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Manter-se calmo sob presso: insights da neurocincia social cognitiva e suas implicaes para o indivduo e para a sociedade
Dr. Kevin Ochsner
Este artigo foi publicado no
NeuroLeadershipJOURNAL Edio 1, 2008
A cpia anexada foi fornecido para o autor para pesquisas no comerciais e uso educacional, instruo na instituio do autor,
compartilhamento com colegas e fornecimento administrao institucional.
Qualquer outro uso, incluindo reproduo e distribuio, venda ou cpias autorizadas, envio a sites pessoais, institucionais ou
de terceiros, proibido.
Na maioria dos casos, os autores podem postar uma verso do artigo em seus sites pessoais ou biblioteca institucional. Os autores que
quiserem mais informaes em relao aos arquivos do NeuroLeadershipJOURNAL e s polticas de gesto podero enviar
as solicitaes para: [email protected]
www.NeuroLeadership.org
NeuroLeadershipJOURNAL PESQUISA
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Manter-se calmo sob presso: insights da neurocincia social cognitiva e suas implicaes para o indivduo e para a sociedade Dr. Kevin Ochsner
Departamento de Psicologia, Universidade de Columbia, 1190 Amsterdam Ave, New York, New York 10027
[email protected] Se voc fosse perguntar a um grupo de americanos comuns do que eles mais tm medo, o que acha que eles responderiam? Com certa segurana, falar em pblico ficaria em
primeiro lugar, superando at mesmo o medo da
morte. Esse fato levou o comediante Jerry Seinfeld a
fazer uma piada, afirmando que isso deveria
significar que em um funeral as pessoas prefeririam
estar dentro do caixo a ter que fazer o discurso
fnebre em frente a todos.
claro que alm de falar em pblico e da morte, a
vida est repleta de outras coisas que nos do medo,
nos estressam, ou nos deixam ansiosos. Seja nosso
deslocamento dirio, viagens areas, conflitos no
ambiente de trabalho ou desentendimentos
amorosos, os desafios para o nosso equilbrio
emocional so muitos e variados. O objetivo deste
artigo fornecer uma viso geral de como podemos
gerenciar nossas respostas emocionais para lidar com
esses desafios e, assim, manter nosso equilbrio.
Para tanto, o presente artigo tem quatro partes. A
primeira descreve brevemente o que as emoes so,
e o que as provoca. Isso ir fornecer o pano de fundo para a
segunda seo, que descreve cinco maneiras diferentes
para voc regular sua emoo. Em cada seo eu vou dar
exemplos de pesquisas neurocientficas e comportamentais
para ilustrar como as emoes so geradas e como as
estratgias de regulao permitem a regulao emocional.
A terceira seo apresenta exemplos concretos de um
subconjunto selecionado de estratgias. E a ltima seo
considera as implicaes mais amplas da pesquisa em
regulao emocional na sua interao cotidiana .
A natureza da emoo A cultura popular est cheia de exemplos da viso do
senso comum sobre emoo. Um dos meus exemplos
favoritos vem do programa de TV da dcada de 70,
"The Odd Couple" (Um Estranho Casal). Por um
lado, o personagem Oscar sintetiza esse senso
comum: Oscar impulsivo, bagunado, tem uma voz
rouca e apaixonado. Suas necessidades o
surpreendem e mal podem ser controladas. O que fica
subentendido que assim que as emoes so.
Por outro lado, a cognio sintetizada por Felix, o
suposto contrrio de Oscar. Felix ponderado,
preciso, racional e distante. Nessa viso, cognio e
emoo s fazem contanto quando a cognio tenta
limpar a baguna deixada pelas aes da emoo.
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Apesar de seu apelo intuitivo, esse ponto de
vista do senso comum sobre a emoo
totalmente separada da cognio
fundamentalmente errado. Cognio ou
pensamento , na verdade, parte integrante
tanto da gerao, quanto da regulao
emocional.
