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N 403 Setembro/2011 AméricaEconomia BRASIL www.americaeconomiabrasil.com.br www.americaeconomiabrasil.com.br N o 403 SET./2011 R$ 10,00 ISSN 1414-2341 Einstein repete o primeiro lugar no ranking de hospitais da AL QUEM SE HABILITA? FUNDOS DE PRIVATE EQUITY PREVEEM US$ 20 BILHÕES EM CAPTAÇÕES EM 2012 NOVAS FRONTEIRAS SHOPPINGS AVANÇAM NO INTERIOR O BRASIL ESTÁ IMUNE À CRISE? Empresários mantêm planos de investimento no curto prazo, mas pedem mudanças nas políticas de câmbio e juros O Brasil se salva da crise?

Nº 403 Edição Brasil

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AméricaEconomia: Revista de Economia e Negócios Latino-americana

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BRASIL www.americaeconomiabrasil.com.brwww.americaeconomiabrasil.com.br

No 403 SET./2011 R$ 10,00

ISSN 1414-2341

Einstein repete o primeiro lugar no ranking de hospitais da AL

QUEM SE HABILITA?FUNDOS DE PRIVATE

EQUITY PREVEEM US$ 20 BILHÕES EM

CAPTAÇÕES EM 2012

NOVAS FRONTEIRASSHOPPINGS AVANÇAM

NO INTERIOR

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Empresários mantêm planos de investimento no curto prazo, mas pedem mudanças nas políticas de câmbio e juros

O Brasil se salva da crise?

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Job: 272697 -- Empresa: Burti -- Arquivo: 272697-22198-83193-GE-VSCAN-40X26.6_pag001.pdfRegistro: 44509 -- Data: 11:59:28 02/09/2011

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nesta edição

08 AméricaEconomia Setembro, 2011

Negócios Shoppings centers

A busca por opções no interior

Mineração no Equador

Expectativa de exploração em escala

Água na cerveja

O negócio entre a Kirin e a Schincariol

Investimento nos trilhos

Setor ferroviário volta à tona

Dólar baixo

Aumenta a procura por intercâmbios

Franquias no México

Redes querem se internacionalizar

Indústria alcoolquímica

Cresce a família do etanol

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Seções Portal

Carta ao Leitor

Cartas/Índice de Empresas

Pistas

Negócio Fechado

Movimentos

Opinião – Caio Megale

Opinião – Mac Margolis

Opinião – Luiz Fernando Furlan

10 12 14 16 18 22 34 59 98

Debates CAPA Crise

O que os empresários esperam do Brasil

Trocas ministeriais

Será que Dilma aguenta?

ESPECIAL Ranking de Hospitais

Einstein repete o primeiro lugar

526286

Finanças ESPECIAL Private equity

Previsão de US$ 20 bi para o Brasil

Integração fi nanceira

União de bolsas ajuda mercado regional

Fundos imobiliários

Investimento ganha força no Brasil

ESPECIAL Seguros

Empresas apostam na diversifi cação

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Foto de Capa: Shutterstock com montagem de AméricaEconomia28

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Nós transportamos mais do que documentos e objetos.

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10 AméricaEconomia Setembro, 2011

portal

LEIA NO PORTAL

www.americaeconomiabrasil.com.br

Siga o site da AméricaEconomia no Twitter: twitter.com/AEBrasil

Menos ConectadosOs países em desenvolvimento têm quase uma década de atraso em relação às nações ricas quando o assunto

é acesso à internet. A avaliação é do relatório da União Internacional das Telecomunicações, agência da ONU

(Organização das Nações Unidas). O bloco de países em desenvolvimento só atingiu 21% de acessos à web em

2010, nível alcançado por países desenvolvidos, como Estados Unidos, Japão e Alemanha, nove anos atrás.

Nova classe médiaPerfil elaborado pela SAE (Secretaria de

Assuntos Estratégicos) da Presidência

da República mostra que a nova classe

média brasileira, formada por 95 milhões

de pessoas, tem a maioria feminina (51%)

e branca (52%) e é predominantemente

adulta, com mais de 25 anos (63%). A ren-

da familiar dessa camada social varia de

R$ 1 mil a R$ 4 mil mensais. A nova classe

média é majoritariamente urbana (89%)

e se concentra em três regiões: Sul (61%),

Sudeste (59%) e Centro-Oeste (56%).

Fantasma do apagãoA América do Sul só ficará livre da ameaça de um apagão se dobrar sua capacidade energética até 2030, segundo a Ce-pal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe). Pela avaliação, são necessários aproximadamente mais 200 gigawatts de capacidade de geração de energia, ao custo de mais de US$ 500 bilhões. Para a comissão, a energia pode chegar a ser um obstáculo para o desenvolvimento da re-gião se a produção energética não acompanhar o aumento da demanda gerada pelo crescimento econômico.

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ação

Crise x oportunidadesHá quem diga que nos momentos de crise surgem também boas oportunidades de negócios. O presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Luciano Coutinho, destaca que, mesmo que os países desen-volvidos não entrem em recessão, haverá um crescimento menor tanto nos Estados Unidos quanto na Europa, um ce-nário que deve afetar a economia e as exportações do Brasil. Em contrapartida, é o momento também para o governo federal investir no setor de logística e ampliar sua eficiência econômica, conforme notícia publicada no portal de Amé-ricaEconomia. “Num futuro próximo, estaremos focando e oferecendo por meio de concessões o setor de aeroportos e o setor aeroportuário. Os gargalos de logística representam oportunidades de investimentos”, diz Coutinho.

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G O V E R N O F E D E R A L G O V E R N O F E D E R A L

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carta ao leitor

12 AméricaEconomia Setembro, 2011

O Brasil se safa?N as últimas semanas, não se falou em outra coisa senão no temor

de que o pesadelo de 2008 volte a assombrar as principais eco-nomias mundiais e, desta vez, com uma face ainda mais sinistra. A si-tuação, que já não vinha boa diante da crise de emprego nos Estados Unidos e da piora da situação dos países da zona do euro, ficou ainda mais assustadora na sexta-feira, 5 de agosto, quando a Standard & Poor’s decidiu rebaixar a até então intocada nota da dívida america-na de AAA para AA+. Foi o suficiente para provocar um verdadeiro efeito cascata nas principais bolsas, que simplesmente despencaram.

Por aqui, a reação não foi diferente. Em um dia nervosíssimo, a BM&FBovespa fechou com queda de 8,08%, a segunda maior entre as bolsas do mundo e a pior baixa desde outubro de 2008, auge da crise do subprime. O efeito foi tão devastador que a própria S&P veio a público para pôr panos quentes na história. Não adiantou muito, o estrago já estava feito e foi tamanho que, poucos dias depois do anúncio, Deven Sharma, presidente da instituição, apresentou seu pedido de demissão.

Passado o desespero imediato após o catastrófico anúncio, as incer-tezas permanecem. Mas, em meio ao clima de pessimismo generaliza-do, o Brasil parece surfar em uma onda diferente. Por aqui, apesar de reconhecer que o crescimento do país pode ser menor que o esperado (de 4% para 3,7% do PIB), a equipe econômica se diz confiante e mais bem preparada para enfrentar o turbilhão do que estava em 2008.

Diante de tais argumentos, a equipe de AméricaEconomia conversou com grandes líderes do setor produtivo brasileiro para medir a confian-ça dos empresários quanto ao futuro. O resultado está em nossa repor-tagem de capa, não deixe de ler!

Nesta edição, trazemos também a terceira edição do Ranking dos Melhores Hospitais da América Latina. No topo da lista, que cresce a cada ano, está novamente o brasileiro Albert Einstein. A lista comple-ta das instituições e uma análise do setor no Brasil e nos demais países latino-americanos fazem parte do especial.

A faxina ministerial da presidente Dilma, a diversificação e a expan-são do mercado nacional de seguros, as vantagens dos fundos imobiliá-rios, a indústria de private equity e seus US$ 20 bilhões previstos para as empresas da América Latina são outros temas desta edição.

Boa leitura.

José Roberto Maluf

ASSINATURAS Central de Atendimento

Tel.: 55 11 3512-9492, de 2a a 6a feira, das 9h às 18h. Site: www.assineamericaeconomia.com.br. Atendimento: www. assineamericaeconomia.com.br/faleconosco. Cartas: Rua Ferreira de Araújo, 202 – 12o andar – CEP 05428-000 – São Paulo/SP Valores de assinatura: Por 1 ano: R$ 96,00 / Por 2 anos: R$ 170,90

Pagos em até 5x no cartão de crédito ou em até 3x no boleto bancário (preço válido para as vendas realizadas pela Central de Atendimento e pelo website da revista). Exemplares anteriores: solicite diretamente ao jornaleiro.

Em caso de descontinuação da publicação, a Spring Editora-Produtora LTDA. garante aos assinantes desta publicação a restituição, em reais, da parte do valor já pago correspondente aos exemplares não entregues, devidamente corrigida monetariamente. Ao fazer sua assinatura, exija a credencial do vendedor e pague sempre com cheque nominal, mediante recebimento da primeira via de nosso pedido de assinatura.

PUBLISHERJosé Roberto Maluf

CONTEÚDODiretora de Redação: Tatiana EngelbrechtEditora Executiva: Paula PachecoDiretora de Arte/Projeto Gráfi co: Janaína DinizRepórteres: Chiara Quintão e Graziele Dal-BóEditora do Site: Adriana ChavesRevisão: Assertiva Produções EditoriaisProdução Gráfi ca: Eduardo KepplerColaboradores: Fernando Morra (assistente de arte), Francisco Lobo (infografi a) e Vértice Translate (tradução)

COMERCIALIZAÇÃO Diretor Comercial: Eduardo Colturato – [email protected]

Executivos de Contas: Nagibe José Adaime – [email protected] Martinez – [email protected] Oliveira – [email protected]

MARKETINGMarcia Leonardi e Elisangela Goto

ADMINISTRATIVO/FINANCEIRODiretor Executivo: Eduardo Colturato Gerente Financeiro: Edison Arduino

CIRCULAÇÃORafael Borsanelli e Fatima Oliveira

Pré-impressão: First PressPeriodicidade: Mensal (Setembro de 2011)CTP, impressão e acabamento: IBEP Gráfi ca

Circulação auditada por:

SPRING EDITORA-PRODUTORARua Ferreira de Araújo, 202, 7o andar – CEP: 05428-000 São Paulo/SP – Tel.: 11 3097-7666Site: www.springcom.com.brE-mail: [email protected]

AMÉRICAECONOMÍA INTERNACIONALDiretor: Elias Selman CarranzaVice-presidente Executiva: Gloria Landabur C.Diretor Editorial: Felipe Aldunate M.Editores: Fernando Chevarría (Lima), Juan Pablo Rioseco e Carlos Tromben (Santiago), Karen Correa e Pamela Velasco (Guaiaquil)Diretor de Arte: Álvaro Araya Urquiza Editor de Fotografi a: Miguel CandiaChefe de Operações: Matías Agurto

AMÉRICAECONOMÍA INTELLIGENCE(Estudos e Projetos Especiais)Diretor: Jaime Contreras SoriaPesquisador Sênior: Andrés AlmeidaAnalista: Catherine Lacourt e Rodrigo Dorn

AMÉRICAECONOMIA.COMDiretor de Estratégia Digital: Rodrigo GuaiquilEditor: Lino Solis de Ovando

ESCRITÓRIOSBuenos Aires: +5411 4383-8410 Cidade do México: +5255 5254-2400 Costa Rica: +506 225-6861Lima: +511 610-7272 Miami: +305 648-9071 Panamá: +507 271-5327Santiago: +562 290-9400 Uruguai: +5982 901-9052

Chairman: Robert R. Paradise

BRASILwww.americaeconomiabrasil.com.br

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No mundo dos negócios é assim,uma assinatura pode mudar tudo.

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Por apenas 11 x R$ 49,90, você recebe o Valor por 1 ano, economiza 27%e ainda leva 1 mês a mais grátis.você ainda ganha 1 mês grátis, além de mais de 30 revistas especializadas, 5 anuários e 70 cadernos especiais durante todo o ano. Isso sim é um grande investimento.

Promoção de assinatura anual do jornal impresso e digital com desconto de 27,39% no preço do jornal em relação à compra diária dos exemplares avulsos no período de 12 meses, acrescida de um mês gratuito ao término do período. Até 15/10/2011, o assinante terá direito a acessar também o conteúdo integral do site Valor Online. Pagamento em até 11 vezes de R$ 49,90, com cartão de crédito (American Express, MasterCard, Visa e Diners) e débito em conta-corrente. Caso o assinante não se manifeste de forma contrária, para sua maior comodidade, a assinatura será renovada automaticamente ao término do período contratado,

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Page 12: Nº 403 Edição Brasil

14 AméricaEconomia Setembro, 2011

cartas índice de empresasOs números referem-se à primeira vez em que as empresas são citadas em cada reportagem. * Excluídos os nomes da tabela do Ranking de Hospitais e Clínicas

9ine 17Accenture 81AD Shopping 29Aeroméxico 23Alcazar & Aranday 47Aliansce Sh. Center 31Alibaba.com 25ALL 55Allianz 82Almeida Junior 32Alvear Participações 31Ambev 41Amyris 49Apple 18, 58Aurora Alimentos 29Avianca 29Axialent 24Balbo 50Banco do Brasil 68Banco Fator 41Banco Mundial 23, 71BBVA 46Belta 44Berkley Int. Brasil 81Bimbo 46BlackRock 71Blackstone 68BM Cenesp 74BM&FBovespa 53, 73BNP Paribas 58Bombardier 42BR Malls 31Bradesco Seguros 84Brain 71Braskem 18, 48, 56Braspag 26Brazilian Capital 74Brazilian Mortgages 74Brescia 71BRF (Brasil Foods) 29BRFE 57British Telecom 55BTG Pactual 65CAF 43Camargo Corrêa 19Carestream 97Caterpillar 43Celfi n Capital 70Centro H. Ameijeiras 91Centro M. de Caracas 91C. M. Vivian Manágua 91CFA Institute 57Chevron 38Christus Muguerza 87CI 45Cielo 26Cima 87Cia Alcoolquím. Nac. 51Condor Mining 38Connection Res. 29Copa D’Or 90Cornestone Capital 38Cosan 50Cremer 19CSABF 68Cypress 65Daycoval 75Dealogic 41Dell 98Desenvix 18Deutsche Bank 58Dow Chemical 18, 49Dufry 19Ecometals 38EcuaCorriente 38Eletrocloro 51Elipe 38Embraer 57Engevix 18Ernst & Young 65ETH Bioenergia 51Femsa 41

Fesa 83FIFA 81Firmenich 50Frost & Sullivan 97Fund. G. Vargas 34, 65Fund. Card. Bogotá 87Fund. Card. Colômbia 87Fundación Favaloro 97Gávea 65GE Healthcare 96General Sh. Brasil 30, 32Ghislandi 32Global Hotel Alliance 16Gol Linhas Aéreas 29Goldman Sachs 71Google 18GP 68Grupo Assa 23Grupo Melitta 57Grupo São Martinho 50Gruppo M. & Ghisolfi 50Hays 45Heineken 41Hitachi 43Hospital ABC 87Hospital Alemán 87Hospital Británico 91Hosp. C. Univ. C. Chile 91Hospital da Unicamp 97Hosp. Clínicas da USP 90Hospital de Andaraí 94Hosp. Clínica Caracas 91Hospital do Câncer I 90Hospital do Câncer II 90Hospital do Coração 90Hosp. Dr. R. Favaloro 87Hospital Garraham 87Hosp. H. La Católica 91Hosp. I. A. Einstein 86Hospital Italiano 87Hosp. Metrop. Quito 91Hosp. M. Vento POA 87Hospital Paulistano 90Hosp. Samaritano SP 87Hospital San Felipe 91Hosp. S. Juan de Dios 91Hospital San Pablo 91Hospital São Camilo 97Hospital São José 90Hosp. S. V. Paulo 90Hosp. Sírio-Libanês 90Hosp. Univ. Austral 87HSBC 23iFood 66Iguatemi Sh. Centers 31Interbaires 19IPEA 54ISA 71Itaú Seguros 84Itaú 22J.P.Morgan 68JAC Motors 16JBS-Friboi 56Job Design Criativo 27Kidzania 46King Participações 29Kinross 38Kirin 40KPMG 24Kraft Foods Brasil 75Lab. N. Biotecnologia 49LCA Consultores 55Lehman Brothers 54Liberty Seguros 81Link Corretora 41Lions Nathan 41Lojas Americanas 29Loma Negra 19Lungarno Collection 16Marcopolo 53Marisa 29MCC 22

Médica Sur 87Melón 71México Americano 87Mitsui 49Motorola Mobility 18MPE 43MRV Engenharia 53Nassau Emp. Imob. 30Natura 48Nestlé 48NHT 29Nike 17Nintendo 47Nívea 56Nokia 24O Rei dos Cabelos 25OCA 87Odebrecht 38Odin Mining 38P&G 48P. Simon 19Pátria 66Pedra Agroind. 50Petrobras 17, 54Petrópolis 41Philips 97Pixeon 97Polishop 24Premium Eng. 29P&G 50Progress Rail Serv. 43Rent a Box 26Rio Bravo R. Corp. 75Rock in Rio 25, 82Sack’s 24Salgema 51Santa Casa 97Santander 55Schincariol 40Scomi 43Shopinvest 32Shopping Nações 31Sh. Parauapebas 29Sh. Park Europeu 32Sh. Pátio Chapecó 29SN Power 18Soliance 50Solvay 51Standard & Poor’s 53, 65STB 44SulAmérica 83SuperVia 43Suzano 55Swiss Re 75Table Partners 68TAM 55TEC de Monterrey 87Terra 25Terral Sh. Centers 31The Carlyle Group 68Thomson Reuters 58Tivit 65Topz 19TotalCor 90Trip Linhas Aéreas 29UFC 17Unicamp 49Unicredt 58Union Carbide 51Unique Sh. 29Urbia Com. Prop. 29Usina Paraíso 50Vale 29, 55Vértico 31Vinci Partners 65Votorantin 66Vtex 24Walmart 24Warehouse 66Westfi eld 32WTorre Engenharia 29

Envie sugestões e comentários para a revista AméricaEconomia Brasil:

[email protected]

Fale com a redação:

25º ANIVERSÁRIOQuero parabenizá-los pela edição 400,

com a qual a AméricaEconomia celebrou

seus 25 anos. O trabalho jornalístico e de

edição está impecável. Fico muito orgu-

lhoso como latino-americano em ver a

qualidade dos convidados que os ajuda-

ram a fazer essa edição comemorativa. É

uma revista valiosa para a comunidade

dos executivos regionais. Senti falta so-

mente dos grandes empreendimentos

desses 25 anos e os que poderiam sur-

gir nos próximos 25. Acredito que este é

um campo fértil para edições futuras.

JUAN MANUEL LÓPEZ, DIRETOR EXECUTIVO

DA VENTURA MATCHMAKERS, COLÔMBIA

NA MIRA DOS EXECUTIVOSLi na página 70 da edição de agosto/2011

(AméricaEconomia, nº 402) a matéria in-

titulada “Na mira dos executivos” um

parágrafo que se refere à necessidade

de engenheiros no Brasil para os próxi-

mos cinco anos. Gostaria da confi rma-

ção estes números, pois acredito que

os mesmos não refl itam a realidade

do país. Segundo o trecho: “Projeta-se

a necessidade de 400 mil engenheiros

por ano no Brasil...” o país precisaria

de 2 milhões de engenheiros nos pró-

ximos cinco anos. Isto está correto?

Como sou engenheiro, essa informa-

ção é extremamente relevante para

mim. Desde já agradeço.

ÉDER DE CASTRO PEREIRA, ENGENHEIRO

MECÂNICO, PELA INTERNET

RESPOSTA DA REDAÇÃOO consultor de negócios da Mercer, Mar-

celo Ferrari, autor da frase, confi rma a

informação sobre a necessidade de 400

mil engenheiros por ano no Brasil no

período de cinco anos.

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Page 13: Nº 403 Edição Brasil

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Na Revista ESPN não é só a bola que rola. Rola também comportamento, notícias, opiniões, história e reportagens que vão do futebol ao golfe, passando pelo vôlei, basquete, boliche, automobilismo, boxe, natação, esqui, polo, rúgbi, atletismo, surfe, esgrima e muitas e muitas outras modalidades.

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Page 14: Nº 403 Edição Brasil

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16 AméricaEconomia Setembro, 2011

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1

PUBLICAMOS • Apesar do apetite das montado-

ras com tradição no Brasil, as empresas asiáticas

estão dispostas a garantir sua participação nesse

bolo. (“Hora de Aumentar a Potência”, América-

Economia, n0 399, maio 2011)

O NOVO • A montadora chinesa JAC Motors anunciou, no início de agosto, a construção de uma fábrica no país, com investimento de US$ 600 milhões e capacidade de produção de 100 mil unidades por ano. Dai Maofang, vice--presidente mundial da companhia, participou do anúncio. A empresa começou a atuar no país em março passado, trazida pelo empresário Sér-gio Habib. Apesar de recém-chegada ao Brasil, a montadora já ocupa a 13a colocação no ranking de automóveis, com 0,67% de participação nos licenciamentos (8.565) no acumulado do primei-ro semestre, segundo dados da Fenabrave, que representa as concessionárias.

Hotéis de luxo miram o BrasilPUBLICAMOS • Embora o país tenha se mostrado pro-

missor aos negócios, Álvaro Garnero (foto acima) critica

a falta de infraestrutura para atender os turistas da classe

AAA. “Recebemos recentemente a visita de um empresá-

rio italiano importante e não tínhamos onde hospedá-lo.

Todos os hotéis de mais alto padrão em São Paulo esta-

vam lotados”, reclamou. (“Clube do Milhão”, AméricaEco-

nomia, n0 402, agosto 2011)

O NOVO • De olho nessa lacuna, algumas redes inter-nacionais começam a demonstrar interesse pelo Brasil. A italiana Lungarno Collection, por exemplo, anunciou que deve chegar em breve ao país, por meio de uma parceria com o grupo de hotéis de luxo Global Hotel Alliance. O objetivo é aproveitar a expansão do merca-do de luxo nos países emergentes, entre eles o Brasil.

PLANOS ADIADOS

PUBLICAMOS • O histórico de instabilidade

econômica e os altos juros são algumas das

razões para a falta de cultura do brasileiro na

bolsa. Ao contrário do que ocorre em países

como os Estados Unidos, onde são famosos

os investimentos de pessoas de todas as ida-

des, aqui ainda existe um abismo entre o mer-

cado e as pessoas comuns. As incertezas no

cenário internacional e a bolsa em baixa têm

piorado esse quadro. (“À Margem da Bolsa”,

AméricaEconomia, n0 402, agosto 2011)

O NOVO • O mau desempenho da bolsa brasileira neste ano levou a BM&FBovespa a adiar o prazo para o cumprimento de sua meta de chegar a 5 milhões de investidores pessoa física no mercado acionário. A ex-pectativa, que era de chegar a esse núme-ro em 2015, passou para 2018, segundo o presidente da BM&FBovespa, Edemir Pinto. Atualmente, são 600 mil investidores pes-soa física na bolsa.

