Música Do Espaço Exterior (Revista Ariús)_25mai2015

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Instrumentos de alta tecnologia em naves espaciais tornaram-se nas últimas décadas uma espécie de “ouvido cósmico”, captando o material sonoro originado nas vibrações dos astros, que vem sendo processado, estudado cientificamente, e resignificado artisticamente. Não foram poucos os observadores que ao longo da história buscaram inspiração e conhecimento contemplando fenômenos celestes. Essa motivação não se restringiu à arte e tampouco foi suficiente para evitar que muitos questionamentos e hipóteses fossem formulados sobre o fenômeno que hoje é conhecido como espaço exterior na música. O universo é musical? É possível ouvir sons do espaço exterior? Podemos transformá-los em algum tipo de música compreensível pelos parâmetros conhecidos de estruturação musical? Estamos no limiar de uma nova compreensão da “harmonia das esferas”? A partir do século XX essas perguntas ganharam respostas com contornos bem definidos, e alguns pesquisadores estão respondendo a elas de forma afirmativa e entusiástica. Este estudo, de caráter preambular, tem por objetivo reunir alguns elementos históricos dessa busca.

Citation preview

MSICA DO ESPAO EXTERIOR

THE OUTER SPACE MUSIC

Wilson Roberto AvillaUniversidade Presbiteriana Mackenzie

Resumo

Instrumentos de alta tecnologia em naves espaciais tornaram-se nas ltimas dcadas uma espcie de ouvido csmico, captando o material sonoro originado nas vibraes dos astros, que vem sendo processado, estudado cientificamente, e resignificado artisticamente. No foram poucos os observadores que ao longo da histria buscaram inspirao e conhecimento contemplando fenmenos celestes. Essa motivao no se restringiu arte e tampouco foi suficiente para evitar que muitos questionamentos e hipteses fossem formulados sobre o fenmeno que hoje conhecido como espao exterior na msica. O universo musical? possvel ouvir sons do espao exterior? Podemos transform-los em algum tipo de msica compreensvel pelos parmetros conhecidos de estruturao musical? Estamos no limiar de uma nova compreenso da harmonia das esferas? A partir do sculo XX essas perguntas ganharam respostas com contornos bem definidos, e alguns pesquisadores esto respondendo a elas de forma afirmativa e entusistica. Este estudo, de carter preambular, tem por objetivo reunir alguns elementos histricos dessa busca.

Palavras-chave: Histria da Msica. Msica do espao. Arte espacial. Sonificao.

Abstract

High-tech instruments in spaceships have become, in recent decades, a kind of "cosmic ear", capturing the sound material originated in the vibrations of the stars. Such sound material is being processed, scientifically studied, and has gained new artistic meaning. Not a few observers throughout history have sought inspiration and knowledge contemplating celestial phenomena. This motivation was neither restricted to art nor was it enough to keep many questions and hypotheses from being formulated on the phenomenon that is now known as outer space in music. Is the universe Music? Can one hear sounds from outer space? Can we turn them into some kind of understandable music by known parameters of musical structuring? Are we on the threshold of a new understanding of "harmony of the spheres"? The twentieth century enabled these questions to have more enlightening answers, and some researchers are responding to them affirmatively and enthusiastically. This study, of preambular character, aims to bring together some historical elements of the search.

Keywords: History of Music; Space Music; Space art; sonification.

1. Perspectivas histricas

A autora dos versos The Maiden of Moscow[footnoteRef:1] no tinha outras pretenses, que no literrias, ao usar pela primeira vez a expresso espao exterior em seu poema de 1842. Anos antes, John Milton[footnoteRef:2] a utilizara em Paradise Lost, em 1667, para explicitar a ideia de regio alm do cu terrestre. (1984, p.78). Alexander von Humboldt, em 1845, viria a empreg-la para finalidades astronmicas, mas o termo foi popularizado por H. G. Wells[footnoteRef:3] em 1901.[footnoteRef:4] [1: Emmeline Stuart-Wortley - poetisa e escritora inglesa, (1806-1855), mais conhecida por suas Viagens nos Estados Unidos, durante 1849-1850. Ela foi editora de The Keepsake, entre 1837 e 1840.] [2: Poeta, polemista,intelectuale funcionrio pblico ingls (Cheapside,Londres16081674), daComunidade da InglaterrasobOliver Cromwell, servindo como ministro de lnguas estrangeiras. ] [3: Escritor britnico (1866-1946); em suas primeiras obras, tidas como romances cientficos, criou temas que foram posteriormente aproveitados por outros escritos de fico cientfica, tais como A Mquina do Tempo, O homem invisvel, e A Guerra dos Mundos. Foi um visionrio, discutindo questes muito frente do seu tempo, como guerra nuclear, estado mundial, dentre outros.] [4: http://pt.wikipedia.org/wiki/Espa%C3%A7o_sideral, visualizado em 21/10/2014, s 14:49 h.]

O encantamento com o espao exterior no novo, tampouco privilgio da contemporaneidade. Todas as civilizaes se deixaram fascinar por aquilo que puderam contemplar do universo. Gleiser[footnoteRef:5], introduzindo sua obra Poeira das Estrelas, enunciou essa relao, dizendo: [5: Marcelo Gleiser fsico, astrnomo, professor e escritor, conhecido principalmente por suas colunas jornalsticas de divulgao cientfica.]

A curiosidade de saber quem somos, de conhecer nossa origem, a origem do mundo, nasceu quando o primeiro homem olhou para o cu e se viu s, merc de uma natureza que tanto cria como destri. Ela continua viva hoje, alimentando a imaginao dos cientistas [...]. (2006, p. 14) Coerentes com o relato de Gleiser, Winter & Prado[footnoteRef:6] argumentaram que o desejo de romper os limites da Terra e viajar pelo espao evidenciado por diversas narrativas histricas, tal como a que diz que [6: Othon Cabo Winter - professor Titular do Departamento de Matemtica da Faculdade de Engenharia, campus de Guaratinguet da UNESP e colaborador do programa de P.G. em Engenharia e Tecnologias Espaciais do INPE; Antnio Fernando Bertachini de Almeida Prado - Atualmente consultor ad-hoc - bolsista (pq) do Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico, tecnologista senior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais.]

[...] no sculo XIX, arquelogos encontraram o conto do rei Etan nas escavaes da grande biblioteca de Nnive de Assurbanipal III, o ltimo grande rei Assrio, cujo reinado se estendeu de 668 a 627 a.C. Esse conto narra a estria do rei que subira a uma altura tal que a Terra, antes de sumir de sua vista, lhe pareceu do tamanho de um pequeno cesto. (WINTER & PRADO, 2007, p. 11)

Entretanto, apesar dos diversos antecedentes histricos, como este, as especulaes sobre provveis relaes entre msica e universo, mais prximas do que hoje denominamos cincia, originaram-se no bero da filosofia ocidental os [...] gregos foram os primeiros a desenvolver e sistematizar um conhecimento ordenado sobre o conjunto de fenmenos relacionados Terra, [...]. (RECIO, 2007, p. 25) Pitgoras, considerado por alguns como o fundador da Cincia (GLEISER, 1997, p. 53), acreditava em algo que ele chamou de harmonia das esferas, uma ideia que pregava o movimento dos astros baseado em equaes matemticas que poderiam ser traduzidas em msica. Segundo ele os corpos celestes estariam distanciados dois a dois produzindo consonncias de acordo com suas velocidades e movimentos. Deste modo, a escala seria um problema csmico e a astronomia, uma teoria da msica celeste. (KAHN, 2007, p. 18) Diante desse contexto, Gleiser preleciona: De onde vem essa revolucionria associao entre a matemtica e o divino? Uma das primeiras descobertas dos pitagricos, em geral atribuda ao prprio Pitgoras, foi a relao entre os intervalos musicais e as propores numricas simples. Os intervalos bsicos da msica grega podem ser expressos como razes entre os nmeros inteiros 1, 2, 3 e 4. O tom de uma lira (ou, para ns, de um violo), quando ferimos uma corda apertando-a na metade de seu comprimento, uma oitava mais alto do que o tom da corda soando livremente; se ferimos a corda apertando-a a 2/3 do seu comprimento, o tom uma quinta mais alto; , uma quarta mais alto. Com isso, os pitagricos mostraram que era possvel construir toda a escala musical com base em razes simples entre eles, [...]. (1997, p. 55)