Para entender como isso possvel, vamos expor
um modelo simples de gerao e regulao
emocional que foi proposto pela primeira vez
por James Gross da Universidade de Stanford e,
desde ento, foi elaborado de variadas maneiras
(Gross, 1998; Ochsner e Gross, 2007) e
baseado nas teorias de avaliao emocional
(Scherer, Schorr e Johnstone, 2001). O processo
de gerao de emoes comea quando voc
se encontra em uma situao que inclui diversos
tipos de estmulos. Por exemplo, se voc uma
pessoa engajada em falar em pblico, o estmulo
pode incluir a sala de aula, os membros da
plateia, incluindo suas possveis aes coar a
cabea, olhar para suas anotaes, olhar para o
teto, cair no sono, fazer expresses faciais e
assim por diante. Na prxima etapa do processo
de gerao de emoo voc usa a ateno
seletiva para escolher alguns desses sinais sociais
da plateia para focar-se. Como orador, voc
pode, por exemplo, fixar-se em uma pessoa em
particular, como algum que parece estar
entediado. Na prxima etapa e a mais
importante, voc avalia o significado da
expresso de tdio no contexto de seus
objetivos atuais, desejos e necessidades. Voc
pode avaliar rapidamente se algum que
simplesmente no dormiu quase nada na noite
anterior ou se, de alguma maneira, pode ser um
reflexo negativo de sua apresentao. Se voc
avaliar a expresso como resultante de algo que
voc est fazendo, voc pode se sentir
ameaado e com medo, pois talvez voc precise
alterar algo do que est fazendo. Depois de ter
feito essa avaliao, a resposta desencadeada
e pode incluir mudanas na experincia
(sensao de medo), comportamento (paralizao) e
fisiologia (palmas das mos suando).
Dois sistemas cerebrais so fundamentais para a
avaliao de algo como uma ameaa e a mobilizao
de vrios aspectos de uma resposta emocional. Uma
a amgdala, que significa amndoa em grego. A
amgdala um pequeno aglomerado de ncleos
enterrado nas profundezas de seu lbulo temporal.
Em termos evolutivos, uma estrutura muito antiga, e
sua funo detectar os estmulos do mundo que tm
um significado afetivo inato ou aprendido, com uma
nfase especial na identificao daqueles que so - ou
potencialmente poderiam ser ameaadores.
(LeDoux, 2000; Ochsner & Barrett, 2001; Phelps,
2006).
A segunda estrutura a nsula, regio cortical dobrada
abaixo dos lobos frontal e temporal. A nsula tem um
mapa viscerotpico, do que est acontecendo em
seus rgos internos e como eles mudam quando
voc est respondendo emocionalmente, incluindo
informaes sobre as sensaes dolorosas (Craig,
2002). A nsula est envolvida principalmente com
emoes negativas que tm um forte componente
fsico, como o nojo.
Alm de falar em
pblico e da morte,
claro que a vida est
repleta de coisas que
nos do medo... Finalmente, importante notar que as emoes no
apenas comeam e param, elas so continuamente
geradas por um processo cclico e constante. As
emoes no so produzidas apenas pelas entradas
de estmulos, mas sim por todas as respostas que voc
d a uma situao e pelos efeitos do seu
comportamento sobre as coisas do mundo. Se voc
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estivesse particularmente apavorado quando
falasse em pblico, por exemplo, e sasse
correndo da sala, todos os estmulos percebidos
mudariam, assim como suas aes e seu estado
corporal, mudando assim, todas as entradas para
o seu sistema emocional. Cada ao que voc
faz pode mudar o que voc est passando,
como voc est avaliando isso, como voc est
respondendo a isso, e assim por diante. A chave
visualizar as respostas emocionais como
leituras, continuamente atualizadas, do
significado afetivo pessoal de seu ambiente
atual.
Cinco formas de regulao emocional Dado esse modelo de emoes, vamos falar agora
sobre as diferentes maneiras de regul-las. A ideia
principal que diferentes estratgias impactam
diferentes estgios de gerar uma emoo, e que
voc pode compreender a eficcia e o impacto
dessas estratgias em termos do estgio do
processo de gerao emocional que elas
influenciam. (Gross, 1998; Ochsner & Gross, 2007).
A primeira estratgia, seleo da situao, envolve agir
antecipadamente a algo que voc sabe que pode ser
emocionalmente perturbador. Aqui voc simplesmente
se expe a situaes que proporcionam emoes que
voc quer, e se afasta de outras situaes nas quais
so promovidas emoes que voc no quer. Um
exemplo simples disso se voc est em uma dieta,
tentando evitar uma nsia e desejo por doces, voc
pode tanto no compr-los, quanto no ir a cozinha (se
voc j tem doces em casa). No caso do medo de falar
em pblico, voc pode escolher no fazer um discurso,
mas sim encontrar as pessoas uma por uma, ou
simplesmente escrever sobre seus pensamentos. Isso,
claro, pode no ser adaptativo para pessoas que esto
em uma posio de liderana, o que pode te levar a
experimentar uma das prximas quatro estratgias.
A segunda estratgia conhecida como modificao
da situao. A ideia que, se voc no pode afastar as
coisas que lhe emocionam, voc pode tentar mud-las de
modo a promover outros tipos de sentimentos que voc
queira. No caso do medo de falar em pblico, voc pode se
familiarizar com a sua plateia e o seu ambiente, alm de
praticar sua fala suficientemente, a ponto de, quando chegar
a hora, ligar o piloto-automtico. Na medida em que sua
plateia se torne mais familiar, e suas possveis reaes e
avaliaes mais previsveis, voc ir se preocupar menos com
o fato deles poderem ser crticos e com a possibilidade da
sua relao com eles depender da natureza da avaliao da
sua fala em pblico.
