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N3E Magazine - 4ª Edição

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Mais um ano, e mais uma N3E-Magazine “nas bancas”. Nesta 4ª edição decidimos alterar por completo o design das anteriores edições, pretendendo com esta alteração alcançar o sucesso conseguido pelas mesmas. Com uma equipa renovada, novas ideias e muita ambição, continuámos este projecto do qual es-tamos muito orgulhosos.

O empenho e dedicação desta equipa reflecte-se na alta qua-lidade de artigos que apresentamos nesta edição. Como não podia deixar de ser, proporcionamos aos nossos fiéis leitores um pequeno sumário das actividades que o N3E organizou ao longo do ano lectivo de 2012/2013.

Para além do design renovado, decidimos introduzir uma nova secção na revista dedicada ao N3E Robotics, um projecto ambi-cioso iniciado pelos alunos de Electrónica.

Em todas as edições temos por hábito focar o curso de Elec-trónica, não só sobre a sua Licenciatura como também sobre o Mestrado. Posto isto, nesta edição decidimos fazer um parale-lismo das diferenças entre o curso de LEE/MEE e MEEC. Ainda englobando o curso de Electrónica pedimos também o teste-munho de ex-alunos para nos falarem um pouco do mercado de trabalho em que estão inseridos.

Como o curso em si é muito prático, não podíamos deixar de abordar os projectos desenvolvidos pelos alunos em diversas

disciplinas leccionadas ao longo do curso. Para finalizar este segmento, decidimos inserir um artigo sobre algumas maté-rias abordadas nas cadeiras de matemática e física com aplica-ções directas na Electrónica.

Porque somos uma revista que aborda diversos temas, para além dos mencionados anteriormente, decidimos dar a conhe-cer um dos professores que está directamente relacionado com o nosso curso. E porque o bom estado do material elec-trónico é uma peça fundamental no nosso curso, decidimos ainda acompanhar o dia-a-dia do responsável pelo mesmo.

Para além destes temas, resolvemos introduzir um artigo de opinião sobre as mulheres na Engenharia. Como já é habitual, fazemos referência a grupos de alunos associados ao Instituto Superior Técnico: GasTagus e Forúm Mecânica.

Uma vez que que esta revista é de distribuição gratuita e tem um público-alvo muito diversificado, sugerimos um pequeno exercício didático que todos podem praticar e elaborar, na sec-ção Do It Yourself. Por fim e como é de histórias que se fazem as revistas, decidimos voltar atrás no tempo e integrar nesta edição um artigo sobre a origem da Electrónica.

Em suma, gostaríamos que os nossos leitores usufruíssem ao máximo dos excelentes conteúdos presentes nesta edição da N3E Magazine.

Uma Nova CaraTexto Margarida Alberto

Ficha técnicaTítulo: N3E Magazine | Edição: Número 4 - 2013 | Direcção Editorial: Ana Margarida Alberto | Equipa de Redacção: Ana Filipa Almei-da, Ana Margarida Alberto, Ana Sofia Almeida, Francisco Varandas de Sousa, Pedro Alves e Tiago Barra | Design: Francisco Varan-das de Sousa | Colaboração: Ana Margarida Alberto, Prof.ª Ana Moura Santos, André Leitão, André Lopes, Prof. António Ferraz, Prof. Carlos Fernandes, César Gaspar, Cláudia Furtado, Diogo Aguiam, Fábio Barroso, Francisco Varandas de Sousa, Hugo Silva, Prof. João Pedro Boavida, Prof. João F. Fernandes, Luís Magalhães, Eng. Luís Vicente, Miguel Neto, Pedro Alves, Pedro Marques, Pedro Pinto, Pedro Santos, Ruben Afonso, Rúben Capitão, Prof. Rui Rocha, Sofia Ferreira, Sofia Ponte, Tiago Barra, Vera Lopes e Wellington de Souza | Apoios: InnovationMakers, Delta Cafés e Edaetech | Tiragem: 500 | Periodicidade: Anual | Propriedade: Núcleo de Estudantes de Engenharia Electrónica do Instituto Superior Técnico; Instituto Superior Técnico - Campus do Taguspark (Sala 1.20), Av. Prof. Dr. Cavaco Silva, 2744-016 Porto Salvo, Oeiras, Portugal; [email protected]; http://n3e.tecnico.pt | ISSN: 1647-5151 | Depósito legal: 326658/11 | Impressão e acabamento: SIG - Soc. Ind. Gráfica, Lda | Distribuição gratuita | Publi-cação ao abrigo do antigo acordo ortográfico | Fotografias da SET gentilmente cedidas pelo GFIST - Grupo de Fotografia do IST

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Sumário

Um novo rumo, uma nova imagem

Foi em meados do mês de Maio de 2013 que eu e o Tiago Barra (actual Vice-Presidente) constatámos o facto de que no N3E era desenvolvido muito trabalho de qualidade mas que possuía muito pouca projecção para os alunos, docentes e funcionários do nosso instituto.

Assim sendo, o desafio era complexo: era preciso elevar as metas do nosso núcleo de estudantes e partir para novos objectivos, sempre acompanhados de uma forte divulgação para que os nossos sócios pudessem acompanhar e partici-par no trabalho desenvolvido.

Durante as semanas que se seguiram, procurámos os me-lhores, quisemos construir uma equipa capaz e multi-disci-plinar que estivesse à altura desses ambiciosos objectivos.

E tudo se desenrolou...

Hoje, posso afirmar convictamente que reunimos a equipa mais fantástica e dedicada, que cresceu e evoluiu e que aci-ma de tudo tem orgulho em vestir a camisola do N3E e em manter os fortes valores que caracterizam este núcleo de estudantes desde a sua fundação.

É com orgulho que constato que, graças a toda a equipa, os objectivos propostos foram cumpridos e que o N3E é hoje um núcleo de referência no Instituto Superior Técnico.

Deixo um profundo agradecimento a todos os que fize-ram parte deste sonho e despeço-me com o desejo de ver este núcleo crescer e continuar a espalhar o selo de qualidade N3E.

Francisco Varandas de SousaPresidente 2013/2014

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N3E

Actividades N3E

N3E Robotics

LEE/MEE

O Curso

Mercado de Trabalho

Projectos de Curso

Aplicações na

Electrónica

TÉCNICO

Entrevista

Artigo Informal

Artigo de Opinião

Grupos do Técnico

Do It Yourself

Secção Cultural

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Actividades N3EXVII Edição Arraial do CaloiroTexto André Lopes

O Arraial do Técnico teve provavelmente em 2013 a melhor edição de todos os tempos e, como não poderia deixar de ser, o N3E esteve mais uma vez presente. Depois do êxito obtido na edição anterior, o N3E e a CP-Taguspark voltaram a ser parceiros com o objetivo de proporcionar ainda mais diversão, bons momentos e elevar ainda mais o nome que já é reconhecido por grande parte dos estudantes que vêm ao arraial, a “Tasca do Tagus”. O Arraial tem vindo a provar ao longo dos anos que é uma das melhores festas universitá-rias em Portugal e um dos indicadores é o aumento de par-ticipantes de ano para ano, assim como o cartaz que a cada ano que passa traz mais nomes cotados internacionalmente.O cartaz deste ano foi talvez o melhor que este arraial já viu. A organização voltou a inovar, tendo diversificados estilos desde o rock à música eletrónica, passando pela música popular por-tuguesa e pelas tradicionais atuações das tunas do técnico. Por outro lado, a organização investiu também na qualidade, tra-zendo bandas e artistas de renome como foi o caso de DoctorP e Netsky (música eletrónica), que são bastan-

te requisitados internacionalmente, os Tara Perdi-da e até mesmo na música popular portuguesa a organização presenteou-nos com uma das mais bem suce-didas artistas portuguesas neste tipo de música, a Rosinha.Como não poderia deixar de ser, a “Tasca do Tagus” voltou a proporcionar bons momentos de diversão, boa disposição e de festa não só a todos os alunos do Taguspark como a todos os que se juntaram a nós porque afinal é esse o espírito do arraial, descontrairmos e convivermos em festa. Como não poderia deixar de ser, durante o arraial a nossa tasca não deixou nin-guém ter sede e para isso lançou vários concursos conhecidos, como por exemplo, “O Balde”.O Arraial do técnico é cada vez mais um local onde se trans-mitem culturas e ideias e mais uma vez foi um prazer estar presente nesta grande festa universitária.

Artigo escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico da língua portuguesa

Jantar de Engenharia ElectrónicaCelebração dos 10 anos de cursoTexto Miguel Neto

O N3E organizou um jantar de Engenharia Eletrónica para cele-brar os seus 10 anos de existência. O jantar foi realizado no res-taurante Cinderela no dia 29 de Novembro de 2013 e a adesão superou as expectativas!

Compareceram cerca de 92 pessoas ao jantar, incluindo alu-nos de licenciatura, mestrado, alumni e professores. No jantar, foi possível o diálogo entre alunos de Engenharia Eletrónica e alumni, assim como o reencontro entre alumni e os seus anti-gos professores.

A boa disposição reinou, num jantar em que todos os que com-pareceram não tiveram as suas expectativas defraudadas.

Artigo escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico da língua portuguesa

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3EActividades N3ETorneio de BasquetebolTexto Cláudia Futado

O sedentarismo é uma doença que atinge cada vez mais pes-soas no mundo, afectando desta feita em maior número os alunos do IST Taguspark que por razões de sucesso escolar passam diariamente muitas horas a trabalhar ao computador, descurando de um estilo de vida saudável. O N3E juntamente com o NAPE no âmbito da promoção do bem estar, saúde e da integração dos alunos do IST na comunidade académica da ins-tituição, realizaram um torneio de basquetebol, nas instalações desportivas do IST Taguspark no passado dia 31 de Outubro de 2013.

O dia começou cedo para a equipa do N3E, preparando todo o espaço desportivo para receber os seus atletas às 14h do referido dia. Começaram a aparecer os primeiros curiosos, as

equipas já formadas mostraram grande en-tusiasmo e sede de vi-tória; toda a atmosfera era definida pelo com-panheirismo e boa dis-posição que tornaram este evento memorá-vel. Jogo após jogo, o fado ia sendo traçado e das 5 equipas iniciais foi a Dream Team que alcançou o primeiro lu-gar. Os seus 5 elemen-tos, André Machado, David Lameiras, João Santos, Pedro Pina e Tiago Rebelo foram premiados com cheques prenda Fnac.

O capitão de equipa João Santos referiu-se à organização do evento como “profissional” acrescentando ainda que a “organi-zação revelou empenho e vontade para manter o campeonato organizado (...) mas ao mesmo tempo amigável e divertido, fazendo com que fosse um tempo bem passado a jogar.” Ques-tionámo-lo em relação à importância deste tipo de iniciativas ao qual ele respondeu positivamente. ”Acho bastante impor-tante existirem eventos destes, pois promove a integração dos caloiros. A obrigatoriedade de cada equipa ter no mínimo um caloiro fez com que existisse uma maior aproximação entre os alunos mais velhos e os mais novos (...).”

Torneio de FutsalTexto Pedro Alves

Todos sabemos a importância do desporto na vida e os seus benefícios. O desporto melhora a qualidade de vida, reduz o ris-co de desenvolvimento de doenças e aumenta a esperança mé-dia de vida, beneficiando, portanto, a saúde. Mas para além dos benefícios físicos, há outros, como o convívio e a diversão, pois este deve ser um exercício de descontracção e divertimento.

Sendo o futebol o “desporto rei” em Portugal, nada melhor do que um jogo por semana para aliviar o stress acumulado no dia--a-dia como estudantes do IST. No entanto, a prática de despor-to deveria ser mais regular (não só o futebol), mas o tempo de que os alunos do Técnico dispõem é limitado, sempre escasso.

Para além da prática de desporto (neste caso o futsal), o con-

vívio e as novas amizades (entre LEE, MEE e outros cursos) nascem de um simples jogo, de uns simples “toques de bola”. É bastante importante que se façam novas amizades mas tam-bém consolidar as que já existem, tendo em conta que o futsal requer bastante entreajuda, sendo um jogo em equipa.

No final do ano passado, deu-se o apogeu dos jogos de futsal e daí resultou o torneio de futsal do N3E em conjunto com o NAPE. O torneio correu muito bem e, faça-se justiça, a melhor equipa ganhou, havendo prémios para os finalistas, claro!

A verdade é que devemos con-tinuar com estas boas práticas desportivas e sociais. Este ano lectivo, os jogos continuam e a diversão não pára em cada jogo ocorrendo festejos em cada golo. Esperemos que os jogos de fut-sal sejam um sucesso (como es-tão a ser) e o desporto nas nos-sas vidas seja uma rotina e não um assunto fechado a 7 chaves.

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“A cereja no topo do bolo foi ter ganho o concurso e ter recebido como pré-

mio um Arduino UNO, uma breadboard e dois servos (uma máquina que gira

segundo um sinal de controlo)!”diz Miguel Neto, um dos vencedores do concurso.

