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UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SOCIAIS APLICADAS CCBSA CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS NATALINA DANTAS DESENVOLVIMENTO DE UMA NOVA TÉCNICA DE OBTENÇÃO DE NANO/MICROCRISTAIS PARA INCREMENTO DE SOLUBILIDADE DE FÁRMACOS E ANÁLISE CITOTÓXICA EM MODELO DE ARTEMIA SALINA João Pessoa, PB 2012

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA

CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SOCIAIS APLICADAS –

CCBSA

CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

NATALINA DANTAS

DESENVOLVIMENTO DE UMA NOVA TÉCNICA DE OBTENÇÃO DE

NANO/MICROCRISTAIS PARA INCREMENTO DE SOLUBILIDADE

DE FÁRMACOS E ANÁLISE CITOTÓXICA EM MODELO DE

ARTEMIA SALINA

João Pessoa, PB

2012

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NATALINA DANTAS

DESENVOLVIMENTO DE UMA NOVA TÉCNICA DE OBTENÇÃO DE

NANO/MICROCRISTAIS PARA INCREMENTO DE SOLUBILIDADE

DE FÁRMACOS E ANÁLISE CITOTÓXICA EM MODELO DE

ARTEMIA SALINA

Orientador: Dr. Francisco Jaime Bezerra Mendonça Junior

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao

Curso de Bacharelado em Ciências Biológicas

da Universidade Estadual da Paraíba, em

cumprimento as exigências para obtenção do

grau de Bacharel em Ciências Biológicas

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F ICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA SETORIAL CAMPUS V – UEPB

D192d Dantas, Natalina.

Desenvolvimento de uma nova técnica de obtenção de

nano/microcristais para incremento de solubilidade de fármacos e

análise citotóxica em modelo de artemia salina / Natalina Dantas. –

2012.

56f. : il. color

Digitado.

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Ciências

Biológicas) – Universidade Estadual da Paraíba, Centro de

Ciências Biológicas e Sociais Aplicadas, Curso de Ciências

Biológicas, 2012.

“Orientação: Prof. Dr. Francisco Jaime Bezerra Mendonca

Junior, Curso de Ciências Biológicas”.

1. Nanocristais. 2. Nanossuspensões. 3. Derivados tiofênicos.

I. Título.

21. ed. CDD 547.594

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DEDICATÓRIA

Dedico esse trabalho primeiramente a Deus, aquele que me deu toda coragem,

perseverança e apoio em todos momentos, nunca me permitindo desistir dos meus objetivos e

me fazendo lutar para alcançar meus sonhos. Sei senhor que não sou uma filha como deveria,

que lhe agrade em todas as minhas ações, mas compreenda sou falha e nada do que eu faço é

por todo mal.

Dedico este trabalho também a todos que acreditaram e acreditam na educação como

instrumento transformador da sociedade e principalmente naqueles que possibilitaram a mim

a conclusão de todo projeto de vida que vim e venha a desenvolver: Minha família.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus pela força que me deste durante esta difícil trajetória, para persistir

apesar dos desafios e adversidades, enfrentando-os sem esmorecer, alcançando vitoriosa esta

etapa de minha vida.

Há momentos em nossas vidas, que a única coisa de que precisamos, é poder olhar a

nossa volta e ver alguém que realmente se importa conosco e que simplesmente nos diga

"estou tão orgulhoso de você... e não importa o que aconteça, sempre estarei ao seu lado te

apoiando." E por isso, agradeço à minha família.

Em especial a minha irmã Rosa Dantas que apesar de todos os conflitos a amo e ela é

como uma mãe que cuida e se preocupa até demais. Ela é a minha fortaleza e refúgio, dedico

e agradeço de todo o meu coração esta conquista tão importante em minha vida. Obrigada

pelo amor que me ajudou a trilhar este caminho, compartilhando ideias e ideais por mais

distantes e inatingíveis que pareça, lutando comigo e me incentivando a prosseguir, fossem

quais fossem os obstáculos, acreditando e confiando na minha capacidade, sacrificando-se

muitas vezes em favor da família.

À minha irmã, Damiana Dantas pessoa muito especial que também nos últimos anos

estive ao meu lado, apoiando e compreendendo-me incondicionalmente. Até mesmo nos

momentos mais difíceis e delicados. A qualquer hora, estive de braços abertos, acalmando

meu coração, fazendo-me sorrir e perceber o lado positivo de cada adversidade. Juntas rimos

e sofremos nas incontáveis horas de cansaço, preocupação e incertezas.

A meu querido professor e orientador Dr. Francisco Jaime Bezerra Mendonça

Junior expresso todo meu carinho e sincero agradecimento pelo seu voto de confiança,

principalmente por ter acreditado em mim, no meu trabalho e potencial . Sempre esteve junto

apoiando a cada passo na concretização deste desafio. A palavra desânimo não fez parte do

nosso dia-a-dia, muito pelo contrário, houveram muitos momentos de alegria. Agradeço

também ao professor Dr. Elquio Eleamen Oliveira pela ideia do projeto de nanocristais e

por ter me permitido ser sua aluna de iniciação científica. Eu o agradeço por todo

oconhecimento a mim transmitido.

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Ao longo deste caminho, encontrei pessoas muito importantes que percorreram ao

meu lado, vivendo minha luta, e que de alguma forma, partilharam dos prazeres e

dificuldades ao longo destes 4 anos. Aos colegas e amigos de turma Elisângela, Jander, e

Randson obrigada pelo ombro amigo, pelas conversas, pelas trocas de conhecimentos, pela

ajuda e apoio. Cada um de vocês deixou um pouco de si, contribuindo para a felicidade de

hoje. A família LSVM eu também agradeço por vocês fazerem parte da minha história.

Um sincero agradecimento a todos os professores que por mim passaram ao longo

desta graduação e deixou de alguma forma algum ensinamento. Em especial agradeço aos

professores Ricardo Olímpio de Moura e Ênio Wocily Dantas por contribuir não apenas

com seus conhecimentos em sala de aula, mas também com valores morais como,

responsabilidade, dedicação, amizade e amor pelo o que faz. Enfim à todos que estiveram ao

meu lado partilhando comigo momentos único, que deixarão saudades.

Meu Muito Obrigada ... “Valeu à pena!!!”

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Adicione conhecimento como se fosse viver por toda vida e viva como se fosse

morrer amanhã

Añadi conocimiento como si fueras a vivir toda la vida y vive como si fueras a

morir mañana

(Charlie Chaplin)

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RESUMO

Um dos principais problemas relacionados ao desenvolvimento de novos fármacos é a

obtenção de parâmetros ADME (Absorção/Distribuição/Metabolismo/Excreção) satisfatórios.

A maior parte dos novos fármacos que chegam às fases pré-clínicas e clínicas são rejeitados

antes de chegarem ao mercado ou por apresentarem efeitos colaterais incompatíveis ou por

não possuir perfil farmacocinético satisfatório. Para essa última possibilidade, a solubilidade

do composto no meio aquoso se mostra um parâmetro essencial. Nesse trabalho seis derivados

tiofênicos, (codificados: 7CN05, 7CN08, 7CN09, 7CN10, 6CN14 e 6CN10) sintetizados no

Laboratório de Síntese e Vetorização de Moléculas da Universidade Estadual da Paraíba que

se mostraram ativos em testes preliminares de atividade antifúngica e citotóxica in vitro,

foram selecionados no intuito da promoção de um incremento de suas solubilidades (visto que

os mesmos apresentam como característica comum, uma muito baixa solubilidade) através do

desenvolvimento de nanossuspensões contendo micro/nanocristais. Objetivou-se ainda a

determinação e comparação da citotoxicidade das formulações e dos produtos em estado bruto

através de ensaios de letalidade em Artemia salina. Para tanto foram: determinados o

comprimento de onda máximo (λMÁX); obtidas as curvas de calibração usando

espectrofotômetro UV/Vis; e realizados teste de solubilidade em água e metanol para cada um

dos compostos na forma bruta. Em seguida foi desenvolvido um processo de produção das

nanossuspensões baseado no método da nanoprecipitação. As formulações foram avaliadas

quanto ao tamanho das partículas e a solubilidade. A determinação da solubilidade dos

fármacos em sua forma bruta demonstrou que os compostos são praticamente insolúveis em

água. Em 5 dos 6 compostos não foi possível determinar os valores de solubilidade, sendo

atribuído o valor zero. Para o composto 6CN10, o valor da solubilidade foi determinado em

0,5683µg/ml. Após preparação das formulações dos nanocristais as solubilidades

determinadas tiveram valores variando entre 64,61µg/ml (7CN10) e 925,32µg/ml (6CN10). A

análise microscópica comprovou a redução do tamanho dos cristais dos compostos em

algumas centenas de vezes. O incremento na solubilidade obtida com as nanossuspensões

resultou também numa alteração do perfil farmacológico dos compostos. Foi observado que

alguns fármacos formulados apresentaram valores de citotoxicidade superior (até 500 vezes)

quanto comparados com os fármacos em sua forma bruta. Estes resultados comprovam que o

processo desenvolvido para obtenção dos micro/nanocristais foi eficiente, induz a um

incremento significativo na solubilidade do fármaco e promove alterações do perfil

farmacológico (indicativo da possibilidade de diminuição da dose com manutenção da

atividade biológica), se apresenta como uma técnica barata, interessante e promissora para a

indústria farmacêutica promover o incremento da solubilidade e a melhora do perfil ADME

de princípios ativos de baixa solubilidade.

