder aos tratamentos

contra a doença decaiu para a metade

mas infelizmente, os casos de mortali-

dade apenas na África sub-Sahariana,

mantêm-se nos 800 mil anuais.

Quem não se lembra do artigo escri-

to pelo nosso padrinho Ricardo Bessa

Martins, emocionado mas consciente,

sobre a morte da sua afilhada Dércia?

Quem não se questionou, ao lê-lo, so-

bre a quantidade de “Dércias” que é ur-

gente salvar desta tragédia? E quem

nunca teve uma vontade indomável de

proporcionar a alguém, algo a que to-

dos deveríamos ter direito?

Só nos últimos 6 meses, e apesar dos es-

forços movidos, a Helpo perdeu quatro

crianças integradas no seu programa de

Apadrinhamento à Distância, para a ma-

lária. E nesta luta desigual, escolheu não

baixar os braços; escolheu atentar no nú-

mero das crianças que não perdeu; e essa

escolha é uma escolha necessária, fei-

ta diariamente, juntamente com mais de

3,000 padrinhos que persistem na luta,

junto connosco.

O

batalhasinevitáveis.

MAIS MUNDO

Page 18: mundo H

8

ESTÓRIAS

tária. Aí conheci pessoas que me abriram

os horizontes e tive a oportunidade de

ter a minha primeira experiência no ter-

reno, em Cabo Verde.

Depois disso, juntei-me ao grupo de vo-

luntariado das Irmãs Doroteias e fui até

Moçambique. Ainda não saciada, voltei a

este continente, desta vez à Guiné-Bissau,

integrada num projecto de voluntariado

do ISU - Instituto de Solidariedade e Coo-

peração Universitária.

Agora sinto que está na altura de dar

mais um passo nesta caminhada, de fazer

algo mais por mim e pelos outros, de mu-

dar de vida. Parto no mês de Janeiro para

Moçambique, com a Helpo, e enfrento al-

gumas resistências, principalmente por

parte da família; porque vou por um pe-

ríodo mínimo de seis meses; porque “o

mundo lá longe é tão perigoso”, repleto

de miséria e doenças; porque não é fácil

entender esta minha decisão de partir, re-

nunciando a “tudo” o que tenho aqui.

No entanto, as minhas motivações para

partir vão mais além do simples “dar sem

receber nada em troca”. Quero dar, sim,

mas também quero receber: receber ges-

tos e emoções. Quero contribuir para um

mundo melhor, que seja de todos, e fa-

zer com que cada dia seja único. Quero

acordar todas as manhãs, cheia de vonta-

oje em dia fala-se muito em

mudar de vida, sendo esta ex-

pressão título de músicas e até

de programas de televisão. Cada vez

mais as pessoas têm percepção da fuga-

cidade da vida e tentam vivê-la da me-

lhor forma possível, deixando para trás

empregos, lugares, contextos, onde não

se sentem completas. Mas se essa mu-

dança não for, aparentemente, positiva?

Será que falta teremos o apoio das pes-

soas que nos são próximas?

Apesar da maioria das pessoas ver o vo-

luntariado como um acto nobre e altru-

ísta, fazer do voluntariado uma forma

de vida, uma prioridade, pode trazer-

nos problemas difíceis de ultrapassar.

Como convencer a família, que sempre

nos deu tudo e coloca em nós numero-

sas expectativas, de que mais importan-

te que a evolução profissional e social, é

a evolução e o enriquecimento pessoal?

Como dizer aos amigos, habituados já

às anuais festas de casamento e de inau-

guração de casas, que o nosso objecti-

vo imediato não é a apropriação de “coi-

sas”, mas sim de sítios, sorrisos, cheiros,

culturas?

Tudo começou há aproximadamente cin-

co anos, quando resolvi integrar uma

Pós-graduação em Intervenção Humani-

H

Lisboa, Patrícia Cunha

mudar de vida.

des e adormecer todas as noites, cheia de

sonhos. Quero partilhar, quero construir,

quero rir, quero ouvir, quero crescer, que-

ro estar. Quero ter a oportunidade de vi-

ver no seio de uma cultura diferente, dis-

ponível para receber tudo o que ela me

poderá dar e que será, seguramente, mui-

to mais do que eu conseguirei retribuir.

Espero, assim, efectivamente evoluir e

tornar-me uma pessoa mais “rica”, rique-

za essa que se poderá calcular pelo nú-

mero de pessoas com quem nos cruza-

mos e criamos laços, conversas, sorrisos

trocados, lugares percorridos, experiên-

cias vividas, sejam boas ou más… Espero

também tornar-me uma pessoa melhor,

mais consciente do mundo que me ro-

deia, mais Humana.