Se voc no puder mudar efetivamente a situao, voc
pode usar a terceira estratgia, o desdobramento da
ateno, que altera o que est em seu foco de ateno e
concentrao. Aquilo a que voc d ateno processado
mais profundamente e tem maior influncia no
comportamento, e desviando a ateno de algo que
desperte emoes, voc pode diminuir temporariamente sua
resposta a isso. Por exemplo, se voc um orador
nervoso, voc pode seletivamente focar na parede
atrs da plateia ou olhar para pessoas amigas na
plateia, que voc j sabe que esto concordando com
o que voc est dizendo. Ao invs de mudar seu foco
externo de ateno, voc pode mudar tambm o seu
foco interno, distraindo-se com pensamentos sobre
algo que lhe provoque menos ansiedade. Claro que,
no caso de falar em pblico e em muitos outros
contextos dependentes de desempenho (como uma
grande reunio), voc somente faria isso durante a
preparao, para diminuir sua ansiedade antecipatria
sobre o que poder acontecer, e no no momento em
que voc precisa dedicar toda a sua ateno para a
tarefa em mos.
A quarta estratgia aquela que supera todas as
outras por uma razo fundamental: voc pode
implant-la no importa a situao em que est e
quase universalmente aplicvel. O psicanalista e
sobrevivente do Holocausto, Victor Frankl, escreveu
sobre a ressignificao em seu livro, O Homem em
Busca de um Sentido. Ele descreveu a capacidade de
mudana cognitiva como a nica coisa que voc nunca
pode tirar de uma pessoa, independente de sua
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circunstncia. Ou seja, a capacidade de mudar
cognitivamente o significado do que est
acontecendo com voc a sua liberdade
pessoal mais essencial.
O tipo de mudana cognitiva mais conhecida a
ressignificao (Lazarus, 1991), que envolve
reinterpretar o significado de um estmulo ou um
evento de modo a mudar seu impacto
emocional. Das muitas maneiras de
ressignificao, trs receberam destaque. A
primeira envolve a reformulao ou
reinterpretao dos eventos, em termos mais ou
menos emocionais. Aforismos antigos, como
"veja pelo lado positivo", ou "h males que vm
para o bem", traduzem a essncia desse tipo de
ressignificao, usada para diminuir o impacto
de experincias desagradveis.
A segunda forma de ressignificao envolve a
adoo de uma perspectiva de aceitao e
permisso atravs da percepo de que suas
emoes so eventos mentais fugazes,
interpretaes do mundo que no precisam
definir voc. No caso de falar em pblico voc
pode perceber que normal estar ansioso ou
com medo, e que, permitindo que essa emoo
acontea, voc no tem uma reao secundria
a ela - como ficar frustrado porque est ansioso
que mantenha para sempre sua primeira
resposta emocional. Voc pode pensar nisso
como dobrar-se como uma cana ao vento,
uma estratgia no sentido semelhante ao de
certos princpios de prticas de meditao
oriental, que enfatizam a separao do eu em
relao resposta emocional. No significa que
voc no v experimentar a emoo, mas que,
mantendo a conscincia de como e por que
voc est reagindo, poder viver a emoo
apropriada para a situao.
A terceira envolve distanciar-se da situao,
literalmente, como se voc se imaginasse
vivendo um evento no na primeira pessoa, mas
na terceira pessoa. como se voc assistisse a
um evento a partir da perspectiva de uma mosca
encostada parede. Como descreverei mais tarde,
essa estratgia particularmente eficaz quando voc
est se lembrando de um evento emocionalmente
problemtico do passado. Relembrar deliberadamente
desse evento em terceira pessoa lhe fornece o espao
psicolgico para produzir insights sobre as causas dos
seus sentimentos. Dessa maneira, o distanciamento
funciona bem em combinao com a ressignificao
reinterpretativa, previamente citada, para possibilitar
que voc veja alm do significado visceral imediato de
um evento para promover insights positivos sobre seu
significado.