Concurso Arduino - Pan & TiltTexto Ruben Afonso

O concurso teve como objectivo a criação de um Pan & Tilt, isto é, um sistema que possibilita rodar um objecto horizontal e verticalmente. Contudo, associado a um laser permite criar um sistema de projecção. O seu controlo foi baseado na plata-forma de desenvolvimento Arduino UNO. Este decorreu duran-te o 2º Semestre do ano lectivo 2012-2013 no IST Taguspark e foi dirigido aos novos alunos da Licenciatura em Engenharia Electrónica (LEE), contando com a colaboração do NAPE. A apresentação do resultado final foi aberta ao público e cada elemento da equipa vencedora recebeu um kit completo seme-lhante ao utilizado.A nível pessoal creio que mais importante que o resultado final foi a natureza académica do projecto. Sendo o primeiro ano o que possui uma componente teórica mais elevada, este con-curso possibilitou o contacto com a realidade e marcou o mé-todo de trabalho em todos os participantes. Sem dúvida um projecto estimulante que serviu para aproveitar as capacida-des de trabalho em equipa e a criatividade.Foi uma actividade com enorme reconhecimento e valorizada pedagogicamente por vários professores. O balanço final não podia deixar de ser positivo, pelo que foi acordada a continua-ção do mesmo no presente ano lectivo.

Ciência-VivaTexto César Gaspar

O Ciência-Viva consiste num programa de verão para os alunos do ensino secundário, que vêm passar uma semana nas ins-talações da universidade e onde realizam diversas actividades laboratoriais, desde experiências de física, química, electrónica e informática. Aliado ao mundo da electrónica existe parale-lamente o mundo da programação que permite construir um ambiente electrizante de sistemas autónomos. Contudo, dar os primeiros passos na área da electrónica e programação requer alguma sensibilidade e força de vontade.Foi com base nesta dificuldade que o N3E decidiu elevar o grau de exigência e aumentar o número de tarefas, tendo para isso, feito uso de ferramentas didáticas e um constante acompanha-mento no decorrer das actividades. Estas permitiram a conclu-são das mesmas com enorme sucesso. O maior desafio colocado aos alunos foi o SUBA, que é um sis-tema de ensino e de experimentação de sistemas mecânicos e electrónicos, baseado num mini-modelo do carro de ralis. Para controlo do SUBA os alunos usaram uma placa de programa-ção Arduino UNO, que permite ligar diversos periféricos digitais ou analógicos e fazer o respectivo tratamento de dados. Ou seja, os alunos tiveram de criar um programa para controlar o SUBA, para este seguir a linha de uma pista e tornar o carro autónomo a fazer o percurso. Houve tempo para alguns alunos controlarem as luzes do carro e criarem música a ser reprodu-zida pelo mesmo.Para a programação do Arduino foi usado um programa para iniciação à programação de microcontroladores, o MiniBloq. O ambiente de programação do Minibloq é constituído por uma interface de ligação ao computador muito intuitiva. Esta é feita com recurso a blocos que contêm partes de código em lingua-

gem C. Desta forma os alunos ficam afastados de qualquer contacto com a linguagem C, mas adquirem e desenvolvem a capacidade de programação lógica neste tipo de trabalhos. Sem grandes dificuldades todos conseguiram passo a passo completar os desafios que lhes foram sendo propostos. No fi-nal todos os grupos, com muita ou pouca afinação, exibiram o seu carro a completar o circuito da pista.O enorme sucesso deve-se à utilização de um ambiente gráfico próprio e ferramentas ideais para alunos com baixo nível de co-nhecimento nesta área. Com certeza que estes alunos ficaram com uma ideia “animadora” das potencialidades da electrónica e da programação.Também inserido no Ciência-Viva mas para um grupo diferente de alunos, foi criado um kit de experiências que se iniciou com montagens simples de electrónica na breadboard, seguindo-se para montagens um pouco mais complexas e que envolvem controlo por parte de um microcontrolador, o Arduino UNO, sendo este programado no ambiente gráfico de programação Minibloq. Depois de serem feitas montagens essenciais ao bom conhecimento da plataforma de programação, foi colocado

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3Eaos alunos, o desafio de controlarem uma casa domótica, ou seja, cada grupo de alunos tinha uma maquete de uma fachada de uma casa, com leds e servo-motores, que simulam luzes e portas de uma habitação. Depois do controlo digital estar feito, foi usado um módulo Bluetooth para criar uma ligação de con-trolo remoto dos periféricos da casa. Este controlo é feito por uma aplicação em Android disponível na loja online.Esta experiência por Bluetooth limitou-se ao controlo das luzes e da porta, no entanto seria possível incorporar o controlo de outros componentes, como ventoinhas, buzzers, ventoinhas que simulam aerogeradores, sensores de luz e alarmes res-pectivamente.

Verão na TécnicaTexto César Gaspar

No passado mês de Julho, o N3E acolheu cerca de 260 alunos com o objectivo de os ajudar a completar com sucesso uma ex-periência na área da electrónica. Para a maioria destes alunos este foi o primeiro contacto com o mundo da electrónica e tal foi possível graças ao programa Verão na Técnica.A experiência consistiu na montagem do AMRadio, um kit de desenvolvimento criado especificamente para este programa, suportado pela AMRAD. Este kit consiste num módulo de rá-dio constituído por um amplificador de áudio, uma antena e um sintonizador. O desafio proposto aos alunos começou por construírem um módulo do amplificador de áudio, soldando os diversos componentes numa PCB - placa de circuito impres-so. Esta fase foi auxiliada com uma apresentação que conti-nha as regras e técnicas básicas de soldadura de componentes electrónicos, assim como a sequência e locais correctos dos componentes a serem soldados. A PCB foi projectada com al-guns cuidados, para diminuir a dificuldade de soldadura para iniciantes. Após verificar a inexistência de erros de soldadura e componentes errados, foi feita a ligação deste módulo ao mó-dulo que continha a antena e o sintonizador. Por fim, os alunos ajustaram o sintonizador de modo a captarem duas estações de rádio modeladas em AM dentro do laboratório.Nesta actividade foram valorizadas e trabalhadas as compe-tências de soldadura de componentes electrónicos e a aprendi-zagem dos princípios básicos das radiocomunicações.

SETTexto Tiago Barra

A Semana de Empreendedorismo e Tecnologia que ocorreu de 3 a 7 de Março de 2013 contou com a colaboração de todos os núcleos sediados no pólo do Taguspark. Durante uma semana ocorreram palestras, sessões de esclarecimento e workshops de empresas de todo o ramo de acção. Nesta edição, o N3E convidou empresas de renome nacional e internacional para apresentarem aos nossos alunos os seus projectos e com isso transmitirem um pouco da sua experiência a nível de mercado. Contámos com a presença da Nokia Siemens, da Synopsis e da Glintt.

Com vista à inovação, o N3E realizou um Workshop de Impres-são 3D, onde os presentes puderam perceber como funcionam as diferentes máquinas de impressão tridimensional assim como os diferentes tipos de impressão e os materiais que as caracterizam. Esta iniciativa foi feita em colaboração com o AltLab Lisboa, e a apresentação ficou a cargo de Mauricio Mar-tins e Ferdinand Meier.

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N3E SATU Oeiras

Texto André Lopes No passado dia 17 de Outubro de 2013 o N3E realizou uma das muitas atividades que tem pensadas e planeadas para o pre-sente ano letivo. Esta atividade foi, nada mais nada menos, que uma visita de estudo ao projeto ambicioso, mas ainda inacaba-do, de transporte de passa-geiros, o SATU. Esta atividade contou com 20 alunos, maiori-tariamente de eletrónica, e de todos os anos, inclusive alunos de mestrado.A visita iniciou-se numa das es-tações terminais, a estação si-tuada no Oeiras Parque. Nesta estação conhecemos um dos principais responsáveis pelo de-senvolvimento deste projeto, o Eng. Luís Vicente. Nesta primei-ra fase da visita foi-nos dada uma breve introdução ao siste-ma de compra de bilhetes e ao próprio sistema de transporte. Dada esta introdução, estávamos preparados para ver por nós próprios qual a sensação de andar neste transporte inovador que funciona sem a presença de qualquer piloto a bordo. Esta viagem teve como destino a outra estação terminal, a estação Navegantes (Paço de Arcos). Nesta estação encontra-se a base do SATU que iríamos conhecer e ficar a saber como é que, de facto funciona todo o mecanismo deste transporte.

A primeira sala que visitámos foi a sala de controlo, sala que é designada por quem trabalha todos os dias nestas instala-ções como os “olhos” do sistema. Nesta sala é recebida toda a informação em tempo real das carruagens e onde os ope-radores que nela trabalham todos os dias podem intervir nas mesmas sempre que for necessário. Conhecida esta sala com algum pormenor dirigimo-nos à sala onde é processada toda a informação recolhida, a sala dos autómatos, designada como

o “cérebro” do sistema. Faltava-nos agora ver o que realmente “bombeava” as carruagens entre os “vasos” do sistema, usan-do um pouco a analogia feita pelos operadores do SATU. Fomos então conhecer o “coração” do sistema, a sala das máquinas. Nesta sala é onde toda a informação recolhida e processada é

de certa maneira transformada em força física, fazendo mover as carruagens através de um sistema de cabos, roldanas e motores. Depois de conhecido todo o corpo deste sistema, fo-mos visitar a sala onde se faz a manutenção das carruagens para preservar o bom funciona-mento e prevenir qualquer falha no transporte. Esta manuten-ção é feita diariamente. Assim acabava a nossa visita ao SATU, faltava-nos apenas apanhar a próxima carruagem em direção

ao ponto de partida, a estação do Oeiras Parque. Diga-se de passagem que a espera foi bastante reduzida devido à grande frequência de viagens do SATU.

No final desta visita de estudo existem bastantes pontos posi-tivos a retirar, desde já a afluência considerável de alunos do nosso curso, o bom ambiente e vontade de aprender durante toda a visita, os conhecimentos que retirámos da mesma e a motivação por parte dos estudantes em mostrar e desenvol-ver as suas capacidades criando e desenvolvendo projetos do calibre do SATU, que apenas tem 10 % do projeto desenvolvido mas que já tem aprovada a construção de uma nova fase de expansão da linha.Por fim, e não menos importante, gostaríamos de agradecer ao Eng. Luís Vicente e a toda a equipa do SATU pela disponibilidade e oportunidade que nos deram de conhecer este projeto. Dese-jos de um bom trabalho e que tudo corra da melhor maneira.

Artigo escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico da língua portuguesa

Workshop Impressoras 3DTexto Francisco Varandas

Foi na SET (Semana do Empreendorismo e Tecnologia) de 2013 que foi proposto ao N3E a realização de inúmeras palestras e workshops. Numa semana onde a tecnologia e o empreen-dorismo foram as palavras de ordem, decidimos realizar um workshop acerca desse tema tão actual, as Impressoras 3D.Tema escolhido e estava na altura de convidar os oradores. Contactámos o AltLab – Lisbon’s Hackerspace que aceitou apresentar o workshop e que ainda nos cedeu uma das suas impressoras 3D (RepRap), para demonstração nos dias que antecederam o workshop. Se a demonstração que antecedeu

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3Eo workshop teve sucesso, mais bem-sucedida foi a apresenta-ção, onde os oradores Mauricio Martins e Ferdinand Meier (am-bos membros do AltLab) fizeram uma exibição notável. Apare-ceram muitos interessados e curiosos entre docentes, alunos e empresários. Toda a audiência vibrou e acompanhou com en-tusiasmo a apresentação, que culminou numa demonstração prática, onde pudemos assistir à impressão de algumas peças 3D que o público pôde levar como recordação. No final, orado-res e participantes ainda estiveram à conversa onde trocaram ideias e explicações mais específicas aproveitando o ambiente informal em que se encontravam.Em jeito de conclusão, posso afirmar que o workshop me per-mitiu perceber melhor as várias técnicas de impressão 3D e en-trar melhor neste tema tão vasto e fascinante. Outra das mais--valias, foi o contacto directo com uma impressora 3D, onde pudemos observar a facilidade da impressão de modelos 3D.

Workshop de Raspberry PiTexto César Gaspar

Com a evolução da electrónica aliada ao decréscimo do preço dos componentes electrónicos, actualmente é possível fazer verdadeiros computadores a baixo preço e de reduzidas dimen-sões. Foi com estes argumentos que a Fundação Raspberry Pi, sediada no Reino Unido, criou um computador do tamanho de um cartão de crédito, o Raspberry Pi - Rpi.À venda desde 2012, este minúsculo e poderoso computador, custa entre 35€ e 42€, modelo A e modelo B respectivamente.Desde então milhares de projectos têm surgido, como por exemplo, tornar o Rpi um media-center para televisões, um pequeno servidor de dados online, aplicações na domótica, Rpi como controlador de robots, etc.Desta forma o interesse por este equipamento cresceu muito desde então, pelo que o N3E considerou oportuno organizar um workshop que disponibilizasse às pessoas um conjunto de conhecimentos para darem os primeiros passos com este equipamento e fazerem os primeiros projectos, nomeadamen-te na criação de aplicações na área da Internet of Thinks. Este workshop decorreu no passado dia 29 de Novembro de 2013, com inscrição limitada a 15 pessoas por sessão e não faltaram interessados vindos de diversas áreas.O workshop teve o seguinte programa: história do Rpi, exem-plos de projectos, overview do hardware, introdução à progra-mação em Linux, anatomia de um daemon, I/O de baixo nível, projecto práctico - sensor de temperatura/luz.O tempo foi curto e no final todos os participante queriam co-locar em prática mais um projecto, muitos deles já traziam de casa o projecto que desejariam fazer com o Rpi, mas com cer-teza que saíram desta sessão com os conhecimentos necessá-rios para os concretizarem em casa.Com o tempo, o N3E prevê organizar um segundo workshop para aqueles que não puderam participar no primeiro.

