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Colégio Rumo Orientações: - Não escreva a lápis. - Não ultrapasse o limite de linhas de cada questão. Texto para as questões 1 e 2 Sampa - Caetano Veloso Alguma coisa acontece no meu coração Que só quando cruza a Ipiranga e a avenida São João É que quando eu cheguei por aqui eu nada entendi Da dura poesia concreta de tuas esquinas Da deselegância discreta de tuas meninas Ainda não havia para mim Rita Lee A tua mais completa tradução Alguma coisa acontece no meu coração Que só quando cruza a Ipiranga e a avenida São João Quando eu te encarei frente a frente não vi o meu rosto Chamei de mau gosto o que vi, de mau gosto, mau gosto É que Narciso acha feio o que não é espelho E à mente apavora o que ainda não é mesmo velho Nada do que não era antes quando não somos mutantes E foste um difícil começo Afasto o que não conheço E quem vende outro sonho feliz de cidade Aprende depressa a chamar-te de realidade Porque és o avesso do avesso do avesso do avesso Do povo oprimido nas filas, nas vilas, favelas Da força da grana que ergue e destrói coisas belas Da feia fumaça que sobe, apagando as estrelas Eu vejo surgir teus poetas de campos, espaços Tuas oficinas de florestas, teus deuses da chuva Pan-Américas de Áfricas utópicas, túmulo do samba Mais possível novo quilombo de Zumbi E os novos baianos passeiam na tua garoa E novos baianos te podem curtir numa boa Questão 1) Leia atentamente o texto e responda: a) Sampa refere-se à cidade de São Paulo. O texto relaciona lugares de São Paulo, bem como poetas, músicos e movimentos culturais que agitavam essa cidade na época em que foi escrito. A partir da leitura do texto e das discussões em sala de aula, identifique três dessas referências. __________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________ b) É um clichê muito difundido a afirmação de que São Paulo, ao contrário do Rio de Janeiro, nunca produziu samba. Indique a passagem do texto em que se faz alusão a isso. __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________ _________________ Colégio Rumo - Rua Prates, 790 - Bom Retiro - Tel: 3377-8888 - www.rumovestibulares.com.br Nome: n o Turma: Nota: Professor: Nádia Semestre: / 2012 Inscrição: Disciplina: Redação Data: 15/06/2012 Avaliação: P3 – Dissertativa

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Colgio Rumo

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Orientaes:

- No escreva a lpis.

- No ultrapasse o limite de linhas de cada questo.

Texto para as questes 1 e 2

Sampa - Caetano Veloso

Alguma coisa acontece no meu corao

Que s quando cruza a Ipiranga e a avenida So Joo

que quando eu cheguei por aqui eu nada entendi

Da dura poesia concreta de tuas esquinas

Da deselegncia discreta de tuas meninas

Ainda no havia para mim Rita Lee

A tua mais completa traduo

Alguma coisa acontece no meu corao

Que s quando cruza a Ipiranga e a avenida So Joo

Quando eu te encarei frente a frente no vi o meu rosto

Chamei de mau gosto o que vi, de mau gosto, mau gosto

que Narciso acha feio o que no espelho

E mente apavora o que ainda no mesmo velho

Nada do que no era antes quando no somos mutantes

E foste um difcil comeo

Afasto o que no conheo

E quem vende outro sonho feliz de cidade

Aprende depressa a chamar-te de realidade

Porque s o avesso do avesso do avesso do avesso

Do povo oprimido nas filas, nas vilas, favelas

Da fora da grana que ergue e destri coisas belas

Da feia fumaa que sobe, apagando as estrelas

Eu vejo surgir teus poetas de campos, espaos

Tuas oficinas de florestas, teus deuses da chuva

Pan-Amricas de fricas utpicas, tmulo do samba

Mais possvel novo quilombo de Zumbi

E os novos baianos passeiam na tua garoa

E novos baianos te podem curtir numa boa

Questo 1) Leia atentamente o texto e responda:

a) Sampa refere-se cidade de So Paulo. O texto relaciona lugares de So Paulo, bem como poetas, msicos e movimentos culturais que agitavam essa cidade na poca em que foi escrito. A partir da leitura do texto e das discusses em sala de aula, identifique trs dessas referncias.

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b) um clich muito difundido a afirmao de que So Paulo, ao contrrio do Rio de Janeiro, nunca produziu samba. Indique a passagem do texto em que se faz aluso a isso.