Mais uma montadora chinesa

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Page 15: Nº 403 Edição Brasil

Setembro, 2011 AméricaEconomia 17

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PUBLICAMOS • Outro exemplo citado por Adriano Pires (CBIE) é o do

etanol. Mais de uma vez o governo falou que a petroleira deveria ser pro-

tagonista na produção do derivado de cana-de-açúcar para conter a alta

do preço do produto na entressafra. “A margem de lucro do etanol é bem

menor. Essa não é a vocação da Petrobras”. (“Barris Cada Vez Mais Cheios”,

AméricaEconomia, n0 401, julho 2011)

O NOVO • A partir de 2015, a Petrobras planeja se tornar a maior produ-tora de etanol do Brasil. A estratégia, segundo o presidente da empresa, José Sergio Gabrielli, é aumentar a participação da Petrobras no merca-do nacional de etanol para 12%, nos próximos quatro anos. Atualmente, a petroleira detém 5,3% das vendas do produto. Para acelerar o cresci-mento, a companhia prevê investimentos de R$ 4,1 bilhões em biocom-bustíveis – R$ 1,9 bilhão para a produção de etanol.

PUBLICAMOS • A marca UFC

(Ultimate Fighting Championship)

está avaliada pela Forbes em US$ 1

bilhão, e o impacto econômico

de cada evento nos locais onde é

realizado pode chegar a US$ 50

milhões. A luta principal da noite,

no Rio de Janeiro, será a de Ander-

son Silva – um dos mais conhecidos

lutadores de MMA do país e cam-

peão dos pesos médios – contra

o japonês Yushin Okami. (“Knock

Down Lucrativo”, AméricaEcono-

mia, n0 402, agosto 2011)

O NOVO • Anderson “The Spi-der” Silva foi contratado para fazer parte do time de atletas brasileiros da Nike. O acordo foi fechado pela 9ine, empresa de marketing esportivo, publicidade e entretenimento que gerencia a imagem do campeão. Além de Anderson Silva, a empresa ame-ricana tem um contrato com o filipino Manny Pacquiao, um dos melhores boxeadores da atuali-dade. Entre outros atletas, a Nike patrocina o golfista Tiger Woods e o tenista Roger Federer.

Legislar em causa própria PUBLICAMOS • Há a constante ameaça de pautar o Projeto de Lei nº 7.749/10, de interesse do Judiciário, que aumen-

ta o salário dos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) de R$ 26,7 mil para R$ 30,6 mil, um reajuste de 15%, que

provocaria um efeito cascata nas folhas de pagamento em todo o país. (“Uma Bomba de R$ 58 bilhões”, AméricaEco-

nomia, n0402, agosto 2011)

O NOVO • Os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) aprovaram, em agosto, a proposta de orçamento para 2012 de R$ 614 milhões, que prevê um aumento nos próprios salários de 14,79%. Com isso, a remuneração passaria a ser de R$ 30, 6 mil por mês. O projeto de reajuste ainda precisa ser votado no Congresso.

ETANOL GANHA A ATENÇÃO

DA PETROBRASNike investe no MMA

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18 AméricaEconomia Setembro, 2011

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GOOGLE

O Google fechou acordo para comprar a Motorola Mobility, divi-

são da empresa que fabrica celulares, smartphones e tablets, por

US$ 12,5 bilhões em dinheiro. Cada ação saiu por US$ 40. A estraté-

gia do Google é impulsionar o uso do sistema operacional Android

e competir de igual para igual com a Apple, fabricante do iPhone e

desenvolvedora do seu próprio sistema operacional móvel iOS.

VALOR: US$ 12,5 bilhões

BRASKEM Brasileira aumenta

participação internacional

A Braskem arrematou, no fim de julho, quatro plantas da Dow

Chemical dedicadas à produção de polipropileno. Com isso, a

capacidade de produção de resinas da empresa brasileira mais

do que dobrou. O negócio foi fechado por US$ 323 milhões e

incluiu ainda carteira de clientes, contratos de fornecimento de

matéria-prima e patentes registradas pela empresa. As quatro

unidades ficam no exterior (duas nos Estados Unidos e duas na

Alemanha), o que reforça o movimento de internacionalização

da Braskem. A empresa espera obter a aprovação do negócio

pelas agências reguladoras até o começo de outubro, quando

concluirá o pagamento dos ativos.

VALOR: R$ 323 milhões

SN POWER Noruegueses investem em energia renovávelA companhia norueguesa SN Power, gigante da área de desenvolvimento de projetos de energia re-

novável, acertou a compra de 40,65% da Desenvix Energias Renováveis por R$ 706 milhões. A De-

senvix é o braço de geração de energia da empresa de engenharia Engevix. Com o negócio, SN Power

e Jackson Empreendimentos, que ficará também com 40,65% da companhia, terão controle conjun-

to da Desenvix. O Funcef, fundo de pensão da Caixa Econômica Federal, manterá a participação de

18,69%. O acordo inclui ainda a participação de 50% da Desenvix na Enex, empresa especializada na

operação e manutenção de usinas de geração. A conclusão do negócio depende da aprovação dos

órgãos reguladores do Brasil.

VALOR: R$ 706 milhões

US$ 12,5 bi pela Motorola Mobility

negócio fechado

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CREMER

Crescimento em higiene pessoalA Cremer pagou R$ 73 milhões pelos ativos da concorrente

Topz, do segmento de higiene pessoal e cosméticos. O objetivo

é aumentar o portfólio de produtos e a exposição da empresa

no varejo. De acordo com comunicado da companhia enviado

à CVM (Comissão de Valores Mobiliários), nos últimos 12 meses

a Topz registrou receita de cerca de R$ 70 milhões. Em abril

passado, a Cremer já havia comprado, por R$ 25 milhões, a

P. Simon, fabricante de frascos, drenos, extensores e irrigado-

res para a área da saúde.

VALOR: R$ 73 milhões

DUFRY

Compra em mercados emergentesA Dufry concluiu, em agosto, uma

série de aquisições em mercados

emergentes. As novas operações

adicionam 21 lojas, em dez aeropor-

tos, à operação da empresa, que

atua no segmento de free shop. Os

US$ 957 milhões foram investidos

na Interbaires, líder em varejo de

viagem na Argentina, e em opera-

ções no Uruguai, no Equador, na

Armênia e na Martinica, além de

uma plataforma logística. Segun-

do comunicado da companhia, as

operações adquiridas tiveram um

desempenho muito bom nos últi-

mos anos, reportando crescimen-

to de dois dígitos.

VALOR: US$ 957 milhões

CAMARGO CORRÊA

Aumento de investimento na ArgentinaA Loma Negra, fábrica de cimento argentina controla-

da pelo grupo brasileiro Camargo Corrêa, anunciou in-

vestimento de US$ 400 milhões para os próximos três

anos. Desse total, US$ 120 milhões serão destinados ao

aumento da capacidade de produção e à melhoria na

gestão ambiental. Outros US$ 30 milhões serão usados

para o desenvolvimento de combustíveis alternativos

na unidade de Loma Negra, localizada em Barker, na

província de Buenos Aires, segundo nota divulgada

pela companhia.

VALOR: US$ 400 milhões

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GUIDO MANTEGAMINISTRO DA FAZENDA

FERNANDO PIMENTELMINISTRO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR

ROBSON ANDRADEPRESIDENTE DA CNI – CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA

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22 AméricaEconomia Setembro, 2011

movimentos

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O Itaú fechou uma associação com o banco

chileno MCC (Munita, Cruzat & Claro) para

criar uma empresa de gestão de patrimônio

no Chile. “Somadas as duas carteiras, chega-

remos a US$ 2 bilhões em ativos de clientes

no segmento de grandes fortunas e seremos

um dos líderes no mercado chileno”, diz o

diretor do Itaú Private Bank International, João Medeiros. A expectativa é dobrar esse

valor, para US$ 4 bilhões, em quatro anos.

É a primeira associação do Itaú para ges-

Itaú amplia presença no

Chile

tão de fortunas fora do Brasil. Na América

Latina (exceto o Brasil), o Chile representa

entre 10% e 15% da carteira do Itaú no seg-

mento, parcela que deve saltar para pelo

menos 25% em quatro anos. “O Chile é um

mercado estratégico para nós. Somos mui-

to guiados pelo ciclo de riqueza”, afirma

Medeiros. Os clientes da nova empresa,

que manterá o nome do banco MCC, terão

acesso ao mercado de investimento no Bra-

sil por meio do Itaú.

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Setembro, 2011 AméricaEconomia 23

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O Grupo Assa quer ir às compras, no Brasil, em 2012 e já começa a conversar com possíveis alvos. “O crescimento orgânico será prioridade no país, mas a política de aqui-sições ficará mais agressiva”, diz o presidente do grupo, Roberto Wagmaister (foto). A companhia conta com o suporte de seus sócios Banco Mundial e HSBC, que, jun-tos, têm 30% de participação, para financiar aquisições.

Focada em consultoria e terceirização de tecnologia da informação, a companhia argentina nasceu em 1992 e chegou ao Brasil em 1999. Neste ano, os serviços presta-dos a empresas do país responderão por 45% a 50% do faturamento, estimado em US$ 90 milhões, e, em 2012, por metade dos US$ 120 milhões projetados. “O Brasil ocupará um lugar de destaque na nova macroeconomia do mundo”, diz Wagmaister.

Grupo Assa mira o Brasil

Um avião da Aeroméxico fez, em agosto, o primeiro voo transatlântico abastecido também com biocombustí-vel. Chamado de “voo verde”, o Boeing com 250 pas-sageiros fez a rota Cidade do México-Madri utilizando um combustível sustentável extraído de hidrocarbone-tos vegetais produzidos a partir de sementes da planta Jatropha Curcas (cultivada no México e em algumas outras par-tes do mundo), misturado a querosene de aviação. “A proporção foi de 20 toneladas de biocombus-tível e 55 toneladas de querosene”, explica Mario Rosas, diretor de Vendas Internacional da Aeromé-xico. Com a combinação, a emissão de CO2 foi re-duzida em uma tonelada. Por enquanto, a empresa quer dar prioridade aos 52 voos operados na rota México-Costa Rica, que deverão usar a nova mis-tura ainda neste ano. No

Biocombustível cruza o Atlânticoentanto, não está descartada a expansão do projeto para os voos entre a capital mexicana e o Brasil. Apesar do aumento de custo – o biocombustível custa seis ve-zes mais que a querosene –, Rosas diz que não haverá repasse para o consumidor.

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24 AméricaEconomia Setembro, 2011

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A Vtex, empresa brasileira especializa-

da em tecnologia para plataformas de

comércio eletrônico, deve abrir os dois

primeiros escritórios fora do Brasil até

o fim do ano. O desembarque começa

pela Argentina e pelo Chile. A decisão

de partir para o exterior, segundo Ale-

xandre Soncini, diretor de Vendas e de

Marketing, foi tomada para atender a

expansão internacional dos clientes.

“Empresas como a Polishop, atendidas

por nós no país, têm planos para a Amé-

rica do Sul. A ideia é termos parceiros lo-

cais para facilitar a adaptação aos novos

mercados”, explica Soncini. No primeiro

semestre de 2012, o executivo espera

fincar bandeira também na Colômbia,

no México e no Uruguai. Com o cresci-

mento no exterior, a previsão da empre-

sa é chegar a R$ 14 milhões de fatura-

mento em 2011 e a R$ 100 milhões daqui

a cinco anos. Entre os clientes da Vtex

estão o Walmart, a Nokia e a Sack’s.

Compra lá, ganha aqui

Na cola dos clientes

Os produtos originários da Amazônia que forem desen-volvidos em conformidade com o meio ambiente rece-berão o Selo Amazônico do Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial). O objetivo é agregar valor aos produtos da região, além de atestar critérios de segurança, responsabilidade social e ambiental. A certificação é voluntária e contempla pro-dutos que utilizem insumos regionais em seu processo de fabricação, como fitoterápicos, biocosméticos, joias, embalagens sustentáveis, alimentos e biocosméticos.

Segundo a superintendente da Zona Franca de Ma-naus, Flávia Grosso, além de contribuir com a difusão dos produtos que utilizam matéria-prima originária da Ama-zônia de forma sustentável, o selo evitará a comerciali-zação de itens que apresentem o nome da região sem incluir material regional. A portaria deverá ser publicada em 2012, após a conclusão do plano de ação e de impac-tos. Será preciso credenciar agentes certificadores e criar parâmetros para a concessão do selo. A partir da publica-ção da portaria, espera-se que as primeiras certificações sejam realizadas em um prazo de seis meses.

Amazônia certificada

O intenso movimento de fusões e aquisições no Brasil, cujas 379 transações registradas no pri-

meiro semestre deste ano foram recorde para o período, segundo a KPMG, não favorece apenas

as companhias envolvidas ou quem faz a intermediação desse tipo de negociação. Esse cená-

rio é positivo também para a Axialent, consultoria especializada no desenvolvimento de líderes.

“Nós ajudamos as empresas a se estruturar em processos de aquisição, mas com foco nas pessoas, e não nos processos”, explica o americano Timothy Altaff er, presidente da Axialent no

Brasil. O país representa 15% do faturamento do grupo e pode ser um dos protagonistas do cres-

cimento da companhia para este ano, cuja receita deve alcançar US$ 23 milhões globalmente.

“Tivemos um período difícil em 2009, um cenário de recuperação em 2010 e, neste ano, esta-

mos confiantes de que voltaremos aos patamares de antes da crise”, afirma Altaff er.

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O PLANETA TERRA

DE SÃO PAULO VAI

DESEMBARCAR NO PERU

O mercado de compra e venda de cabe-lo humano está cada vez mais aqueci-do. Levantamento do site de comércio eletrônico Alibaba.com, de Hong Kong,

listou as madeixas brasileiras entre as mais desejadas, ao lado do popular pro-

duto indiano. O cabeleireiro Francisco Braz, dono da loja O Rei dos Cabelos, em São

Paulo, comprova a preferência: “O cabelo brasileiro tem maior variedade”.

São vários critérios para precificar os fios: ausência de tintura e tratamento quí-

mico, qualidade e quantidade. “Cabelo lisos e o loiro natural são bem cotados. O cachea-

do natural também é valioso porque cresce mais devagar”, afirma Braz. A média de pre-ços fica entre R$ 200 e R$ 600, de acordo

com o tamanho. “Já cheguei a pagar R$ 1,2 mil, mas era ‘o cabelo’. Já o alongamento cus-ta de R$ 600 a R$ 1 mil”, explica. Braz atende de dez a 15 pessoas querendo vender cabelo

e entre três e quatro buscando alongamento. “O movimento vem crescendo bastante. As mu-lheres querem looks como o das celebridades”.

Cabelo de celebridade

A exemplo do Rock in Rio, o Brasil deve

exportar mais um festival de música.

A direção do Planeta Terra Festival, que acontece há cinco anos em São

Paulo, confirmou a intenção de levar o

projeto para o Peru. Ainda não há data

definida para as apresentações em

Lima, mas Alexandre Cardoso, diretor

de Marketing do Terra para América

Latina e Estados Unidos, trabalha com

a possibilidade de o evento acontecer

entre o fim deste ano e o começo de

2012. O executivo está em fase de ne-

gociação com os músicos e as bandas

que devem subir no palco limenho.

Segundo a empresa, a exportação

do festival se deve à crescente deman-

da do público em outros países onde

o Terra atua. A empresa estuda ainda

levar o Planeta Terra Festival para ou-

tras capitais da América Latina.

O portal Terra atua em 17 países da

região, além dos Estados Unidos. A au-

diência média mensal é de 81 milhões

acessos. O Planeta Terra Festival acon-

tece em São Paulo em 5 de novembro.

Terra exporta festival de música

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28 AméricaEconomia Setembro, 2011

NEGÓCIOS Varejo

Festa nointerior

AUMENTO DA RENDA E TERRENOS MAIS BARATOS LEVAM EMPRESAS DE SHOPPING CENTERS A BUSCAR

OPÇÕES FORA DAS CAPITAIS

CHIARA QUINTÃO, DE SÃO PAULO

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ação

O município de Chapecó, a 550 quilômetros da capital Florianópolis, tem 183,5 mil habitantes e se destaca como importante polo agroindustrial. Estão na ci-

dade, a maior do oeste catarinense, uma importante unida-de de produção da BRF (Brasil Foods) e frigoríficos e granjas da Aurora Alimentos. Do aeroporto da cidade partem voos de quatro companhias: Gol Linhas Aéreas, Avianca, TRIP Linhas Aéreas e NHT. Mas, na hora de fazer compras, as opções se limitavam ao comércio de rua local ou a enfrentar ho-ras de viagem para chegar ao shopping mais próximo. O crescimento da renda, a ausência de concorrentes e a necessidade de um aporte menor de recursos em com-paração com o necessário para uma ope-ração em uma capital criaram o ambien-te ideal para a cidade ganhar o primeiro shopping, inaugurado neste mês.

Os dois sócios do Shopping Pátio Chapecó, a King Participações e a AD Shopping, investiram, juntos, R$ 100 mi-lhões. Eles não estão sozinhos nesse mo-vimento, que ganha cada vez mais força no setor: a aposta em empreendimentos no interior do país. Os principais grupos ligados ao segmen-to de shoppings no Brasil estão na mesma direção.

A mudança de estratégia não ocorre por acaso. Resulta da combinação de potencial de mercado, oferta restrita ou inexistente desse tipo de centro comercial, terrenos com cus-to médio mais baixo do que nas capitais e aumento dos ní-veis de renda e emprego da população.

“Enxergamos a oportunidade de desenvolver shopping centers em cidades onde a concorrência é menor. Todos os nossos novos projetos são no interior, onde os terrenos são mais baratos e a aprovação de projetos, muito mais rápida”, diz o diretor-presidente da AD Shopping, Helcio Povoa. A AD participa como minoritária de três projetos desenvol-vidos no interior de São Paulo – Sorocaba, Botucatu e Pin-damonhangaba – e outro, em Marabá (PA). Nos próximos 12 meses, a empresa dará início à construção de mais cinco shoppings. Ao todo, incluindo o Pátio Chapecó, o investimento total nesses projetos chega a R$ 1 bilhão.

Uma das justificativas de o setor estar tão interessado em novos merca-dos é a expansão da renda no interior em patamar acima da registrada nas capitais. Entre 2000 e 2010, o cresci-mento real (descontada a inflação) da renda média familiar mensal das cida-des do interior foi de 52,4%, acima dos 50,7% das capitais no mesmo período, de acordo com cálculos da consultoria

Connection Research, com base em dados do IBGE (Insti-tuto Brasileiro de Geografia e Estatística). O levantamen-to inclui, na categoria “capitais”, as grandes cidades das re-giões metropolitanas.

O crescimento da renda nos rincões do país foi o que levou a paulistana Urbia Commercial Properties a mudar sua estratégia de atuação. Criada para produzir centros de

conveniência para grandes cidades, a empresa nem chegou a executar esses projetos e se voltou para shoppings no in-terior, interessada na demanda da crescente classe média. Em maio passado, inaugurou seu primeiro projeto, o Uni-que Shopping Parauapebas, desenvolvido em parceria com a Premium Engenharia e a WTorre Engenharia, no municí-pio de Parauapebas, no sudeste do Pará, com investimento de quase R$ 60 milhões.

A economia de Parauapebas, cidade com cerca de 154 mil habitantes a 706 quilômetros de Belém, gira em torno de Cara-jás, maior mina de ferro a céu aberto do mundo, operada pe-la Vale. “É um centro gerador de fluxo e recursos financeiros na região”, diz o superintendente do Unique Shopping, Tel-mo Mendes. Circulam pelo empreendimento tanto a popula-ção local quanto a flutuante, levada à região por atividades relacionadas à Vale. “Esperávamos 4,5 mil pessoas por dia,

mas o fluxo médio tem sido de 8,5 mil a 9 mil visitantes”, conta Mendes. Tra-ta-se de um shopping de pequeno porte, com 14,5 mil metros quadrados de ABL (área bruta locável), ou seja, de espaço destinado à locação, ancorado por qua-tro redes varejistas, duas delas nacio-nais: Lojas Americanas e Marisa.

Essa atratividade do interior se re-flete nas estatísticas do setor: dos 14 empreendimentos do gênero com inau-guração prevista para acontecer entre setembro e novembro no país, oito

a 9 mil visitantes”,ta-se de um shoppincom 14,5 mil metro(área bruta locáveldestinado à locaçãtro redes varejistanais: Lojas Americ

Essa atratividaflete nas estatísticempreendimentos guração prevista p

70%dos shoppings

inaugurados em 2011 estão

fora das capitais

O PRIMEIRO SHOPPING DE CHAPECÓ ABRE SUAS PORTAS NESTE MÊS

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30 AméricaEconomia Setembro, 2011

NEGÓCIOS Varejo

estão fora das capitais, segundo a Abras-ce (Associação Brasileira de Shopping Centers), assim como seis dos oito já abertos em 2011. De todas as inaugura-ções do ano, 70% estão fora das capitais. A participação do interior no total em operação, de 47%, conforme os critérios da Abrasce, está próxima da parcela da capital (53%). “A tendência é que o cres-cimento ocorra em proporção gradual-mente maior em cidades que não são capitais”, diz a superintendente de Ope-rações da Abrasce, Adriana Colloca. Pa-ra ser considerado shopping pela Abras-ce, um centro comercial precisa ter administração centralizada e mais de cinco mil metros quadrados de ABL.

No fim de 2010, segundo a Alshop (Associação Brasileira dos Lojistas de Shopping), 50,13% desses centros de compras estavam nas capitais e 49,87%, no interior. Pelos critérios da associa-ção, que inclui galerias comerciais co-mo parte do segmento, o interior já é lí-der em número de empreendimentos. “Ainda não tenho o número consolida-do, mas, com as inaugurações do pri-meiro semestre, o interior certamente superou as capitais”, diz o presidente da Alshop, Nabil Sahyoun.

DE OLHO NAS CLASSES B E CPara alcançar o maior número possível de consumidores, as empresas têm produzido no interior, principalmente, centros comerciais para as faixas de renda B e C. “Quem sustenta shopping centers no Brasil são as classes B e C. A classe A não é tão representativa e tem condições de fazer compras fora do país”, diz Povoa, da AD.

Marcos Romiti, dono da Nassau Empreendimentos Imo-biliários, investiu na interiorização de sua empresa, com foco nas faixas B e C. Ele desenvolveu seu primeiro projeto no in-terior há uma década. Mas foi com o ritmo maior de cresci-mento da renda nessas cidades, nos últimos anos, que voltou as atenções para outras praças. “Várias oportunidades de ne-gócio têm surgido. Cerca de 40% do nosso portfólio está no interior, parcela que subirá para 70% em três anos.”

Todos os cinco projetos da Nassau em desenvolvimento têm entre 20 mil e 30 mil metros quadrados de ABL e estão

Renda média

individual em

dezembro de

2010 (em R$ mil)

Variação da

renda entre

2006 e 2010

Força regionalCrescimento das

cidades fora das

capitais onde

serão inaugurados

shopping centers

até o fim do ano

BRASIL

Fontes: Rais/Abrasce

Barueri

Campinas

Caraguatatuba

São Caetano

Capital

6,10%

4,00%

31,30%

1,17%

4,60%

Estado de São Paulo

Uberlândia

Capital

15,47%

8,76%

Minas Gerais

Serra

Capital

8,50%

20,20%

Espírito Santo

Blumenau

Chapecó

Capital

19,80%

11,50%

16,70%

Santa Catarina

2,34

2,25

1,43

2,04

2,36

1,49

2,01

1,64

1,33

2,83

1,57

2,53

Parcerias com âncoras são parte do negócioA parceria com as grandes redes varejistas, as chamadas “âncoras”, é fundamental na corrida das empresas de shopping

para o interior. Nessa trajetória, as regiões com maior potencial de crescimento para essas redes são cidades com mais de

100 mil habitantes do interior de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia, Pará, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande

do Sul, segundo o diretor-executivo da ABF (Associação Brasileira de Franchising), Ricardo Camargo. E quem puxa a fila são

redes de alimentação, perfumaria e cosméticos, calçados e vestuário.

