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Manter-se calmo sob pressão: insights da neurociência social cognitiva e suas implicações para o indivíduo e para a sociedade Dr. Kevin O c h s n er Este artigo foi publicado no N e u r o L ea d e r s h i p JOU RNAL Edição 1, 2008 A cópia anexada foi fornecido para o autor para pesquisas não comerciais e uso educacional, instrução na instituição do autor, compartilhamento com colegas e fornecimento à administração institucional. Qualquer outro uso, incluindo reprodução e distribuição, venda ou cópias autorizadas, envio a sites pessoais, institucionais ou de terceiros, é proibido. Na maioria dos casos, os autores podem postar uma versão do artigo em seus sites pessoais ou biblioteca institucional. Os autores que quiserem mais informações em relação aos arquivos do N e u r o L e a d e r s h i pJOURNAL e às políticas de gestão poderão enviar as solicitações para: s u pp o r t @n e u r o l e a d e r s h i p . o r g www . Neur oLeader s hi p.or g

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  • Manter-se calmo sob presso: insights da neurocincia social cognitiva e suas implicaes para o indivduo e para a sociedade

    Dr. Kevin Ochsner

    Este artigo foi publicado no

    NeuroLeadershipJOURNAL Edio 1, 2008

    A cpia anexada foi fornecido para o autor para pesquisas no comerciais e uso educacional, instruo na instituio do autor,

    compartilhamento com colegas e fornecimento administrao institucional.

    Qualquer outro uso, incluindo reproduo e distribuio, venda ou cpias autorizadas, envio a sites pessoais, institucionais ou

    de terceiros, proibido.

    Na maioria dos casos, os autores podem postar uma verso do artigo em seus sites pessoais ou biblioteca institucional. Os autores que

    quiserem mais informaes em relao aos arquivos do NeuroLeadershipJOURNAL e s polticas de gesto podero enviar

    as solicitaes para: [email protected]

    www.NeuroLeadership.org

  • NeuroLeadershipJOURNAL PESQUISA

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    Manter-se calmo sob presso: insights da neurocincia social cognitiva e suas implicaes para o indivduo e para a sociedade Dr. Kevin Ochsner

    Departamento de Psicologia, Universidade de Columbia, 1190 Amsterdam Ave, New York, New York 10027

    [email protected] Se voc fosse perguntar a um grupo de americanos comuns do que eles mais tm medo, o que acha que eles responderiam? Com certa segurana, falar em pblico ficaria em

    primeiro lugar, superando at mesmo o medo da

    morte. Esse fato levou o comediante Jerry Seinfeld a

    fazer uma piada, afirmando que isso deveria

    significar que em um funeral as pessoas prefeririam

    estar dentro do caixo a ter que fazer o discurso

    fnebre em frente a todos.

    claro que alm de falar em pblico e da morte, a

    vida est repleta de outras coisas que nos do medo,

    nos estressam, ou nos deixam ansiosos. Seja nosso

    deslocamento dirio, viagens areas, conflitos no

    ambiente de trabalho ou desentendimentos

    amorosos, os desafios para o nosso equilbrio

    emocional so muitos e variados. O objetivo deste

    artigo fornecer uma viso geral de como podemos

    gerenciar nossas respostas emocionais para lidar com

    esses desafios e, assim, manter nosso equilbrio.

    Para tanto, o presente artigo tem quatro partes. A

    primeira descreve brevemente o que as emoes so,

    e o que as provoca. Isso ir fornecer o pano de fundo para a

    segunda seo, que descreve cinco maneiras diferentes

    para voc regular sua emoo. Em cada seo eu vou dar

    exemplos de pesquisas neurocientficas e comportamentais

    para ilustrar como as emoes so geradas e como as

    estratgias de regulao permitem a regulao emocional.

    A terceira seo apresenta exemplos concretos de um

    subconjunto selecionado de estratgias. E a ltima seo

    considera as implicaes mais amplas da pesquisa em

    regulao emocional na sua interao cotidiana .

    A natureza da emoo A cultura popular est cheia de exemplos da viso do

    senso comum sobre emoo. Um dos meus exemplos

    favoritos vem do programa de TV da dcada de 70,

    "The Odd Couple" (Um Estranho Casal). Por um

    lado, o personagem Oscar sintetiza esse senso

    comum: Oscar impulsivo, bagunado, tem uma voz

    rouca e apaixonado. Suas necessidades o

    surpreendem e mal podem ser controladas. O que fica

    subentendido que assim que as emoes so.

    Por outro lado, a cognio sintetizada por Felix, o

    suposto contrrio de Oscar. Felix ponderado,

    preciso, racional e distante. Nessa viso, cognio e

    emoo s fazem contanto quando a cognio tenta

    limpar a baguna deixada pelas aes da emoo.

  • NeuroLeadershipJOURNAL PESQUISA

    3

    Apesar de seu apelo intuitivo, esse ponto de

    vista do senso comum sobre a emoo

    totalmente separada da cognio

    fundamentalmente errado. Cognio ou

    pensamento , na verdade, parte integrante

    tanto da gerao, quanto da regulao

    emocional.