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Robot@Factory

Texto César Gaspar

Este projecto ditou a criação do N3E Robotics em 2011, concretamente este foi o projecto piloto que reuniu um conjunto de alunos de Engenharia Electrónica com a ambição de criarem um robot de raíz e levá-lo a uma

competição. Estes foram os ingredientes que fizeram com que o projecto tivesse um grande sucesso logo na primeira vez que participámos, alcançando o 2º lugar, e que o grande grupo de robótica tenha crescido desde então.

O Robot@Factory é um robot que simula um transportador de paletes numa fábrica. Ele tem a capacidade de se orientar so-zinho numa pista, que simula uma unidade fabril, e transportar paletes dos armazéns para as máquinas de processamento e dessas máquinas para o stock final. O robot recolhe, identifi-

ca, transporta e entrega as paletes nos locais correctos. Neste projecto são desenvolvidas e postas em práctica as capacida-des de programação de microcontroladores, criação de circui-tos electrónicos básicos e sistemas embebidos.

Actualmente estamos a desenvolver a 3ª geração deste robot que terá melhorias muito significativas face aos anteriores, que prometem dar-lhe um melhor desempenho e posteriormente um melhor resultado final. Estaremos presentes na próxima edição do Festival de Robótica a participar com este robot.

É um projecto desafiante na medida em que se tem de ter em atenção a estrutura do robot e o seu comportamento em pista. A parte mais desafiante é a criação de um algoritmo de mapea-mento para o robot se conseguir movimentar sozinho em pista.

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Micro-Rato

Texto Francisco Varandas e Rúben Capitão

Foi no dia 15 de Abril de 2013, exactamente um mês an-tes da desafiante competição, que três alunos de En-genharia Electrónica decidiram participar no concurso Micro-Rato na Universidade de Aveiro, por convite do

IEEE-IST Student Branch.

O nosso desafio era construir um robot totalmente autónomo, de raíz, que fosse capaz de solucionar um labirinto em busca de um farol e retornar ao local de partida.

Apesar do reduzido tempo de construção e programação do robot, conseguimos construir “O Ratão” com sucesso e levá-lo à Universidade de Aveiro. No entanto, iniciada a competição, o nosso robot não se comportou como o esperado.

Um dos sensores de obstáculos avariou-se com a longa via-gem. Assolados com esta desventura, fomos forçados a desis-tir da competição, mas trouxemos para casa muita experiência e novas ideias para o próximo ano, no qual esperamos voltar a competir.

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LEE/MEE : As DiferençasA Engenharia Electrónica foi criada pelo IST sob proposta do DEEC aprovada por mais de 140 docentes há mais de uma década. O curso de Engenharia Electrónica com a designação de Licenciatura em Engenha-ria Electrónica (LEE) funcionou pela 1ª vez em 2003 no IST Ta-guspark em Oeiras. Foi objecti-vo fundamental criar um curso mais aplicado neste domínio e com uma ligação mais estreita com o mundo empresarial, o que justificou a sua localização.

A Engenharia Electrónica é por essência uma área transversal à maior parte das engenharias, uma vez que todas estas recor-rem cada vez mais a sistemas electrónicos sofisticados. Uma forte formação interdiscipli-nar torna-se, portanto, um dos seus objetivos principais.

LEEA Licenciatura em Engenharia Electrónica (LEE) é um curso de 1º ciclo (180 ECTS) distribuído por 6 semestres. Sumariamen-te, o plano de estudos da LEE (DR, 2º série-Nº 210 de 30 de Outubro de 2012) é constituído por 31 unidades curriculares, das quais 10 são de Ciências Básicas de Engenharia, que funcionam nos 4 primeiros semestres, 4 são de Compe-tências Transversais e 17 são das Ciências de Engenharia Electrotécnica e de Compu-tadores. Com este plano de estudos permite-se que os alunos adquiram: •Uma formação de base

forte nas áreas da Mate-mática (6) e Física (3); •Competências na área da

Química(1);•Competências transver-

sais (4);•Uma formação básica

forte na área de Electro-tecnia e de Computado-res;•Competências aprofunda-

das em electrotecnia em áreas científicas distintas como Energia (1), Teleco-municações (2), Decisão e

Controlo (2), Computadores (6) e, obviamente, Electróni-ca (6).

num total de 31 UCs obrigató-rias. Importa realçar que deste modo todos os alunos da LEE terão obrigatoriamente o mes-mo percurso académico, permi-tindo dizer que este ciclo de es-tudos (CE) garante à saída que o aluno tenha uma formação de espectro largo. Essa for-mação garante uma pre-paração adequada dos alunos numa engenha-ria de produtos, quer em software, quer em hardware, e não numa engenharia de servi-ços, o que permite a inserção do futu-ro engenheiro num mercado de trabalho que, embora exigente, não é fortemente especializado.

MEEO CE MEE é um mestrado não integrado (2º ciclo) (120 ECTS) distribuído por 4 semestres. Como vectores principais deste CE são de realçar:

1. A existência de uma espi-nha dorsal, no sentido que o curso cobre as áreas mais

importantes de um Cur-so de Electrónica ou

onde uma área tão transversal como a electrónica pode actuar. As-segura-se uma dada flexibilida-de, obviamente balizada pelos recursos do-

centes, varian-do de ano para

ano uma oferta racional de opções,

no sentido de manter

uma coerência ou fio condu-tor no ciclo de estudos ;

2. O facto de ser o único CE do IST que oferece uma UC obrigatória de Sistemas Em-bebidos;

3. O facto de os alunos adqui-rirem uma formação obriga-tória e bem estruturada em diversas áreas que julgamos ser fundamentais, ou seja, com um amplo espectro de aplicações, onde se realçam:•A formação na área dos

conversores electrónicos de potência e alta frequên-cia (CEPAF);•A formação geral na área

da aquisição e processa-mento digital de sinais, em particular na sua aplicação às comunicações (SPDS);•A familiarização com sis-

temas embebidos de tem-po-real, incluindo aspetos relacionados com a sua especificação, desenvolvi-mento e teste (Sistemas Embebidos);•A familiarização com os

distintos aspectos elec-trónicos presentes na inte-gração de sistemas (SEI);•O desenvolvimento de

competências na análise e projecto de circuitos elec-trónicos e microelectróni-cos para processamento de sinal e para telecomuni-cações, incluindo circuitos de radiofrequência (Siste-mas de Telecomunicações);•O desenvolvimento de

competências na organiza-ção e apresentação de um tema, criando uma página no Google Sites em por-tuguês e inglês associada a aspetos gerais ou parti-culares de um projecto na área da Electrónica.

Adicionalmente são ofere-cidas opções que incidem sobre aspectos igualmente importantes, tais como:

•Soldadura, Fabrico (Pro-cessos de Fabrico); •Microelectrónica e con-

versão AD/DA (Sistemas Integrados Analógicos, Electrónica das Micro-on-das);

Texto Prof. Carlos Fernandes

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N3E Magazine 13

O C

ursoLEE/MEE : As Diferenças•Optoelectrónica (Optoelec-

trónica Aplicada);•Electrónica de Micro-ondas,

onde é possível aproveitar as capacidades tecnológicas existentes no IST Taguspark projectando, realizando e testando circuitos de siste-mas de microondas durante o semestre;• Internet, enquanto rede inte-

gradora de tecnologias hete-rogéneas, permitindo criar competências avançadas de programação de redes e de manipulação de equipamen-tos de redes (Arquitetura de Redes).

A excelente formação inter-disciplinar suportada em la-boratórios exemplares no IST Taguspark ministrada no MEE já potenciou uma tese ganha-dora do prémio Luís Vidigal destinado a premiar os melho-res trabalhos de engenharia desenvolvidos no IST nas áreas da Engenharia Electrotécnica e Computadores e da Engenharia Informática.

Além dos laboratórios tradicio-nais, o campus do IST no Tagus-park dispõe de uma estação de rastreio de satélites que é uma referência internacional, supor-tando vários trabalhos de alu-nos do IST e de outras escolas e também trabalhos de empre-sas sediadas no Taguspark (ver http://cep.ist.utl.pt).

Alguns alunos de engenharia electrónica estão envolvidos na construção do primeiro nano satélite português, através de teses de mestrado e de traba-lhos de disciplinas (ver http://istnanosat.ist.utl.pt). Este nano satélite vai ser apoiado por várias empresas e institutos de investigação e constitui um foco motivador do interesse dos alunos, com uma forte componente de formação em electrónica com carácter indis-ciplinar, como a formação que é ministrada no MEE.

O Ensino em Enge-nharia Electrónica

A localização da EE no Tagus-park tem evidentes vantagens. Trata-se de uma área recente, desafogada, que permitiu uma intervenção de raiz na criação dos novos espaços (laborató-rios, oficina, biblioteca, anfi-teatros) com a finalidade de servir os cursos e uma maior proximidade ao sector empre-sarial. Foram criados labora-tórios avançados, uma fábrica de circuitos impressos e de montagem de placas electrónicas e oficinas de mecânica para fabrica-ção de peque-nas peças. Os laboratórios estão perma-nentemente abertos, o que cria inúmeras vantagens, nomeadamente, um maior envolvimento dos alunos e uma mais forte ligação à es-cola num ambiente de estudo e de trabalho excelentes.

O facto de estar a tratar com uma população discente rela-tivamente reduzida (cerca de 100 alunos) permite ensaiar experiências que seriam impos-síveis, por exemplo, no MEEC. A inserção dos princípios básicos de uma engenharia aplicada constituem a base e o modus vivendi da LEE/MEE. As carac-terísticas próprias do campus obrigam a uma atitude mais emancipada do aluno face ao docente, mantendo-se, no en-tanto, uma acentuada interação docente-aluno.

Diferenças entre LEE e o 1º ciclo do MEECDe acordo com a filosofia que presidiu à criação de uma En-genharia Electrónica no IST, foi criada em 2003 a LEE, com 5 anos, e a partir de 2006, no contexto de Bolonha, foram criados dois CEs, um de 1º ciclo (LEE) e outro de 2º ciclo, o Mes-trado em Engenharia Electróni-

ca (MEE), que constituem exem-plos de cursos orientados desde o princípio para o projecto, para a concepção e para a criação de sistemas em várias áreas. Este aspeto distingue a LEE+MEE, na essência, de outros CEs do IST, mais especificamente, do MEEC. Por exemplo, compa-rando a LEE com os primeiros 3 anos do MEEC verifica-se que a LEE apresenta um enfo-

que na parte laboratorial mais acentua-do nas UCs, aproveitando as condições e xc e le n t e s dos seus es-paços, que foram cria-dos de raíz com objecti-vos bem de-

finidos e que têm condições de utilização mais favoráveis para os alunos (laboratórios abertos 24 horas). Salienta-se a cria-ção desde início, do projecto pedagógico SUBA (ver http://groups.ist.utl.pt/lee/SUBA/index.htm), envolvendo expe-riências pedagógicas interdisci-plinares com a participação de várias disciplinas.

No plano curricular, verifica-se que a LEE explora zonas que não têm equivalências a nível do 1º ciclo do MEEC, nomeada-mente: •Desenho e Modelação Geo-

métrica, que versa sobre os assuntos relacionados com a concepção de siste-mas , impondo CAD. Neste momento, como aplicações podem citar-se as cablagens e estudos de módulos de

fluxo térmico. Futuramente, espera-se a abordagem de CAD com base em questões físicas que possam ser apli-cados a fenómenos electro-magnéticos. O estudo dos projectos de painéis solares no que toca ao desenho dos colectores de modo a permi-tir um maior rendimento na conversão é outro assunto que pode beneficiar da exis-tência de uma UC deste ca-riz;•Micro e Nanoelectrónica

fornece aos alunos a com-petência para efetuar o pro-jecto de blocos analógicos para serem incluídos em sis-temas integrados mistos. É objetivo que os alunos com-preendam o processo de fabrico de circuitos com tec-nologias CMOS bem como o fluxo de projecto analógico correspondente;•Electrónica dos Sistemas

Embebidos, cujo objectivo é introduzir os sistemas elec-trónicos utilizados nos siste-mas embebidos e nos siste-mas de comunicações;•Uma incursão no domínio

das máquinas eléctricas;•A introdução de uma com-

ponente de projecto, fabri-cação e teste na disciplina de Instrumentação e Aquisição de Sinais.

Com estas disciplinas específi-cas da LEE, diferentes das do 1º ciclo do MEE, os alunos adqui-rem alguma competência que lhes possibilta uma abertura ao mercado de trabalho, a meio de um curso de engenharia elec-trónica tradicional, cumprin-do assim um dos objetivos da reestruturação de Bolonha.

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“...nasceu bastante cedo na minha cabeça. Quando era miúdo gostava muito de des-montar brinquedos e tentar pô-los a funcionar de outras formas (óbvio que nunca nada funcionava).

Por estar entre as melhores escolas de engenharia do país, o IST sempre foi a minha prioridade. Quando entrei, o choque foi enorme, não me correram bem os primeiros anos mas pensei sempre que com calma e muito trabalho iria conseguir e de facto con-segui. Depois de terminar o

“A ideia de ser Enge-nheiro Electrónico...”

curso demorei dois meses até conseguir um emprego (a bem dizer foi só um porque o outro foram férias) o que no contexto actual me parece excelente.