Conforme o tamanho dos municípios, as varejistas preferem abrir lojas de menor porte. A Renner, por exemplo, tem

preferido a expansão, no interior, em cidades com abrangência potencial de 400 mil habitantes. Mas, quando o limite

não passa de 200 mil habitantes, a alternativa é oferecer lojas compactas.

“É importante administrar um mix balanceado, sem super nem suboferta. O shopping não cria demanda, mas orga-

niza o varejo que já existe”, diz o diretor de Marketing e Varejo da General Shopping Brasil, Alexandre Dias. O sucesso

dos empreendimentos depende também da parceria com varejistas locais. “Para a população, às vezes a ancoragem

local é mais importante que a nacional”, afirma Dias.

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Setembro, 2011 AméricaEconomia 31

fora das capitais. Um deles será erguido em Rio Verde (GO), com 25 mil metros quadrados de ABL, desenvolvido em par-ceria com a Terral Shopping Centers. O terreno foi compra-do recentemente, e a expectativa é de que as obras sejam con-cluídas até o início de 2014.

Outra aquisição recente de terreno no interior pela Nas-sau foi em Ribeirão Preto (SP). De modo geral, o custo mé-dio das áreas no interior é inferior ao das capitais, mas isso não assegura maior rentabilidade nos novos mercados, pois o valor dos aluguéis é mais baixo no interior. “O nível mí-nimo de rentabilidade é igual, e o retorno de um shopping ocorre, em média, em seis ou sete anos, independentemen-te do local”, diz Romiti.

PIONEIRISMOAinda que seja recente o interesse das empresas de shoppingpelo interior do país, o embrião desse movimento nasceu em 1980, quando a Iguatemi Empresa de Shopping Centers inaugurou o Shopping Center Iguatemi Campinas. Mas foi a partir dos recursos captados no IPO (oferta inicial de ações, na sigla em inglês) que o interior começou a ganhar mais espaço nos negócios da Iguatemi, primeira empresa do setor a abrir capital. “Antes, talvez não fosse possível ter essa estratégia numa empresa como a nossa”, conta a dire-tora Financeira e de Relações com Investidores da compa-nhia, Cristina Betts.

Atenta à menor oferta de empreendimentos e ao poten-cial consumo decorrente do enriquecimento das cidades do interior, a Iguatemi tem quase R$ 800 milhões de investimen-tos em curso nos projetos que desenvolve nas cidades de Ri-beirão Preto, Votorantim, Jundiaí e São José do Rio Preto – todos no interior paulista. Se somados os aportes no Shopping Iguatemi Alphaville, em Barueri (Grande São Paulo), inau-gurado em abril, o valor se aproxima de R$ 1 bilhão. No port-fólio total de novos projetos da companhia, apenas o JK está em uma capital, São Paulo. “Ainda há muitas oportuni-dades no interior paulista”, diz Cristina.

Setor também vai às comprasUma estratégia para crescer no interior é por

meio de aquisições de ativos. Em agosto, a

BR Malls, maior empresa do setor em ABL

(área bruta locável), anunciou a compra de

70% da Alvear Participações. Assim, passou a deter

participação no Catuaí Shopping Londrina, no Catuaí

Shopping Maringá e no Londrina Norte Shopping,

além de parte de um terreno para a construção do

Catuaí Shopping Cascavel. Os investimentos na com-

pra dos dois shoppings já em operação e do terreno e

os aportes no desenvolvimento dos outros dois pro-

jetos chegam a R$ 792 milhões.

A decisão da BR Malls de adquirir shoppings em

capitais ou cidades do interior depende das oportu-

nidades. “Estamos atrás de bons ativos, estejam on-

de estiverem”, afirma o diretor Financeiro e de Rela-

ções com Investidores, Leandro Bousquet. Em maio,

a BR Malls divulgou estimativa de investimento de

R$ 1,5 bilhão em aquisições até o fim de 2012. Já a

estratégia de desenvolvimento prevê a entrega de

pelo menos dois novos projetos por ano. Tanto em

2012 quanto em 2013, a companhia terá uma inau-

guração em capital, uma em região metropolitana e

uma no interior.

Outra empresa do setor a anunciar, recentemen-

te, aquisição foi a Aliansce Shopping Center, que com-

prou da Vértico, no fim de julho, 75% do Shopping

Nações, por R$ 145,8 milhões. O empreendimento fi-

ca em Bauru (SP) e tem previsão de inauguração no

quarto trimestre de 2012. A Aliansce prevê inaugu-

rar também, na mesma época, o Boulevard Shop-

ping Vila Velha, na Região Metropolitana de Vitória.

Do portfólio de 19 shoppings da empresa, oito não es-

tão em capitais.

OS SHOPPINGS NO INTERIOR

PASSARÃO DE 40% PARA 70% DO

PORTFÓLIO DA NASSAU, DE ROMITI.

À DIREITA, O UNIQUE SHOPPING

PARAUAPEBAS, DA URBIA

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Page 28: Nº 403 Edição Brasil

32 AméricaEconomia Setembro, 2011

NEGÓCIOS Varejo

Estrangeiros buscam receita no Brasil

As perspectivas para o

setor de shopping cen-

ters no Brasil chamam a

atenção de investidores

estrangeiros. No começo

de agosto, o grupo aus-

traliano Westfield, um

dos líderes mundiais no

setor, adquiriu 50% da

empresa de shoppings

com atuação regional Al-

meida Junior. O valor do negócio, que deu origem

à Westfield Almeida Junior Shopping Centers, so-

ma R$ 1,5 bilhão e inclui a participação adquirida e

o valor a ser investido na nova empresa.

A operação é a primeira investida da Westfield

fora de mercados de língua inglesa. A companhia

possui 119 shoppings, divididos entre Austrália, Es-

tados Unidos, Reino Unido e Nova Zelândia.

O foco de atuação da Almeida Junior é o merca-

do de Santa Catarina, onde possui quatro empreen-

dimentos em operação, dois deles em Blumenau,

no Vale do Itajaí. O mais recente, o Blumenau Norte

Shopping, foi inaugurado em maio, com 32 mil me-

tros quadrados de ABL (área bruta locável).

O município catarinense, de forte influência

germânica e com quase 300 mil habitantes, tem

chamado a atenção das empresas da área de

shoppings e atraído investimentos. De 2006 a

2010, a renda média individual de Blumenau cres-

ceu 19,80%, acima da capital Florianópolis, que te-

ve expansão de 16,70%, de acordo com a Rais (Re-

lação Anual de Informações Sociais do Ministério

do Trabalho e Emprego).

Em novembro, a cidade catarinense passará a

contar com seu terceiro centro comercial desse ti-

po, o Shopping Park Europeu, cujos investimentos

somam R$ 160 milhões. O empreendimento, de-

senvolvido pela Shopinvest, do Grupo João Fortes,

e pela Ghislandi, tem 33 mil metros quadrados de

ABL, com mix de lojas voltado para as classes mé-

dia e média-alta.

É o primeiro projeto do Grupo João Fortes, co-

nhecido no mercado de incorporação e constru-

ção. O grupo também desenvolve um shopping em

Cabo Frio (RJ) e começa a planejar outro novo em-

preendimento, que será construído, provavelmen-

te, em Volta Redonda (RJ).

Embora a maior parte dos projetos do setor no interior seja direcionada para as classes B e C, a Iguatemi considera que existe oportunidade de atender também a classe A. “A região de Ribeirão, por exemplo, é rica, diversificada e com distribuição de renda razoável”, afirma a executiva. Mas não há expectativa de encontrar o público elitizado do Iguatemi São Paulo. “O Iguatemi São Paulo exala o glamour que uma marca é capaz de transmitir. No interior, nossos shoppings não simbolizam marcas, mas o mix adequado para a região”, compara Cristina.

INTERIOR PRÓXIMO No processo de interiorização, não só os rincões do país cha-mam a atenção de quem investe no setor. “É um caminho natural crescer nas cidades das regiões metropolitanas”, diz o diretor de Marketing e Varejo da General Shopping Bra-sil, Alexandre Dias. Dos13 empreendimentos da compa-nhia em operação, seis estão em cidades da Região Metropo-litana de São Paulo – Gua-rulhos, Suzano, Itupeva e Osasco –; dois, em outras cidades do estado; três, na capital; e outros dois, no in-terior do Paraná e do Rio Grande do Sul.

Em novembro, a Gene-ral Shopping inaugura, em Barueri (Grande São Paulo), o Parque Shopping Barueri, com 37 mil metros quadra-dos de ABL, o terceiro cen-tro comercial desse tipo na cidade, que vai atender tam-bém municípios como Cara-picuíba, Cotia, Jandira e San-tana do Parnaíba.

CRISTINA: AINDA HÁ MUITAS

OPORTUNIDADES NO

INTERIOR DE SÃO PAULO

O BLUMENAU NORTE SHOPPING FOI INAUGURADO EM MAIO. A CIDADE

TERÁ MAIS UM EMPREENDIMENTO DO SETOR EM NOVEMBRO

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Page 29: Nº 403 Edição Brasil

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Page 30: Nº 403 Edição Brasil

opinião

34 AméricaEconomia Setembro, 2011

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A ascensão da nova classe média no país tem sido um dos temas mais propalados por analistas, pela im-prensa e, claro, pelos políticos brasileiros nos últimos

anos. De fato, segundo estimativas de estudo da Fundação Getulio Vargas (FGV), realizado em conjunto com o Banco Itaú, entre 2003 e 2009 cerca de 38 milhões de brasileiros – quase 25% da população do país – ingressaram nas classes A, B e C. Isso significa um aumento relevante do potencial de consumo da economia, não apenas pelo ganho de renda, mas principalmente pelo acesso ao crédito.

Tão interessante quanto o avanço da população na pirâ-mide social é notar que esse ganho foi de fato bem distribuí-do entre as regiões do país. Uma análise mais detalhada do estudo citado acima mostra, por exemplo, que o estado que experimentou o maior ganho proporcional da classe A1 – aquela que engloba domicílios com renda agregada superior a R$ 13 mil por mês – foi o Acre. Em 2009, 4% da população do estado já pertencia à camada de renda mais elevada, contra apenas 1% em 2003. Outros estados do interior do país, co-mo Roraima, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, mais do que dobraram a par-cela de suas populações nessa classe. Já o estado que contava com a maior parcela da população na classe A1 em 2003, o Rio de Janeiro, também avançou, mas de manei-ra mais modesta: de 3,1% para 4,4% em 2009.

Saindo da elite e olhando para o consumo de massa, a conclusão se mantém. O Tocantins, por exem-plo, contava com 7% de sua população na classe C1 – com renda entre R$ 2.600,00 e R$ 6.700,00 mensais – em 2003. Em 2009, já eram 14% da população. Outros estados que se destacaram no avanço da classe C1 foram Maranhão, Per-nambuco e Mato Grosso do Sul, para citar alguns. Os mais

ricos, como São Paulo e Minas Gerais, também registraram um importante ganho nessa faixa de renda.

Quais as razões para esse ganho tão bem espalhado pelo país? Em primeiro lugar, o crescimento mais acelerado do PIB, puxado pela política macroeconômica bem organizada dos últimos 16 anos, atende algumas reformas pontuais e o crescimento dos países emergentes na economia mundial, especialmente da China. Outra razão, ligada diretamente a esta última, é o avanço dos preços das commodities interna-cionais nos últimos anos. Esse movimento multiplicou a renda do agronegócio, importante no interior do Brasil, e dos setores ligados à mine-ração, com destaque para a Re-gião Norte.

Finalmente, vale ressaltar também os programas sociais, especialmente o Bolsa Família, cujos efeitos distributivos têm sido comprovados por diversos estudos da área.

Olhando para a frente, uma boa notícia. O estudo ainda sugere que o processo de avanço da classe média deve con-tinuar acelerado até 2014, pelo menos. Isso aponta para um mercado consumidor ainda pujante e que se espalha pelas cinco regiões do país. O potencial de demanda interna é um ativo valioso, especialmente nas condições complicadas vividas pelas economias centrais.

CAIO MEGALE é mestre em Economia pela PUC-Rio e economista do Itaú BBA ([email protected]).

Distribuição de renda e consumo

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Page 31: Nº 403 Edição Brasil

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36 AméricaEconomia Setembro, 2011

NEGÓCIOS Mineração

Uma esperança para o

EquadorPERTO DE INICIAR A EXPLORAÇÃO

MINERAL EM GRANDE ESCALA, O PAÍS ESPERA ENTRAR NO MAPA

DE INVESTIMENTOS

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CORREA ESTÁ MAIS PRÓXIMO

DOS INVESTIDORES

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E m abril de 2008, os execu-tivos de oito empresas mi-neradoras de origem cana-

dense se reuniram com o presidente equatoriano, Rafael Correa. O cli-ma era tenso. Poucos dias antes do encontro, a Assembleia Consti-tuinte do Equador havia aprovado o mandato que extinguiu cerca de 80% dos títulos de concessão mi-neradora nas mãos das empresas. A Câmara de Comércio Equador-Canadá advertiu, em um de seus boletins, que as empresas, impac-tadas pela decisão do governo, per-deriam cerca de US$ 1,570 bilhão no mercado de ações.

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Page 33: Nº 403 Edição Brasil

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38 AméricaEconomia Setembro, 2011

NEGÓCIOS Mineração

Dominic Channer, vice-presiden-te de Assuntos Externos e Responsa-bilidade Corporativa da mineradora Kinross, lembra como Correa os tran-quilizou. “Ele nos disse que o gover-no precisava de um tempo para mon-tar o que seria uma atividade mineral responsável no país, nos pediu paciên-cia e disse: vocês poderão avançar com seus projetos.”

As declarações pareceriam impen-sáveis, vindas de um mandatário do ei-xo bolivariano, que bateu de frente con-tra multinacionais como a americana Chevron e a brasileira Odebrecht. Ao mesmo tempo que causou estranheza, esse apoio à grande mineração desper-tou a ira de organizações ambientais e de líderes indígenas, como o combativo Salvador Quishpe, prefeito da provín-cia de Zamora Chinchipe, no extremo sudeste da Amazônia equatoriana.

Quishpe, ex-deputado do partido Pachakutik e uma espécie de Evo Mo-rales local, sempre se opôs à mineração em grande escala e denunciou a exis-tência de uma “mineração sem planeja-mento, desordenada, inconstitucional, graças às decisões tomadas em Quito”. O líder é um detrator das licenças am-bientais já concedidas e organizou con-sultas populares para expulsar as mine-

radoras estrangeiras do Equador.Apesar do ambiente hostil e de o

novo modelo de regulação mal ter saí-do do papel, a exploração mineral no país já dá sinais de ter um grande po-tencial. O governo calcula que vai re-ceber em 2012 entre US$ 100 milhões e US$ 200 milhões em royalties de mi-neração. Em julho passado, às véspe-ras do início da exploração mineral em grande escala, o governo anunciou a

a tributação em si”, afirma o analis-ta César Espinosa. Para Ian Harris, vi-ce-presidente sênior da EcuaCorriente, subsidiária equatoriana da canaden-se Corriente Resources, o segredo está na clareza do contrato: “Grande parte da proteção ao investimento depende desse documento”.

O artigo 408 da Constituição do Equador determina que o Estado par-ticipará dos lucros da exploração de re-cursos naturais em um montante não inferior ao da empresa, isto é, pelo me-nos 50%. E o cálculo não é uma questão secundária. Segundo o artigo 93 da Lei da Mineração, somam-se o imposto de renda, o imposto sobre valor agregado (não sujeito a restituição), o imposto so-bre lucros extraordinários (equivalente a 70% das receitas adicionais, quando o mineral é vendido acima de um pre-ço-base), 12% dos lucros e um royalty de pelo menos 5% sobre as vendas.

“É compreensível e razoável. Co-mo equatorianos, queremos sentir que a riqueza nos é devolvida em termos de desenvolvimento”, afirma Laura Zuri-ta, presidente da Câmara de Minera-ção do Equador.

O resto do “coquetel tributário” é composto de taxas fixas, salvo o royal-ty e o preço-base do mineral.

As empresas esperam que o gover-no reconheça as particularidades da ati-vidade mineradora e de cada projeto. Laura afirma, por exemplo, que é mui-to diferente falar de ouro e de cobre. Um quilo de cobre vale US$ 9,7, contra US$ 52,91 de um quilo de ouro. Os gas-tos operacionais também variam. Pa-ra o processamento do cobre, é preci-so um forte investimento em moagem e em processos mais físicos, enquanto para obter ouro há mais procedimen-tos químicos.

O vice-ministro Auquilla sustenta que o Estado levou em conta a dinâmi-ca da mineração, em particular a vola-tilidade dos preços e a necessidade de fazer uma análise de longo prazo para calcular o preço-base. Auquilla, inclu-sive, reconhece que a participação do Estado em pelo menos 50% dos lucros

O novo modelo de regulação dosetor enfrenta a resistência de

organizações não governamentais

e políticos de oposição, que defendemos direitos das pequenas mineradoras

identificação de 28 novas áreas de ope-ração, que entrarão na primeira roda-da de licitação, no último trimestre do ano. O processo faz parte do Plano Na-cional de Desenvolvimento Mineral, que prevê a reativação da atividade.

QUESTÃO DE NÚMEROSTrês anos depois da reunião entre Cor-rea e os canadenses, a nova regra pa-ra a atividade de mineração será pos-ta à prova. “Enviaremos ao exterior um sinal de que estamos dispostos a trabalhar com investidores privados”, analisa César Espinosa, especialista e ex-presidente da Câmara de Minera-ção do Equador.

No Equador, a mineração ainda está engatinhando. Para diminuir as diferenças com seus vizinhos, o go-verno tem impulsionado, segundo o vi-ce-ministro de Mineração, Federico Auquilla, uma segunda onda minera-dora. Após dar sinal verde para os pro-jetos, prevê abrir caminho para que um grupo de pelo menos oito empre-sas conclua os trabalhos de exploração e os estudos de viabilidade para então negociar com o Estado.

Fazem parte do grupo empresas co-mo Odin Mining, com o projeto Can-grejos (na província de El Oro); Cor-

nerstone Capital Resources Inc. e seu projeto Shyri (na província de Azuay); Ecometals, com a jazida Río Zarza (em Zamora); Elipe e seu Dynasty (em El Oro); e Cóndor Mining, com o projeto Cóndor (em Zamora).

Apesar dos avanços, as empresas ainda estão preocupadas. “O Código da Produção apenas estabiliza os incenti-vos tributários [incluída a baixa paulati-na no imposto de renda até 22%], mas não

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Setembro, 2011 AméricaEconomia 39

não poderá ser aplicada anualmente, em função da natureza da atividade – um investimento inicial bastante ele-vado e lucros que só vêm depois de, no mínimo, dois anos. “No setor petrolei-ro, extraio petróleo e vendo petróleo. Mas aqui não extraio cobre e vendo co-bre, tampouco exportamos ouro. Aqui, extraio concentrados ou ligas que ne-gociarei no mercado”, afirma.

QUESTÃO DE TERRATudo leva a pensar que a relação entre as empresas e o Estado se encontra em consenso, salvo por alguns detalhes. Por outro lado, a realidade dos terri-tórios e suas organizações dá sinais de

maior complexidade. No Chile e no Pe-ru, dois grandes líderes mineradores da região, essa indústria exerce uma enor-me pressão sobre a água, recurso bási-co para as comunidades e fonte de um crescente número de conflitos. E tam-bém tira espaço dos mineradores ar-tesanais, que exercem a atividade em condições precárias. É a razão da ban-deira levantada por Quishpe em Zamo-ra Chinchipe.

O governo afirma estar comba-tendo a mineração ilegal. “Há pes-soas que, sob o chapéu de ‘sou mine-rador artesanal’, têm uma máquina de US$ 200 mil, exploram o recur-so sem se sujeitar a nenhuma nor-

ma e se recusam a negociar com o Estado para regularizar sua situa-ção”, afirma Auquilla, citando como exemplo os confiscos de maquinário de campos ilegais feitos pelo Exérci-to na província de Esmeraldas, no no-roeste do país.

Para Rafael Correa, aqueles que se opõem à extração dos recursos na-turais têm uma posição “infantilista”, rótulo no qual inclui tanto Quishpe quanto Alberto Acosta, ex-presiden-te da Assembleia Constituinte e um de seus ex-colaboradores. E isso não é tão surpreendente para um governante de esquerda: ele precisa de caixa fiscal e, por ora, sobram-lhe votos.

A MINERADORA CANADENDE KINROSS É UMA DAS INTERESSADAS EM EXPANDIR OS NEGÓCIOS NO EQUADOR

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40 AméricaEconomia Setembro, 2011

NEGÓCIOS Bebidas

APÓS DESPEJAR R$ 3,95 BILHÕES NA SCHINCARIOL, A KIRIN TERÁ DE SE PREPARAR PARA ENFRENTAR PROBLEMAS ENTRE HERDEIROS E CONCORRENTES COMO AMBEV E HEINEKEN

ADRIANO SCHINCARIOL

TRAVA UMA BATALHA

JUDICIAL COM OS PRIMOS

PARA VENDER A EMPRESA

N os últimos anos, o brasileiro, vaidoso com a qualidade da cerveja nacional, passou a ex-

perimentar outros sabores e naciona-lidades. Entraram na carta variações como larger, bock, ale e weissbier, com produção nacional e, principalmente, importadas de países como Alemanha, Inglaterra e Bélgica. Agora, o Brasil passa a ter mais um sotaque nas mesas de bar com a chegada da japonesa Ki-

rin, que desembarcou no país com sua operação cervejeira por meio da aquisi-ção do controle da Schincariol, que, no ano passado, teve vendas de R$ 5,67 bi-lhões (US$ 3,53 bilhões).

No início de agosto, a Kirin pagou R$ 3,95 bilhões (ou US$ 2,57 bilhões) pela Aleadri-Schinni Participações e Representações, dos irmãos Adriano e Alexandre Schincariol, detentora de 50,45% da fabricante de bebidas. Fo

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O valor pareceu alto para quem acompanha de perto a indústria cer-vejeira. Afinal, a Schincariol (que tem marcas como Schin, Devassa e Baden Baden) é dona de 11% de um mercado que, em 2010, faturou R$ 14,6 bilhões. Mas a aquisição foi a forma encontra-da pela Kirin para entrar no país já com uma boa base de negócios estabelecida, sem ter de se preocupar com a cons-trução de fábricas, o desenvolvimen-

Risco de ressacaPAULA PACHECO, DE SÃO PAULO

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Setembro, 2011 AméricaEconomia 41

to de canais de distribuição e a criação de uma marca. “Esta é uma rara opor-tunidade de comprar uma empresa in-fluente”, disse Senji Miyake, presiden-te da multinacional.

Mais do que o ativo adquirido, in-teressou à Kirin o potencial de vendas encontrado no Brasil. “Não sobraram muitos lugares para crescer em volu-me no setor de cerveja mundial. Entre os atrativos brasileiros, o principal é o crescimento esperado para os próxi-mos anos”, avalia Renato Prado, ana-lista do Banco Fator.