    Para entender como isso possvel, vamos expor

    um modelo simples de gerao e regulao

    emocional que foi proposto pela primeira vez

    por James Gross da Universidade de Stanford e,

    desde ento, foi elaborado de variadas maneiras

    (Gross, 1998; Ochsner e Gross, 2007) e

    baseado nas teorias de avaliao emocional

    (Scherer, Schorr e Johnstone, 2001). O processo

    de gerao de emoes comea quando voc

    se encontra em uma situao que inclui diversos

    tipos de estmulos. Por exemplo, se voc uma

    pessoa engajada em falar em pblico, o estmulo

    pode incluir a sala de aula, os membros da

    plateia, incluindo suas possveis aes coar a

    cabea, olhar para suas anotaes, olhar para o

    teto, cair no sono, fazer expresses faciais e

    assim por diante. Na prxima etapa do processo

    de gerao de emoo voc usa a ateno

    seletiva para escolher alguns desses sinais sociais

    da plateia para focar-se. Como orador, voc

    pode, por exemplo, fixar-se em uma pessoa em

    particular, como algum que parece estar

    entediado. Na prxima etapa e a mais

    importante, voc avalia o significado da

    expresso de tdio no contexto de seus

    objetivos atuais, desejos e necessidades. Voc

    pode avaliar rapidamente se algum que

    simplesmente no dormiu quase nada na noite

    anterior ou se, de alguma maneira, pode ser um

    reflexo negativo de sua apresentao. Se voc

    avaliar a expresso como resultante de algo que

    voc est fazendo, voc pode se sentir

    ameaado e com medo, pois talvez voc precise

    alterar algo do que est fazendo. Depois de ter

    feito essa avaliao, a resposta desencadeada

    e pode incluir mudanas na experincia

    (sensao de medo), comportamento (paralizao) e

    fisiologia (palmas das mos suando).

    Dois sistemas cerebrais so fundamentais para a

    avaliao de algo como uma ameaa e a mobilizao

    de vrios aspectos de uma resposta emocional. Uma

    a amgdala, que significa amndoa em grego. A

    amgdala um pequeno aglomerado de ncleos

    enterrado nas profundezas de seu lbulo temporal.

    Em termos evolutivos, uma estrutura muito antiga, e

    sua funo detectar os estmulos do mundo que tm

    um significado afetivo inato ou aprendido, com uma

    nfase especial na identificao daqueles que so - ou

    potencialmente poderiam ser ameaadores.

    (LeDoux, 2000; Ochsner & Barrett, 2001; Phelps,

    2006).

    A segunda estrutura a nsula, regio cortical dobrada

    abaixo dos lobos frontal e temporal. A nsula tem um

    mapa viscerotpico, do que est acontecendo em

    seus rgos internos e como eles mudam quando

    voc est respondendo emocionalmente, incluindo

    informaes sobre as sensaes dolorosas (Craig,

    2002). A nsula est envolvida principalmente com

    emoes negativas que tm um forte componente

    fsico, como o nojo.

    Alm de falar em

    pblico e da morte,

    claro que a vida est

    repleta de coisas que

    nos do medo... Finalmente, importante notar que as emoes no

    apenas comeam e param, elas so continuamente

    geradas por um processo cclico e constante. As

    emoes no so produzidas apenas pelas entradas

    de estmulos, mas sim por todas as respostas que voc

    d a uma situao e pelos efeitos do seu

    comportamento sobre as coisas do mundo. Se voc

  • NeuroLeadershipJOURNAL PESQUISA

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    estivesse particularmente apavorado quando

    falasse em pblico, por exemplo, e sasse

    correndo da sala, todos os estmulos percebidos

    mudariam, assim como suas aes e seu estado

    corporal, mudando assim, todas as entradas para

    o seu sistema emocional. Cada ao que voc

    faz pode mudar o que voc est passando,

    como voc est avaliando isso, como voc est

    respondendo a isso, e assim por diante. A chave

    visualizar as respostas emocionais como

    leituras, continuamente atualizadas, do

    significado afetivo pessoal de seu ambiente

    atual.

    Cinco formas de regulao emocional Dado esse modelo de emoes, vamos falar agora

    sobre as diferentes maneiras de regul-las. A ideia

    principal que diferentes estratgias impactam

    diferentes estgios de gerar uma emoo, e que

    voc pode compreender a eficcia e o impacto

    dessas estratgias em termos do estgio do

    processo de gerao emocional que elas

    influenciam. (Gross, 1998; Ochsner & Gross, 2007).

    A primeira estratgia, seleo da situao, envolve agir

    antecipadamente a algo que voc sabe que pode ser

    emocionalmente perturbador. Aqui voc simplesmente

    se expe a situaes que proporcionam emoes que

    voc quer, e se afasta de outras situaes nas quais

    so promovidas emoes que voc no quer. Um

    exemplo simples disso se voc est em uma dieta,

    tentando evitar uma nsia e desejo por doces, voc

    pode tanto no compr-los, quanto no ir a cozinha (se

    voc j tem doces em casa). No caso do medo de falar

    em pblico, voc pode escolher no fazer um discurso,

    mas sim encontrar as pessoas uma por uma, ou

    simplesmente escrever sobre seus pensamentos. Isso,

    claro, pode no ser adaptativo para pessoas que esto

    em uma posio de liderana, o que pode te levar a

    experimentar uma das prximas quatro estratgias.