Ainda acompanhando a narrativa de Gleiser, os pitagricos deram incio busca das relaes matemticas como descritivas dos fenmenos naturais:Aparentemente, apenas o Mestre era capaz de ouvir a msica celeste. Isso, no entanto, no representava um problema para os pitagricos, que respondiam orgulhosos que o que acontece com os homens o que acontece com o ferreiro, to acostumado com o constante bater de seu martelo que nem mais capaz de ouvi-lo. Como nascemos ouvindo a msica das esferas, somos incapazes de ouvi-la. (1997, p. 56)

Esse misto de fascnio e curiosidade propiciou o surgimento da Astronomia, mais antiga das cincias (FARIA, 1987, p. 13), sem que tenha havido necessariamente uma ocasio especfica para isso. Motz e Haneweaver entendem que trs foras moldaram os conceitos cosmognicos: a teologia (religio), natureza (clima, inundaes, ventos, desastres naturais), bem como a influncia assumida das estrelas e dos planetas nas fortunas e destino das pessoas e suas sociedades (astrologia). (MOTZ & HANEWEAVER, 1995, p. 1) Tendo como pano de fundo essas intrnsecas relaes entre cosmologia e filosofia, a discusso esbarrava na questo fulcral do vazio do espao. Gleiser, em uma de suas colunas jornalsticas resume uma pequena parte da histria dessas argumentaes sobre o vcuo no cosmos:

Segundo Parmnides, filsofo pr-socrtico que viveu em Ela, sul da Itlia, o Universo permeado pela presena de "Eon", o Ser em seu sentido mais abstrato, a Existncia onipresente e esttica, imutvel e perfeita. Portanto, o Vazio uma impossibilidade, j que sua existncia seria equivalente de um No-Ser, que contradiria a onipresena absoluta do Eon. Para contrariar os parmenidianos, os atomistas postularam que tudo composto de tomos e se movimenta no vazio. Tudo na natureza pode ser reduzido a tomos e seus agregados, que se movem no espao vazio. A imutabilidade do Ser de Parmnides transferida aos tomos, indestrutveis e eternos. Mas, para os atomistas, o vazio existe. (1998)

Prosseguindo em sua exposio do debate sobre o vcuo no espao sideral, assevera que

Aristteles retomou de certa forma a tese de Parmnides de que o vazio no existe: "A natureza odeia o vcuo". Como para ele a velocidade dos corpos em movimento inversamente proporcional densidade do meio, um meio perfeitamente vazio (densidade nula) implicaria movimentos de velocidade infinita, um absurdo para Aristteles. (1998)

Em outra de suas obras, pontua: O universo de Aristteles no tem um criador, sendo eterno e espacialmente infinito. Mais ainda, seu universo continuo, sem nenhum espao vazio, ou vcuos. Essa noo de um Universo pleno consistente com a explicao dada por Aritteles aos efeitos da frico no movimento de objetos em meios materiais. Segundo ele, a velocidade de um corpo em movimento em um meio material inversamente proporcional densidade desse meio. Por exemplo, se a gua duas vezes mais densa que o ar, uma bola movendo-se no ar ter uma velocidade duas vezes maior do que na gua. Como a densidade do espao vazio zero, a velocidade de um objeto movendo-se no espao vazio seria infinita, um resultado absurdo. Portanto, concluiu Aristteles, o espao vazio no pode existir. (GLEISER, 1997, p. 75)Plato disse que msica e astronomia eram cincias irms (KAHN, 2007, p.79). Mas, um tanto quanto diferentemente de seus compatriotas, com outras nfases, segundo Reale.

Plato insiste na Estrutura geomtrico-dimensional da alma do mundo (num sentido ideal de linha e superfcie que plasmam a figura global do cosmo), a qual a partir do centro do cosmo se estende para todas as partes e envolve circularmente desde fora o mundo. Alm da estrutura dimensional da alma, ele insiste igualmente na estrutura numrica, mostrando como essa estrutura numrica coincide com a estrutura musical e como, justamente por ordem harmnica, os movimentos caticos do Princpio material. [...] Com a sua estrutura geomtrica dimensional e matemtica, ela proporciona um fundamento entre passagem entre Ideias e mundo concreto sensvel e resume analogicamente toda a realidade, constituindo o verdadeiro vnculo entre o mundo metafsico e o mundo fsico. (2007, p.149)

Como se percebe, sem muita dificuldade, A discusso dos gregos densa, e abarca no somente esse problema, mas diferentes concepes de mundo a partir da msica, como explica Murray:Tais so os fundamentos sobre os quais todas as teorias da msica subsequente esto fundadas. [...] No mito dionisaco, a msica concebida como um som interno, que irrompe do peito do homem; no mito apolneo, ela compreendida como som externo, enviado por Deus para nos lembrar a harmonia do universo. Na viso apolnea, a msica exata, serena, matemtica, associada s vises transcendentais da Utopia e base da especulao de Pitgoras e dos tericos medievais (poca em que a msica era ensinada como uma disciplina do quadrivium, ao lado da aritmtica, da geometria e da astronomia), bem como da tcnica de composio sobre doze notas de Schoenberg[footnoteRef:7]. Seus mtodos de exposio so as teorias dos nmeros. Ela busca harmonizar o mundo pelo projeto acstico. (1997, pp. 20-21) [7: O autor refere-se ao mtodo de composio dodecafnica.]

Bem depois disso, quase dois milnios, no sculo XVII, Kepler publicou um livro intitulado Harmonices Mundi no qual abordou temas como as configuraes harmnicas da astrologia, a harmonia dos movimentos dos planetas, dentre outros (STEPHENSON, 1994, p.90). Sobre ele escreveu Bertrand[footnoteRef:8]: [8: Joseph Louis Bertrand (1822-1900) um dos maiores matemticos e gemetras da Frana, com importantes trabalhos publicados sobre geometria diferencial e teoria das probabilidades. ]

Ocupando-se, em seguida, da msica humana e retomando a ideia de Pitgoras que comparava, segundo dizem, os planetas com as sete cordas da lira -, ele quer mostrar como o homem, imitando o Criador por um instinto natural, sabe, nas notas de sua voz, fazer a mesma escolha e observar a mesma proporo que Deus quis colocar na harmonia geral dos movimentos celestes. O imenso pensamento do Criador traduzindo-se assim em todos os seus desgnios, dos quais um pode servir de intrprete e de figura para o outro. (Pargrafo) Buscando as harmonias em toda parte onde elas fossem possveis, Kepler dedica um captulo poltica. (2008, p. 99)