A quinta e ltima estratgia, conhecida como
modulao da resposta, envolve a supresso ou o
aumento da manifestao comportamental de uma
emoo. Supresso envolve a tentativa de esconder
seus sentimentos para que ningum mais saiba o que
voc est sentindo por dentro. O velho ditado Nunca
os deixe v-lo suar captura uma parte da essncia
dessa estratgia. Como descrito abaixo, essa
estratgia eficaz apenas durante curtos perodos de
tempo, a longo prazo ela particularmente danosa. A
outra opo de modulao da resposta tentar
aumentar seu comportamento expressivo da emoo,
por exemplo, sorrindo, acenando com a cabea e
produzindo outros sinais que amplificam a expresso
de qualquer emoo que voc esteja sentindo.
A capacidade de implementar essas estratgias
depende de sistemas cerebrais geralmente envolvidos
no controle do comportamento e inclui,
principalmente, partes de seu crtex pr-frontal
(Ochsner e Gross, 2005, 2007, 2008). O crtex pr-
frontal, normalmente, est envolvido em maior
controle executivo. Acredita-se que as sub-regies em
sua superfcie lateral so responsveis pelos processos
especficos associados com a recuperao,
manuteno e manipulao da informao na
memria. J as sub-regies da parede medial so
importantes para o raciocnio sobre seus prprios
estados mentais ou de outra pessoa. Dependendo da
estratgia empregada, diferentes combinaes de
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regies sero recrutadas para dar conta de seu
uso. Para observar como isso pode funcionar,
nos voltamos para alguns exemplos concretos na
prxima seo.
Exemplos de pesquisas atuais Vamos considerar quatro exemplos de
pesquisas que examinam os mecanismos de
regulao emocional. O primeiro estudo
analisou a utilizao da supresso expressiva
como uma forma de modulao da resposta.
Supresso expressiva envolve tentar esconder
de algum os seus sentimentos, de modo a no
externalizar o que voc est sentindo por
dentro. Neste experimento em particular, James
Gross e sua estudante de graduao Emily
Butler , havia duas pessoas por grupo, que viam
ao laboratrio e se sentavam juntas para assistir
a um vdeo emocionalmente perturbador (Butler
et al., 2003). Para ambas era dito que, depois de
assistirem ao filme juntas, elas seriam
convidadas a ter uma conversa sobre isso. Elas
foram filmadas enquanto conversavam e
tambm foram feitas medidas de fisiologia
autonmica (por exemplo, a presso arterial) de
cada uma delas. Depois disso, cada participante
era convidado a responder algumas perguntas
sobre como se sentia em relao ao seu
parceiro, mas em uma interao controlada, e
assim por diante. De forma criteriosa, foi dada a
cada um dos participantes, em segredo, uma de
duas importantes instrues. No grupo controle,
foi dito a pessoa apenas para ter uma conversa
natural. No grupo de supresso, o participante
foi instrudo a esconder suas emoes de seu
parceiro durante a conversa. Claro que, por
conta de ter acabado de ver um vdeo
emocionalmente perturbador, seria natural
ambos serem emocionalmente expressivos ao
ter uma conversa sobre isso. No entanto, os
participantes do grupo de supresso
mantiveram seus rostos como mscaras e suas
vozes montonas.
Ento, o que acontece experimentalmente e
fisiologicamente para cada parceiro de conversa? A
pessoa que est tentando reprimir as suas emoes
bem-sucedida em esconder seus sentimentos eles
dizem menos coisas emocionais, exibem menos
expresses faciais.
Mas seus parceiros os avaliam como sendo pouco
sensveis a conversa, o que faz sentido, uma vez que
os supressores no responderiam a um comentrio
emotivo com um sentimento emocional semelhante
ao do parceiro. Analisando criticamente, podemos
levantar trs prejuzos do uso da supresso. Primeiro,
supressores se sentem distrados, porque tentam fazer
duas coisas de uma vez - ter uma conversa e esconder
seus sentimentos ao mesmo tempo. Segundo, e mais
importante, a presso arterial do supressor sobe mais
em comparao aos participantes do grupo de
controle, o que sugere que a tentativa de esconder os
sentimentos causa uma excitao fisiolgica maior do
que ir em frente e expressar o que voc sente. Em
terceiro lugar, no s a presso arterial dos
supressores sobe, o mesmo acontece com a presso
arterial de seu parceiro. Parece que esconder seus
sentimentos num contexto em que faria sentido estar
sensibilizado, tambm incita seu parceiro de conversa.
Se algum continua a suprimir ao longo do tempo,
essa excitao pode ter um efeito cumulativo,
causando um prejuzo de longo prazo sobre a sade
cardiovascular.
Agora vamos considerar um segundo exemplo, que
compara a supresso a outra estratgia regulatria a
ressignificao que foca um aspecto diferente da
resposta emocional e tem diferentes consequncias na
resposta emocional e na sade fsica. Como uma
forma de mudana cognitiva, a ressignificao envolve
mudar a interpretao de um indivduo sobre um
evento emocionalmente evocativo, de modo a alterar
a gerao da resposta emocional antes dela ter se
iniciado. A supresso da resposta emocional como
tentar fechar a porta de um estbulo enquanto um
cavalo agitado est tentando sair; a ressignificao
como tranquilizar o cavalo para que ele nunca queira
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sair.