O país é o quarto colocado no mer-cado mundial em consumo de cerve-ja, atrás de Estados Unidos, China e Alemanha. Com a melhora do poder de compra do brasileiro, as vendas têm crescido a boas taxas nos últimos anos – entre 2009 e 2010, o faturamento do setor aumentou 12%. A previsão para 2011 é de pelo menos 10% de alta. “O consumo de cerveja é muito sensível à renda”, explica o analista de Bebidas Rafael Cintra, da Link Corretora.

Para a Kirin, segunda maior cerve-jaria do Japão, a compra do controle da Schincariol é mais uma casa conquis-tada no tabuleiro da internacionaliza-ção da empresa, que em 2009 já havia comprado, por US$ 3,9 bilhões, a aus-traliana Lions Nathan. Desde 2005, a Kirin desembolsou US$ 12 bilhões em aquisições. Segundo dados da agên-cia Bloomberg, no ano passado, 23% do faturamento veio de negócios fora do país-sede. Em 2005, o faturamento no exterior respondia por apenas 14% da receita. A companhia informou em co-municado: “A aquisição irá se somar à estratégia internacional integrada de bebidas do grupo, dando à Kirin uma sólida base no mercado brasileiro, que apresenta rápido crescimento, em adi-ção à base já existente nas regiões da Ásia e da Oceania”.

Outras cervejarias japonesas tam-bém aderiram à estratégia de interna-cionalização por meio de aquisições, como mostram dados da consultoria Dealogic. Só neste ano, já foram US$ 4 bilhões em negócios. Uma das expli-

cações é o comportamento do merca-do local, que, no primeiro semestre des-te ano, registrou uma retração de 3,5% nas vendas de cerveja.

ARRUMAÇÃOApesar de comprar o pacote fechado, a Kirin terá de lidar com alguns proble-mas. Um deles já é bem conhecido: dívi-das de R$ 1,9 bilhão (valor referenciado em 2010). A soma bilionária é questio-nada pela empresa junto à Receita Fe-deral e foi desencadeada na Operação Cevada, da Polícia Federal, que em 2005 prendeu cerca de 60 pessoas por suspeita de sonegação de impostos – en-tre elas, Adriano Schincariol.

Outra dificuldade poderá vir da concorrência, a começar da Ambev, dona de 69% das vendas nacionais de

cerveja e conhecida por um time de executivos com perfil implacável com os competidores. Além disso, a Kirin terá pela frente a Petrópolis, dona da cerveja Itaipava, que tem quase a mes-ma participação de mercado, de 10,2%. Por último, espera-se uma reação da Heineken, que detém 8,4% de partici-pação de mercado e entrou no país por meio da compra da divisão de cervejas da mexicana Femsa, em um negócio fe-chado no início de 2010.

Mas o que deve tirar o sono dos exe-cutivos da Kirin é a disputa interna na família Schincariol. Donos de 49,5% da empresa, os primos Gilberto, Danie-la e José Augusto Schincariol levaram a aquisição para a Justiça sob a alega-ção de que teriam direito de preferên-cia, ou seja, deveriam ter sido consul-tados primeiro a respeito do interesse dos sócios da Aleadri-Shinni de se des-fazer das ações. Os representantes ju-rídicos de Adriano e Alexandre dizem que essa cláusula contratual não exis-te. O caso saiu da Justiça de Itu (cidade do interior paulista onde fica a sede da Schincariol) e foi parar na Câmara de Direito Empresarial do Tribunal de Jus-tiça de São Paulo, que, no fechamento desta edição, decidiu manter a decisão da Justiça ituana de suspender a venda para a Kirin.

SENJI MIYAKE, PRESIDENTE

DA KIRIN, ESTÁ DE OLHO NO

POTENCIAL DE VENDAS

OFERECIDO PELO BRASIL

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setor cervejeiro no país em 2010

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38 AméricaEconomia Setembro, 2011

NEGÓCIOS Infraestrutura

Investimentosa todo vapor

ESQUECIDO POR DÉCADAS, O SETOR METROFERROVIÁRIO VOLTA A CHAMAR A ATENÇÃO DO GOVERNO E DA INICIATIVA PRIVADA

GRAZIELE DAL-BÓ, DE SÃO PAULO

A expansão da economia brasi-leira, os eventos que o país re-ceberá nos próximos anos e a

necessidade de melhorar a mobilida-de urbana têm impulsionado um setor que por décadas ficou praticamente es-quecido no Brasil: o metroferroviário. Se a previsão do governo e da iniciati-va privada se confirmar, serão investi-dos, nos próximos anos, algumas deze-nas de bilhões de reais na área.

A iniciativa privada – tanto nacio-nal quanto estrangeira – está atenta ao momento favorável e vê no país uma oportunidade para aumentar a receita e Fo

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ampliar os negócios com o crescimento da demanda por vagões e locomotivas. A Bombardier Transportation, divisão de equipamentos para transporte da gi-gante canadense, é uma das empresas que miram o Brasil. Entre os contratos que a companhia assinou recentemen-te no país estão a renovação dos trens da Linha 1 do Metrô de São Paulo, cujo primeiro carro já está em fase de homo-logação, e o projeto de expansão da Li-nha 2 – também do metrô paulistano –,que ligará a Cidade Tiradentes à VilaPrudente, na Zona Leste da cidade. Nes-te último, previsto para operar em ple-

na capacidade em 2014, o trajeto será feito por meio do monotrilho – sistema constituído por um único trilho, que opera em vias elevadas.

É nessa área, aliás, que a Bombar-dier pretende focar sua estratégia. “Que-remos transformar o país em um centro de competência para monotrilhos”, ga-rante o português Luís Ramos, diretor de Comunicação e Relações Institucio-nais da empresa para a Europa do Sul, Brasil e Índia. Segundo Ramos, o pri-meiro dos 54 trens previstos para essa linha já está em construção, em Kings-ton, no Canadá, onde também está par-

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Setembro, 2011 AméricaEconomia 43

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te da equipe que trabalha na fábrica de Hortolândia, no interior paulista, pa-ra treinamento. O restante dos trens se-rá fabricado no Brasil. “Nossa previsão é termos entre 60% e 70% de conteú-do nacional”, diz Ramos.

A Bombardier também assinou um acordo com a SuperVia, operadora do serviço de trens urbanos da Região Me-tropolitana do Rio de Janeiro, para for-necer um sistema que reduzirá o inter-valo de circulação entre os veículos. Além disso, prospecta negócios com o metrô de Lima, no Peru. “A América Latina entendeu que a ferrovia é o meio de transporte mais eficaz para acompa-nhar o crescimento da região”, afirma.

MUITOS PROJETOSA escolha da Bombardier pelo Brasil foi seguida por outros competidores. Em meados de agosto, o grupo brasilei-ro MPE e a Scomi, sediada na Malásia, anunciaram a construção de uma fábri-ca no Rio de Janeiro para produzir 24 trens, que atenderão a Linha 17 do me-trô de São Paulo – ligação do aeroporto de Congonhas à rede metroferroviária –,em um contrato de R$ 1,35 bilhão.

Quem também tem planos para o Brasil é a Progress Rail Services, subsidiária da americana Caterpillar. Sem divulgar investimentos, a empresa anunciou que abrirá uma fábrica de lo-comotivas em Sete Lagoas (MG), com

projeção de gerar 600 empregos. A ja-ponesa Hitachi é outra multinacional que admitiu ter planos para o país. Já a espanhola CAF (Construcciones y Au-xiliar de Ferrocarriles) investiu R$ 200 milhões na instalação de uma fábrica de trens em Hortolândia (SP), para aumen-tar sua atuação no país.

Segundo projeções da Abifer (As-sociação Brasileira da Indústria Ferro-viária), com os projetos em andamento, a malha ferroviária brasileira deve pas-sar dos atuais 29 mil quilômetros para 50 mil quilômetros em 2025.

De 2008 a 2023, segundo o PNLT (Plano Nacional de Logística e Trans-portes), elaborado pelo Ministério dos Transportes, em cooperação com o Mi-nistério da Defesa, seria necessário in-vestir R$ 150,1 bilhões nas ferrovias do país. O valor é bem aquém do que al-guns especialistas acreditam ser pre-ciso aportar para colocar a malha em

boas condições. Essa é a avaliação do professor Paulo Resende, coordena-dor do Núcleo de Logística da Funda-ção Dom Cabral. “Precisaríamos de investimentos da ordem de R$ 500 bi-lhões nos próximos dez anos para re-verter o quadro negativo no setor de transporte de carga e passageiros”, cal-cula Resende.

LEGISLAÇÃOO aumento de investimentos metrofer-roviários tem a ver com uma decisão do governo federal, que publicou, em julho, um novo marco regulatório para o setor. As regras permitem o uso da capacida-de ociosa de uma linha férrea opera-da por uma empresa por concorrentes, desde que tenham os próprios vagões e trens, e garante que uma concessionária possa receber ou entregar cargas na ma-lha de outro concessionário.

Outra medida estudada pelo Legis-lativo é um projeto de lei (PL) que bus-ca incluir os bens destinados ao serviço de transporte ferroviário de passagei-ros no Regime Tributário para Incenti-vo à Modernização e à Ampliação da Estrutura Portuária, o chamado Re-porto. Até o fechamento desta edição, o PL, de autoria do deputado Leonar-do Quintão (PMDB/MG), aguardava parecer na Comissão de Finanças e Tri-butação (CFT) da Câmara. Caso apro-vado, o projeto possibilitará às empre-sas concessionárias ou responsáveis pela construção da malha ferroviária adquirir trilhos, carros de passageiros, locomotivas e outros equipamentos e materiais sem o recolhimento de con-tribuições como PIS/Pasep e Cofins. A isenção já é aplicada para portos e transporte ferroviário de cargas.

A BOMBARDIER

FECHOU ACORDO

COM O METRÔ DE SP

PARA A RENOVAÇÃO

DOS CARROS DA

LINHA 1

50mil quilômetros

deve ser o tamanho da malha ferroviária

do Brasil em 2025

O SETOR PRECISA DE

INVESTIMENTOS DE

R$ 500 BILHÕES NOS

PRÓXIMOS DEZ ANOS

PARA REVERTER O

QUADRO NEGATIVO

1

2

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44 AméricaEconomia Setembro, 2011

NEGÓCIOS Educação

De carona no real forteDÓLAR EM BAIXA INCENTIVA A PROCURA POR PROGRAMAS DE INTERCÂMBIO CHIARA QUINTÃO, DE SÃO PAULO

O CÂMBIO FEZ COM

QUE PEDRO MORETTI

PUDESSE PASSAR MAIS

TEMPO NOS EUA E

COMPRASSE UM iMAC

D epois de uma temporada de intercâmbio de seis meses nos Estados Unidos, o estudante

Pedro Moretti, 18 anos, voltou a São Paulo no fim de junho. Na bagagem, trouxe um iMac, uma câmera, um apa-relho de GPS, roupas e mais roupas, além da experiência de ter morado e estudado por três meses na Filadél-fia, por dois meses em San Diego e por um mês no Havaí. A viagem para estu-dar fora, com o objetivo de melhorar o inglês, estava planejada fazia tempo. Mas, se não fosse o real valorizado, a estadia seria mais curta, de quatro me-ses, e com mais restrições nos gastos com as compras. O iMac, por exemplo, teria ficado apenas na lista dos desejos. “O dólar baixo ajudou bastante, graças a isso meus pais puderam mandar mais dinheiro”, conta o estudante.

Assim como Moretti, outros estu-dantes e jovens profissionais têm apro-veitado o real valorizado para buscar programas de intercâmbio como pos-sibilidade de experiência no exterior

e qualificação. De acordo com dados da Belta (Associação Brasileira de Or-ganizadores de Viagens Educacionais e Culturais), o número de brasileiros que participam de programas de inter-câmbio deve chegar a 210 mil em 2011, 23,5% a mais que os 170 mil do ano passado e 50% superior ao de 2009.

Programas de idiomas respondem por 40% do total de intercâmbios e são procurados, principalmente, pelo públi-co de 17 a 27 anos, segundo a Belta. O interesse é maior por cursos de inglês, principalmente no Canadá e nos Esta-dos Unidos. Os países de língua inglesa abocanham a fatia de 70% do total. No STB (Student Travel Bureau), os paco-tes de intercâmbio cresceram 40% no primeiro semestre, em boa parte graças à cotação do real.“Pessoas antes semacesso a esses programas agora po-dem viajar por causa do dólar baixo”, diz a diretora-executiva do STB, San-tuza Bicalho.

Para quem vai comprar alguns dó-lares para uma viagem curta de férias, Fo

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pes

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uma queda de 5% a 10% na cotação da moeda pode não parecer muito. Mas, para aqueles que vão se comprometer com cifras maiores, como para ban-car uma viagem de estudo de alguns meses, o real forte faz toda a diferen-ça. Quem comprou, em maio passado, um programa de intercâmbio de férias da STB com duração de três semanas em Malibu (Estados Unidos) pagou R$ 8,6 mil. Um ano antes, essa mesma viagem teria custado quase 12% mais, ou cerca de R$ 1 mil – diferença sufi-ciente para adquirir um iPad e alguns presentes para os amigos.

Para muitos estudantes, o câmbio atual é fator preponderante na decisão de comprar pacotes para períodos mais longos. Essa foi uma das razões para o aumento de 60% no faturamento da agência de intercâmbio Experimento no primeiro semestre.

Não só os adolescentes têm impul-sionado as vendas de pacotes de inter-câmbio, mas também os profissionais que querem melhorar a comunicação

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em outro idioma. “As empresas têm exigido cada vez mais dos candidatos. A vivência no exterior aponta que o profissional é mais flexível e adaptável.Os headhunters levam em conta quem tem experiência fora”, diz o gerente de Treinamento da Experimento, Maurí-cio Pivetta. Segundo o executivo, mui-tas empresas incentivam seus profis-sionais a ter esse tipo de vivência. “Às vezes, os empregadores pagam uma parte das despesas ou até liberam os funcionários para as férias por um pe-ríodo maior.”

ESTABILIDADEAlém do câmbio, a estabilidade eco-nômica é fundamental no momento de decidir por um curso no exterior. “Com a economia estável, as pessoas têm mais confiança para planejar o que farão no longo prazo”, diz a presiden-te da Belta, Maura Leão. Há quem de-fenda até que a estabilidade é mais im-portante que o câmbio. “O intercâmbio não é um produto adquirido por impul-so. A decisão é tomada com, no míni-mo, seis meses de antecedência”, diz o sócio-diretor da CI, Celso Garcia.

Na avaliação de Garcia, a opor-tunidade de os interessados terem no currículo a experiência no exterior é mais valiosa do que a economia gera-da pelo câmbio. “Variações de 15% ou 20% na cotação do dólar não são o fa-tor preponderante de tomada de deci-são quando se considera o tipo de pro-duto e o perfil do cliente”, diz.

Mas há quem considere que o es-forço do governo para enfraquecer o real e melhorar a vida dos exportadores possa ter alguma influência no merca-do de intercâmbios. O gerente da área de Tributação da Hays, consultoria es-pecializada em recrutar profissionais para média e alta gerência, Bruno Lou-renço, avalia que, em caso de reversão do comportamento do real, pode haver queda na procura por esse tipo de pro-grama. “Vai cair, mas não tanto, por causa da exigência do mercado. O ní-vel gerencial, por exemplo, demanda, no mínimo, inglês avançado.”

De malasprontasNúmero de brasileiros em programas de intercâmbio

* projeção Fonte: Belta

42 mil2004

54 mil2005

71 mil2006

85 mil2007

120 mil2008

140 mil2009

170 mil2010

210 mil2011*

Em queda livre

Cotação média anual do dólar comercial para compra (em R$)

Valor médio do dólar em 2011 (em R$)

2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

janeiro fevereiro março abril maio junho julho

1,75

1,56

2,92

2,43

2,17

1,941,83

1,99

1,671,66

1,65

1,58

1,61

1,58

Fonte: Banco Central

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46 AméricaEconomia Setembro, 2011

NEGÓCIOS Internacionalização

Hora de exportarO MÉXICO SE INSPIRA NO EXEMPLO DAS FRANQUIAS BRASILEIRAS PARA EXPANDIR SUAS MARCAS

DAVID SANTA CRUZ, DA CIDADE DO MÉXICO

AZCONA TEM PLANOS

DE ABRIR UNIDADES

DA KIDZANIA NA

AMÉRICA DO NORTE

O modelo de expansão interna-cional das franquias brasilei-ras tem servido de inspiração

para empresas mexicanas. Ao todo, 68 redes do Brasil, ou 5% do total, opta-ram por ir além das fronteiras e operam em 49 países. No México, a internacio-nalização é menor: apenas 30 redes de franquia (ou 2% do total) conseguiram se expandir para o exterior. Segundo Rafael Manzo, diretor do Programa Nacional de Franquias do México (ór-gão subordinado à Secretaria de Eco-

nomia), quem cresceu fora do país não contou com ajuda governamental, o que deve mudar. “Já começamos a tra-balhar a questão. Neste ano, teremos um pavilhão na Feira Andina de Negó-cios e Franquias de Bogotá [que acontece neste mês]”, afirma.

A franquia mais inovadora no Mé-xico é a Kidzania, fundada por Xavier López Azcona, que partiu para a inter-nacionalização. Trata-se de um grande parque temático infantil onde as crian-ças brincam de ser adultas: trabalham Fo

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como padeiros na empresa Bimbo e são banqueiros no BBVA, por exemplo. A cadeia mexicana está presente em 14 países, incluindo Brasil, Japão, Tailân-dia e Arábia Saudita.

No mundo das franquias, há dife-rentes modelos de expansão interna-cional. Pode ser por meio da escolha de um master-franqueado, responsável pelo desenvolvimento do negócio por meio de franqueados locais, por exem-plo. A Kidzania decidiu partir para o mercado norte-americano como opera-

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dora do negócio. E, para encontrar um parceiro estratégico no país, contratou uma equipe de executivos locais, entre os quais se destaca Cammie Dunaway, ex-vice-presidente da Nintendo.

Se, por um lado, o México ainda tem menos franquias internacionaliza-das que o Brasil, por outro, é mais aber-to a bandeiras estrangeiras. De acordo com um estudo realizado em 2008 pela consultoria mexicana Alcazar & Aran-day, para o Pnud (Programa das Na-ções Unidas para o Desenvolvimento), o número de franquias internacionais no México chegava a 21%, enquanto no Brasil era de apenas 11%, e na Es-panha, de 15%.

Outra particularidade das fran-quias mexicanas é o apoio estatal. “Te-mos uma política pública consistente e uma agência especializada para promo-ver as franquias”, afirma Manzo. O di-retor explica que o programa foi criado com três objetivos: gerar novas fran-

quias, aumentar o interesse dos mexi-canos por esse tipo de negócio e con-solidar as franquias já existentes. No México, há cerca de mil marcas e mais de 60 mil estabelecimentos do gênero. Já no Brasil existem 1.855 marcas, se-gundo a Associação Brasileira de Fran-chising (ABF), e 86.365 unidades.

Em torno de 80% do orçamento do Programa Nacional de Franquias do México destina-se à aquisição de no-

vas franquias, com créditos de até US$ 20 mil e sem a cobrança de juros. Por que tanto entusiasmo e generosidade fiscal? Segundo dados do governo me-xicano e da Associação Mexicana de Franquias (AMF), a taxa de sobrevi-vência de uma franquia é de 90%, nos primeiros dois anos. No quinto ano de operação, mais de 70% das franquias tendem a continuar com as portas aber-tas. Já em um negócio convencional, 80% quebram antes de completar o se-gundo ano de operação.

O programa mexicano busca dar a estabilidade necessária tanto ao em-pregado quanto aos investidores. Em muitos casos, são pessoas que apostam suas economias ou a soma recebida de-pois de demissão na busca de um negó-cio que lhes permita recomeçar. “Uma franquia tem uma marca reconhecida e um modelo viável, o que lhe permite replicar sua experiência”, afirma Diego Elizarrarás, presidente da AMF.

30redes de franquia

mexicanas játêm operaçõesinternacionais

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48 AméricaEconomia Setembro, 2011

NEGÓCIOS Tecnologia

Cresce a família do

CANA-DE-AÇÚCAR VAI ALÉM DO COMBUSTÍVEL E CONQUISTA INDÚSTRIA QUÍMICA

NATALIA GÓMEZ, DE SÃO PAULO

I magine o mundo sem petróleo. Di-fícil? Comece pelas embalagens plásticas na cozinha e no banheiro

de casa. Agora imagine que esse mate-rial possa ser produzido a partir de uma matéria-prima renovável. Parece um exercício de futurologia, mas essa subs-tituição já é feita, em pequena escala, no Brasil. Projetos que utilizam cana-de-açúcar ou álcool para fabricar pro-dutos químicos antes derivados do pe-tróleo começam a despontar, e alguns já aparecem nas prateleiras das lojas: estão presentes em produtos da Nestlé, na embalagem do xampu Pantene e em itens da linha da Natura.

Além do plástico verde usado em embalagens, surgem lubrificantes reno-váveis e aditivos para gasolina. A partir de 2013, virão outros tipos de plástico, voltados para os setores automotivo e eletroeletrônico, todos com base no ál-cool da cana. O mercado ainda engati-nha, mas o movimento não tem volta: a família do etanol combustível, estre-la internacional, está crescendo e vive um momento de grande efervescência tecnológica, com uma gama crescente de produtos para uso industrial.

Usada de forma tímida nas últimas

MAIOR PRODUTOR MUNDIAL DE CANA-DE-AÇÚCAR, O BRASIL TEM VANTAGEM TECNOLÓGICA

nol para eteno já existia no mercado, mas a Braskem desenvolveu um pro-cesso para obter eteno com maior grau de pureza, necessário para produzir o plástico. “Fizemos eteno nos anos 1990, quando o petróleo estava mais caro, mas não produzíamos o polieti-leno”, explica o gerente de Marketing e Inteligência de Químicos Verdes da Braskem, Rodrigo Belloli.

Hoje, a companhia vende o plás-tico para uso em embalagens no setor alimentício, de higiene e limpeza. Os maiores volumes são destinados à ex-portação, em especial para a Europa. Alguns dos clientes da Braskem são a P&G, a Natura e a Nestlé. A Nestlé lan-çou, em meados de agosto, em parceria com a Tetra Pak e a própria Braskem, uma nova tampa para a caixa de leite Ninho feita com o plástico verde. A ex-pectativa da Braskem é de que o merca-do interno também se desenvolva, nos

etanol

décadas, a tecnologia cha-ma a atenção por causa do apelo sustentável e do ci-clo de alta do petróleo nos últimos anos. Avança com rapidez e promete ganhar corpo com investimentos de empresas nacionais e estrangeiras. Pioneira nesse mercado, a Braskem inaugurou, em setembro de 2010, uma unidade produtora de polietileno ver-de, em Triunfo (RS). A indústria com-pra etanol no mercado para produzir um gás chamado eteno. A partir do ete-no, fabrica polietileno verde, que, em al-guns casos, é 100% derivado do etanol e, em outros, leva um porcentual de algum monômero que ainda não é verde.

Apesar de não ser biodegradável, a vantagem do plástico verde é sua ori-gem renovável. Enquanto a cana cap-tura gás carbônico da atmosfera duran-te a fotossíntese, o plástico tradicional gera emissão do gás em sua produção. Para cada quilo de plástico verde pro-duzido, são absorvidos da natureza 2,5 quilos de gás carbônico. No plástico convencional, são gerados 2,5 quilos de gás por quilo de plástico fabricado.

A tecnologia de conversão de eta-

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próximos anos, pois seus clientes têm grande apetite pelo Brasil.