Os novos princpios que ele elaborou ao longo dos anos, em astrologia, eram os geomtricos. claro que nem todas as afirmaes geomtricas so igualmente relevantes e igualmente fundamentais. Bertrand, por exemplo, referiu-se a elas como obscuras e quimricas, nas quais o esprito de Kepler se fatigava e se extraviava, parecendo elas ser o intil e vo divertimento de uma imaginao liberta do jugo da razo (2008, p. 100). Para Kepler, as entidades geomtricas, princpios e proposies que so especialmente fundamentais so aquelas que podem ser construdas no sentido clssico, ou seja, usando apenas rgua (sem unidades de medida) e bssola. Nesta baseiam-se outras noes de acordo com diferentes graus de cognoscibilidade, que comeam com o crculo e o seu dimetro. Mais uma vez, Kepler entendia isto no mbito de sua cosmologia e de sua teologia filosfica: geometria tem um significado maior do que outros tipos de conhecimento, porque atravs dela Deus tem criado e delineado este mundo perfeita e harmonicamente. De um ponto de vista filosfico, Kepler considerava o Harmonices Mundi como o seu principal trabalho. Por conter sua terceira lei planetria[footnoteRef:9], ele representa definitivamente uma contribuio seminal para a histria da astronomia. (DI LISCIA, 2011) [9: Os quadrados dos perodos de revoluo (T) so proporcionais aos cubos das distncias mdias (a) do Sol aos planetas. T2=ka3, onde uma constante de proporcionalidade.]

A chave para a harmonia celeste estava em estabelecer a razo entre os valores mximos e mnimos das velocidades orbitais. Kepler comparou esses nmeros com os obtidos nas escalas musicais, chegando a um acordo bastante satisfatrio. Saturno correspondia a uma tera maior, Jpiter, a uma tera menor, Marte, a uma quinta, etc.[footnoteRef:10] A composio final ficou ainda mais complexa quando Kepler combinou entre si as velocidades de diferentes planetas. Os planetas cantavam, juntos, um moteto[footnoteRef:11] celebrando a ordem divina. Kepler via na inveno da msica polifnica uma tentativa dos homens de se aproximarem de Deus. Em seu epitfio, foi escrito, de sua prpria pena, Eu medi os cus, as sombras eu meo. Para o firmamento viaja a mente, na terra descansa o corpo. (GLEISER, 1997, pp. 130-131) [10: Intervalos musicais (2s, 3s, 4s, 5as, etc..) - Classificao das diferenas de alturas (ou frequncias), quanto ao nmero de graus.] [11: Uma das formas mais importantes de msica polifnica, de c. 1250 at 1750. Originou-se no sc. XIII da prtica de Protin e seus contemporneos em Notre Dame de Paris, que consistia em acrescentar palavras voz ou vozes superiores de uma CLUSULA, com um tenor em catocho (moteto deriva do francs mot, palavra). (SADIE, 1994, p. 623) ]

Prximo dessa poca, Descartes argumentou que todo o espao seria preenchido (GLEISER,2011). Em 1766, Johann Daniel Tietz, acreditando que os planetas formavam naturalmente uma cadeia de oitavas, observou que todos eles, como conhecidos na poca, tinham distncias que se tornavam maiores na razo 2:1; a mesma da oitava da escala musical. Perozzi e Celletti[footnoteRef:12] creem que apesar de as distncias no atenderem exatamente a essa razo, outras leis harmnicas, como a velocidade dos movimentos dos planetas na descrio das suas rbitas, faziam sentido musical. O sistema geocntrico em que os cinco planetas conhecidos, mais o Sol e a Lua, giravam ao longo de rbitas circulares centradas na Terra podia ser considerado como uma primeira tentativa para atribuir alguma estabilidade ao sistema solar como um todo. A revoluo Copernicana e os novos pilares da mecnica celeste como o movimento e a gravitao, como institudos por Kepler, reforaram este ponto de vista, porque eles poderiam demonstrar, e no simplesmente acreditar, que os planetas se movem em rbitas que no se cruzam. E mais, a terceira lei expressa por Kepler[footnoteRef:13] bem podia ser usada para estimar corretamente a distncia mdia dos planetas at o Sol. Assim, os astrnomos de meados do sculo XVIII foram os primeiros a serem confrontados com novos dados sobre as distncias dos planetas. E logo eles perceberam que podiam estruturar essas relaes de distncias como uma progresso geomtrica. (PEROZZI & CELLETTI, 2007, p.89,90) [12: Alessandra Celetti pianista italiana, vocalista e compositora, mais conhecida como intrprete de Erik Satie. Ettore Perozzi fsico e divulgador cientfico.] [13: Os quadrados dos perodos de translao dos planetas so proporcionais aos cubos dos semi-eixos maiores de suas rbitas. Esta lei indica que existe uma relao entre a distncia do planeta e o perodo de translao (tempo que ele demora para completar uma revoluo em torno do Sol). Portanto, quanto mais distante estiver do Sol mais tempo levar para completar sua volta em torno desta estrela.]

margem dessas e de outras lucubraes filosficas, um pouco antes da explorao cientfica do cosmos, nos moldes do ocorrido no sculo XX, tambm muitos artistas se ocuparam com a ideia de uma msica inspirada nos astros, produzindo poemas, canes, em uma diversidade de vises artsticas, metaforizando em sons a busca da harmonia celeste. A que obteve maior notoriedade foi a obra Os Planetas de Gustav Holst[footnoteRef:14], compositor ingls. Sua sute constituda por sete movimentos, dos quais cada um corresponde a um planeta do Sistema Solar, excetuando-se a prpria Terra e Pluto, que na dcada de 1910 ainda no havia sido descoberto (atualmente recategorizado como planeta ano). A obra combina mitologia romana e astrologia, expressando o carter particular de cada astro com movimentos, andamentos, melodias e instrumentaes contrastantes. O primeiro movimento, Marte, foi idealizado para grande orquestra e marcado por um ostinato[footnoteRef:15] rtmico. Movimento este que foi utilizado na trilha sonora da famosa srie Cosmos[footnoteRef:16], mais especificamente no quinto episdio. [14: Nasceu em 1874. Estudou composio no Royal College of Music, com Stanford. Tornou-se amigo de Ralph Vaughan Williams em 1895. Ele levou mais de dois anos para escrever The Planets (1914-1916), que teve sucesso imediato aps sua apresentao. Ele recebeu o prmio Howland Memorial da Universidade de Yale, em 1929, para a distino das artes e a medalha de ouro da Royal Philharmonic Society em 1930. Foi nomeado professor visitante em composio na Universidade de Harvard, em janeiro de 1932. (Music Sales Group, 2014)] [15: Padro rtmico ou meldico repetido insistentemente em uma obras musical.] [16: Srie televisiva que foi ao ar em 1980, nos EUA, produzida pela KCET e Carl Sagan Productions, em associao com a BBC e a Polytel International, veiculada pela PBS, vista por mais de 700 milhes de pessoas em todo o mundo.Nela, Carl Sagan, em co-autoria com sua esposa Ann Druyan, com rico e farto material ilustrativo, e a partir do livro de mesmo nome, situam a espcie humana em um contexto espao-tempo de forma bastante clara. Em documentrios de treze horas de durao, no total, eles abordam temas como a teoria da relatividade, evoluo darwiniana, efeito estufa de Einstein, alm de outros.]