Nesse segundo experimento de James Gross e
um de seus ps-doutorados, Philippe Goldin, os
participantes assistiam a vdeos repugnantes,
enquanto estavam em um escner de
ressonncia magntica funcional (Goldin, McRae,
Ramel, & Gross, 2008). Isso lhes permitiu
visualizar a atividade cerebral enquanto os
participantes estavam regulando suas emoes.
Para alguns dos clipes de vdeo eles foram
convidados a suprimir a expresso facial de nojo
que seria naturalmente provocada ao assistir
cada filme. Para outros clipes eles foram
convidados a ressignificar o filme enquanto o
visualizam, imaginando que eles eram uma
terceira pessoa, um observador destacado. Para
certificar-se de que os participantes no estavam
movendo seus rostos ao serem convidados a
suprimir, Goldin e Gross observaram as faces de
cada um dos participantes atravs de uma
pequena cmera colocada dentro do escner.
Suprimir a resposta emocional como tentar fechar a porta de um estbulo enquanto um cavalo agitado tenta escapar
Ento, o que acontece quando as pessoas
tentam suprimir ou ressignificar suas reaes de
nojo? Ainda que em ambos casos os
participantes mostrem menos expresses faciais
de nojo, eles o esto fazendo, provavelmente,
por razes diferentes. Quando suprimem, os
participantes relatam continuar a sentir nojo,
enquanto que, quando ressignificam, eles
sentem muito menos nojo. No primeiro caso, a
supresso meramente tentar evitar que uma emoo
seja expressada, no desviar o impulso que a gera.
Nesse ltimo caso, a ressignificao consegue
descarrilhar a resposta emocional, diminuindo o
impacto aversivo a um filme.
Agora, o que est acontecendo no crebro? Como
poderia ser esperado, ambas estratgias dependem dos
tipos de sistema de controle pr-frontal descritos
anteriormente. Na supresso, os participantes esto
usando esses sistemas de controle para inibir movimentos
motores, e na ressignificao, eles esto usando esses
mesmos sistemas para gerarem e aplicarem uma
perspectiva cognitiva neutralizante. O que diferencia as
duas estratgias a resposta dos sistemas cerebrais como
a amgdala e a insula que esto envolvidas na gerao da
resposta emocional. Surpreendentemente, a supresso
aumenta a atividade nesses dois sistemas cerebrais,
enquanto a ressignificao reduz suas atividades. Isso
intrigante porque a amgdala, como mencionado acima,
serve como um alarme que avisa caso algo afetivamente
estimulante seja detectado. Nesse estudo, e em muitos
outros como ele, foi observado que a atividade da
amgdala diminui durante a ressignificao, sugerindo que
a ressignificao bem-sucedida em mudar o que a
amgdala "v" - ou seja, ela no detecta um evento
estimulante e aversivo.
Quando voc est suprimindo, no entanto, a atividade da
amgdala e da nsula aumentam como se elas estivessem
tentando amplificar a excitao afetiva, j que voc no
conseguiu responder adequadamente ao estmulo ao
expressar averso diante dele. Embora esse estudo no
tenha demonstrado isso diretamente, provvel que o
aumento da atividade da amgdala e da nsula durante a
supresso seja o culpado pelo aumento da excitao
fisiolgica e do impacto negativo sobre a sade fsica do
indivduo.
Como terceiro exemplo, vamos considerar um caso no
qual a ressignificao no necessariamente faz voc se
sentir melhor. De fato, os processos de mudana cognitiva
envolvidos na ressignificao so frequentemente usados
para realar ou ampliar as respostas emocionais. Imagine,
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por exemplo, que voc visita no hospital um amigo
que esteve em um acidente de carro. Seu impulso
emocional natural sentir-se triste pela situao
dele e com medo de que a sade dele no melhore.
Para no se sentir triste ou com medo, voc pode
ressignificar com o objetivo de reduzir a sua emoo
negativa. Assim, voc pode dizer para si mesmo:
"Bem, meu amigo est provavelmente mais cansado
do que com dor, ele tem uma constituio forte e
ele seguramente ficar bem." Ao olhar para o lado
bom, voc se sente menos triste e com menos
medo.
s vezes ns elaboramos eventos negativos de uma maneira que amplia nossos sentimentos sobre eles, acrescentando um insulto cognitivo ao dano percebido
Contudo, esta no o que ns sempre fazemos.
s vezes, ns elaboramos eventos negativos de
uma maneira que amplia nossos sentimentos sobre
eles, acrescentando um insulto cognitivo ao dano
percebido. Nesse caso, voc poderia dizer para si
mesmo Meu amigo realmente est sofrendo
muito, pode no sobreviver, ou pode ficar com
uma deficincia grave - ou pode ser ainda pior!"
