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Propriedade da JA! Rua Marconi n 110 z andar Maputo Tel: 21496668 Email: [email protected], [email protected], Dircectora : Anabela Lemos Conselho Editor: Anabela Lemos, Daniel Ribeiro, Janice Lemos, Jeremias Vunjanhe, Sílvia Dolores e Vanessa Canabelas Propriedade da JA! Rua Marconi n 110 1 andar Maputo Tel: 21496668 Email: [email protected], [email protected], Directora : Anabela Lemos Conselho Editor: Anabela Lemos, Daniel Ribeiro, Janice Lemos, Jeremias Vunjanhe, Sílvia Dolores , Vanessa Cabanelas e Nilza Matavel DESTAQUES: Exposicão—Ambiente Exposto - Pág 7 Agentes químicos adi- cionados a lista de pro- dutos banidos - Pág 4 No Brasil: Trabalha- dores da Vale ameaçam ocupar instalações - Pág 13 Decorreu em Maputo nos dias 18 e 19 de Junho o 1º workshop entre a sociedade civil chinesa e moçambicana. Este encontro foi organizado pela JA! (Justiça Ambiental) e teve como objectivo geral a troca de experiências e intercâmbio entre a sociedade civil chinesa e moçambicana, na pers- pectiva de uma futura parceria e cooperação na área do ambiente. Participaram neste workshop jornalistas, organi- zações da sociedade civil de Moçambique e da China ligadas à conservação, preservação do meio ambiente, educação ambiental e ao desenvolvi- mento comunitário, tendo tido como convidado e participante um representante da organização GroundWork (Organização Ambientalista da Sociedade Civil Sul Africana). Diversos temas foram apresentados e discutidos durante o encontro dos quais se destacaram os seguintes: Problemas Ambientais na China; Comunidades Chinesas e Problemas Flo- restais; Pequenas e Médias Empresas Florestais em Moçambique; Experiências das ONG’s no Contexto Afri- cano; Problemas Florestais na China; Actividades desenvolvidas pela UNAC (União Nacional de Camponeses) Campanhas Ambientais na China; Perspectivas futuras para uma parceria entre a sociedade Civil Chinesa e Moçambicana. Durante as apresentações notou-se que a maior parte dos problemas ambientais (desflorestamento, poluição, escassez de recur- sos naturais, etc.) e as dificuldades enfrentadas pela sociedade civil de ambos os países (Moçambique e China) são comuns o que possi- bilitou um maior intercâmbio e troca de expe- riências. Das experiências tiradas da sociedade civil chine- sa pode-se notar que com a elevada exploração de recursos, como o abate de árvores , o número de florestas na China reduziu significativamente o que provocou o aumento da desertificação em algumas zonas e a necessidade de procura destes 1º Workshop de “Parceria entre a Sociedade Civil Chinesa e a Sociedade Civil Moçambicana Por Arsénio Banze Propriedade da JA! Rua Marconi n 110 1 andar Maputo Tel: 21496668 Email: [email protected], [email protected], Directora : Anabela Lemos Conselho Editor: Anabela Lemos, Daniel Ribeiro, Janice Lemos, Jeremias Vunjanhe, Sílvia Dolores , Vanessa Cabanelas e Nilza Matavel EDIÇÃO DE JUNHO, 2009 IV VOLUME DESTAQUES: Parceria entre a So- ciedade Civil Chinesa e Sociedade Civil Moçambicana - Pág 1 Ambiente Exposto - Uma exposição de foto- grafia - Pág 3 Mphanda Nkuwa, Mi- tos e verdades de um projecto insustentável para Moçambique - Pág 8

Newsletter Junho 2009

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Newsletter mensal da organização não governamental moçambicana Justiça Ambiental.

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Page 1: Newsletter Junho 2009

Propriedade da JA! Rua Marconi n 110 z andar Maputo Tel: 21496668

Email: [email protected], [email protected], Dircectora : Anabela Lemos Conselho Editor: Anabela Lemos, Daniel Ribeiro, Janice Lemos, Jeremias

Vunjanhe, Sílvia Dolores e Vanessa Canabelas

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Vunjanhe, Sílvia Dolores , Vanessa Cabanelas e Nilza Matavel

DESTAQUES:

Exposicão—Ambiente Exposto - Pág 7

Agentes químicos adi-cionados a lista de pro-dutos banidos - Pág 4

No Brasil: Trabalha-dores da Vale ameaçam

ocupar instalações - Pág 13

Decorreu em Maputo nos dias 18 e 19 de Junho o

1º workshop entre a sociedade civil chinesa e

moçambicana. Este encontro foi organizado pela

JA! (Justiça Ambiental) e teve como objectivo

geral a troca de experiências e intercâmbio entre a

sociedade civil chinesa e moçambicana, na pers-

pectiva de uma futura parceria e cooperação na

área do ambiente.

Participaram neste workshop jornalistas, organi-

zações da sociedade civil de Moçambique e da

China ligadas à conservação, preservação do meio

ambiente, educação ambiental e ao desenvolvi-

mento comunitário, tendo tido como convidado e

participante um representante da organização

GroundWork (Organização Ambientalista da

Sociedade Civil Sul Africana).

Diversos temas foram apresentados e discutidos

durante o encontro dos quais se destacaram os

seguintes:

• Problemas Ambientais na China;

• Comunidades Chinesas e Problemas Flo-

restais;

• Pequenas e Médias Empresas Florestais

em Moçambique;

• Experiências das ONG’s no Contexto Afri-

cano;

• Problemas Florestais na China;

• Actividades desenvolvidas pela UNAC

(União Nacional de Camponeses)

• Campanhas Ambientais na China;

Perspectivas futuras para uma parceria entre a

sociedade Civil Chinesa e Moçambicana.

Durante as apresentações notou-se que a maior

parte dos problemas ambientais

(desflorestamento, poluição, escassez de recur-

sos naturais, etc.) e as dificuldades enfrentadas

pela sociedade civil de ambos os países

(Moçambique e China) são comuns o que possi-

bilitou um maior intercâmbio e troca de expe-

riências.

