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Universidade de Ribeirão Preto – UNAERP
Licenciatura Plena em Música
ISABELA MENI COSENZA MARQUES
MYRIAN DE SOUZA STRAMBI:
ATUAÇÃO E PRODUÇÃO LITERÁRIA-MUSICAL
RIBEIRÃO PRETO
2013
Isabela Meni Cosenza Marques
MYRIAN DE SOUZA STRAMBI:
ATUAÇÃO E PRODUÇÃO LITERÁRIA -MUSICAL
Monografia apresentada à Universidade de Ribeirão Preto UNAERP como requisito para a obtenção do título de Licenciatura Plena em Música. Linha de pesquisa: Educação Musical, Educação Musical Especial e Musicoterapia Orientador: Prof. Me. Gisele Laura Haddad
Ribeirão Preto
2013
ISABELA MENI COSENZA MARQUES
MYRIAN DE SOUZA STRAMBI:
ATUAÇÃO E PRODUÇÃO LITERÁRIA E PEDAGÓGICO-MUSICAL
Monografia apresentada à Universidade de Ribeirão Preto UNAERP como requisito para a obtenção do título de Licenciatura Plena em Música.
Linha de pesquisa: Educação Musical, Educação Musical Especial e Musicoterapia Data de defesa: Resultado: BANCA EXAMINADORA Gisele Laura Haddad Prof. Me. ____________________________ Universidade de Ribeirão Preto Erika de Andrade Silva Prof. Me. ____________________________ Universidade de Ribeirão Preto Ana Maria Monseff Barreto Prof. Esp. ___________________________ Universidade de Ribeirão Preto
Dedico este trabalho a todos aqueles que entregam
suas vidas à Música
AGRADECIMENTOS
A Deus, pelo dom da vida, da música e por todas as minhas realizações.
Aos meus pais, Paulo e Rita e minha irmã Gabriela, pelo amor incondicional, apoio e incentivo sempre presentes.
Ao meu marido Carlos Eduardo por todo o amor, parceria, compreensão e
incentivo.
À minha orientadora Gisele Haddad pela partilha, amizade, competência e confiança.
À coordenadora do curso Erika de Andrade Silva, por ter feito por mim,
especialmente neste último ano de curso, mais do que o essencial.
À toda família de Myrian de Souza Strambi representada por sua filha Luciane Strambi Frenhi, que recebeu-me com tanto carinho e possibilitou o acesso ao
arquivo pessoal de Myrian Strambi presentes neste trabalho.
A todos os meus professores mais que queridos, que colaboraram deixando sua marca e dividindo conhecimento.
Às secretárias do curso de Licenciatura em Música: Sonara Campanha e
Viviane Barcelini, pela dedicação.
À todas minhas amigas, professoras de música, que colaboraram com este trabalho: Eliana Girotto de Aquino, Rosemary Martins Roque e Lucília Mundin Costa.
A todos os meus colegas do curso de Licenciatura em Música. Estão
guardados nas minhas lembranças com muito carinho.
Ao Arquivo Histórico da Orquestra Sinfônica de Ribeirão Preto que disponibilizou acesso aos documentos deste trabalho.
À Universidade de Ribeirão Preto, por disponibilizar o acesso ao arquivo do
Conservatório Musical para a elaboração deste trabalho através da coordenação do Curso de Licenciatura Plena em Música
A todos os meus alunos.
A todos meus amigos professores, batalhadores incansáveis.
A todos meus amigos músicos, mestres desta arte maravilhosa que é a
Música.
A todos que fazem parte da minha história, meu muito obrigada!
“Que a arte nos aponte uma resposta Mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar Porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
Porque metade de mim é plateia E a outra metade é canção.”
Oswaldo Montenegro
RESUMO
Esta pesquisa tem como objetivo o resgate histórico e análise da produção literária e pedagógico-musical de Myrian de Souza Strambi (1937-1990). Myrian foi professora universitária, professora do curso técnico de música do Conservatório Musical da Universidade de Ribeirão Preto, compositora, arranjadora, artista plástica, membro da Academia Brasileira de Letras e Artes de Ribeirão Preto. Foi diretora artística da Orquestra Sinfônica da Sociedade Lítero Musical de Ribeirão Preto, onde atuou também como oboísta. Como memorialista escreveu o livro “50 anos de Orquestra Sinfônica em Ribeirão Preto” e uma biografia sobre Belmácio Pousa Godinho que não chegou a ser publicada. Destacou-se no cenário da Educação Musical em Ribeirão Preto principalmente pela sua intensa atividade profissional na elaboração de arranjos, composições para piano e percussão, assim como na elaboração de um método prático para o ensino de harmonia. Não existem estudos específicos sobre sua vida e obra. Algumas citações foram encontradas em MOLINARI (2007), HADDAD (2009). Coletas de dados através da memória oral e fontes documentais existentes no arquivo do Conservatório Musical da UNAERP e em seu acervo pessoal possibilitaram a realização deste trabalho. Palavras-chave: Educação Musical, Método Musical, Pianista
ABSTRACT
This research aims to analyze the history, literary, musical and pedagogical production of Myriam de Souza Strambi (1937-1990). Myriam was a university professor, teacher of the Musical Conservatory of the University of Ribeirão Preto, composer, arranger, artist, member of the Brazilian Academy of Arts and Letters of Ribeirão Preto. Was artistic director of the Symphony Orchestra of the Musical-Literary Society of Ribeirão Preto, where she also served as an oboist. As a memorialist she wrote the book "50 years of the Symphonic Orchestra of Ribeirão Preto" and a biography about Belmácio Godinho that was never published. She excelled on the stage of Music Education in Ribeirão Preto mainly by their intense professional activity in developing arrangements, compositions for piano and percussion, as well as the development of a practical method for teaching harmony. There are no specific studies on her life and work. Some quotes were found in MOLINARI (2007), Haddad (2009). Data collection through oral memory and documentary sources in the archive of the Music Conservatory of UNAERP and in his personal collection enabled this work. Keywords: Music Education, Music Method, Pianist
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 - Certificado de Registro Definitivo de Professor de Educação Musical de
Myrian Strambi .......................................................................................................... 15
Figura 2 - Certificado de Habilitação de Professora de Piano expedido pela Ordem
dos Músicos do Brasil. .............................................................................................. 16
Figura 3 - Myrian de Souza Strambi .......................................................................... 17
Figura 4 - Ao centro as paraninfas do curso de piano e acordeon juntamente com a
professora Diva Tarlá de Carvalho ............................................................................ 19
Figura 5 - Convite de apresentação .......................................................................... 20
Figura 6 - Programa de apresentação musical da Faculdade de Música da Unaerp..
.................................................................................................................................. 22
Figura 7 - Myrian Strambi e o oboé ........................................................................... 23
Figura 8 - Inauguração da Escola Municipal de Música ............................................ 24
Figura 9 - Partitura para piano .................................................................................. 29
Figura 10 - Pentacordes, arpejos e acordes .......................................................... 36
Figura 11 - Grupo de Pentacordes.............................................................................36
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 11
1. ASPECTOS BIOGRÁFICOS E FORMAÇÃO ................................................... 14
1.1 A PROFESSORA-ARTISTA .............................................................................. 14
2. ATUAÇÃO PROFISSIONAL.............................................................................. 18
2.1 O CONSERVATÓRIO MUSICAL DE RIBEIRÃO PRETO...................................18
2.2 A FACULDADE DE MÚSICA DE RIBEIRÃO PRETO ....................................... 20
2.3 A ORQUESTRA SINFÔNICA DE RIBEIRÃO PRETO ...................................... 22
2.4 A ACADEMIA DE LETRAS E ARTES DE RIBEIRÃO PRETO .......................... 24
3. PRODUÇÃO LITERÁRIA-MUSICAL ................................................................. 26
3.1 ARRANJOS ........................................................................................................ 26
3.2 COMPOSIÇÕES ................................................................................................ 28
3.3 LIVROS E BIOGRAFIAS .................................................................................... 30
4. A PROFESSORA ................................................................................................ 32
4.1 MÚSICO, PROFESSOR DE MÚSICA E EDUCADOR MUSICAL ..................... 32
4.2 A APLICAÇÃO DA METODOLOGIA ................................................................. 34
5. REFLEXÕES SOBRE A PRODUÇÃO LITERÁRIA-MUSICAL ......................... 37
CONCLUSÃO .......................................................................................................... 38
REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 40
ANEXOS....................................................................................................................43
11
INTRODUÇÃO
No final do ano 2000 formei-me no curso técnico de piano erudito pela Escola
de Artes Heitor Villa-Lobos em Ribeirão Preto. Antes da conclusão deste curso já
atuava como Educadora Musical em aulas particulares de instrumento e um projeto
educacional, na área de coral infantil e no ensino de flauta doce na Escola Estadual
Professora Hermínia Gugliano, na cidade de Ribeirão Preto. Este projeto foi
elaborado conjuntamente com a direção e a coordenação da referida escola. Em
2004 concluí o Bacharelado em Musicoterapia na Universidade de Ribeirão Preto –
UNAERP. Atuei como musicoterapeuta em consultório particular e ao mesmo tempo
prosseguia com o trabalho em educação musical.