    A segunda estratgia conhecida como modificao

    da situao. A ideia que, se voc no pode afastar as

    coisas que lhe emocionam, voc pode tentar mud-las de

    modo a promover outros tipos de sentimentos que voc

    queira. No caso do medo de falar em pblico, voc pode se

    familiarizar com a sua plateia e o seu ambiente, alm de

    praticar sua fala suficientemente, a ponto de, quando chegar

    a hora, ligar o piloto-automtico. Na medida em que sua

    plateia se torne mais familiar, e suas possveis reaes e

    avaliaes mais previsveis, voc ir se preocupar menos com

    o fato deles poderem ser crticos e com a possibilidade da

    sua relao com eles depender da natureza da avaliao da

    sua fala em pblico.

    Se voc no puder mudar efetivamente a situao, voc

    pode usar a terceira estratgia, o desdobramento da

    ateno, que altera o que est em seu foco de ateno e

    concentrao. Aquilo a que voc d ateno processado

    mais profundamente e tem maior influncia no

    comportamento, e desviando a ateno de algo que

    desperte emoes, voc pode diminuir temporariamente sua

    resposta a isso. Por exemplo, se voc um orador

    nervoso, voc pode seletivamente focar na parede

    atrs da plateia ou olhar para pessoas amigas na

    plateia, que voc j sabe que esto concordando com

    o que voc est dizendo. Ao invs de mudar seu foco

    externo de ateno, voc pode mudar tambm o seu

    foco interno, distraindo-se com pensamentos sobre

    algo que lhe provoque menos ansiedade. Claro que,

    no caso de falar em pblico e em muitos outros

    contextos dependentes de desempenho (como uma

    grande reunio), voc somente faria isso durante a

    preparao, para diminuir sua ansiedade antecipatria

    sobre o que poder acontecer, e no no momento em

    que voc precisa dedicar toda a sua ateno para a

    tarefa em mos.

    A quarta estratgia aquela que supera todas as

    outras por uma razo fundamental: voc pode

    implant-la no importa a situao em que est e

    quase universalmente aplicvel. O psicanalista e

    sobrevivente do Holocausto, Victor Frankl, escreveu

    sobre a ressignificao em seu livro, O Homem em

    Busca de um Sentido. Ele descreveu a capacidade de

    mudana cognitiva como a nica coisa que voc nunca

    pode tirar de uma pessoa, independente de sua

  • NeuroLeadershipJOURNAL PESQUISA

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    circunstncia. Ou seja, a capacidade de mudar

    cognitivamente o significado do que est

    acontecendo com voc a sua liberdade

    pessoal mais essencial.

    O tipo de mudana cognitiva mais conhecida a

    ressignificao (Lazarus, 1991), que envolve

    reinterpretar o significado de um estmulo ou um

    evento de modo a mudar seu impacto

    emocional. Das muitas maneiras de

    ressignificao, trs receberam destaque. A

    primeira envolve a reformulao ou

    reinterpretao dos eventos, em termos mais ou

    menos emocionais. Aforismos antigos, como

    "veja pelo lado positivo", ou "h males que vm

    para o bem", traduzem a essncia desse tipo de

    ressignificao, usada para diminuir o impacto

    de experincias desagradveis.

    A segunda forma de ressignificao envolve a

    adoo de uma perspectiva de aceitao e

    permisso atravs da percepo de que suas

    emoes so eventos mentais fugazes,

    interpretaes do mundo que no precisam

    definir voc. No caso de falar em pblico voc

    pode perceber que normal estar ansioso ou

    com medo, e que, permitindo que essa emoo

    acontea, voc no tem uma reao secundria

    a ela - como ficar frustrado porque est ansioso

    que mantenha para sempre sua primeira

    resposta emocional. Voc pode pensar nisso

    como dobrar-se como uma cana ao vento,

    uma estratgia no sentido semelhante ao de

    certos princpios de prticas de meditao

    oriental, que enfatizam a separao do eu em

    relao resposta emocional. No significa que

    voc no v experimentar a emoo, mas que,

    mantendo a conscincia de como e por que

    voc est reagindo, poder viver a emoo

    apropriada para a situao.

    A terceira envolve distanciar-se da situao,

    literalmente, como se voc se imaginasse

    vivendo um evento no na primeira pessoa, mas

    na terceira pessoa. como se voc assistisse a

    um evento a partir da perspectiva de uma mosca

    encostada parede. Como descreverei mais tarde,

    essa estratgia particularmente eficaz quando voc

    est se lembrando de um evento emocionalmente

    problemtico do passado. Relembrar deliberadamente

    desse evento em terceira pessoa lhe fornece o espao

    psicolgico para produzir insights sobre as causas dos

    seus sentimentos. Dessa maneira, o distanciamento

    funciona bem em combinao com a ressignificao

    reinterpretativa, previamente citada, para possibilitar

    que voc veja alm do significado visceral imediato de

    um evento para promover insights positivos sobre seu

    significado.