Das experiências tiradas da sociedade civil chine-

sa pode-se notar que com a elevada exploração de

recursos, como o abate de árvores , o número de

florestas na China reduziu significativamente o

que provocou o aumento da desertificação em

algumas zonas e a necessidade de procura destes

1º Workshop de “Parceria entre a Sociedade Civil Chinesa e a Sociedade Civil Moçambicana ”

Por Arsénio Banze

Propriedade da JA! Rua Marconi n 110 1 andar Maputo Tel: 21496668 Email: [email protected], [email protected], Directora : Anabela Lemos

Conselho Editor: Anabela Lemos, Daniel Ribeiro, Janice Lemos, Jeremias Vunjanhe, Sílvia Dolores , Vanessa Cabanelas e Nilza Matavel

E D I Ç Ã O D E J U N H O , 2 0 0 9 I V V O L U M E

DESTAQUES:

Parceria entre a So-ciedade Civil Chinesa e

Sociedade Civil Moçambicana - Pág 1

Ambiente Exposto - Uma exposição de foto-

grafia - Pág 3

Mphanda Nkuwa, Mi-tos e verdades de um projecto insustentável para Moçambique -

Pág 8

Page 2: Newsletter Junho 2009

P A G I N A 2 I V V O L U M E

recursos em outros países, especialmente africanos. A redução das zonas húmidas com exploração excessi-

va de recursos hídricos, o aumento no número de barra-

gens e o aumento de indústrias poluidoras, incentivados

pela política de crescimento económico (“Sujar, depois

limpamos”) aumentaram significativamente os impac-

tos ambientais na China, exemplos que servem para

Moçambique para que não caía no mesmo erro

(escassez de recursos naturais, elevados índices de

poluição, extinção de algumas espécies, etc.).

Porém, o sucesso das campanhas ambientais promovi-

das pela sociedade civil chinesa, a título de exemplo o

PIB verde e mapa com as indústrias que mais poluem

numa pagina na internet (mecanismo de sensibilização

das industrias a reduzirem seus níveis de poluição), são

experiências que podem ser acolhidas e implementadas

em Moçambique.

A abertura da sociedade civil moçambicana (apesar

desta ser “fraca”) em relação à promoção de intercâm-

bios e troca de experiências foi algo que chamou a aten-

ção aos representantes da sociedade civil chinesa visto

que na China não existe muito espaço para esta abertura

devido ao seu regime político e o facto de maior parte

da população não falar outra língua a não ser a própria,

não ajuda no acesso à informação pois até o alfabeto,

meio de comunicação é diferente.

Várias contribuições foram apresentadas durante o

workshop para o desenvolvimento de uma parceria,

das quais se destacaram a criação de uma rede entre

os participantes e a produção de um boletim que visa

possibilitar um maior intercâmbio entre a sociedade

civil de ambos Países.

Neste encontro constatou-se que a necessidade de atin-

gir elevados índices de crescimento económico a curto

prazo, leva a que muitos dos países desenvolvidos esgo-

tem os seus recursos, tornando África o lugar ideal para

o “saque” de recursos naturais, não tendo em conta o

desenvolvimento sustentável do continente. Constituin-

do um dos Objectivos do Milénio, este slogan, sobeja-

mente utilizado em planos, agendas e discursos terá que

fazer parte das prioridades de cada uma das entidades

governamentais de direito. É necessário que estas

tomem consciência do valor que estes recursos possam

ter para o desenvolvimento local e assumam a sua res-

ponsabilidade.

Com a exploração excessiva dos recursos naturais em

África a pergunta que se coloca é: Onde é que África irá

“saquear” os recursos naturais quando estes se esgota-

rem?

Anabela Lemos (Directora da JA) durante o discurso de abertura

Page 3: Newsletter Junho 2009

I V V O L U M E

Ambiente Exposto Uma exposição de fotografia

Por: Janice Lemos

Conforme tem sido hábito todos os anos, a Justiça

Ambiental no passado dia 5 de Junho, “Dia mun-

dial do meio ambiente”, comemorou condignamen-

te a data com a inauguração de uma exposição de

fotografia alusiva exclusivamente a temas ambien-

tais.

Este ano não se fugiu à regra e pela segunda vez,

mesmo depois de muitas dificuldades, especial-

mente em obter uma maior participação por parte

dos fotógrafos profissionais, sem êxito, o que fez

com que por fim houvesse uma maior participação

de fotógrafos amadores. Este facto nem de longe

diminuiu a qualidade das imagens apresentadas,

muito pelo contrário, a verdade é que ainda conse-

guimos juntar 47 fotografias coloridas (de 10 ama-

dores e 4 profissionais) com a qualidade necessária

para a exposição”Ambiente Exposto” que decor-

reu como tinhamos desejado, de 5 a 14 de Junho de

2009, na Associação Moçambicana de fotografia

(AMF).

Gostaria de dizer, com muita tristeza, que presenciei

um total alheamento e menosprezo em participar de

projectos desta natureza aqui em Moçambique...não

sei se será porque não havia prémios para oferecer

ou se simplesmente se trata de “o não querer

saber”...a verdade é que a falta de interesse da parte

das pessoas em participar, pois muitos sabiam com

antecedência a existência desta exposição, me dei-

xou desanimada. Talvez a solução passe por mudar a

maneira de seleccionar os participantes, contactar as

pessoas que se sabe de antemão que irão mesmo

participar e têm prazer em fazê-lo, sem interesses de

qualquer espécie. Não pretendo mais perder tempo a

implorar fotografias a serem expostas numa exposi-

ção alusiva ao meio ambiente, evento este sem fins

lucrativos e que tem como finalidade a de apresentar

imagens sobre o ambiente que nos rodeia, imagens

essas que possam sensibilizar o ser humano e que o

façam ter vontade de ajudar a melhorar um pouco

mais este planeta em que todos vivemos! Pequenos

gestos...pequenas acções...grandes obras! Será assim

tão difícil participar numa coisa destas? Fica a per-

gunta dirigida a todos vocês!

Arvore de opiniões

P A G I N A 3

Page 4: Newsletter Junho 2009

I V V O L U M E

Alguns dos visitantes deixaram na nossa árvore de opi-

niões a sua mensagem ou contribuição relativa a esta

exposição. De um total de 65 folhas escritas foram

seleccionadas 35, para que não se torne cansativo.