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Questo 2) A mitologia grega apresenta o mito de Narciso. Conta a narrativa mtica que Narciso, rapaz dotado de grande beleza, um dia, ao curvar-se sobre as guras cristalinas de uma fonte, para matar a sede, viu sua imagem refletida no espelho-d'gua e apaixonou-se por ela.

Suas tentativas frustradas de aproximar-se dessa bela imagem levaram-no ao desespero e morte. Transformou-se ento na flor que tem o seu nome. Freud, ao estudar esse mito, considera-o uma explicao da existncia de personalidades que s amam a prpria imagem.

a) Indique uma passagem no texto de Caetano que faz referncia ao mito de Narciso.

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b) Qual o sentido dessa passagem, tomando como referncia o mito de Narciso?

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Questo 3) Sobre os trs nveis de leitura do texto, explique:

a) o nvel superficial

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b) o nvel profundo

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Texto para as questes 4 e 5

Incio da Catingueira e Romano

Li, h dias, numa revista, a cantoria ou martelo que, h perto de setenta anos, Incio Catingueira teve com Romano, em Patos, na Paraba. Incio da Catingueira, um negro, era apenas Incio; Romano, pessoa de famlia, possua um nome mais comprido __ era Francisco Romano do Teixeira, irmo de Verssimo Romano, cangaceiro e poeta, pai de Josu Romano, tambm cantador, enfim, um Romano bem classificado, cheio de suficincia, at com alguns discpulos.

Nessa antiga pendncia, de que se espalharam pelo Nordeste muitas verses, Incio tratava o outro por meu branco, declarava-se inferior a ele. Com imensa bazfia, Romano concordava, achava que era assim mesmo e, de quando em quando, introduzia, no martelo, uma palavra difcil como o intuito evidente de atrapalhar o adversrio. O preto defendia-se a seu modo, torcia o corpo, inclinava-se modesto: Seu Romano, eu s garanto que cincia eu no tenho.

Essa ironia, essa deliciosa malcia negra, no fez mossa na casa de Francisco Romano, que recebeu as alfinetadas como se elas fossem elogios e no fim da cantiga esmagou o inimigo com uma razovel quantidade de burrices tudo sem nexo, toa: Latona, Cibele, sis, Vulcano, Netuno ... jogou o disparate em cima do outro e pediu a resposta, que no podia vir, naturalmente, porque Incio era analfabeto, nunca ouvira falar em semelhantes horrores e fez o que devia fazer __ amunhecou, entregou os pontos, assim: Seu Romano, desse jeito eu no posso acompanh-lo. Se desse um n em martelo viria eu desat-lo. Mas como foi em cincia, cante s; que eu j me calo.

Com o entusiasmo dos ouvintes, Romano, vencedor, ofereceu umas palavras de consolao ao pobre do negro, palavras idiotas que serviram para enterr-lo.

Isto aconteceu h setenta anos. E desde ento, o heri de Patos se multiplicou em descendentes que nos tm impingido com abundncia de Cibele, sis, Latona,Vulcano, etc.

Muita gente aceita isso. Nauseada, mas aceita, para mostrar sabedoria, quando todos deviam gritar honestamente que, tratando-se de martelo, Netuno e Minerva no tm cabimento.

Incio da Catingueira, que homem! Foi uma das figuras mais interessantes da literatura brasileira, apesar de no saber ler. Como os seus olhos brindados de negro viam as coisas! certo que temos outros sabidos demais. Mas h uma sabedoria alambicada que nos torna ridculos. (...)

RAMOS, Graciliano. Viventes das Alagoas; quadros e costumes do Nordeste. 4 ed. So Paulo, Martins, 1972.

P. 137-8.

Questo 4) Analise os nveis de leitura presentes no texto de Graciliano Ramos e reponda aos itens "a" e "b".

a) O produtor do texto construiu uma narrativa onde aparecem, no nvel da superfcie, dois personagens com caractersticas diferentes. Situe os dois personagens e discrimine as diferenas bsicas que, segundo o produtor do texto, distinguem um do outro.

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b) Num nvel mais abstrato de leitura, pode-se afirmar que Incio e Romano cultivam valores diferentes. Basicamente, quais so os valores que caracterizam a cultura de um e de outro?

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Questo 5) Ainda sobre o texto de Graciliano, responda s questes seguintes:

a) Explicite o nvel intermedirio do texto mostrando o que o texto coloca em confronto.

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b) Num nvel mais profundo de leitura, o texto em questo est construdo sobre uma oposio bsica. Qual essa oposio? Justifique.

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Boa prova!

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