    A quinta e ltima estratgia, conhecida como

    modulao da resposta, envolve a supresso ou o

    aumento da manifestao comportamental de uma

    emoo. Supresso envolve a tentativa de esconder

    seus sentimentos para que ningum mais saiba o que

    voc est sentindo por dentro. O velho ditado Nunca

    os deixe v-lo suar captura uma parte da essncia

    dessa estratgia. Como descrito abaixo, essa

    estratgia eficaz apenas durante curtos perodos de

    tempo, a longo prazo ela particularmente danosa. A

    outra opo de modulao da resposta tentar

    aumentar seu comportamento expressivo da emoo,

    por exemplo, sorrindo, acenando com a cabea e

    produzindo outros sinais que amplificam a expresso

    de qualquer emoo que voc esteja sentindo.

    A capacidade de implementar essas estratgias

    depende de sistemas cerebrais geralmente envolvidos

    no controle do comportamento e inclui,

    principalmente, partes de seu crtex pr-frontal

    (Ochsner e Gross, 2005, 2007, 2008). O crtex pr-

    frontal, normalmente, est envolvido em maior

    controle executivo. Acredita-se que as sub-regies em

    sua superfcie lateral so responsveis pelos processos

    especficos associados com a recuperao,

    manuteno e manipulao da informao na

    memria. J as sub-regies da parede medial so

    importantes para o raciocnio sobre seus prprios

    estados mentais ou de outra pessoa. Dependendo da

    estratgia empregada, diferentes combinaes de

  • NeuroLeadershipJOURNAL PESQUISA

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    regies sero recrutadas para dar conta de seu

    uso. Para observar como isso pode funcionar,

    nos voltamos para alguns exemplos concretos na

    prxima seo.

    Exemplos de pesquisas atuais Vamos considerar quatro exemplos de

    pesquisas que examinam os mecanismos de

    regulao emocional. O primeiro estudo

    analisou a utilizao da supresso expressiva

    como uma forma de modulao da resposta.

    Supresso expressiva envolve tentar esconder

    de algum os seus sentimentos, de modo a no

    externalizar o que voc est sentindo por

    dentro. Neste experimento em particular, James

    Gross e sua estudante de graduao Emily

    Butler , havia duas pessoas por grupo, que viam

    ao laboratrio e se sentavam juntas para assistir

    a um vdeo emocionalmente perturbador (Butler

    et al., 2003). Para ambas era dito que, depois de

    assistirem ao filme juntas, elas seriam

    convidadas a ter uma conversa sobre isso. Elas

    foram filmadas enquanto conversavam e

    tambm foram feitas medidas de fisiologia

    autonmica (por exemplo, a presso arterial) de

    cada uma delas. Depois disso, cada participante

    era convidado a responder algumas perguntas

    sobre como se sentia em relao ao seu

    parceiro, mas em uma interao controlada, e

    assim por diante. De forma criteriosa, foi dada a

    cada um dos participantes, em segredo, uma de

    duas importantes instrues. No grupo controle,

    foi dito a pessoa apenas para ter uma conversa

    natural. No grupo de supresso, o participante

    foi instrudo a esconder suas emoes de seu

    parceiro durante a conversa. Claro que, por

    conta de ter acabado de ver um vdeo

    emocionalmente perturbador, seria natural

    ambos serem emocionalmente expressivos ao

    ter uma conversa sobre isso. No entanto, os

    participantes do grupo de supresso

    mantiveram seus rostos como mscaras e suas

    vozes montonas.

    Ento, o que acontece experimentalmente e

    fisiologicamente para cada parceiro de conversa? A

    pessoa que est tentando reprimir as suas emoes

    bem-sucedida em esconder seus sentimentos eles

    dizem menos coisas emocionais, exibem menos

    expresses faciais.

    Mas seus parceiros os avaliam como sendo pouco

    sensveis a conversa, o que faz sentido, uma vez que

    os supressores no responderiam a um comentrio

    emotivo com um sentimento emocional semelhante

    ao do parceiro. Analisando criticamente, podemos

    levantar trs prejuzos do uso da supresso. Primeiro,

    supressores se sentem distrados, porque tentam fazer

    duas coisas de uma vez - ter uma conversa e esconder

    seus sentimentos ao mesmo tempo. Segundo, e mais

    importante, a presso arterial do supressor sobe mais

    em comparao aos participantes do grupo de

    controle, o que sugere que a tentativa de esconder os

    sentimentos causa uma excitao fisiolgica maior do

    que ir em frente e expressar o que voc sente. Em

    terceiro lugar, no s a presso arterial dos

    supressores sobe, o mesmo acontece com a presso

    arterial de seu parceiro. Parece que esconder seus

    sentimentos num contexto em que faria sentido estar

    sensibilizado, tambm incita seu parceiro de conversa.