Melhor que ninguém, estas opiniões poderão dar uma

visão do que sentiram estas pessoas em contacto com as

imagens apresentadas. Muitos não assinaram, assim, a

mensagem encontra-se escrita conforme foi deixada na

nossa árvore.

Opiniões * A exposição é simplesmente excelente!

* Gramei da exposição porque é interessante e mostra o

estado deprimente em que se encontra o nosso Maputo!

(Moçambique)

* A JA está de parabéns!!! Está a fazer um bom traba-

lho!!! A beleza do nosso Ambiente, e também as coisas

más que o ser humano está a fazer!!! Gostei muito!

Continuem a fazer exposições- Michelle Mendes 13

anos

* Que esta exposição sirva de exemplo para a definição

de políticas e práticas ambientais que Moçambique tan-

to requer.

Os nossos parabéns à Associação Moçambicana de

fotografia e à Justiça Ambiental!! Rita e Hugo

* Gostei muito desta exposição, desejo que tenha

bons sucessos

* Parabéns a todos os fotógrafos – Guilhermina Hon-

wana

* Eu achei a exposição bonita porque tem fotografias

originais.

As fotografias descrevem muitos ambientes locais.

Parabéns aos fotógrafos, têm de continuar assim a tirar

fotos bem.

Digam às pessoas para não poluírem os mares e rios

porque as pessoas ficam com muitas doenças através

de engolirem um bocado de água. Não poluam

nenhum ambiente! - Margarida Pinto (criança)

* Se iniciativas destas fizessem a diferença na maioria

que não se importa...que bom que seria...parabéns!!!

* A exposição está muito bonita. As imagens mostram a

realidade do nosso País; não só a sua beleza mas tam-

bém a sua destruição. Conserve o nosso ambiente para

que o nosso futuro possa ter um mundo melhor! Para-

béns a todos os fotógrafos

* Thank you for the inspiring photos! A wonderful ex-

hibition! Hoping to see more in the future. Love

(Obrigada pelas fotos inspiradores. Uma maravilho-

sa exposição! Espero ver mais no futuro.)-Nathalie

* Terminer mon voyage au Mozambique par cette expo-

sition qui evoque um probleme grave du continent lie a

tous les autres, est pour moi un signal, un message et

l`espoir que cela changer. Merci!Stephanie Boix

(Terminei a minha viagem a Moçambique com esta

exposição que evoca um problema grave do conti-

nente no meio de tantos outros, é para mim um sinal,

uma mensagem de esperança que algo irá mudar.

Obrigada!)- Stephanie Boix

* Muita “boa” exposição ou seja “não boa”...Tão

importante este trabalho, espero que a mensagem vai

chegar a todos! A luta continua! - Maria Laure P.S.

Muito bom trabalho Mauro!

Visitantes durante a exposição

P A G I N A 4

Page 5: Newsletter Junho 2009

* Achei a exposição muito interessante e criati-

va...Deviam fazer mais vezes e em mais lugares...Isto

mostra como a natureza precisa do nosso cuidado...

Devemos protestar o que os outros fazem de mal ao

nosso mundo...para que tenhamos sempre onde viver...-

Shella

* Que todos se comprometam publicamente a fazer

com que os próximos dias 5 de Junho tenham fotos

mais alegres! Remigio & Carla

* Muchas gracias por este trabajo de recordarmos por lo

que está pasando en nuestro medio! Me gustaria que

pudiesen desarollar este proyeto para que la mayoria de

la populacion tubiesse acceso a este mensagen sano,

para el ambiente, sobre todo el Mozambiqueno que

necessita de gente mucho mas intectual. Las fotos son

precisas con su mensagen para los analfabetos! Esto no

quierre decir que estes ultimos son los mas responsa-

bles por la tragedia....

(Muito obrigada por este trabalho de nos recordar o

que se está a passar no nosso mundo! Gostaria que

pudessem divulgar este projecto para que a maioria

da população tivesse acesso a esta mensagem sã,

para o ambiente, sobretudo para o Moçambicano

que necessita de gente muito mais intelectual. As

fotos são muito precisas na sua mensagem para os

analfabetos. Isto não quer dizer que estes últimos

sejam os responsáveis pela tragédia).

* Sobre o evento é muito educativo o meio ambiente

está sendo punido. Sobretudo as fábricas, as queimadas

descontroladas que está a acabar com as árvores, abates

das árvores. Está a acabar com a beleza do nosso meio

ambiente. Temos que educar a população que abate

uma árvore que plante outra. Deve haver justiça para o

meio ambiente.

Vamos lutar contra os poluidores do meio ambiente –

António Raposo

* O retrato de um fotógrafo é a verdade omitida pelo

tempo. Quero incentivar ao expositor que faça mais

trabalhos do género. Parabéns – Ivan Afonso

* A exposição está 10000$. Tem bons exemplos

daquilo que é o nosso País. - GL hD Channy

* Bom trabalho companheiros foi interessante vêr,

algumas realidades que nos escapavam na memória,

obrigado!

* Sob forma de protesto acho que o olhar sobre o

ambiente ficou bem marcado com esta “singela”,

porém singular, iniciativa...

Participar foi bom mas melhor foi saber que hoje...o

Ambiente já é algo com que nos preocuparmos. -

Nuno Remane

* Boa iniciativa, fotos muito interessantes, que

expõem o que temos de beleza, e o que temos de

mau, também. Estão de parabéns! - Ana Pinhal

* A liga dos escuteiros de Moçambique apoia e junta-

se a qualquer esforço para proteger o ambiente natu-

ral.

* Para um recém chegado é uma boa introdução a

Moçambique a visita a esta exposição. Obrigado

* Olá achei a exposição bonita tenho, sete anos - Dio-

go

Foto exposta de Paulo Alexandre

P A G I N A 5 I V V O L U M E

Page 6: Newsletter Junho 2009

*A exposição está muita gira, e muito “planeada”, saber

que o mundo está em problemas ambientais e que está a

haver muita desflorestação, vemos imagens que nos faz

ver o que realmente acontece e melhorar o nosso mun-

do – Cintia

* Por um ambiente saudável

* A iniciativa é interessante. A exposição tem o mérito

de oferecer uma imagem dualista dos problemas

ambientais. Por um lado, olha para o problema dos cen-

tros urbanos, por outro lado mostra uma realidade dos

problemas das zonas rurais. Parabéns, continuem –

Vicente

* Uma mostra da ideia que a dignidade humana só pode

ser respeitada se ao mesmo tempo respeitamos o Mun-

do no qual vivemos. As duas dignidades, aquela do

homem e aquela da terra são só uma.- Alberto e Kristi-

na

* A exposição foi nota 1000, isto porque apresenta um

tema importante, também porque são raras exposições

desta natureza. Olha; preservar o meio ambiente e pre-

servar o futuro das gerações vindouras. Meu obrigado

JA, continuem a lutar por esta causa. Força... Força...