Palavras-Chave: nanocristais, nanossuspensões, solubilidade, derivados tiofênicos.

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ABSTRACT

One of the main problems related to the development of new drugs is to obtain satisfactory

ADME (Absorption / Distribution / Metabolism / Excretion) parameters. Most new drugs that

arrive at the pre-clinical and clinical trials are rejected before they reach the market or due to

incompatible collateral effects or do not have suitable pharmacokinetic profile. For this last

possibility, the compound solubility in the aqueous medium is an essential parameter. In this

work six thiophenics derivatives, (coded: 7CN05, 7CN08, 7CN09, 7CN10, and 6CN14

6CN10) synthesized in the Laboratory of Synthesis and Vectorization of Molecules of State

University of Paraíba that were active in early trials of antifungal activity and cytotoxic in

vitro, were selected in order to promote an increase in their solubilities (since they have a

common characteristic, a very low solubility) by developing nanosuspensions containing

micro / nanocrystals. Still had as objective the determination and comparison of the

cytotoxicity of the formulations and products in the crude state by tests in brine shrimp

lethality. For that were determined the maximum wavelength (λMÁX); calibration curves

obtained by using a spectrophotometer UV / Vis; and solubility test conducted in water and

methanol for each compound in crude form. Then we developed a process of producing

nanosuspensions based on the method of nanoprecipitation. The formulations were evaluated

for particle size and solubility. The determination of solubility of the drug in crude form

demonstrated that the compounds are practically insoluble in water. In 5 of the 6 compounds

was not possible to determine the solubility values being assigned the value zero. For

compound 6CN10, the value of solubility was determined as 0.5683 µg / ml. After

preparation of nanocrystals formulations the solubilities determined had values ranging from

64.61 µg / ml (7CN10) and 925.32 µg / ml (6CN10). Microscopic analysis confirmed the

reduction of the size of the crystals of compounds in few hundred times. The increase in

solubility obtained with nanosuspensions also resulted in a change of the pharmacological

profile of the compounds. It was observed that some drugs formulated showed higher

cytotoxicity values (up to 500 times) as compared with the drug in its crude form. These

results prove that the developed process for obtaining micro / nanocrystals was efficient,

induces a significant increase in drug solubility and promotes changes in the pharmacological

profile (indicative of the possibility of dose reduction while maintaining the biological

activity), presents as an inexpensive technique, interesting and promising for the

pharmaceutical industry to promote the increased solubility and improved ADME profile of

active ingredients of low solubility.

Keywords: nanocrystals, nanosuspensions, solubility, derived thiophenic

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1. Estruturas químicas dos compostos em estudo ............................................ 16

FIGURA 2. Tabela de conversão do percentual da média de náuplius mortos probit

Extraído de Finney(1952) ............................................................................................. ....30

FIGURA 3 a. Cristal bruto de 6CN10. Objetiva 100x ................................................. 34

FIGURA 3 b. Micro/nanocristal de 6CN10. Objetiva de 100x ..................................... 34

FIGURA 4 a. Cristal bruto de 7CN05. Objetiva 100x .................................................... 35

FIGURA 4b Micro/nanocristal de 7CN05. Objetiva de 100x. ........................................ 35

FIGURA 5 a. Cristal bruto 7CN10. Objetiva 100x ........................................................... 36

FIGURA 5 b. Micro/nanocristal 7CN10. Objetiva de 100x ........................................... 36

FIGURA 6 a. Formulação 7CN10 sem liofilização. Objetiva 100x .. ............................. 37

FIGURA 6 b. 7CN10 liofilizado. Objetiva 100x . ............................................................. 37

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1. Termos descritivos de solubilidade e seus significados .............................. 19

TABELA 2. Tabela construída utilizando os dados do composto 6CN10 para

obtenção do gráfico de regressão linear .......................................................................... 30

TABELA 3. Dados obtidos a partir de testes de varredura, curva de calibração e

solubilidade ...................................................................................................................... 32

TABELA 4. Tabela construída com os dados do composto 7CN10 para realização do

cálculo da CL50 ................................................................................................................ 39

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LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1. Curva 6CN14 em metanol (concentração (μg/mL) x absorbância) ........ 31

GRÁFICO 2. Gráfico de regressão linear PROBIT para o composto 7CN 10 .............. 39

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SUMÁRIO

1. Introdução .............................................................................................................. 14

2. Revisão da Literatura ........................................................................................... 17

2.1. A nanotecnologia na ciência farmacêutica .............................................................. 17

2.2. Solubilidade de fármacos pouco solúveis ............................................................... 18

2.3. Fatores que afetam a solubilidade ........................................................................... 20

2.4. Técnicas para aumento da solubilidade de fármacos baseados na redução

do tamanho da partícula .................................................................................................... 21

2.4.1 Nanosuspensão ........................................................................................................ 21

2.5. Importância dos Tiofênicos ..................................................................................... 23

2.6. Teste de citotoxicidade de fármacos ....................................................................... 25

3. Objetivos ................................................................................................................ 25

3.1 Objetivo Geral ......................................................................................................... 25

3.2 Objetivos específicos .............................................................................................. 25

4. Metodologia ........................................................................................................... 25

4.1 Determinação do comprimento de onda máximo (λMÁX) de cada um dos compostos

................................................................................................................................. 25

4.2 Obtenção da curva de calibração............................................................................. 26

4.3 Teste de solubilidade em metanol ........................................................................... 26

4.4 Teste de solubilidade em água ................................................................................ 27

4.5 Preparação das nanosuspensões .............................................................................. 27

4.6 Caracterização das nanosuspensões ........................................................................ 28

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4.6.1 Determinação dos tamanhos dos cristais................................................................. 28

4.7 Comportamento das nanosuspensões quanto ao processo de liofilização .............. 28

4.8 Teste de citotoxicidade das nanosuspensões dos fármacos 6CN10, 6CN14,

7CN05, 7CN08, 7CN09, 7CN10 ...................................................................................... 28

4.8.1 Preparo das amostras ............................................................................................... 29

4.8.2 Obtenção dos dados................................................................................................. 29

4.8.3 Análise dos dados .................................................................................................... 29

5. Resultados e discussão .......................................................................................... 31

5.1 Parte experimental ................................................................................................... 31

5.2 Parte Biológica ........................................................................................................ 38

5.2.1 Teste de citotoxicidade das nanosuspensões ........................................................... 39

6. Conclusão ............................................................................................................... 41

7. Perspectivas ........................................................................................................... 42

8. Referências .................................................................................................................. 43

9. Anexos .......................................................................................................................... 48

9.1 Anexo I: Espectros de varredura dos compostos estudados ......................................... 48

9.2 Anexo II: Gráficos da curva de calibração dos compostos estudados .......................... 51

9.3 Anexo III: Gráfico de regressão linear PROBIT dos compostos ................................. 53

9.4 Figuras dos micro/nanocristais ..................................................................................... 55

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1. Introdução

Os últimos 20 anos têm sido marcados por um intenso avanço tecnológico em muitos

campos do conhecimento, e o domínio da nanociência e da nanotecnologia é um dos mais

promissores campos de pesquisa da ciência, prometendo uma verdadeira revolução

tecnológica (KASAMA, et al., 2008).

A infinidade de benefícios e perspectivas oferecidas a todas as áreas de atuação pela

nanociência deve-se à interdisciplinaridade desta tecnologia inovadora. A comunidade

científica brasileira tem acompanhado a tendência mundial e vem aumentando sua produção

intelectual em nanociência e nanotecnologia, em todas suas linhas de pesquisa. Devido à

versatilidade e funcionalidade dos materiais gerados, a nanotecnologia está sendo empregada

nos mais diversos segmentos, destacando-se os setores farmacêutico, alimentício e cosmético

(ARAKI, 2007). No que se refere ao mercado farmacêutico e cosmético, a principal vantagem

está na capacidade de desenvolver sistemas para veiculação de fármacos e ativos,

possibilitando a produção de formulações mais eficazes e estáveis. (GRANADA, et al., 2007).

Dentre essas novas tecnologias desenvolvidas, inclui-se a produção de nanocristais

que envolve a redução do tamanho da partícula do fármaco, geralmente para menos de 1.000

nanômetros. A nanocristalização pode ser aplicada tecnicamente a qualquer fármaco. Existem

dois métodos distintos para a produção de nanocristais: desenvolvimento “bottom-up” e “top-

down”. Redução de tamanho de partícula de cristais maiores, formando os nanocristais “top-

down” ou através da construção de partículas por precipitação de moléculas dissolvidas

“bottom-up”( MÜLLER & KECK, 2004) . A produção pela tecnologia top-down baseia-se no

processo de homogeneização por alta pressão preferencialmente em meio aquoso. O princípio

básico da técnica botton-up é que a droga dissolvida em um solvente é precipitada pela adição

de um não solvente.

Os nanocristais obtidos apresentam enorme interesse científico, pois promovem o

aumento da superfície exposta da droga, assim como sua taxa de absorção e eficiência como

fármaco, isso favorece na redução da sua dose terapêutica e no aumento de sua

biodisponibilidade (DURÁN, et al., 2010). Os compostos cuja solubilidade aquosa é baixa

são aqueles que geralmente são escolhidos para serem processados em nanocristais

(RABINOW, 2004) .

