10
1 I NOTÍCIAS ABRASEL #57 O S E T O R D E A L I M E N T A Ç Ã O F O R A D O L A R E M R E V I S T A Abrasel RS | Abril 2015 | www.rs.abrasel.com.br | Twitter: @AbraselRS | Facebook: abraselrs Telefone: 51.30129922 G ente andando de um lado para o outro nas calçadas bem cuidadas, a banca de jornal aberta logo cedo, o cheiro convidativo de café que sai da cafeteria vizinha, o ônibus novo que deixa mais curto o trajeto da casa ao trabalho. Livra- ria, floricultura, restaurantes, bares, salão de beleza, padarias, escola, escritórios, lojas de roupa – assim são construídas as ruas multifuncionais, que convi- dam as pessoas a saírem de casa e enchê-las de vida. A cidade com o jeito de ser Abrasel é assim: viva, segu- ra, alegre, sócio-diversificada, sustentável, saudável. Para transformar as cidades e o país em lugares mais democráticos e melhores para se viver, a Abrasel – Associação Brasileira de Bares e Restaurantes – lança a campanha Simplifica Brasil. Para a Abrasel, ruas com toldos, cafés, escolas, mo- radias e escritórios são a mais ampla vitrine de uma sociedade aberta aos negócios e às oportunidades de trabalho. “O Brasil é campeão da burocracia; simpli- ficando, há mais negócios e empregos estáveis, o dia rende mais e sobra mais tempo para o descanso e o la- zer. Sociedades travadas pela burocracia têm cidades e ruas hostis às pessoas” analisa o presidente executi- vo da entidade, Paulo Solmucci Junior. “O Simplifica Brasil pretende sensibilizar as pessoas e o Poder Público para termos um país mais harmô- nico. Nosso setor gera emprego, segurança nas ruas, entretenimento, mas enfrentamos ainda uma série de burocracias. Entendemos que, resolvendo esses problemas, resolveremos muitos dos problemas do Brasil”, completa a presidente da seccional gaúcha da Abrasel, Maria Fernanda Tartoni. As cidades multifuncionais mesclam moradia, co- mércio, educação, trabalho e lazer. “Temos hoje o que chamamos de pessoas de ‘cabeça, tronco e rodas’, que dependem do carro para se locomover. O modelo da cidade espalhada - dos condomínios fechados e afastados, do escritório longe de casa - é insustentá- vel social, ambiental e economicamente. Precisamos de cidades mais adensadas, vivas e simples”, afirma Sol- mucci. Quando o jovem quer conciliar estu- do com trabalho, a escola próxima do restaurante facili- ta esse elo. “Para isso é preciso que as leis que regulam o trabalho assim permitam, como ocorre nos Estados Unidos e países da América Latina e Europa. Nesses lu- gares, os horários do trabalho são mó- veis, flexíveis, inter- mitentes”, avalia o presidente. As ruas vivas estão nos países menos burocratizados, numa inevitável conexão de causa e efeito. “O burocratismo expulsa dos bares e restaurantes a agradável música ao vivo, inviabiliza a contratação do estudante que quer e precisa trabalhar, impede a regulamentação da gorjeta, encarece absurdamente as taxas de cartões de crédito, muito acima das taxas vigentes em outros países”, afirma o executivo. “É uma mecânica que busca melhorar não só a vida do cliente, mas ter uma visão global sobre o que em- perra o nosso desenvolvimento”, explica Maria Fer- nanda Tartoni. O Simplifica Brasil será desenvolvido durante todo o ano de 2015, dialogando com a popu- lação, com a mídia e com o Poder Público em diver- sas esferas. No site www.abrasel.com.brestão disponí- veis o manifesto da campanha e os temas trabalhados. Leis, taxas, sobretaxas. Bares e restaurantes trabalham enrolados e atormentados, por uma série de desmandos e penalizações. Nosso país precisa olhar com mais atenção para este setor, que serve diariamente 70 milhões de refeições aos brasileiros, com dedicação e profissionalismo. Conheça os desafios e conquistas da Abrasel e contribua para o crescimento do setor de alimentação fora do lar. www.abrasel.com.br Simplifica Brasil Bares e restaurantes divertem o LF/Mercado SIMPLIFICA BRASIL: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE BARES E RESTAURANTES LANÇA CAMPANHA PELO EMPREENDEDO- RISMO E POR MAIS QUALIDADE DE VIDA Campanha deixa bem claro posição da Abrasel: Anúncios da Abrasel sobre o Simplifica Brasil cobra, entre outros temas, uma maior aten- ção do poder público para com o setor de Alimentação Fora do Lar. Foto: Reprodução Campanha Abrasel.

News abrasel 57

Embed Size (px)

DESCRIPTION

News Abrasel #57

Citation preview

1 I

NOTÍCIAS ABRASEL#57

O S E T O R D E A L I M E N T A Ç Ã O F O R A D O L A R E M R E V I S T A

Abrasel RS | Abril 2015 | www.rs.abrasel.com.br | Twitter: @AbraselRS | Facebook: abraselrsTelefone: 51.30129922

G ente andando de um lado para o outro nas calçadas bem cuidadas, a banca de jornal aberta logo cedo, o cheiro convidativo de