Força. Kanimambo -Abubacar Omar “estudante do

IIM”

* Ulaas! Gxteii da exposição! As pic`Z são muito

nyces, mostram o estado em q está a cidade de Maputo

e achei uma boa iniciativa. - Gleicylene

* Uma inciativa muito boa que deve repetir-se mais

vezes

* Achei as fotografias muito bonitas principalmente as

de Tete que mostram que não é uma cidade sem árvores

e a árvore andante. - De alguém residente em Tete

* Maravilhosa! Um bom espaço para uma aula de Ciên-

cias. Mostra no Real os problemas do nosso Planeta!

Desperta para o que temos que fazer por uma Terra

Feliz!

* Um beijinho cheio de carinho e parabéns pela

maravilhosa exposição! Que seja esta a primeira de

muitas mais – Carla

* Se todos levassem o lixo p/casa e cuidassem do que

dizem que é deles...pois, o ser humano só leva o últi-

mo modelo de BMW p/ casa e cuida dele né?! Pode

não fazer muito sentido mas se todos fizessem um

pouco, esse pouco se tornaria muito.

Obrigada pelo pouco mas muito bonito gesto – Leila

Salvado

* Tomar conta da nossa existência é o primeiro passo

para o futuro da humanidade. Diagnosticar o actual

estágio da natureza e tudo quanto à sua volta constitui

o sentido da nossa existência!

Mas apelar a tomada de consciência sobre a urgência

de uma acção conjunta para preservar o meio

ambiente revela-se um imperativo de todos nós, sem

necessitar-me de reclamar por uma pura pretensão de

seguir os mesmos caminhos que tomaram as nações

ditas desenvolvidas do primeiro mundo. A JA! ao

usar a dimensão fotográfica de vermos profissionais e

não só desta área, soube dizer aos Moçambicanos e

ao mundo que a natureza pode continuar o seu cami-

nho mesmo sem o homem, mas o homem não pode

viver sem a natureza!

P A G I A N A 6 I V V O L U M E

Page 7: Newsletter Junho 2009

E esta é a grande mensagem que esta exposição trans-

mite!

Nas próximas ocasiões será desejável que esta exposi-

ção fosse móvel e pelo menos escalasse algumas esco-

las! - Vunjanhe

* Muito boa iniciativa, que não se pare por aqui. Avan-

te, força mas para isso temos que agir todos. Obrigada

* Gostei muito, muito bom! - Thais Viva JA!

* Gostei bastante da exposição que expressa os parado-

xos entre vida e morte em Moçambique – Vítor - Reci-

fe Brasil

* Óptima iniciativa, uma pequena amostra do muito que

se pode fazer pelo meio ambiente. Agir JA Ago-

ra...Hoje! Helena Nunes

* Moçambique, tal como o resto do mundo, precisa de

ter uma atitude positiva para melhorarmos a qualidade

de vida, tanto humana como animal e vegetal! Divulgar

esta informação por imagens e palavras é algo admirá-

vel. Que todos juntos possamos contribuir para um

ambiente melhor! - Raquel

Serão necessárias mais palavras?

Durante os 14 dias da exposição houve uma certa

afluência e interesse e tivemos em média entre 10 a 25

visitantes por dia.

Foram enviadas cartas para algumas escolas da Cidade

de Maputo a informar e convidar os professores e alu-

nos a visitar a exposição. Infelizmente só uma escola

respondeu e só tivemos a visita de uma turma de crian-

ças de idades compreendidas entre os 13 e os 15 anos,

da Escola Portuguesa de Moçambique...Ninguém mais

mostrou interesse!

O meu obrigado também ao Mauro Pinto, fotógrafo

profissional e coordenador deste projecto, por nunca ter

desistido mesmo depois de eu já estar tão desanimada

que tinha pensado em desistir de tudo!

Obrigada Madyo Couto pelo teu apoio na participa-

ção e selecção das fotos.

Obrigada Lourenço Pinto pelo “layout” e “design”

das brochuras, peço desculpas por ter causado tantas

noites mal dormidas de horas e horas de trabalho para

poderes entregar a tempo e horas o trabalho na gráfi-

ca para a impressão!

Um grande e muito especial abraço de agradecimento

ao Paulo Alexandre e ao Kioske Digital por toda a

paciência, participação, apoio e compreensão durante

a impressão das fotografias para a exposição!

A todos os fotógrafos e participantes, um enorme

abraço de “obrigado”!

Espero vê-los a todos na nossa próxima exposição, a

5 de Junho de 2010...!

Kanimambo a todos...sem o apoio de todos isto nunca

teria sido possível!

* * * “Eu até posso aceitar o fracasso, todos já falharam

um dia em alguma coisa nas suas vidas, mas o que eu

não posso admitir é não ter tentado”

(Autor desconhecido)

P A G I N A 7 I V V O L U M E

Page 8: Newsletter Junho 2009

Os últimos meses do corrente ano têm sido marca-

dos pelo debate em torno da projectada construção

da barragem de Mphanda Nkuwa no Rio Zambeze

na Província de Tete. Grandes espaços dos jornais,

rádios e televisão dedicam especial atenção a este

assunto.

Esses debates ganharam maior ímpeto com a petição

da Justiça Ambiental (JA!) submetida ao Governo

através dos Ministérios da Energia, da Coordenação

da Acção Ambiental e da Assembleia da República,

em Março último. Na petição, a JA! levantava uma

série de preocupações relevantes e a serem tomadas

em conta antes do prosseguimento deste projecto.

Em resposta, o Governo moçambicano tem mobili-

zado diversos meios e sensibilidades numa tentativa

de justificar a viabilidade deste projecto, procurando

a todo custo mascarar os catastróficos impactos que

resultarão deste empreendimento.