Estima-se que mais de 40% dos fármacos em desenvolvimento apresentam baixa

solubilidade, gerando um número significativo de protótipos que são descartados por não

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serem aprovados nos testes clínicos devido sua baixa absorção (MARQUES et al., 2009).

Sendo assim, um dos maiores desafios com que a indústria farmacêutica atualmente se depara,

consiste em desenvolver estratégias para melhorar a solubilidade destes fármacos em água,

melhorando assim a sua biodisponibilidade (VIPPAGUNTA, et al., 2006) e perfil

farmacológico .

Os derivados 2-amino-tiofênicos já são conhecidos na literatura pelo seu extenso

espectro de atividades biológicas associadas. Dentro desse grupo já existem compostos com

diversas aplicações na indústria farmacêutica e síntese orgânica (PUTEROVÁ;

KRUTOSIKOVA; VÉGH, 2009), como o metafenileno (anti-histamínico), ácido tiaprofênico

(antiinflamatório), olanzapina (tratamento de esquizofrenia) e o siltiofan (ação fungicida)

(STEFANI, 2009).

Devido a este potencial farmacológico o Laboratório de Síntese e Vetorização de

Moléculas (LSVM) da Universidade Estadual da Paraíba investiu na síntese de novas

moléculas derivadas do núcleo 2-amino-tiofeno como por exemplo: 2-[(2,4-dicloro-

benzilideno)-amino]-5,6,7,8-tetraidro-4H-ciclohepta[b]tiofeno-3 carbonitrila (7CN05), 2-

[(3,4-dicloro-benzilideno)-amino]-5,6,7,8-tetraidro-4H-ciclohepta[b]tiofeno-3-carbonitrila

(7CN08), 2-[(5-bromo-2-metóxi-benzilideno)-amino]-5,6,7,8-tetraidro-4H-

ciclohepta[b]tiofeno-3-carbonitrila (7CN09), 2-[(4-nitro-benzilideno)-amino]-5,6,7,8-

tetraidro-4H-ciclohepta[b]tiofeno-3-carbonitrila (7CN10), 2-[(4-flúor-benzilideno)amino]-

4,5,6,7-tetraidro-4H-benzo[b]tiofeno-3carbonitrila (6CN14) e 2-[(4-nitrobenzilideno)amino]-

4,5,6,7-tetraidro-4H-benzo[b]tiofeno-3-carbonitrila, (6CN10) (figura 1), tendo este último

comprovada atividade antifúngica (MENDONÇA- JUNIOR et al., 2011).

Além do grande potencial biológico, esses compostos apresentam como característica

comum uma baixa solubilidade em água. De forma a resolver esta característica indesejada e

com isso permitir um incremento da atividade biológica desses derivados, o objetivo deste

trabalho é melhorar o perfil de solubilidade destas moléculas sintetizadas no LSVM através

do desenvolvimento de micro/nanocristais a partir de uma nova metodologia de obtenção de

nanosuspensão e avaliar sua citotoxidade frente ao modelo de Artemia salina através da

determinação dos valores da CL50 antes e após procedimento nanotecnológico.

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S

S

CN

N

N

CN

S

CN

N

S

N

CN

S

N

CN

S

N

CN

NO2F

6CN14 6CN10

Cl

Cl

Cl

Cl

Br

OMe

NO2

7CN05

7CN08

7CN10

7CN09

Figura 1. Estruturas químicas dos compostos em estudo.

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2. Revisão da Literatura

2.1. A nanotecnologia na ciência farmacêutica

A nanotecnologia é um ramo recente da ciência que se aplica a praticamente todos os

setores da pesquisa, da engenharia de materiais e de mercado. A habilidade de caracterizar,

manipular e organizar materiais em escala nonométrica está promovendo uma revolução

científica e tecnológica de proporções ainda não identificadas (LEE, 2004). A nanotecnologia

tornou-se um dos temas promissores na indústria de pesquisas farmacêutica e com isso

também a necessidade de adequadas técnicas de análise de tais sistemas (CARL ENGLERT,

2007).

Na área farmacêutica, os sistemas nanométricos ainda não são amplamente difundidos

como as emulsões, suspensões e demais formas farmacêuticas sólidos, semi-sólidos e

líquidos, porém possuem grande potencial de serem usados como sistemas sofisticados de

liberação de drogas (LEE, 2004).

A tecnologia de liberação controlada caracteriza o sistema capaz de prover algum

controle terapêutico, seja de natureza temporal, espacial ou ambos. Quando o veículo

empregado promove apenas uma liberação em tempo prolongado podemos denominar como

liberação sustentada (DURÁN, 2010). Tal tecnologia envolve diferentes aspectos

multidisciplinares e pode contribuir muito para o avanço da saúde humana, como por

exemplo, melhoria da sua biodisponibilidade, redução da dose terapêutica e toxicidade.

Para alcançar este objetivo, tem sido desenvolvidos diversos sistemas nanométricos

mais sofisticados, revestidos por polímeros hidrófilos, denominados de tecnologia Stealth que

permite um tempo de circulação maior no organismo (MARQUES, et al., 2009) . Isso é

permetido devido ao desenvolvimento de técnicas de nanoemulsões e nanosuspensões as

quais trabalham na redução do tamanho das partículas, melhorando a solubilidade e

biodisponibilidade de drogas pouco solúveis em água.

As emulsões são amplamente empregadas como veículos nas indústrias cosméticas e

farmacêuticas por apresentarem vantagens como veiculação de fármacos ativos hidrofílicos e

lipofílicos na mesma formulação, além de possibilitarem o controle de aspectos sensoriais

adaptados às necessidades da via de administração para os quais se destinam (CAMARGO,

2008). Em geral as emulsões são compostas por três fases: aquosa, oleosa e tensoativo. São

estabilizados cineticamente pela adição de agentes tensoativos capazes de diminuir a tensão

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superficial do sistema e de formar um filme interfacial com propriedades estéricas e

eletrostáticas em torno dos glóbulos da fase interna (MORRISON & ROSS, 2002).

Os nanocristais apresentam grandes vantagens tecnológicas, uma vez que muitas das

suas propriedades elétricas e termodinâmicas dependem do tamanho das partículas, podendo,

com isso ser controlado através de cuidadosos processos de produção. Entre as vantagens que

os nanocristais podem oferecer destacam-se: i. Aumento da eficácia terapêutica; ii.

Diminuição da dose terapêutica e do número de administrações iii. Incremento de solubilidade

(MARQUES et al., 2009).

Pela nanobiotecnologia está previsto o provimento de meios para diagnósticos

prematuros e melhora no diagnóstico de doenças, permitindo tratamentos em fases iniciais das

doenças.

2.2. Solubilidade de fármacos pouco solúveis

A maioria das novas moléculas em desenvolvimento tem por finalidade serem

incorporadas em formas farmacêuticas sólidas orais que lhes permitam uma dissolução e

absorção reprodutíveis e adequadas à obtenção das concentrações plasmáticas necessárias

para a obtenção do efeito terapêutico pretendido (CHARMAN & CHARMAN, 2003). No

entanto, muitas destas novas moléculas, são pouco solúveis em água, apresentando uma baixa

absorção após sua administração oral. O efeito terapêutico de um fármaco depende da sua

biodisponibilidade e da solubilidade das suas moléculas.

A solubilidade de um soluto é a quantidade máxima de soluto que se pode dissolver numa

determinada quantidade de solvente ou de solução a uma determinada temperatura. Por outras

palavras, a solubilidade pode também ser definida como a capacidade de uma substância formar

uma solução (MULLER & PITERS, 1998).

A solubilidade é um dos parâmetros mais importantes para alcançar a concentração

desejada do fármaco na circulação sistêmica, para se obter uma resposta farmacológica.

Atualmente, apenas 8% dos novos fármacos possuem igualmente elevada solubilidade e

permeabilidade (MARQUES et al., 2009 ).

Dependendo da sua solubilidade em água, cada fármaco possui um perfil diferente e

único de liberação e de ação no alvo. Os fármacos pouco solúveis em água, assim como os

que apresentam sérios efeitos colaterais, requerem uma tecnologia para a sua liberação em um

alvo-específico. Outros problemas como lenta absorção e a aplicação de volumes excessivos

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em administrações intravenosas podem ser melhorados através do uso de sistemas de

liberação sustentada (sistemas inteligentes), (SHAH, 2006). Isto ampliaria o uso de vários

fármacos, alguns deles biotecnológicos, tais como a afidicolina .

A solubilidade de um fármaco é um parâmetro chave nos estudos de pré-formulação.

De acordo com a Farmacopeia Brasileira II (2011) as substâncias podem ser classificadas

quanto à sua solubilidade (tabela 1).

Solvente

Quantidades aproximadas do solvente, em

mililitros, para um grama da substância

Muito solúvel

Menos de 1 parte

Facilmente solúvel

De 1 a 10 partes

Solúvel De 10 a 30 partes

Ligeiramente solúvel De 30 a 100 partes

Pouco solúvel De 100 a 1 000 partes

Muito pouco solúvel De 1 000 a 10 000 partes

Tabela 1. Termos descritivos de solubilidade e seus significados.