café que sai da cafeteria vizinha, o ônibus novo que deixa mais curto o trajeto da casa ao trabalho. Livra-ria, floricultura, restaurantes, bares, salão de beleza, padarias, escola, escritórios, lojas de roupa – assim são construídas as ruas multifuncionais, que convi-dam as pessoas a saírem de casa e enchê-las de vida. A cidade com o jeito de ser Abrasel é assim: viva, segu-ra, alegre, sócio-diversificada, sustentável, saudável. Para transformar as cidades e o país em lugares mais democráticos e melhores para se viver, a Abrasel – Associação Brasileira de Bares e Restaurantes – lança a campanha Simplifica Brasil.Para a Abrasel, ruas com toldos, cafés, escolas, mo-radias e escritórios são a mais ampla vitrine de uma sociedade aberta aos negócios e às oportunidades de trabalho. “O Brasil é campeão da burocracia; simpli-ficando, há mais negócios e empregos estáveis, o dia rende mais e sobra mais tempo para o descanso e o la-zer. Sociedades travadas pela burocracia têm cidades e ruas hostis às pessoas” analisa o presidente executi-vo da entidade, Paulo Solmucci Junior. “O Simplifica Brasil pretende sensibilizar as pessoas e o Poder Público para termos um país mais harmô-nico. Nosso setor gera emprego, segurança nas ruas, entretenimento, mas enfrentamos ainda uma série de burocracias. Entendemos que, resolvendo esses problemas, resolveremos muitos dos problemas do Brasil”, completa a presidente da seccional gaúcha da Abrasel, Maria Fernanda Tartoni. As cidades multifuncionais mesclam moradia, co-mércio, educação, trabalho e lazer. “Temos hoje o que chamamos de pessoas de ‘cabeça, tronco e rodas’, que dependem do carro para se locomover. O modelo da cidade espalhada - dos condomínios fechados e afastados, do escritório longe de casa - é insustentá-vel social, ambiental e economicamente. Precisamos

de cidades mais adensadas, vivas e simples”, afirma Sol-mucci. Quando o jovem quer conciliar estu-do com trabalho, a escola próxima do restaurante facili-ta esse elo. “Para isso é preciso que as leis que regulam o trabalho assim permitam, como ocorre nos Estados Unidos e países da América Latina e Europa. Nesses lu-gares, os horários do trabalho são mó-veis, flexíveis, inter-mitentes”, avalia o presidente. As ruas vivas estão nos países menos burocratizados, numa inevitável conexão de causa e efeito. “O burocratismo expulsa dos bares e restaurantes a agradável música ao vivo, inviabiliza a contratação do estudante que quer e precisa trabalhar, impede a regulamentação da gorjeta, encarece absurdamente as taxas de cartões de crédito, muito acima das taxas vigentes em outros países”, afirma o executivo.“É uma mecânica que busca melhorar não só a vida do cliente, mas ter uma visão global sobre o que em-perra o nosso desenvolvimento”, explica Maria Fer-nanda Tartoni. O Simplifica Brasil será desenvolvido durante todo o ano de 2015, dialogando com a popu-lação, com a mídia e com o Poder Público em diver-sas esferas. No site www.abrasel.com.brestão disponí-veis o manifesto da campanha e os temas trabalhados.

Leis, taxas, sobretaxas. Bares e restaurantes trabalham enrolados eatormentados, por uma série de desmandos e penalizações.Nosso país precisa olhar com mais atenção para este setor,que serve diariamente 70 milhões de refeições aos brasileiros,com dedicação e profissionalismo.

Conheça os desafios e conquistas da Abrasel e contribuapara o crescimento do setor de alimentação fora do lar.

www.abrasel.com.br

Simplifica BrasilBares e restaurantes divertem o país, mas pedem seriedade.Bares e restaurantes divertem o país, mas pedem seriedade.

LF/M

erca

do

ADR_SimplificaBrasil_200x274mm.indd 5 10/04/15 14:53

SIMPLIFICA BRASIL: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE BARES E RESTAURANTES LANÇA CAMPANHA PELO EMPREENDEDO-RISMO E POR MAIS QUALIDADE DE VIDA

Campanha deixa bem claro posição da Abrasel:Anúncios da Abrasel sobre o Simplifica Brasil cobra, entre outros temas, uma maior aten-ção do poder público para com o setor de Alimentação Fora do Lar.

Foto: Reprodução Campanha Abrasel.

2 I

Abrasel RS irá dar se-quência a cursos gra-tuitos para formação de

garçons e bartenders em Porto Ale-gre. Através de uma parceria já fir-mada com a multinacional Diageo, a associação executará o programa Learning for Life, presente em 24 países da América Latina e do Ca-ribe. As próximas aulas terão início em maio e serão executadas em parceria com o Centro de Educa-ção Profissional São João Calábria, que já recebe inscrições.Com sete anos de existência, o Learning for Life já impactou a vida de mais de 50 mil pessoas nas áreas de turismo, varejo, em-preendedorismo, bartender e magistério. A partir da parceria com a Abrasel RS em solo gaú-cho, os jovens e adultos formados pelo programa e que obtiverem bom desempenho serão encami-nhados ao mercado de trabalho. Além de representar uma opor-tunidade profissional para os

participantes, o programa ajuda a suprir a carência de mão de obra qualificada, uma das maiores de-mandas do setor.As aulas teóricas têm início pre-visto em 18 de maio, com 140 horas de duração, no turno da manhã, e serão complementadas com 60 horas práticas, totalizan-do uma carga horária de 200 ho-ras. Cada turma deve ter 30 alu-nos, sendo que a formatura está prevista para o dia 23 de julho. O currículo traz modalidades bá-sicas, como relações de trabalho, etiqueta e empreendedorismo, e específicas, como manipulação de bebidas e alimentos e técnicas de venda.Interessados em inscrever-se nos cursos de garçom e bartender po-dem entrar em contato com o Ca-lábria na rua Aracaju, 650, bairro Vila Nova (mesmo endereço de onde serão ministradas as aulas). Informações podem ser obtidas pelo telefone (51) 3245 7222.

Fotos: Luis Francisco Silva / Gaudí Comunicação

Foto

s: Lu

is Fra

ncisc

o Silv

a / Ga

udí C

omun

icaçã

o

AABRASEL RS FORMARÁ GARÇONS E BARTENDERS GRA-TUITAMENTE ATRAVÉS DE PARCERIA COM MULTINACIONAL

Formação de profissionais qualificados para o merca-do de trabalho:A formação, além de gratuíta, conta com encaminha-mento direto para o mercado de trabalho.

A

ASSOCIOU!

PPKB KITCHEN AND BARAv. Carlos Gomes, 700, Auxiliadora.