Aqui voc est transformando uma colina
emocional em uma montanha emocional.
Ns estudamos a capacidade de estudantes
universitrios usarem a ressignificao de ambas
maneiras e, enquanto eles estavam usando a
ressignificao, tanto para ampliar quanto para reduzir sua
emoo negativa, encontrou-se uma forte atividade em
regies de controle pr-frontal (Ochsner et al., 2004). Isso
sugere que h um mecanismo neural comum que usamos
para gerar e para manter avaliaes e estruturas
cognitivas sobre situaes, e que essas
estruturas/avaliaes determinam profundamente a nossa
resposta emocional. Isso pode ser visto tanto nos auto-
relatos dos participantes sobre quo mal eles se sentiram,
o que envolveu uma ampliao ou uma reduo de acordo
com a meta da ressignificao, quanto nas mudanas da
atividade da amgdala, que tambm se ampliava ou
reduzia de acordo com a meta da ressignificao.
Essa mesma dinmica bsica pr-frontal-amgdala, que ns
e outros pesquisadores descobrimos, mantm-se em uma
variedade de contextos de ressignificao (para revises
ver (Ochsner & Gross, 2005, 2007, 2008)). Dentre esses
contextos, o que mais nos interessa no momento
quando voc percebe um evento aparentemente neutro,
mas imagina o pior sobre ele. Para estudar essa
tendncia a gerar cognitivamente emoes negativas,
ns pedimos a alguns participantes da pesquisa para nos
contarem histrias negativas a partir de imagens que, em
mdia, a maioria das pessoas diria serem neutras
(Ochsner et al., Em reviso). Aqui, novamente, vemos a
dinmica bsica pr-frontal-amgdala: as regies pr-
frontais envolvidas no controle da ativao da
ressignificao levaram as pessoas a sentirem um
desprazer e, ao mesmo tempo, encontramos atividade
na amgdala onde, de outra forma, no haveria.
Para o quarto e ltimo exemplo, iremos examinar o que
acontece quando voc est tentando ressignificar suas
prprias experincias de vida. A habilidade de ressignificar
eventos da vida extremamente importante para o nosso
bem-estar mental e fsico a longo-prazo. Ethan Kross e
Ozlem Ayduk estudaram essa habilidade pedindo aos
participantes para recordarem uma srie de lembranas
pessoais desagradveis, por exemplo, as vezes que tinham
sido abalados com a perda de um ente querido, ficado
chateados com uma separao, e assim por diante (Kross
& Ayduk, 2008). Para algumas das memrias, os
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participantes foram instrudos a reviv-las a partir da
perspectiva da primeira pessoa, como se estivessem
revivendo o evento visto atravs de seus prprios
olhos. Ao utilizar essa estratgia de imerso, as
respostas emocionais foram particularmente fortes.
Para outras memrias, os participantes foram
convidados a recordar a memria do ponto de vista
de um observador (terceira pessoa), observando-se,
no caso, como se fossem uma cmera de vdeo.
Essa estratgia de distanciamento diminuiu os
afetos negativos significativamente. Na ltima parte,
os participantes foram instrudos a relembrar suas
memrias desagradveis e, em seguida, distrair-se
com pensamentos alheios. Essa estratgia de
distrao tambm diminuiu os afetos negativos
significativamente. Esses dados sugerem que
ambos, afastamento ou distrao, podem ser
eficazes para reduzir a emoo desprazerosa a curto
prazo. Mas, as coisas parecem um pouco diferentes
uma semana depois. Quando os sentimentos sobre
o evento so reexaminados aps uma semana, os
sentimentos negativos mantm-se mais baixos
apenas para as memrias que foram recolhidas em
condio de distanciamento. De fato, a distrao
no gerou nenhum benefcio a longo prazo.
Quando essas memrias foram relembradas
novamente, elas provocaram sentimentos negativos
to fortes, como se os participantes nunca tivessem
tentado regular a sua resposta.