Outro problema de fármacos pouco solúveis em meio aquoso é a sua baixa

biodisponibilidade quando administrados oralmente. Este fato pode ser atribuído a dois

fatores, além da sua possível degradação no aparelho digestivo: baixa velocidade de

dissolução e, baixa permeabilidade do fármaco nas paredes do aparelho digestivo (DURÁN

et. al., 2010). Em geral, fármacos que possuem baixa solubilidade apresentam também uma

baixa velocidade de dissolução (MULLER et.al. , 2004).

A absorção oral de fármacos pouco solúveis em água pode ser melhorada pelo

aumento da velocidade de dissolução do fármaco através do aumento da sua área superficial e,

aumento da solubilidade de saturação do fármaco. O primeiro aspecto pode ser atingido por

micronização, entretanto para a maioria dos produtos biotecnológicos este procedimento não é

suficiente, devido à solubilidade muito baixa destes produtos. Desta forma, o aumento da área

superficial não possibilita a obtenção de uma rápida velocidade de dissolução para atingir

níveis plasmáticos terapêuticos. Porém, a transformação de cristais do fármaco em

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nanocristais poderia aumentar sua absorção oral. Isto porque a redução para nanocristais, além

de aumentar a velocidade de dissolução do fármaco (aumento da área superficial) aumenta

simultaneamente a sua “solubilidade de saturação”. Deste modo, as partículas de nanocristais

podem ser administradas por via oral e por via intravenosa em suspensões aquosas (MULLER

et.al., 2004).

2.3. Fatores que afetam a solubilidade

O tamanho das partículas de sólido influencia a solubilidade, porque à medida que a

partícula vai ficando menor, a relação área de superfície/volume aumenta. A grande área de

superfície permite uma grande interação com o solvente. A temperatura também afeta a

solubilidade por que, se o processo de dissolução absorve energia, a solubilidade aumenta à

medida que aumenta a temperatura. Se o processo de dissolução liberta energia, a solubilidade

diminui com o aumento da temperatura. Geralmente, um aumento na temperatura de

dissolução aumenta a solubilidade de um soluto sólido (ALMEIDA, 2009).

O tamanho molecular também influencia na solubilidade do fármaco. Quanto maior

for a molécula, ou maior for o seu peso molecular, menos solúvel é a substância. Moléculas

grandes são geralmente mais difíceis de serem envolvidas por moléculas de solvente.

Outro aspecto importante no estudo de nanonização dos fármacos é a forma dos

nanocristais formados, visto que a estrutura cristalina (forma) destes pode modificar vários

aspectos da sua ação, assim como suas estabilidade e biodisponibilidade (FANTIN et

al.,2003). O polimorfismo (existência de diferentes formas cristalinas de um mesmo fármaco)

pode causar variações no ponto de fusão, estabilidade, densidade e na solubilidade do

fármaco, já que estas propriedades dependem da tendência de escape da molécula de uma

estrutura cristalina particular. Além disto, a forma polimórfica influencia na concentração de

saturação (cs) sendo que a solubilidade é maior para as modificações polimórficas que

apresentam alta energia interna e baixo ponto de fusão (RABINOW, 2004)

2.4. Técnicas para aumento da solubilidade de fármacos baseados na redução do

tamanho da partícula

A redução do tamanho de partícula pode ser alcançada por nanoemulsão e

nanosuspensão. Cada uma das técnicas utiliza diferentes equipamentos para reduzir o

tamanho de partícula (PINNAMANENI, 2002).

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2.4.1. Nanosuspensão

Recentemente, foi obeservadoque a maioria das drogas insolúveis em água pertencem

aos grupos de agentes: anticâncerígeno, antiinfeccioso, sistema nervoso central (SNC) e anti-

viral. Com o aumento da incidência de tais doenças, tem havido um forte interesse em formas

de dosagem para aplicações de nanosuspensões injetáveis (WONG et al. , 2008).

Uma importante vantagem das drogas em nanosuspensões é a sua possibilidade de

administração por vias diferentes, tais como a oral (LIVERSIDGE & CUNDY, 1995),

parenteral ( PETERS et al., 2000) e ocular (ROSÁRIO et al., 2002). Além disso,

nanosuspensões tem demonstrado resultados farmacológicos e farmacocinéticos superiores às

tradicionais formas farmacêuticas para cada via de administração.

Para nanosuspensões, de acordo com equação de Noyes-Whitney e Ostwald-

Freundlich, o tamanho da partícula em escala nanométrica pode levar a um aumento de

velocidade de dissolução e a solubilidade de saturação (JACOBS & MULLER, 2002), de

modo que a absorção oral de drogas pouco solúveis, juntamente com maior

biodisponibilidade pode ser obtida quando comparada com a formulação tradicional

(BERNHARD & MULLER, 1999). Para além disso, devido ao seu tamanho pequeno,

nanosuspensões podem ser injetadas por via intravenosa podendo alcançar uma

biodisponibilidade de 100% (MULLER & KECK, 2004).

A alta biodisponibilidade (até 100%) de um fármaco pode ser obtida com nanocristais

com diâmetro médio inferior a 400 nm. Nesta faixa de diâmetro é possível a aplicação destes

fármacos por via intravenosa, já que seu tamanho é muito menor que o diâmetro dos vasos

capilares (5-6 µm). Uma vantagem da nanocristalização é o aumento da biodisponibilidade

oral do fármaco nanocristalino. Esta biodisponibilidade pode ser aumentada através da

incorporação do nanocristais em nanoestruturas como, por exemplo, em nanopartículas

lipídicas sólidas (NLS), carreadores lipídicos nanoestruturados (CLN) ou transformado em

conjugado fármaco-lipídio (CFL), (SHAH, 2006)

Vários métodos de nanocristalização são conhecidos, mas o mais simples é a

homogeneização à alta pressão. Em 1999, Müller e colaboradores desenvolveram um novo

método para produção de nanosuspensões de fármacos utilizando como solvente a água. Este

método utiliza um homogeneizador de alta pressão que contém um pistão cilíndrico que pode

gerar uma pressão de até 2000 bar. A suspensão é pressionada através de um orifício de 3-5

mm a uma pressão entre 150-1500 bar. Nestas condições o líquido começa a ferver formando

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bolhas de gás que explodem quando a suspensão deixa o orifício. Em seguida, a pressão volta

ao normal (cavitação). A formação de bolhas de gás seguida por suas explosões gera ondas de

choque que causam a diminuição das partículas (MULLER ; JACOBS & KAYSER, 2000).

A nanonização também pode ser realizada pelo método denominado NanoCrystal® (

MERISKO-LIVERSIDG & LIVERSIDGE, 2008). Esse método se baseia na moagem de

suspensões aquosas de cristais micrométricos do fármaco estabilizados por tensoativos.

Este processo, aprovado em vários países, é versátil, pode ser aplicado em diferentes

compostos aumentando sua solubilidade em água e permitindo a obtenção de formulações de

nanocristais para administração oral e intravenosa (MERISKO-LIVERSIDG &

LIVERSIDGE, 2008). Através deste processo, nanocristais de diferentes fármacos foram

preparados como o cilostazol , que apresentou um aumento na sua biodisponibilidade quando

aplicado em cachorros Beagle (JINNO et al., 2006)

As nanossuspensões podem ser estabilizadas por lecitina ou por outros tensoativos,

tais como Tween 80 ou o Poloxamero 188 (MULLER & JUNGHANNS, 2006).

Os tensoativos são moléculas com distintas regiões polares e não polares. Quando

pequenas moléculas apolares são adicionadas elas podem-se acumular no núcleo hidrofóbico

das micelas. Este processo de solubilização é muito importante em processos biológicos e

industriais. A presença de tensoativos pode reduzir a tensão superficial e aumentar a

solubilidade do fármaco no solvente orgânico (SWARBRICK & BOYLAN, 2002)

KECK & MÜLLER, (2006) afirmam que independentemente da maneira da produção,

os fármacos nanocristalinos têm grandes vantagens como, por exemplo, a utilização de

sistemas simples de produção. Isto é de suma importância já que quanto mais complicado é o

sistema de produção, mais tempo este produto ficará longe do mercado e dos pacientes.

Sistemas simples podem chegar, rapidamente, a ser uma realidade.

2.5. Importância dos derivados tiofênicos

Com o aumento da resistência a antibióticos, por parte principalmente em populações

bacterianas, tem-se evoluído a procura por fármacos mais eficazes e seguros, que causem

menos efeitos colaterais possíveis, proporcionando aos seus usuários menor rejeição e maior

sucesso nos tratamentos. Nesse contexto, a química orgânica medicinal através dos

planejamentos e modificações moleculares tem contribuído para a maior parte das novas

descobertas, observando-se um crescimento considerável de compostos sintéticos para uso

medicinal, os quais têm sido empregados no combate às diversas doenças, entre eles estão os

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heterociclos tiofênicos que são amplamente descritos na literatura como possuidores de

relevantes propriedades farmacológicas (VERÇOZA, et AL, 2009).

O tiofeno consiste em um heterocíclico aromático pentagonal, onde um carbono

metilênico é substituído por um átomo de enxofre e um par de ligações duplas (ZHONGHAI,

2005). Uma das características importantes dessa molécula é a possibilidade de sofrer

modificações estruturais em todos os carbonos da molécula (posições 2, 3, 4, e 5) o que

viabiliza uma gama de opções reacionais no processo de síntese de seus derivados

(ZHONGHAI, 2005).