Todos os dias, das 11h30min às 14h30min e das 18h às 23h30min

O que oferece: Ambiente elegante e moderno mesclando bar com uma cozinha contemporânea e variada. À la carte com petiscos, pratos quentes e sobremesas à noite, e buffet ao meio dia.

Desde: Março de 2015

Associou à Abrasel em: Abril de 2015

3 I

COMIDA DI BUTECO OCORRE PELA PRIMEIRA VEZ EM POR-TO ALEGRE COM APOIO DA ABRASEL RS

ela primeira vez em Porto Alegre, o concurso Comida di Buteco conta com o apoio da Abrasel RS em sua realização. São 17 estabelecimentos concorrendo ao título de “melhor boteco da cidade”, disputando até o dia 3 de maio o gosto dos clientes através dos petiscos elaborados para o evento.

Criado há 16 anos, o concurso traz, em 2015, a temática das frutas, que podem ou não ser protagonistas no prato. Em todo o Brasil, são 20 cidades e 500 botecos participantes. Para levar o título de melhor boteco da cidade, o estabelecimento é eleito através de voto popular e de jurados.A média entre os quesitos avaliados garante o resultado da premiação. São avaliados, de 1 a 10, o petisco (que leva 70% da nota) a higiene, o atendimento e a temperatura da bebida. O voto do júri vale 50%, e do público outros 50%. O Instituto de Pesquisas Vox Populi é o responsável pela apuração dos votos em todas as cidades. Para garantir a segurança de quem vai aproveitar o concurso, o aplicativo de táxis 99Taxis estabeleceu uma parceria com o Comi-da di Buteco, garantindo 10% de desconto nas corridas de ida e volta para os estabelecimentos.

Confira os locais que estão participando do Comida di Buteco em Porto Alegre:

Armazém Ventura Petisco: Ceviche de Músculo (Ceviche de músculo)Av. Nilópolis, 05 – PetrópolisHorário de funcionamento: de segunda a segunda das 11h30 à 00h.

Boteco BatutaPetisco: Sanduiche aberto chicken batuta (Sanduiche aberto de lombo canadense com abacaxi e frango sal-teado)Rua Miguel Tostes, 290 - Rio BrancoHorário de funcionamento: de terça a sábado das 18h às 23h30.

Box 21Petisco: Mini sanduiche aberto com molho de maça e pimenta (Mini sanduiche aberto com molho de maçã e pimenta)Rua Carlos Von Koseritz, 304 - São JoãoHorário de funcionamento: de segunda a sexta das 18h à 00h e sábado das 12h às 15h30 e das 19h à 00h

Cuca HausPetisco: Gebraten Wurst (Mini salsicha bock empanada com farinha de milho. Acompanha molho de pflauma)Rua São Luis, 1101 – SantanaHorário de funcionamento: de terça a sábado das 17h à 00h.

El FarolPetisco: Entrecote del Papa (Entrecote ao chimichurri, acompanha geleia de amora)Rua Mariante, 855 - Rio BrancoHorário de funcionamento: de terça a domingo das 18h30 à 00h30.

Lourival BarPetisco: Sanduíche de Lombo (Beer Sanduíche recheado com lombo e abacaxi)Rua Vinte e Quatro de Outubro, 1624 – AuxiliadoraHorário de funcionamento: de segunda a sábado das 18h à 00h30.

Mafioso Boteco Petisco: Pimenta Corleone (Trio de pimentas gigantes empanadas recheadas com camarão, acompanha geléia de abacaxi com pimenta)Av. Saturnino de Brito, 738 - Vila JardimHorário de funcionamento: de segunda a sábado das 18h à 00h.

Mariu’s Petisco: Bauru Português (Pão cervejinha, bife, alface, tomate, ovo, queijo, presunto, maionese e cebola frita)Av. Oswaldo Aranha, 228 - Bom FimHorário de funcionamento: de segunda a sexta das 07h30 às 23h e sábado das 09h às 15h e 18h às 22h.

Mercado do Chopp Petisco: Filé Mostarda (Iscas de filé mignon grelhados ao molho de mostarda, acompanha farofa e cestas de mini pães)Av. Mariland, 1676 - Mont'SerratHorário de funcionamento: de segunda a sábado das 18h à 01h.

Petit Dalí Petisco: Esfarrapados da Província de São Pedro (Trio de petiscos: croquete de bacon com cogumelos acompanha-do de chutney de abacaxi; croquete de queijo parmesão com chutney de damasco, entrevero com frango, bacon, filé mignon, cebola, pimentões e chimichurri) Rua Vasco da Gama, 52 - Bom FimHorário de funcionamento: de terça a domingo das 18h à 00h.

PinacotecaPetisco: Medalhões ao purê de mandioquinha (Meda-lhões de filé, queijo coalho e purê de mandioquinha)Rua da República, 409 - Cidade BaixaHorário de funcionamento: de domingo a quinta das 17h à 00h. Sexta das 17h às 02h e sábado 18h às 02h.

Pinga BrasilPetisco: Tropical Pinga Brasil (Sanduíche aberto de peito de peru com kiwi, abacaxi e morango)Av. do Forte, 1347 - Vila IpirangaHorário de funcionamento: de terça a sábado das 18h à 01h.

Porto CariocaPetisco: Havaiano (Sanduiche de pão cervejinha com lombo de porco, abacaxi e molho gorgonzola com cebola caramelizada)Rua da República, 188 - Cidade BaixaHorário de funcionamento: de segunda a segunda das 18h à 01h.

Posta Del DiabloPetisco: Hamburguinho de Leitão (Hamburguinho de leitão, acompanha molho chimichurri, abacaxi e cereja)Rua General Lima e Silva, 587 - Cidade BaixaHorário de funcionamento: de terça a domingo das 18h às 02h.

Santuá BotecoPetisco: Palitinhos Brasileiros (Palitinhos com filet mig-non, abacaxi e queijo coalho em melaço de cana com farofa de banana da terra)Rua Dr. Timóteo, 487 – FlorestaHorário de funcionamento: de segunda a domingo das 18h à 00h.