A produção em Triunfo é de 200 mil toneladas de polietileno verde por ano. Por enquanto, a capacidade é su-ficiente para atender o mercado, mas a Braskem pretende iniciar novos investi-mentos para seguir na liderança quan-do a demanda aumentar. Até lá, a com-panhia planeja produzir outro tipo de insumo verde: polipropileno a partir do etanol. Enquanto o polietileno é mais usado em embalagens, seu parente po-lipropileno tem aplicações nos setores automotivo e eletroeletrônico. A no-va unidade de produção, ainda sem lo-cal definido, receberá investimentos de US$ 100 milhões e terá capacidade mí-nima de 30 mil toneladas ao ano.

Belloli, da Braskem, explica que a rota de produção do polipropileno não é tão madura e precisa passar por me-lhorias. Para isso, a empresa realiza es-

tudos em parceria com a Unicamp e o Laboratório Nacional de Biotecnolo-gia. “Ninguém produz esse material no mundo”, conta. A operação está previs-ta para começar em 2013. Outra inova-ção produzida pela empresa é o ETBE, aditivo usado na gasolina feito de me-tanol e fabricado desde 2010.

Mais um investidor com planos pa-ra esse mercado é a americana Dow Chemical. Em julho, a Dow e a trading japonesa Mitsui anunciaram uma joint venture para construir o complexo in-dustrial em Santa Vitória (MG) com o objetivo de produzir polietileno a partir do etanol. A Mitsui terá 50% da opera-ção de cana da Dow em Santa Vitória.

Segundo o diretor de Negócios pa-ra Alternativas Verdes e de Desenvol-vimento de Novos Negócios da Dow para a América Latina, Luis Cirihal, os biopolímeros poderão ser aplicados como matéria-prima para embalagens

de alimentos, higiene e saúde. A usi-na terá capacidade de produção de 240 mil metros cúbicos de etanol por ano. “O projeto vem ao encontro do objeti-vo da Dow de desenvolver soluções de baixo carbono para atender aos desa-fios globais de energia e mudanças cli-máticas.” A empresa anunciou o pro-jeto em 2007, mas a crise financeira de 2008 e as dificuldades com parceiros afetaram seu andamento. Com a ex-pansão do mercado de plásticos, a Dow retomou seus planos na área.

A americana Amyris é outra prota-gonista no desenvolvimento de insumos industriais derivados da cana. Criada por pesquisadores da Universidade da Califórnia, teve como primeiro investi-dor a Fundação Bill & Melinda Gates. A Amyris não utiliza etanol, mas caldo de cana. A partir da modificação gené-tica em uma levedura utilizada na pro-dução de álcool combustível, chegou

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NEGÓCIOS Tecnologia

a uma substância chamada farneceno, capaz de substituir derivados de petró-leo em produtos como lubrificantes pa-ra carros, cosméticos, fragrâncias, sabo-res e solventes.

A Amyris fabrica dez milhões de litros de farneceno em Piracicaba (SP) e tem duas outras unidades em cons-trução. Uma delas, em parceria com o Grupo São Martinho, produzirá cer-ca de 100 milhões de litros por ano. A

rias com empresas, centros de pesquisa e universidades no Brasil, na Europa, nos Estados Unidos e na Ásia. Segun-do o administrador do projeto, Eduar-do Brondi, a empresa planeja criar uma indústria para a venda do produto, mas a capacidade ainda não está definida. O projeto é controlado pelos grupos Pedra Agroindustrial S/A e Balbo.

O plástico produzido pela Usina da Pedra é 100% biodegradável. “Em con-tato com o meio ambiente e sob deter-minadas condições, degrada-se e trans-forma-se nos elementos naturais que o compõem, fechando assim o ciclo de vida sem nenhum tipo de impacto ne-gativo à natureza”, explica Brondi. Ele pode ser aplicado em peças automoti-vas, embalagens de cosméticos, brin-quedos, tubetes para crescimento de eucalipto, copos e talheres, calçados e cartões de crédito. Hoje, existe uma tecnologia similar, mas à base de glico-se de milho e com a utilização de bac-térias geneticamente modificadas, nos Estados Unidos e na China.

COM UMA PLANTA DE

FARNECENO EM OPERAÇÃO, A

AMYRIS PLANEJA INAUGURAR

MAIS DUAS UNIDADES EM 2012

outra, com a Usina Paraíso, em Brotas (SP), terá capacidade para 50 milhões de litros. Ambas serão inauguradas em 2012, segundo o vice-presidente da em-presa no Brasil, Roel Collier.

A operação da Amyris no Brasil já conta com vários contratos de ven-da para gigantes como P&G, Firme-nich (do setor de fragrâncias), Gruppo Mossi & Ghisolfi (polímeros e aditi-vos plásticos) e Soliance, multinacio-nal fabricante de cosméticos. Recen-temente, a Amyris também anunciou joint venture com a Cosan, batizada de Novvi. O objetivo da empresa é desen-volver, produzir e comercializar mun-dialmente óleos básicos renováveis fei-tos a partir do farneceno.

Outro projeto inovador é conduzido pela Usina da Pedra, em Serrana (SP), onde uma unidade-piloto produz cerca de 50 toneladas de plástico biodegradá-vel polihidroxibutirato (PHB) por ano a partir da cana. A produção é destina-da ao desenvolvimento de aplicações baseadas no PHB, por meio de parce-

1,2 bilhão de litros por

ano é o mercado de etanol para

indústrias químicas e farmacêuticas

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MATÉRIA-PRIMAO consumo na indústria alcoolquími-ca ainda é pequeno, mas o quadro deve mudar nos próximos anos. O mercado de etanol para as indústrias químicas e farmacêuticas movimenta no país 1,2 bilhão de litros por ano, volume que pode dobrar ou até triplicar na próxima década. A participação do segmento no consumo de etanol é de 5%, mas deve chegar a 10% ou 15% em cinco anos, diz José Carlos Grubisich, presidente da ETH Bioenergia, produtora de eta-nol, açúcar e energia elétrica criada há quatro anos pela Odebrecht.

Segundo Grubisich, o mercado ten-de a crescer significativamente porque muitas empresas estão pesquisando op-ções para substituir a matéria-prima derivada de petróleo por um insumo limpo e renovável. A ETH é um dos fornecedores de etanol para a Braskem, que consome 460 milhões de litros do combustível por ano.

Apesar da atual crise na oferta de etanol combustível no Brasil, os em-presários se mostram otimistas quanto ao abastecimento de cana e etanol para uso industrial. Um dos motivos é que os projetos da indústria alcoolquímica vão maturar de forma gradual nos pró-ximos anos, tempo suficiente para que a oferta volte a aumentar. Outra moti-vação adicional é que os preços prati-cados nesse mercado devem atrair os fornecedores. A precificação tende a ter uma lógica diferente da aplicada ao etanol combustível, pois esse compete com a gasolina, que tem os preços con-trolados pelo governo e estão abaixo dos preços internacionais. A matéria--prima voltada à indústria deverá ser melhor precificada devido ao maior va-lor agregado dos produtos e da sua des-tinação para o mercado externo, embo-ra o volume seja menor. “Ocorrerá uma segmentação do mercado, com diferen-tes lógicas de preços e rentabilidade”, diz o presidente da ETH.

A ETH é uma das que mais têm in-vestido em aumento de produção no Brasil. Foram R$ 6 bilhões nos últimos quatro anos. A empresa pretende inves-

tir mais R$ 2 bilhões nos próximos 18 meses. A meta é chegar a 40 milhões de toneladas de moagem, com produ-ção de 3 bilhões de litros de etanol, con-quistando a liderança no país.

Outra tendência é que as empresas alcoolquímicas invistam em sua pró-pria produção de insumo. A Amyris acredita que a crise de oferta de maté-ria-prima é momentânea, mas não des-carta a possibilidade de investir em ver-ticalização. Collier afirma que poderá atuar diretamente na produção dos in-sumos para expandir no setor sucroal-cooleiro. “Os planos incluem assegurar acesso à matéria-prima, seja via contra-tos de longo prazo ou aquisição.”

HISTÓRICOCuriosamente, registros do uso da al-coolquímica na indústria nacional re-montam à década de 1940. Até a inau-guração das centrais petroquímicas, na década de 1970, empresas como Salge-ma, Union Carbide, Eletrocloro, Solvay e Companhia Alcoolquímica Nacional utilizaram o etanol como matéria-pri-ma para fabricar eteno, insumo de pro-dução de polímeros como o polietile-no e o PVC. No entanto, o avanço das petroquímicas nos anos 1970 afetou a competitividade desse mercado, que fi-cou à mercê das altas e baixas nos pre-ços do petróleo e à concessão e elimina-ção de subsídios para o etanol.

O interesse pela alcoolquímica vol-tou à tona em 2004, com o forte ciclo de alta dos preços do petróleo, que atingiu o pico de US$ 148 por barril em 2008. A crescente preocupação global com os fa-tores ambientais também atraiu atenção para esse setor. Segundo o consultor de Emissões e Tecnologia da Única (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), Al-fred Szwarc, a exaustão das reservas conhecidas de petróleo e o fato de a ex-ploração das grandes reservas que vêm sendo descobertas envolver maiores ris-cos ambientais e custos mais elevados também incentivam a indústria quími-ca a diversificar as suas fontes de maté-rias-primas e a buscar alternativas.

Desta vez, o mercado acredita que não se trata de uma aposta passageira. A diferença é que a expansão do uso dos carros flex trouxe grandes investi-mentos para o setor produtivo da ca-na-de-açúcar, elevando esse insumo para outro patamar. “O mercado para combustível levou a indústria da cana a grandes escalas e à consolidação”, afir-ma Belloli. “A questão da sustentabili-dade também está mais em pauta.”

Maior produtor mundial de cana--de-açúcar, o Brasil tem vantagens. Pro-dutos sustentáveis também podem ser feitos a partir de milho e beterraba, masa eficiência energética da cana é maior. Mais uma razão para esperar uma trans-formação do setor nos próximos anos.

NA FÁBRICA DE TRIUNFO (RS), A BRASKEM PRODUZ A MATÉRIA-PRIMA USADA NO PLÁSTICO VERDE

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34 AméricaEconomia Setembro, 2011

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APERT EM OS CINTOS

CAPA CriseA BOLSA DE NOVA YORK CAIU 5,5% APÓS

A S&P REBAIXAR O RATING DOS EUA

O BRASIL TEM A CHANCE DE PROVAR QUE PODE SE SAIR BEM DIANTE DE UMA ECONOMIA GLOBAL EM FRANGALHOS. PARA EMPRESÁRIOS, SEM MEXER NO DÓLAR E NO CÂMBIO, HÁ RISCOSCHIARA QUINTÃO, DE SÃO PAULO

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A gências de rating classificam riscos de crédito de governos e empresas. Parte do trabalho

é checar, periodicamente, se as condi-ções de risco continuam iguais ou mu-daram, o que pode significar manuten-ção ou revisão da nota de avaliação. Esse acompanhamento da capacidade de governos e empresas honrarem seus compromissos influencia, por exemplo, condições de taxas de juros e prazos de-finidos na contratação de uma dívida, além da atratividade de investimentos no mercado financeiro. Não por acaso, a decisão da S&P (Standard & Poor’s) de rebaixar, pela primeira vez na his-tória, a nota da dívida americana, que passou de AAA para AA+, teve um efei-to devastador na economia mundial.

O anúncio foi feito na noite da sex-ta-feira, 5 de agosto, quando as bolsas de valores já estavam fechadas. No pre-gão seguinte, na segunda-feira, dia 8, os mercados fecharam em baixa em res-posta às incertezas quanto ao rumo da economia global. O presidente america-no, Barack Obama, bem que buscou es-friar o mercado ao tentar passar um cli-ma de confiança, mas não colou. “Não importa o que alguma agência pos-sa dizer. Nós sempre fomos e sempre seremos um país AAA. Os mercados continuam a acreditar na nossa condi-ção de crédito AAA. De fato, WarrenBuffet [megainvestidor americano], que sa-be uma coisa ou outra de bons investi-mentos, afirmou que, se houvesse um rating AAAA, seria dado aos EUA.”

A turbulência deflagrada pela no-ta da S&P chegou quando o mercado ainda digeria o acordo fechado entre democratas e republicanos para rene-gociar a dívida dos Estados Unidos. E mais. Veio em um momento em que go-vernantes europeus ainda buscam so-luções para os problemas fiscais de vá-rios países da zona do euro e em que a perspectiva é de menor crescimento das economias centrais.

Na BM&FBovespa, a reação dos investidores não foi diferente da ob-servada em outras bolsas – queda for-te dos índices, seguida de oscilação dos

preços das ações negociadas. Isso não significa, porém, entendimento de que a economia real do Brasil foi contami-nada pela turbulência dos Estados Uni-dos e da Europa.

A avaliação geral é que o país está tão ou mais preparado para uma crise mundial do que em 2008. Empresários e economistas ouvidos por AméricaEco-nomia consideram que, pelo menos por enquanto, o país está preservado da cri-se que se acirra lá fora, e a expectativa é de manutenção dos planos das com-panhias. Mas o setor produtivo alerta para dois problemas que, mesmo em tempos de calmaria, costumam tirar o sono: câmbio e taxa de juros.

O fato de o governo não ter alterado as diretrizes para esses dois fatores foi a principal crítica ao pacote de desone-ração Brasil Maior, anunciado pelo go-

verno no começo de agosto e cujo obje-tivo é elevar a competitividade do setor produtivo, com foco na inovação tecno-lógica e na agregação de valor. “Com esse câmbio e esses juros, o governo di-zer que vai incentivar a inovação aju-da, mas não resolve. Não foi por inves-tir em inovação que a China se tornou a maior produtora e exportadora do mun-do”, diz Mario Bernardini, assessor econômico da presidência da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos).

Para a Marcopolo, fabricante de carrocerias de ônibus, o câmbio é um problema para as exportações embarca-das a partir do Brasil. “Nossa empresa tem investido mais em inovação e auto-mação, para diminuir os custos e fazer frente à valorização da moeda brasilei-ra, mas precisamos de mais”, afirma Jo-sé Rubens de la Rosa, diretor geral da Marcopolo. Rubens Menin, presiden-te da MRV Engenharia, ressalta que a competitividade do país depende de “juros mais baixos, câmbio mais realis-ta e carga tributária menor”. “O gover-no está consciente de tudo, mas não sei que prioridade dará a essas mudanças. O dólar não pode cair mais”, diz.

Cláudio Hamilton, coordenador

OBAMA: “SEREMOS SEMPRE

UM PAÍS TRIPLE A”. SERÁ?

A piora do cenário internacional elevou

os custos de captação de recursos, mas as

empresas dizem não estar preocupadas

2

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CAPA Crise

de Finanças Públicas da Dimac (Dire-toria de Estudos e Políticas Macroeco-nômicas), do Ipea (Instituto de Pesqui-sa Econômica Aplicada), acredita que a equipe econômica está sensível ao mo-mento. “Se necessário, o governo lança-rá um arsenal anticíclico que inclui re-dução da taxa de juros. Mas o que queremos é a queda dos juros, mesmo em cenários mais otimistas”, afirma.

Em visita ao Congresso, o minis-tro Guido Mantega, da Fazenda, dis-se que, agora, com a inflação aparen-temente controlada, “há espaço” para a redução da taxa de juros. Tradicio-nal defensor da queda dos juros, o pro-fessor da Unicamp e consultor do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvol-vimento Industrial) Julio Gomes de Almeida diz que o ideal seria a taxa básica de juros, a Selic, estar mais bai-xa, mas não é hora de o governo fazer alterações. “Esse instrumento deve ser usado quando a visão sobre o que está acontecendo estiver mais clara”, diz.

Ao falar do câmbio, Mantega pre-feriu direcionar as discussões para o âmbito global. “O câmbio é um fator-chave que determina a competitivida-de dos países. É um tema central, que nos traz muita preocupação. A OMC [Organização Mundial do Comércio] não está preparada para combater o sub-

sídio cambial”, disse aos congressis-tas. O ministro deu sinais de que po-de haver mais medidas de desoneração da cadeia produtiva com o objetivo de evitar que os efeitos de um travamento da economia global sejam sentidos no Brasil. Segundo ele, a redução de tri-butos é um forte aliado no aumento da competitividade.

COMMODITIES Um incentivo importante para o corte dos juros pode vir da queda mais acen-tuada dos preços das commodities. Após fortes altas em 2009 e 2010, houve um arrefecimento do boom de commodities nos últimos meses. As cotações de me-tais, têxteis e de alimentos começaram a cair em abril, em resposta à percep-ção de que o crescimento dos EUA e da Europa seria menor que o esperado. Os preços internacionais se refletem no mercado doméstico, o que significa que as quedas lá fora contribuem para re-duzir as pressões inflacionárias no pa-ís. “Se os preços internacionais de com-modities caem, é possível tomar medidas para fomentar a demanda, como redu-zir a taxa de juros. Isso facilita o crédito e diminui a pressão sobre as contas pú-blicas”, diz Hamilton, do Ipea.

A redução dos preços das commodi-ties e a menor expansão esperada para

Decisão da S&P de rebaixar EUA é alvo de críticasApós rebaixar a nota da dívida

americana de AAA para AA+, a S&P

(Standard & Poor’s) foi alvo de uma

enxurrada de críticas. Até a presi-

dente do Brasil, Dilma Rousseff , par-

tiu em defesa da saúde financeira

americana: “Não compartilhamos

da avaliação precipitada e, eu diria,

não correta da agência que dimi-

nuiu o grau de valorização de crédi-

to dos Estados Unidos”, afirmou.

Em coluna publi-

cada internacio-

nalmente em 9

de agosto, o eco-

nomista e prê-

mio Nobel Paul

Krugman des-

carregou mui-

ta munição na

agência, à qual

atribuiu “falta de

credibilidade”.

Krugman se refe-

riu às mancadas

da S&P. Em 2008, a agência conce-

deu ao banco americano Lehman

Brothers uma nota A um mês an-

tes de o banco quebrar e deflagrar

o pânico global.

O equívoco mais recente foi no

episódio que resultou na redução

da nota da dívida americana. A S&P

enviou ao Tesouro americano um

rascunho da nota que seria mais

tarde divulgada, em que os técni-

cos notaram um erro grosseiro de

cálculo das projeções dos gastos

públicos de US$ 2 trilhões. A agên-

cia revisou o cálculo, mas manteve

a decisão de rebaixamento.

“Rating não é feito para se con-

cordar, mas para ser uma régua que

possibilite ao investidor entender

diferentes capacidades de paga-

mentos”, diz a presidente da S&P no

Brasil, Regina Nunes. Segundo ela, a

classificação dos Estados Unidos de

AA+ significa que não se vislumbra

a possibilidade de o país ser inca-

paz de pagar suas contas. (C.Q.)

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“A Petrobras não prevê alterar

o plano de investir US$ 224,7 bilhões

até 2015, mas pode adiar a venda

de participações em empresas”

José Sergio Gabrielli,

presidente da Petrobras

“Os fundamentos para a construção

civil: demanda, crescimento de renda,

queda do desemprego e crédito para

o setor, continuam fortes”

Rubens Menin,

presidente da MRV

REGINA NUNES,

PRESIDENTE DA

S&P NO BRASIL

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Setembro, 2011 AméricaEconomia 55

a economia mundial levaram a LCA Consultores a revisar, no primeiro dia útil após o rebaixamento da nota dos EUA, sua projeção do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) de 2012 de 4% para 3,7%. Se, para o controle da inflação, essa que-da de preços é vista como positiva, pa-ra a balança comercial brasileira pode haver encolhimento da receita de ex-portações, já que as commodities res-pondem por boa parte da pauta de em-barques. Mas, segundo o economista da LCA Fábio Romão, ainda que a ba-lança possa ser “um pouco afetada”, os preços não vão despencar, pois a Chi-na, maior compradora das commodities brasileiras, continua crescendo.

Durante teleconferência para a apre-sentação de resultados, Rodrigo Cam-pos, diretor de Relações com Investido-res da ALL (América Latina Logística), disse que a empresa não trabalha com o cenário de redução da área plantada de grãos (por causa de uma eventual que-da no preço das commodities). Segundo o executivo, os produtores estão muito ca-pitalizados com a alta dos preços e não devem diminuir os investimentos.

Para empresas como a Vale, não há como descartar o risco de desaceleração da economia chinesa, muito dependen-te do que ocorre nos EUA. Isso, é claro,

pode impactar no balanço da empresa, que exporta cerca de 50% da produção de minério de ferro para o país asiático. No entanto, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, o presidente da com-panhia, Murilo Ferreira, disse: “Não ti-vemos nenhum pedido de cancelamento de embarque, nenhum pedido de trans-ferência de datas de embarque”. Ex-eco-nomista-chefe do Santander, Alexan-dre Schwartsman lembra a dependência chinesa dos EUA: “Os americanos res-pondem por uma parte grande da dinâ-mica de crescimento da China”.

Na avaliação de Otaviano Canuto, vice-presidente do Banco Mundial para Redução da Pobreza e Política Econô-mica, a tendência para as commodities dependerá do quanto os países asiáti-cos terão de ajustar suas taxas de cres-cimento. “Assim como todos os emer-gentes, o papel da China é aliviar a tendência recessiva global”, diz.

INVESTIMENTOSA vida pode ficar mais difícil não ape-nas para quem depende diretamente da China, mas também para empresas

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A QUEDA DOS PREÇOS DAS COMMODITIES AJUDA A REDUZIR PRESSÕES INFLACIONÁRIAS

“Vamos manter a previsão de

investimentos para 2011, de R$ 3,5

bilhões, mesmo com a economia

internacional fragilizada”

Antonio Maciel Neto,

presidente da Suzano

“Não planejamos alterar investimentos,

mas consideramos não ficar com

quatro aeronaves adicionais previstas,

caso o quadro se agrave”

Líbano Barroso,

presidente da TAM

“Uma redução do setor de consumo

pelo endurecimento das condições de

acesso ao crédito privado é o impacto

mais preocupante que poderia haver”

Jacinto Caverstany, vice-presidente

da BT para Ibéria e América Latina

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56 AméricaEconomia Setembro, 2011

CAPA Crise

que dependem de captação de recursos para irrigar o caixa. “É evidente que um agravamento da crise teria como conse-quência uma dificuldade crescente para obter financiamento externo, ainda que seu efeito seja limitado”, opina Jacinto Cavestany, vice-presidente da BT para a Ibéria e a América Latina.

Mas companhias como MRV En-genharia e Braskem dizem não estar preocupadas com esse encarecimento, em virtude de suas condições de caixa. “As empresas estão muito mais capita-lizadas que antes. No último trimestre de 2008, a MRV tinha caixa de R$ 180 milhões. Hoje, temos R$ 1,2 bilhão”, diz o presidente da MRV, Rubens Me-nin. A Braskem mantém seu plano pa-ra o curto prazo. “Mas, em caso de con-firmação de piora do cenário mundial, seremos mais cautelosos”, pondera o presidente Carlos Fadigas. Os investi-mentos programados da Braskem para 2011 somam R$ 1,6 bilhão.

José Rubens de la Rosa, da Marco-polo, diz que ainda é cedo para qual-quer tipo de reavaliação no plano de negócios da empresa. “Num primeiro momento, a mudança do cenário inter-nacional não foi sentida, mas há uma defasagem entre a tomada de decisão em nosso setor, que trabalha na base de encomendas e de planejamento anteci-

pado, e o dia a dia”, ressalva. O plano de investimentos da Marcopolo prevê R$ 300 milhões até 2015. “Temos geração de caixa suficiente para bancar os in-vestimentos, além da ajuda do BNDES[Banco Nacional de Desenvolvimento Eco-nômico e Social]”, explica.