No dia em que regressar, desejo trazer

o corpo “leve” por ter feito algo que há

muito queria fazer, e a alma “pesada”:

cheia de recordações, rostos, cheiros, sa-

bores, histórias e força para continuar

a vida, seja no meu país, num país vizi-

nho ou mesmo num outro País em Vias

de Desenvolvimento. E dizer à minha fa-

mília e amigos que o “tudo” que tenho

aqui é dispensável e o “nada” que tenho

lá, mais do que o suficiente. Isto signifi-

caria que teria feito a escolha certa e mu-

dado para melhor.

Page 19: mundo H

9

mos outra escola, que ficava a outros 10

km para o interior. Era uma escola nova,

irá ser inaugurada em Janeiro, no iní-

cio do próximo ano lectivo. Aceitámos o

convite.

A animadora Luísa juntou-se a nós nes-

te trajecto. Que pessoa extraordinária!

Se muitos de nós tivéssemos um pou-

co da alegria e da energia da Luísa, éra-

mos sem dúvida mais felizes. Neste dia

tivemos uma lição que nos ajudou a per-

ceber com uma clareza impressionante

qual o papel da escola para estas comu-

nidades:

“ Estas são crianças que não estão habi-

tuadas a falar com outras pessoas, senão

com os membros das suas comunidades.

É muito difícil para elas comunicarem e

esta é sem dúvida uma prioridade para

os profissionais que trabalham nesta Or-

ganização e noutras ONG e muitas ve-

zes este é um trabalho que demora dois

a três anos e só depois é que estão pron-

tas para apreender o que esperamos que

a escola ensine”.

Compreendemos que a escola em Chi-

gamane, e noutras tantas comunida-

des onde a Organização actua, vai para

além do conhecimento do “Bê-á-bá”, ou

de “1+1=2”. A escola tem uma respon-

sabilidade e um papel social importan-

tíssimo, pois passa por transmitir os cui-

dados básicos de saúde/higiene, ensina

valores e passa pelo registo dos próprios

cidadãos. Tivemos o privilégio de cons-

tatar inloco que tudo isto só se consegue

com muito trabalho, e muita, muita de-

dicação.

Obrigada ao Sr. Carlos e ao Sr. António

pelo vosso trabalho, e por em tão pouco

tempo nos terem mostrado tanta coisa.

Obrigada à Luísa por dedicar a sua ener-

gia a estas crianças.

Obrigada à Margarida pela sensibili-

dade, pelo apoio, pelos telefonemas, e

principalmente por ter contribuído para

que a nossa visita ao terreno, em Vi-

lankulos, se tornasse uma realidade.

A todos, um bem hajam.

que passou por elas, mas que não as tra-

tou; vivem sobretudo da natureza que

as rodeia e da energia das pessoas que

as habitam. Na maioria dos casos as po-

pulações são pobres em bens materiais,

contudo têm uma riqueza de espírito

que chega a ser comovente.

Já levávamos quase uma semana por ter-

ras de Moçambique, conhecendo luga-

res, pessoas, e aprendendo…Aprenden-

do que as diferenças culturais e sociais

existem, são visíveis (ou melhor muito vi-

síveis) mas não creio que possam ser in-

terpretadas de forma simplista, que per-

mitam chegar a conclusões de quem está

certo ou de quem esta errado.

Ao chegarmos a Vilankulos contactá-

mos o Sr. Carlos, que prontamente veio

ao nosso encontro acompanhado pelo

Sr. António. Só tínhamos um dia para co-

nhecer a comunidade, a Alda e a família.

A emoção era grande e a vontade, essa

então nem se fala.

Fomos directos à Escola de Chigamane,

fica a cerca de 10 km para o interior, o

caminho era “picada”. Na escola espera-

vam-nos a Alda, a nossa afilhada, a sua

família, alguns Professores, e a animado-

ra, a Luísa.

Finalmente o nosso objectivo estava

a ser cumprido, estávamos ao lado da

Alda, podíamos vê-la, tocar-lhe, aquela

menina por quem nos sentimos um pou-

co responsáveis desde há 3 anos, deixou

de ser um rosto numa foto, e estava ali

em carne e osso ao nosso lado acompa-

nhada dos seus pais e irmãos. Sentimos

de facto que pertencíamos a algo, que

fazíamos parte dum projecto em que

acreditámos e do qual nos podemos or-

gulhar.