Taberna 32Petisco: Tabuita da Taberna (Filé com cogumelos, acom-panha torradas, geléia de morango e pastas da casa)Mercado Público - 2o piso - Loja 32Horário de funcionamento: de segunda a sexta das 11h às 22h e sábado das 11h às 18h.

TuimPetisco: Bolinho Tuim (Bolinho de bacalhau servido com limão)Rua General Câmara, 333 - Centro HistóricoHorário de funcionamento: de segunda a sexta das 11h às 21h.

P

4 I

PERFIL PAULO REZESPORTO-ALEGRENSE E MORADOR DE ESTEIO, NA REGIÃO METROPOLITANA, PAULO REZES CONSIDERA-SE UM OTIMISTA E DEIXA

CLARO, EM CADA FALA, QUE ACREDITA NO QUE FAZ. COM ESSE ESPÍRITO, ABRIU UMA NOVA CASA NO BAIRRO MOINHOS DE VENTO E ESPERA LEVAR SUA CULINÁRIA FUNCIONAL A CADA VEZ MAIS PESSOAS.

Como entrou no ramo de alimentação fora do lar?Comecei com uma operação em Esteio, há 10 anos. Era uma cafeteria que transformei em um restaurante. Fui pe-gando o “know-how”, e achei que tinha que vir para Porto Alegre com esse produto. Acabei desenvolvendo a marca Maryaki e pensar como um negócio. Foi primeiro na Re-denção (bairro Bom Fim), e depois consegui abrir aqui no Moinhos de Vento o Maryaki Resto Lounge.

Porque vir para Porto Alegre, e qual a diferença dessa casa nova no Moinhos de Vento?Tenho um plano de negócios de ter umas cinco casas, e depois partir para a franquia. Como eu acredito muito no meu produto, achei que deveria estar em pontos destaca-dos de Porto Alegre, como são o Bom Fim e o Moinhos de Vento. Acho que o meu produto é diferenciado, se eu não acreditasse nele não teria saído de Esteio. Estar nesses pon-tos facilita para o pessoal conhecer minha comida, minha culinária.

Já trabalhava com alimentação antes?É muito curioso. Já fiz “n” coisas. Tive locadora de carros, loja de calçados...e a alimentação caiu de paraquedas. Aca-bei gostando, porque é muito envolvimento, exige muito movimento. Peguei como algo para mim, pro meu estilo de vida e como “business”.

E o que considera importante em um estabelecimento desse tipo?Sou um cara muito comercial, sempre trabalhei com ven-das. Aqui não é diferente, tenho que vender todo dia. E para vender tenho que ter ferramentas, expertise no negó-cio. Independentemente de ser comida, carro, imóvel. No caso da comida, o que tu tens que vender? Primeiro, o am-

biente. O pes-soal vai olhar e achar boni-to, vai entrar e achar o am-biente gosto-

so. Ao entrar, ele tem que ser bem recepcionado. Aí parte pro atendimento, que é o segundo passo. E o terceiro, que é o mais importante, é o teu produto, a tua comida. Mas no momento em que tu não tiveres um desses três fatores andando juntos, tu quebras toda a tua ferramenta de traba-lho. Não adianta ter uma comida maravilhosa e não ter um bom atendimento ou ambiente agradável. São três coisas que têm que andar juntas para as pessoas virem sempre: atendimento, produto e ambiente. São coisas primordiais no meu negócio.

Como está a operação das casas, já que elas têm característi-cas diferentes?

Eu tenho um sócio, o Miguel Garcia, que cuida da parte financeira. Eu cuido da parte operacional. Meu carro che-fe, o início, foi o sushi. Então todas as casas terão sushi sempre. Aqui (no Moinhos de Vento) tem uma comida funcional (variada, sem glúten, sem lactose e sem frituras), na Redenção tem exclusivamente sushi e em Esteio tem comida brasileira e sushi. Temos também tele-entrega na Redenção. Mas o que vamos insistir muito agora é vender a comida funcional, vamos bater nessa tecla.

Como é a comida funcional e por que oferecê-la?Eu me alimento bem, sou um cara saudável. E acho que hoje existe um apelo por comida saudável, diferenciada. A comida funcional é sem glúten, sem lactose, sem frituras. Hoje, o buffet aqui do Resto Lounge tem 12 pratos quentes, todos sem fritura. É rico em saladas e grãos. É uma comida saudável, as pessoas estão pedindo isso. E a nível de “busi-ness”, é um negócio que tem muito a crescer. Então, estou projetando isso pra frente.

E quais os planos futuros para o Maryaki?Hoje, temos três casas. Estão para entrar mais duas opera-ções. Nosso plano é ter umas cinco ou seis casas próprias, e partir para franquia. Já temos pedidos para franquias, mas ainda não fechamos negócio porque queremos consolidar nossa casa. Mas o plano é criar a franquia, colocar nossa marca e nosso trabalho.

Como tu vês a realidade do mercado de alimentação fora do lar atualmente?A gente está em um momento complicado da economia. Um pouco é psicológico, e outro pouco é real. As pessoas puxaram o freio de mão. Nosso setor é um dos menos atin-gidos, porque todo mundo tem que comer. Mas a gente também sentiu. Eu tenho certeza de que vai normalizar tudo, e que temos muito mais para crescer. E há espaço para isso: tem o do lado que vende a comida dele, tem o da frente que vende a comida dele, mas eu acredito no meu produto. Ponto. Então eu não vejo eles nem como concor-rentes, eu vejo como parceiros. Cada um está vendendo, literalmente, seu peixe.

Qual a importância da associação entre os estabelecimentos?Acho que todos que estão na área da gastronomia têm que se associar à Abrasel. Como a gente está em uma fase econômica complicada, tudo sobe de preço todo dia. E aí temos que partir para a parte interna. Reduzir custo fixo, operacional. Não posso mexer no produto, porque senão perde qualidade. E também não consigo repassar esse preço para o cliente. Então vou tentar reduzir meu custo fixo. E a Abrasel é uma ferramenta para se fortalecer, para ganhar poder de compra, achar soluções. Ela está aí para ajudar o associado.