Estou neste momento a tra-balhar na Thought Creator, uma spinoff do IST, sendo único com formação em elec-trónica. Pelas minhas mãos passa todo o desenvolvi-mento de electrónica, desde o levantamento de requisi-tos, o processo de design de hardware, produção de pro-tótipos, teste, entre outras

coisas. Quando comecei tinha receio de não estar preparado para o mundo do trabalho e de não ter respostas para os problemas que surgissem, mas rapidamente me aper-cebi de que a “bagagem” que trago do IST é bastante sólida e completa. É obvio que não sei tudo mas para as situa-ções em que algo é novo, o IST deu-me uma “ferramen-ta” muito boa, saber apren-der. Acima de tudo aprendi a acreditar que nada é impos-sível e que tudo se trata de uma questão de empenho e tempo, por isso, para aqueles

que ainda estão no IST a “ba-talhar” a minha mensagem é:

Nunca desistam, encarem as coisas com gosto e trabalhem muito porque quando termi-narem vão sentir uma enor-me satisfação, a sensação de missão cumprida e um orgu-lho enorme em dizer que são Engenheiros formados no IST. Ah, e não menos importante vão ter muitas empresas a querer-vos como colaborado-res (designação moderna de trabalhador), quer em Portu-gal quer no estrangeiro. A to-dos um abraço e boa sorte!”

Texto Pedro Pinto

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e Trabalho

Nasci em Campinas - São Paulo, 25 anos e sou engenheiro eléc-trico pela Universi-

dade estadual de Campinas - Unicamp. Comecei cedo a vida de técnico, aos 16 anos como técnico em electrónica e ter-minei aos 18. Daí então, decidi seguir em frente na área de Engenharia Eléctrica, vindo então para o IST para fazer al-gumas disciplinas de interes-se no Taguspark - Oeiras.

O que o levou a escolher o curso de engenharia elec-trónica?

O que me levou a escolher o curso de engenharia elec-trónica foi o facto de já ser um técnico na área e saber, obviamente, a importância da área de engenharia no siste-ma de vida actual, onde quase todos os produtos, serviços e actividades dependem de sis-temas mecânicos, eléctricos,

civis, etc... Para uma pessoa entender como as coisas são feitas hoje, o que é viável ou não fazer e até mesmo ficar tranquila durante uma viagem de avião ou durante uma chu-va de raios e trovões, a pes-soa deveria saber um pouco de engenharia e física. Nada funciona por magia e quase

“e quase nada é im-possível...”

nada é impossível...

Os hábitos/métodos de tra-balho que aprendeu na uni-versidade são úteis no dia-a--dia do seu trabalho?

Isso é uma pergunta compli-cada de responder. Como não serei politicamente correcto... Existem coisas na universida-de que se aprende e que nun-ca irá usar... nunca no meu trabalho me pediram para eu calcular as leis de Maxwell.Mas no meu caso, fui para o mercado e não segui a car-reira académica. Não posso ser injusto, há alguns cole-gas que seguiram a carreira académica e que terão as 4 leis de Maxwell tatuadas no braço. Por outro lado, para a área onde actuo, electrónica, é imprescindível saber usar bancadas electrónicas. Então, as aulas práticas, para mim, foram importantíssimas.

No que se via a tra-balhar quando ain-da estava a tirar o curso?

Eu sinceramente, via-me a trabalhar numa multinacional de grande porte, ser chefe do chefe

em 10 anos, e ganhar muito dinheiro... Muito mesmo. De-pois vi que isso é meio difícil e comecei a ter os pés no chão após os primeiros tempos. E vi que o caminho é longo e descobri o que realmente in-teressa: fazer algo que gos-tem. Então, uma coisa digo: achem uma área que gostem.

Não interessa muito onde tra-balha, se será na sua própria empresa ou nas gigantes, na Apple, Exxonmobil ou Petro-China. Se gostar do que está a fazer, vai-se dar bem. Quais as tarefas que desem-penha no seu emprego?

No começo eu era uma pes-soa de bancada de labora-tório (ratinho de laboratório sabe?). Comecei como testa-dor de novas placas de pro-jectos electrónicos diversos e com o tempo fui “subindo” literalmente. No andar de cima ficavam os engenheiros projectistas de 70 anos de ex-periência... E assim comecei a projectar também algumas partes (não importantes) da placa electrónica que iria fa-zer uma função X para uma empresa Z.

Consegue conciliar o seu tra-balho com os seus projectos pessoais? Há algum relevan-te?

Consigo conciliar mas é bem difícil. Contudo, sonho alto. Hoje, o meu dinheiro vem do meu trabalho e vai embora pela startup. Tenho minha startup incubada na universi-

dade e estamos a trabalhar todos os dias. O nome da startup é LuxSensor (http://www.luxsensor.com) e esta-mos a trabalhar em sensores de combustíveis e misturas homogéneas e uma boa parte do projecto foi feito nos labo-ratórios do técnico. Inclusivé participámos num evento da Intel, cujo um dos apresenta-dores era de Portugal e esta-va incubado na Plug and Play, uma aceleradora localizada no vale do silício nos Estados Unidos da América.

Todos os alunos que conheci, futuros engenheiros do Ta-gus, são brilhantes e esfor-çados... Tenho a certeza que irão achar um problema na sociedade, saberão resolvê- -lo, criando um equipamento ou software e poderão criar a própria empresa e factu-rar. Se não forem vocês, os melhores alunos da melhor escola de engenharia de Por-tugal (IST), quem solucionará os problemas da sociedade com a tecnologia? Deus? Não, ele já deu a inteligência a vo-cês e até às vezes ajuda com um milagre ou outro... Mas a inovação tecnológica está na mão de vocês!

Texto Wellington de Souza

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O meu percurso aca-démico terminou a 15 de Novembro de 2011 quando apre-

sentei a minha tese. Já tinha começado a enviar currícu-los alguns meses antes e no final de Outubro desse ano assinei o meu primei-ro contracto profissional. Nesta altura em que já se falava bastante da crise económica foi muito bom ter conseguido esta opor-tunidade antes de ter ter-minado o curso.

A minha carreira como engenheiro electrónico começou na empresa Mi-cronorma, uma metalo-mecânica de precisão que se dedica ao fabrico de peças e máquinas/autómatos indus-triais. Integrei dois projectos de investigação desempe-nhando um papel de técnico de electrónica na área da al-ta-tensão e potência pulsada. Apesar de não ter muita ex-periência nestas áreas aceitei integrar a equipa pois era uma oportunidade interessante para aprender mais.

A adaptação ao primeiro emprego foi relativamente tranquila. Apesar de não ter todo o conhecimento técnico que desejaria para a função, a formação do IST permitiu-me saber onde procurar a solu-ção mais adequada a cada di-ficuldade encontrada. Aprendi também, que é normal come-termos erros e que não sabe-mos tudo quando saímos do IST. O importante é sabermos o que originou esse erro para

“A minha carreira como engenheiro...”

não o repetir. Senti que evoluí profissionalmente pois era o responsável pelo dimensio-namento da parte eléctrica dos projectos em que estava envolvido.

Nas primeiras semanas con-tactei com alguma frequência fornecedores e clientes na-cionais e internacionais (pre-sencialmente e via telefone) por forma a obter algum co-nhecimento em alta tensão e nas dificuldades de segurança inerentes. Cheguei a ir a uma feira a Munique, na Alemanha, com o meu chefe por forma a trocar ideias com possíveis colaboradores nos projectos de investigação. Durante os meses seguin-tes integrei ainda outros projec-tos para clientes (com prazos mais apertados) e fiz instalações de protótipos.

Em Outubro de 2012 (1 ano de-pois) decidi trocar de ambiente de

trabalho e enviei o currículo para uma empresa no Mon-te da Caparica (a Ynvisible) que me suscitou curiosidade pela tecnologia que desenvol-viam. Sem esperar resposta

(pois foi uma candidatura espontânea) fui contacta-do para uma entrevista e nesse mesmo dia mostra-ram-me o laboratório de electrónica e os produtos que tinham desenvolvido até ao momento. Gostei do que vi, fui aceite e estou a trabalhar como bolseiro de investigação até ao mo-mento. Integro a equipa de electrónica da empresa e apoio os projectos de in-vestigação e a produção.

A Ynvisible foi criada em 2010 e é uma das spinoff da YDreams (que produz máqui-nas interactivas com recurso à realidade aumentada). A Ynvisible tem o seu know--how em engenharia química e desenvolve e comercializa soluções interactivas para integrar em itens impressos que usamos no dia-a-dia. As animações são criadas atra-vés de células electrocrómi-cas que, tal como o nome in-

dica, são displays que mudam de cor através da aplicação de diferentes cargas eléctri-cas. As principais vantagens em relação às restantes tec- nologias de mercado são o seu reduzido consumo, baixo preço e transparência. A em-presa tem uma patente sobre um dos compostos químicos e produz as células nas suas instalações.

Eu tenho como principais tarefas na empresa: dimen-sionar e fazer protótipos dos circuitos que vão activar as células electrocrómicas; de-senhar PCBs em ferramentas CAD; programar o firmware dos microcontroladores; or-çamentar o preço da elec-trónica, entre outras.

Neste 2º emprego tenho o trabalho mais focado na área de electrónica de consumo. Tenho aprendido bastante so-bre a minha área de formação e sobre formas de organizar o meu trabalho. Noto que enca-ro de forma diferente os obs- táculos e que me sinto mais à vontade no meu espaço de trabalho.

Texto André Leitão

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e Trabalho

Olá! O meu nome é Sofia Ponte. Iniciei os meus estudos em Engenharia Eletróni-

ca no IST Taguspark em 2005 e terminei em Dezembro de 2010.

Antes de terminar a tese fui contactada por uma empre-sa de recrutamento externo, atual Randstad, para uma possível proposta de trabalho na Nokia Siemens Networks (NSN) Optical Networks como Hardware Developer Engineer. A possível proposta passou a proposta séria e ini-ciei-me no mundo do trabalho em Setembro de 2010.Realmente eu não tive dificul-dades a encontrar trabalho. O primeiro telefonema foi liga-ção direta para um primeiro contrato de trabalho. Com duas entrevistas fui logo con-tratada. A adaptação também não foi difícil. Claro que ini-cialmente houve um training sobre o produto da empre-sa, normas de segurança relacionadas com o produto e ferramentas para o desen-volvimento do produto. Mas os meus novos colegas ajuda-ram-me e tiveram paciência sempre que precisei.

Fui colaboradora externa da

empresa durante um ano. Passado um ano fui convidada a integrar os quadros da em-presa.

Comecei por trabalhar no de-partamento de hardware da empresa e assim me mantive até Junho de 2013, a desenvolver ele-trónica, fazer planeamen-to de testes, testar no laboratório a eletrónica desenvolvida, desenvol-ver documentação rela-cionada com o produto. Mais pormenorizadamen-te, eu fui destacada para um produto que era esta-va a ser desenvolvido na Ale-manha (cidade Munique) e eu dava suporte a partir de Lis-boa. Fiz parte da eletrónica do produto, suportei nos testes elétricos do produto em fase de protótipo e desenvolvi a sua respetiva documentação. Também participei em produ-tos feitos em Lisboa. Essen-cialmente desenvolvia VHDL para CPLDs e FPGAs e testes elétricos dos produtos.

Entretanto a NSN vendeu a parte do negócio de Optical Networks a uma empresa de investimento privada, Marlin, em que esta criou uma nova empresa passando todos os

colaboradores da NSN des-se mesmo negócio, a qual se chama agora Coriant.

Passados cerca de dois anos e meio como Hardware De-

veloper Engineer e agora a empresa sendo Coriant fui contactada internamente para uma posição de Project Quality Manager do projeto global em que estava a par-ticipar e aceitei. Desde Julho deste ano que trato da gestão da qualidade do projeto, onde faço planeamento e gestão de projeto em conjunto com o Project Manager e o Program Manager. Planeamento e ges-tão de como deve ser estru-turado o projeto, que critérios devem de ter, que entregas devem de ser feitas ao lon-go do projeto, garanto que o projeto é planeado de acordo com os processos definidos

pela empresa bem como o seu enquadramento nos re-quisitos da norma TL9000.

Também participo no planea-mento e processo de audito-

rias tanto a nível projeto, onde verifico que cada developer seguiu o pro-cesso de desenvolvimen-to, como da empresa de modo a certificar que se-gue a norma TL9000. Por exemplo, neste momento a empresa está a passar por uma fase de audito-rias externas para obter uma nova certificação de acordo com os requisitos

da TL9000 porque a atual certificação vai expirar no fi-nal do ano e pertence ainda à NSN.

No geral, a minha experiência no mundo do trabalho tem sido bastante boa até agora. Sinto que estou a crescer e a ser reconhecida. Caso contrá-rio não tinha recebido as pro-postas internas :) O meu único senão é mesmo o ordenado, mas do modo em que se en-contra o país não há muito a fazer, é esperar ser novamen-te reconhecida pela empresa.