    Se algum continua a suprimir ao longo do tempo,

    essa excitao pode ter um efeito cumulativo,

    causando um prejuzo de longo prazo sobre a sade

    cardiovascular.

    Agora vamos considerar um segundo exemplo, que

    compara a supresso a outra estratgia regulatria a

    ressignificao que foca um aspecto diferente da

    resposta emocional e tem diferentes consequncias na

    resposta emocional e na sade fsica. Como uma

    forma de mudana cognitiva, a ressignificao envolve

    mudar a interpretao de um indivduo sobre um

    evento emocionalmente evocativo, de modo a alterar

    a gerao da resposta emocional antes dela ter se

    iniciado. A supresso da resposta emocional como

    tentar fechar a porta de um estbulo enquanto um

    cavalo agitado est tentando sair; a ressignificao

    como tranquilizar o cavalo para que ele nunca queira

  • NeuroLeadershipJOURNAL PESQUISA

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    sair.

    Nesse segundo experimento de James Gross e

    um de seus ps-doutorados, Philippe Goldin, os

    participantes assistiam a vdeos repugnantes,

    enquanto estavam em um escner de

    ressonncia magntica funcional (Goldin, McRae,

    Ramel, & Gross, 2008). Isso lhes permitiu

    visualizar a atividade cerebral enquanto os

    participantes estavam regulando suas emoes.

    Para alguns dos clipes de vdeo eles foram

    convidados a suprimir a expresso facial de nojo

    que seria naturalmente provocada ao assistir

    cada filme. Para outros clipes eles foram

    convidados a ressignificar o filme enquanto o

    visualizam, imaginando que eles eram uma

    terceira pessoa, um observador destacado. Para

    certificar-se de que os participantes no estavam

    movendo seus rostos ao serem convidados a

    suprimir, Goldin e Gross observaram as faces de

    cada um dos participantes atravs de uma

    pequena cmera colocada dentro do escner.

    Suprimir a resposta emocional como tentar fechar a porta de um estbulo enquanto um cavalo agitado tenta escapar

    Ento, o que acontece quando as pessoas

    tentam suprimir ou ressignificar suas reaes de

    nojo? Ainda que em ambos casos os

    participantes mostrem menos expresses faciais

    de nojo, eles o esto fazendo, provavelmente,

    por razes diferentes. Quando suprimem, os

    participantes relatam continuar a sentir nojo,

    enquanto que, quando ressignificam, eles

    sentem muito menos nojo. No primeiro caso, a

    supresso meramente tentar evitar que uma emoo

    seja expressada, no desviar o impulso que a gera.

    Nesse ltimo caso, a ressignificao consegue

    descarrilhar a resposta emocional, diminuindo o

    impacto aversivo a um filme.

    Agora, o que est acontecendo no crebro? Como

    poderia ser esperado, ambas estratgias dependem dos

    tipos de sistema de controle pr-frontal descritos

    anteriormente. Na supresso, os participantes esto

    usando esses sistemas de controle para inibir movimentos

    motores, e na ressignificao, eles esto usando esses

    mesmos sistemas para gerarem e aplicarem uma

    perspectiva cognitiva neutralizante. O que diferencia as

    duas estratgias a resposta dos sistemas cerebrais como

    a amgdala e a insula que esto envolvidas na gerao da

    resposta emocional. Surpreendentemente, a supresso

    aumenta a atividade nesses dois sistemas cerebrais,

    enquanto a ressignificao reduz suas atividades. Isso

    intrigante porque a amgdala, como mencionado acima,

    serve como um alarme que avisa caso algo afetivamente

    estimulante seja detectado. Nesse estudo, e em muitos

    outros como ele, foi observado que a atividade da

    amgdala diminui durante a ressignificao, sugerindo que

    a ressignificao bem-sucedida em mudar o que a

    amgdala "v" - ou seja, ela no detecta um evento

    estimulante e aversivo.

    Quando voc est suprimindo, no entanto, a atividade da

    amgdala e da nsula aumentam como se elas estivessem

    tentando amplificar a excitao afetiva, j que voc no

    conseguiu responder adequadamente ao estmulo ao

    expressar averso diante dele. Embora esse estudo no

    tenha demonstrado isso diretamente, provvel que o

    aumento da atividade da amgdala e da nsula durante a

    supresso seja o culpado pelo aumento da excitao

    fisiolgica e do impacto negativo sobre a sade fsica do

    indivduo.

    Como terceiro exemplo, vamos considerar um caso no

    qual a ressignificao no necessariamente faz voc se

    sentir melhor. De fato, os processos de mudana cognitiva

    envolvidos na ressignificao so frequentemente usados

    para realar ou ampliar as respostas emocionais. Imagine,

  • NeuroLeadershipJOURNAL PESQUISA

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    por exemplo, que voc visita no hospital um amigo

    que esteve em um acidente de carro. Seu impulso

    emocional natural sentir-se triste pela situao

    dele e com medo de que a sade dele no melhore.