"Hoje, temos três casas. Estão para entrar mais duas operações. Nosso plano é ter umas cinco ou seis casas próprias, e partir para franquia."

5 I

Trabalhando pelo sabor, mas sem esquecer da saúde:

Paulo incorpora em seu negócio o seu estilo de vida, que é saúdável e preocupado com a alimentação. Maior exemplo é o próprio buffet do Maryaki que não conta com fritura.

Maryaki(Rua Hilário Ribeiro, 292, Moinhos de Vento. Porto Alegre).Telefone: (51) 34077121 ou (51) 34077125

Maryaki Resto Lounge

Fotos: Luis Francisco Silva / Gaudí Comunicação

6 I

O jeito Abrasel de ser é o de uma sociedade que funciona de modo mais simples.

Por isso a campanha: Simplifica, Brasil.

Que isso ocorra a partir das ruas, dos bares, cafés e restaurantes, tal e qual acontece nas cidades com o jeito Abrasel de ser.

No jeito Abrasel de ser, as ruas das cidades são o imenso palco de um espetáculo diário: o balé de gentes nas calçadas coloridas pelas vozes e gestos dos passantes.

As cidades leves e soltas são os nossos destinos turísticos preferidos. O que queremos? As ruas com diversifica-do comércio lojista, com moradias, escritórios, bares, restaurantes, cafés, mesinhas debaixo dos toldos, bicicle-tários, livrarias, hotéis, escolas, bancas de revistas, floriculturas, galerias de arte, pontos de ônibus.

Há várias centenas de cidades com o jeito Abrasel de ser. Elas estão na Europa, desde a Escandinávia até o Mediterrâneo. Há muitas nos Estados Unidos e no Canadá. Suasruas são vivas, seguras, sócio diversificadas, sustentáveis, saudáveis, multifuncionais.

Os brasileiros buscam, aqui mesmo, um espaço urbano de pluralidades amalgamadas,que tão comumente se veem nas cidades europeias. Há bairros de vida muitocompartilhada na maioria das nossas capitais, como em São Paulo, nos bairros de Higienópolis, Vila Madalena e Pinheiros; como em Porto Alegre, na Cidade Baixa e áreas de Petrópolis e do Moinhos de Vento; como em Belo Horizonte, em Lourdes e na região da Savassi; como no Rio, em Copacabana, Leblon, Ipanema e trechos da Tijuca.

Há no Brasil, portanto, uma promessa de luz, que deve ser irradiada e ampliada, como um conceito geral de urbanismo. As iniciativas, nesse sentido, são apoiadas pela Abrasel. Entre elas, melhoria das calçadas, moradia nas áreas centrais, aumento da frequência do transporte público à noite, investimentos em ciclovias, regula-mentação do comércio varejista nos eixos viários dos bairros residenciais, integração das favelas às cidades, por meio de equipamentos públicos e políticas sociais.

Para que as cidades brasileiras se projetem no jeito Abrasel de ser, as administrações municipais precisam de uma visão estratégica orientada para o urbanismo da cidade plural, segura e sustentável. Que o país incorpore sua imensa legião de arquitetos ao primeiro plano da gestão urbana, desde as pequenas vilas até às grandes metrópoles.

Que haja, da Amazônia aos Pampas, uma ação integral e integrada em relação ao saneamento básico, com-preendendo o esgoto, o lixo, a drenagem e o melhor aproveitamento das águas. O país também precisa virar a página de uma longa trajetória de desleixo e descaso na ocupação do solo urbano, com seus recorrentes episó-dios de alagamentos e deslizamentos de terra.

Onde a livre iniciativa é mais livre é que ocorre a proliferação das cidades que têm o jeito Abrasel de ser.

Uma coisa está ligada à outra. As cidades das gentes são as cidades das ruas vivas. E as ruas com toldos, vitrines, cafés, escolas, hotéis, habitações e escritórios são a mais ampla vitrine de uma sociedade aberta aos negócios e às oportunidades de trabalho.

Com menos burocracia, a roda dos negócios e dos empregos gira melhor. O cotidiano flui mais tranquilamente. O dia rende mais, sobra mais tempo para o descanso e o lazer. Os negócios tornam‐se mais estáveis, rentáveis e duradouros. Os empregos, também.

A menor máquina burocrática come menos dinheiro do pagador de impostos. E os impostos retornam aos ci-dadãos na forma de mais e melhores serviços públicos universalizados e gratuitos, principalmente os da saúde

MANIFESTO

A PARTIR DAS RUAS, SIMPLIFICA BRASILPor Paulo Solmucci

 

1  

 

MANIFESTO A partir das ruas, simplifica Brasil Por Paulo Solmucci 

O jeito Abrasel de ser é o de uma sociedade que funciona de modo mais simples.   

Por isso a campanha: Simplifica, Brasil. 

Que  isso ocorra a partir das ruas, dos bares, cafés e restaurantes, tal e qual acontece nas cidades com o jeito Abrasel de ser.  

No  jeito Abrasel  de  ser,  as  ruas  das  cidades  são  o  imenso  palco  de  um  espetáculo diário: o balé de gentes nas calçadas coloridas pelas vozes e gestos dos passantes.   

As cidades leves e soltas são os nossos destinos turísticos preferidos. O que queremos? As  ruas  com  diversificado  comércio  lojista,  com  moradias,  escritórios,  bares, restaurantes,  cafés,  mesinhas  debaixo  dos  toldos,  bicicletários,  livrarias,  hotéis, escolas, bancas de revistas, floriculturas, galerias de arte, pontos de ônibus.    

Há várias centenas de cidades com o jeito Abrasel de ser. Elas estão na Europa, desde a Escandinávia  até o Mediterrâneo. Há muitas nos  Estados Unidos e no Canadá.  Suas ruas são vivas, seguras, sócio diversificadas, sustentáveis, saudáveis, multifuncionais.  