Em um trabalho recente que tenho realizado com
Ethan Kross (Kross, Davidson, Weber, e Ochsner, na
imprensa), descobrimos que esse mtodo de
distanciar-se de lembranas desagradveis depende
dos mesmos tipos de sistemas pr-frontais descritos
anteriormente, mas difere bastante dos estudos
discutidos anteriormente por uma razo: recordando
uma memria desprazerosa e de muita importncia
para sua prpria vida, no a amgdala que
ativada, mas sim uma parte do crebro conhecida
como crtex cingulado anterior subgenual, ou
sgACC. Essa uma regio cortical que se encontra
logo abaixo (da o 'sub') do geno (parte da frente)
do corpo caloso (feixe de fibras que liga os dois
hemisfrios de seu crebro). O sgACC conhecido por
ser disfuncional na depresso, embora o seu papel
funcional especfico no comportamento humano
permanea um pouco impreciso. O trabalho
comportamental e de imagem que temos feito sobre as
respostas reguladas das experincias pessoais mostrou
que a atividade nessa regio segue a fora da emoo
negativa durante a recordao. Isso em combinao com
a investigao clnica sugere que as estratgias cognitivas
so um dos tratamentos mais eficazes para a depresso.
Esses dados destacam o poder de ressignificao
cognitiva para amortecer-nos contra a emoo negativa a
curto prazo, para que no se desenvolvam transtornos
emocionais de longo prazo, tais como a depresso.
Implicaes
Vamos finalizar dando um passo atrs e considerando trs
grandes e importantes implicaes das pesquisas descritas
neste artigo.
A primeira o poder que vem por perceber que nossas
emoes so definidas pela forma que avaliamos o
significado das situaes. O fato de que as respostas
emocionais so fundamentalmente interpretaes, nos
permite assumir o controle desse processo interpretativo
para ressignificar o significado de eventos emocionais e,
assim, assumir o controle de nossas vidas emocionais.
Esse fato ressalta a distino entre a sua reao a uma
situao e o que a situao realmente . Ou dito de outra
forma, se as aes de algum lhe deixam irritado, no
significa necessariamente que as aes dessa pessoa
sempre provocariam raiva em voc ou em qualquer outra
pessoa voc interpretou-as, naquele momento, de tal
maneira que ficou com raiva, e voc ou outros podem no
interpret-las dessa forma novamente. Alm disso, as
reaes emocionais para o mesmo evento ostensivo
podem variar ao longo do tempo e entre os indivduos em
funo de nossas metas, desejos e necessidades.
Ao extremo, uma incapacidade de separar uma
interpretao de uma situao da prpria situao uma
caracterstica de certas formas de psicopatologia, como o
transtorno de personalidade borderline, em que a pessoa
tem uma tendncia a pensar nas pessoas e eventos em
NeuroLeadershipJOURNAL PESQUISA
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todo o mundo apenas em termos de seu impacto
emocional sobre eles.
A segunda implicao decorre da primeira. Se a
maneira que voc avalia o significado de algo
determina como voc responde a isto, e se a
avaliao no constante e pode variar entre os
indivduos, ento devemos estar cientes dos fatores
que determinam essas avaliaes. Como um
exemplo disso, considere o famoso desafio Pepsi da
dcada de 1970, que pediu aos consumidores para
provar amostras de Coca-Cola e Pepsi. Quando as
amostras foram dadas em recipientes sem
identificao houve preferncia pela Pepsi, em parte
porque ela mais doce. Quando as amostras foram
dadas em recipientes marcados, a Coca-Cola teve
preferncia, em parte, porque o selo de uma
grande marca. Esse um exemplo clssico de como
um marketing eficaz pode controlar suas avaliaes.
As avaliaes que so controladas pelo marketing
podem ser muito mais impactantes do que aquelas
que determinam nossa preferncia por um
refrigerante em lata. O efeito placebo na medicina,
por exemplo, responsvel por uma grande
porcentagem da eficcia de qualquer droga
possivelmente devido sua crena de que ela deve
ajudar a mudar alguma coisa: sua dor de cabea,
sua coceira, ou seja l o que for. A pesquisa de
imagem realizada por Tor Wager mostrou que as
regies do crebro envolvidas na manuteno da
crena de que um placebo eficaz so muito
parecidas com aquelas usadas pelas pessoas no
processo de ressignificao. Em ambos os casos, a
atividade em regies do crtex pr-frontal
determinam a sua resposta emocional ou o efeito
placebo. A diferena que no caso da
ressignificao, as crenas vm de dentro, enquanto
que, no caso do placebo, as crenas vm de fora.
Isso sugere que voc precisa estar consciente de
quem controla a natureza de suas avaliaes por
exemplo, no dar um amplo poder sobre elas a
comerciantes, polticos, ou outros que possam
querer controlar suas respostas emocionais. Os
polticos chamam o controle sobre sua avaliao de
spin, e eles so mestres nisso. A falecida Susan Sontag
escreveu um livro sobre isso, intitulado Diante da dor dos
outros, no qual ela relata as formas como os polticos tm
usado o spin durante o tempo de guerra para controlar
a reao do pblico diante dos horrores dela. Sua
mensagem, como a minha, simples: assuma o controle
de suas avaliaes, ao invs de deix-las serem
controladas para voc.