Surpreendentemente, a Alda não foi

muito comunicativa. É uma jovem mui-

to tímida, mas nem por isso vimos di-

minuir a intensidade do momento (po-

nhamo-nos no lugar dela, como será

que reagiríamos?). Após alguns momen-

tos de confraternização com a família da

Alda, o Sr. Carlos sugeriu que visitásse-

ueríamos marcar o 10º ani-

versário de casamento, com

uma viagem singular. Pensá-

mos em ir “aqui”, “ali”; “acolá”…, mas

nenhum destino nos entusiasmava o su-

ficiente, ao ponto de abdicarmos de es-

tarmos cerca de duas semanas longe

dos nossos filhos.

Quase sem darmos por isso, num ápi-

ce decidimos: “Vamos a África!”. Estava

unanimemente e sem contestação de-

cidido, que esta seria A Nossa Viagem,

aquela que queríamos que fosse espe-

cial e que marcasse as nossas vidas.

O que vivemos, o que sentimos nesta

viagem ficará sempre muito aquém da-

quilo que conseguirei expressar por pa-

lavras, porque África… é África!!! Deci-

são tomada, tornou-se ponto de honra

que iríamos a Moçambique conhecer a

nossa afilhada, a Alda.

O sucesso da viagem começou logo an-

tes de partirmos. Ao contactar a Orga-

nização, encontrei uma pessoa duma

amabilidade impressionante, a Mar-

garida, que sem que ela própria se te-

nha dado conta, me ajudou a organizar

a viagem que posso dizer que foi a via-

gem da minha vida!!! Começámos pela

África do Sul, mas foi a partir de Mapu-

to que sentimos que estávamos num

continente místico.

Sobre Maputo, Xai-Xai, Inhambane…pen-

so que há muito ou talvez nada para se

dizer; são cidades bonitas, que contam

histórias de outrora, paradas no tempo

QLisboa, Cristina Caliço

uma experiência única.ESTÓRIAS

Page 20: mundo H

0

i MAIS

Sem água não é possível garantir a mínima

qualidade ou diversidade alimentar, não é

possível incitar as populações a manterem

cuidados mínimos ao nível da saúde e não

é possível motivar as pessoas a travarem

uma luta inglória pelo Desenvolvimento.

Pretendemos que este seja o primeiro pas-

so para que todos os que residem nas co-

munidades que apoiamos, aprendam a

vislumbrar um futuro repleto de possibi-

lidades: a possibilidade de traçar um per-

curso diferente daquele a que a vida os

habituou; a possibilidade de superar o

obstáculo de pensar apenas no que é ab-

solutamente essencial para passar a pen-

sar no que poderia fazer surgir um sorriso

mais no rosto de cada um; a possibilida-

de de sonhar e de ousar concretizar esses

sonhos.

A campanha Água é Vida tem-se verificado

fundamental, não só pelos resultados obti-

dos mas também pela capacidade que tem

em sensibilizar os nossos padrinhos para

uma problemática que parece tão distan-

te da nossa realidade. Foi com base nestes

Agenda Helpo 2008 foi uma

ideia acarinhada pela empresa

RHmais e promovida pela nos-

sa Organização, com o objectivo de in-

tensificar o apoio prestado no terreno

no que respeita à facilitação do acesso à

água potável, por parte da parte da po-

pulação local.

A produção destas agendas deverá per-

mitir a angariação de fundos destinados

à construção de poços, nas zonas rurais,

que ajudem a ultrapassar o problema da

falta de acesso à água e todas as conse-

quências que lhe estão subjacentes.

Este problema significa, para milhares de

pessoas, a dificuldade em irrigar a ter-

ra e obter, assim, meios de sobrevivência;

a impossibilidade de manter uma higie-

ne cuidada, procurando evitar inúme-

ras doenças; o impedimento de frequen-

tar assiduamente a escola, uma vez que é

necessário ajudar as mães a carregar dia-

riamente os enormes vasilhames com a

água, que serve para suprir as necessida-

des mínimas da família.

A

agenda helpo 2008.

motivos que decidimos, juntamente com

a empresa RHmais, promover esta inicia-

tiva que dá pelo nome de Uma gota, um

sorriso.

A nossa agenda está repleta de fotografias

com os rostos daqueles que apoiamos e

de ditados populares oriundos dos lugares

mais recônditos onde trabalhamos.

A Agenda Helpo 2008 é uma forma sim-

ples de podermos melhorar a vida a milha-

res de pessoas e simultaneamente de po-

dermos recordar a todos aqueles que a

adquirirem que, durante este ano, optaram

por unir o útil ao necessário, num peque-

no gesto cheio de significado.