O Grupo Melitta também não tem intenção de reduzir os investimentos de R$ 59 milhões programados para o Brasil em 2011, segundo o presidente Thomas Bentz. “O Brasil ainda é me-nos afetado pela crise em comparação à

Europa e aos Estados Unidos”, diz. Na avaliação do executivo, é difícil dizer “quando e como” o país será atingido pela má fase da economia mundial.

Também do setor de alimentos, a JBS-Friboi pretende manter os projetos, segundo o conselheiro e ex-presidente da companhia José Batista Júnior. Mas, se necessário, poderá adequar sua pro-dução, por exemplo, por meio do fecha-mento temporário de alguma fábrica. Segundo o diretor-presidente da com-panhia, Wesley Mendonça Batista, o

“Não estamos planejando nenhuma

mudança substancial do nosso

planejamento estratégico e não houve

pedidos de cancelamento de embarque” Murilo Ferreira,

presidente da Vale

“No país, o setor de cosméticos é um

dos menos afetados pela crise. Mesmo

em período de turbulência, o consumi-

dor não abre mão de se cuidar”

Nicolas Fischer, presidente da

operação da Nívea no Brasil

“Mantemos nosso plano de investi-

mentos no curto prazo, mas, em caso

de confirmação de piora do cenário

mundial, seremos mais cautelosos”

Carlos Fadigas,

presidente da Braskem

INCERTEZAS SE REFLETEM EM MERCADO MUITO VOLÁTIL

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Setembro, 2011 AméricaEconomia 57

Diferenças em relação a 2008

Ninguém projeta as dimensões da nova crise que afeta as economias centrais,

mas a percepção, até o momento, é de que as proporções da turbulência de

2008 não se repetirá. A instabilidade atual resulta da desaceleração do cres-

cimento da Europa e dos Estados Unidos e da dúvida se o governo americano

conseguirá cumprir seus compromissos. Foi acirrada também pelo rebaixamen-

to da nota da dívida dos EUA de AAA para AA+ pela S&P (Standard & Poor’s). Em

2008, a crise resultou do agravamento dos problemas decorrentes das hipo-

tecas de segunda linha nos Estados Unidos, o chamado subprime e teve como

símbolo a quebra do Lehman Brothers.

Segundo o consultor do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento

Industrial) e professor da Unicamp Julio Gomes de Almeida, o ambiente atual

não se assemelha ao de três anos atrás, mas “ninguém sabe o tamanho da cri-

se”. A piora do cenário ocorreria em caso de “falência de bancos e quedas abrup-

tas no consumo, no investimento e no crédito”.

Nem o rebaixamento do rating da dívida soberana do governo do Japão, de

Aa2 para Aa3 (com perspectiva estável), anunciado pela agência de classifica-

ção de risco Moody’s, em 23 de agosto, 18 dias depois de a economia americana

cair em desgraça, teve um impacto significativo no atual cenário. As bolsas asiá-

ticas reagiram mal nos primeiros dias, mas depois voltaram a se recuperar.

A única possibilidade de o ambiente atual se tornar semelhante ao vivido

após a quebra do Lehman Brothers, segundo o vice-presidente do Banco Mun-

dial para Redução da Pobreza e Política Econômica, Otaviano Canuto, é se ocor-

rer uma crise bancária na Alemanha e na França. “Mas quero crer que a vulne-

rabilidade dos bancos alemães e franceses não seja tamanha.”

O presidente do CFA Institute (associação mundial que congrega os analis-

tas de mercado), John Rogers, diz acreditar que a volatilidade continuará no fu-

turo próximo. “Há uma grande dose de incerteza nas mentes dos participantes

do mercado. Mais incerteza se manifesta com maior volatilidade tanto de um

dia para o outro quando durante o mesmo pregão”, diz Rogers. (C.Q.)

plano de investimentos para 2012 não está fechado, mas há expectativa de “redução significativa”, em decorrên-cia da necessidade de aportes menores por causa da conclusão de projetos que estão em andamento.

O setor da construção civil, muito dependente de financiamento bancá-rio, tem sido, nos últimos anos, um dos alavancadores da economia nacional. Em 2008, no auge da crise, os bancos fecharam a torneira do crédito no Bra-sil, e o governo incentivou a liberação de recursos por meio dos bancos públi-cos. Segundo o diretor e cofundador da BRFE (Brazilian Finance & Real Esta-te), Fabio Nogueira, de modo geral, os bancos não têm sinalizado que preten-dem elevar taxas ou reduzir prazos. “O financiamento imobiliário é o que tem menor inadimplência entre os produtos de crédito”, lembra Nogueira.

Mas, por mais que as empresas rei-terem a intenção de manter investimen-tos e que não se fale em escassez de cré-dito, até o governo considera a possibilidade de o Brasil crescer menos que o previsto. Nas estimativas de Al-meida, da Unicamp, a expansão do PIB brasileiro (o Produto Interno Bruto), que deveria ser de 4% em 2011, será de 3%. Bernardini, da Abimaq, trabalha com uma meta maior. “Esperava-se entre

“É muito prematuro comentar

sobre a crise. Nós não sentimos

absolutamente nada nesse momento.

Vamos aguardar”

Marco Túlio Pellegrini, VP para o Mercado

de Aviação Executiva da Embraer

“A mudança do cenário internacional

não foi sentida nos negócios, mas há

uma defasagem entre a tomada de

decisão e o dia a dia”

José Rubens de la Rosa,

diretor geral da Marcopolo

“Não pretendemos reduzir

investimentos no Brasil em função

da crise. É difícil dizer quando e como

o país será atingido”

Thomas Bentz,

presidente do Grupo MelittaFoto

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58 AméricaEconomia Setembro, 2011

CAPA Crise

Enquanto isso, na zona do euro

Enquanto os Estados Unidos tentavam dar sinais de que poderiam se recupe-

rar, ainda que num ritmo mais lento, algumas economias da Europa deixavam

– e ainda deixam – bem claro que o fundo do buraco está próximo. É o caso da

Grécia, da Espanha, de Portugal e da Itália, que, segundo diz o ditado, estão mais

quebrados que arroz de quinta.

O economista Alexandre Schwartsman comenta: “A economia americana

dava sinais de perda de fôlego ao se comparar os números de geração de em-

prego do primeiro com o segundo semestre. As famílias continuavam endivi-

dadas, o consumo andava de lado e não se via a recuperação do preço dos imó-

veis. Ainda assim, não se esperava uma situação como a de depois da S&P”.

No mês passado, Angela Merkel, chanceler da Alemanha, e Nicolas Sarkozy,

presidente da França, reuniram-se para tentar buscar uma alternativa que ar-

raste menos países da zona do euro para o caos econômico. Os mercados eu-

ropeus imaginavam que se decidiria por um aumento do Fundo Europeu de

Estabilidade Financeira (uma espécie de fonte de socorro aos países de econo-

mia menor, que podem obter até € 60 bilhões de empréstimo), que hoje con-

ta com € 440 bilhões (chegando a € 750 bilhões se somadas as contribuições

da União Europeia e do Fundo Monetário Internacional). Seria um sinal de boa

vontade para resgatar os países à beira do abismo. Torcia-se também pela pos-

sibilidade de criar um bônus europeu que seria trocado pelos papéis das dívi-

das dos países encalacrados.

Mas Sarkozy e Angela Merkel optaram por outras medidas, como o aumen-

to da governança da zona do euro e a adoção da chamada “regra de ouro” nos

17 países que adotam a moeda única. A exemplo do que é feito na Alemanha, a

regra, ainda não transformada em lei, obrigaria todo o bloco a equilibrar seus

orçamentos nacionais e evitar o aumento das dívidas. Longe do que o mercado

imaginava como rázoavel, o encontro não gerou boas notícias.

Sob o clima de aversão ao risco e temor de que haja uma sucessão de gover-

nos insolventes, sem condições de honrar com suas dívidas, o euro voltou a se

desvalorizar em relação ao dólar, e as bolsas europeias continuaram instáveis.

Na mesma semana do encontro entre os dois líderes, um fato curioso. Se-

gundo levantamento da Thomson Reuters, na sexta-feira 19 de agosto, a com-

panhia Apple valia tanto quanto todos os 32 maiores bancos da zona do euro

– resultado de uma queda acentuada no preço das ações de instituições finan-

ceiras, incluindo Santander, BNP Paribas, Deutsche Bank e Unicredit, diante do

preço estável dos papéis da empresa americana de tecnologia. (P.P.)

3,5% e 4% de crescimento para este ano. Agora, a expectativa está mais próxima de 3,5%”, diz o assessor econômico.

SITUAÇÃO BRASILEIRAO indicador mais citado quando se compara os dois momentos de turbu-lências é o crescimento das reservas internacionais do Brasil. Em 15 de se-tembro de 2008, quando o banco ameri-cano Lehman Brothers pediu concorda-ta, o país tinha US$ 207,6 milhões em reservas internacionais. No dia em que a S&P rebaixou a nota americana, as re-servas brasileiras estavam 68% maiores e somavam US$ 348,5 milhões.

“As reservas nunca estiveram tão altas, as contas públicas estão em dia, o sistema financeiro, robusto, e a eco-nomia, crescendo rapidamente. O paísestá bastante bem posicionado para en-frentar a crise, caso ela venha a nós”, diz o coordenador de Finanças Públi-cas da Dimac, Claudio Hamilton.

A agência S&P até elevou de estável para positiva a perspectiva para a no-ta do Brasil em moeda local, em 25 de agosto. Em maio, a agência tinha feito a mesma elevação de perspectiva para a classificação do crédito soberano em moeda estrangeira.

“No cenário atual, quando se con-sidera como os EUA e a Europa estão, mantemos o rating brasileiro”, diz a pre-sidente da S&P no país, Regina Nunes. Ela afirma que o país está mais prepa-rado em relação às condições políticas, monetárias e fiscais para enfrentar as turbulências internacionais agora do que antes do agravamento da crise fi-nanceira internacional, em 2008.

Especialistas em economia inter-nacional, como Canuto, do Banco Mundial, avaliam que haverá menos reflexos da crise no Brasil do que se viu três anos atrás: “O país está tão prepa-rado quanto em 2008”, acredita.

Com a colaboração de Adriana Cha-ves, Graziele Dal-Bó e Paula Pacheco, de São Paulo.

ANGELA MERKEL

E SARKOZY PEDEM

MAIS GOVERNANÇA

NA ZONA DO EURO

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MAC MARGOLIS é correspondente de longa data da revista Newsweek. Realiza reportagens sobre o Brasil, outros países da América Latina e os mercados emergentes, e já colaborou para diversas outras publicações, entre elas The Economist, The Washington Post e The Los Angeles Times.

U ma bolha ronda a economia mundial. Não é a da crise da dívida dos Estados Unidos nem a do possível colapso da União Europeia. A bolha da vez é a de

Barack Obama e, se a ventania atual não mudar, ela está em vias de estourar. Poucas vezes na história política recente da mais poderosa democracia do planeta se viu uma carreira po-lítica se desmanchar tão espetacularmente e a olhos vistos.

Sim, Richard Nixon, de tanto enlamear a disputa elei-toral, foi forçado a renunciar à Presidência, e Jimmy Carter jamais se recuperou da desastrada tentativa de sequestrar um senhor de guerra da Somália, episódio que deixou 18 soldados mortos e a imagem do país em farrapos. Mas os dois foram meros figurantes frente a Obama, que em apenas um mandato presidiu duas guerras malogradas e a pane da maior economia do mundo. Ainda assistiu, pasmo, ao bate--boca legislativo que tirou do país o título de devedor exem-plar e por pouco não provocou a mãe de todas as moratórias – o que certamente levaria o resto do globo à lona.

Claro, há atenuantes. Obama herdou e não inventou os desgastantes e caríssimos conflitos no Iraque e no Afe-ganistão, que hoje se esforça para encerrar. Não assinou o colapso do mercado de hipotecas de 2008 e compartilha a culpa do quase calote da dívida épica americana tanto com os ineptos de seu próprio partido quanto com os radicais do Tea Party republicano, que mais parecem uma seita do que legisladores ponderados.

Mas na política a desgraça recai em quem está de plan-tão. Foi por essa regra que Obama chegou à Casa Branca. Com o carisma de pastor evangélico e sua biografia inusita-da, levitou acima da mesmice do jogo político americano, lotada de figurões tradicionais com marqueteiros caros e ideias pobres. Seu refrão de campanha, “Sim, nós pode-mos”, caía como um bálsamo para um eleitorado cansado da rotina “quebrada” de Washington. O mundo entrou no embalo. A cada pódio que o jovem líder subiu, uma nova América parecia se desenhar. Logo no tenro segundo ano de seu mandato veio o prêmio Nobel. O que diria a vetusta Academia sueca agora?

De fato, Obama também cavou seu próprio buraco. Seu pacote “anticíclico” de estímulos contra a recessão foi de fato um presentão aos cardeais do partido democrático, recheado de emendas para ganhar companheiros e opositores relutan-tes. Estimulou muito pouco a economia e, mesmo assim, foi criticado por ser mesquinho demais. Depois, empunhou a bandeira polêmica da reforma do sistema de saúde pública, que logo foi desfigurada com concessões à oposição e até hoje teve poucos adeptos. Também trabalhou noite e dia para implementar o mercado de carbono, uma ideia certa em hora errada. O fracasso dos “empregos verdes” – em que um posto de trabalho custa centenas de milhares de dólares – está apenas começando a aparecer na imprensa.

A resposta veio nas urnas. No ano passado, candidatos democratas perderam o controle da Câmara dos Deputados e, com ela, a iniciativa soberana na legislatura.

O Tea Party, com excêntricas figuras como Sarah Palin, é fácil de ironizar. Mas insistiram em um ponto vital e sole-nemente ignorado: a contabilidade. O governo federal gasta demais há décadas. A conta não fecha desde os anos 1960, quando se lançou o Great Society, ambicioso programa de Welfare, cujos encargos só cresceram, independentemente do empenho econômico. Não é preciso tomar o chá dos re-publicanos para saber que a gastança custa caro demais.

Filtrando todo o ruído partidário, a única coisa que real-mente importa aos americanos hoje é o emprego. E há 20 anos a economia americana não consegue criá-los de forma sustentada. Pior, em quatro de cada seis empregos gerados entre 1990 e 2008, o patrão era o governo ou o setor de saú-de, justamente os setores que mais patinam agora, segundo Michael Spence – outro prêmio Nobel, este da Economia. A senha para a política americana é a habilidade ou não de criar empregos. Senão Obama certamente perderá o dele.

A bolha Obama

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CAPA Crise

O governo brasileiro traçou as metas para enfrentar a crise econômica mundial. Lançou

programas, fez afagos na indústria, deu ordens para conter os gastos e barrar de vez projetos que tramitam no Congres-so e que podem aumentar os custos da máquina pública. Tudo caminhava em clima de otimismo até deputados e se-nadores ouvirem da cúpula econômica, e da própria presidente Dilma Rousseff,que o futuro dessas estratégias estava nas mãos do parlamento.

A afirmativa, que chegou em tom de apelos, deu início a uma ampla ro-

dada de chantagens políticas e amea-ças de que, por aqui, pode ser tão difí-cil convencer o Congresso a aprovar as medidas anticrise quanto foi nos Esta-dos Unidos.

Apesar de nenhum parlamentar ter disposição para bancar a responsabili-dade do ônus político dos efeitos da cri-se, houve o entendimento disseminado de que essa era a hora de pressionar o governo a atender aos pedidos de libe-ração de emendas parlamentares – di-nheiro federal que eles mandam para estados e municípios – e nomeações de indicados dos partidos para cargos nos

segundo e terceiro escalões do Executi-vo. “Há muita pressão no parlamento para que nossos pedidos sejam atendi-dos. Temos explicado que é difícil pe-dir aos deputados que votem o que é de interesse do governo sem dizer se ha-verácontrapartida”, explicou o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves, que comanda a segunda maior bancada dentre os 513 deputados.

As pressões para que o governo atenda às demandas legislativas co-meçaram em 10 de agosto, depois que a presidente disse a líderes que com-põem a base aliada no Congresso que precisa da ajuda deles para aprovar medidas fundamentais para que o pa-ís enfrente a crise mundial. Durante a reunião do grupo denominado Conse-lho Político, os aliados ouviram apelos e afirmações de Dilma Rousseff sobre a importância deles e de suas bancadas para viabilizar os planos governistas.

No encontro, o ministro da Fazen-da, Guido Mantega, disse que o Exe-cutivo precisa garantir a aprovação, por exemplo, da proposta que mantém a DRU (Desvinculação das Receitas da União) e que isso terá de ser feito ra-pidamente. A DRU permite ao gover-no desvincular 20% do orçamento pa-ra gastar como quiser. Na avaliação de Mantega, somente com a flexibilidade de caixa será possível tomar medidas anticrise rapidamente. “Precisamos manter uma relação boa com o Con-

ASSUSTADO COM O POSSÍVEL CONTÁGIO DA ECONOMIA BRASILEIRA, GOVERNO LANÇA MEDIDAS DE PROTEÇÃO SOB A PRESSÃO DA CHANTAGEM PARLAMENTARIZABELLE AZEVEDO, DE BRASÍLIA

Contra a crise, o toma lá, dá cá

A INDÚSTRIA TÊXTIL FOI UMA DAS BENEFICIADAS PELO PACOTE DE AJUDA DO GOVERNO

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tuais obrigatórios que União, estados e municípios devem investir em saú-de (Emenda 29) são tratados agora co-mo a moeda de troca entre Executivo e Legislativo. “Ou tem PEC 300, que é um compromisso nosso, ou não tem DRU”, resume o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

PROVIDÊNCIASEnquanto busca uma saída para nego-ciar com o Congresso a aprovação de projetos considerados vitais para en-frentar a crise, o governo lança progra-mas para aquecer a economia nacio-nal. O plano Brasil Maior, por exemplo,

A lista de medidas adotadas pelo governo no pacote anticrise também in-clui a ampliação do programa do Sim-ples Nacional (Supersimples). Desti-nado às micro e pequenas empresas, o projeto prevê um teto maior de fatu-ramento para a inclusão das empresas no programa.

Mantega diz que as medidas emer-genciais, somadas ao cenário econô-mico brasileiro, devem garantir que o Brasil passe pela crise menos suscetível aos efeitos negativos dela do que acon-teceu em 2008. Segundo o ministro da Fazenda, o otimismo se deve principal-mente ao elevado volume de reservas internacionais. “Temos a experiência da recente crise e, na política monetá-ria, há graus de manobras para serem usados. Coisa que os Estados Unidos não têm”, afirmou.

A equipe econômica do governo diz que a crença na perspectiva de que o Brasil sofrerá menos os ônus da crise mundial também leva em conta a me-lhoria dos indicadores fiscais e o fato de o país contar com um mercado in-terno expressivo.

CRÍTICASO discurso otimista do governo con-trasta com as críticas que as medi-das emergenciais adotadas têm sofri-do. Para o economista e ex-ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega, o maior erro do Executivo é adotar ati-tudes de intervenção na economia sem avaliar cuidadosamente quais os riscos e os efeitos delas. A maior crítica do es-pecialista é à MP 539/11, que conce-de ao CMN (Conselho Monetário Na-cional) o poder de determinar margem maior de garantia para operações no mercado de derivativos. Os derivati-vos são instrumentos financeiros cujo valor de negociação é baseado no pre-ço futuro de algum outro ativo, como ações, câmbio ou juros. “Essa propos-ta é o AI-5 do mercado de derivativos. Um absurdo. O governo deve intervir se necessário, mas com a percepção exata das consequências que os erros podem ter”, opina.

gresso. Achamos que os Estados Uni-dos só chegaram a esse estágio de difi-culdades porque não puderam contar com o parlamento no momento certo”, afirmou Mantega aos aliados.

PEDIDOSEm vez de deixarem o encontro com a presidente certos de que pautariam os temas defendidos pela equipe econômi-ca do governo, como geralmente acon-tece, os políticos dos partidos da base de apoio saíram do Palácio do Planal-to anunciando uma “operação tartaru-ga” nas votações até que Dilma trate o Congresso com a “atenção merecida”.

Leia-se: até que a presidente nomeie os indicados dos partidos para cargos no governo e libere dinheiro das emendas apresentadas por eles.

A resposta às chantagens veio rapi-damente. Dois dias depois das amea-ças de paralisar as votações, a ministra das Relações Institucionais, Ideli Sal-vatti, anunciou a liberação de R$ 1 bi-lhão em emendas, e Dilma Rousseff iniciou uma rodada de conversas com a cúpula dos partidos políticos.

Apesar da reação do Palácio do Planalto, as ameaças do Congresso de aprovar propostas consideradas de ris-co pela equipe econômica do governo ainda não foram dirimidas. O proje-to que estabelece um piso salarial pa-ra policiais e bombeiros de todo o país (PEC 300) e o que aumenta os percen-

é considerado pela equipe econômica um pacote de bondades para a indús-tria que prevê benefícios tributários, como a continuidade da desoneração do IPI (Imposto sobre Produtos Indus-trializados) para bens de capital, mate-rial de construção, caminhões e veícu-los comerciais leves. Além disso, altera de 20% para zero a contribuição patro-nal do INSS para confecções, calçados, móveis e softwares, setores sensíveis ao câmbio e intensivos em mão de obra. “A ideia é reduzir essa contribuição pa-ra alguns setores em forma de projeto-piloto. A desoneração, nessa primeira etapa, pode chegar a um terço do im-posto devido. Esperamos que isso redu-za a informalidade e desonere as expor-tações”, disse o ministro da Fazenda ao apresentar o plano aos congressistas.Fo

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DILMA QUER DIÁLOGO COM OS PARTIDOS

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62 AméricaEconomia Setembro, 2011

DEBATES Política

SeráFAXINA NO GOVERNO AMEAÇA DIFICULTAR RELAÇÃO ENTRE DILMA E A BASE ALIADA IZABELLE AZEVEDO, DE BRASÍLIA

A herança deixada pelo ex-pre-sidente Lula à sua sucessora Dilma Rousseff incluiu uma

ampla rede de corrupção instalada nos ministérios. Disposta a acabar com ne-bulosos esquemas montados por par-tidos aliados que favoreciam a gover-nabilidade da gestão anterior, Dilma decidiu mudar a estrutura estabelecida e realizou a maior troca de integrantes do primeiro escalão nos primeiros me-ses de um mandato presidencial.

Em oito meses, quatro ministros herdados da gestão anterior foram subs-tituídos. As alterações na composição do poder estão sendo vendidas para a opinião pública como uma faxina e têm rendido bons frutos à popularidade de

quem acaba de estrear na política e vi-via da popularidade do antecessor.

Ao tentar imprimir a marca da in-tolerância com os conchavos e esque-mas montados na máquina pública, Dilma tem enfrentado as legendas alia-das ao demitir indicados de gente que a ajudou a se eleger e, principalmente, que pode interferir no Congresso e ge-rar instabilidade na pauta de votações de interesse do governo.

Até o fechamento desta edição, o último ato foi a demissão do então mi-nistro da Agricultura Wagner Rossi, ligado ao vice-presidente da Repúbli-ca, Michel Temer, e homem-forte do PMDB. Rossi submergiu numa sequên-cia de acusações de corrupção, que en- Fo

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volviam desde cobrança de propina até uso de jatinho de empresas interessadas em fazer negócios com o ministério.