Em 2006 trabalhei em um projeto da Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto
chamado Brincanto, cujo objetivo era oferecer oficinas de coral em todas as escolas
municipais de educação infantil (EMEI). Como monitora de coral infantil, fiz cursos
de regência de coro infantil com Thelma Chan e de musicalização infantil com Leila
Sugahara e assim iniciou-se o processo de solidificação do meu perfil de educadora
musical. Encerrei temporariamente minhas atividades como musicoterapeuta para
dedicar-me somente à educação musical. No ano de 2008 fui convidada a lecionar a
disciplina de História da Música Popular Brasileira na Escola de Artes Heitor Villa-
Lobos, o que despertou-me grande interesse pela pesquisa histórica, item
necessário, visto que eu precisava elaborar apostilas e preparar os planos de ensino
da disciplina.
Conheci o nome de Myrian de Souza Strambi (1937-1990) através de
pesquisas de trabalhos acadêmicos referentes à história de Ribeirão Preto. Durante
a procura de um tema para este trabalho, tive acesso ao trabalho de conclusão de
curso de Especialização em Música “Arpejos, Acordes e Tonalidades” (1984) de
Myrian, no qual consta uma abordagem própria para o ensino de harmonia.
Prontamente identifiquei-me com seu trabalho pelos aspectos práticos com que ela
abordava este ensino, e o experimentei com saldo positivo na produtividade dos
meus alunos de piano. Com intensa atividade musical, sendo também compositora,
arranjadora e memorialista, atentei-me ao fato de que não existem pesquisas ou
trabalhos acadêmicos acerca desta metodologia e de sua atuação.
12
Parte de seu método musical ficou, após seu falecimento, registrada nessa
monografia e guardada em seu arquivo pessoal, praticamente intocado durante 23
anos, segundo sua filha Luciane Strambi.
A importância deste trabalho deve-se ao fato de que sua metodologia e toda
sua produção pedagógico-musical estava esquecida até então. Myrian Strambi criou
peças didáticas e métodos que favorecem o aprendizado musical de uma maneira
prática e significativa, por isso a importância da divulgação destes.
Myrian Strambi nasceu em Botafogo, um pequeno distrito de Bebedouro, no
estado de São Paulo, em 1937. Formou-se no Conservatório Musical de Ribeirão
Preto, cursou Faculdade de Artes com Licenciatura Plena em Educação Artística e
Faculdade de Música. Exerceu um papel importante como professora universitária
na Faculdade de Música de Ribeirão Preto durante a década de 1970 e como
coordenadora pedagógica do Conservatório Musical da Universidade de Ribeirão
Preto durante a década de 1980. Foi membro da diretoria e oboísta da Orquestra
Sinfônica de Ribeirão Preto, estando à frente da direção da Escola de Música da
mesma. Também foi membro da Academia de Letras e Artes de Ribeirão Preto –
ALARP, memorialista e pesquisadora.
Este trabalho objetiva o resgate de informações sobre a sua obra, suas
atividades, evidenciando estes aspectos no cenário da cultura e da educação
musical de Ribeirão Preto no período de sua atuação como professora de música,
como também a divulgação e reflexão sobre sua metodologia e seu trabalho como
compositora e arranjadora.
A coleta de dados aconteceu principalmente através de entrevistas com ex-
alunos e da pesquisa documental. Currículos, diplomas, programas de
apresentações musicais e recortes de jornais foram localizados no Arquivo Histórico
do Departamento de Música da UNAERP e também no Arquivo Histórico da
Orquestra Sinfônica de Ribeirão Preto. Diante de tantas informações, separei os
documentos digitalizados em pastas e iniciei uma planilha com os seguintes itens:
pasta, nome do documento, tipo do documento (certificado, atestado etc.), data e
descrição, organizando tudo de forma cronológica para facilitar a análise.
No capítulo 1 tratamos sobre aspectos biográficos e da formação de Myrian
Strambi.
No capítulo 2 discorremos sobre o cenário musical de Ribeirão Preto a partir
da década de 1950 até a década de 1990, tendo como destaque o Conservatório
13
Musical da UNAERP, a Academia de Artes e Letras e a Orquestra Sinfônica de
Ribeirão Preto. Apresentamos sua atividade profissional, seu ingresso no campo da
educação musical, composição e pesquisa.
No capítulo 3 temos a divulgação de sua produção literária e pedagógico-
musical. Foi arranjadora de diversas peças para grupos musicais, compositora de
peças para piano e percussão. Myrian Strambi sistematizou abordagens específicas
para o ensino de música, principalmente de harmonia para música popular brasileira.
Em seu trabalho como memorialista destaca-se uma monografia inédita sobre
Belmácio Pousa Godinho, além de seu livro “50 anos da Orquestra Sinfônica de
Ribeirão Preto”, publicado pela Editora Legis Summa em 1989.
No capítulo 4 falamos sobre o papel de professora de música de Myrian
Strambi e apresentamos a diferenciação entre músico, professor de música e
professor de educação musical propostos por Silva (2011). Apresentamos também
os resultados da aplicação do método sobre harmonia elaborado por ela.
Em seguida refletimos a respeito da atuação de Myrian e de sua metodologia.
Com peças didáticas principalmente para alunos iniciantes, Myrian Strambi
demonstrou a importância de desmistificar o ensino musical e de aproximar a música
e o aluno.
Disponibilizamos em anexo algumas cópias dos manuscritos de suas
composições no intuito de registrar e divulgar sua produção musical. Como a obra
de Myrian ainda não está catalogada, neste capítulo encontra-se um levantamento
de parte do que foi encontrado sobre sua produção musical e pedagógica.
14
1. ASPECTOS BIOGRÁFICOS E FORMAÇÃO
Este capítulo apresenta uma breve biografia sobre Myrian Strambi e a
natureza de suas formações. Estudiosa, muito dedicada e incansável na busca de
aprimoramento em seus estudos e habilidades1, Myrian deixou como legado a
paixão pela Educação Musical explícita em sua atividade profissional. Segundo sua
filha Luciane Strambi2, a produção de Myrian (entre arranjos, composições e
transcrições, além de trabalhos artísticos e artesanais) era tão vasta que muitas
vezes ela chegava a passar noites em claro.
1.1 A PROFESSORA-ARTISTA
As informações sobre a biografia e a formação de Myrian Strambi foram
obtidas através de fotocópias de documentos (currículos, diplomas, carteiras de
associações) presentes no Arquivo Histórico do Departamento de Música da
UNAERP e também através de dados fornecidos por sua filha, Luciane Strambi.
Myrian Shysley de Souza Strambi nasceu em Botafogo, um pequeno distrito
da cidade de Bebedouro, no estado de São Paulo no dia 13 de junho de 1937, filha
de Moacyr Jagarahiva de Souza e Idalina Selly de Souza. Foi casada com Lino
Strambi, comerciante na cidade de Ribeirão Preto e teve três filhos: Christiane de
Souza Strambi, Luciane de Souza Strambi e Fernando de Souza Strambi3.
Não foi possível, para este trabalho, precisar algumas datas de formação ou
obtenção de diplomas, assim como dados sobre seus professores nos primeiros
anos de estudo musical. Algumas informações perderam-se no tempo, outros dados
não foram encontrados no seu acervo pessoal tampouco no arquivo do
Conservatório Musical da UNAERP, mas existem outros registros sobre suas
formações e certificados.
Em um documento intitulado “Curriculum Vitae”4, datilografado em uma folha
timbrada da Faculdade de Música de Ribeirão Preto (quando esta ainda se situava à
Rua Campos Sales, no centro de Ribeirão Preto) e datado em 1967, encontramos
uma relação de seus diplomas, o que nos possibilita traçar o perfil de sua formação
1 “Musicar homenageia Myrian Strambi” – Jornal de Ribeirão, 1º a 7º de setembro de 1990 – nº 252
2 Entrevista concedida em 22 de abril de 2013.
3 “Miriam Strambi vai receber homenagem da Orquestra Sinfônica” - Jornal O Diário – 27/06/90
4 Fotocópia do documento localizada no Arquivo Histórico do Conservatório Musical da UNAERP.
15
inicial: Diploma do Curso Normal pela Instituição Universitária Moura Lacerda;
Diploma de Aperfeiçoamento de Piano, Contraponto e Fuga, pelo Conservatório
Musical Sagrado Coração de Jesus de Jardinópolis. Consta também a informação
de um Diploma de Piano e Matérias Complementares pelo Conservatório Musical de
Ribeirão Preto, este expedido em 1956 segundo consta em um Adendo ao Relatório
de Verificação do Conservatório Musical de Ribeirão Preto5 (CMRP) para fins de
reconhecimento federal. Também consta a menção de um Diploma de Medalha de
Ouro de melhor aluna de Piano do Conservatório Musical Sagrado Coração de
Jesus de Jardinópolis em 1964 pelo Serviço de Fiscalização Artística de São Paulo.
Consta em uma Certidão6 do mesmo Serviço de Fiscalização que Myrian obtivera,
em 1967, registro sob o nº 2.893 como Professora de Piano, Teoria e Solfejo,
Harmonia Elementar, Análise Harmônica, História da Música, Pedagogia Musical,
Orfeão, Aperfeiçoamento em Piano e Contraponto.