Na sequência desta campanha movida pelo executi-

vo, alguns órgãos de comunicação social foram

tomados de assalto, transformando-se em porta

vozes desta iniciativa, com a publicação de artigos

cujo conteúdo e abordagem é deveras alarmante.

A Justiça Ambiental através deste artigo reafirma a

sua preocupação com a forma como este assunto

tem sido abordado pelo Governo e pela imprensa

moçambicana. Muitas vezes, estas duas entidades

têm sido palcos de falsa propaganda da viabilidade e

da irreversibilidade do projecto de construção da

futura hidroeléctrica de Mphanda Nkuwa.Em uma

série de artigos publicados no Jornal Noticias,

Agência de Informação de Moçambique, Correio da

Manhã, Vertical, só para citar alguns exemplos,

lê-se o seguinte: Hidroeléctrica de Mphanda Nku-

wa: Um projecto viável para o desenvolvimento

de Moçambique; Mphanda N’Kuwa é viável- rea-

firma o Governo em audição parlamentar; Gover-

no descarta abandonar projecto de Mphanda Nku-

wa, A construção da projectada barragem de

Mphanda Nkuwa é irreversível, economicamente

viável e os seus ganhos irão impulsionar o desen-

volvimento do País.

Entretanto, há muito que essas notícias deixaram

de fornecer dados realísticos e verdadeiros, para

se converterem num activo de propaganda politi-

co-capitalista do Governo moçambicano e de

capitalistas estrangeiros representantes de várias

multinacionais.

À margem da audição parlamentar do Ministro da

Energia, Salvador Namburete, e da Ministra para

a Coordenação da Acção Ambiental, Alcinda

Abreu, os dois titulares mais do que apontar as

razões que sustentam a propalada viabilidade eco-

nómica do projecto, limitaram-se em dizer que

havia “uma vasta campanha internacional visando

desacreditar ou inviabilizar a construção da barra-

gem”.

Paradoxalmente, o governo é citado a afirmar que

“ a barragem de Mpanda N’Kuwa, cujos estudos

sobre o impacto ambiental e o desenho técnico de

engenharia para a sua construção estão em curso,

é economicamente viável” Ora urge questionar a

base que suporta as afirmações dessa viabilidade

uma vez que os mesmos ainda estão a serem reali-

zados!

Importa ainda destacar a reportagem do programa

P A G I N A 8 I V V O L U M E

Mphanda Nkuwa: Mitos e verdades de um projecto insustentável para Moçambique

Por: Jeremias Vunjanhe

Page 9: Newsletter Junho 2009

P A G I N A 9 I V V O L U M E

sul-africano “Carte Blanche” do canal televisivo M-

Net, intitulada “Projecto de Mphanda Nkuwa: Cientis-

tas apontam para possibilidade de catástrofe”, como

exemplo de um jornalismo sério que pesquisa, investiga

e estuda o assunto em todas as vertentes com imparcia-

lidade e recorrendo a dados científicos comprovados

por peritos, ouvindo todos os lados envolvidos da histó-

ria antes da publicação de qualquer assunto e pelo

impacto que teve não só na África do Sul como em

Moçambique e no Mundo.

A referida reportagem apontava de entre várias preocu-

pações as seguintes:

•A construção de mais uma barragem no Rio Zambeze,

que irá aumentar o perigo de ocorrências sísmicas, que

poderão resultar no desmoronamento das barragens de

Kariba e Cahora Bassa;

•As autoridades moçambicanas que deviam considerar

o potencial de terramotos de proporções e magnitude

ainda maiores que o de 2006, pois a região onde se pre-

tende construir a barragem de Mphanda Nkuwa situa-se

junto ao sistema de vales de fracturas da África Orien-

tal;

•O facto de o projecto de Mphanda Nkuwa representar

um perigo para as populações ribeirinhas e circundan-

tes;

O projecto de Mphanda Nkuwa, que nunca seria apro-

vado na África do Sul por não reunir os requisitos esti-

pulados no relatório da Comissão Mundial de Barra-

gens.

Face a estes dados uma pergunta fica no ar. Estes factos

não deveriam ser relatados pela nossa impressa, que

deveria estar mais alerta dos problemas, interesses e

esquemas nacionais e que supostamente teria maior

acesso à informação? Para isso, era preciso que fosse-

mos mais transparentes e imparciais.

Enquanto Moçambique se desdobra em mobilizar

recursos financeiros para a construção deste empreendi-

mento, a China, tido como o maior financiador, anun-

ciou medidas que visam travar o desenfreada constru-

ção de hidroeléctricas. Pequim, segundo a imprensa

internacional suspendeu, em Junho último, a constru-

ção de várias hidroeléctricas impulsionadas pelas

autoridades locais nas províncias do sudoeste, região

rica em recursos naturais.

Entretanto, adianta a imprensa internacional, apesar

desta medida considerada como positiva pelos

ambientalistas, o País asiático continua participando

de numerosas obras hidroeléctricas fora de suas fron-

teiras, tanto com financiamento quanto directamente

através de suas empresas construtoras. Agora a víti-

ma parece ser Moçambique.

A produção energética, trata-se de uma visão muito

mais voltada ao mercado externo do que ao interno,

particularmente o da África do Sul, tanto que, de tudo

que se produz, mais de 50% da Hidroeléctrica de

Cahora Bassa vai para o exterior.

Continuar a usar a teoria da existência de uma

“campanha internacional vasta visando desacreditar

ou inviabilizar a construção da barragem” como cita

o Ministro da Energia, é pura e mera justificativa de

quem não tem motivos plausíveis para defender um

projecto destrutivo desta natureza. A Hidroeléctrica

de Mphanda Nkuwa é mais uma propaganda que ven-

de a mensagem aliciante de que será uma futura gera-

dora de emprego, desenvolvimento e melhorias

sociais para o povo Moçambicano.

Os autores destes títulos esforçam-se em encontrar

argumentos para justificar a propalada viabilidade

deste empreendimento. O mesmo demonstra também

a subserviência de alguns órgãos de comunicação

social em relação a alguns círculos de poder.