Artigo escrito ao abrigo do novo acor-do ortográfico da língua portuguesa

“E depois docurso...”Texto Sofia Ponte

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Texto Eng. Luís Vicente

O Sistema Automático de Transporte Urbano de Oeiras (SATU--Oeiras) é um sistema de transporte ferroviário ligeiro, locali-zado em Oeiras, movido por cabos de tracção, que actualmente conta com uma extensão de cerca de 1,2 km de via, ligando a estação ferroviária da CP em Paço de Arcos ao Centro Co-mercial Oeiras Parque. O Sistema já implementado é a primeira fase de um projecto que visa criar uma ligação pendular entre o Concelho de Oeiras e Sintra, interligando as linhas ferroviá-rias de Sintra e Cascais, de Paço de Arcos ao Cacém, num total de cerca de 11 km de via, atravessando pólos empresariais, ha-bitacionais e comerciais extremamente relevantes para o Con-celho de Oeiras e Sintra, e mesmo para a Área Metropolitana de Lisboa, como são disso exemplo o Taguspark, Lagoas Park, Quinta da Fonte, Porto Salvo, São Marcos, entre outras.

A infra-estrutura do Sistema é composta por estações e viadu-tos elevados (transporte em sítio próprio), sendo os veículos guiados através de uma linha ferroviária e movidos por cabos de tracção cuja motorização se encontra em estação (nesta 1ª fase em Paço de Arcos).

O Sistema pertence à classe dos “Automated People Movers” (APM) e apresenta diversos aspectos diferenciadores de um normal sistema de transporte, quer em termos construtivos, quer em termos dos sub-sistemas que o compõe, nomeada-mente:•Portas em estação que impedem a queda e/ou intrusão de

passageiros para o interior da via;

•Modo à chamada, consiste num modo de exploração que permite que o Sistema apenas circule quando existem pas-sageiros, ajustando assim a oferta à procura, pertencendo, por via do horário, também, à categoria dos Transportes Flexíveis.•Sub-sistema que realiza o controlo electromagnéti-

co dos cabos de tracção, identificando possíveis fios partidos no interior do cabo, permitindo um con-trolo preventivo do estado do cabo;•Sub-sistema que, atra-

vés da indução de um sinal eléctrico nos cabos de tracção, controla a adequada posição destes cabos na linha, detectando de uma forma automática possíveis descarrilamentos dos cabos;•Sistema redundante de autómatos de segurança, equipa-

dos com diagnósticos automáticos de falhas, que coloca em patamares elevadíssimos a segurança do sistema, fazendo com que tenham existido zero acidentes, desde o inicio de exploração do Sistema SATU, em Junho de 2004.

O Sistema SATU é, assim, um sistema de transporte público de vanguarda e inovador, sendo já hoje o que se prevê vir a ser o transporte público do futuro, isto é, amigo do ambiente, inteligente, rápido, seguro, confortável, funcional, fiável e com acessibilidade total.

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e Curso

Contador deEnergia EléctricaTexto Fábio Barroso e Pedro Marques

Nos dias que correm, a contagem de con-sumo de energia eléctrica é um tópico

relativamente comum, visto que todas as residências pos--suem um contador para essa finalidade.Na disciplina de Instrumenta-ção e Aquisição de Sinais, lec-cionada pelo professor Pedro Ramos, foi-nos dada a possi-bilidade de desenvolver um contador de energia eléctrica assíncrono (o que implica que se opere apenas com a amplitude e frequên-cia do sinal provenien-te da rede eléctrica, não se considerando a fase do mesmo). Para tal, desenvolveu-se um sistema misto de hardware e software, mais completo do que a maioria dos conta-dores que existem no mercado.

Para adquirir o sinal da rede eléctrica foi ne-cessário utilizar senso-

res de tensão e corrente ligados a uma carga (lâm-pada ou outro aparelho), que aplicam um factor de atenuação ao sinal, de-vido ao elevado valor de tensão AC da rede eléc-trica.

O hardware utilizado para filtrar o sinal provenien-te dos sensores teve a finalidade de eliminar as componentes do sinal fora dos 50 Hz (frequên-cia da rede), tal como de gerar dois que correspon-

dem à potência instantânea consumida pela carga ligada aos sensores do sinal da rede, em duas escalas diferentes. É ainda feita uma média destes dois sinais, ao eliminar a sua componente variável, obten-do-se assim a potência média (activa) de cada um dos sinais.

A aquisição dos dados foi rea-lizada através do recurso a uma DAQ 6009 da National Instruments, que funcionou como uma interface entre o

hardware e o software projectados.

O software foi realizado no programa LabVIEW e teve a função de tra-tar os dados obtidos por hardware. Inicialmente, é realizada uma escolha en-tre os dois sinais obtidos com diferentes escalas. De seguida, a sua função foi realizar um tratamen-to do sinal escolhido, co-meçando por compensar a atenuação realizada pe-los sensores, por forma a se conseguir operar com um valor aproximado ao que se leria directamente da rede. Além desta compensação, o programa concebido também realiza uma calibração que tem em conta as perdas exis-tentes no circuito projectado (atenuação dos componentes utilizados).

Por fim, o sinal escolhido é processado por forma a mostrar ao utilizador o custo instantâneo, potência activa e

energia acumulada da carga ligada ao sensor, simulando assim um contador real. Tem também algumas outras fun-cionalidades.

O desenvolvimento deste tra-balho permitiu a aplicação de conhecimentos adquiridos ao longo do curso. Por fim, só falta mesmo agradecer ao professor Pedro Ramos pela sua orientação durante a con-cepção do projecto.

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Neste trabalho é apre-sentado um siste-ma electrónico que realiza ensaios não

destrutivos de correntes in-duzidas aplicando técnicas de heterodinagem no front-end analógico na inspecção de sol-daduras por fricção linear.

A soldadura por fricção linear é um método de soldadura com crescente utilização na indústria aeroespacial. Este método resulta em junções mais finas e leves e com boas propriedades mecânicas. No entanto, os defeitos destas soldaduras, como pequenas falhas superficiais, têm uma energia de reflexão muito re-duzida sendo difícil a sua de-tecção.

Para a detecção dos defeitos das soldaduras por fricção li-near utilizou-se uma sonda de correntes induzidas com uma estrutura planar.

Esta sonda consiste num fi-lamento de excitação central e duas bobinas planares si-métricas sensíveis ao campo magnético gerado pelas cor-rentes induzidas.

A excitação consiste num si-nal sinusoidal de corrente en-

tre os 10 kHz e os 10 MHz que passa no filamento central e a resposta em tensão é ob-servada nos t e r m i n a i s das bobinas.

A resposta da sonda é pro-porcional ao desequilíbrio do campo magnético observado em cada uma das bobinas.

As técnicas de heterodinagem utilizadas assemelham-se ao funcionamento de um lock-in amplifier. A resposta é mul-tiplicada por dois sinais em quadratura com a mesma fre-quência obtendo-se as com-ponentes real e imaginária.

O sistema electrónico de-senvolvido integra todas as funções de excitação, amplifi-cação da resposta, heterodi-nagem, aquisição e processa-

mento digital do sinal.

Este sistema comunica com um computador de controlo por USB e foi desenvolvido para ser instalado como placa interna dentro de um portátil para uma solução completa. Uma interface LabVIEW foi desenvolvida para configurar a inspecção e visualizar os re-sultados no computador de controlo.

Utilizou-se este sistema para inspecionar defei-tos de soldadura por fricção linear. Nas figuras ao lado encontram--se representa-das amostras de uma soldadura onde foi maqui-nado um defeito.

Esta amostra foi inspeccionada na região do defei-to maquinado e numa região de soldadura.

Este sistema foi validado como uma ferramenta de ins-pecção por correntes induzi-das. A utilização das técnicas de heterodinagem no front-end analógico permitiram uma redução da complexida-de do processamento da res-posta da sonda e o custo total do sistema face a sistemas anteriores. O reduzido foot-print do sistema total permi-tiu a sua integração dentro de um computador portátil.

Detecção deFissuras

Texto Diogo Aguiam

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e Curso

Monitorizar diferen-tes grandezas físi-cas (como a tem-peratura, pressão,

aceleração e luminescência) utilizando o smartphone foi o desafio lançado pelo profes-sor Rui Rocha, no âmbito da cadeira de Sistemas Embebi-dos, do primeiro ano de MEE.

A ideia fundamental é tirar proveito do smartphone, uma ferramenta actual, poderosa e amplamente utilizada, e es-tender as suas funcionalida-des. O smartphone é, essen-cialmente, um computador portátil que também permite a funcionalidade primária do seu conceito base: fazer cha-madas e enviar/receber SMS. Porém, o facto de conter mó-dulos de comunicação (Blue-tooth, Wi-fi), um processador e um sistema operativo com o qual se podem criar aplica-ções tornam-no na ferramen-ta ideal para se aliar à tele-

metria. A telemetria consiste num sistema remoto que faz medições de uma determina-da grandeza física e transmite os dados recolhidos através de uma tecnologia wireless.

Neste projecto, o objectivo foi utilizar vários sensores para medir as grandezas físicas de

interesse, como a temperatu-ra, pressão, aceleração nos três eixos e luminescência, um módulo de Bluetooth para comunicar esses valores ao smartphone e um micropro-cessador que fazia a ligação entre os sensores e o módulo Bluetooth.

Os sensores uti-lizados foram o BMP085, o ADXL335 e um fotodíodo. O sensor analógico e o fotodíodo foram liga-dos a um Analog-to-Digital Converter, que

por sua vez comunicava por SPI com o micro-controlador. O BMP085 para comunicar com o microcontrolador uti-liza o protocolo I2C. O microcontrolador uti-lizado foi um MSP430, embebido na placa PE-PEonBOARD, desenvol-vida pelo grupo GEMS. Finalmente, o MSP430 comunicava os valores recolhidos dos senso-res para o Linvor HC-06 (módulo Bluetooth), através de uma UART, que por sua vez difundia essa informação por Bluetooth.

Posteriormente, foi desenvol-vida uma aplicação em An-droid que recebe os valores das grandezas físicas trans-mitidos por Bluetooth e as re-presenta no smartphone.

O processamento de tradução de um valor de tensão, ofere-cido pelos sensores, para o correspondente valor físico é feito no smartphone. Isto para que o microcontrolador execute o menor número de instruções possíveis, poden-do estar no standby durante mais tempo, reduzindo o con-sumo do sistema. Tratando-

-se de um sistema embebido, o consumo é sempre algo a ter em conta, devido à utiliza-ção de baterias para alimen-tar sistemas remotos.

É possível mostrar, com este projecto, quão fácil é a criação de um sistema de monitoriza-ção remoto e como aplicá--lo no nosso quotidiano, seja na monitorização de equipa-mento sensível que funciona em condições muito restritas de temperatura ou humida-de, seja na monitorização das condições da horta do quintal, sabendo quais os níveis de água disponíveis na terra ou em tanques, ou até na moni-torização de energia eléctrica

disponível.

Resta-me agrade-cer ao Sr. Pina, pela ajuda técnica pres-tada, ao meu colega de grupo Francisco Esteves e aos pro-fessores Rui Rocha e José Catela.

Telemetria por SmartphoneTexto Luís Magalhães

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24 N3E Magazine

em s = a, onde tem um pólo (isto é, uma divisão por zero). Além disso,Aplicando estas duas regras a obtemos ou seja, Resolven-do em ordem a F(s), vemos que

Escolhemos um caminho con-tornando todos os pólos (neste caso, −1 e ), e decompomo-lo em dois caminhos: contorna apenas −1, e contorna apenas iii.. Para recuperar f, usamos a transformada inversa, que pode ser calculada assim:

A fórmula de Cauchy diz que, se g for diferenciável dentro e ao lon-go de um caminho que contorna a uma vez, então o integral de g(s)/(s − a) ao longo desse caminho é

Ap

licaç

ões

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Elec

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nica

Texto Prof.ª Ana M. Santos Departamento Matemática

Em muitas aplicações de en-genharia usam-se modelos matemáticos lineares que descrevem um dado proble-ma em termos dum sistema de equações lineares, que em Álgebra Linear se aprende a traduzir para a equação ma-tricial:

Ax = y Um modelo linear simples é o de n circuitos elétricos com resistências que provocam perdas de energia quando passa a corrente elétrica e com baterias ou pilhas que são fontes de energia (força eletromotriz). A lei das ma-lhas (ou lei de Kirchhoff), diz- -nos que a soma das perdas de energia nas resistências Ri é igual à soma da energia criada nas baterias, que pode ser representada pelo vetor v, resultando na equação ma-tricial:

Ri=vCom base na linearidade da equação anterior, podemos

prever que ao duplicarmos a força eletromotriz criada nas baterias, o valor da corrente elétrica nos circuitos irá pas-sar para o dobro. Um outro modelo linear com grande aplicação em sistemas linea-res invariantes no tempo, per-mite construir a matriz A que representa a ação dum filtro que determina o valor do sinal (discreto no tempo) de saída y a partir do valor do sinal (discreto no tempo) de entra-da x. A construção de filtros eficientes para sinais de saída com baixas ou altas frequên-cias é atualmente uma ativi-dade desenvolvida por enge-nheiros em colaboração com matemáticos.

Finalmente, temos a apli-cação para o modelo linear Ax=y conhecida com o nome de problema inverso, em que sabendo o sinal de entrada x e o sinal de saída y dum radar, por exemplo, se ten-ta reconstituir com esta informação o operador A que representa a distorção produzida no sinal de entra-

da pelo radar. Nesta última classe de modelos podemos incluir muitas técnicas e so-luções para problemas atuais de engenharia. Desde senso-res remotos acústicos, que realizam tomografias acús-ticas do fundo dos oceanos, sonares que são largamente usados em navegação de alto mar, passando pelas tomo-grafias axiais computorizadas (TAC) que facilitam ma-peamentos dos órgãos e tecidos internos do corpo huma-no para dia-gonósticos

precoces de doenças, até aos mais recentes desenvolvi-mentos de inteligência artifi-cial, que permitem os robots terem um melhor reconheci-mento de objetos e voz.