Figura 1 - Certificado de Registro Definitivo de Professor de Educação Musical de Myrian Strambi. Fotocópia. Fonte: Arquivo Histórico do Conservatório Musical de Ribeirão Preto
5 Fotocópia do documento localizada no Arquivo Histórico do Conservatório Musical da UNAERP.
6 Idem.
16
Figura 2 - Certificado de Habilitação de Professora de Piano expedido pela Ordem dos Músicos do Brasil. Fotocópia. Fonte: Arquivo Histórico do Conservatório Musical da
UNAERP.
Dentre seus inúmeros certificados podemos destacar o Certificado de
Registro na Ordem dos Músicos do Brasil e Certificado de Habilitação7 conferindo-
lhe o título de Professora de Piano em 1964. No ano de 1975 Myrian recebeu o
Certificado Definitivo de Professor de Educação Musical8 expedido pelo Ministério da
Educação e Cultura, estando assim habilitada a lecionar em todo o território nacional
em curso de nível fundamental e médio. Constam ainda citações sobre um
Certificado de Alta Interpretação e Pedagogia Musical do Prof. Jacques Klein e
Certificado de Didática Pianística da Profª. Glória Maria da Fonseca Costa, ambos
em 1964. Em 1965 obteve o Certificado de Estética e Alta Interpretação Pianística
do Prof. Joseph Kliass. Em sua monografia não publicada sobre Belmácio Pousa
Godinho9, datada em 1984, a própria Myrian nos atualiza sobre suas formações
musicais e não-musicais pois até então os registros encontrados sobre sua
formação apresentam a data máxima de 1975.
7 Fotocópia do documento localizada no Arquivo Histórico do Conservatório Musical da UNAERP.
8 Idem.
9 Acervo pessoal de Myrian Strambi.
17
Apresentamos aqui as mais relevantes para este trabalho: Faculdade de Artes
com Licenciatura Plena em Educação Artística e Faculdade de Música (Myrian não
especifica o nome das instituições nas quais cursou as faculdades, mas os fatos
indicam que ela formou-se na própria Faculdade de Música e também na Faculdade
de Artes de Ribeirão Preto – UNAERP). Myrian cita diversos cursos de extensão
musical com Lucy Ivancko, Caio Pagano, Edgar Willems, Eudóxia de Barros, Mairon
Verhaaleen, José Antônio Bezzan e Jorge Zulueta. Apresentava certificados de
Estética, Harmonia e Morfologia Musical. Cursos de reciclagem em Harmonia, Ritmo
e Som e Educação Musical. Frequentou em 1982 a classe de composição
instrumental com aulas ministradas pelo professor Joachim Hespos durante o 11º
Curso Latino-Americano de Música Contemporânea realizado em Uberlândia.
(Strambi, 1983)
Com relação a sua formação não-musical, Myrian possuía vários cursos em
História da Arte, Desenho, Esperanto, Desenho para Plantas e Construções dentre
outros. (Strambi, 1983).
Figura 3 - Myrian de Souza Strambi. Fonte: Arquivo Pessoal
18
2. ATUAÇÃO PROFISSIONAL
2.1 O CONSERVATÓRIO MUSICAL DE RIBEIRÃO PRETO
Em 1948 foi fundado em Ribeirão Preto o Conservatório Musical tendo sua
inauguração oficial somente em 06 de março de 1949. Constavam os seguintes
membros em sua direção: como diretora, Zith Paiva; como vice-diretora, Mariana
Corrêa de Carvalho; 1ª secretária, Orávia Alves Ferreira; 2ª secretária, Maria Corrêa
de Carvalho; 1ª tesoureira, Dirce Zerbine Neves; 2ª tesoureira, Dulce Zerbine Neves
e no Conselho Consultivo, Déia Spadoni Biagi, Diva Tarlá de Carvalho e Zilda Paiva
Morais. (MONTANS, 1998)
Funcionou primeiro na Rua Duque de Caxias, mudando-se posteriormente
para a Rua Álvares Cabral e finalmente instalou-se em sede própria na Rua Campos
Salles nº 676. Oferecia os cursos de piano, violino, violoncelo, acordeon, violão e
canto orfeônico que, posteriormente foi transformado em Educação Musical. Os
cursos de instrumento tinham a duração de nove anos, o curso de canto orfeônico
seis anos e o de educação musical, dois anos, cujos certificados eram reconhecidos
oficialmente pelo Estado. (UNIVERSIDADE DE RIBEIRÃO PRETO, s.d.)
Segundo Montans (1998), o primeiro ano de existência do Conservatório foi
comemorado com missa de ação de graças na Catedral de São Sebastião e
apresentação na PRA-7, “a primeira emissora de rádio da cidade de Ribeirão Preto
(SP), foi fundada em 1924 e provocou transformações significativas nos costumes,
produção e repertório musicais da sociedade local”. (HADDAD, 2009, p 50)
O Conservatório Musical de Ribeirão Preto era responsável por parte da
movimentação cultural de Ribeirão Preto na época, através de comemorações,
apresentações musicais e palestras.
Teve seu reconhecimento em 16 de março de 1950 (MONTANS, 1998) e em
1953, Diva Tarlá de Carvalho assumiu a direção do Conservatório, havendo, sob sua
gestão, grandes espetáculos, concertos e apresentações de concertistas renomados
como Guiomar Novaes, José Carlos Martins, Magda Tagliaferro, Fritz Yank, Anna
Stella Schic, sem contar as inúmeras apresentações dos alunos e dos professores.
Além da organização de um corpo docente especializado na pedagogia moderna, do aparelhamento didático, ambiente escolar obedecendo aos requisitos da Fiscalização artística do Estado, a diretoria esmerou-se em trazer a esta cidade artistas de renome, dando oportunidade aos alunos, de
19
enriquecerem seus conhecimentos. (“Conservatório Musical de Ribeirão Preto” – Jornal O Diário, 17 de janeiro de 1965)
Em 1956 o Conservatório Musical de Ribeirão Preto foi declarado de utilidade
pública pelos serviços que vinha prestando à comunidade. Além das aulas de
instrumentos e educação musical, o Conservatório ainda oferecia curso de balé e de
bandinha rítmica. Também formou pianistas renomados como José Antonio Bezzan
e Lilian Barreto. (MONTANS, 1998)
Figura 4 - Ao centro as paraninfas do curso de piano e acordeon juntamente com a
Professora Diva Tarlá de Carvalho. Fonte: Jornal O Diário, 17 de Janeiro de 1965 - Arquivo Histórico do Conservatório Musical da UNAERP.
É importante destacar que a partir da década de 1970 não foram encontradas
informações ou documentos relevantes sobre a história do Conservatório Musical e
da Faculdade de Música no Arquivo da UNAERP, talvez devido a uma forma
diferenciada (digital) de armazenamento dos arquivos.
Myrian Strambi já fazia parte do corpo docente do Conservatório Musical de
Ribeirão Preto em 1965, como professora de piano.10 Posteriormente Myrian
lecionou Piano, Música Popular e Folclórica, Estruturação Musical, História da
Música e Noções de Estruturação Musical no curso Técnico, agora no chamado
Colégio Técnico Musical da Associação de Ensino de Ribeirão Preto.11
10
“Conservatório Musical de Ribeirão Preto” – Jornal O Diário, 17 de janeiro de 1965 11
Relação do Pessoal Docente do Colégio Técnico Musical da AERP. Documento localizado no Arquivo Histórico do Conservatório Musical da UNAERP.
20
Durante o ano de 1988 Myrian foi coordenadora do curso técnico musical
como podemos ver em um documento encontrado no Arquivo Histórico do
Conservatório Musical da UNAERP:
Figura 5 - Convite de Apresentação. Fonte: Arquivo Histórico do Conservatório Musical da UNAERP.
2.2 A FACULDADE DE MÚSICA DE RIBEIRÃO PRETO
Em 15 de dezembro de 1966, através do decreto número 59.746, o
Conservatório Musical de Ribeirão Preto obteve reconhecimento federal com os
cursos de instrumento (piano, violino, violoncelo, acordeon e violão), de canto e de
professor de educação musical. Com este reconhecimento o Conservatório passou
21
então a ser a Faculdade de Música de Ribeirão Preto. (UNIVERSIDADE DE
RIBEIRÃO PRETO, s.d.)