Quando se fala em um projecto da dimensão de

Mphanda Nkuwa cujos impactos podem afectar o

futuro do Pais, é preciso que os meios de comunica-

ção social explorem as diversas temáticas e as

Page 10: Newsletter Junho 2009

P A G I N A 1 0

implicações de cada medida a ser tomada desde a via-

bilidade do projecto quer económica, ambiental ou

social, passando pela transparência do processo na

selecção e contratação de vários intervenientes, até aos

interesses ocultos dos financiadores.

Nesta matéria, nota-se uma exaustão crescente do con-

teúdo e das informações publicadas nos nossos órgãos

de comunicação. A notícia desgastou-se a tal ponto

que é possível recitar de olhos fechados como se ini-

ciam os textos sobre o projecto de Mphanda Nkuwa. A

mera repetição dos slogans do governo inclui termos,

expressões e orientações sem relação com a realidade

dos estudos que provem a viabilidade do projecto, e do

recurso de uma Hidroeléctrica para satisfazer as neces-

sidades e o desenvolvimento dos moçambicanos. O

imperativo do desenvolvimento de Moçambique não

pode ser assumido cegamente e difundido através de

slogans que, além de inexactos e arrogantes, não con-

tribuem em nada com a compreensão a respeito dos

processos necessários ao seu alcance.

Merece ser citada nestas matérias a ficção dos empre-

gos. Praga dos tempos modernos, a criação de postos

de emprego é usada para justificar qualquer campanha

de venda dos nossos recursos e infernizar a vida de

quem há muito espera pelo propalado desenvolvimen-

to do País. Para exemplificar, basta procurar saber

qual a quantidade de pessoas empregues em vários

mega-projectos no País e o reflexo disso nas suas

vidas.

É preciso que se debata o assunto a respeito da matriz

energética que o Pais pretende adoptar e a verdadeira

razão da atitude arrogante por parte do Governo em

assuntos tão sensíveis como este. O mesmo aconteceu

em relação ao processo de reversão da Hidroeléctrica

de Cahora Bassa, à concessão da licença da Mina de

Moatize, da Jatropha, do fundo de iniciativas locais,

do Scanner, etc. De contrário, continuaremos a ter

projectos cujos impactos negativos não tardarão a

agravar a já precária situação do cidadão comum em

benefício de uma pequena fatia pertencente à elite

moçambicana e que há muito deixou de se preocu-

par com a qualidade de vida da população.

Somos de uma turma de moçambicanos que luta por

projectos sustentáveis e pela anulação do leilão de

qualquer recurso que o Pais dispõe, por o desmasca-

rar de todas as tentativas de manipulação da opinião

pública sobre a viabilidade de supostos projectos e a

alegada responsabilidade do Governo em desenvol-

ver o Pais.

A JA! tenciona catalisar um exercício de reflexão

direccionado a influenciar a tomada de decisão de

que o País necessita realizar em relação à sua matriz

energética. Ao fazê-lo, estamos contribuindo para a

construção da “Cidadania Planetária” na medida em

que colocamos em discussão o direito ao meio

ambiente sadio e equilibrado das populações afecta-

das pela decisão, no âmbito local e regional. Simul-

taneamente, invocamos o mesmo direito em relação

às futuras gerações uma vez que os impactos gera-

dos trazem consequências indiscutíveis à estabilida-

de do clima e do ambiente.

I V V O L U M E

Page 11: Newsletter Junho 2009

I V V O L U M E

É impressionante como a ignorância pode dar voz a

tanta disparidade junta, tornando-se até um insulto

à inteligência humana. É impressionante que hoje

em dia, com um tão fácil acesso à informação e

comunicação, muitos destes nossos amigos insis-

tam em continuar presos a uma luta, em defesa dos

inimigos opressores, que já não se enquadra, com-

pletamente desajustada.

Os tempos mudaram, os interesses em vigor tam-

bém e infelizmente os objectivos primários ainda

mais. Estes nossos amigos, outrora defensores de

direitos iguais, de uma causa única, o da Nação,

enchem agora a boca de termos que estão em voga,

que passam em qualquer noticiário, publicidade,

discurso político e estratégia ou política nacional

de qualquer canto do mundo, como o

“desenvolvimento sustentável”, “aquecimento glo-

bal”, “reflorestamento” e que soam como música

aos financiadores estrangeiros. Contudo, estes ami-

gos de nada se informam ou se interessam pois

estes termos adveêm de estudos comprovados cien-

tificamente e que nos quais consta as medidas e

sugestões que evitam ou minimizam o impacto

negativo que algumas infrastruturas provocam. As

infrastruturas de mega projectos cujos meios, não

somente os objectivos, têm sido postos em causa

neste País são um exemplo disso.

Estes nossos amigos, gente com o dom da palavra,

que usufrui no seu dia a dia do conhecimento cien-

tífico para viver e sobreviver, só o utilizam e lhe

dão valor quando é do seu interesse.

Estes nossos amigos necessitam de reaprender o

que significa o termo responsabilidade, que implica

estar ciente do que se está a fazer ou dizer, estar

capacitado, o que implica estar devidamente

informado pois, do mesmo modo que tentam

meter seitas ou grupos de pessoas com ideolo-

gias de foro espiritual e gente formada no ramo

da ciência como a Biologia, Ecologia, Geologia,

no mesmo saco, podem também, estes nossos

amigos cair nas malhas do ridículo e do ultrapas-

sado, esquecidos ou diplomaticamente arruma-

dos a um canto, numa coluna de um jornal.

Em defesa de interesses pessoais e do apoio a

mega- projectos, querendo atingir um fim, sem

questionar os meios, os riscos, ou quem e quantos

serão os lesados e em que medida os benefícios

serão maiores do que os custos, estes nossos ami-

gos chamam aos que questionam os meios de Blo-

queadores do Desenvolvimento de Moçambique.

Estes nossos amigos necessitam de rever concei-

tos, para saber o real significado de energia verde,

limpa e até diferenciar necessidade basilar do que

é o desenvolvimento económico e social. A cons-

trução de uma grande hidroeléctrica não significa,

em nenhum ponto do mundo o desenvolvimento,

significa sim uma plataforma de apoio ao desen-

volvimento, planeado, traçado a longo prazo.