Igualmente notria pela temtica, em 1958, o maestro sueco Karl-birger Blomdahl comps a pera Aniara - em dois atos, inspirada no poema de mesmo nome de Harry Martinson, com libreto do poeta, tambm sueco, Erik Lindegren, estreada em 1959, incio da era espacial[footnoteRef:17]; privilegiava linguagens diversas como jazz, serialismo, e fitas gravadas. O enredo trata da relao entre o indivduo e o grupo ao longo do tempo, a partir de uma tragdia ocorrida em uma nave espacial, e sobre ele o compositor afirmou se tratar da moderna complexidade do homem e sua situao basicamente impossvel. [17: No dia 4 de outubro de 1957, cientistas soviticos mudaram a histria. Nesse dia, o primeiro satlite artificial -um objeto criado por mos humanas capaz de girar em rbita da Terra- foi lanado ao espao. A pequena esfera metlica, pesando em torno de 90 quilos, circundou a Terra 14 vezes por dia, viajando a quase 30 mil km/h a uma altitude de 940 km. O feito causou ondas de choque pelo mundo, especialmente nos EUA. (GLEISER, 2007)]

Entretanto, nem Holst, muito menos Blomdahl, imaginaram o nvel de tecnicidade a que seria submetida a busca de uma msica do espao exterior, principalmente no comeo do sculo XX. Mil anos depois, Damineli e Steiner, em O fascnio do universo, antevendo um avano ainda maior, afirmam que no incio do novo milnio, as cincias do universo esto prontas para dar um salto como poucos na histria da civilizao e os prximos anos devero trazer as estrelas e as galxias para muito mais perto da sociedade. (2010, p.13)Por mais de dois mil anos, do sculo IV a.C. at o sculo XVII, o pensamento de Aristteles exerceu profunda influncia no mundo ocidental. De fato, conforme os apontamentos de Gleiser, a histria da cincia durante esse perodo se resume, grosseiramente, em duas partes. A primeira, reunindo uma srie de tentativas desesperadas de fazer com que a Natureza e a teologia crist se adaptassem ao legado aristotlico. E a segunda, que ocupou os ltimos cem anos desse longo perodo, marcando o nascimento da cincia moderna, que por fim levou ao total abandono das ideias aristotlicas. (GLEISER, 1997, p. 72)De meados do sculo XVI at o incio do sculo XX diversos avanos importantes permitiram uma compreenso mais acurada do Universo. Tais como medies de luminosidades de estrelas, clculos de massas em rbitas, Lei da Gravitao de Newton, conhecimento das rbitas planetrias e da amplitude do Sistema Solar, Teoria da Relatividade Geral de Einstein, dentre outras. (MORISON, 2008, p. 36)Evidentemente, o incremento do aparato tecnolgico no transcorrer do sculo XX, que permitiu a explorao do espao exterior, contribuiu para a aproximao mencionada por Damineli & Steiner, seja por observao de alta preciso, ou pelo envio de cosmonautas a diferentes pontos do espao sideral, propiciando a descoberta de que o espao celeste feito de um quase vcuo, composto de infinitesimais quantidades de partculas subatmicas vagando velocidade da luz, mais predominantemente: um plasma de hidrognio e hlio, assim como radiao eletromagntica, campos magnticos e neutrinos. o que corrobora a preleo cientfica de Filho e Saraiva: Embora a maior parte da massa da nossa galxia esteja concentrada em estrelas, o meio interestelar no completamente vazio. Principalmente no disco da Galxia, o meio interestelar contm gs e poeira, distribudos na forma de nuvens individuais, e tambm em um meio difuso. A densidade tpica do meio interestelar de um tomo de hidrognio por centmetro cbico, e, aproximadamente, 100 gros de poeira por quilmetro cbico. O gs interestelar constitui, aproximadamente, 10% da massa da Via Lctea ao passo que a poeira agrupa menos de 1% da massa em gs. Raios csmicos, que so partculas altamente energticas, esto misturados com o gs e a poeira, e existe ainda um campo magntico galctico, fraco. (2014, p.586)

Hoje, com muito mais segurana que nos tempos da filosofia clssica dos gregos, possvel afirmar que o universo adensado por ondas gravitacionais e radiaes de toda espcie, desde o rdio, a micro-ondas, o infravermelho, a luz visvel, a ultravioleta, os raios-X e os raios Gama. Essas ondas tambm se propagam com a velocidade da luz, mas em vez de serem produzidas por cargas eltricas em movimento so produzidas por massas em movimento. Pode-se dizer que, a nossa Galxia um imenso piano com alguns bilhes de teclas, cada uma delas constantemente apertadas produzindo ondas gravitacionais cuja frequncia proporcional frequncia com que a binria gira. O estudo do espectro das ondas gravitacionais um dos desafios para os astrofsicos do sculo XXI. (JABLONSKI, 2003, p.70-72)

Mas como o homem comeou a tocar esse imenso piano? As respostas podem ser vislumbradas em outra partitura histrica, errtica, de abordagem intrincada, e de notrio parentesco com expresses imagticas.Aranha, fazendo meno de McLuhan, afirma que a partir do sculo XIX, principalmente em decorrncia do crescente domnio do uso da eletricidade, as experimentaes tecnolgicas voltadas para a mediao dos processos de comunicao humana revolucionaram os sistemas de transmisso de saber e das relaes humanas, rompendo violentamente - em termos histricos com os paradigmas espaotemporais at ento vigentes. (ARANHA, 2004)

Nesse processo de rompimento, a primeira tecla foi tocada com a inveno do telefone por Alexander Graham Bell (1876),

considerado como o marco inicial do desenvolvimento da msica eletrnica. Esta inveno estabeleceu que o som podia ser convertido em sinal eltrico e vice-versa. Por sua vez, a inveno do gramofone, que rapidamente se seguiu, estabeleceu as possibilidades de armazenamento e alterao do som. Por volta de 1906 Thaddeus Cahill mostrou seu dnamofone - Telharmonium, o primeiro instrumento que produzia som por meios eltricos. A gerao do som era feita a partir de dnamos e a transmisso por meio de cabos telefnicos. (MILLETO, COSTALONGA, FLORES, FRITSCHE, PIMENTA, & VICARI, 2004)