Os brasileiros buscam, aqui mesmo, um espaço urbano de pluralidades amalgamadas, que  tão  comumente  se  veem  nas  cidades  europeias.  Há  bairros  de  vida  muito compartilhada  na maioria  das  nossas  capitais,  como  em  São  Paulo,  nos  bairros  de Higienópolis,  Vila Madalena  e  Pinheiros;  como  em  Porto  Alegre,  na  Cidade  Baixa  e áreas de Petrópolis e do Moinhos de Vento; como em Belo Horizonte, em Lourdes e na região da Savassi; como no Rio, em Copacabana, Leblon, Ipanema e trechos da Tijuca.  

Há no Brasil, portanto, uma promessa de luz, que deve ser irradiada e ampliada, como um  conceito  geral  de  urbanismo.  As  iniciativas,  nesse  sentido,  são  apoiadas  pela Abrasel.  Entre  elas, melhoria  das  calçadas, moradia  nas  áreas  centrais,  aumento da frequência do transporte público à noite, investimentos em ciclovias, regulamentação do comércio varejista nos eixos viários dos bairros residenciais, integração das favelas às cidades, por meio de equipamentos públicos e políticas sociais.   

Para que as cidades brasileiras se projetem no jeito Abrasel de ser, as administrações municipais precisam de uma visão estratégica orientada para o urbanismo da cidade plural, segura e sustentável. Que o país  incorpore sua  imensa  legião de arquitetos ao primeiro plano da gestão urbana, desde as pequenas vilas até às grandes metrópoles.    

Que  haja,  da  Amazônia  aos  Pampas,  uma  ação  integral  e  integrada  em  relação  ao saneamento  básico,  compreendendo  o  esgoto,  o  lixo,  a  drenagem  e  o  melhor aproveitamento  das  águas.  O  país  também  precisa  virar  a  página  de  uma  longa trajetória de desleixo e descaso na ocupação do  solo urbano,  com  seus  recorrentes episódios de alagamentos e deslizamentos de terra.       

7 I

e educação.

Ao perder menos tempo no trânsito e na burocracia, sobra mais tempo para o descanso e o entretenimento, para a cultura e a vida em família.

Os urbanistas denominam as cidades de ruas vivas de cidades compactas, ou cidades de usos mistos.

As cidades compactas são as que mesclam moradia, comércio, educação, trabalho e lazer. Cidades de parques e praças. Cidades do transporte público de qualidade. O maior adensamento de habitantes dá escala aos servi-ços de ônibus e metrôs, barateando‐os.

As cidades em que o trabalho é mais próximo de casa, e a casa mais perto do estudo e do divertimento, possi-bilitam caminhadas rotineiras, que fazem bem à saúde, arejam a mente, distraem os olhos.

Quando as pessoas moram mais perto de onde trabalham, divertem‐se e estudam mais perto de onde moram, alimentam‐se nos restaurantes vizinhos ao escritório, encontram‐se com os amigos no barzinho logo ali na esquina, a acessibilidade ganha dimensão e qualidade. Nos itinerários de rotina, as pessoas deixam de lado a chave do carro. Com menos automóveis, o trânsito fica mais à disposição do transporte coletivo. Acessibilidade e mobilidade tornam‐se sinônimo.

Quando o jovem quer conciliar estudo com trabalho, a escola próxima do restaurante facilita esse elo. Mas, para tanto, é preciso que as leis que regulam o trabalho assim permitam, como ocorre nos países que mais se desenvolveram. Os horários do trabalho são móveis, flexíveis, intermitentes. E esta cena torna‐se comum: jovens indo e vindo da escola para o trabalho, do trabalho para a escola.

Todos os que participam de programas de intercâmbio, no exterior, sabem muito bem como é fácil conciliar trabalho e emprego.

O Brasil é uma caixa surpresa, cujo boneco de mola dela não consegue saltar, porque o laço que a envolve foi amarrado com muita força. Afrouxando‐se um pouquinho o laço, o divertido boneco salta fora, para o conten-tamento geral. O laço da burocracia existe no mundo inteiro, mas, nesta nossa pátria, ficou apertado demais.

As ruas pálidas e quase sem vida refletem isso. Porque a burocracia, ao amarrar o movimento feliz dos bares, restaurantes e cafés, não deixa a nossa gente bronzeada mostrar todo o seu valor.

Sociedades travadas pela burocracia têm cidades e ruas hostis às pessoas. Suas vielas, avenidas e vias expressas são dominadas por motores e engarrafamentos, poluídas pela queima da gasolina e do diesel, ensurdecidas por acelerações, buzinações e xingamentos.

Cidades com ruas movimentadas são, também, cidades bem mais seguras. A maior vigilância que se pode oferecer a um lugar são os olhares dos transeuntes, é o vaivém, é o balé das calçadas.

Mesmo quando o comércio em geral encerra o expediente, às seis da tarde, os bares, cafés e restaurantes per-manecem abertos até a noitinha, criando pontos de luz e movimento na rua. Por isso, as ruas dos bares, cafés e restaurantes são mais seguras. Os delinquentes escolhem as ruas vazias.

A presença de pessoas atrai outras pessoas. Gente gosta de gente. A movimentação de gente é um requisito básico de segurança. O vaivém é fundamental para que se mantenha a civilidade nas ruas.

Uma rua movimentada consegue melhorar a segurança. Uma rua deserta, não.

As ruas vazias emparedam e encarceram as famílias nas residências muradas e equipadas com guaritas. Os vigias ‐ como todos nós ‐ têm dois olhos, capazes de enxergar apenas a tela do circuito interno ou, então, fragmentos das cenas de rua.

A insegurança, a desagregação da vida urbana e os excessivos deslocamentos motorizados são os impagáveis preços de uma cidade espalhada, descompactada, sem usos mistos, na qual mora‐se em um lugar e trabalha‐se em outro, bem distante.

Um estudo da USP, realizado sob encomenda da Fiat Automóveis, mostra que 70% das viagens urbanas são feitas para que se vá do trabalho à escola, e vice‐versa. São os longos movimentos pendulares das cidades es-praiadas que arruínam a mobilidade e a acessibilidade. As vias expressas passam a encabeçar uma inútil agenda de prioridades. E as calçadas ficam esquecidas. As calçadas são as passarelas das ruas.