Dilma inicialmente preferiu a cau-tela no tratamento das acusações con-tra Wagner Rossi e foi acusada por outros partidos da base aliada de dar tratamento privilegiado aos integran-tes do PMDB. A presidente se viu pres-sionada a padronizar a conduta adota-da contra o PR, quando as acusações de corrupção no Ministério dos Trans-portes derrubaram Alfredo Nascimen-to do comando da pasta, em julho, causando, em seguida, a demissão de outros 24 funcionários e diretores. “A questão nesse processo foi a forma de conduzir o caso. Não havia processo

que ela aguenta?

AS DEMISSÕES CONTRARIAM

INTERESSES DOS PARTIDOS

QUE APOIAM O GOVERNO E

COLOCAM DILMA EM UMA

SITUAÇÃO DELICADA

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Saiu do comando do Minis-

tério da Agricultura em 17 de

agosto, depois de ter sido acu-

sado de participar de um es-

quema de cobrança de pro-

pina no ministério e de ter via-

jado de carona em jatinho da

Ourofino Agronegócio, em-

presa com interesses no mi-

nistério e ligações com o mi-

nistro e sua família.

judicial ou provas contra eles. Tenta-ram dizer que a corrupção fazia par-te do PR. Isso nos incomodou e nos fez repensar o papel de integrante da base aliada”, conta o líder da legenda na Câ-mara, deputado Lincoln Portela.

Chateado pela punição, o PR anun-ciou independência e sua saída do grupo de partidos da base do governo no Con-gresso. Uma semana depois do anúncio, no entanto, o discurso de revolta come-çou a esfriar porque a ministra Ideli Sal-vatti, das Relações Institucionais, cha-mou a cúpula do PR para uma conversa e prometeu dar atenção aos pleitos da bancada. Uma reconciliação que não surpreende, dadas as vantagens que a amizade com a máquina pública podem proporcionar a um político.

Depois da saída de Nascimento, Dilma substituiu o ministro da Defesa, Nelson Jobim, outra herança do gover-no Lula. Jobim deixou a pasta sem acu-sações de corrupção. O problema fo-ram as declarações públicas de que não fora eleitor da presidente a quem servia, tendo preferido votar em José Serra, do PSDB. Em seguida, Jobim voltou a sur-

preender a cúpula governista ao fazer críticas abertas às ministras Gleisi Ro-ffmann (Casa Civil) e Ideli Salvatti (Re-lações Institucionais).

“Acredito que a presidente tem mostrado qual é sua posição. Ela espera um pouco, analisa os casos. Alguns mi-nistros ficam nos cargos, outros, não. É o jogo político, e ela começou a traçar o próprio perfil e a mostrar como pre-tende governar”, opina o líder do PT na Câmara, deputado Paulo Teixeira.

Na semana em que Dilma batia ca-beça no Palácio do Planalto para admi-nistrar mais denúncias contra o primei-ro escalão, Lula, com dificuldades de “desencarnar” do cargo, como ele diz, recebia dois ministros na sede do Insti-tuto Cidadania, em São Paulo: Fernan-do Haddad, da Educação, e Luís Inácio Adams, advogado-geral da União. Em ambos os encontros, tratou-se de assun-tos relacionados às duas pastas.

ALIADOSCortar de seu governo nomes indicados de outros partidos e acusados de corrup-ção tem sido bem mais fácil para a presi-

Os eliminados

Pressionado pela oposição e

pela opinião pública, o petis-

ta deixou a Casa Civil em 7 de

junho, 23 dias depois do iní-

cio das denúncias de que ha-

via multiplicado seu patrimô-

nio em 20 vezes entre 2006 e

2010. O Procurador-Geral da

República disse que não havia

provas contra ele. Mesmo as-

sim, Dilma preferiu afastá-lo.

O senador pelo PR estava no

comando do Ministério dos

Transportes desde 2004. Em

7 de julho, ele deixou o car-

go acusado de envolvimen-

to no esquema de pagamen-

to de propina para caciques

do PR em troca de contratos

de obras. A crise se agravou

após suspeitas de enriqueci-

mento ilícito de seu filho.

Deixou o cargo de ministro da

Defesa, ocupado desde ju-

lho de 2007, em 5 de agos-

to, depois de fazer críticas às

ministras Gleisi Hoff mann e

Ideli Salvatti. Em reportagem

publicada na revista Piauí, Jo-

bim qualificou Ideli Salvatti

como “fraquinha” e disse que

Gleisi Hoff mann nem sequer

conhecia Brasília.

Antonio Palocci Alfredo Nascimento Nelson Jobim Wagner Rossi

dente Dilma Rousseff do que foi afastar o primeiro ministro. Antonio Palocci, que ocupava a Casa Civil e acumulava poder e prestígio, era da confiança da presidente, que deixou para ele a função de cuidar da articulação política, fun-ção de que Dilma nunca gostou.

Palocci foi acusado de multiplicar em 20 vezes seu patrimônio por conse-quência de trabalhos de consultoria rea-lizados enquanto era deputado federal. Apesar de ter sido inocentado pelo Mi-nistério Público Federal, a presidente se viu obrigada a substituir Palocci pe-la petista Gleisi Roffmann.

A saída do então ministro do cargo mais importante da Esplanada dos Mi-nistérios foi interpretada como um si-nal de que Dilma não pouparia os ami-gos da degola diante de suspeitas de corrupção. Aquele 7 de junho foi o iní-cio de uma faxina, que tem despertado admiração de alguns e indignação de políticos acostumados a fazer dos ór-gãos públicos mesas de negociações. Um rompimento com os velhos méto-dos de comandar o país, que pode ter o alto custo da ingovernabilidade.

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64 AméricaEconomia Setembro, 2011

ESPECIAL Investimento

Um negócio

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COM CAPTAÇÕES QUE DEVEM CHEGAR AOS US$ 20 BILHÕES ATÉ 2012, INDÚSTRIA DE PRIVATE EQUITY DESLANCHA NA REGIÃO E ATRAI NOVOS FUNDOS GRAZIELE DAL-BÓ, DE SÃO PAULO

O agravamento da crise econô-mica internacional, desenca-deado após o rebaixamento

histórico da nota da dívida americana pela agência Standard & Poor’s e o con-sequente derretimento das bolsas em todo o mundo no começo de agosto, parece não ter desanimado uma das in-dústrias de maior crescimento na Amé-rica Latina, em especial no Brasil, nos últimos anos: a de private equity.

Private equity são fundos que inves-tem em empresas com alto potencial de crescimento, cuja participação nos ne-gócios dura entre sete e dez anos. De-pois, é preciso fazer o desinvestimento, que pode ser por meio de um IPO (ofer-ta inicial de ações, na sigla em inglês) ou da venda para um comprador estra-tégico. Esses fundos conseguem entre-gar aos investidores retornos que giram em torno de 25% anuais. Para efeito de comparação, nos últimos cinco anos, quem investiu na Bovespa teve retorno de 12% ao ano, ou seja, menos da meta-de do que conseguiu quem apostou nos fundos de private equity. Não por acaso, esses investimentos têm batido um re-corde atrás do outro na região.

No Brasil, duas das principais ges-toras anunciaram recentemente capta-ções dos dois maiores fundos voltados ao país. A Vinci Partners captou US$ 1,4bilhão, e o BTG Pactual, US$ 1,6 bi-lhão. São US$ 3 bilhões à espera de boasideias e bom retorno. Até o fechamen-to desta edição, a Gávea, gestora do ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, estava em processo de capta-ção de outro fundo, que deve chegar a US$ 2 bilhões. Segundo Piero Minar-di, sócio da Gávea, a condição para fechar negócio é que a empresa atue no Brasil. “Não focamos nenhum se-tor. Queremos um sócio bom, e só”,

diz. Fundada em 2006, a Gávea tem US$ 2,5 bilhões investidos em 30 negó-cios diferentes.

TERRENO FÉRTIL“A soma desses três valores [os negócios recentes de Gávea, BTG e Vinci] é igual a tudo o que havia disponível para ser in-vestido no país no ano de 2005”, com-para o professor Adalberto Brandão, responsável pelo GVcepe (Centro de Estudos em Private Equity e Venture Ca-pital) da Fundação Getulio Vargas.Em meados de agosto, o Pátria Inves-timentos também fez uma captação bi-lionária: US$ 1,25 bilhão para investir em empresas em processo de consoli-dação. Duas semanas antes, o Pátria já havia concluído um fundo de US$ 1 bi-lhão voltado a ativos imobiliários.

Segundo o estudo “A Indús-tria de Private Equity e Venture Ca-

pital – 2º Censo Brasileiro”, divul-gado em junho pelo GVcepe e pelaABDI (Associação Brasileira de De-senvolvimento Industrial), os recursos disponíveis para serem investidos no Brasil chegaram a US$ 36 bilhões em 2009, sete vezes mais do que existia no começo dos anos 2000 (US$ 5 bilhões). Estima-se que outros US$ 20 bilhões devam ser captados por esses fundos até 2012. “O Brasil oferece um terre-no muito fértil. Temos muitas empre-sas familiares que demandam inves-timento para crescer. Mas o negócio precisa ser atrativo para esses fundos”, afirma Fábio Matsui, sócio-diretor da Cypress, assessoria financeira em pro-cessos de fusão e aquisição.

O volume de investimentos segue o mesmo ritmo dos valores captados. É o que mostra um levantamento da Ernst & Young divulgado em julho.

MINARDI, DA GÁVEA:

GESTORA ESTÁ EM

FASE DE CAPTAÇÃO

PARA UM FUNDO

QUE DEVE CHEGAR

A US$ 2 BILHÕES

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66 AméricaEconomia Setembro, 2011

ESPECIAL Investimento

Foram US$ 6,6 bilhões em transações realizadas com empresas da América Latina em 2010, representando um crescimento de 404% em relação aos dados do ano anterior. Somente o Bra-sil recebeu US$ 4,6 bilhões do total des-tinado à região. Colômbia, Peru, Chile e México também se destacaram, se-gundo a consultoria.

CENÁRIO POSITIVO“Isso é resultado de fatores que envol-vem uma economia mais estável do que nos países desenvolvidos e o pró-prio crescimento da classe média na re-gião, que impulsiona o consumo”, ex-plica Carlos Asciutti, sócio da Área de Transações da Ernst & Young Terco.

do de um capital inicial de R$ 150 mil, feito a partir de 1998 (quando ainda era a Telefutura), para um faturamento de R$ 1,4 bilhão no ano passado. O plano, agora, é dobrar o tamanho da empre-sa nos próximos quatro anos. “O que atraiu esses fundos para a Tivit foi o fa-to de termos uma geração de caixa sus-tentável, com boa rentabilidade e go-vernança”, acredita Mattar.

Mas essa não é uma indústria vol-tada apenas ao mundo dos bilhões. As gestoras de fundos de venture capi-tal (que investem em empresas em es-tágios mais iniciais) também estão de olho no bom momento dos países lati-no-americanos. A gestora Warehouse, por exemplo, planeja captar R$ 70 mi-lhões até o final do ano. “Temos pre-ferência por empresas focadas em tec-nologia e tecnologias limpas, como serviços de reciclagem e biocombustí-veis”, afirma Moises Herszenhorn, um dos sócios da gestora. Das 300 propos-tas que a equipe recebeu nos últimos dez meses, três foram transformadas em investimento.

Um deles é o iFood, serviço de en-trega de restaurantes pela internet, lan-çado em maio deste ano pelos empresá-rios Patrick Sigrist, Felipe Fioravante,

Somados a isso ainda estão os eventos esportivos previstos para o Brasil nos próximos anos, que dependerão mui-to de investimento em infraestrutura. “Para levar seus projetos adiante, as empresas necessitarão de dinheiro. E os fundos de private são uma ótima op-ção”, afirma Sidney Chameh, presiden-te da Abvcap (Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital). Outros setores que estão na mira das gestoras são os ligados a projetos do pré-sal, à cleantech (tecnologia limpa) e os volta-dos ao consumo e à tecnologia.

A Tivit, empresa de tecnologia fun-dada pelo ex-tenista Luiz Mattar, foi uma das que receberam aporte desse tipo de fundo. A Apax desembolsou, em maio do ano passado, R$ 1,6 bilhão para ficar com 97% da Tivit. Os outros 3% continuam nas mãos de Mattar, que também segue como presidente da companhia e do Conselho. Mas essa não foi a primeira vez que a empresa do ex-tenista recebeu dinheiro de fun-dos de private equity. “Desde o início, tivemos investimento do Votorantim e do Pátria”, afirma o executivo. Contar com sócios como esses foi essencial pa-ra que a Tivit alcançasse o crescimen-to esperado por seu fundador, passan-

404%foi o crescimento

nas transações com empresas da

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ação

Ritmo aceleradoEvolução do capital comprometido em private equity no Brasil (US$ bilhões)

Fonte: GVcepe

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Setembro, 2011 AméricaEconomia 67

Eduardo Baer e Guilherme Bonifácio. Com o aporte de R$ 3,1 milhões feito pelo Warehouse, os sócios do iFood es-peram ter 700 restaurantes convenia-dos até o final do ano e expandir o ser-viço – que hoje é restrito a São Paulo e Rio de Janeiro – para Salvador, Cam-pinas, Jundiaí, ABC paulista, Guaru-lhos e Curitiba. Até 2016, pretendem chegar a 7 mil restaurantes, espalhados por todos os estados brasileiros. Hoje, são 230 restaurantes online, que, juntos, registram 12,5 mil pedidos por mês. De cada um deles, os sócios do iFood re-cebem 10%. “Tínhamos uma meta de crescimento ambiciosa e somente com recursos próprios sabíamos que não conseguiríamos alcançá-la tão facil-mente. Então, montamos um plano de negócios e levamos para o Warehouse. Eles ficaram interessados e investiram na nossa ideia”, conta Felipe Fioravan-te. Para ele, ter um plano bem estrutu-rado, com objetivos definidos e pessoal capacitado para desempenhar as fun-ções, fez toda a diferença na hora de re-ceber o investimento.

Além de profissionalizar a gestão e

O difícilprocessode seleção*Segundo as gestoras, apenas 1% das propostas são convertidas em investimento

* respostas fornecidas por 88 organizações gestoras (60% do universo) em dezembro de 2009 referentes aos dados de janeiro a dezembro de 2009 Fonte: GVcepe

1%

43%

2%

3.931 propostas foram recebidas em 2009

50 investimentos foram realizados

1.681 foram analisadas

92 delas foram submetidas à análise de dados contábeis

a governança corporativa das empresas investidas, os especialistas defendem que os fundos de private equity ajudam as companhias a se preparar melhor pa-ra ingressar no mercado acionário. Is-so explica por que a participação desses fundos nos processos de fusões e aqui-sições passou de 10%, em 2002, pa-ra cerca de 30%, em 2010. “No biênio 2006/2007, no qual tivemos recorde de IPOs, um terço das aberturas de capital foram de empresas que tinham investi-mento de fundos de private equity”, afir-ma Asciutti, da Ernst & Young.

O OUTRO LADOMas, como todos os movimentos que rondam o mundo dos negócios, os in-vestimentos feitos por fundos de private equity e venture capital têm suas armadi-lhas. A principal delas, contam os ana-listas, é o fato de o empresário não estar preparado para receber um sócio. “Mui-tas dessas empresas são familiares, e os fundadores costumam tomar as deci-sões sozinhos. Com a entrada de um fundo de private equity, o empreendedor precisa ter em mente que ele terá de

MATTAR VENDEU O CONTROLE DA TIVIT

AO APAX POR US$ 1,6 BILHÃO DEPOIS DE

INVESTIR R$ 150 MIL

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68 AméricaEconomia Setembro, 2011

ESPECIAL Investimento

dividir a palavra final. Geralmente os conflitos são bem resolvidos, pois as du-as partes têm um único objetivo: levar a empresa ao crescimento, mas é preciso estar muito atento a isso”, afirma Mi-chel Hannas, sócio da Table Partners, consultoria de estratégia.

Outros problemas aparecem quan-do a gestora não avalia bem o setor no qual pretende entrar ou quando o pró-prio negócio não cresce tanto quanto o esperado pelos investidores. Um dos insucessos mais recentes foi amargado pela GP, uma das maiores gestoras do país, conhecida pelo apetite em com-prar participações em empresas, mu-dar a gestão e depois revender as ações com grandes lucros. No caso da Im-bra, porém, a exceção passou por cima da regra. Os 78% que a gestora detinha na empresa de implantes dentários fo-ram vendidos para o grupo empresarial Arbeir, no ano passado, por um valor simbólico de US$ 1. Ao que tudo indi-ca, a GP teve dificuldades em enfren-tar um mercado pulverizado e, muitas vezes, informal.

Embora não existam números con-solidados de quantos casos dão errado e quais podem ser considerados cases de sucesso, quem estuda a área garante que dá para contar nos dedos as incur-sões malsucedidas. “São pessoas que estudam muito o mercado no qual vão entrar”, diz Hannas. O bom desempe-nho tem criado um novo modelo de negócio: o de fundos que investem nos próprios fundos de private equity, e não diretamente nas empresas. É o caso da Ocroma, criada há três anos. “Nós po-

No topo da lista

O setor de serviços é o mais atrativo*

Serviços

Saúde

Infraestrutura

Consumo

Educação

Óleo e Gás

Agronegócio

Imobiliário

Indústria

Outros

Fonte: Brazilian Private Equity: MovingCentre Stage, Insead & PwC

* Pesquisa feita entre fevereiro e abril de 2011 com 15 gestores de fundos e 10 investidores

80%

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demos investir tanto em fundos já exis-tentes quanto nas empresas, em par-ceria com outros gestores”, explica o sócio Leonardo Ribeiro. Para ele, o grande diferencial é a aposta na diver-sificação. Os investidores da Ocroma são pessoas que venderam suas empre-sas ou fizeram um IPO e estão capita-lizadas para destinar seu dinheiro a ou-tros negócios.

QUE CRISE?Mas um cenário tão positivo não po-deria esfriar com a crise internacional? Os especialistas acreditam que não.

Participação crescenteRelação entre investimento em private equity e PIB (em %)

2009 2010

Fonte: Emerging Markets Private Equity Association (Empea)

0,34

1,13Reino Unido

0,43

0,9EUA

0,57

0,63Israel

0,32

0,44Índia

0,06

0,23Brasil

0,13

0,16China

0,02

0,1Rússia

0,01

0,08Polônia

“Enquanto as perspectivas da econo-mia latino-americana, principalmente brasileira, estiverem boas, haverá espa-ço para os fundos de private crescerem”, afirma Hannas, da Table Partners. Já para Minardi, da Gávea, um reflexo possível poderia ser a redução no preço dos ativos. “Eles ficariam em um pata-mar mais real, menos sobrevalorizado do que acontece hoje.” Então, pelo me-nos até a próxima década, a expectati-va é de que o momento continuará bom para os gestores de fundo. Resta saber se as empresas estão preparadas para receber todo esse investimento.

Fartura latino-americanaDe olho nas oportunidades geradas pela economia estável na maior parte dos países latino-americanos, as gestoras es-

trangeiras também voltam seus radares para a região. O fundo de investimento americano The Carlyle Group, por exemplo,

anunciou, em meados de junho, a captação de dois fundos, totalizando US$ 1 bilhão de capital, para aquisições e investimen-

tos de growth capital (tipo de fundo que oferece ao investidor um tíquete médio inferior ao de um private equity tradicio-

nal) no Brasil e na América do Sul: o CSABF (Carlyle South America Buyout Fund), com foco na América do Sul e um total de

US$ 776 milhões de capital comprometido; e um fundo criado em parceria com o Banco do Brasil, com R$ 360 milhões de

capital comprometido, para investir, em conjunto com o CSABF, em negócios no Brasil. Outras movimentações envolveram

a compra, por gestoras estrangeiras, de participações nas gestoras nacionais, como a entrada, em setembro de 2010, da

Blackstone na Pátria Investimentos e a aquisição, pelo J.P.Morgan, em outubro do ano passado, do controle da Gávea.

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70 AméricaEconomia Setembro, 2011

FINANÇAS Integração

O MERCADO DE CAPITAIS REGIONAL GANHA ESCALA E SE MOSTRA EM CONDIÇÕES DE ATENDER EMPRESAS E INVESTIDORES

BÁRBARA VIGNAUX, DE BUENOS AIRES

O chileno Jorge Errázuriz ain-da se recorda dos anos 1980, quando, na Bolsa de Santia-

go, era impossível fazer oferta de ações superiores a US$ 50 milhões. Errázu-riz é CEO da Celfin Capital, maior corretora de valores do Chile e uma das principais empresas de adminis-tração de ativos da América Latina. Hoje, o mesmo tipo de operação seria bem diferente. O mesmo se pode di-zer de outro mercado, o colombiano. Desde 2001, quando as três bolsas do país se fundiram em uma única insti-tuição, “o volume diário de negociação de ações se multiplicou por 25, o valor de mercado, por 10 ou 12 vezes, e o ín-dice de valores da bolsa cresceu mais de 1.000%”, contou Juan Pablo Córdoba, CEO da bolsa colombiana de valores,

em uma mesa-redonda sobre a integra-ção financeira regional durante o Fó-rum das Multilatinas, promovido pela AméricaEconomia em Santiago.

A palavra-chave do auge das bol-sas da América Latina é escala. E sua expressão mais recente e promisso-ra é o Mila (Mercado Integrado Lati-no-Americano), formado por Colôm-bia, Chile e Peru. Seus protagonistas o apontam como um exemplo de integra-ção: pragmático, motivado por resulta-dos e livre das pressões e das negocia-ções do setor público.

A integração das bolsas dos três paí-ses tem o precedente de um crescen-te número de negócios transnacionais. No Chile, por exemplo, parte da infra-estrutura viária, portuária e aeropor-tuária foi construída por consórcios Fo

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Cada vez mais atraente

COM A UNIÃO ENTRE AS BOLSAS DE COLÔMBIA, CHILE E PERU, A APOSTA É GANHAR MUSCULATURA 1

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Setembro, 2011 AméricaEconomia 71

Um dos desafios é captar as

economias das novas classes

médias na região

privados com a participação de várias multinacionais. A novidade é que elas não são mais majoritariamente espa-nholas ou americanas. No ano passa-do, o Chile recebeu importantes inves-timentos vindos de Peru e Colômbia – os mais importantes da história, com a venda da produtora de cimentos Me-lón ao grupo peruano Brescia e a ou-torga da concessão da rodovia Santia-go-Puerto Montt à colombiana ISA (Interconexión Eléctrica S.A).

Ao se expandir para os países vizi-nhos, as empresas do continente geram “uma necessidade objetiva de ter servi-ços financeiros à altura”, diz Guiller-mo Larraín, ex-superintendente da Bolsa de Valores do Chile. As perspec-tivas são enormes. Apenas na Colôm-bia, os projetos em infraestrutura têm projeção de alcançar o valor de US$ 50 bilhões nos próximos dez anos.

Mas, além do Mila, a integração fi-nanceira e das bolsas na América Lati-na passa em grande medida por resol-ver duas interrogações, relacionadas à operação de seus maiores protagonis-tas. O mercado mexicano continua do-minado pelas aplicações em renda fixa, e se reprovam seus vínculos muito pri-vilegiados com os Estados Unidos.

O Brasil ainda precisa ser convin-cente em querer compartilhar sua posi-ção hegemônica, que compreende 40% da economia do continente. “A ideia da integração financeira não é que todo o mundo vá para o Brasil e o mercado fi-nanceiro se torne brasileiro, mas sim promover uma rede de nós interconecta-dos, sem renunciar à soberania de cada um”, afirma Juan Pablo Córdoba, presi-dente da Bolsa de Valores da Colômbia.