Um outro estgio, em 1915, foi atingido com os experimentos de Lee de Forest e, principalmente, com a inveno do oscilador a vlvula. Como fsico que era, ele pesquisou componentes e aparelhos dedicados para a gravao e reproduo de sons, assim como instrumentos de aplicao nos campos da eletromedicina e da telefonia. Desenvolveu centelhadores com circuitos sintonizados que seriam futuramente utilizados em bisturis eletrnicos, embora este feito no lhe seja atribudo oficialmente. Ele trabalhou tambm em pesquisas sobre eletricidade e propagao de ondas eletromagnticas. Comps uma tese sobre reflexo de ondas hertzianas, que considerada uma das primeiras reconhecidas por tratar sistematicamente sobre o fenmeno da radiotransmisso e radiodirecepo. Em 1907 De Forest patenteou a vlvula trodo e desenvolveu um detector eletroltico para ondas de rdio. No mesmo ano transmitiu programas musicais experimentalmente para a cidade deNova York, sendo uma das primeiras transmisses comerciais conhecidas, e reconhecidamente com audincia, embora acadmica. Em 1908 transmitiu sinais radiofnicos do alto datorre Eiffel, emParis; esta transmisso experimental foi captada pelos postos militares da regio, comprovando desta forma a possibilidade do rdio para fins blicos (Wikipdia, 2014).O oscilador, que representa a base para a gerao do som eletrnico, tornava possvel a gerao de freqencia a partir de sinais eltricos e, conseqentemente, a construo de instrumentos eletrnicos mais fceis de manejar. O primeiro desses foi desenvolvido pelo russo Lev Termen (Leon Theremin), em 1919/1920 e foi posteriormente melhorado por volta da dcada de trinta. Este instrumento, o Theremin, usava dois osciladores controlados pelo movimento das mos do executante em torno de duas antenas verticais, sem nunca toc-las. Outros instrumentos eletrnicos rapidamente o seguiram. O inventor alemo Jrg Mager introduziu alguns deles na dcada de trinta. O Ondas Martenot foi criado pelo francs Maurice Martenot e o Trautonium pelo alemo Friedrich Trautwein, ambos em 1928. Neste mesmo ano o americano Lores Hammond produziu o primeiro rgo eltrico. Alguns compositores estavam voltados para a utilizao e desenvolvimento de tcnicas de composio que tratavam do som de uma maneira diferente da utilizada pelos compositores convencionais. Essas composies eram baseadas em gravaes de sons pr-existentes, posteriormente transformados a partir de processos de alterao de rotao, superposio de sons ou fragmentos sonoros, execuo em sentido inverso, etc. Isto foi chamado de msica concreta. Pierre Schaeffer comps varias peas de Musique Concrte em colaborao com Pierre Henry, seu colega na Radiodiffusion et Tlvision Franaise (RTF) em Paris. Symphonie pour un Homme Seul (1949-1950) foi uma das primeiras obras eletrnicas apresentadas ao pblico e um dos principais trabalhos dos dois compositores. Em 1952, foi criado em Kln, na Alemanha, o segundo estdio de msica que, em oposio aos princpios da msica concreta, trabalhava exclusivamente por meios eletrnicos sem a interferncia de sons naturais. Isto foi chamado de msica eletrnica. Karlheinz Stockhausen foi o principal compositor deste estdio e, ao contrrio de Pierre Schaeffer, no se preocupava em transformar sons naturais, mas sim em criar msica eletrnica sintetizando o som a partir de frequncias puras (MILLETO, COSTALONGA, FLORES, FRITSCHE, PIMENTA, & VICARI, 2004). Pierre Schaeffer tambm contribuiu para esse processo com seu trabalho audiovisual e sua noo de valor agregado, definindo o objeto sonoro e audiovisual como espcies anlogas nas composies multimdia. O pai da msica concreta francesa foi quem pela primeira vez desenvolveu a ideia de objeto sonoro (CHION, 1999, pg. 273). Mas foi o Fonoautgrafo o primeiro aparelho sonoro a ser desenvolvido (por douard-Leon-Scott de Martinville, em 1857). Seu grande avano alcanou a gravao de sons, mas sem a possibilidade de reproduzi-los. O equipamento possua uma campnula agregada a um diafragma que recolhia vibraes sonoras e as transmitia a uma espcie de caneta que gravava em papel, madeira ou vidro coberto por fuligem, presos ao redor de um cilindro rotativo os sons captados. Vinte anos depois da experincia de Leon Scott, a 18 de Abril de 1877, Charles Cros entregou na academia das Cincias Francesa com um pacote selado contendo um projeto para um sistema de gravao e reproduo sonora, chamado por de Palophone. Passados alguns meses, em Agosto de 1877, o inventor americano Thomas Alva Edison estudando o engenho de Scott, desenvolveu um sistema reprodutor de som gravado chamado Fongrafo, que era constitudo por um cilindro giratrio em torno do seu eixo, que era acionado manualmente por uma manivela de progresso axial em um sistema de parafuso. No ano seguinte, em 1878, Edison melhorou a sua inveno substituindo o papel por uma folha de estanho, e separando o estilete de gravao do da reproduo. Por fim, em 1887, o fongrafo deu lugar ao Gramofone. Nesse novo invento substituram a folha de estanho do Fongrafo por um cilindro de cera mineral, o ozocerito, e o estilete de ao por um de safira em forma de goiva. Cada avano tecnolgico acrescentava novos elementos aos procedimentos de manipulao sonora, e no tardou para que a inventividade se voltasse para as interfaces entre som e imagem, to necessrias posteriormente aquisio da msica do espao exterior, chegando ao osciloscpio, talvez o instrumento de maior protagonismo nessa trajetria histrica. Diego Garro resume a ideias das tentativas de agregao, asseverando que os compositores eletroacsticos se propuseram a estender-se at o domnio do audiovisual. Com base na ateno s propriedades espectrais, e atributos morfolgicos, o poder associativo de manifestao sonora para uma fonte real ou imaginria tornaram-se preocupaes de composies que podiam ser transportadas para meios audiovisuais (BYRON, 2007). O telefone uniria a reproduo dos sons e a transmisso distncia de forma mpar. O rdio viabilizaria a comunicao de longa distncia entre mais de dois agentes simultaneamente. Grosso modo, estes exemplos deixam entrever a furiosa velocidade com que as tecnologias eltricas foram rompendo com os modelos anteriores e colaborando para a construo do paradigma tecnolgico contemporneo (ARANHA, 2004). Dos meios mecnicos, magnticos e ticos para criao de arquivos sonoros, at alcanar a dimenso gigantesca dos repositrios digitais dos nossos dias, outras muitas teclas foram tocadas, prenunciando outras sonoridades.

2. O som dos corpos celestes

Wisnik principia sua obra O Som e o Sentido prelecionando:

No a matria do ar que caminha levando o som, mas sim um sinal de movimento que passa atravs da matria, modificando-a e inscrevendo nela, de forma fugaz, o seu desenho. O som , assim, o movimento em sua complementaridade, inscrita na sua forma oscilatria. (2011, pp. 17-18)

Em abordagem mais voltada para o ponto de vista da fsica, Roedere organiza sua viso sobre o mesmo tema na seguinte forma:

O fsico usa termos mais gerais para descrever os trs sistemas (instrumento-ar-ouvinte). Ele os chama de: fonte-meio-receptor. Essa cadeia de sistemas comum no estudo de muitos outros processos fsicos: luz, radioatividade, eletricidade, gravidade, raios cscmicos, etc. A fonte emite, o meio transmite e o receptor detecta, registra, ou, em geral, afetado de alguma forma especfica. O que emitido, transmitido ou detectado a energia em uma de suas mltiplas formas, dependendo do caso particular considerado. No caso das ondas sonoras, trata-se de energia elstica, porque ela envolve oscilaes de presso, i.e., compresses e expanses de ar que se alternam rapidamente. (2002, pp. 17-18)

Para alguns incomuns apreciadores de msica, as mais belas obras no so produzidas por artistas de carne e osso, engalanados em salas de concertos, mas pela prpria natureza, ou, mais especificamente, pelos objetos celestes que corporificam o espao sideral, e vibram, produzindo um tipo de msica to inaudvel quanto extraordinria. Para tais adeptos, obras como Sinfonia dos Planetas, uma coleo de cinco volumes de msica do espao, lanada em 1992 por Lasterlight Records[footnoteRef:18], so o que de melhor se pode ouvir. [18: com sons capitados pelas sondas Voyager I e II, em sua viagem de cinco bilhes de quilmetros por todo o Sistema Solar, resultantes de ondas eletromagnticas no entorno de Jpiter, Saturno e Urano.]