8 I

Uma cidade espalhada, em que se mora acolá, trabalha‐se alhures, diverte‐se nos shoppings e em locais fecha-dos, prescinde das calçadas. Essa cidade não tem o jeito Abrasel de ser, que é jeito das gentes.

Uma cidade espraiada é um deserto de pessoas, habitado por inumanos de cabeça, tronco e rodas.

Quanto mais se erguem os elevados, furam‐se os túneis, abrem‐se as vias de trânsito rápido, mais automóveis saem das garagens e passam a circular nas cidades. Os automóveis espalham‐se, pelo maior espaço disponível, como o gás, que imediatamente ocupa todos os dutos e recipientes que lhe são oferecidos.

A principal causa dos engarrafamentos tem de ser atacada: a cidade espalhada e segmentada, que conduz à inarredável armadilha do transporte público caro e de baixa qualidade.

Com o transporte público ruim e insuficiente, a frota dos veículos em circulação cresce exponencialmente. Em sete anos, no período 2006/2013, a frota circulante cresceu, no Brasil, 65%, saltando de 24,3 milhões para 40,1 milhões veículos. Aí estão considerados os automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus.

Para que a frota brasileira seja equiparada à frota de veículos em circulação na Europa, teria de ser triplicada, indo de 40,1 milhões para 120 milhões de veículos. O trânsito brasileiro, que já está emperrado, ficaria inima-ginavelmente ainda mais caótico.

Entenda‐se que o Brasil tem, hoje, a média de 200 veículos por mil habitantes. A média europeia já é de 600 veículos por mil habitantes. Isso sem contar as motocicletas, que tornam o cenário do trânsito brasileiro ainda mais dramático.

Com o aumento da renda do trabalhador e o maior acesso ao crédito, a precária mobilidade brasileira fez com que explodisse a taxa de crescimento da frota de motocicletas. Entre 2006 e 2013, cresceu 108%, isto é, passou de 6,3 milhões de motos para 13 milhões de motos, que se misturam aos automóveis, no tráfego engarrafado.

As cidades dos transportes públicos têm o jeito Abrasel de ser.

Nas cidades voltadas para o automóvel, e não para o transporte público, há a compulsão por elevados, túneis e vias expressas. Os bairros são cortados ao meio, apartados pelas largas pistas de trânsito rápido, que separam comunidades antes interligadas. Com passarelas distantes uma das outras, os transeuntes aventuram‐se em tra-vessias de alto risco. Debaixo dos viadutos, dissemina‐se a vadiagem, o lixo, a droga. A criminalidade aumenta.

As cidades espalham‐se, horizontalizam‐se, alargam‐se territorialmente, cada vez mais. Os de maior renda vão para os condomínios. Os de menor renda, para as periferias desprovidas de infraestrutura. Multiplica‐se o movimento pendular por toda a geografia urbana, das bordas em direção ao centro da cidade, e vice‐versa.

Por isso, a densidade urbana brasileira é baixa. São Paulo tem 7.300 habitantes por quilômetro quadrado. Belo Horizonte tem 7.200. O Rio de Janeiro, 5.200.

Paris, com densidade de 21.000 habitantes por km2, tem o jeito Abrasel de ser: ruas movimentadas, em meio a um cenário de cafés, bares, restaurantes, galerias de arte, floricultura, lojas diversas, livrarias, escolas, museus, teatros, hotéis, parques e praças.

Em Barcelona, considerada o mais recente paradigma das transformações urbanas, a densidade é de 17.500 ha-bitantes por km2. Barcelona é uma cidade, como dizem os americanos, com ruas completas e vivas (complete e living streets), no jeito Abrasel de ser.

Os países de cidades com ruas vivas são os mais visitados do mundo, tendo o charme como sua maior atração. Também são esses países os menos burocratizados. Há aí, uma inevitável conexão de causa e efeito.

Em pesquisa sobre a facilidade de fazer negócios, feita neste ano pelo Banco Mundial, na qual se abrangeu um universo de 189 países, o Brasil aparece na 120a posição. A França, no 31o lugar. E a Espanha, na 33a classifi-cação.

À medida que as cidades brasileiras foram se horizontalizando, esparramando‐se pelas bordas, nos remotos condomínios fechados das altas classes médias e nas periferias destinadas às populações de baixa renda, o burocratismo também se alastrou ainda mais, trazendo consigo maior carga tributária, menos qualidade nos

9 I

serviços públicos, mais vigilância do Estado, mais intromissão na vida do empresário.

A legislação trabalhista brasileira tem mais de mil artigos, um recorde planetário.

O burocratismo aniquila com as células do organismo urbano saudável, com as mesinhas do lado de fora, os toldos.

O burocratismo expulsa dos bares e restaurantes a mais qualificada música ao vivo. Inviabiliza a contratação do estudante que quer e precisa trabalhar. Impede a regulamentação da gorjeta. Encarece absurdamente as taxas de cartões de crédito, muito acima das taxas vigentes nos países da Europa, nos Estados Unidos, no Canadá, na Coreia do Sul, no Japão etc.

Os encargos trabalhistas brasileiros, por sua vez, representam 103% dos salários dos funcionários. Portanto, mais do que dobram os custos da folha de pagamento.

Na vizinha Argentina, a incidência dos encargos sobre a folha é de 70%. No Japão e nos Estados Unidos, res-pectivamente 12% e 9%. Ao excessivo peso sobre os ombros dos empreendedores de todo o país, soma‐se a in-cessante perda de tempo com a papelada, ocupando as pessoas com uma inutilidade sem fim, que só contribui, perversamente, para a redução do nível de competitividade da nossa economia, que ano após ano, situa‐se em um dos mais baixos do mundo.