Os derivados do tiofeno apresentam grande potencial em inibir o crescimento de

microrganismos, através de suas significativas atividades biológicas, tais como antifúngicos

(GOVINDASWAMY & MOHAN, 1998), analgésico (SHAFEEQUE & MOHAN, 1999),

antibacteriano (DZHURAVERY, et al., 1992), antioxidante e anti-inflamatórios ( DALBIR.

S; MOHAN; SHARMA, 1992), anticancerígena (FERREIRA, et al., 2006) antimitótica

(ROMAGNOLI et al., 2007) dentre outras.

Simão e colaboradores, (2009), demonstraram atividade anti-T. cruzi do 2-[(4-

Benziloxibenzilideno)-amino]-5-metil-tiofeno-3-carbonitrila , frente à forma tripomastigota

do parasita, e verificou também significante atividade antifúngica in vitro com valores de

Concentração Mínima Inibitória ( CMI ) inferiores à droga padrão fluconazol em duas

linhagens celulares de fungos C. albicans e C. krusei que foi utilizada como cepa de

referência.

Os derivados do tiofeno apresentam também um extenso número de moléculas com

atividade antibacteriana, dentre elas pode-se encontrar o fenil-(2,3,5-trimetil-benzo[b]tiofeno-

6-il)-amino (I) comprovado por Ferreira et al., (2004), e o 3-fenilamino-benzo[b]tiofeno-2-

ácido carboxílico-etil-ester (II), Pinto et al., (2008).

Então devido a todas estas propriedades farmacológicas apresentadas pelo os

derivados tiofênicos, é importante empregar novos métodos para melhorar suas propriedades

físico-químicas, dentre elas a solubilidade, a fim de aumentar suas atividades biológicas.

2.6. Teste de citotoxicidade de fármacos

Atualmente, milhares de novas moléculas químicas são sintetizadas e isoladas de

diferentes fontes naturais, contudo a maior parte de suas atividades biológicas/farmacológicas

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e aspectos de toxicidade, ainda são muito pouco estudadas ou desconhecidas para aqueles que

as isolaram ou produziram.

A síntese de novas substâncias bioativas requer ensaios preliminares de determinação

da toxicidade, antes de serem pensados quaisquer outros testes biológicos in vivo, pois

fornecem importantes indicativos da viabilidade da condução dos testes in vivo, como por

exemplo: indicação da dose máxima tolerável, DL50, dose terapêutica, efeitos adversos, entre

outros.

Dentro desse contexto, A. salina Leach vem sendo utilizada com frequência em

bioensaios de determinação de toxicidade, que utilizam a CL50 (concentração letal para 50%

da população) para a avaliação de atividades biológicas (NUNES et al., 2008). Esses testes

tem se mostrado uteis tanto para avaliar a toxicidade de compostos orgânicos químicos

sintéticos, quanto de compostos ou extratos advindos de fontes naturais. Assim os testes com

artêmias são uma opção de ensaiar a citotoxicidade de diversos compostos, de maneira mais

barata e mais acessível aos pesquisadores, já que dispensa equipamento sofisticado e

treinamento especializado.

Muitos pesquisadores já utilizaram do uso dos testes de toxicidade com artêmia para

determinação da CL50. Por exemplo, HOQUE & ISLAM (2008), fizeram o uso de artêmias

frente a indofeninas sintetizadas a partir de derivados tiofênicos, tiazóis e isatina obtendo

CL50 que variaram 0,99 a 1,77 μg/mL, demonstrando-se tóxicos para as artêmias. Dentro

desse contexto, resolvemos avaliar e comparar a toxicidade das nanosuspensões e dos

fármacos não formulados em teste de citotoxicidade usando o modelo de Artemia salina, de

acordo com a metodologia desenvolvida por MEYER et al., (1982) e adaptada por RIBEIRO,

(2011).

3. Objetivos

3.1. Objetivo geral

Melhorar o perfil de solubilidade de moléculas sintéticas derivadas de tiofenos 6CN10,

6CN14, 7 CN05, 7 CN08, 7CN09, 7 CN10 produzidas no Laboratório de Síntese e

Vetorização de Moléculas da UEPB, através do desenvolvimento de uma nova técnica

de obtenção de micro/nanocristais, determinar e comparar a citotoxicidade dessas

moléculas nanoprecipitada e na sua forma bruta (natural) através do teste de letalidade,

usando Artemia salina.

3.2. Objetivos específicos

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Determinar a solubilidade das moléculas em água e em solvente orgânico.

Desenvolver uma tecnologia para obtenção de nanosuspensões.

Caracterizar as nanosuspensões quanto ao tamanho dos seus cristais e determinar a

concentração dos fármacos após a nanosuspensão

Verificar o comportamento das nanosuspensão quando submetido ao processo de

liofilização.

Determinar a citotoxicidade dos compostos frente ao modelo de Artemia salina após

melhoramento da solubilidade e comparar os resultados com os testes de citotoxicidade

dos mesmos na forma bruta.

4. Metodologia

4.1. Determinação do comprimento de onda máximo (λMÁX) de cada um dos compostos

O primeiro teste a ser realizado foi o de Varredura feito na Universidade Federal do

Rio Grande do Norte (UFRN) no espectrofotômetro (Shimadzu) com os solventes acetona,

clorofórmio, etanol e metanol para obter o comprimento de onda máximo (λMÁX) e a

absorbância nas seguintes concentrações 1, 2, 5, 10 e 20 µg/ml. No teste utilizou-se 10 mg do

6CN10 adicionados em um balão de 50 ml e solubilizado com os respectivos solventes,

exceto para o metanol que foi 10 mg/100 ml formando a solução mãe . E então feitas as

leituras no espectrofotômetro.

Para a varredura das moléculas 6CN14, 7CN05, 7CN08, 7CN09 e 7CN10, o solvente

utilizado foi apenas o metanol na concentração de 10 µg/ml e foram aferidos o comprimento

de onda máximo (λMÁX).

4.2. Obtenção da curva de calibração

Com os resultados do teste de varredura foi possível obter a curva de calibração no

espectrofotômetro tipo UV-Spectrophotometer SP-2000 UV da Universidade Estadual da

Paraíba. Esta curva foi usada para obter o valor da solubilidade da concentração de

substâncias cuja concentração se desconhece. Ela estabelece uma relação entre a absorbância

da solução padrão em diferentes concentrações. Esta análise foi feita em triplicata utilizando

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as concentrações padrão de 100 μg/mL para 6CN14, 7CN05, 7CN08, 7CN09 e 7CN10 e

200μg/ ml para 6CN10 e λMÁX.

Destas soluções mães foram realizadas diluições para concentrações de 2,5 μg/ml, 5

μg/ml, 7,5 μg/ml, 10 μg/ml, 12,5 μg/ml e 15 μg/ml em todos os compostos com exceção do

6CN10 cujas concentrações foram 0,2 μg/ml, 0,4 μg/ml, 1 μg/ml, 2 μg/ml, 3 μg/ml, 4 μg/ml, 5

μg/ml, 6 μg/ml, 7 μg/ml, 8 μg/ml, 10 μg/ml, 12 μg/ml. Com a média dos resultados, foi obtido

a equação da reta através da regressão linear no programa Microsoft Office Excel 97/2003.

4.3. Teste de solubilidade em metanol

Os testes de solubilidade em metanol foram realizados em triplicatas, em frascos

fechados para cada um dos fármacos analisados. Neste experimento foram pesados em

balança analítica com precisão de quatro decimais (OHAUS, modelo Adventurer) 20 mg de

cada um dos fármacos, em seguida foram adicionados 20 ml de metanol e deixado sob

agitação por 72 horas à temperatura ambiente numa rotação de 500 rpm em placa agitadora

(Ika color Squid (IKA)). Para o composto 6CN10 o tempo de agitação foi de 96 horas.

Depois de 72 horas, foram retiradas alíquotas de 500 µl, postos em balões

volumétricos de 10 ml e os volumes completados com metanol.

Para as soluções dos compostos 6CN10 e 7CN05 foi necessário fazer diluições

adicionais. Para o composto 7CN05 do balão de 10 ml foram retirados 1000 μl colocados em

um novo balão de 5ml completando-se novamente com metanol. Para o 6CN10 foi necessário

retirar também 1000 μl adicionado em um novo balão de 10 ml. As soluções foram então lidas

em espectrofotômetro, de onde foi possível obter os valores de absorbância.

Através dos resultados obtidos foram feitos cálculos para determinação da

concentração e solubilidade dos fármacos. Para isso utilizou-se a equação da reta encontrada

na curva de calibração. Os cálculos das concentrações de solubilidade encontrados foram

avaliados e classificados de acordo com os dados da Farmacopeia brasileira IV edição (2011).

4.4. Teste de solubilidade em água

O teste de solubilidade em água foi feito em triplicata para cada um dos fármacos

analisados. No experimento 20 mg dos fármacos foram adicionados em 20 ml de água

destilada em um frasco fechado e colocado sob agitação em agitador magnético a 500 rpm e

temperatura ambiente por 72 horas. Passado este tempo foram coletadas 3 ml, que foram

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filtrado em filtro Millipore de 0,2 µm (para retenção do fármaco não solubilizado). Deste

filtrado, foi pipetado 1 ml, transferido para um balão volumétrico de 5 ml e o volume foi

completado com 4 ml de metanol. Em seguida foi feita a leitura da absorbância no

espectrofotômetro.