O zumbido das cordas de instrumentos, preconizado por Pitgoras como algo semelhante ao espaamento das esferas celestes deixou de ser especulao para fincar suas razes nas investigaes cientficas dos fenmenos e objetos, e encontrar escopos a partir de sonoridades originadas por eles. Deixando de vez para trs o modelo mtico, a Cosmologia e cincias afins, atravs de observaes astronmicas de objetos e fenmenos distantes chegaram a novos patamares de compreenso do universo. Apesar de inmeras limitaes, as nicas janelas visveis do solo so as da tica e a das ondas. Estudando as radiaes eletromagnticas que as fontes emitem, diversas concluses podem ser viabilizadas. Acredita-se que as leis que descrevem os fenmenos fsicos da nossa Galxia so as mesmas em qualquer parte do Universo (MILONE, et. al., 2003, pp. 7-11-7-21). o que tem propugnado, por exemplo, a Astronomia Dinmica[footnoteRef:19], mais antiga disciplina da Astronomia Fsica, que apareceu pela primeira vez no livro Princpios Matemticos, de Newton, em que a teoria da gravitao foi aplicada ao movimento dos planetas e seus satlites, assim como dos cometas e asteroides. Nos sculos seguintes essa rea de estudo ampliou-se, e passou a abranger os movimentos das estrelas dentro das galxias e em sistemas com vrias estrelas ligadas pela gravitao, como os aglomerados de estrelas. Desde os anos cinquenta, passou-se ao estudo astrodinmico do movimento de sondas e satlites artificiais, de um lado, e, de outro, o estudo dos sistemas planetrios extrassolares, ou seja, orbitando outras estrelas. (STEINER & DAMINELI, 2010, p. 21) [19: O matemtico francs Pierre Simon Laplace (1749-1827) foi quem deu o nome de Mecnica Celeste a esse conjunto de aplicaes da teoria da gravidade. O uso do nome Astronomia Dinmica e de outros nos mais variados contextos, nos quase 400 anos desde o trabalho de Newton no foi feito de maneira uniforme e sem ambiguidades.]

A explorao do cu por rdio astronomia teve incio em 1931, com Karl Jankys, ao descobrir uma emisso de rdio do centro da galxia. Esta descoberta foi feita no Bell Laboratrios com uma antena direcional configurada para identificar recursos de interferncia em rdio comunicao. O primeiro mapa de rdio do cu foi publicado em 1944 por Grote Reber, que coletou as informaes com uma antena, projetada e construda por ele mesmo. Durante a Segunda Grande Guerra a tecnologia do rdio se desenvolveu rapidamente culminando na inveno do radar. [...] A tecnologia desenvolvida por radar foi aplicada a instrumentos astronmicos, e novas observaes ocasionaram novos recursos desconhecidos. (CHARLES & SEWARD, 1995, p. 11)[footnoteRef:20] [20: Philipe Charles professor de Astronomia na Universidade de Oxford, pesquisador do Royal Greenwich Observatory. Frederick Seward astrofsico no Smithsonian Astrophysical Observatory em Cambridge, Massachusetts, e tambm diretor do Einstein Observatory Guest Observer Programme.]

Celletti e Perozzi explicam que a maioria dos corpos celestes viaja de forma que suas trajetrias podem ser consideradas, do ponto de vista matemtico, ao equivalente exato de uma oscilao, no perodo de tempo necessrio para completar uma rbita. Esses objetos naturais do espao se tornam assim sintonizados em suas ressonncias. Eles usam como exemplo para sua proposio Saturno e suas duas luas, Mimas e Ttis; um caso de ressonncia orbital dos mais comuns no Sistema Solar. Por essa razo, dentre outras, o mapeamento da geografia de ressonncias um dos temas da mecnica celeste. (CELLETTI & PEROZZI, 2007, p. 43-49)

3. Captao das sonoridades do espao exterior e sonificao

Todas essas teclas, sucessivamente, ou concomitantemente, historicamente contriburam para a escrita que culminou na captura de material sonoro do espao sideral. Entretanto, dois fatores so fundamentais para a construo do trajeto histrico que culminou no arquivamento de dados que hoje so transformados em material sonoro musical. O primeiro diz respeito gravao e armazenamento do material vibracional produzido pelos corpos celestes e propagado no espao sideral. O segundo contempla as hipteses de manipulao e interpretao desses dados.Ou seja, por diversos meios e mtodos se consolidou a convico de que os corpos celestes vibram, e ao faz-lo produzem radiao eletromagntica (raios gama, raios-X, dentre outros), que perturbam o meio espacial e permitem sua captao por variadas formas.A nova gerao de naves espaciais avanou at tcnicas experimentais para a captura de plasma, partcula, rdio, campo magntico, e dados de raios X (para citar apenas alguns), com maior preciso e resoluo de tempo. O desenvolvimento cada vez maior dos processadores de computador, tanto em velocidade e em espao de armazenamento, tornou possvel a realizao de simulaes numricas com cada vez maior nmero de partculas e mais clulas da grade para um maior tempo de execuo, e com dimenses espaciais gradativamente maiores. (WANDA DIAZ, 2013, p.6)Em suma, as formas de energia da atmosfera, tais como a luz, podem produzir sons em frequncias muito baixas. Ondas de partculas eletromagnticas carregadas, do vento solar, da ionosfera e magnetosfera planetria ajudam os sons a se propagar, naquilo que por muito tempo se chamou, indevidamente, de vcuo.Don Gurnett, principal pesquisador das ondas de plasma registradas pela Voyager, divulgando alguns dos primeiros registros de material sonoro do espao, declarou em uma entrevista: Quando vocs ouvirem esta gravao, por favor, reconheam que este um evento histrico. a primeira gravao de sons do espao interestelar. Isso s foi possvel graas Voyager 1 e 2, duas sondas no tripuladas, que foram lanadas em 1977, com a misso de visitar outros planetas do Sistema Solar. Depois de trinta e cinco anos no espao, essas naves gmeas esto se aproximado dos limiares desse mesmo sistema (TATE, 2012). Foi dele a iniciativa e o desenvolvimento da ideia de acoplar Voyager 1 um receptor de rdio especialssimo para captao de vibraes da massa que compem o espao exterior. Isso significa dizer que essa nave foi equipada com um sofisticado receptor de rdio que permitiu captar e gravar as ondas emitidas pelo Sol, planetas e suas magnetosferas, para que depois todos os dados decorrentes desse armazenamento pudessem ser decodificados, transformados em frequncias audveis ao ouvido humano, em combinaes que podem ser denominadas como musicais, dadas suas propriedades de altura, durao, intensidade e timbre, presentes em processos composicionais. Um processo que tem sido chamado de sonificao a transformao das relaes de dados em informaes que possibilitam sua reproduo em forma de sons audveis e compreensveis ao ouvido humano. Pesquisadores e profissionais ainda no articularam um paradigma terico completo sobre o assunto. Entretanto, o relatrio colaborativo produzido por Kramer[footnoteRef:21] (1999) tem sido uma referncia e um ponto de partida para discusses mais significativas, buscando delinear descries taxonmicas de tcnicas de sonorizao com base em princpios psicolgicos ou aplicativos de visualizao; descries dos tipos de dados e de usurios tarefas passveis de sonorizao; tratamento de um mapeamento de dados para sinais acsticos; e organizao dos fatores que delimitam a utilizao de sonificao. Os procedimentos de sonificao so instrumentalizados por linguagens de sntese sonora, denominadas como cmusic (no caso de Fiorella Terenzi - criada por Richard Moore, da Universidade da Califrnia), alm de outros softwares denominados N, e o xSonify, criado pela NASA. [21: Em 1992, a Comunidade Internacional para Exibio Auditiva (ICAD) foi fundada por Gregory Kramer como um frum para a investigao em exibio auditiva que inclui sonorizao de dados. ICAD desde ento se tornou um lar para pesquisadores de diversas disciplinas interessadas no uso do som para transmitir informaes atravs de seus anais de conferncias e peer-reviewed. (Wikipedia)]