Em 1968 o Conservatório Musical e a Faculdade de Música de Ribeirão Preto
foram vendidos ao Dr. Electro Bonini, presidente da Associação de Ensino de
Ribeirão Preto12. (MONTANS, 1998)
Em 1986 a Faculdade de Música estava bem sedimentada na Universidade
de Ribeirão Preto, oferecendo cursos de Graduação em Instrumento (piano, violão,
clarineta, violino e violoncelo) e também de Licenciatura em Música. Os cursos
duravam quatro anos e para o ingresso era necessário que o aluno realizasse uma
prova de aptidão musical. Sob a direção da professora Gilda Alves Montans, a
Faculdade de Música acompanhava a tecnologia e investia em materiais para do
curso, importando instrumentos e oferecendo recursos modernos para os alunos,
como um sintetizador computadorizado que possibilitava gravações diretas em oito
canais.13
A Faculdade de Música mantinha intensa atividade cultural principalmente
através do ACEM (Assessoria Cultural dos Estudantes de Música), grupo criado para
assessorar e organizar os projetos de música como o projeto Musicar, que consistia
em apresentações musicais no Teatro Bassano Vaccarini durante o intervalo das
aulas. O ACEM cadastrava grupos musicais da própria universidade e também da
comunidade, sendo eles de qualquer estilo musical (pop, jazz, música folclórica,
regional, erudita e bossa nova), para apresentações no projeto Musicar. A
Faculdade de Música contava também com Coral Adulto e Infantil e uma banda de
Jazz chamada After Hour Jazz Band.14
Segundo consta em um programa de apresentação dos alunos dos cursos de
Graduação em Instrumento e Licenciatura em Música15, Myrian Strambi era a
professora responsável pela disciplina Música de Câmara, sendo que nesta
apresentação seus alunos tocaram as “Danças Espanholas à 4 mãos”, de
Moszkowsky.
12
Posteriormente a Associação de Ensino de Ribeirão Preto (AERP) passou a ser denominada Universidade da Associação de Ensino de Ribeirão Preto (UNAERP). 13
“Ensinar e aprender música não é novidade na UNAERP” – Jornal Projeto, 1ª quinzena de 1989, número 20. 14
Idem. 15
Documento localizado no Arquivo Histórico do Conservatório Musical da UNAERP.
22
Figura 6 - Programa de Apresentação Musical da Faculdade de Música da UNAERP. Fonte: Arquivo Histórico do Conservatório Musical da UNAERP.
2.3 A ORQUESTRA SINFÔNICA DE RIBEIRÃO PRETO
Com o objetivo de promover a música sinfônica na cidade de Ribeirão Preto,
um grupo de músicos liderados por Max Bartsch, em maio de 1938, fundou a
Sociedade Musical de Ribeirão Preto, que é a mantenedora da Orquestra Sinfônica
de Ribeirão Preto – OSRP (HADDAD, 2009). Antes da existência desta sociedade,
foram inúmeras as tentativas de levar a música erudita à sociedade ribeirão-pretana.
Os músicos da cidade sempre se reuniam em grupos musicais e participavam de
apresentações em confeitarias, cinemas, cassinos e saraus. (STRAMBI, 1989)
O empenho da diretoria e dos músicos fez com que a Orquestra Sinfônica de
Ribeirão Preto prosperasse e recebesse muitos convites de apresentações fora da
cidade. Segundo Haddad (2009, p. 69), “os músicos dela (da Orquestra Sinfônica)
participavam voluntariamente, pois tinham em sua maioria outra profissão para seu
sustento”. Todos os esforços somados fizeram com que a OSRP mostrasse seu
trabalho expressivo e projetasse o nome de Ribeirão Preto. (HADDAD, 2009)
23
Myrian Strambi participou da OSRP como oboísta (STRAMBI, 1989) durante a
regência do Maestro Marcos Pupo Nogueira16, mas não foram encontrados dados
precisos sobre os anos de sua participação. Participou também da diretoria da
OSRP nos anos de 1984 a 1989 (STRAMBI, 1989).
Figura 7 - Myrian Strambi e o oboé. Recorte de Jornal. Fonte: Arquivo Pessoal
A OSRP passou por muitas dificuldades e crises financeiras e administrativas,
mas mesmo assim resistiu e nunca parou suas atividades. No ano de 1977 foi
fundada pela professora Diva Tarlá, sob a direção de Myrian Strambi e Ed Lemos17 a
Escola de Instrumentistas da OSRP. Tinha como objetivo a formação de
instrumentistas para a Sinfônica. Em 1986, durante a gestão do Prefeito João
Gilberto Sampaio, esta escola passou a receber recursos do município para
contratação de professores, inaugurando-se assim a Escola Municipal de Música
sob a direção de Myrian Strambi, sendo oferecidas aulas gratuitas nos três períodos
(manhã, tarde e noite), na própria sede da Orquestra.18
16
Durante o período de 1981 até 1989. (STRAMBI, 1989) 17
“Sociedade Lítero-Musical recruta jovens para sua escolinha de música” – Jornal A Cidade, 04 de julho de 1984 18
“Inaugurada a Escola Municipal de Música” – Jornal A Cidade, 10 de agosto de 1986.
24
Figura 8 - Inauguração da Escola Municipal de Música. Fonte: Jornal A Cidade, 10 de agosto de 1986 – Arquivo Histórico da OSRP.
2.4 A ACADEMIA DE LETRAS E ARTES DE RIBEIRÃO PRETO
Fundada em 13 de novembro de 1981, a Academia de Letras e Artes de
Ribeirão Preto (ALARP) abriga artistas de todos os segmentos da arte, também
poetas e escritores. O Estatuto de Fundação previa 40 cadeiras que foram alteradas
para 80 pelo vasto potencial cultural da cidade. Os patronos de cada cadeira são
pessoas já falecidas, artistas ou amante das artes, que tenham colaborado e
apoiado o desenvolvimento cultural de Ribeirão Preto ou região.19
Para ser empossado em uma cadeira o artista deve ser indicado por um
acadêmico. A ALARP realiza eventos, concursos, apresentações, participando da
vida cultural da cidade.
Myrian Strambi foi membro da ALARP, ocupando a cadeira de número 09,
cujo patrono é Belmácio Pousa Godinho20. Myrian foi empossada no dia 09 de junho
19
Disponível em www.alarp.com.br, acesso em 28/06/13. 20
Compositor nascido em Piracicaba em 1882 e radicado em Ribeirão Preto até o seu falecimento em 1980. (Jornal O Diário, 10 de junho de 1983)
25
de 1983 e na cerimônia de posse, declarou-se entusiasmada por “mostrar o que
Belmácio Pousa Godinho fez por Ribeirão Preto, em termos de música.”21
Myrian de Souza Strambi foi homenageada pela ALARP como patronesse da
cadeira de número 49, ocupada atualmente por Gisele Ganade22.
21
“Ontem, a posse de Myrian Strambi, na Alarp” – Jornal O Diário, 10 de junho de 1983. 22
Disponível em www.alarp.com.br, acesso em 28/06/13.
26
3. PRODUÇÃO LITERÁRIA-MUSICAL
Myrian Strambi produziu arranjos para coral, piano, orquestra, grupos de
câmara e compôs peças para piano e percussão. Transcreveu e coletou melodias
folclóricas, compilando e organizando seu trabalho em seu arquivo pessoal. Todas
as suas obras estão catalogadas com sistema próprio, entre outros livros e obras de
vários autores. Para este trabalho, o processo de arquivamento e catalogação
destas obras não foi simples, visto que o cronograma não permitiria uma
catalogação detalhada.
Apresentamos aqui suas transcrições, arranjos e composições. Existe ainda
em seu arquivo pessoal uma pasta somente com músicas folclóricas coletadas e/ou
transcritas por ela, que necessita catalogação. Em algumas partituras não consta o
ano de elaboração. É importante esclarecer que a catalogação foi para fins de
organização de dados e divulgação das obras.
3.1 ARRANJOS
Foram elaboradas tabelas com os arranjos de Myrian Strambi em ordem
cronológica. Esta categoria foi dividida em: Arranjos para Coral, Arranjos para Oboé,
Arranjos para Orquestra e Arranjos para Piano.