Artigo escrito ao abrigo do novo acor-do ortográfico da língua portuguesa

Álgebra Linear

Texto Prof. João Boavida Departamento MatemáticaArtigo escrito ao abrigo do novo acordo orto-gráfico da língua portuguesa

É possível usar análise complexa e equações diferenciais para per-ceber o circuito da figura?A diferença de potencial entre os terminais da resistência é igual à intensidade de corrente f. A dife-rença de potencial entre os ter-minais do condensador é igual à carga q no condensador. Assim, f + q = V . Derivando esta equação e usando q’ = f, obtemos f ’ + f = V’. Escolhendo

chegamos a . Começamos com f(0)=0. “Ligamos” V(t), e procuramos o valor de f(t), só para t>0. Omitin-do detalhes técnicos, a transfor-mada de Laplace de f é

onde s é uma variável complexa. Se Re s>Re a temos que é uma função definida em todo o plano complexo, exceto

2πig(a). Porexemplo,

E da mesma forma,

Juntando os dois integrais e simplificando, concluímos que, para t>0,

A contribuição de e−t é pouco importante quando t >> 0. O coe-ficiente é≈0 quando w ≈ 0, mas é≈1 para w >> 0. De-certo há aplicações disto.

Mas de onde vem eiwt = cos(wt)+isin(wt) ? E a fórmula de Cauchy, que nos permite calcular integrais subs- tituindo valores de funções? Que outras estratégias há para resolver equações diferenciais? Algo a descobrir em Análise Com-plexa e Equações Diferenciais...

Análise Complexa e Equações Diferenciais

V

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N3E Magazine 25

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licações na Electró

nica

Electromagnetismo e Óptica

Texto Prof. João F. FernandesDepartamento Física

Texto Prof. António Ferraz Departamento Física

A Termodinâmica e Estrutura da Matéria (TEM) é a 3ª uni-dade curricular dedicada ao

ensino da física na licenciatura em

Engenharia Electrónica (LEE) e consiste no estudo

dos conceitos e princípios bá-sicos da termodinâmica clás-sica e da física quântica.

Na 1ª parte, a partir dos pos-tulados fundamentais (ou princípios) da termodinâmica, estudam-se os processos em que a temperatura e o calor desempenham um papel fun-

damental. Como exemplos, refiram-se a teoria cinética dos gases, as transforma-ções de calor e trabalho, os mecanismos de transmissão de calor, as transições de fase e as máquinas térmicas.

Na 2ª parte, começa-se por discutir as descobertas ex-perimentais que levaram ao nascimento da física quântica e apresenta-se a constituição da matéria do ponto de vista da física dita moderna, desde os sólidos até às partículas elementares. Dá-se particular ênfase às aplicações tecno-lógicas como os semicondu-tores, os plasmas, a fusão nuclear e as nanotecnologias.

Uma breve introdução à física estatística permite fazer a li-gação entre estes dois blocos: o estudo dos sistemas com-postos por um elevado nú-

mero de elementos (por ex., 6.1023) é necessário para se compreender a matéria que nos rodeia.

Os trabalhos laboratoriais in-cluem:•a obtenção das curvas

tensão-corrente caracte-rísticas de uma célula so-lar fotovoltaica, onde se determina a potência de saída em função da carga resistiva e do ângulo de in-cidência da luz;•a determinação da intensi-

dade da radiação emitida por superfícies diferentes, à mesma temperatura e a comparação das respeti-vas emissividades;•o estudo do efeito fotoelé-

trico e a determinação da constante de Planck.

Artigo escrito ao abrigo do novo acor-do ortográfico da língua portuguesa

Termodinâmica e Estru-turas da Matéria

A Física, no seu todo, constitui- -se como uma área fundamen-tal do conhecimento técnico científico actual. Utilizando as ferramentas matemáticas, nas suas diferentes áreas, permite perceber e medir os conceitos fundamentais, mostrando os

caminhos para o desenvol-vimento tecnológico,

objectivo de todas as Engenharias.

Desde sempre, os diferen-

tes ramos da Física

i n c o r -

poraram os conhecimentos de base de todas as licenciaturas de engenharia no mundo inteiro, permitindo ao futuro engenhei-ro, não só perceber os concei-tos fundamentais que estão por detrás de todas as especia-lizações, como dotá-lo de um conjunto de conhecimentos e ferramentas que lhe permitem ter uma visão mais completa do universo que nos rodeia e uma sólida formação científica, ne-cessária para integrar as equi-pas de engenheiros que promo-vem as modernas empresas de qualquer país.Apesar de os acordos de Bolo-nha terem desvalorizado vários ramos da Física, reflexo de um encurtamento das licenciaturas de 5 para 3 anos, a interacção electromagnética manteve-se como imprescindível. É neste contexto que surge a disciplina “Electromagnetismo e Óptica” (EO), em todas as licenciaturas do IST. Abrangendo uma área muito grande do saber, contém diferentes capítulos que podem, e são, adaptáveis às diferentes licenciaturas propostas no IST. É esse cunho de singularidade que, como responsável, pre-tendo transmitir ao programa de EO que apresento em LEE no Tagus Park. Transmitir os

conceitos fundamentais, pre-sentes em capítulos básicos como são a “Electrostática”, a “Magnetostática” e a “Indução Magnética”, adicionando-lhe as bases para disciplinas de espe-cialidade da licenciatura. Nesse sentido, dá-se um especial ên-fase a capítulos como “Circuitos de Corrente Contínua”, com re-solução de circuitos, “Circuitos de Corrente Alternada”, com aplicações como o motor e o gerador, “Filtros de frequência”, com trabalho laboratorial, “On-das Electromagnéticas”, tocan-do a propagação, transmissão, reflexão e refracção do campo electromagnético.À componente teórico-prática, junta-se uma componente la-boratorial que contempla três trabalhos com vertentes de interesse pedagógico para a en-genharia electrónica. Ao desvalorizar a componente “marranço” e colocando no seu lugar a componente “pensa-mento”, obrigando os alunos a pensar, equacionar e resolver problemas básicos, EO contribui para que o futuro engenheiro saído do IST mantenha a ima-gem de qualidade e sapiência que esta instituição, onde todos estamos inseridos, construiu ao longo de várias décadas.

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26 N3E Magazine

Entr

evis

ta

PassadoO professor formou-se no IST em que curso ?

Engenharia Electrotécnica.

Porquê, se era uma área desconhecida para muitos ?

Bom, isso tem a ver com o meu percurso escolar no Ensino Secundário e, antes disso, quando comecei a ter interesse por tudo o que tivesse a ver com “electricidade”. Dantes havia o ‘Meccano’ e uns kits de electricidade e electrónica, dentre os quais o mais famoso era um da Philips... muito completo, por sinal. Desde que me deram um desses kits, num Natal já lon-gínquo, que o meu destino ficou traçado... Claro que gostava das minhas “futeboladas” mas era a construir coisas e fazer

funcionar uns circuitos que me sentia feliz. Depois, na altura de entrar para o ‘liceu’ optei pela Fonseca Benevides que era a melhor escola de electrónica na altura. Ainda hoje estou agra-decido à minha mãe por me ter estimulado a fazer essa opção.

Mas deixem-me que vos diga que quando entrei para o Técni-co já a Electrotecnia era dos cursos mais populares; naquela altura ainda não se tinha dado a explosão de obras públicas que trouxe muitos alunos para a Eng. Civil, uns anos depois, e a Informática não existia como curso independente. A Eng. Electrotécnica concentrava pois as atenções de todos os que ti-nham interesse pelas então chamadas “correntes fracas” para além do já bem conhecido e consolidado ramo de “fortes”. A electrónica e os computadores já tinham deixado de ser áreas desconhecidas para passarem a ser, dentro da electrotecnia, áreas emergentes em grande desenvolvimento. Basta dizer que foi durante os anos 70, altura em que tirei o meu curso, que surgiu o primeiro microprocessador... o entusiasmo que isso gerou, na altura, foi absolutamente colossal e responsável por trazer muitos alunos para esta área.

ProfessorRui Rocha

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N3E Magazine 27

EntrevistaFicou logo como professor ?

Não, de todo! Eu comecei por estar ligado ao IST como moni-tor de Electrónica durante o meu 5º ano, mas depois optei por concorrer a uma bolsa dos CTT/TLP, percursor da actual PT, porque me permitia ingressar no 1º curso de mestrado que fun-cionou em Portugal. Depois, quando já tinha concluído a parte curricular do mestrado e estando a fazer a tese, ingressei nos CTT como fazia parte aliás, do acordo estabelecido para a con-cessão da bolsa que mencionei. Mais tarde, mudei-me para os TLP porque estes, não tendo nenhum centro de I&D associado, como era o caso dos CTT que tinha o Centro de Estudos de Telecomunicações em Aveiro (para onde não me dava nenhum jeito ir), estavam a criar um departamento, dentro da Direção de Engenharia, que se antevia ir ter alguma I&D.

Entretanto, fui chamado para a Marinha, onde estive dois anos, período que aproveitei para concluir a minha tese de mestra-do. Durante este tempo exerci funções de monitor e assistente convidado na então secção de Sistemas Digitais, até sair da tro-pa. Quando finalmente saí, abriu um concurso para assistente estagiário na mesma secção, ao qual concorri, já não regres-sando aos TLP e ingressando definitivamente no IST, onde es-tou desde então.

O que mudou desde essa altura no ensino ?

Bem, mudou muita coisa, de facto. Talvez a mudança mais sig-nificativa tenha sido a criação de especializações onde dantes havia um ramo único de Electrónica e Telecomunicações. Em particular, a especialização em Sistemas Electrónicos e Com-putadores (SEC) era aquela que eu teria feito se já existisse no meu tempo de estudante; era um ramo com grande abrangên-cia nestas áreas e que forneciam uma forte preparação a um Eng. Electrotécnico que fosse trabalhar na indústria electróni-ca. Depois, apareceu o curso de Eng. Informática com o ramo de sistemas computacionais que, de certa forma se sobrepôs a SEC embora com um pendor mais de software.

Infelizmente essas especializações “todo-o-terreno” (na medida em que privilegiavam tanto o hardware como o software, bem como a sua interliga-ção) desapareceram, fruto de restrutura-ções posteriores, tanto na electrotecnia como na informática. Acho que estes dois cursos abraçaram formatos menos interessantes, afastando- -se do que, na minha óptica, deve ser a formação profissional de um engenheiro nestas áreas. Isto foi em parte compensado com o lançamento dos cursos de re-des e de electrónica já no Ta-guspark.

Como surgiu a oportunida-de de vir para o TagusPark ?

Na sequência do lança-mento do curso de re-des. Sensivelmente no virar do século, o DEEC e o DEI entenderam-se no sentido de criar uma formação mista, envol-vendo competências dos dois departamentos e centrada numa área

que evoluiu extraordinariamente na última década do século XX - as redes de comunicações. Eu fui um dos mentores do curso no meu Departamento, sendo o seu primeiro coordena-dor em representação do DEEC. Como era suposto que esta oferta acontecesse neste campus, a minha mudança para cá, a partir de 2001/2002, foi lógica e natural. Fui coordenador deste curso até 2008.

PresenteActualmente está a leccionar ?

Sim, lecciono nos cursos de Eng. Electrónica e de Redes de Co-municações em funcionamento aqui no IST-Taguspark. Tinha, até ao ano passado, uma participação numa disciplina do MEEC, na Alameda.

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Entr

evis

ta Apenas mestrado ?

Fundamentalmente Mestrado, mas faço uma “perninha” na li-cenciatura através da disciplina de Arquitectura de Computa-dores, de que também já fui responsável.

E a nível de investigação ?

Dediquei-me, na década de 1990, à investigação na área das redes de comunicações heterogéneas com destaque particular para as tecnologias “wireless”. Contudo, a partir de 2004 con-centrei-me bastante na área das redes de sensores e dos siste-mas embebidos interligados, visto ser um mundo que juntava dois dos meus interesses fundamentais: os sistemas embebi-dos e as redes de comunicações. É nisto que tenho trabalhado ao longo da última década.

Como avalia o curso de electrónica actualmente ?

Vou dizer uma coisa que pode chocar muita gente: o curso de Eng. Electrónica é talvez um dos últimos bastiões da formação em engenharia no IST. O que quero dizer com isto? Simples, que é talvez um dos poucos cursos de engenharia cuja filosofia de formação está centrada nos alunos, onde o mais importante é formar Engenheiros com um determinado perfil, com capaci-dade técnica para singrarem nas empresas e contribuírem, na prática, para o nosso progresso económico, no fundo, cumprir o desígnio traçado para o IST pelo seu fundador - Alfredo Ben-saúde. Ao contrário do que vejo noutros cursos, em que se dá primazia às abordagens muito verbalistas e bastante “científi-cas”, menorizando cada vez mais a aplicação prática das Ciên-cias da Engenharia, a Eng. Electrónica ainda privilegia bastante o “saber fazer” através dum ensino muito aplicado, em que a utilização intensiva de laboratórios e oficinas assume impor-tância chave.

Acha o contributo do N3E importante ?