Finalmente, importante reconhecer que com o
conhecimento sobre a possibilidade de ter controle sobre
a prpria vida emocional vem a responsabilidade de usar
esse poder com sabedoria. A consequncia de falhar na
ressignificao ou na implementao de uma forma eficaz
de qualquer uma das outras estratgias regulatrias
descritas nesse artigo so tanto pessoal quanto social. A
nvel pessoal, voc vai experimentar um estresse maior, e
seu bem-estar fsico e mental se abater. Repetidos
fracassos agravam o problema e podem levar a problemas
de sade psicolgica e fsica de longo prazo, que vo
desde ansiedade e depresso at diabetes e doenas
cardiovasculares. No nvel da sociedade, os custos para
manter aqueles que no conseguiram se autorregular
efetivamente so certamente financeiros, mas so
experienciais tambm. Como o experimento sobre as
consequncias sociais da supresso sugere, quando
deixamos de usar a estratgia de regulao emocional
mais adaptvel, o fracasso sentido pelos outros. O
prejuzo da raiva sem controle, do estresse e do medo no
bem-estar humano no pode ser medido somente em
dlares.
Esse prejuzo talvez seja maior para os mais jovens entre
ns. Por um lado, as crianas que so vtimas de
ambientes com menos recursos ou de abuso fsico e
emocional podem sofrer problemas de autorregulao ao
longo de sua vida. Por outro lado, a sociedade no
consegue fazer o suficiente para preparar as crianas para
os obstculos de regulao emocional que enfrentam.
Existem poucos programas a nvel nacional para ajudar a
promover as capacidades de autorregulao e conscincia
emocional. E ainda, a presena dessas capacidades em
crianas pode ser mostrada para prever importantes
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impactos na vida adulta. Isso est sendo mostrado
de forma convincente na obra de Walter Mischel,
que realizou estudos de autorregulao na creche
Bing na Universidade de Stanford em 1960.
Mischel apresentou s crianas um simples dilema
de atraso de recompensa. Cada criana sentou-se
em uma mesa sobre a qual foi colocada uma
bandeja de isopor. Nessa bandeja foram colocados
uma variedade de biscoitos, marshmallows ou
outras guloseimas tentadoras. O experimentador,
que estava sentado do outro lado da mesa,
informou criana que em poucos minutos eles
iriam jogar um jogo. Mas antes que isso
acontecesse, o experimentador precisaria sair da
sala por alguns minutos. Enquanto ele estivesse
fora, a criana no deveria comer qualquer uma das
guloseimas. Se ela conseguisse se controlar e no
ceder at que o experimentador retornasse,
receberia duas guloseimas. Mas, se a criana no
conseguisse esperar, ela poderia comer uma
guloseima, desde que tocasse uma campainha (que
tambm estava sobre mesa) para alertar o
experimentador na sala ao lado que uma guloseima
havia sido comida. Mischel e seus colegas
simplesmente mediram a quantidade de tempo que
uma criana podia esperar antes de ceder
tentao. Eles, ento, continuaram a acompanhar
essas crianas pelos prximos 40 anos, medindo
vrias medidas de sucesso da vida, incluindo a
educao, renda, abuso de substncias (ou o no
uso delas), a qualidade das relaes pessoais, e
assim por diante.
Mesmo depois de considerar as diferenas de
idade, escolaridade e situao econmica das
crianas e de seus pais, a quantidade de tempo que
uma criana podia esperar antes de comer o doce
estava fortemente correlacionada com essas
medidas de realizao na vida adulta. O que isso
sugere que a capacidade de autorregulao de
uma criana, que provavelmente uma combinao
de qualquer temperamento e aprendizagem social a
partir de seu ambiente, provavelmente determina a
capacidade de lidar com os estressores da vida, de
enfrentar os obstculos substanciais da vida e, finalmente,
a chance de ser bem-sucedido, no importando o que a
vida coloque em seu caminho. Imaginem quantas crianas
poderiam adiar a recompensa por perodos mais longos, e
consequentemente experienciar maior sucesso na vida, se
houvesse programas efetivos para trein-los desde cedo a
compreender a natureza de suas respostas emocionais e
regul-las de forma eficaz. Agora imagine as
consequncias de no ter esses programas. Claramente, a
responsabilidade recai sobre todos ns, no s para
regular as nossas prprias emoes, mas para ajudar os
outros - e os nossos filhos - a regular as deles.
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