Arranjos para Coral
01 Ouro e Madeira Ederaldo Gentil 1976
02 Riera – Canção Popular da Catalunha Jaime Pahissa 1978
03 As Pastorinhas Noel Rosa e João de Barro
1978
04 Oh! Que noite tão bonita Folclore Norte Mineiro 1978
05 Pequena marcha para um grande amor Juca Chaves 1978
06 Valsinha Chico Buarque de Holanda
1978
07 A Bandeira do Divino Ivan Lins e Vitor Martins
1979
08 Carinhoso Pixinguinha 1979
09 Fantasia Chico Buarque 1979
10 Pulga Maldita – Lundu Folclore Paulista 1979
11 Rancho da Goiabada João Bosco 1979
12 A despedida Jaime Pahissa -
13 Adeus Música Popular Escocesa
-
14 Boi Bumbá – Batuque Amazônico Waldemar Henrique -
15 De frente pro crime João Bosco e Aldir -
27
Blanc
16 Despedida Roberto Carlos -
17 Folia de Reis Chico Anisio -
18 Natal – Vidala Catamarqueña Música: Ariel Ramirez Letra: Félix Luna
-
19 Natal Branco - -
20 Ouça! O coral dos anjos F. Mendelssohn -
21 Peixe Vivo Folclore do Norte de Minas
-
22 Rancheiras – Recife M. Bartokebas -
23 Romance do Conde Lino – Canção de Salamanca
- -
24 Soleado - -
25 Supremo Adeus Música: Belmácio Pousa Godinho Letra: Benedito Costa
-
26 Uirapuru Jacobina e M. Latini -
Arranjos para Oboé
01 Duo nº 06 Adam Dan 2 Oboés e Violões
1982
02 On Wings of Song Mendelssohn Oboé e Flautas 1982
03 Sinfonia Concertante W. Mozart Oboé e Piano 1982
04 Crê e espera Ernesto Nazareth Oboé e Piano -
05 Narcissus Ethelbert Nevin Oboé e Piano -
06 Poema Z. Fibich Oboé e Piano -
Arranjos para Piano
01 Canção da Despedida Folclore Escocês 1970
02 Canção da Despedida – facilitada Folclore Escocês 1970
03 Oh Suzana Folclore Americano 1970
04 Gente Humilde Garoto, Vinícius de Moraes e Chico Buarque de Holanda
1972
05 A time for us Nino Rota -
06 Fale baixinho (Speak softly Love) - -
07 Love Story F. Lai e C. Sigman -
08 Noite Feliz F. Gruber -
09 Olhos Negros Folclore Russo -
10 Tema de Lara - -
11 Turkey in the straw Folclore Americano -
Arranjos para Orquestra
01 Canção do Pescador Folclore Flauta e Quarteto de Cordas
1984
02 Hino à Ribeirão Preto Diva Tarlá de Carvalho e Saulo Ramos
Flauta, Clarinete, Oboé e Quarteto de Cordas
1984
03 Modinha Francesa - Quarteto de Cordas
1984
04 No fundo do meu quintal Francisco Mignone
Flauta, Clarinete e Quarteto de
1984
28
Cordas
05 Pequena valsa de esquina
Francisco Mignone
Flauta, Clarinete e Quarteto de Cordas
1984
06 Samba-Lelê Folclore Quarteto de Cordas
1984
07 Intuições Poéticas Belmácio Pousa Godinho
Quarteto de Cordas
-
3.2 COMPOSIÇÕES
Myrian Strambi compôs peças didáticas para piano, para percussão e uma
composição de um musical infantil. Dedicou-se à composição de peças para
percussão divulgadas e executadas pelo “Grupercussão Syruan”.23
Composições para Piano
01 Ana Paula 1973
02 Luciana 1973
03 Lu 1975
04 Pingos de Chuva 1975
05 Prelúdio para Christiane 1975
06 Fabiana 1976
07 Rosana 1976
08 Correndo no Bosque -
Composições para Percussão
01 Allegreto 1981
02 Estudo em forma de rondó 1981
03 Estudo para percussão 1981
04 Improviso 1981
05 Brincadeira 1982
06 Folia 1982
07 Makamba 1982
08 Pam pim pam 1982
09 Papaum 1982
10 Preludio – Transcrição para Percussão do Prelúdio XX do Cravo Bem Temperado de Bach – Vol 1
1982
11 Salamandra 1982
12 Estudo nº 10 1983
13 Pequena Fanfarra 1983
14
Pequena Suíte para Percussão: 1. Dancinha 2. Valsinha 3. Marchinha 4. Cirandinha 5. Baiãozinho
-
23
STRAMBI, 1984.
29
Outras Composições
A Noite Encantada dos Palhaços
Musical Infantil Sem data
Como exemplo segue uma parte de uma de suas composições para piano. É
interessante notarmos o caráter didático da peça, provavelmente para iniciantes,
com suas articulações, indicações de dinâmica, etc.:
Figura 9 - Partitura para piano. Manuscrito. Fonte: Arquivo Pessoal
30
3.3 LIVROS E BIOGRAFIAS
Myrian Strambi, no campo da produção literária, escreveu uma monografia
não publicada sobre Belmácio Pousa Godinho em 1984, intitulada “Supremo Adeus”.
Segundo Molinari (2009), Myrian era “fã declarada” de Belmácio e escreveu o livro
sobre sua vida após tomar posse da cadeira de número 09 da Academia de Letras e
Artes de Ribeirão Preto. O livro sobre Belmácio nunca foi publicado porque não foi
encontrada, em Ribeirão Preto, nenhuma empresa particular ou pública que editasse
o livro.24
Ainda estava engajada em outra pesquisa sobre os compositores de Ribeirão
Preto antigo25, a qual não foi concluída por ocasião do seu falecimento em 1990.
Myrian escreveu também o livro “50 anos de Orquestra Sinfônica de Ribeirão
Preto (1938-1988)”, publicado pela Legis Summa em 1989. De acordo com sua filha
Luciane, Myrian começou a organizar o arquivo histórico da Orquestra e assim foi
convidada a catalogar e escrever as memórias de 50 anos da OSRP, em um
trabalho desafiador, segundo Luiz Gaetani:
Para preservar a memória musical e contar como é possível, especialmente com muito amor, chegar a este ponto, lançamos um desafio à professora Myrian de Souza Strambi no sentido de que sintetizasse as atividades desses cinquenta anos. E ela conseguiu reunir, no presente volume, a história de um intenso trabalho musical. Tarefa árdua, porque ora as fontes de pesquisa eram incompletas, ora sua localização estava em setores diferentes, mas tudo foi sendo colocado em ordem. (...) até nos entregar o presente acervo, honesto, preciso, autêntico e muito querido, porque fala-se de música, porque relembra o passado e vive o presente.
26
3.4 ARPEJOS, ACORDES E TONALIDADES
Em 1984 Myrian Strambi elaborou um método prático denominado “Arpejos,
acordes e tonalidades”, como exigência para o curso de Especialização em Música
da UNAERP. O método, dividido em seis capítulos, aborda um ensino gradativo de
pentacordes maiores, menores, escala diatônica maior, escala diatônica menor
24
Entrevista com Myrian Strambi no Jornal A Cidade, Seção Arte Hoje – sem data. 25
STRAMBI, 1984. 26
STRAMBI, 1989, p. 11
31
harmônica, tonalidades maiores e suas relativas menores, escalas maiores e suas
relativas menores, especialmente nesta ordem.
Neste trabalho, desenvolvido após cinco anos de pesquisa, Myrian Strambi
afirma: “O tema deste trabalho é tonalidade, e para se chegar a ela, o caminho mais
simples e prático é: pentacorde – seu arpejo e seu acorde; escalas – seu arpejo e
seu acorde.” (STRAMBI, 1984, p.7)
Passando pelo pentacorde e pela escala o aluno domina as tonalidades
maiores e suas homônimas menores e a partir deste ponto ele passa a relacionar a
escala maior com sua relativa menor. Após estas conexões são apresentadas aos
alunos os outros tipos de escalas menores, como a melódica, a bachiana, a mista e
a natural, além da harmônica. (STRAMBI, 1984)
O método, em seu primeiro capítulo, parte de uma estrutura de T – T – ST –
T27 para a execução do pentacorde maior, na seguinte ordem de execução: C, G, F,
D, A, E, B, F#, C#, Bb, Eb e Ab. Obedecendo à estrutura demonstrada acima, o
aluno consegue perceber os acidentes pertencentes à cada pentacorde dependendo
de sua tonalidade. No segundo capítulo os pentacordes menores são demonstrados
não somente através da fórmula (que neste caso é T – ST – T – T) mas também
através da relação do 3º grau, que no caso do pentacorde menor, encontra-se um
semitom abaixo em relação ao 3º grau do pentacorde maior. Da mesma maneira
segue o aprendizado das escalas maiores, suas menores homônimas e somente
depois desta etapa é estabelecida a relação entre escala maior e sua relativa menor.
Segundo Myrian Strambi, esta didática era adotada por ela no ensino de
piano e surgiu através da sua percepção sobre a dificuldade dos alunos em
aprenderem e compreenderem as escalas, arpejos, acordes e as tonalidades
musicais, colaborando também no processo de harmonização de música popular.
Myrian destaca que o presente trabalho também pode ajudar os professores durante
as aulas de teoria musical, suprimindo-se os exercícios práticos. (STRAMBI, 1984)
27
Sendo que T significa TOM e ST significa SEMITOM. O semitom é o menor intervalo entre uma nota e outra e o tom é a distância de dois semitons.
32
4. A PROFESSORA
Até o começo do século XX, a relação da mulher com a música era a mais
distante possível do campo profissional. A profissão de músico estava relacionada
aos homens enquanto as mulheres eram “pianistas do lar”, encorajadas a tocar
harpa ou piano por status e para acompanhar cantores e tocar em casa para
entreter a família ou os amigos. Antes de 1850 as orquestras se recusavam a
empregar mulheres por pensarem ser “impróprio” para uma mulher tocar em público.
As mulheres também eram desencorajadas a tocar instrumentos de sopro e metal
por pensarem que eram fracas fisicamente e com pouca capacidade pulmonar e
também porque prejudicaria sua aparência. (O’NEILL, 1997, p.46 apud MATEIRO,
2007, p.180)
Em contrapartida, a profissão do magistério durante muito tempo está
relacionada à mulher, pois “foi praticamente a única em que as mulheres puderam
ter direito de exercer um trabalho digno e conseguir uma inserção no espaço
público" (ALMEIDA, 1998, p.23 apud MATEIRO, 2007, p. 179).
Segundo Mateiro (2007), atualmente existe uma grande preocupação e
pesquisas acerca da formação do professor de música, preocupação essa
demonstrada através de pesquisas sobre a profissionalização do docente e seus
processos de formação.