Claro! O N3E é dos núcleos mais activos que conheço no IST. E eu acho que isso é reflexo do que disse antes, i.e. a caracte-

rística do curso espelha-se na dinâmica do seu núcleo de es-tudantes e este catalisa o aparecimento de novos elementos muito interessados em prosseguir essa dinâmica. Não vejo o N3E interessado em organizar apenas umas jantaradas ou um ou outro evento anual; vejo os seus elementos organiza-rem cursos práticos em vários domínios como a electrónica, a robótica, os computadores, etc. bem como a sua participação em concursos e alguns outros projectos mobilizadores para os alunos desta área. É até com alguma pena que não vejo outros núcleos, como é o caso do NEERCI que ajudei a criar, seguirem o vosso exemplo.

FuturoO que gostaria de fazer e ainda não teve oportunidade ?

Escrever um livro sobre sistemas embebidos, projecto que iniciei há muito pouco tempo com um colega. Neste capítulo, penso que podemos dar a nossa contribuição, pois o que exis-te, fundamentalmente de autores estrangeiros, não cobre mi-nimamente o programa das disciplinas dos nossos cursos. É um projecto que tenho vindo a adiar porque há sempre alguma coisa de mais urgente a fazer ...

Projectos para o futuro ?

Lançar o primeiro satélite totalmente desenvolvido em Portu-gal e pelo IST. Este tipo de projecto, que aliás é muito popular junto de comunidades de estudantes universitários por esse mundo fora, tem tido, paradoxalmente, pouca adesão por par-te dos nossos estudantes de engenharia. É um projecto que eu gostaria que o N3E, bem como o NEERCI, abraçassem de corpo e alma, sendo mais um projecto dos alunos do que dos próprios professores; no fundo algo como o que já acontece com o projecto Fórmula Student que é um projecto bandeira do IST, ou melhor, dos alunos do IST. Oxalá que o ISTnanosat possa ser o segundo projecto bandeira dentro da grande Escola de Engenharia que ainda é o Técnico.

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Info

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O dia começa bem cedo no TagusPark, pouco antes das oito horas, já João Pina

dos Santos trabalha num dos laboratórios de electrónica na preparação das aulas práti-cas desse dia.

Ao mesmo tempo que a hora avança, o Sr. Pina, como é conhecido por todos, tem de se desdobrar para dar auxílio aos alunos que se encontram a trabalhar nos seus projec-tos mas também em garantir o adequado funcionamento das aulas laboratoriais. A pouco e pouco vão chegando alunos dos vários anos, cada

um deles com diferentes in-tenções, enquanto que uns vêm apenas levantar mate-rial, outros trazem os seus problemas para resolver.

A maioria dos estudantes são de electrónica, e pertencem aos vários ciclos, sendo que a maioria são alunos de mes-trado ou doutoramento. Este acompanhamento é de uma importância enorme para os alunos, e o sinal disso é a boa disposição e respeito que têm a cada abordagem. Embora, seja desconhecido para mui-tos, o Sr. Pina, é também uma referência no pólo da Alame-da, visto que, se deslocam

ao TagusPark vários alu-nos dos mais v a r i a d o s cursos para concluírem pro jectos, ou simples-mente usar os inúmeros recursos que estão dispo-níveis.

Depois de uma manhã agita-da, temos tempo para trocar algumas palavras sobre a formação do técnico de La-boratórios de Electrónica do pólo do TagusPark. Formado em electrónica através dos, actualmente denominados, cursos profissionais, come-çou o seu trabalho ao serviço do Instituto Superior Técnico em 1974, na altura, nos labo-ratórios sediados na Alame-da. Contudo, teve uma passa-gem pelo sector empresarial privado e passados oito anos de ter saído ‘de sua casa’, re-gressou.

Anos mais tarde, foi convi-dado para abraçar um novo

Um dia com ...

Sr.Pina

Texto Tiago Barra

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projecto, a criação dos labo-ratórios de electrónica no re-cém-fundado pólo do Tagus-park. Foi um ano após a sua abertura que surgiu o convite que, para além de reconhe-cer o mérito do seu trabalho, dava a oportunidade de traba-lhar com professores que o tinham sugerido para o cargo, como o Professor Rui Rocha, o Professor Moisés Piedade e também o Professor Rodrigo Arroz.

Durante esta conversa, repa-rámos alguma nostalgia na forma como se falavam de diversos projectos em que colaborou, mas o que mais ênfase teve, foi sem dúvida o projecto SUBA, um projecto acompanhado de perto pelo Sr. Pina e que envolveu muito trabalho e dedicação.

Hoje em dia, a sua tarefa pren-de-se principalmente com a preparação das aulas labora-toriais e com a manutenção

do bom estado dos laborató-rios, no entanto, ao longo do dia chegaram diversos alunos e professores com pequenos problemas rapidamente solu-cionados.

O ano lectivo inicia-se em Se-tembro, sendo que faz parte da sua responsabilidade a prospecção de novo material e um estudo de mercado para escolher a melhor alternati-va. Cada semestre é planeado com precisão para que não

haja imprevistos.

No final da tarde, e visivel-mente mais fatigado, João Pina dos Santos, fecha o labo-ratório. Foi um dia cansativo, mas sem dúvida muito produ-tivo para todos, é merecido o descanso daquele que, para muitos é mais do que um fun-cionário, para alguns ensina mais que um professor, que para outros é um amigo, mas que para todos é o Sr. Pina.

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Nas sociedades ociden-tais e orientais mais desenvolvidas ainda existem elevadas as-

simetrias de género, princi-palmente em algumas áreas do ensino superior, o caso das ciências, das tecnologias e das engenharias, que são predominantemente frequen-tadas por homens. Contudo, a sub-representação das mu-lheres nestas áreas de for-mação tem vindo a crescer. Portugal destaca-se pela po-sitiva acompanhando a média europeia de 40% de mulheres investigadoras, segundo o re-latório She Figures 2012, en-contrando-se bem à frente de países como o Luxemburgo (21%) e a Alemanha (25%).

Infelizmente, nem tudo são boas notícias. Apesar de cada vez existirem mais mulheres com cursos superiores, estes continuam a ser mais rela-cionados com os ramos das ciências sociais, direito, saúde e protecção social.

Segundo um estudo publica-do pelo EUROSTAT (2007, in CIG, 2009), Portugal continua a ter poucas mulheres diplo-madas em engenharia com uma percentagem de 22.3% relativamente ao total de di-plomados (dados referentes ao ano de 2009).

As Mulheres e a

mos mulheres que surpreen-deram tudo e todos. É o caso da Hedy Lamarr (1913-2000) que desenvolveu um siste-ma de comunicação para as Forças Armadas dos EUA, durante a segunda guerra mundial. Esta foi a base para a moderna tecnologia de co-municação sem fios, como os telemóveis, o Bluetooth e o Wi-Fi. Para além de ser uma cientista notável, foi conside-rada a mulher mais bonita da Europa, afirmando que “Qual-quer mulher consegue ser deslumbrante”.

Outro excepcional exemplo é o da Corinna Lathan no mundo da engenharia e da robótica. Ela fundou a sua própria em-presa AnthroTronix, em que um dos principais objectivos era desenvolver sistemas que proporcionassem às crianças com alguma deficiência física pleno acesso a tudo o que os rodeia através da robótica e da realidade virtual. “Lidar com os estereótipos e o duplo padrão moral foi o mais difí-cil. Todas as cientistas e en-genheiras que conheço foram confundidas, pelo menos uma vez na vida, com uma secre-tária” afirma a engenheira. “A imagem do cientista distraído também não é aceite no nos-so caso, pois temos de nos mostrar sempre perfeitas, arranjadas, seguras e pro-fissionais. Por outro lado, se uma mulher quiser conseguir um lugar no topo (e mantê--lo), não só terá de se esfor-çar mais, como demonstrar continuamente o seu valor. Sendo mulher, não há espaço para a mediania, embora haja um monte de homens medío-cres nas altas esferas.”

termos mulheres de suces-so é preciso que lhes dêem oportunidades. Isto implica que se uma mulher quer ser bem-sucedida tem de estar constantemente a demons-trar competências, que é sufi-cientemente capaz ou melhor que os outros a realizar uma determinada tarefa. Só assim elas conseguirão progredir na carreira. O que pode não ser prejudicial, porque têm de se esforçar o dobro ou o triplo que os outros, estando desta forma a contribuir para o seu desenvolvimento pessoal.

Hoje em dia, a maioria das empresas já apostam em mu-lheres e já existe legislação a este nível, por exemplo as maiores empresas cotadas na bolsa são obrigadas a que a percentagem de mulheres nos conselhos administrati-vos em lugares não executi-vos seja de 40%. Na minha opinião, esta lei poderia ter ido mais além.

Exemplos positivosNa história da engenharia te-

A engenharia não é só para homensA grande questão que se colo-ca é por que razão continuam as mulheres a fugir destas áreas. A engenharia requer pessoas com boas capaci-dades de inovação, imagina-ção e criatividade, em que o principal objectivo é resolver problemas. O sexo não distin-gue este tipo de qualidades, não são só os homens que têm estas aptidões. A grande diferença é que os homens normalmente são bastante confiantes, enquanto que as mulheres não acreditam o su-ficiente nas suas capacidades tecnológicas e por isso, não sentem que o seu lugar é na engenharia. Além disso, como é uma área bastante mascu-lina, existem ainda poucos exemplos de engenheiras bem-sucedidas e com gran-des cargos na sociedade, o que influencia a sua decisão.

Caso existissem mais enge-nheiras bem-sucedidas, exis-tiriam mais raparigas a dizer sim à engenharia. Mas, para

Texto Sofia Ferreira

Engenharia

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Confiança acima de tudoMas afinal, qual é a importân-cia das mulheres na engenha-ria? As mulheres são tão precisas numa empresa como os ho-mens. Cada vez mais, é preci-so saber trabalhar em equipa e esta deve ser sempre com-posta por elementos femini-nos e masculinos.Um dos factores bastante importantes nos negócios é a diversidade das equipas, por isso as empresas deve-riam acreditar mais no valor das nossas engenheiras, que são realmente competentes. E, além disso, tra-balham muito bem em equipa tendo sempre algo a dizer e a acrescentar.Existe aquele mito de que muitas mulheres juntas dá sempre confusão, mas por que razão isto acontece? Pen-so que seja pelo facto de as mulheres terem sempre algo a dizer, de serem ambiciosas e a sua maioria ter uma per-sonalidade forte e, por isso “chocam”. Esta característica pode ser bem aproveitada a nível empresarial, se o soube-rem reajustar.Para além de tudo isto, as mulheres são muito criativas

- um dos pré-requisitos ne-cessários para ser um bom engenheiro, apesar de muitas vezes não o demonstrarem. Mas que têm uma imaginação fértil, têm.

Economia femininaActualmente existem várias organizações internacionais que têm como principal ob-jectivo promover as mulheres na engenharia, é o caso da Society of Women Engineers (SWE), Women in Technology International (WITI) e da Wo-men in Engineering (WiE). To-das elas incentivam as mulhe-res a fazer mais e melhor o

que realmente sabem, neste caso engenharia, dando-lhes a oportunidade de evoluir enquanto profissionais e pes-soas.

Se estivermos atentos e anali-sarmos vinculosamente a so-ciedade, apercebemo-nos que existem sub-sectores, orien-tados para as necessidades femininas, com falta de inova-ção porque há menos mulhe-res com conhecimentos nos vários ramos da tecnologia.

Por exemplo, existem alguns produtos que só as mulhe-res compram, é o caso das bombas de mama, teste de gravidez, ferramentas de ras-treamento de ovulação, entre muitos outros. Os casamen-tos, os filhos e a família são assuntos da responsabilidade da mulher, sendo assim áreas pouco desenvolvidas tecnolo-gicamente.

Um bom exemplo de inova-ção no sector feminino é a reciclagem de soutiens que depois são utilizados no fa-brico de painéis isoladores e de absorção sonora, no qual conseguem “atenuar vários

tipos de poluição sonora e de assegurar excelentes perfor-mances de insonorização em qualquer estrutura” afirma a Francesca Vellano, do De-partamente de Comunicação da Intimissimi. Esta empresa apostou na eco-sustentabi-lidade, aproveitando os des-perdícios de fiação, tecelagem e embalagens transformando-os em novos produtos como absorventes acústicos, isola-dores térmicos, estofados e cortinas.

Em Portugal, tanto a Intimissi-mi como a Triumph aderiram a esta estratégia oferecendo descontos de 3 a 5 euros na compra de novas peças em troca de soutiens velhos, in-centivando assim as mulhe-res a contribuir para o futuro tecnológico direccionado para áreas femininas.

O Futuro depende de nósEu sou da opinião de que quem não luta por um futuro melhor, tem de aceitar o futu-ro que vier. E, não vale a pena ter muitas ideias, se estas não

se transforma-rem em projec-tos reais.

A sociedade precisa de nós, é preciso revo-lucionar a sua

mente. E isso cabe a cada uma de nós.

Deixo um conselho para aque-las que são ambiciosas. De-vem arriscar mais em novos projectos, em novas áreas, saindo da vossa zona de con-forto e pondo em prática os conhecimentos que têm ad-quiridos. Só assim consegui-rão evoluir e alcançar os vos-sos objectivos. Mas acima de tudo, confiem em vocês e nas vossas capacidades.

Porque precisamos de mais mulheres na Engenharia?