4. Pesquisadores

Alguns dos pesquisadores de msica do espao exterior, e suas respectivas instituies, so:Fiorella Terenzi - doutorada em Fsica pela Universidade de Milo, estudou pera e composio no Conservatrio G. Verdi, e ensinou matemtica e fsica no Liceo Scientifico, tambm em Milo. Em pesquisa no Laboratrio de Pesquisa de udio da Computao da Universidade da Califrnia, em San Diego, desenvolveu tcnicas para converter as ondas de rdio a partir de galxias em som - lanado pela Island Records em seu CD "Msica dos Galaxies" aclamado. Tem divulgado seu trabalho em palestras na Universidade da Califrnia San Diego, Stanford, MIT, Instituto Smithsonian, Museu Americano de Histria Natural de Nova York, e em performances, ao vivo, e na TV, nos EUA, Europa e Japo. (TERENZI)Wanda Diaz-Mercez - Ela tem explorado o Sistema Solar, no Goddards Heliophysics Division, analisando os ventos solares, cataclismas estelares, usando tcnicas de sonificao. Ela desenvolvou tais tcnicas sob a mentoria do engenheiro de computao Bobby Candey, no Heliophysics Laboratory anda University of Glasgow Professor Stephen Brewster. A pesquisa de sonificao uma intuitiva representao de dados sonoros complexos, multidimensionais, e cientficos. Diaz-Merced objetiva concluir se as tcnicas de sonificao, por ela desenvolvidas, juntamente com a percepo visual, podem aumentar a qualidade e quantidade de sinais providos pelos conjuntos de dados. Os programas de sonorizao passam por uma reviso rigorosa de um pesquisar independente. (HENDRIX, 2011)Don Gurnett, j mencionado, com instrumentos cientficos em Voyagers, Galileo, Cassini, da NASA, e mais de duas dezenas de outras espaonaves, da Universidade de Iowa fsico Dr. Don Gurnett vem registrando ondas que percorrem o espao sideral. Ele diz ter uma enorme quantidade de sons gravados ao longo de quase quarenta anos. Sua pesquisa tem inspirado artistas como Kronos Quartet e Terry Riley, por exemplo. (NELSON, 2002) Alexander Kosovichev - diretor do Observatrio Solar Big Bear, o maior observatrio solar-terrestre com um sistema de ptica adaptativa de alta ordem. Ele est entre os pioneiros que desenvolveram o campo de heliosismologia, agora reconhecido como o mtodo de estria, que permite a compreenso da variabilidade solar e seu impacto sobre o clima espacial. Sasha liderou o desenvolvimento do Observatrio Solar e Heliosfrico (SOHO) projeto heliosismologia da NASA, em 1994, e desenvolveu tcnicas exclusivas para ambos os mtodos globais e locais que so uma parte integrante do Soho e Observatrio Dinmico Solar (SDO) pipelines de dados misso. Ele iniciou e colaborou em projetos Soho, que resultou em muitas novas descobertas na fsica solar. (DUNBAR, 2014)

5. Repositrios sonoros e obras de msica do espao exterior

Elencar aqui o considervel repositrio de sons do espao exterior, e repertrio produzido pelos pesquisadores mencionados, alm de outros, seria impraticvel, dada a natureza do presente escrito. Assim, a ttulo exemplificativo, a misso dada a Nolas Gasser[footnoteRef:22] para compor uma obra para o lanamento e a misso do telescpio espacial GLAST, mostra de certa forma o que este texto apresenta em forma de conceito. Sobre esse projeto ele declarou: eu, naturalmente, senti-me obrigado a aprender algo sobre isso. Minha pesquisa incluiu um monte de leitura sobre os temas da GLAST, raios gama, o espectro electro-magntico, fsica de partculas, a histria da astronomia e do telescpio, etc. A partir da experincia de Gasser, a arte parece poder inspirar a cincia, bem como, talvez porque eles tm algo em comum depois de todos - cientistas e artistas ambas as partes a maravilha de experimentar algo novo. Ele disse tambm: Raramente eu tenho sido to consumido emocionalmente e espiritualmente com um tema no-musical, enquanto me preparo para compor com um tema que em si constitui uma fonte de inspirao to apaixonada. O grande fsico Albert Einstein reconheceu esta conexo quando ele escreveu: A mais bela experincia que podemos ter o mistrio. a emoo fundamental que est no bero da verdadeira arte e da verdadeira cincia. Quem no sabe disso e no pode mais maravilhar-se, no se maravilha, como se estivesse morto, e seus olhos esto desativados. [22: Compositor, pianista e musiclogo americano, nascido em 10/11/1964. Ph.D. em Musicologia pela Universidade de Stanford.]

Acima de tudo, a cincia e a arte procuram refletir e compreender melhor o universo que nos rodeia, e compartilhar esses conhecimentos com os outros. Se o Prelude GLAST, ou qualquer criao musical ou artstica de alguma misso cientfica, puder ajudar a despertar novo interesse ou paixo pela prpria cincia entre o pblico mais amplo, ento ele ter cumprido bem o seu trabalho. Pelo menos, uma honra ser capaz de fazer um esforo nesse sentido,

acrescentou Gasser. (STEIGERWALD, 2008)A NASA hoje, indiscutivelmente, a grande catalogadora do material sonoro do ambiente sideral, e a rede mundial de computadores abriga considervel quantidade de arquivos de obras produzidas a partir desse material, tais como as que se podem encontrar nos links abaixo: http://www.youtube.com/watch?v=qGxag2NtMXQ (Sidereal Breath)[footnoteRef:23] [23: Acesso e vizualiao em 04/04/2014, s 10:30 hs.]

http://www.youtube.com/watch?v=O9PyFxoArXY (Plasma Waves)[footnoteRef:24] [24: Acesso e vizualiao em 04/04/2014, s 10:58 hs.]

http://www.youtube.com/watch?v=KAl2Co933wE (Orbital mind)[footnoteRef:25] [25: Acesso e vizualiao em 04/04/2014, s 11:15 hs.]

http://www.youtube.com/watch?v=Lu5OEKMqvSs (Eternal)[footnoteRef:26] [26: Acesso e vizualiao em 04/04/2014, s 12:30 hs.]

http://www.youtube.com/watch?v=2cpXpgjUT2k (Voyager II Symphony of the planets).[footnoteRef:27] [27: Acesso e vizualiao em 04/04/2014, s 15:30 hs.]

6. Consideraes finais

Parece inescapvel ouvir os sons do espao exterior. Algo como o que foi preconizado por John Cage, de que no existe tal coisa como espao vazio ou um tempo vazio. H sempre algo para ver, algo para ouvir. Ao tentarmos fazer silncio, descobrimos que no podemos (GIBBS, 2007, p. 10). E lutamos para organizar isso. Segundo Wisnik

produzir a sociedade significa atentar contra o universo, recortar o que uno, tornar discreto o que contnuo (ao mesmo tempo em que, nessa operao, a msica o que melhor nos devolve, por via avessa, a experincia da continuidade ondulatria e pulsante no descontnuo da cultura, estabelecendo o circuito sacrifical em que se trocam dons entre os homens e os deuses, os vivos e os mortos, o harmonioso e o informe) (2011, p. 33,35)

A primeira compreenso da msica como uma forma de arte tambm est profundamente imersa em especulaes futurologistas em relao expanso da msica e baseada em tendncias contemporneas que refletem o estado musicolgico da arte. A segunda perspectiva (conectada com as tendncias para repensar o processo de significao musical) refere-se diretamente s tentativas histricas para responder a explorao espacial bsica. Esta perspectiva corresponde com os pressupostos musicolgicos de pesquisar o desenvolvimento passado de estilos musicais enraizados em prticas metodolgicas j estabelecidas na disciplina orientada historicamente desde o sculo 19 (LANDFESTER, REMUSS, SCHROGL, & WORMS, 2011, p. 171). Seja qual for a perscpetiva adotada,agora a nossa vez de antecipar o que est frente de nossos ouvidos e mentes. Vocs, que planejariam o mundo futuro, ouam o que est frente com imensos saltos de imaginao e intelecto; ouam antecipadamente cinquenta, cem ou mil anos frente. O que est ouvindo? (MURRAY, 1997, p. 339-340)

Referncias

ARANHA, Glucio. O processo de consolidao dos jogos eletrnicos como instrumento de comunicao e construo do conhecimento. Revista Cincias & Cognio. Rio de Janeiro, v. 3, Ano 1, pp. 21-62, nov. 2004. Quadrimestral. ISSN 1806-5821.