No caso de Moçambique, dada a sua condição em

termos de inserção regional e de condições de

pobreza, um mega-projecto como este deve signi-

ficar a melhoria de condições e o desenvolvimen-

to para as comunidades locais e não o reforço de

uma injecção de energia para os países vizinhos

dos quais Moçambique já é completamente

dependente. Qual é a necessidade de energia que

Moçambique tem? O gás natural extraído de

Moçambique é directamente exportado para

P A G I N A 1 1

Carta a esses e a outros tantos amigos...

Por: SD

Page 12: Newsletter Junho 2009

África do Sul, destinando-se à produção de energia.

Toda a produção de energia de Cahora Bassa vai

directamente para África do Sul, para seu próprio con-

sumo, vendendo-nos a nós, produtores, uma pequena

parte, por nós solicitada, de acordo com as nossas

necessidades. Qual é o tão grande plano de desenvol-

vimento industrial, ou outro, a nível nacional que

requeira tanta energia??? Não estaremos a “meter a

carroça à frente dos bois”?

Moçambique, inserido no seu contexto continental tem

vindo a ser objecto de interesse a nível internacional

pelos grandes produtores. Surgem parcerias, acordos,

sociedades, planos em conjunto, mas bem espremido

tudo o que tem vindo a acontecer é uma saída infindá-

vel directa de recursos naturais em prole do contínuo

desenvolvimento dos já desenvolvidos e do empobre-

cimento dos que já nasceram com essa sorte. A ener-

gia hídrica, o carvão, o abate desenfreado e a exporta-

ção de madeira não processada, são alguns dos muitos

exemplos correntes. É esse o significado do “produza

e consuma moçambicano”? Serão os que questionam,

os desinteressados e os alheios aos problemas e às

necessidades reais do País?

Mphanda Nkuwa não significa qualidade de energia a

nível nacional, mas sim a exportação directa para o

exterior, desenvolvendo assim os países vizinhos e

tornando Moçambique cada vez mais pobre. Existem

muitos estudos científicos feitos em muitas albufeiras

do mundo, inclusivamente estudos feitos aqui, no Vale

do Zambeze, que nos indicam quais as consequências

catastróficas em termos de ambiente que uma barra-

gem acarreta para um ecossistema, em especial com as

características bióticas da região. Estes, entre muitos

estudos científicos, comprovam que uma barragem

não traz riqueza em termos de pesca pois todo o

ambiente natural muda, o ambiente sofre uma mudan-

ça brusca de lótico (rio) para lêntico (lago) e a comu-

nidade de peixes daquele ambiente já não se adapta às

novas condições. Resta a alternativa de

inserir espécies, normalmente exóticas, que têm tido

graves consequências a longo prazo ao nível do

ambiente, como é o caso do Kapenta e de algumas

espécies de tilápias que extinguem espécies de tilá-

pias indígenas pois fora do seu ambiente natural se

comportam como autênticos exterminadores do

ambiente em redor, afectando toda a cadeia alimentar

do sistema, acabando por afectar inclusivamente a

qualidade da água. Não me parece que a construção

de mega-barragens tenham vindo a ajudar a prevenir

as cheias cíclicas. Até os doadores já começam a

questionar..... Todos os anos se gastam rios de dinhei-

ro a salvar gente na iminência de morte no vale; Não

seria mais fácil alocar estes fundos para o estudo de

como prevenir essa massa desenfreada de água de vir

de uma só vez? Não seria o estudo para a implemen-

tação dos fluxos ecológicos, uma via de solução?

O Vale do Zambeze é muito extenso, com um forte

fluxo natural e regido por condições climatéricas

regionais de um sistema anual de duas estações, a

chuvosa e a seca, que determinam o fluxo do Rio. A

má gestão e a necessidade de um intercâmbio efecti-

vo de informação, aliado à grande responsabilidade

de manutenção de mais uma mega-infrastrutura e a

falta de hábito de comunicação constituem factores

de risco cumulativos, para a construção de mais uma

mega -barragem num rio já tão sacrificado.

A experiência com Kariba, não tem sido das melho-

res e a fraca comunicação existente, aliada ao risco

que esta infraestrutura representa por si e para todos

nós, por falta de manutenção, podem constituir um

exemplo.

Caros amigos, em Maio de 2008 um tremor- de- ter-

ra, desencadeado pelo rápido enchimento da Barra-

gem de Zipingpu, abalou esta região da China provo-

cando a morte de 80 000 pessoas. Este desastre deu-

se devido a uma falha, localizada a uma milha de dis-

P A G I N A 1 2 I V V O L U M E

Page 13: Newsletter Junho 2009

I V V O L U M E P A G I N A 1 3

distância, que cedeu devido à pressão exercida pelos

300 milhões de metros cúbicos de água, o equivalente

a 300 milhões de toneladas. Será o factor sismicidade

uma questão tão despropositada para a região do Vale

do Zambeze? Só os estudos de perícia poderão respon-

der.

Estes nossos amigos precisam de estar melhor infor-

mados pois só assim conseguirão perceber que o pro-

cesso, ao contrário do que muitos querem fazer pare-

cer, tem tido todo o apoio em termos de informação e

disponibilização de estudos e contactos para ser um

processo construtivo. As directrizes da Comissão

Mundial de Barragens são só um pequeno exemplo de

informação tantas vezes já disponibilizada aos diferen-

tes ministérios envolvidos no processo e sobejamente

conhecida pelo Banco Mundial e utilizada na vizinha

África do Sul. Se o processo de avaliação levado a

cabo for justo, transparente e participativo, então

todos os estudos inerentes ao projecto de Mphanda

Nkuwa serão levados a cabo por especialistas, peritos

no assunto e no contexto regional. Só então todas as

questões serão respondidas e quem sabe algumas solu-

cionadas quando surgirem as alternativas, aliás factor

obrigatório de qualquer processo de Avaliação de

Impacto Ambiental, de acordo com as leis vigentes em

Moçambique.

É verdade que estamos sob um processo embrionário

de aprendizagem do que é o direito à participação

efectiva e de qual o real significado de termos como a

Gestão Integrada de Recursos Hídricos ou de Parceria,

que não servem apenas para sugar fundos dos finan-

ciadores. Estes nossos amigos ainda estão longe de

perceber quais os reais benefícios trazidos a longo

prazo por um processo participativo, continuando a

pensar no “hoje” e a defender interesses pessoais.