O custo mínimo de referência de cada uma

é de 5€ mais portes de envio, e as enco-

mendas podem ser feitas através de e-mail

[email protected] ou telefone (214844075). As

contribuições podem ser feitas através de

transferência bancária, cheque endossado

à Associação Helpo, ou vale postal.

Em nome de toda a equipa e dos benefici-

ários dos nossos projectos, agradecemos a

sua participação neste iniciativa.

Page 21: mundo H

i MAIS

envio de presentes ou entrega de milagres?

ender que o tempo entre o envio do con-

tentor de Portugal, a sua chegada ao ter-

reno, a distribuição dos bens que este

transportou, a recolha de documentação

fotográfica da realização desta distribui-

ção nas comunidades, e o envio da mes-

ma aos padrinhos, é muito longo (em mé-

dia 5 meses).

4 Sempre que os padrinhos enviarem ma-

teriais em quantidades superiores àquelas

que o coordenador considera serem funda-

mentais para a utilização do destinatário,

este último reserva-se o direito de distri-

buir as restantes unidades por outras crian-

ças igualmente carenciadas e para quem o

envio de materiais da parte do seu padri-

nho, não se verifique.

5 Os bens que aconselhamos aos padri-

nhos que enviem nos volumes maiores

(via contentor), são: livros infantis e juve-

nis, dicionários, cadernos, mapas mundi,

canetas, lápis, borrachas, afias, livros para

colorir, lápis de cor, lápis de cera, jogos di-

dácticos simples e aplicáveis à realidade lo-

cal, carrinhos, barras de sabão, sabonete

de glicerina, vaselina e óleo para bebé.

Desaconselhamos o envio de quaisquer

outros materiais, sem que nos consultem

previamente. Caso sejam enviados bens

que não constem desta lista ou de indica-

ções futuras sobre materiais necessários,

reservamo-nos o direito de redistribuí-los

a outras Organizações de que deles ne-

cessitem.

Pedimos desde já desculpa pelos sucessi-

vos adiamentos a que nos vimos obrigados

a votar o último envio de materiais e co-

municamos que nos encontramos confian-

tes num melhor funcionamento deste ser-

viço, a partir de agora.

Pedimos a vossa colaboração quanto aos

pontos descritos para que possamos dar

garantias de uma melhoria significativa

nesta nova fase.

dade do contentor se esgota, estipulámos

um peso e volume indicativo por padri-

nho para cada contentor, que pedimos a

todos que respeitem: por cada contentor,

cada padrinho deve enviar apenas um vo-

lume correspondente a uma caixa (corres-

pondente a tamanho XL do modelo dos 15

cm) com cerca de 50 cm de comprimento,

30 cm de largura e 30 cm de largura e 15

cm de altura. O seu peso não deve exce-

der os 5,5 kg.

2 Todos os trimestres, a Helpo procede-

rá ao envio de volumes pequenos para o

terreno. Estes envios são reservados espe-

cialmente a cartas, fotografias e/ou pos-

tais que os padrinhos desejem enviar aos

seus afilhados. No entanto, é-lhes permiti-

do que enderecem, juntamente com a cor-

respondência, uma pequena lembrança

aos afilhados, se assim o desejarem. Esta

lembrança deve ser ligeira, deve ser passí-

vel de ser introduzida num envelope A4 e

não pode ultrapassar os dois itens (ex: um

livro para colorir e uma caixa de lápis; um

vestido e um livro infantil). As datas indica-

tivas em que a sede em Portugal procede

aos envios trimestrais para o terreno, são:

15 de Março, 15 de Junho, 15 de Setembro

e 15 de Dezembro.

3 Em cada ano serão enviados dois con-

tentores: um no primeiro trimestre de

cada ano, e um no terceiro trimestre de

cada ano. Os padrinhos devem compre-

envio de contentores contendo

os presentes que os padrinhos

desejam entregar aos seus afi-

lhados constituiu, desde sempre, uma pro-

blemática grave que tem merecido a nos-

sa consternação e profunda análise:

Se por um lado consideramos legítimo o

desejo dos padrinhos em enviar pequenas

lembranças às crianças que apoiam, por

forma a tornar esse apoio ainda mais efec-

tivo e encurtar distâncias que os façam

sentir mais próximos dos seus afilhados;

por outro, o custo monetário que este

exercício comporta não chega a ser, mui-

tas vezes, compensatório a nível prático.

Após longos meses de uma avaliação

exaustiva a sobre este ponto da nossa ac-

tividade, concluímos que as nossas prio-

ridades devem recair sempre sobre aque-

les que apoiamos e que, estamos seguros

de que todos os padrinhos, sem excepção,

partilham este ponto de vista connosco.