Myrian Strambi atuou como musicista e também, ao ser questionada se
também era pianista, respondeu: “Não. Sou professora de piano. Um pianista é um
virtuose.”28
Como a própria Myrian referiu a si mesma como professora de piano,
entramos em um campo onde se faz necessária a definição de músico, professor de
música e educador musical.
4.1 MÚSICO, PROFESSOR DE MÚSICA E EDUCADOR MUSICAL
Antigamente os estudantes de música aprendiam através de modelos
prontos, da imitação e da repetição, com conhecimentos transmitidos pelos músicos
28
Entrevista com Myrian Strambi no Jornal A Cidade, Seção Arte Hoje – sem data.
33
experientes. Somente os alunos que demonstravam habilidades e certo talento eram
incentivados a tocar um instrumento musical ou cantar. Enquanto os músicos
atuavam e compunham para as elites, a música feita pelo povo (música popular) não
era considerada arte (SILVA 2011, p. 34). Já Glaser e Fonterrada (2007) afirmam
que “o professor de instrumento musical é o músico instrumentista, embora sua
formação no curso de Bacharelado seja direcionada exclusivamente para a
execução musical” (p. 28).
É comum que instrumentistas atuem como professores de música. Na
verdade, este tipo de profissional “desafia a tradicional divisão entre Bacharelado e
Licenciatura, uma vez que exigiria em sua formação a busca de um equilíbrio entre
competências pedagógicas e músico-instrumentais” (LOURO apud GLASER e
FONTERRADA, 2006, p. 91).
Sendo assim, pressupõe-se que ao músico instrumentista faltam recursos
pedagógicos para que ele ensine de maneira diferente da que aprendeu, para que
reflita sobre a prática pedagógica de seu instrumento e adote diferentes maneiras de
ensinar.
De acordo com Silva (2011, p. 34), a prática de educador musical teve início
no século XX a partir de teorias progressistas da Pedagogia Musical baseadas em
aulas coletivas, na improvisação, na criatividade e em novas correntes pedagógicas
como o construtivismo.
Silva (2011) conceitua da seguinte forma os termos: músico, educador
musical e professor de música:
a) Músico: considerado o profissional da música, artista. Detém conhecimentos
técnicos e interpretativos, mas basicamente sua atuação é prática. Atua em
orquestras, shows, eventos, bares, estúdios de gravação, como compositor
de trilhas sonoras e jingles, entre outros.
b) Professor de Música: sua formação é específica em um instrumento ou em
canto; atua como professor especialista na formação de
instrumentistas/cantores. Preocupa-se com o desempenho técnico e
interpretativo.
c) Educador Musical: profissional da educação que se utiliza da música como
meio para educar. Atua em projetos de musicalização escolares e não-
escolares.
34
À luz dessas definições, podemos considerar que Myrian Strambi foi musicista
e professora de música. Segundo suas ex-alunas, Myrian era uma professora rígida
mas ao mesmo tempo admirada e bem quista. Através de entrevistas feitas com
algumas de suas ex-alunas29 (todas são professoras de música atualmente) elas
destacam seu comportamento visionário e sua maneira prática de ensinar. Segundo
uma delas, Myrian ensinava a tocar “de ouvido” e transcrever melodias, coisas que
não eram comuns no ensino musical da época. Uma de suas ex-alunas registrou a
importância que Myrian dava à produção musical de seus alunos, registrando suas
composições e os ensinando também a fazer isso. A mesma ainda relata que
aprendeu com Myrian a valorizar e respeitar a criação do aluno e trazer essa criação
para o concreto através de registro.
Myrian de Souza Strambi faleceu em 23 de junho de 1990 aos 53 anos de
idade30 em decorrência de um câncer, deixando filhos e netos.
4.2 A APLICAÇÃO DA METODOLOGIA
Quando falamos de música e pensamos em seus elementos, percebemos
que para a compreensão e a aplicação da “harmonia”, o músico ou o estudante de
música precisa ter conhecimentos solidificados sobre escalas, intervalos, acidentes
e tonalidades. O ensino de harmonia, tanto de forma teórica como prática,
geralmente segue um roteiro com certos tópicos em ordem de ensino, sendo que um
tópico é pressuposto para a compreensão do tópico seguinte, estabelecendo
relações entre si.
O trabalho de Lacerda (1961) propõe o seguinte roteiro, relacionando os
tópicos seguintes à altura31 do som:
a) Noção de intervalo (semitom e tom)
b) Sinais de alteração
c) Notas enarmônicas (semitom cromático e diatônico)
d) Escala e modo
29
Rosemary Roque, Eliana Girotto e Lucília Mundin Costa. 30
Jornal O Diário, 27 de junho de 1990. 31
Juntamente com intensidade, timbre e duração, a altura é “a propriedade do som ser mais grave ou mais agudo.” (LACERDA, 1961, p. 1)
35
e) Modo maior
f) Modo menor
g) Noção de melodia e harmonia
h) Tonalidade
De acordo com a metodologia anteriormente utilizada, muito próxima da
descrita por Lacerda (1961), o ensino dos pentacordes (maiores e menores)
realizado por mim acontecia em três etapas: primeiramente com a explicação dos
conceitos de tom e semitom e também os acidentes musicais. Na segunda etapa o
aluno era apresentado à escala maior para que ele compreendesse sua relação com
as tonalidades. Em último momento relacionava-se o pentacorde com as cinco
primeiras notas da escala. Através do ciclo das quintas os alunos tocavam todos os
pentacordes maiores, seus respectivos arpejos e acordes nas tonalidades de
sustenido na seguinte ordem: C, G, D, A, E, B, F# e C#. Para as tonalidades de
bemol o estudo dava-se através do ciclo das quartas na seguinte ordem: C, F, Bb,
Eb, Ab, Db e Cb.
Por causa da falta de prática dos alunos em estabelecerem a estrutura maior
da escala, primeiro numerou-se os dedos e definiu-se o dedilhado dos pentacordes,
arpejos e acordes (Figura 10):
Figura 10 - Pentacordes, arpejos e acordes
Depois realizou-se o agrupamento dos pentacordes de acordo com a
quantidade de teclas “pretas e brancas” do piano. Cabe ressaltar que a organização
36
das teclas do piano foi utilizada como apoio visual, com o objetivo de memorização
das formas de mão (Figura 11):
Figura 11 - Grupos de Pentacordes
Após tocar os pentacordes maiores o aluno tocava seus homônimos menores,
sendo que nestes o 3º grau deveria estar um semitom abaixo em relação ao 3º grau
dos pentacordes maiores.
Uma crítica a este método é que a estratégia de ensino parte de uma
estrutura maior (escala) para uma menor (pentacorde), sendo necessária a
aprendizagem de muitos conceitos antes de chegarmos ao pentacorde como objeto
de estudo. Por essas razões o aprendizado pode ocorrer de maneira lenta e o aluno
acaba executando os pentacordes por imitação, sem compreendê-los.
Após estudar o método “Arpejos, acordes e tonalidades” de Myrian de Souza
Strambi, este foi aplicado por mim no ensino de pentacordes com cinco alunos de
piano apresentando faixa etária entre 12 e 30 anos, durante um mês (totalizando
quatro aulas) em uma escola de curso livre de música na cidade de Ribeirão Preto.
Com o método de Myrian os alunos tocaram todos os pentacordes maiores e
menores em uma só aula com duração de cinquenta minutos, ao passo que, com a
metodologia anterior, o mesmo resultado era obtido após dois ou três meses de
aula. Conclui-se que, através deste método, foi obtido êxito com o ensino de
pentacordes maiores e menores, em menor tempo.
37
5. REFLEXÕES SOBRE A PRODUÇÃO LITERÁRIA E PEDAGÓGICO-MUSICAL
A produção de Myrian Strambi, não só literária como pedagógico-musical foi
extremamente significativa para a compreensão da música em sua história, teoria,
performance, etc.
Suas produções literárias como a monografia “Supremo Adeus”, sobre
Belmácio Pousa Godinho e o livro “50 anos da Orquestra Sinfônica de Ribeirão
Preto (1938-1988)” são caracterizadas por serem inéditas e terem gerado vários
outros trabalhos como o de Molinari32 e Haddad33. Sua contribuição como
memorialista foi evidente e significativa para a história cultural de Ribeirão Preto.
Em suas composições para piano notamos a existência de valsas e peças em
compasso binário. Todas apresentam a tonalidade de Dó Maior exceto “Pingos de
Chuva” que está em Lá Maior e “Prelúdio para Christiane”, que está em Dó menor.
Provavelmente suas peças foram compostas para seus alunos, compostas por
inspiração e/ou talvez por falta de material didático. Considerando este último fato
torna-se pertinente a afirmação de Carl Rogers que “não podemos ensinar outra
pessoa diretamente; apenas podemos facilitar sua aprendizagem” (ROGERS apud
GLASER e FONTERRADA, 2006, p. 93). Myrian Strambi criava condições a fim de
facilitar a aprendizagem de seus alunos ao compor peças facilitadas para piano e
também ao elaborar seu método “Arpejos, Acordes e Tonalidades”. Cria-se um
ambiente e condições favoráveis para que haja efetivamente o aprendizado. Ainda
sob as afirmações de Carl Rogers, o estudo de piano e de conteúdos teóricos
através de imitação não são funcionais sendo ideal que a aprendizagem seja
significativa. (GLASER e FONTERRADA, 2006).