Estes e muitos outros ainda estão longe de vestir a

camisola da responsabilidade social e moral, dado o

seu papel representativo no seu posto de trabalho,

integrado num todo, na sua família, na sua saúde, na

sua localidade, socialmente, ambientalmente, regio-

nalmente, etc.

Este sim, é o verdadeiro significado da pobreza, o

que se espelha em situações como esta, é a pobreza

de espírito, a inércia, a falta de atitude e de posição

face ao deslumbramento dos mega-projectos, o inte-

resse pessoal e imediato em detrimento de futuras

gerações, a ganância, arrogância e a prepotência. Se

assim não fosse, porquê o medo de uma participação

efectiva???

Um abraço amigo aos verdadeiros amigos, sem medo

do conhecimento, aos de peito aberto, aos que sabem

que no fundo só se deve ter receio dos que apresen-

tam a verdade, a que é comprovável pelos peritos, aos

que não confundem desenvolvimento com pobreza

local e destruição de recursos, aos que sabem o real

significado do que é o desenvolvimento sustentá-

vel...a esses, um forte abraço.

Page 14: Newsletter Junho 2009

BREVES BREVES

I V V O L U M E P A G I N A 1 4

Breves

Shell pagará US$ 15,5 milhões por mortes de

activistas na Nigéria

A empresa foi acusada por crimes contra a humani-

dade depois de uma batalha judicial que durou per-

to de 14 anos na região de Ogoni na Nigeria. Entre

esses crimes conta-se a morte de activistas nigeria-

nos pela preservação do meio ambiente, entre eles

o Nobel de Literatura Ken Saro-Wiwa, enforcado

em 1995.

A multinacional de petróleo Shell concordou em

pagar US$ 15,5 milhões de indemnização a fami-

liares de vítimas, na Nigéria, por abuso dos direitos

humanos. O valor é parte de um acordo extrajudi-

cial que conclui uma acção colectiva movida contra

a Shell, nos Estados Unidos, desde 1995.

A Shell foi acusada de cumplicidade com o regime

militar do então Presidente Sani Abacha no enfor-

camento do escritor e de outros oito activistas, que

foram condenados num julgamento considerado

uma farsa.

“Lutamos com a Shell durante 13 anos e finalmen-

te os queixosos vão ser compensados pelas viola-

ções de direitos humanos que sofreram”, disse o

advogado norte-americano das famílias dos activis-

tas mortos, Paul Hoffman.

Fonte: Público, http://www.africa21digital.com/

noticia.kmf?cod=8539952&indice=0&canal=404

30% dos tubarões de mar aberto estão

'ameaçados de extinção'

O primeiro estudo para determinar o estado de con-

servação global das 64 espécies de tubarões e raias

de alto mar revelou que 32% estão ameaçadas de

extinção.

A ameaça vem principalmente da pesca excessiva,

de acordo com os técnicos. Segundo eles, os

tubarões são "profundamente vulneráveis" a essa

prática, porque levam muitos anos para que as

várias espécies atinjam a maturidade e há relati-

vamente poucos animais jovens.

"E, apesar das crescentes ameaças, os tubarões

continuam virtualmente desprotegidos no alto

mar", disse Sonja Fordham, vice-diretora do

Grupo Especializado em Tubarões. "Nós docu-

mentamos sérios casos de pesca excessiva destas

espécies, tanto em águas nacionais quanto interna-

cionais. Isto demonstra uma clara necessidade de

acção imediata em escala global.

Fonte: Estadão Online

http://noticias.ambientebrasil.com.br/noticia/?

id=46498

Mudanças climáticas ameaçam afectar produção

agrícola em África

Um estudo da Stanford University estima que os

períodos de cultivo africano para os alimentos

básicos do continente - milho, painço e sorgo -

serão mais quentes em nove de cada dez anos até

2050. Os produtores podem fazer adaptações

mudando os tempos de cultivo ou usando

variedades novas, mas o ritmo da mudança exigirá

uma ajuda extra, conclui o estudo na revista

Global Environmental Change.

"Para a maioria dos produtores de África, o aqueci-

mento rapidamente tomará conta do clima, não ap-

enas para além da variação da experiência pessoal

deles, mas também para além da experiência de

outros produtores dos seus países", afirmou o

estudo, cujos autores são Stanford e do Global Trust.

Page 15: Newsletter Junho 2009

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JB Online

http://noticias.ambientebrasil.com.br/noticia/?id=46351

ONU: mudanças climáticas agravam riscos de

desastres para pobres

Um estudo realizado com o apoio da Organização das

Nações Unidas (ONU) mostrou que as mudanças

climáticas vão agravar os desastres naturais, e que os

moradores dos países em desenvolvimento como as

Repúblicas Dominicana, Vanuatu, Mianmar e Guate-

mala são os que correm maior risco .

"O risco é sentido mais fortemente por pessoas que

vivem em favelas e em áreas rurais pobres", escreveu

o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, no relató-

rio lançado durante as conversações climáticas da

ONU, realizadas em Bonn entre 1 e 12 de Junho.

"As mudanças climáticas vão ampliar a distribuição

desigual do risco, reforçando ainda mais os impactos

de desastres sentidos pelas comunidades pobres dos

países em desenvolvimento", afirma o Relatório de

Avaliação Global de Redução de Riscos de Desas-

tres.

Fonte: JB Online

http://noticias.ambientebrasil.com.br/noticia/?

id=46211

Plásticos constituem a maior parte de lixo no mar,

diz ONU

Produtos plásticos - como garrafas, sacos, embala-

gens de comida, copos e talheres - formam a maior

parte do lixo encontrado no oceano, segundo um rela-

tório do Programa Ambiental da Organização das

Nações Unidas (ONU), publicado por ocasião do Dia

Mundial dos Oceanos. O documento procura mostrar

aos governos de diferentes regiões ao redor de 12 dos

principais mares, quais os principais problemas,

numa tentativa de apontar caminhos para a solução.

"O lixo marinho é sintomático de um problema

maior: o desperdício e a persistente má administração

dos recursos naturais", disse Achim Steiner, sub-

secretário geral da ONU e director executivo do Pro-

grama Ambiental.

Fonte: Estação Online)

http://noticias.ambientebrasil.com.br/noticia/?id=46138

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