Por este motivo, analisando o custo/be-

neficio que cada tipo de presentes tem

em termos reais, comunicamos através

do presente texto, as novas regras que

se aplicam ao envio de presentes para o

terreno:

1 Para que todos os padrinhos tenham a

mesma oportunidade de enviar presentes

aos seus afilhados e para que não ocor-

ra, tal como aconteceu em ocasiões pas-

sadas, que alguns padrinhos não possam

enviar presentes uma vez que a capaci-

O

Page 22: mundo H

i MAIS

des que se oferecem são variados e o seu

significado, em muitas ocasiões, não vai

além do cumprimento do protocolo que

insiste em que os noivos ofereçam algum

elemento que traduza o seu estado de es-

pírito; que permita a partilha do mesmo.

E não são raras as ocasiões em que o fio

entre a entrega de um presente simbólico

e o seu significado original, se perde por

completo.

Com base na ideia de que o que torna

s brindes que hoje se oferecem

em casamentos, baptizados ou

outras festas de comemoração

de ocasiões especiais, têm a sua origem

em oferendas carregadas de significado.

Por exemplo: tradicionalmente, por oca-

sião dos casamentos, ofereciam-se 5

amêndoas aos convidados e cada uma

delas representava um desejo dos noivos

(saúde, prosperidade, vida feliz, fertilida-

de e felicidade duradoura). Hoje, os brin-

qualquer ocasião ou gesto especial é o

seu significado, e de que a renovação de

tradições é tanto mais rica quanto mais

permitir o ganho de novas unicidades, a

Helpo vem propor uma iniciativa que per-

mite renovar o significado dos tradicio-

nais brindes:

Em lugar dos primorosos objectos que va-

mos coleccionando na gaveta dos bibelôs

e de cuja origem vamos perdendo o rasto

e a memória, a Helpo propõe que se ofe-

reça um diploma, representativo da par-

tilha da felicidade vivida em cada ocasião

especial não só com os presentes na ce-

rimónia, mas também com centenas de

pessoas que, do outro lado do mundo,

beneficiarão deste gesto.

A ideia é que o valor que seria utiliza-

do pelos anfitriões das mais variadas ce-

rimónias na compra dos brindes comuns

a que estamos habituados, seja doado à

nossa organização e destinado a um pro-

jecto específico, numa região específica.

A Helpo procederá à produção de diplo-

mas personalizados elaborados à medi-

da de cada ocasião, nos quais dá conta do

seu profundo agradecimento pelo gesto e

comunica aos destinatários do documen-

to qual o alcance dos resultados que este

mesmo gesto irá ter.

Desta forma, damos a possibilidade, a

quem assim o desejar, de abrilhantar uma

ocasião especial, tornando-a ainda mais

especial e para um maior número de pes-

soas.

Se o que se pretende é multiplicar a felici-

dade de alguém, partilhar essa mesma fe-

licidade com alguém, prestar uma home-

nagem ou assinalar um pequeno grande

acontecimento, esta é a melhor sugestão

que podemos dar-lhe, para o fazer.

O

brindes…e muito mais!

Page 23: mundo H

3

FICHA TÉCNICA

Entidade Proprietária e Editor

Associação Helpo

Morada e Redacção: Rua Manuel

Joaquim Gama Machado, nº 4

2750 - 422 Cascais

Director Responsável

Carlos José Bernardo Almeida

Directora Editorial

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Nº de registo no ICS: 124771

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Periodicidade:

Trimestral

NIF: 507136845

Depósito Legal: 232622/05

Impressão

Linha CriativaRua João Chagas, nº 59 piso 1 esq.1495-073 Algés

Redacção Portuguesa

Sofia Nobre(secretária de redacção)Joana ClementeHelena Correia Margarida Assunção

Colaboradores neste número

Carlos Almeida Cristina CaliçoDuarte Marques Helena CorreiaJoana Clemente Margarida AssunçãoMaria Ribeiro da Fonseca Nuno Tavares Patrícia Cunha Raquel Roldão Sofia Diniz Sónia Borges Teresa Casas Novas

3

Correspondente em África

Raquel Roldão

Design

Codex - Design e Relações PúblicasIlustração

Luís Nascimento

Informações: Associação Helpo

Tel.: 214844075 Fax: 214843154 [email protected]

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A responsabilidade dos artigos é dos

seus autores.

A redacção responsabiliza-se pelos arti-

gos sem assinatura. Para a reprodução

dos artigos da revista mundo h, integral

ou parte, contactar a redacção através

de: [email protected].

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