BERTRAND, Joseph. Os fundadores da Astronomia Moderna. 1. ed. Rio de Janeiro: Contraponto, 2008.

BYRON, Robbie. A Critical Examination of the Connections between Sound and Image and New Media Art. Disponvel em: https://www.yumpu.com/en/robbiebyron.com. Acesso em 25 out. 2014.

CELLETTI, A.; PEROZZI, E. Celestial Mechanics - The waltz of the planets. 1. ed. Chichester, UK: Praxis Publishing. 2007

CHARLES, P. A.; SEWARD, F. D. (1995). Exploring the X-ray Universe. 1. ed. New York, USA: Cambridge University Press. 1995.CHION, Michel. El sonido. 1. ed. Barcelona. Paids Ibrica, S.A. 1999.

DIAZ MERCED, Wanda Liz. Sound for the exploration of space physics data. 2013. 267 p. PhD Tesis (School of Computing Science). Glasgow, Esccia.

DI LISCIA, D. A. Johannes Kepler. Stanford Encyclopedia of Philosophy. Stanford, CA, 2 mai. 2011. Disponvel em: http://plato.stanford.edu/entries/kepler/. Acesso em 21 out. 2014.

DUNBAR, Bonnie Jeanne. Heliophysics Modeling & Simulation Project (HMS). NASA. 26 jun. 2014. Disponvel em: https://www.nas.nasa.gov/hms/kosovichev.html. Acesso em 25 out. 2014.

FARIA, Romildo Pvoa. Fundamentos de Astronomia. 3. ed. Campinas, SP: Papirus. 1987

GIBBS, T. The fundamentals of Sonic Art & Sound Design. 1. ed. Lausanne: AVA Publishing SA. 2007.

GLEISER, Marcelo. A Dana do Universo. 1. ed. So Paulo: Companhia das Letras. 1997.

GLEISER, Marcelo. Poeira das estrelas. 1. ed. So Paulo: Globo. 2006.

GRAYZACK, Ed. Sputinik 3. National Space Science Data Center. 26 ago. 2014. Disponvel em: http://nssdc.gsfc.nasa.gov/nmc/spacecraftDisplay.do?id=1958-004B Acesso em 06 out. 2014.

HENDRIX, S. NASA's Goddard Space Flight Center Goddard Space Flight Center. NASA. 28 abr. 2011. Disponvel em: http://www.nasa.gov/centers/goddard/about/people/Wanda_Diaz-Merced.html Acesso em 31 mar. 2015.

JABLONSKI, Francisco Jos. Introduo astronomia e astrofsica: Astrofsica observacional. In: MILONE, Andr de Castro; WUENSCHE, Carlos Alexandre; RODRIGUES, Cludia Vilega; JABLONSKI, Francisco Jos; CAPELATO, Hugo Vicente; VILAS-BOAS, Williams; CECATTO, Jos Roberto; VILLELA NETO, Thyrso; Introduo astronomia e astrofsica. So Jos dos Campos, SP: INPE. 2003.

KAHN, Charles H. Pitgoras e os pitagricos uma breve histria. 1. ed. So Paulo: Edies Loyola. 2007

LANDFESTER, N. L.; REMUSS, N. L.; SCHROGL, K. U.; REMUSS, N. L.; WORMS, J.-C. Humans in outer space - interdisciplinary perspectives. 1. ed. New York: SpringerWien NewYork. 2011.

MILLETO, E.; COSTALONGA, L.; FLORES, L.; FRITSCHE, E.; PIMENTA, M.; VICARI, R. Introduo Computao Musical. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE COMPUTAO, 4, 2004, Itaja, SC. Anais...., pp. 883-902

MORISON, I. Introducting to astronomy and cosmology. 1. ed. Chichester: John Wiley & Sons, Ltd, Publications. 2008.

MOTZ, L.; HANEWEAVER, J. The story of astronomy. 1. ed. Cambridge: Perseus Publishing. 1995.

MURRAY, S. A afinao do mundo. 1. ed. So Paulo: UNESP (FEU). 1997.

NELSON, J. 16 ago. 2002. Jet Propulsion Laboratory. Disponvel em NASA: http://www.jpl.nasa.gov/news/news.php?release=2002-196. Acesso em: 25 out. 2014.

OLIVEIRA FILHO, Kepler de Souza; SARAIVA, Maria de Ftima Oliveira. Astronomia e Astrofsica. 3. ed. Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul. 2014.

REALE, G. Plato. 1. ed. So Paulo: Loyola. 2007.

RECIO, J. G. tomos, almas y estrellas: estudios sobre la ciencia grega. 1. ed. Madri: Plaza y Valds Editores. 2007.

ROEDERE, Juan Gualterio. Introduo fsica e psicofsica da msica. 1. ed. So Paulo: EDUSP - Editora da Universidade de So Paulo. 2002.

SADIE, S. Dicionrio Grove de Msica - edio concisa. Rio de Janeiro: Jorge Zahar. 1994.

STEIGERWALD, B. Goddar Space Flight Center. 16. Jul. 2008. Disponvel em NASA: http://www.nasa.gov/centers/goddard/news/topstory/2008/glast_composition.html. Acesso em 25 out. 2014.

STEINER, J.; DAMINELI, A. O fascnio do universo. 1. ed. So Paulo: Odysseus. 2010

STEPHENSON, B. The music of the heavens: Keplers harmonic astronomy. 1. ed. New Jersey. Princenton University Press. 1994.

TATE, K. Voyager 1 Probe Captures 1st-Ever Sounds of Interstellar Space. 12. dez. 2013.Disponvel em: http://www.space.com/22781-voyager-1-interstellar-space-sounds-video.html Space.com. Acesso em 30 mar. 2015.

TERENZI, Fiorella. Dr. Fiorella Terenzi. BIO. (n.d.). Disponvel em: http://www.fiorella.com/bio.html . Acesso em 25 out. 2014.

WINTER, O. C., & PRADO. A conquista do espao - do Sputinik Misso Centenrio. 1. ed. So Paulo: Livraria da Fsica. 2007.

WISNIK, J. M. O Som e o Sentido. 1. ed. So Paulo: Editora Companhia das Letras. 2011.

Autor

Wilson Roberto AvillaMestrando no Programa de Ps-Graduao em Educao, Arte e Histria da Cultura da Universidade Presbiteriana Mackenzie SP.Professor da Escola Tcnica de Msica e Dana Ivanildo Rebouas da Silva Cubato (SP)E-mail: [email protected]