Com os valores de absorbância lidas nas três triplicatas foi feita uma média e com ela

calculada o valor da solubilidade em água para cada um dos compostos.

4.5 Preparação das nanosuspensões

A fim de otimizar as condições de micro/nanocristalização para incorporação do

fármaco na formulação e assim incrementar sua solubilidade em meio aquoso, a partir da

redução do tamanho dos cristais dos compostos testados, um novo método de preparação das

nanosuspensões foi desenvolvido e este foi realizado em todas as formulações.

O processo para produção das nanosuspensões encontra-se em fase de patenteamento.

Resumidamente, os fármacos foram solubilizados em solvente orgânico, homogeneizados

através de técnica de baixa energia e depois precipitado rapidamente com redução de volume

para obtenção dos nanocristais.

4.6. Caracterização das nanosuspensões

4.6.1. Determinação dos tamanhos dos cristais

Para determinação do tamanho dos micro/nanocristais das formulações foram

preparadas lâminas, imediatamente após a obtenção das formulações finais e visualizadas em

microscópio óptico Olympus Bx 41 com sistema de captura de imagem Bell na objetiva de

100 x e os tamanhos de alguns cristais foram determinados.

Também foram avaliados os tamanhos dos cristais dos fármacos na sua forma natural

(bruta), preparando-se lâminas e visualizadas no microscópio óptico, para poder desta forma

avaliar se houve ou não redução no tamanho dos cristais.

4.7. Comportamento das nanosuspensões quanto ao processo de liofilização

Foram separados 4mL de cada uma das nanosuspensões, e colocadas em frascos de

penicilina e congelados em freezer comum (-10 oC), em seguida congeladas em freezer -80

oC

para serem liofilizados.

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Lâminas foram preparadas utilizando as nanossuspensões liofilizadas e os tamanhos

dos cristais foram observados, e tiveram seus tamanhos determinados e comparados com as

nanossuspensões recém preparadas.

A liofilização foi realizada com o intuito de evitar um provável crescimento dos

tamanhos dos cristais através do processo de agregação dos micro/nanocristais. Também é

importante para evitar o crescimento de fungos e bactérias, visto que se trata de uma

formulação em meio aquoso sem o uso de agentes bactericidas.

4.8. Teste de citotoxicidade das nanosupensões dos fármacos 6CN10, 6CN14, 7CN05,

7CN 08, 7CN 09, 7CN10.

Os testes de citotoxicidade frente à Artemia salina foram baseados na metodologia

proposta por MEYER et al.; (1982), com adaptações feitas por RIBEIRO, (2011).

4.8.1. Preparo das amostras

Para o preparo das amostras foram feitos cálculos de soluções a partir das

concentrações mães das formulações que eram de 1000 µg/ml para os compostos 6CN10,

6CN14, 7CN08, 7CN09 e 2500 µg/ml para os compostos 7CN05 e 7CN10. Testadas nas

seguintes concentrações 500, 100, 50, 25, 10 e 1 µg/ml. Em tubos de ensaio com volume final

de2 ml e 10 naúplios de artêmias cada.

Após adicionar os volumes das formulações correspondentes as suas respectivas

concentrações, o volume do tubo foi completado com água salina até atingir 2 ml.

Foi também testado uma solução branca (controle negativo), composta exclusivamente

por Tween 80 a 5 % em solução salina e com isso identificar se a causa das possíveis mortes

dos náuplius foi devido ao fármaco ou ao tensoativo presente na formulação.

4.8.2. Obtenção dos dados

Após 24 horas de exposição dos náuplius às formulações dos compostos, o número de

náuplius vivos e mortos em cada tubo foi determinada por controle visual Posteriormente foi

calculada a média do número de náuplios mortos para cada concentração de cada composto.

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29

4.8.3. Análise dos dados

A partir dos dados obtidos, foi determinado a CL50 po análise de regressão linear

através do método estatístico PROBIT.

Utilizando o software Microsoft Excel 2003, foi criada uma tabela com quatro colunas

(tabela 3), na primeira foi colocado as concentrações usadas no experimento, na segunda o

logaritmo das concentrações na base 10, seguida pelo percentual de náuplius mortos e o valor

do PROBIT referente ao percentual de náuplius mortos obtido a partir da tabela proposta por

Finney (1952) (figura 2).

Concentração

(µg/ml ) Log da

concentração % naúplius mortos PROBIT

500 2,69897 96 6,75

100 2 23,33 4,26

50 1,69897 26,66 4,36

10 1 13,33 3,87

1 0 10 3,72

Tabela 2. Tabela construída utilizando os dados do composto 6CN10 para obtenção do gráfico de

regressão linear.

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30

Figura 2. Tabela de conversão do percentual da média de náuplius mortos para o probit.

Extraído de Finney (1952)

Com estes dados foi criado um gráfico de regressão linear, onde “y” se refere ao valor

do PROBIT e “x” ao log das concentrações. O R² representa o coeficiente de linearidade e nos

fornece indiretamente a confiabilidade dos valores, quanto mais próximo de 1 mais linear é a

reta e mais confiáveis são os dados.

Para saber a concentração que mata 50% dos indivíduos (CL50), substiui o “y” da

equação da reta pelo valor 5 e obtêm-se o valor “x”, que será o log da CL50, obtendo assim o

valor da CL50.

5. Resultados e discussão

5.1. Parte experimental

A espectroscopia é um dos métodos de análise mais usado nas investigações

biológicas e físico-químicas de fármacos. Através desta análise foi possível obter o

comprimento de onda máximo (λMÁX) para cada um dos compostos em metanol numa

concentração 100 µg/ml para 7CN05, 7CN08, 7CN09, 7CN10, 6CN14 e 200 µg/ml para o

6CN10 (Tabela 3).

Através destes dados retirou-se a curva analítica para cada fármaco. Dentre todos os

testes realizados em triplicata, quem apresentou os melhores coeficiente de correlação (R²)

com valores satisfatório (mais próximo de 1) para utilização da equação da reta nos cálculos

do teste de solubilidade foram 6CN14, 6CN10, 7CN08, 7CN09, 7CN10 e 7CN05

respectivamente como por exemplo mostra os gráficos 1.

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31

Gráfico 1. Curva analítica do 6CN14 em metanol (eixo X é a concentração (μg/mL ) x eixo Y

( absorbância ).

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Tabela 3. Dados obtidos a partir de testes de varredura, curva de calibração, solubilidade e valores de CL50 dos derivados tiofênicos em forma

bruta e micro/nanocristalizado

Fármaco

λMÁX

(nm)

Curva

Analítica/ R²

Co

nce

ntr

açã

o

ME

OH

g/m

L)

So

l/F

árm

aco

em

Ág

ua

(μg

/mL

)

Co

nce

ntr

açã

o

na

no

/mic

ro

cris

tais

g/m

L)

So

lub

ilid

ad

e

na

no

/mic

ro

cris

tais

filt

ra

do

g/m

L)

CL

50 f

árm

aco

bru

to

(μg/m

L)

CL

50 f

árm

aco

form

ula

do

(μg/m

L)

6CN10

400

y = 0,0695x - 0,0021

R² = 0,9998

768,63

0,5683

925,32

26,92

>1000

1,9

6CN14

377

y = 0,1793x - 0,007

R² = 0,9999

48,52

*

355,5

82,96

679

2,98

7CN05

389

y = 0,166x - 0,0005

R² = 0,999

175,68

*

671,08

7,259

>1000

2,05

7CN08

383

y = 0,1517x - 0,0017

R² = 0,9998

51,38

*

361,48

8,76

>1000

2,33

7CN09

398

y = 0,1514x - 0,0124

R² = 0,9996

41,35

*

393,6

13,23

>1000

3,01

7CN10 y = 0,1524x - 0,0079

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33

401 R² = 0,9996 46,83 * 64,615 26,3 71,03 2,01

* Valor não detectado no equipamento utilizado

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A solubilidade dos fármacos é uma propriedade que influência diferentes aspectos

relativos à farmacocinética e estabilidade química da molécula. Auxilia também na escolha do

solvente mais adequado para utilizações analíticas, assim como na eleição do veículo mais

idôneo para uso em ensaios in vivo ou para uma possível formulação líquida do fármaco

(MULLER, et al., 1999).

Dos solventes testados o que apresentou maior capacidade para solubilizar o 6CN10 e,

portanto, utilizados nos testes de solubilidade dos compostos 6CN14, 7CN05, 7CN08,

7CN09, 7CN10 foi o metanol, o qual após 72 horas apresentaram os maiores valores de

absorbância usados na equação da reta (tabela 3). Foi observado para o 6CN10 que após 72

horas o fármaco começou a recristalizar no meio. Podendo-se dizer assim que o tempo

máximo de saturação do 6CN10 foi de 72 horas. Os outros compostos não passaram pela

mesma observação após 72 horas.

Em geral, fármacos que possuem baixa solubilidade apresentam também uma baixa

velocidade de dissolução (MULLER, et al., 1999). Dentre os compostos avaliados o que

apresentou melhor solubilidade em metanol foi o 6CN10, seguido pelo 7CN05 e 7CN08 com

concentrações de 768,63, 175,68 e 51,38 μg/mL respectivamente. Os outros compostos

apresentaram valores de concentração entre 40 e 50 μg/mL (tabela 3).