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Texto Vera LopesO que é?

O GASTagus é uma associa-ção juvenil sem fins lucrati-vos, com 5 anos de activida-de e sede no IST TagusPark. Pretende capacitar os jovens para a Cidadania Activa, atra-vés da promoção de volunta-riado nacional e internacional e de actividades de educação não formal.

Como surgiu?

Em 2008 dois jovens, iden-tificaram a necessidade de criar um projecto de volunta-riado independentemente de filiação religiosa e decidiram fundar o GASTagus. Como um deles era aluno do IST con-

seguiram um precioso apoio que se mantém até hoje.

O que fazem?

A caminhada GASTa-gus é um processo anual que tem 4

componentes essenciais à consciencialização dos volun-tários:1. Formação no âmbito da ci-

dadania;2. Voluntariado nacional, du-

rante 6 meses, na CAIS, SER+, DAVAP, Casa de San-to António, ABLA, entre outras;

3. Voluntariado internacional,

durante 1 mês, em Angola, Brasil, Cabo Verde, Mo-çambique ou São Tomé e Princípe;

4. Gestão e execução de ac-tividades de angariação de fundos.

Estas atividades desenvolvem capacidades de consciência social, empreendedorismo, resolução de problemas, or-ganização, persistência e tra-balho em equipa!

Prémios ganhos?

Recebemos recentemente o nosso primeiro prémio, o Pré-mio de Voluntariado Jovem do Montepio, que vem provar

que os doadores privados po-dem e devem contribuir para projectos sociais e, principal-mente, para projectos que tornem os jovens mais solidá-rios e alerta.

Feedback dos voluntários?

A passagem pelo GASTagus não deixa ninguém indiferen-te! Os voluntários afirmam ter uma visão do mundo mais consciente, preocupando-se com temas com que não se preocupavam antes e dizem ter desenvolvido mais as suas competências pessoais e sociais. A grande maioria continua a fazer voluntariado no GASTagus ou noutras ins-tituições.

Artigo escrito ao abrigo do novo acor-do ortográfico da língua portuguesa

GasTagus

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N3E Magazine 35

Grup

os d

o Técnico

Texto Pedro Santos

O Fórum Mecânica é o núcleo de alunos de Engenharia Mecânica do Instituto Superior

Técnico.

É um grupo sem fins lucra-tivos que tem como objec-tivo complementar a oferta académica aos alunos, con-tribuindo para o desenvolvi-mento das suas capacidades a nível social e profissional.

Como tal, o Fórum Mecânica organiza e promove um con-junto de várias actividades em que estão convidados a

participar todos os alunos interessados, quer sejam de Engenharia Mecânica ou de outros cursos.

A actividade com mais visibi-

lidade organizada pelo Fórum Mecânica é o MecanIST - as Jornadas de Engenharia Me-cânica. Este evento tem como objectivo potenciar a interli-gação entre as temáticas do curso, o mundo empresarial e a investigação científica e construir um indispensável elo de ligação entre os recém--licenciados e o mercado de trabalho.

A 3ª edição do Me-canIST decorrerá de 5 a 7 de Mar-ço de 2014. Este evento contará com palestras e stands de empre-sas e, porque a vida académica não deve ser feita só de tra-balho, o MecanIST estrear--se-á com actividades de cariz recreativo!

Outra estreia do Fórum Me-cânica este ano lectivo será o Encontro Nacional de Estu-dantes de Engenharia Mecâ-nica. Este evento, que acon-tecerá pela primeira vez em Lisboa, visa juntar alunos de Engenharia Mecânica de todo o país em actividades tais

como workshops, desafios de engenharia e seminários.

Com estas e outras activi-dades, o Fórum Mecânica pretende contribuir para que a oferta de actividades, aca-démicas e não só, da univer-sidade aos alunos seja mais variada e, ainda, estabelecer relações mais fortes entre alunos, professores e empre-sas.

FórumMecânica

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36 N3E Magazine

Do

It Y

our

self

Piano

AnalógicoTodos nós temos lá por casa aquele piano elec-trónico com que brincámos em criança e que nunca mais usámos.

Se gostavas de relembrar a infância, mas aque-le brinquedo já não funciona, e sentes que can-tar os parabéns não fica completo sem a aju-da de um instrumento, temos o projecto ideal para ti. Constrói um piano analógico e mostra aos teus pais que já não precisam de te com-prar brinquedos, pois agora és tu que os fazes. Para isso só precisas de:

1. Adaptador de uma pilha de 9 Volt;2. Pilha de 9 Volt;3. Cabos;4. Resistência variável até 10 kΩ;5. Timer 555 de qualquer marca (por

exemplo TLC555, NE555);6. Altifalante de 8 Ω;7. 6 resistências de 1 kΩ;8. 6 botões de pressão;9. Condensador electrolítico de 10 µF;10. Condensador electrolítico de 100 nF;11. Breadboard.

Assim que o material estiver todo reunido podemos prosseguir com a montagem. O circuito que iremos construir é o seguinte:

Texto Rúben Capitão

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N3E Magazine 37

Do

It Yourself

1Primeiramente, coloca os botões de pressão de ma-neira arrumada num canto

da breadboard.

2Coloca as resistências de 1 kΩ e os cabos por baixo conforme indicado

na figura. Coloca-os de forma a que apenas exista contacto entre a resistência e os ca-bos azuis, quando o botão é pressionado. Desta forma o circuito só emite som quando pressionares os botões.

3Para melhor arrumação do espaço, vamos começar por inserir os componentes que fal-tam e só depois fazer as ligações necessá-

rias. Assim sendo, para facilitar, coloca a resistên-cia variável mais ou menos a meio da breadboard, especialmente se tiveres uma breadboard grande como a da figura. Como podes ver no circuito, a resistência de 1 kΩ, que sobrou, está ligada ao VCC, ou seja, à parte positiva da pilha. Aproveitando que a breadboard tem sinais “ + ” e “ - “ liga-a à linha da breadboard que contém o “ + ”.

4Procura o timer 555 e coloca-o na breadboard junto à resistência va-

riável. Assegura-te que o pino número 1 fica na parte inferior esquerda, como indicado na figura. Se não sabes qual é o número de cada pino, avança para a secção Erros Comuns na página seguinte.

5Neste passo iremos inserir os condensado-res. É de notar que estes condensadores têm polaridade ou seja, só funcionam num sentido

de corrente. Assim, verás que estes têm um pino mais comprido que outro, sendo o mais comprido o lado positivo. Posto isto, coloca o condensador de 100 nF do pino 1 do timer para o ground (par-te negativa da pilha), por isso, é ligado ao “ – “ da breadboard. O outro condensador, de 10 µF, fará o contacto entre o pino 3 do timer e a coluna. Como ainda não sabemos onde ficará a coluna, coloca o outro pino afastado do timer, para não atrapalhar.

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38 N3E Magazine

Do

It Y

our

self 7Com todos os compo-

nentes montados, che-gou a hora de efectuar as

ligações. Para não te perde-res, diversificámos as cores dos cabos. Coloca os cabos castanhos de modo a fazer os contactos entre o “teclado” e a resistência variável e, nova-mente, entre o “teclado” e o timer. Para alimentares o cir-cuito, coloca os cabos laranja.

8Como podes ver pelo esquema eléctrico, os pinos 2 e 6, tal como os pinos 4 e 8, estão em

curto-circuito, portanto, o próximo passo será isso mesmo, ligar estes pinos entre si. Para tal efetua as liga-ções de cor lilás. Para além disso, o pino 7 do timer também está ligado à resistência variável e à resistência de 1 kΩ, cuja ligação é representada pelo cabo de cor cinzenta.

9Agora que todas as liga-ções estão feitas, liga a coluna e logo de seguida

liga a pilha às linhas da bread- board “ + “ e “ – “ respectiva-mente com os pólos “ + “ e “ – “ da pilha.

Agora que já tens o teu piano analógico, começa a praticar. Não te esqueças que a resistência variável permite que ajustes os tons das notas.

Caso não esteja a funcionar segue esta lista de Erros Comuns:

•No 2º passo é comum efectuar mal a montagem dos botões de pressão. Se a coluna estiver a fazer barulho antes de to-cares nos botões, é muito provável que este passo esteja incorrecto. Para confirmares verifica se a corrente só passa nos cabos azuis quando tocas no botão;•Um erro bastante comum é montar o timer 555 de forma

errada. Cada circuito integrado (caixinha preta com os vários pinos, como é o caso do timer 555) tem numa das pontas uma bola ou um semi-círculo que sinaliza onde se começa a contagem dos pinos. Quando este sinal está virado para cima, o pino 1 encontra-se do lado esquerdo, como podes ver na figura abaixo;

•Se já verificaste os erros acima e o piano ainda não funciona, faz uma revisão ao circuito e verifica se tens os condensa-dores com a polarização correcta, ou se algum componente está danificado.

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N3E Magazine 39

Secção C

ultural

A Origem...Alguma vez te ques-

tionaste sobre as origens da Eletróni-ca? Foi apenas há

10 anos que a Engenharia Eletrónica encontrou o seu cantinho no Taguspark mas a sua origem já tem mais de 100 anos.

A interação entre humanos e fenómenos elétricos pu-ramente vindos da natureza ocorrem desde o início dos tempos, mas apenas no sécu-

lo VI A.C. são reportadas pela primeira vez, por Thales de Mileto, cargas elétricas. Mui-tos séculos depois, passada a idade das trevas, é iniciado o estudo do eletromagnetismo pelo inglês William Gilbert, no início do séc. XVII, sob o apoio da rainha Elizabeth I de Inglaterra, e graças a cien-tistas brilhantes como Otto Van Guericke, Georg Simon Ohm, Benjamin Franklin, en-tre outros, dá-se um enorme passo na compreensão do eletromagnetismo. Até este ponto, a eletricidade pouca ou nenhuma influência tinha no quotidiano das pessoas, pois não era possível a sua pro-dução, armazenamento ou transporte. É então no início do século XIX, com a desco-berta da pilha por Alessandro

Volta, que o eletromagnetis-mo deixa de ser um objeto de estudo exótico para algo que ia despoletar uma das maio-res evoluções que o mundo já conheceu.

São necessários apenas al-guns anos para ser inventado o relé, considerado como o primeiro aparelho eletróni-co, por Joseph Henry no ano de 1835. É a capacidade de controlar eletricamente um interruptor à distância que

revoluciona e permite o sucesso do telégrafo na propagação de mensa-gens a longas distâncias. Este aparelho entra na vida quotidiana do século XIX alguns anos antes da criação da primeira fábri-ca de produção de ener-gia elétrica de Thomas Edison em Londres, 1882. Não oficialmente, mas é aqui que nasce a eletróni-ca, sendo que os disposi-tivos eletrónicos ao invés

dos elétricos transformam e manipulam o fluxo elétrico.

Em 1904, John Ambrose Fleming através de estudos de Thomas Edison, dá o pas-so seguinte na história da eletrónica com a invenção do tubo de vácuo de dois elétro-dos, o primeiro díodo. Esta tecnologia permite o apare-cimento, pela primeira vez, da comunicação wireless nos sistemas eletrónicos, dando origem à radiocomunicação. Esta tecnologia durou cerca de cinco décadas e ainda teve contributos de outros gran-des cientistas como Lee De Forest na criação do tríodo, Guglielmo Marconi considera-do o inventor do rádio, Edwin Howard Armstrong criador do circuito regenerativo e da

modulação por frequência em 1933, Philo T. Farnsworth cria-dor da televisão em 1938, entre outros.

Na época de 40 começa-se a ou-vir falar pelas pri-meiras vezes em Engenharia Ele-trónica como um ramo da engenharia elétrica. É por esta época que apare-cem os primeiros computa-dores digitais, é a época onde a humanidade dá os primeiros passos na era digital. Usa-vam relés e válvulas (tubos de vácuo) ao invés de peças mecânicas. Eram máquinas gigantes que ocupam salas inteiras e até edifícios foram erguidos para o seu alojamen-to. O Colossus é considerado o primeiro computador elétri-co da história, inventado por Tommy Flowers para os bri-tânicos, no auxílio a descodi-ficar mensagens dos alemães na Segunda Guerra Mundial. Só em 1956 se ouve falar do primeiro computador utili-zando transístores, o TX-O, demonstrado na universidade de Massachusetts Institute of Technology.

A primeira patente do transís-tor data de 1925, pelo físico austro-húngaro Julius Edgar Lilienfeld, embora tenha sido ignorado pela indústria no seu início. Seria quase 20 anos depois, nos laboratórios Bell,

que a fórmula do transístor estável é alcançada e este começa a ter alguma relevân-cia. A evolução do transístor daí em diante é exponencial e durante anos a lei de Moore prevê com bastante precisão que por cada 2 anos o número de transístores num circuito integrado duplica. Foi com a evolução dos transístores que a eletrónica teve um boom, o que permitiu o aparecimento dos primeiros computadores pessoais.

A eletrónica desde a sua ori-gem mudou radicalmente a maneira do homem pensar e agir. Existem novas tecnolo-gias por descobrir que repre-sentam um enorme potencial se capazes de substituir as existentes. Grandes nomes permanecem na história e a estes grandes senhores de-vemos tudo o que nos rodeia. Espero com este artigo ter inspirado alguém a querer entrar na história da mesma forma.

Artigo escrito ao abrigo do novo acor-do ortográfico da língua portuguesa

Texto Hugo Silva

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