Quando o professor percebe as necessidades de seus alunos e as atende ele
está trabalhando a favor da aprendizagem significativa, que é “uma aprendizagem
auto-iniciada. Mesmo quando o ímpeto ou o estímulo provém do exterior, o senso de
descoberta, de apreensão e compreensão, vem de dentro” (ROGERS apud
GLASER e FONTERRADA, 2006, p. 94). Tomando como exemplo o ensino dos
pentacordes através do método de Myrian Strambi, percebemos que o estímulo foi
32
MOLINARI, G. A. Belmácio Pousa Godinho. Vida e obra do compositor paulista. 2007. 193 f. Dissertação (Mestrado em Música). Escola de Comunicação e Artes, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007. 33
HADDAD, G. L. Orquestra Sinfônica de Ribeirão Preto: representações e significado social. 2009. 109 f. Dissertação (Mestrado em Música). Instituto de Artes, Universidade Estadual Paulista, São Paulo, 2009.
38
externo (como a apresentação da estrutura do pentacorde) mas a aprendizagem foi
auto-iniciada pelo aluno que, ao aplicar a mesma estrutura a partir de diferentes
notas, descobre assim os outros pentacordes.
Não se sabe ao certo como e nem porque Myrian Strambi começou a estudar
e a compor peças para percussão. Talvez porque sua criatividade e sensibilidade
musical eram tamanhas que ultrapassavam os limites de seu primeiro instrumento, o
piano, assim como foi quando iniciou seus estudos do oboé.
Suas composições para percussão demonstram ideias visionárias e criativas.
Também fez uso de sua criatividade ao adaptar o grupo de percussão para peças já
existentes, como por exemplo a transcrição para Percussão do Prelúdio XX do
Cravo Bem Temperado de Bach. Seus arranjos para coral, oboé, piano e oboé
demonstram uma possível carência destes materiais, sendo suprido pela criatividade
e trabalho de Myrian ao editá-los e arranjá-los.
Sua metodologia de ensino demonstra-se prática e concisa, o que pode ser
notado através de seu trabalho “Arpejos, acordes e tonalidades”. Myrian visava a
aprendizagem através da prática e prezava pelo domínio do conteúdo pelo aluno.
39
CONCLUSÃO
A vida e a produção literária e pedagógico-musical de Myrian Strambi fazem
parte da história de Ribeirão Preto e por isso sua metodologia, assim como seus
manuscritos não podem ficar esquecidos em seu arquivo pessoal.
Através deste estudo podemos concluir que Myrian Strambi atuou
intensamente em todas as áreas nas quais se dispôs a trabalhar: como professora
de música, memorialista e musicista.
Ao estudarmos sobre a história do Conservatório Musical de Ribeirão Preto e
da Faculdade de Música de Ribeirão Preto pudemos notar que esta cidade possui
uma tradição muito forte no ensino musical. Isso fica claro quando nos reportamos
às atividades do Conservatório Musical de Ribeirão Preto e à Escola Municipal da
Orquestra Sinfônica de Ribeirão Preto. Percebemos também aqui uma tradição em
formar professores de música, sendo que o Conservatório diplomava educadores
musicais e dele originou-se a primeira Faculdade de Música da cidade que existe até
os dias atuais, oferecendo o curso de Licenciatura Plena em Música. Com o estudo
sobre a história da Academia de Letras e Artes de Ribeirão Preto podemos também
perceber toda a tradição e potencial cultural e artístico da cidade.
Com a divulgação de suas obras notamos a produção intensa de Myrian
Strambi no campo musical e pedagógico: arranjos, composições, peças didáticas,
além de um método prático para o ensino de harmonia, provavelmente bem
avançado para a época. A característica de Myrian Strambi era o ensino prático.
Suas obras e seus métodos de ensino ainda podem ser analisados e
catalogados em trabalhos futuros.
Obras inéditas aqui divulgadas nos levam a concluir que este trabalho será de
grande contribuição para a pedagogia musical e também para a história da música.
Ainda há muito o que ser estudado em relação à obra literária, pedagógica e musical
de Myrian Strambi, sendo que este trabalho abre novas possibilidades de
investigação sobre o tema.
40
REFERÊNCIAS
GLASER, S; FONTERRADA, M. Ensaio a respeito do ensino centrado no aluno: uma possibilidade de aplicação no ensino de piano. Revista da ABEM, Porto Alegre, v. 15, p. 91-99, 2006. Disponível em <http://abemeducacaomusical.org.br/Masters/revista15/revista15_artigo9.pdf>. Acesso em 03 jun. 2013. ________________________. Músico-professor: uma questão complexa. Música Hodie, Goiânia, v. 7, p. 27-49, 2007. Disponível em <http://www.musicahodie.mus.br/7_1/musica_hodie_7_1_artigo_2.pdf>. Acesso em 03 jun. 2013; HADDAD, G. L. Orquestra Sinfônica de Ribeirão Preto: representações e significado social. 2009. 109 f. Dissertação (Mestrado em Música). Instituto de Artes, Universidade Estadual Paulista, São Paulo, 2009. LACERDA, O. Compêndio de Teoria Elementar da Música. São Paulo, Ricordi Brasileira S.A., 1961. MOLINARI, G. A. Belmácio Pousa Godinho. Vida e obra do compositor paulista. 2007. 193 f. Dissertação (Mestrado em Música). Escola de Comunicação e Artes, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007. MONTANS, G. A. Diva Tarlá de Carvalho. A imortal musicista de Ribeirão Preto. Monografia. Ribeirão Preto, 1984. SILVA, E. DE A. O despertar do músico para a educação musical: limitações e expectativas de sua atuação na sociedade. 2011. 156 f. Dissertação (Mestrado em Educação). Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2011. STRAMBI, M. DE S. Arpejos, acordes e tonalidades. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Música). Universidade de Ribeirão Preto, Ribeirão Preto, 1984. ________________. Supremo Adeus. Ribeirão Preto, 1984. Não publicado. _______________. 50 anos de Orquestra Sinfônica em Ribeirão Preto (1938-1988). Ribeirão Preto, Legis Summa, 1989. MATEIRO, T. Do tocar ao ensinar: o caminho da escolha. Opus, Goiânia, v 13, n. 2, p.175-196, 2007. Disponível em: <http://www.anppom.com.br/opus/data/issues /archive/13.2/files /OPUS_13_2_Mateiro.pdf>. Acesso em: 30 mai. 2013. SITES CONSULTADOS Academia de Letras e Artes de Ribeirão Preto, acesso em em 28 jun. 2013. www.alarp.com.br
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ARQUIVOS Arquivo Histórico da Orquestra Sinfônica de Ribeirão Preto Arquivo Histórico do Conservatório Musical da UNAERP Arquivo Pessoal de Myrian de Souza Strambi DOCUMENTOS Adendo ao Relatório de Verificação do Conservatório Musical de Ribeirão Preto para fins de reconhecimento. Processo 2975/64. Arquivo Histórico do Conservatório Musical da UNAERP. Sem código. Atestado de Idoneidade de Myrian Strambi expedido pela Associação de Ensino de Ribeirão Preto. Arquivo Histórico do Conservatório Musical da UNAERP. Sem código. Certidão do Serviço de Fiscalização Artística de Registro de Myrian Strambi. Arquivo Histórico do Conservatório Musical da UNAERP. Sem código. Certificado de Habilitação de Professora de Piano concedido a Myrian Strambi pela Ordem dos Músicos do Brasil. Arquivo Histórico do Conservatório Musical da UNAERP. Sem código. Certificado de Registro Definitivo de Professor de Educação Musical concedido a Myrian Strambi. Arquivo Histórico do Conservatório Musical da UNAERP. Sem código. Convite para apresentação musical informal dos alunos de violão da UNAERP. Arquivo Histórico do Conservatório Musical da UNAERP. Sem código. Curriculum Vitae – Myrian de Souza Strambi. Arquivo Histórico do Conservatório Musical da UNAERP. Sem código. Inaugurada a escola municipal de música. Jornal A Cidade, 10 de agosto/86. Arquivo Histórico da Orquestra Sinfônica de Ribeirão Preto. Jornal O Diário. Ribeirão Preto, 17 de janeiro de 1965. Arquivo Histórico do Conservatório Musical da UNAERP. Sem código. Jornal Projeto. Ribeirão Preto, 1ª quinzena de novembro/89. Arquivo Histórico do Conservatório Musical da UNAERP. Sem código. Memória da UNAERP – Faculdade de Música. Universidade de Ribeirão Preto, sem data. Sem código.