O teste de solubilidade em água indicou a insolubilidade de todos os fármacos testados

em meio aquoso, apresentando valor muito baixo, porém mensurável (0,5683 μg/mL) apenas

para o 6CN10.

Problemas de solubilidade em drogas recém desenvolvidas com alto potencial

farmacológico é um grave obstáculo no desenvolvimento de formulações, especialmente

quando eles mostram baixa solubilidade aquosa e simultaneamente em meios orgânicos

(MULLER & PITERS, 1998). Uma alternativa bastante utilizada atualmente para estas

drogas pouco solúveis em meio aquoso é a preparação de nanossuspensão, onde se tem uma

nítida redução de tamanho das partículas de fármacos e com isso se abre uma grande

possibilidade de que este fármaco tenha sua administração por via intravenosa, entretanto para

isso o tamanho das partículas devem ser inferior a 5 μm ( KRAUSE & MULLER, 2001).

Para incrementar a solubilidade dos fármacos ativos 6CN10, 6CN14, 7CN05, 7CN08,

7CN09 e 7CN10 a nanoprecipitação foi a técnica escolhida com o propósito de reduzir o

tamanho dos cristais.

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34

Todos os compostos tiveram um excelente incremento de solubilidade, saindo de uma

concentração mínima de 0,5683 μg/mL, para uma concentração máxima de 925,32 μg/mL para o

composto 6CN10 (tabela 3).

Das formulações realizadas a que apresentou melhor solubilidade com relevante

redução do tamanho dos cristais foi 6CN10 apresentando concentração equivalente a 925,32

μg/mL com 1% de Tween 80 (tabela 3). Nessa formulação partiu-se do fármaco com cristais

de tamanho 3,83 μm (cristal bruto) e na formulação final os cristais apresentaram 0,06 μm ou

60 nm. (nanocristal) (figura 6a e 6b). O fármaco 7CN05 foi o segundo a apresentar melhor

solubilidade com concentração 671,08 μg/mL, e também uma relevante redução no tamanho

de seus cristais de 1,28 μm (cristal bruto) para 0,17 μm cristal formulado (figura 7a e 7b). Os

micro/nanocristais dos compostos 6CN14 e 7CN08 ficaram na faixa de 0,3 μm e 7CN09 0,2

μm.

Figura 3a) cristal bruto de 6CN10; 3b) micro/nanocristal de 6CN10. Objetiva de 100x.

Figura 4a) cristal bruto de 7CN05; 4b) micro/nanocristal de 7CN05. Objetiva de 100x.

6a 6b

7a 7b

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Analisando os dados de acordo com o tradicional sistema de classificação

biofarmacêutica, (2011) (tabela 1), os compostos passaram da classificação experimental de

insolúvel, para muito pouco solúvel, com exceção do 7CN10 que continua como insolúvel ou

seja para solubilizar cada grama de soluto ele precisa de aproximadamente 100.000 partes de

solvente.

Este resultado pode está relacionado com a proporção de tensoativo, a qual necessita

de mais testes para encontrar a concentração ideal para este composto, assim também como o

tamanho do cristal pode está influenciando.

Através de visualização em microscópio óptico foi observado uma relevante redução

de tamanho em escala micrométrica ou até mesmo nanométrica do 7CN 10, não sendo

possível medir o tamanho dos cristais devido sua dimensão, quando comparado com o

fármaco em sua forma natural (bruta) (figura 8a e 8b). A hipótese levantada para esta baixa

solubilidade nesta formulação pode está relacionada com a formação de uma população maior

nanocristais que são refletidos no espectrofotômetro, não apresentando assim sua absorbância

real e por tanto causando um erro no cálculo de sua solubilidade.

Figura 5a) cristal bruto 7CN10; 5b) micro/nanocristal 7CN10. Objetiva de 100x.

A escolha do tensoativo e da sua concentração são fatores que influenciam diretamente

as características das nanosuspensões, designadamente as suas dimensões, a retenção do

princípio. Ele forma uma barreira mecânica e/ou elétrica que impede a coalescência das

partículas durante a sua formação, e também a sua agregação durante o armazenamento.

(BUNJES et al., 2003).

As características físico-químicas dos nanocristais obtidos pelo método de

nanosuspensão podem ser afetadas por um conjunto de parâmetros tecnológicos, que incluem

8a 8b

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a solubilidade do princípio ativo, o polimorfismo do fármaco, a natureza e concentração do

tensoativo, a temperatura, a força de cisalhamento e o número de ciclos de homogeneização

efetuados ( SOUTO et al., 2011). O que pode explicar um fármaco apresentar uma melhora de

solubilidade superior, utilizando-se do mesmo procedimento.

A solubilidade do filtrado das nano suspensões também foram baixas apresentando o

6CN14 a melhor solubilidade com concentração 82,96 μg/mL (tabela 3). Isso pode ter

ocorrido devido às filtragens de algumas formulações terem sido efetuadas após um período

de tempo. Como estas não possuem estabilizantes na sua formulação, isso favoreceu a

aglomeração dos micro/nanocristais ocorrendo precipitação dos fármacos, diminuindo sua

solubilidade.

Para a observação do comportamento das nanosuspensões quanto ao processo de

liofilização, as amostra após este procedimento foram visualizadas em microscópio óptico de

forma a obter aspectos relacionados à estabilidade das formulações, analisando a interferência

do tamanho e coalescência dos cristais. A figura 9a e 9b mostra um exemplo utilizando o

composto 7CN10 antes e depois da liofilização. Foi observado que ocorreu uma aglomeração

dos cristais, favorecendo desta forma um aumento no tamanho dos micro/nanocristais. Isso

pode ter ocorrido devido ao tamanho nanométrico para o fármaco 7CN10, a presença do

tensoativo que não é eliminado durante a liofilização ou ainda a falta de estabilizantes mais

eficiente nas nanosuspensões, sendo a presença destes, essencial para a estabilidade e

durabilidade das mesmas. Macroscopicamente foi observado também que os fármacos não se

apresentam em pó seco.

Figura 6a) Formulação 7CN10 sem liofilização; 6b) 7CN10 liofilizado. Objetiva 100x.

9a 9b

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Para se obter uma máxima estabilidade física e evitar o efeito de Ostwald ripening as

nano-suspensões deverão ser tão homogênea quanto possível, o que significa redução do

número de partículas micrométricas. Um parâmetro crítico para a produção de micro

partículas é a necessidade de parar o crescimento das nanopartículas precipitadas por adição

controlada de tensioativos e assim evitar a formação de partículas micrométricas. O controle

das condições de precipitação e a necessidade de tomar medidas contra o crescimento de

partículas podem afetar a reprodutibilidade do tamanho das partículas (GRAU; KAYSER;

MULLER, 2000). Sabe-se que uma das características da tecnologia nano é a grande

instabilidade associada com o alto nível de tensão localizada na superfície do fármaco. Essa

instabilidade facilita o agregamento dos nanocristais formando aglomerados com dimensões

micrométricas (MAZALI, 2001). Portanto é importante desenvolver métodos que possam

prevenir ou controlar a oaumento na taxa de agregação durante seu crescimento ou fenômeno

Ostwald ripening.

Elevadas concentrações de tensoativos, inviabiliza a aplicação cosmética e/ou

farmacêuticas destes sistemas, e as nanosuspensões podem ser preparadas utilizando-se

concentrações de tensoativos entre 3,0 e 5,0 %. Acima destes valores as avaliações das

atividades biológicas se tornam inviáveis, devido à toxicidade do tensoativo (BULHÕES &

ROSANI, 2009 ).

A tecnologia nas formulações com nanocristais fornece novas estratégias para resolver

aspectos associados com moléculas pouco solúveis em água. Além disto, esta tecnologia

possibilitou o desenvolvimento de novos produtos através de processos escalonáveis e com

grande possibilidade de atingir o mercado. Estratégias de formulação de fármacos

nanoparticulados são necessidade eminente na indústria farmacêutica. Isto permitiria abrir

novos caminhos ou alternativas para abordar necessidades médicas ainda não satisfeitas

(MERISKO-LIVERSIDGE E LIVERSIDGE, 2008).

As tentativas para solubilizar as drogas em micelas ou com ciclodextrinas são de

sucesso limitado para muitos fármacos. Uma abordagem alternativa é a preparação de

nanosuspensões (MULLER et al., 1999).

5.2. Parte biológica

5.2.1. Teste de citotoxicidade das nanosuspensões

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38

A pesquisa e o desenvolvimento de medicamentos inovadores têm sido uma

empreitada cada vez mais cara e complexa, o que torna mais escassa a introdução de novas

moléculas no mercado (JOSHI , 2007). Estima-se que de cada 30.000 compostos sintetizados,

apenas 0,003% chegam a se tornar fármacos disponíveis no comércio (FEDERSEN, 2003).

Dentre as causas que explicam estes inúmeros fracassos estão problemas derivados de sua

biodisponibilidade e toxicidade, que podem estar relacionados ao escasso conhecimento

acerca de parâmetros como solubilidade da molécula em estudo (WANG & URBAN, 2004).