Em pesquisa do Institute for Management Development (IMD), escola de negócios com sede na Suíça, a com-petitividade brasileira foi classificada na 54a posição, entre 60 países analisados em 2014. Os dados brasileiros foram coletados pela Fundação Dom Cabral. O exemplo mais comum do desperdício de energias do brasileiro é a singela abertura de uma empresa em São Paulo. Segundo o levantamento do Banco Mundial, a demora é, em média, de 102,5 dias, com 12 procedimentos. Na mesma comparação, a média dos países da América Latina e do Caribe é de 30,1 dias, com 8,3 procedimentos. E no âmbito dos 34 membros da Organização para a Cooperação Econômica (OCDE), a média é de 9,2 dias e de 4,8 procedimentos.

Como se não bastasse a confusão burocrática, as sinalizações governamentais frequentemente são ambíguas, emitindo‐se sinais trocados e contraditórios, de estímulos e desestímulos. A mais nítida demonstração da falta de rumos claros e coerentes é o relacionamento entre o Estado e a indústria tabagista, marcado, da parte dos governos, por um acentuado interesse financeiro e um forte desapreço social. A mão que afaga, como escreveu o poeta Augusto dos Anjos, é a mesma que apedreja. Nos momentos de afago, o Estado concede crédito aos agricultores do fumo, tanto para o plantio quanto para a colheita e a comercialização. Vale a pena. Do preço final de um maço de cigarros, o Estado embolsa 75% da receita, por meio da carga tributária.

O Estado permite que as pessoas fumem em casa, e até nos recintos da macumba ou candomblé. Mas, nos seus intempestivos surtos coléricos, parte para cima dos donos de bares e restaurantes, que podem ser fechados se um cliente for pego fumando do lado de fora, ao ar livre, no quintal dos estabelecimentos, sob um caramanchão ou um toldo. Pode‐se fumar, no entanto, em um ponto de ônibus coberto. Assim caminha a desumanidade. Eis que, na barafunda do burocratismo brasileiro, a sentença geralmente não está nos textos das enciclopédicas normas legais.

É no oceano das incertezas que navega o empreendedor, tendo de adivinhar, na cabeça do juiz, o que é legal ou não.

Como o Estado brasileiro é incapaz de medir e monitorar os parâmetros legais, a interdição total é o que lhe é mais cômodo. O desleixo e a inoperância da máquina pública produzem a peremptória negativa. Para se livrar do trabalho que teria com a medição, o monitoramento e a fiscalização, o Estado simplesmente diz “não”. Proi-bir é muito mais fácil. Faz parte do ócio destrutivo. Foi o que se deu com a chamada Lei Seca.

Assim sendo, o Estado brasileiro proibiu as pessoas de tomar uma taça de vinho forade casa. A tolerância é zero. E ponto final. Enquanto isso, nas ruas das cidades francesas, espanholas, alemãs e italianas o limite de álcool, permitido aos que dirigem, é de 0,5 grama de álcool por litro de sangue (g/l). Em muitos outros países, como o Canadá e o Reino Unido, o limite é de 0,8 gl/l.

O bar e o restaurante do europeu citadino está na vizinhança em que mora, em uma das tantas ruas que o ro-deiam. Vai e volta a pé. Ou, então, para variar um pouco, pega o metrô ou ônibus em direção a um bairro mais

10 I

distante, também trançado por ruas vivas, limpas, iluminadas, com cafés sob toldos, música ao vivo no bistrô da viela, ciclistas que vão chegando estacionando suas “magrelas’ no bicicletário.

O mais corriqueiro é o que o frequentador dos bares, cafés e restaurantes não saia de carro, porque lá o estacio-namento é dispendioso e raro, e em algumas cidades europeias há até pedágio para os que ousam dirigir nas áreas centrais. É este o jeito Abrasel de ser.

Apresentamo‐nos como o showroom e o showrua das soluções urbanas e humanas deste país continental.

Vamos descomplicar o Brasil, simplificando‐o. O que se propõe é que, do Oiapoque ao Chuí, se promova uma grande transformação, uma autêntica virada cultural e civilizatória, com os pés no chão, com os pés nas ruas. Por isso, os bares, cafés e restaurantes são o laboratório nacional do tão sonhado salto na qualidade de vida dos brasileiros, cuja plataforma é a rua.

A rua dos bares e restaurantes desponta como a parte mais visível de uma gigantesca engrenagem da economia nacional, que é o setor de serviços, responsável por 69,4% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro.

Do bolo do PIB, a fatia da indústria é de 24,9%. E a da agropecuária, de 5,7%, conforme dados do IBGE, divul-gados em fevereiro de 2014.

O Brasil precisa começar a lubrificar a engrenagem do setor de serviços, para que o PIBavance em quantidade e qualidade. Os primeiros passos, nessa direção, têm de ocorrer no território da cidadania, que são as calçadas e as ruas.

RESOLVENDO‐SE OS PROBLEMAS DOS BARES E RESTAURANTES, RESOLVEM‐SE OS PROBLEMAS DO BRASIL. É nas ruas de milhares das cidades brasileiras que está a Abrasel com seus associados.

O que a Abrasel tem a dizer ao Brasil inteiro é muito claro, direto e simples. As nossas cidades florescerão quan-do suas ruas forem, de fato, sustentáveis, seguras e saudáveis. São os bares e restaurantes que mais vida dão às ruas. São as ruas que dão vida às cidades. É nas cidades que vivem mais de 80% dos brasileiros. Assim, na base do desenvolvimento nacional, está a Abrasel; estão seus bares, cafés e restaurantes.

O que amarra o país é a burocracia, são as travas burocráticas, é o excesso de normas, regulamentos e leis. De uma vez por todas, vamos fazer o país deslanchar, começando do começo, começando pelas ruas. É nelas que vamos iniciar a caminhada rumo a um

amanhã de mais negócios, mais empregos. Com um desenvolvimento verdadeiramente integrado, humano e solidário. A mensagem da Abrasel é uma só. Clara, direta, simples. Simplifica, Brasil. Simples assim. Simplifica, Brasil. Vamos lá, a partir das ruas, a partir de hoje, a partir de agora. Sou o Brasil, sou Abrasel.