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Musicar homenageia Myrian Strambi. Jornal O Diário, 02 de setembro/90. Arquivo Histórico do Conservatório Musical da UNAERP. Sem código. Myrian Strambi vai receber homenagem da Orquestra Sinfônica. Jornal O Diário, 27 de junho/90. Arquivo Histórico da Orquestra Sinfônica de Ribeirão Preto. Ontem, a posse de Myrian Strambi na Alarp. Jornal O Diário, 10 de junho/83. Arquivo Histórico da Orquestra Sinfônica de Ribeirão Preto. Parecer nº 531/66 do processo 2975/64 sobre o Reconhecimento do Conservatório Musical de Ribeirão Preto. Arquivo Histórico do Conservatório Musical da UNAERP. Sem código. Programa de Apresentação dos Alunos da Faculdade de Música. Arquivo Histórico do Conservatório Musical da UNAERP. Sem código. Recorte de Jornal – Entrevista de Myrian Strambi. Arquivo Pessoal de Myrian Strambi. Relação do pessoal docente do Curso de Qualificação Profissional IV – Habilitação Plena em Música com Habilitação Afim em Instrumento - Piano. Arquivo Histórico do Conservatório Musical da UNAERP. Sem código.
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ANEXOS
TERMO DE AUTORIZAÇÃO
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TABELA DE CATALOGAÇÃO DE DOCUMENTOS
RELAÇÃO DE DOCUMENTOS DO ARQUIVO HISTÓRICO DO CONSERVATÓRIO MUSICAL DA UNAERP - MYRIAN DE SOUZA STRAMBI
Pasta Nome Tipo Data Conteúdo
Formação e Profissão
MS 008 Certificado 28/12/64 Certificado da Ordem dos Músicos do Brasil – Certificado de Habilitação - Título de Professora de Piano a Myrian Shisley de Souza Strambi filha de Moacyr de Souza e Idalina de Souza
Idem MS 039 MS 040 MS 041 MS 042 MS 043 MS 044
Carta de Parecer
30/09/66 Parecer do Ministério da Cultura sobre solicitação de reconhecimento federal dos cursos de música do Conservatório Musical de Ribeirão Preto. Solicitação de Fusão do Conservatório de Canto Orfeônico Villa-Lobos a ele anexado, que passaria a curso de Formação de Professor de Educação Musical – Myrian de Souza Strambi figura como parte do corpo docente do Conservatório, formada em Piano pelo próprio e atuando como professora de piano, inscrita na O.M.B.
Idem MS 009 Certidão 17/03/67 Certidão expedida pelo Serviço de Fiscalização Artística – Myrian Shysley de Souza Strambi está devidamente registrada no Serviço de Fiscalização Artística do Estado de São Paulo como Professor de Piano, Teoria e Solfejo, Harmonia Elementar, Análise Harmônica, História da Música, Pedagogia Musical, Orfeão, Aperfeiçoamento em Piano e Contraponto sob o nº 2.893.
Idem MS 047 CURRICULUM VITAE
23/12/1967 Datilografado em folha timbrada da Faculdade de Música de Ribeirão Preto situada à Rua Campos Sales, 676 – Títulos, Certificados e Atividades de Myrian Strambi na referida instituição.
Idem MS 037 Relação 10/10/70 Relação dos Professores que lecionam na Faculdade de Música de Ribeirão Preto e suas disciplinas: Myrian S. de Souza Strambi – leciona piano
Idem MS 010 MS 011
Certificado 20/11/75 Certificado de Registro Definitivo de Professor de Educação Musical a Myrian Shysley de Souza Strambi. Origem: Faculdade de Música de Ribeirão Preto, disciplina: Educação Musical, autorizado a lecionar em todo o território nacional em curso de nível fundamental e médio, sob o nº 9881, expedido pelo Ministério da Educação e Cultura e Instituto Villa-Lobos no Rio de Janeiro, estado da Guanabara.
Idem MS 012 Atestado Não consta Atestado de Idoneidade de Myrian Souza Strambi expedido pela Associação de Ensino de Ribeirão Preto. Nascida em 13 de junho de 1937 em Bebedouro – SP.
Idem MS 045 MS 046
Adendo Não consta Processo 2975/64
Adendo ao Relatório de Verificação do Conservatório Musical de RP para fins de reconhecimento – Corpo Docente: Myrian de Souza Strambi, diploma de piano expedido pelo CMRP em 1956 e
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registro na OMB sob inscrição nº 9.111
Idem MS 048 MS 049 MS 050 MS 051
Relação do Colégio Técnico Musical da AERP
Não consta Relação do pessoal docente – Curso Qualificação Profissional IV - Habilitação Plena em Música com Habilitação afim em Instrumento PIANO, ACORDEON e VIOLÃO – Myrian Strambi – Disciplinas: Piano, Música Popular e Folclórica, Estruturação Musical, História da Música e Noções de Estruturação Musical
Idem MS 105 MS 106 MS 107
Informações Não consta Dados sobre a autora encontrados na Monografia de Belmácio Pousa Godinho escrita pela mesma. Informações sobre sua formação profissional, cursos, certificados que possui e atividades profissionais.
Conservatório Musical
MS 013 Memória da Unaerp – Entrevista D. Laura Spanó Rosa
Não consta nenhum dado de entrevistador e nem data
Em 1955 – D. Laura Spanó Rosa era amiga de Myrian e a ajudou a entrar no Conservatório Musical de Ribeirão Preto ensinando-lhe um pouco de Harmonia para o exame de classificação no Piano e de Matérias Teóricas. Myrian prestou o exame e passou.
Idem MS 018 MS 019 MS 020 MS 021 MS 022
Memóri a da Unaerp –Faculdade de Música
Não consta nenhum dado.
História do Conservatório Musical de Ribeirão Preto e da Faculdade de Música da UNAERP.
Idem MS 064 MS 065 MS 066
Jornal PROJETO Publicado pela UNAERP
Novembro de 1989
Informações sobre o Conservatório e a Faculdade de Música da Unaerp.
Idem MS 086 a MS 094
Jornal O Diário 17/01/65 Informações sobre o Conservatório de Música de Ribeirão Preto.
OSRP e ALARP MS 098 Jornal A Cidade 04/07/84 Reportagem: Sociedade Lítero-Musical recruta jovens para sua escolinha de Música
Idem MS 100 MS 101 MS 102
Jornais diversos 1986 Reportagem: Inauguração da Escola Municipal de Música da OSRP
Idem MS 103 Jornal O Diário’ 10/06/83 Reportagem: Posse de Myrian Strambi na ALARP
Programas de Apresentações e Convites de Formatura
MS 006 Relatório 17/10/88 Relatório de Myrian Strambi como coordenadora do Curso de Música da UNAERP, sobre apresentação musical no Educandário Coronel Quito Junqueira
Idem MS 007 Relatório 17/10/88 Relatório de Myrian Strambi como coordenadora do Curso de Música da UNAERP, sobre apresentação musical no Teatro de Arena
Idem MS 032 Programa 07 de junho (não consta o ano)
Programa da Apresentação dos alunos de Graduação em Instrumento e Licenciatura em Música da UNAERP, no Teatro Bassano Vaccarini. Myrian Strambi está como responsável pela classe de Música de Câmara.
Idem MS 034 Programa 28/11/88 Programa da Apresentação do Curso Técnico da UNAERP no Auditório do SESC. Myrian Strambi no corpo docente.
Idem MS 052 Programa 22/11/88 Programa de Apresentação dos alunos
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MS 053 da Licenciatura em Música e Graduação em Instrumento no Bloco H da UNAERP sob orientação da Prof. Jacqueline Heylen. Foram executadas três compostas por Myrian Strambi: Forte Piano, Allegreto e Ostinato
Idem MS 054 Recorte de Jornal
Nada Consta Recorte de Jornal sobre Recital de Antonio Bezzan na UNAERP.
Idem MS 059 Programa 24/06/1985 Programa de Apresentação do Colégio Tecnológico da AERP – Myrian Strambi como parte do corpo docente.
Idem MS 061 Programa 11/05/83 Apresentação do Colégio Técnico Musical da AERP – Aluna de Myrian Strambi executa peça chamada Contentamento de Belmácio Pousa Godinho
Idem MS 067 a MS 070
Jornal da Criança – UNAERP
Outubro de 88 Jornal sobre apresentação do Dia das Crianças, com participação do Curso de Música da UNAERP
Idem MS 071 a MS 074
Programa 21/10/83 Programa da Apresentação dos Alunos de Curso Básico de Música – Aluno Gustavo Molinari tocou a composição “Pingos de Chuva” de Myrian Strambi
Falecimento e Homenagens
MS 002 Recorte de Jornal A Cidade
02/09/90 Musicar homenageia Myrian Strambi
Idem MS 003 Recorte do Jornal O Diário
02/09/90 Musicar homenageia Myrian Strambi
Idem MS 004 Recorte Jornal de Ribeirão
1 a 07/09/90 Musicar homenageia Myrian Strambi
Idem MS 005 Fotocópia de Recorte de Jornal – Jornal de Ribeirão
10/09/90 Musicar recomeça com homenagem póstuma
Idem MS 104 Recorte – Jornal O Diário
27/06/90 Myrian Strambi vai receber homenagem da Orquestra Sinfônica
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PARTITURAS – COMPOSIÇÕES, ARRANJOS E MÉTODOS
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Método
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