Então para dar viabilidade aos estudos das moléculas 6CN10, 6CN14, 7CN05, 7CN08,

7CN09 e 7CN10 após melhoramento de suas solubilidades, o teste de citotoxicidade in vitro

através do modelo de Artemia salina se faz necessário para futuramente poder dar

continuidade in vivo com mais segurança.

Após a realização dos ensaios, que em suma caracterizam-se pela exposição dos

animais as diferentes concentrações dos compostos, com posterior contagem no número de

animais vivos e mortos em cada tubo após 24 horas, os dados obtidos foram agrupados em

tabelas, como exemplificado na tabela 4 (composto 7CN10). Estes dados foram utilizados

para a identificação da concentração letal para 50% da população de náuplius (CL50).

Tabela 4. Tabela construída com os dados do composto 7CN10 para realização do cálculo da

CL50.

Correlacionando os valores do PROBIT com o logaritmo das concentrações, tivemos

como resultado um gráfico de regressão linear para cada composto testado. Como mostra os

gráficos 3 e 4 para os compostos 7CN10 e 6 CN14 respectivamente.

Concentração

(μg/mL)

Log da

concentração

% naúplios

mortos

PROBIT

500 2,69897 96 6,75

100 2 33,33 4,56

50 1,69897 30 4,48

10 1 0 0

1 0 3,33 3,12

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Gráfico 2. Gráfico de regressão linear PROBIT para o composto 7CN 10

Analisando as CL 50 obtidas com as nanosuspensões, observamos que houve um

aumento da toxicidade para todos os fármacos formulados, chegando a ser até 500 vezes mais

tóxico que na sua forma natural (bruta) como visto para o composto 6 CN10, que também

apresentou a maior solubilidade (tabela 3). E verdade que não houve uma correlação positiva

para todos os compostos, entre a toxicidade e solubilidade, ou seja, quanto maior a

solubilidade, maior também sua toxicidade, visto que o 7CN10 apresenta a menor

solubilidade e é o segundo mais tóxico. Este resultado pode ser reflexo do que já foi discutido

anteriormente quanto a problemas no diagnóstico de sua real solubilidade. Isso se torna mais

forte ao perceber que este composto foi o mais tóxico na sua forma bruta. Quanto aos outros

compostos como não há uma diferença discrepante na CL50 pode-se dizer que há uma boa

correlação entre o ganho de solubilidade e toxicidade das formulações.

De acordo com Ferraz et al., ( 2009),estudos com A. salina demonstram que as drogas

com os valores de CL50 inferiores a 1000 ϻg/mL tem potencial para apresentar ação

antineoplásicas.

A citotoxicidade do branco também foi avaliada, e verificou-se que o percentual de

5% de tensoativo Tween 80 utilizada nas formulações não chegaram a ser extremamente letal

para os náuplius de Artemia salina , resultando em apenas 20% de mortalidade dos mesmos.

Como a maior concentração de 500 μg/mL dos fármacos testados por exemplo 6CN10, 7CN10

mataram 100% das artêmias e estas consequentemente continham a maior concentração de

Tween, constatou-se que suas mortes foram devido a ação tóxica do fármaco e não do

tensoativo.

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40

Apesar de os compostos 2-[(4-nitrobenzilideno)amino]-4,5,6,7-tetraidro-4H-

benzo[b]tiofeno-3-carbonitrila (6CN10), 2-[(2,4-dicloro-benzilideno)-amino]-5,6,7,8-

tetraidro-4H-ciclohepta[b]tiofeno-3-carbonitrila (7CN05), 2-[(3,4-dicloro-benzilideno)-

amino]-5,6,7,8-tetraidro-4H-ciclohepta[b]tiofeno-3-carbonitrila (7CN08), 2-[(5-bromo-2-

metóxi-benzilideno)-amino]-5,6,7,8-tetraidro-4H-ciclohepta[b]tiofeno-3-carbonitrila

(7CN09), 2-[(4-nitro-benzilideno)-amino]-5,6,7,8-tetraidro-4H-ciclohepta[b]tiofeno-3-

carbonitrila (7CN10) e 2-[(4-flúor-benzilideno)amino]-4,5,6,7-tetraidro-4H-benzo[b]tiofeno-

3carbonitrila (6CN14) já apresentarem comprovadas atividades biológicas, estudos

complementares sobre suas propriedades físico-químicas se fazem ainda necessárias, para

auxiliar nos processos de incorporação dessas moléculas em sistemas de transporte de

fármacos, o que podem resultar em alterações nos parâmetros farmacocinéticos, e por sua vez

no incremento da ação biológica/farmacológica.

Estudos de pré-formulação poderiam propiciar uma maior compreensão das suas

características biofarmacêuticas e permitir vislumbrar alternativas para melhorar sua ação

terapêutica através do incremento de sua solubilidade por uma metodologia simples e sem

altos custos.

6. Conclusão

Os efeitos associados com o tamanho nanométrico das partículas são por si só muito

interessantes e abrem oportunidades únicas para novas aplicações e também para o

aprimoramento da tecnologia atual.

A nova técnica de nanosuspensão desenvolvida, demonstrou ser altamente eficiente

favorecendo um incremento de solubilidade em meio aquoso a partir da redução do tamanho

dos cristais para a escala micro/nanométrica, passando de uma concentração mínima de

0,5683 μg/mL para um máximo de 925,32 ϻg/mL, observada para o composto 6CN10 sem

procedimento de filtração, e também passou de zero para uma concentração máxima 82,96

μg/mL com filtração no composto 6CN14, entretanto mais estudos precisam ser realizados e a

técnica aprimorada quanto a proporções de tensoativo, e estabilidade para as formulações.

Quanto a caracterização do tamanho dos cristais, a visualização microscópica

conseguiu atender as expectativas de poder verificar a redução do tamanho dos cristais com

formação dos nanocristais dos fármacos formulados. Sendo possível observar uma diminuição

de 3,83 μm (cristal bruto) para 0,06 μm ou 60 nm (nanocristal) no composto 6CN10 e de 1,28

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μm (cristal bruto) para 0,17 μm no composto 7CN05. ). Os micro/nanocristais dos compostos

6CN14 e 7CN08 ficaram na faixa de 0,3 μm e 0,2 μm para 7CN09. O 7CN10 apresentou os

menores cristais não sendo possível sua medição.

O incremento de solubilidade foi muito eficaz para o aumento da citotoxidade avaliada

a partir dos valores da CL50, ocorrendo um aumento de citotoxicidade de até 500 vezes maior

para os micro/nanocristais com CL50 igual a 1,9 μg/mL, 2,05 μg/mL, 3,01 μg/mL, 2,33 μg/mL,

2,98 μg/mL e 2,01 μg/mL para os compostos 6CN10, 7CN05, 7CN09, 7CN08, 6CN14 e

7CN10 respectivamente em relação aos mesmos na forma natural (bruta), com CL50 maiores

que 1000 μg/mL para os compostos 6CN10, 7CN05, 7CN09, 7CN08, 679 μg/mL para o

6CN14 e 71,03 μg/mL o 7CN10..

Pode-se então concluir que esta nova técnica de produção de nanosuspensões

desenvolvida em nosso laboratório foi capaz de melhorar a solubilidade dos fármacos de

estudo, através da redução do tamanho dos cristais e se apresenta como uma técnica

promissora para a indústria farmacêutica para o incremento da solubilidade de fármacos

pouco solúveis em meio aquoso.

7. Perspectivas

Realizar testes de caracterização dos nanocristais mais elaborados como Microscopia

Eletrônica de Transmissão (MET) afim verificar através de uma imagem espacial a

distribuição atômica e a morfologia do nanocristal.

Potencial zeta para observar a distribuição do diâmetro médio das partículas, para se

obter resultados muito mais seguros.

Encaminhar as formulações de todos os compostos para se realizar testes antitumorias

e antimicrobianos.

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9. Anexos

9.1. Anexos I

Espectros de varredura do composto 7CN09

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Espectros de varredura do composto 6CN14

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Espectros de varredura do composto 7CN10

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50

9.2 Anexo II

Curva de calibração do como 2-[(2,4-dicloro-benzilideno)-amino]-5,6,7,8-tetraidro-

4H-ciclohepta[b]tiofeno-3 carbonitrila ( 7CN 05)

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51

Curva de calibração do 2-[(3,4-dicloro-benzilideno)-amino]-5,6,7,8-tetraidro-4H-

ciclohepta[b]tiofeno-3-carbonitrila (7CN 08)

Curva de calibração do 2-[(5-bromo-2-metóxi-benzilideno)-amino]-5,6,7,8-tetraidro-

4H-ciclohepta[b]tiofeno-3-carbonitrila (7CN 09)

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52

Curva de calibração do 2-[(4-nitro-benzilideno)-amino]-5,6,7,8-tetraidro-4H-

ciclohepta[b]tiofeno-3-carbonitrila

9.3 Anexo III

Gráfico de regressão linear PROBIT para o composto 7CN09

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53

Gráfico de regressão linear PROBIT para o composto 7CN08

Gráfico de regressão linear PROBIT para o composto 7CN05

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Gráfico de regressão linear PROBIT para o composto 6CN10

9.4. Anexo IV- Figuras dos micro/nanocristais

Micro/nanocristais do composto 6CN14

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Micro/nanocristais do composto 7CN08

Micro/nanocristais do composto 7CN09

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