    Para no se sentir triste ou com medo, voc pode

    ressignificar com o objetivo de reduzir a sua emoo

    negativa. Assim, voc pode dizer para si mesmo:

    "Bem, meu amigo est provavelmente mais cansado

    do que com dor, ele tem uma constituio forte e

    ele seguramente ficar bem." Ao olhar para o lado

    bom, voc se sente menos triste e com menos

    medo.

    s vezes ns elaboramos eventos negativos de uma maneira que amplia nossos sentimentos sobre eles, acrescentando um insulto cognitivo ao dano percebido

    Contudo, esta no o que ns sempre fazemos.

    s vezes, ns elaboramos eventos negativos de

    uma maneira que amplia nossos sentimentos sobre

    eles, acrescentando um insulto cognitivo ao dano

    percebido. Nesse caso, voc poderia dizer para si

    mesmo Meu amigo realmente est sofrendo

    muito, pode no sobreviver, ou pode ficar com

    uma deficincia grave - ou pode ser ainda pior!"

    Aqui voc est transformando uma colina

    emocional em uma montanha emocional.

    Ns estudamos a capacidade de estudantes

    universitrios usarem a ressignificao de ambas

    maneiras e, enquanto eles estavam usando a

    ressignificao, tanto para ampliar quanto para reduzir sua

    emoo negativa, encontrou-se uma forte atividade em

    regies de controle pr-frontal (Ochsner et al., 2004). Isso

    sugere que h um mecanismo neural comum que usamos

    para gerar e para manter avaliaes e estruturas

    cognitivas sobre situaes, e que essas

    estruturas/avaliaes determinam profundamente a nossa

    resposta emocional. Isso pode ser visto tanto nos auto-

    relatos dos participantes sobre quo mal eles se sentiram,

    o que envolveu uma ampliao ou uma reduo de acordo

    com a meta da ressignificao, quanto nas mudanas da

    atividade da amgdala, que tambm se ampliava ou

    reduzia de acordo com a meta da ressignificao.

    Essa mesma dinmica bsica pr-frontal-amgdala, que ns

    e outros pesquisadores descobrimos, mantm-se em uma

    variedade de contextos de ressignificao (para revises

    ver (Ochsner & Gross, 2005, 2007, 2008)). Dentre esses

    contextos, o que mais nos interessa no momento

    quando voc percebe um evento aparentemente neutro,

    mas imagina o pior sobre ele. Para estudar essa

    tendncia a gerar cognitivamente emoes negativas,

    ns pedimos a alguns participantes da pesquisa para nos

    contarem histrias negativas a partir de imagens que, em

    mdia, a maioria das pessoas diria serem neutras

    (Ochsner et al., Em reviso). Aqui, novamente, vemos a

    dinmica bsica pr-frontal-amgdala: as regies pr-

    frontais envolvidas no controle da ativao da

    ressignificao levaram as pessoas a sentirem um

    desprazer e, ao mesmo tempo, encontramos atividade

    na amgdala onde, de outra forma, no haveria.

    Para o quarto e ltimo exemplo, iremos examinar o que

    acontece quando voc est tentando ressignificar suas

    prprias experincias de vida. A habilidade de ressignificar

    eventos da vida extremamente importante para o nosso

    bem-estar mental e fsico a longo-prazo. Ethan Kross e

    Ozlem Ayduk estudaram essa habilidade pedindo aos

    participantes para recordarem uma srie de lembranas

    pessoais desagradveis, por exemplo, as vezes que tinham

    sido abalados com a perda de um ente querido, ficado

    chateados com uma separao, e assim por diante (Kross

    & Ayduk, 2008). Para algumas das memrias, os

  • NeuroLeadershipJOURNAL PESQUISA

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    participantes foram instrudos a reviv-las a partir da

    perspectiva da primeira pessoa, como se estivessem

    revivendo o evento visto atravs de seus prprios

    olhos. Ao utilizar essa estratgia de imerso, as

    respostas emocionais foram particularmente fortes.

    Para outras memrias, os participantes foram

    convidados a recordar a memria do ponto de vista

    de um observador (terceira pessoa), observando-se,

    no caso, como se fossem uma cmera de vdeo.

    Essa estratgia de distanciamento diminuiu os

    afetos negativos significativamente. Na ltima parte,

    os participantes foram instrudos a relembrar suas

    memrias desagradveis e, em seguida, distrair-se

    com pensamentos alheios. Essa estratgia de

    distrao tambm diminuiu os afetos negativos

    significativamente. Esses dados sugerem que

    ambos, afastamento ou distrao, podem ser

    eficazes para reduzir a emoo desprazerosa a curto

    prazo. Mas, as coisas parecem um pouco diferentes

    uma semana depois. Quando os sentimentos sobre

    o evento so reexaminados aps uma semana, os

    sentimentos negativos mantm-se mais baixos

    apenas para as memrias que foram recolhidas em

    condio de distanciamento. De fato, a distrao

    no gerou nenhum benefcio a longo prazo.

    Quando essas memrias foram relembradas

    novamente, elas provocaram sentimentos negativos

    to fortes, como se os participantes nunca tivessem

    tentado regular a sua resposta.

