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Colgio Rumo
23
Orientaes:
- No escreva a lpis.
- No ultrapasse o limite de linhas de cada questo.
Texto para as questes 1 e 2
Sampa - Caetano Veloso
Alguma coisa acontece no meu corao
Que s quando cruza a Ipiranga e a avenida So Joo
que quando eu cheguei por aqui eu nada entendi
Da dura poesia concreta de tuas esquinas
Da deselegncia discreta de tuas meninas
Ainda no havia para mim Rita Lee
A tua mais completa traduo
Alguma coisa acontece no meu corao
Que s quando cruza a Ipiranga e a avenida So Joo
Quando eu te encarei frente a frente no vi o meu rosto
Chamei de mau gosto o que vi, de mau gosto, mau gosto
que Narciso acha feio o que no espelho
E mente apavora o que ainda no mesmo velho
Nada do que no era antes quando no somos mutantes
E foste um difcil comeo
Afasto o que no conheo
E quem vende outro sonho feliz de cidade
Aprende depressa a chamar-te de realidade
Porque s o avesso do avesso do avesso do avesso
Do povo oprimido nas filas, nas vilas, favelas
Da fora da grana que ergue e destri coisas belas
Da feia fumaa que sobe, apagando as estrelas
Eu vejo surgir teus poetas de campos, espaos
Tuas oficinas de florestas, teus deuses da chuva
Pan-Amricas de fricas utpicas, tmulo do samba
Mais possvel novo quilombo de Zumbi
E os novos baianos passeiam na tua garoa
E novos baianos te podem curtir numa boa
Questo 1) Leia atentamente o texto e responda:
a) Sampa refere-se cidade de So Paulo. O texto relaciona lugares de So Paulo, bem como poetas, msicos e movimentos culturais que agitavam essa cidade na poca em que foi escrito. A partir da leitura do texto e das discusses em sala de aula, identifique trs dessas referncias.
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b) um clich muito difundido a afirmao de que So Paulo, ao contrrio do Rio de Janeiro, nunca produziu samba. Indique a passagem do texto em que se faz aluso a isso.
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Questo 2) A mitologia grega apresenta o mito de Narciso. Conta a narrativa mtica que Narciso, rapaz dotado de grande beleza, um dia, ao curvar-se sobre as guras cristalinas de uma fonte, para matar a sede, viu sua imagem refletida no espelho-d'gua e apaixonou-se por ela.
Suas tentativas frustradas de aproximar-se dessa bela imagem levaram-no ao desespero e morte. Transformou-se ento na flor que tem o seu nome. Freud, ao estudar esse mito, considera-o uma explicao da existncia de personalidades que s amam a prpria imagem.
a) Indique uma passagem no texto de Caetano que faz referncia ao mito de Narciso.
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b) Qual o sentido dessa passagem, tomando como referncia o mito de Narciso?
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Questo 3) Sobre os trs nveis de leitura do texto, explique:
a) o nvel superficial
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b) o nvel profundo
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Texto para as questes 4 e 5
Incio da Catingueira e Romano
Li, h dias, numa revista, a cantoria ou martelo que, h perto de setenta anos, Incio Catingueira teve com Romano, em Patos, na Paraba. Incio da Catingueira, um negro, era apenas Incio; Romano, pessoa de famlia, possua um nome mais comprido __ era Francisco Romano do Teixeira, irmo de Verssimo Romano, cangaceiro e poeta, pai de Josu Romano, tambm cantador, enfim, um Romano bem classificado, cheio de suficincia, at com alguns discpulos.
Nessa antiga pendncia, de que se espalharam pelo Nordeste muitas verses, Incio tratava o outro por meu branco, declarava-se inferior a ele. Com imensa bazfia, Romano concordava, achava que era assim mesmo e, de quando em quando, introduzia, no martelo, uma palavra difcil como o intuito evidente de atrapalhar o adversrio. O preto defendia-se a seu modo, torcia o corpo, inclinava-se modesto: Seu Romano, eu s garanto que cincia eu no tenho.
Essa ironia, essa deliciosa malcia negra, no fez mossa na casa de Francisco Romano, que recebeu as alfinetadas como se elas fossem elogios e no fim da cantiga esmagou o inimigo com uma razovel quantidade de burrices tudo sem nexo, toa: Latona, Cibele, sis, Vulcano, Netuno ... jogou o disparate em cima do outro e pediu a resposta, que no podia vir, naturalmente, porque Incio era analfabeto, nunca ouvira falar em semelhantes horrores e fez o que devia fazer __ amunhecou, entregou os pontos, assim: Seu Romano, desse jeito eu no posso acompanh-lo. Se desse um n em martelo viria eu desat-lo. Mas como foi em cincia, cante s; que eu j me calo.
Com o entusiasmo dos ouvintes, Romano, vencedor, ofereceu umas palavras de consolao ao pobre do negro, palavras idiotas que serviram para enterr-lo.
Isto aconteceu h setenta anos. E desde ento, o heri de Patos se multiplicou em descendentes que nos tm impingido com abundncia de Cibele, sis, Latona,Vulcano, etc.
Muita gente aceita isso. Nauseada, mas aceita, para mostrar sabedoria, quando todos deviam gritar honestamente que, tratando-se de martelo, Netuno e Minerva no tm cabimento.
Incio da Catingueira, que homem! Foi uma das figuras mais interessantes da literatura brasileira, apesar de no saber ler. Como os seus olhos brindados de negro viam as coisas! certo que temos outros sabidos demais. Mas h uma sabedoria alambicada que nos torna ridculos. (...)
RAMOS, Graciliano. Viventes das Alagoas; quadros e costumes do Nordeste. 4 ed. So Paulo, Martins, 1972.
P. 137-8.
Questo 4) Analise os nveis de leitura presentes no texto de Graciliano Ramos e reponda aos itens "a" e "b".
a) O produtor do texto construiu uma narrativa onde aparecem, no nvel da superfcie, dois personagens com caractersticas diferentes. Situe os dois personagens e discrimine as diferenas bsicas que, segundo o produtor do texto, distinguem um do outro.
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b) Num nvel mais abstrato de leitura, pode-se afirmar que Incio e Romano cultivam valores diferentes. Basicamente, quais so os valores que caracterizam a cultura de um e de outro?
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Questo 5) Ainda sobre o texto de Graciliano, responda s questes seguintes:
a) Explicite o nvel intermedirio do texto mostrando o que o texto coloca em confronto.
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b) Num nvel mais profundo de leitura, o texto em questo est construdo sobre uma oposio bsica. Qual essa oposio? Justifique.
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Boa prova!
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