    Em um trabalho recente que tenho realizado com

    Ethan Kross (Kross, Davidson, Weber, e Ochsner, na

    imprensa), descobrimos que esse mtodo de

    distanciar-se de lembranas desagradveis depende

    dos mesmos tipos de sistemas pr-frontais descritos

    anteriormente, mas difere bastante dos estudos

    discutidos anteriormente por uma razo: recordando

    uma memria desprazerosa e de muita importncia

    para sua prpria vida, no a amgdala que

    ativada, mas sim uma parte do crebro conhecida

    como crtex cingulado anterior subgenual, ou

    sgACC. Essa uma regio cortical que se encontra

    logo abaixo (da o 'sub') do geno (parte da frente)

    do corpo caloso (feixe de fibras que liga os dois

    hemisfrios de seu crebro). O sgACC conhecido por

    ser disfuncional na depresso, embora o seu papel

    funcional especfico no comportamento humano

    permanea um pouco impreciso. O trabalho

    comportamental e de imagem que temos feito sobre as

    respostas reguladas das experincias pessoais mostrou

    que a atividade nessa regio segue a fora da emoo

    negativa durante a recordao. Isso em combinao com

    a investigao clnica sugere que as estratgias cognitivas

    so um dos tratamentos mais eficazes para a depresso.

    Esses dados destacam o poder de ressignificao

    cognitiva para amortecer-nos contra a emoo negativa a

    curto prazo, para que no se desenvolvam transtornos

    emocionais de longo prazo, tais como a depresso.

    Implicaes

    Vamos finalizar dando um passo atrs e considerando trs

    grandes e importantes implicaes das pesquisas descritas

    neste artigo.

    A primeira o poder que vem por perceber que nossas

    emoes so definidas pela forma que avaliamos o

    significado das situaes. O fato de que as respostas

    emocionais so fundamentalmente interpretaes, nos

    permite assumir o controle desse processo interpretativo

    para ressignificar o significado de eventos emocionais e,

    assim, assumir o controle de nossas vidas emocionais.

    Esse fato ressalta a distino entre a sua reao a uma

    situao e o que a situao realmente . Ou dito de outra

    forma, se as aes de algum lhe deixam irritado, no

    significa necessariamente que as aes dessa pessoa

    sempre provocariam raiva em voc ou em qualquer outra

    pessoa voc interpretou-as, naquele momento, de tal

    maneira que ficou com raiva, e voc ou outros podem no

    interpret-las dessa forma novamente. Alm disso, as

    reaes emocionais para o mesmo evento ostensivo

    podem variar ao longo do tempo e entre os indivduos em

    funo de nossas metas, desejos e necessidades.

    Ao extremo, uma incapacidade de separar uma

    interpretao de uma situao da prpria situao uma

    caracterstica de certas formas de psicopatologia, como o

    transtorno de personalidade borderline, em que a pessoa

    tem uma tendncia a pensar nas pessoas e eventos em

  • NeuroLeadershipJOURNAL PESQUISA

    10

    todo o mundo apenas em termos de seu impacto

    emocional sobre eles.

    A segunda implicao decorre da primeira. Se a

    maneira que voc avalia o significado de algo

    determina como voc responde a isto, e se a

    avaliao no constante e pode variar entre os

    indivduos, ento devemos estar cientes dos fatores

    que determinam essas avaliaes. Como um

    exemplo disso, considere o famoso desafio Pepsi da

    dcada de 1970, que pediu aos consumidores para

    provar amostras de Coca-Cola e Pepsi. Quando as

    amostras foram dadas em recipientes sem

    identificao houve preferncia pela Pepsi, em parte

    porque ela mais doce. Quando as amostras foram

    dadas em recipientes marcados, a Coca-Cola teve

    preferncia, em parte, porque o selo de uma

    grande marca. Esse um exemplo clssico de como

    um marketing eficaz pode controlar suas avaliaes.

    As avaliaes que so controladas pelo marketing

    podem ser muito mais impactantes do que aquelas

    que determinam nossa preferncia por um

    refrigerante em lata. O efeito placebo na medicina,

    por exemplo, responsvel por uma grande

    porcentagem da eficcia de qualquer droga

    possivelmente devido sua crena de que ela deve

    ajudar a mudar alguma coisa: sua dor de cabea,

    sua coceira, ou seja l o que for. A pesquisa de

    imagem realizada por Tor Wager mostrou que as

    regies do crebro envolvidas na manuteno da

    crena de que um placebo eficaz so muito

    parecidas com aquelas usadas pelas pessoas no

    processo de ressignificao. Em ambos os casos, a

    atividade em regies do crtex pr-frontal

    determinam a sua resposta emocional ou o efeito

    placebo. A diferena que no caso da

    ressignificao, as crenas vm de dentro, enquanto

    que, no caso do placebo, as crenas vm de fora.

    Isso sugere que voc precisa estar consciente de

    quem controla a natureza de suas avaliaes por

    exemplo, no dar um amplo poder sobre elas a

    comerciantes, polticos, ou outros que possam

    querer controlar suas respostas emocionais. Os

    polticos chamam o controle sobre sua avaliao de

    spin, e eles so mestres nisso. A falecida Susan Sontag

    escreveu um livro sobre isso, intitulado Diante da dor dos

    outros, no qual ela relata as formas como os polticos tm

    usado o spin durante o tempo de guerra para controlar

    a reao do pblico diante dos horrores dela. Sua

    mensagem, como a minha, simples: assuma o controle

    de suas avaliaes, ao invs de deix-las serem

    controladas para voc.

    Finalmente, importante reconhecer que com o

    conhecimento sobre a possibilidade de ter controle sobre

    a prpria vida emocional vem a responsabilidade de usar

    esse poder com sabedoria. A consequncia de falhar na

    ressignificao ou na implementao de uma forma eficaz

    de qualquer uma das outras estratgias regulatrias

    descritas nesse artigo so tanto pessoal quanto social. A

    nvel pessoal, voc vai experimentar um estresse maior, e

    seu bem-estar fsico e mental se abater. Repetidos

    fracassos agravam o problema e podem levar a problemas

    de sade psicolgica e fsica de longo prazo, que vo

    desde ansiedade e depresso at diabetes e doenas

    cardiovasculares. No nvel da sociedade, os custos para

    manter aqueles que no conseguiram se autorregular

    efetivamente so certamente financeiros, mas so

    experienciais tambm. Como o experimento sobre as

    consequncias sociais da supresso sugere, quando

    deixamos de usar a estratgia de regulao emocional

    mais adaptvel, o fracasso sentido pelos outros. O

    prejuzo da raiva sem controle, do estresse e do medo no

    bem-estar humano no pode ser medido somente em

    dlares.

    Esse prejuzo talvez seja maior para os mais jovens entre

    ns. Por um lado, as crianas que so vtimas de

    ambientes com menos recursos ou de abuso fsico e

    emocional podem sofrer problemas de autorregulao ao

    longo de sua vida. Por outro lado, a sociedade no

    consegue fazer o suficiente para preparar as crianas para

    os obstculos de regulao emocional que enfrentam.

    Existem poucos programas a nvel nacional para ajudar a

    promover as capacidades de autorregulao e conscincia

    emocional. E ainda, a presena dessas capacidades em

    crianas pode ser mostrada para prever importantes

  • NeuroLeadershipJOURNAL PESQUISA

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    impactos na vida adulta. Isso est sendo mostrado

    de forma convincente na obra de Walter Mischel,

    que realizou estudos de autorregulao na creche

    Bing na Universidade de Stanford em 1960.

    Mischel apresentou s crianas um simples dilema

    de atraso de recompensa. Cada criana sentou-se

    em uma mesa sobre a qual foi colocada uma

    bandeja de isopor. Nessa bandeja foram colocados

    uma variedade de biscoitos, marshmallows ou

    outras guloseimas tentadoras. O experimentador,

    que estava sentado do outro lado da mesa,

    informou criana que em poucos minutos eles

    iriam jogar um jogo. Mas antes que isso

    acontecesse, o experimentador precisaria sair da

    sala por alguns minutos. Enquanto ele estivesse

    fora, a criana no deveria comer qualquer uma das

    guloseimas. Se ela conseguisse se controlar e no

    ceder at que o experimentador retornasse,

    receberia duas guloseimas. Mas, se a criana no

    conseguisse esperar, ela poderia comer uma

    guloseima, desde que tocasse uma campainha (que

    tambm estava sobre mesa) para alertar o

    experimentador na sala ao lado que uma guloseima

    havia sido comida. Mischel e seus colegas

    simplesmente mediram a quantidade de tempo que

    uma criana podia esperar antes de ceder

    tentao. Eles, ento, continuaram a acompanhar

    essas crianas pelos prximos 40 anos, medindo

    vrias medidas de sucesso da vida, incluindo a

    educao, renda, abuso de substncias (ou o no

    uso delas), a qualidade das relaes pessoais, e

    assim por diante.

    Mesmo depois de considerar as diferenas de

    idade, escolaridade e situao econmica das

    crianas e de seus pais, a quantidade de tempo que

    uma criana podia esperar antes de comer o doce

    estava fortemente correlacionada com essas

    medidas de realizao na vida adulta. O que isso

    sugere que a capacidade de autorregulao de

    uma criana, que provavelmente uma combinao

    de qualquer temperamento e aprendizagem social a

    partir de seu ambiente, provavelmente determina a

    capacidade de lidar com os estressores da vida, de

    enfrentar os obstculos substanciais da vida e, finalmente,

    a chance de ser bem-sucedido, no importando o que a

    vida coloque em seu caminho. Imaginem quantas crianas

    poderiam adiar a recompensa por perodos mais longos, e

    consequentemente experienciar maior sucesso na vida, se

    houvesse programas efetivos para trein-los desde cedo a

    compreender a natureza de suas respostas emocionais e

    regul-las de forma eficaz. Agora imagine as

    consequncias de no ter esses programas. Claramente, a

    responsabilidade recai sobre todos ns, no s para

    regular as nossas prprias emoes, mas para ajudar os

    outros - e os nossos filhos - a regular as deles.

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