Para Paulo Oliveira, diretor geral da Brain (Brasil Investimentos & Negó-cios), “a questão não é o Brasil ser gran-de, mas os demais serem pequenos. Em relação a ativos bancários, fundos de investimentos e mercado de capitais, a América Latina representa apenas 3% a 5% do mundo”.

A BM&FBovespa tem procurado uma expansão progressiva. Por exem-plo, por meio de acordos com a Bolsa

de Comércio de Santiago, a Bolsa de Valores da Colômbia e a do México.

Córdoba reconhece que a Colôm-bia, apesar do desenvolvimento dos úl-timos dez anos, “continua sendo um jogador pequeno em âmbito regional e global”. O mesmo ocorre com o Chile. “Temos de fazer como a Suíça e pensar que o mercado é o mundo”, afirma Al-fredo Capote, CEO do Goldman Sachs Investment Banking no México

De fato, existe uma demanda glo-bal da América Latina, reconhece Daniel Gamba, CEO da gestora de fundos BlackRock para o continente. “Mas os investidores globais que que-rem colocar dinheiro no setor de ener-gia ou de telecomunicações na região sempre me perguntam: onde as ações estão listadas?” Essa é uma pergun-ta que Gamba ainda tem dificuldade para responder: “Há pouca liquidez e acesso restrito a muito poucos instru-

mentos; a pessoa acaba fazendo essas operações em Nova York ou Londres”. Com o Mila, o que se busca é justa-mente gerar “um círculo virtuoso da liquidez em âmbito regional para po-der chamar a atenção de atores exter-nos”, enfatiza Córdoba.

EDUCAÇÃO FINANCEIRAA região, em seu conjunto, enfrenta dois desafios que, embora não sejam de natureza financeira, influirão forte-mente em sua capacidade de atrair ca-pitais locais e estrangeiros.

O primeiro consiste em captar as economias das novas classes médias surgidas com o crescimento econômi-co da última década: “Há dezenas de milhões de latino-americanos que têm dinheiro para investir e não o fazem. É preciso promover a educação financei-ra”, afirma Oliveira, da Brain.

O Banco Mundial está desenvolven-do seu projeto mais importante de edu-cação financeira nas escolas do Brasil, a fim de ensinar às crianças como plane-jar e economizar. “Isso é um pouco in-tangível, mas é fundamental”, destaca Oliveira. A Colômbia é um bom exem-plo de amadurecimento, reconhece Al-fredo Capote, do Goldman Sachs: “É impressionante como as empresas co-lombianas buscam capitais por meio de anúncios em seus próprios jornais”.

O segundo desafio é a boa gover-nança em âmbito público. “Um dos grandes ativos que temos no Chile é um baixo nível de corrupção”, desta-ca Jorge Errázuriz, da Celfin Capital. Em um espectro maior, a avaliação é diferente, segundo Larraín: “A Améri-ca Latina está muito longe de todas as médias aceitáveis nos padrões interna-cionais de corrupção ou transparência do mercado de valores”.

O desafio consistirá em assentar as bases para o desenvolvimento dura-douro na América Latina por meio de uma melhora na distribuição de renda, acompanhada de uma luta genuína con-tra a corrupção, conseguindo, assim, a consolidação de uma classe média edu-cada para o mercado de capitais.

A BOLSA BRASILEIRA PRECISA DE VOLUME

DE NEGÓCIOS PARA GANHAR PROJEÇÃO

2

AE 402 integracao financeira V1.indd 3AE 402 integrac ao financeira V1.indd 3 25.08.11 23:51:3125.08.11 23:51:31

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72 AméricaEconomia Setembro, 2011

FINANÇAS Investimentos

Tijolo depapel

MERCADO DE FUNDOS IMOBILIÁRIOS COMEÇA A GANHAR MUSCULATURA NO BRASIL NATALIA GÓMEZ, DE SÃO PAULO

D epois de amargar perdas na bolsa de valores durante a crise de 2008, o funcionário público Silvano Ferrei-ra, 53 anos, decidiu transferir parte dos seus recur-

sos investidos em ações para o setor imobiliário. Sua inten-ção era comprar salas comerciais para aluguel e aproveitar o grande boom de demanda nessa área. Mas, enquanto estu-dava o novo investimento, descobriu que poderia chegar ao

mesmo objetivo sem tanta dor de cabeça, como lidar com in-quilinos e com a falta de liquidez. Naquele mesmo ano, com-prou suas primeiras cotas em um fundo imobiliário. Hoje, é cotista de dez fundos imobiliários, que investem nas áreas comerciais, de shopping centers e outras modalidades. Para Ferreira, a grande vantagem é a possibilidade de fracionar o investimento. “Se eu tiver algum problema e precisar vender, Fo

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AE 403 fundos imobiliarios.indd 2AE 403 fundos imobiliarios.indd 2 26.08.11 00:01:4426.08.11 00:01:44

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Setembro, 2011 AméricaEconomia 73

cotistas. Além de permitir um aporte inicial infinitamente menor, os fun-dos oferecem a possibilidade de diversificar. O investidor pode colocar su-as economias em setores diferentes, como shopping centers, escritórios co-merciais, segmento residencial, hotéis, flats e hospitais, acompanhando as tendências do setor imobiliário.

Praticamente incipiente até 2008, esse mercado tem avançado rapida-mente desde que a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) deu mais li-berdade aos gestores desses fundos, permitindo o investimento em títulos imobiliários como letras hipotecárias, CRI (Certificado de Recebíveis Imo-biliários) e LCI (Letras de Crédito Imobiliário). Além disso, permitiu que o gestor atuasse como um incorporador imobiliário, contratando construto-ras para levantar projetos, sem restringir-se à compra de empreendimentos prontos, segundo o diretor de Desenvolvimento e Relações Institucionais da BM&FBovespa, Emilio Otranto Neto.

A resposta foi positiva. Em 2008, o volume de negócios era de R$ 143,6 milhões, total que saltou para R$ 379 milhões no ano passado. Somente

Mais opções para o investidorRegistro de fundos imobiliários autorizados a negociar na BM&FBovespa

2008 2009 2010 2011*

* até 31/07/2011 Fonte: BM&FBovespa

25

31

48

56

posso me desfazer de apenas uma parcela das cotas. Se tivesse comprado uma sala, teria de vender todo o ativo”, explica.

A atual ameaça de recessão da economia americana, que novamente compromete o rendimento em bolsa, reforçou a estratégia do investidor. Assim como Ferreira, milhares de brasileiros despertaram para a possibilidade de investir no setor imobiliário por meio de fundos, que agrupam investidores para apli-car em um ou mais imóveis. Estes são aluga-dos, e o rendimento mensal é distribuído aos

AE 403 fundos imobiliarios.indd 3AE 403 fundos imobiliarios.indd 3 26.08.11 00:02:1126.08.11 00:02:11

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74 AméricaEconomia Setembro, 2011

FINANÇAS Investimentos

nos primeiros sete meses deste ano, os investimentos superaram o total de 2010, com volume financeiro de R$ 462,9 milhões. Em número de negócios, o mercado passou de 6,7 mil, em 2008, para mais de 37 mil, em 2011 (de janei-ro a julho), de acordo com dados da BM&FBovespa. Para Otranto Neto, es-sa é apenas “a ponta do iceberg”, pois o potencial desse mercado é grande. Du-rante workshop realizado em julho, na bolsa, ele afirmou que os fundos imobi-liários podem movimentar entre R$ 700 milhões e R$ 1 bilhão neste ano no Brasil.

ISENÇÃO DE IMPOSTO DE RENDAAté o momento, as pessoas físicas têm sido o grande motor desse segmento. Hoje, elas representam 71,6% dos investi-dores nesse tipo de aplicação, seguidas por fundos de inves-timento, que respondem por 10% do total. Estrangeiros e fundos de pensão também têm apetite por essa modalidade, embora sua participação atual ainda seja pequena (6%). De acordo com os especialistas, a isenção do imposto de renda na distribuição dos rendimentos para pessoas físicas é o gran-

* até 31/07/2011 Fonte: BM&FBovespa

Mais adesõesEvolução do número de investidores em fundos imobiliários no país

5.960

8.315

20082009

2010

2011*

21.216

29.192

de atrativo do mercado. A isenção va-le para fundos listados em bolsa que te-nham mais de 50 cotistas, desde que o cotista não tenha mais de 10% das co-tas. Uma alíquota de 20% de imposto de renda incide sobre o ganho de capi-tal, quando o investidor vende suas co-tas. Mesmo assim, é grande a vanta-gem sobre o aluguel dos imóveis, em que o dono paga 27,5% sobre a recei-ta do aluguel.

Além da vantagem fiscal, os inves-tidores também são atraídos pela ad-

ministração profissional dos fundos, que dá mais poder de barganha na negociação com os inquilinos. O educador fi-nanceiro Mauro Calil, autor do livro A Receita do Bolo, sobre finanças pessoais, explica que a proteção legal é maior nos fundos do que no investimento direto em imóveis porque o patrimônio do fundo não se mistura com o patrimônio do administrador. A sinergia de recursos é outro atrativo, já que, com o dinheiro de vários cotistas, é possível comprar projetos maiores e melhores.

Um dos grandes players do setor é a Brazilian Mortga-ges, com R$ 5,5 bilhões sob sua gestão, distribuídos em 30

fundos imobiliários, dos quais 19 são listados em bolsa. Segundo o superin-tendente de Fundos da Brazilian Mor-tgages, Rodrigo Mennocchi, a deman-da das últimas ofertas tem superado o previsto pela gestora. Um exemplo é o produto BC Fundo de Fundos, que, em janeiro, preparou sua terceira emissão, no valor de R$ 100 milhões. A procura foi tão grande que a oferta foi amplia-da para R$ 115 milhões.

Em julho, a Brazilian Mortgages ofertou R$ 60 milhões ao varejo com o fundo BM Cenesp, mas a demanda foi superior a R$ 100 milhões. De acordo com Mennocchi, a oferta foi fechada em uma semana e atraiu 2,7 mil cotis-tas. Os recursos captados pelo fundo serão aplicados na compra de uma par-ticipação de 23,8% no Centro Empre-sarial de São Paulo, localizado no bair-ro de Santo Amaro, na capital paulista, pertencente ao fundo Brazilian Capi-tal Real Estate Fund I. “Os investido-res estão apostando nesse tipo de papel porque experimentam as vantagens dos grandes empreendimentos com um ticket pequeno, isenção fiscal e têm a porta de saída na bolsa.”

72%dos investidores em fundos imobiliários,

no Brasil, são pessoas físicas

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Setembro, 2011 AméricaEconomia 75

Atualmente, há 114 fundos imobiliários registrados na CVM, com um patrimônio líquido total de aproximadamen-te R$ 10 bilhões. Desses, 56 fundos têm registro na bolsa e acumulam R$ 6,2 bilhões em patrimônio. Uma tendência recente é a diversificação dos tipos de fundo, que investem não apenas no setor comercial, mas em recebíveis imobili-ários, no setor residencial, hospitais e galpões comerciais. Outra tendência é a criação de fundos com gestão ativa, que não estão atrelados a apenas um ativo, mas estão constante-mente atentos a novas aquisições. Segundo a gerente de In-vestimentos Imobiliários da gestora de recursos Rio Bravo, Anita Spichler Scal, a gestora já tem dois fundos com gestão ativa dentro da sua carteira de 30 fundos.

O primeiro, chamado de Rio Bravo Renda Corporativa, começou com seis andares do edifício JK Financial Center, mas pediu autorização dos cotistas para aumentar o patri-mônio e fazer novas aquisições, voltadas para lajes corpo-rativas de alto padrão (triple A). No início de 2010, o fundo captou R$ 34 milhões, que foram investidos na compra do oi-tavo andar do Edifício Jatobá, na Avenida Luís Carlos Berri-ni, locado para a Kraft Foods Brasil. Outra compra foi o 10º andar do edifício Parque Paulista, na Alameda Santos (tam-bém na Zona Sul da capital paulista), alugado pela ressegu-radora Swiss Re. Hoje, a Rio Bravo conta com mais um fun-do com esse perfil, o Daycoval Renda Itaplan, que compra imóveis comerciais sem a exigência de ser triple A. No mo-mento, a gestora estrutura o terceiro fundo com esse perfil, que deve ser lançado no final do ano.

De acordo com Anita, os fundos imobiliários serão uma

alternativa para a captação de recur-sos por parte das incorporadoras no longo prazo. Hoje, o setor é financiado pelo Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), mas, nos próximos anos, os recursos da poupança serão in-suficientes para financiar o mercado. “No futuro, a incorpo-radora poderá buscar recursos por meio de um fundo imobi-liário, não há entraves para isso”, afirma.

DESAFIOSEnquanto se expande rapidamente, o mercado também pas-sa por transformações. A CVM colocou em audiência públi-ca uma minuta de norma contábil, propondo uma nova regra na avaliação dos empreendimentos dos fundos de investi-mento imobiliário. O prazo para sugestões terminou em 18 de julho, e a CVM está avaliando os comentários do merca-do. Hoje, a valorização ou desvalorização de um imóvel não se reflete necessariamente no valor da cota do fundo, pois os imóveis são registrados por seu valor de custo, descontada a depreciação, e não pelo valor de mercado.

Segundo o analista de normas contábeis da CVM, Os-valdo Zanetti, a proposta é que o imóvel seja contabilizado a um valor justo. “Com isso, o valor patrimonial da cota vai se aproximar do valor de mercado”, explica. A mudança vale para os imóveis voltados para renda, e não para venda.

A questão da comunicação dos fundos com o mercado também é alvo de discussão. O gerente de Acompanhamen-to de Fundos Estruturados da autarquia, Claudio Maes,

OTRANTO NETO: FUNDOS IMOBILIÁRIOS

MOVIMENTARÃO ATÉ R$ 1 BI ESTE ANO;

ABAIXO: JK FINANCIAL CENTER. PARTE DO

PRÉDIO É ATRELADA AO FII DA RIO BRAVO

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76 AméricaEconomia Setembro, 2011

FINANÇAS Investimentos

Atrativos Benefícios fiscais a pessoa física: isenção de im-

posto de renda sobre os rendimentos mensais rece-

bidos por cotistas de FIIs (fundos de investimentos

imobiliários).

Diversificação: por meio de FIIs, os investidores

diversificam o risco ao fazer aportes em diferentes

setores, como shoppings, indústria, hotéis e imóveis

residenciais. O risco de inadimplência também é di-

versificado entre diferentes locatários.

Acesso ao mercado imobiliário: os FIIs permi-

tem que pequenos investidores tenham acesso a em-

preendimentos imobiliários antes inalcansáveis, por

causa do tamanho do investimento requerido para

diferentes perfis de imóveis.

Administração especializada: a escolha de imó-

veis de qualidade e boas oportunidades de investi-

mento ficam a cargo de profissionais competentes e

com experiência no setor.

Fracionamento: o investidor pode vender no mer-

cado secundário apenas a quantidade de cotas dese-

jadas, e não liquidar todo o investimento, como é o

caso do investimento direto em imóveis.

Ganhos de escala: investindo em FIIs, o pequeno

investidor consegue condições semelhantes às dos

grandes investidores, por causa do maior poder de

negociação.

Praticidade: o investidor não precisa se preocupar

pessoalmente com as obrigações e os procedimen-

tos necessários na compra/venda de imóveis, tais co-

mo certidões e escrituras.

Fonte: XP Investimentos

conta que existe a intenção de aprimorar a prestação de in-formações, mas as conversas na área técnica ainda são em-brionárias. O objetivo dessas mudanças seria tornar os de-monstrativos financeiros mais “completos e complexos”.

Outro ponto em debate é a adoção de formadores de mer-cado, que são agentes contratados para garantir um mínimo de negócios, assegurando que o investidor encontrará com-prador para os papéis quando quiser vendê-los.

A bolsa recomenda a adoção desse instrumento, e mui-tos fundos concordam, mas ainda não há um acordo sobre quem arcará com as despesas – os cotistas do fundo ou o ges-tor . Isso porque as normas da CVM restringem os encargos que podem ser pagos pelos fundos.

Desvantagens Diferentemente do mercado de imóveis, não há pos-

sibilidade de ganhar quando outra pessoa precisa de

liquidez. Por exemplo, uma pessoa com problemas fi-

nanceiros pode vender o imóvel abaixo do preço de

mercado, o que seria um bom negócio para o com-

prador. Nos fundos, não há chance de compra e ven-

da rápida para aproveitar alguma situação vantajosa

de mercado.

É preciso pagar 20% de imposto de renda sobre ga-

nho de capital. Em bolsa, há isenção para vendas de até

R$ 20 mil no mês.

É renda variável porque a cota sobe e cai, como se

fossem ações, embora a volatilidade observada seja

menor do que no mercado de ações.

Especialistas recomendam cautela na compra de fun-

dos de recebíveis imobiliários. Antes de comprar fundo,

o investidor deve se informar, conhecer o estatuto ou

procurar uma assessoria profissional. A regulação bra-

sileira é mais prudente do que em outros países, mas o

mercado apresenta riscos.

Fonte: Mauro Calil

Sobe o volume financeiroNegociação de fundos imobiliários na BM&FBovespa

*Jan. a Jul. de 2011 Fonte: BM&FBovespa

2008

2009

2010

2011 *

6.793

9.508

24.983

37.337

143,5

229,0

379,1

463,0

Ano

Número

de negócios

Volume

Financeiro

(R$ milhões)

AE 403 fundos imobiliarios V1.indd 6AE 403 fundos imobiliarios V1.indd 6 26.08.11 00:00:0726.08.11 00:00:07

Page 73: Nº 403 Edição Brasil

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34 AméricaEconomia Setembro, 2011

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MULTIPLICAÇÃO DE PRODUTOS

NO SENTIDO HORÁRIO, SHOW DO GUNS N’ ROSES, RÉVEILLON EM COPACABANA, DANOS CAUSADOS PELO TERREMOTO NO JAPÃO E

REFORMA DO MARACANÃ: EXEMPLOS DE NOVOS PACOTES DE SEGUROS

ESPECIAL Estratégia

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Setembro, 2011 AméricaEconomia 81

COM SEGUROS CADA VEZ MAIS DIVERSIFICADOS, AS COMPANHIAS GANHAM MERCADO COM COBERTURAS QUE ATENDEMDA BAIXA RENDA A SHOWS DE ARTISTAS INTERNACIONAIS

ADRIANA CHAVES, DE SÃO PAULO

A organização do Rock in Rio criou uma espécie de an-tídoto contra os já célebres atrasos de uma das princi-pais atrações desta edição do festival. A banda Guns

N’ Roses foi obrigada a assinar uma cláusula que estabelece multa caso o vocalista Axl Rose demore a pisar no palco no próximo dia 2 de outubro. O valor não foi divulgado, mas a medida tem como objetivo evitar tumultos na plateia e even-tuais ações judiciais.

Embora esse tipo de acerto seja pouco usual, cada vez mais produtores e organizadores de eventos recorrem a meca-nismos para evitar problemas. Se no passado era mais comum assumir apenas a responsabilidade civil dos eventos, hoje vá-rias seguradoras oferecem produtos específicos, com seguros variados contra atrasos, cancelamentos, não comparecimen-to do artista, danos à estrutura, à plateia e a terceiros, além de outras eventualidades.

“Tradicionalmente, as coberturas de seguros eram seg-mentadas, o que tornava o seguro difícil de ser contratado. Há cerca de cinco anos, começaram a ser vendidos produtos integrados. O período coincidiu com o aumento de shows in-ternacionais no país”, afirma o diretor-gerente da Berkley In-ternational Brasil, José Bailone Júnior.

Só em maio, a Berkley fechou contrato para os shows de Paul McCartney, no Rio de Janeiro, e da ex-Hannah Monta-na Miley Cirus, no Rio e em São Paulo. Juntas, as apresenta-ções tiveram seguros de R$ 17 milhões.

Se, por um lado, os megasshows trazem maior exposição, por outro podem resultar em uma conta alta para a segurado-ra. Por isso, a Berkley prefere focar em eventos de pequeno e médio portes. Segundo Bailone, é preciso avaliar se a atração pode trazer danos à imagem da companhia. “Fazemos gran-des shows, mas levando em conta a reputação do artista.”

A Liberty Seguros também aposta parte de suas fichas na área de eventos. O último Réveillon de Copacabana teve um seguro de R$ 10 milhões para cobrir eventuais danos ao públi-co, aos artistas, à montagem do palco e a eventuais problemas com fogos de artifício, entre outros incidentes. A companhia assinou, em maio deste ano, um contrato com a Fifa (Federa-ção Internacional de Futebol), tornando-se patrocinadora e seguradora nacional dos jogos da Copa do Mundo de 2014. O contrato abrange ainda a Copa das Confederações de 2013.

“Mesmo não estando envolvidos nas obras para a Copa, fazemos parte da organização do evento e queremos o seu su-cesso. Por isso, ajudamos na gestão e na prevenção de riscos”, diz o diretor comercial da Liberty, Luciano Calheiros.

SEM CRISEOs grandes eventos são apenas uma fatia desse mercado cada vez mais aquecido. De 2005 a 2010, o setor de seguros no Bra-sil aumentou não só o valor total de arrecadação dos segurados (de R$ 94 bilhões para R$ 184 bilhões, um crescimento de 95%), como sua participação no PIB (Produto Interno Bruto), que pu-lou de 4,40% para 5,17% (veja quadros). Até 2015, a expectativa é que o segmento amplie essa participação em todo o mundo, puxada principalmente pelos mercados emergentes, que de-vem crescer entre US$ 650 bilhões e US$ 900 bilhões e supe-rar a projeção dos mercados maduros (de US$ 400 bilhões paraUS$ 600 bilhões), segundo estudo da consultoria Accenture.

Na avaliação do líder da área de seguros da Accenture pa-ra a América Latina, Raphael de Carvalho, a evolução nes-se mercado está centrada em três forças motrizes: o aumen-to do poder de consumo da população, principalmente com a expansão da classe média, o desenvolvimento das pequenas e médias empresas e o aumento da demanda por seguros para obras de infraestrutura. “O setor vem crescendo cerca de dois dígitos ao ano, acompanhando a evolução da economia. Não há motivos para acreditar em uma inversão.”

E, se os seguros de pessoas e de veículos ainda represen-tam a maior fatia da arrecadação, novas demandas devem ganhar força graças aos seguros de grandes riscos, ligados a obras, considerando os projetos da segunda fase do PAC (Pro-grama de Aceleração do Crescimento), do pré-sal, da Copa de 2014 e da Olimpíada de 2016. “Já há obras em execução, e ou-tros projetos terão de sair do papel”, afirma Carvalho.

A Accenture pesquisa agora o consumidor final. De ca-ra, já constatou que as pessoas estão mais propensas a fazer seguros. Cresce o interesse pela compra desse tipo de produto pela internet. “Isso está ligado às primeiras conquistas, prin-cipalmente de produtos duráveis, com grande valor agregado. Tanto que subiu a procura por garantia estendida e seguro pa-ra veículos”, diz o executivo da Accenture.

GRANDES OBRASO aquecimento do setor da construção civil também gerou ne-gócios para as seguradoras. A Liberty Seguros encerrou 2009 com US$ 7,5 milhões em pagamentos de segurados apenas em riscos ligados à construção. Em 2010, o valor ficou em US$ 11 milhões; aumento de 46,5%. Os produtos englobam cobertu-ra completa de danos físicos de riscos de energia; cobertura para riscos de construção; garantia; transporte marítimo; in-fraestrutura; e responsabilidade de executivos.Fo

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82 AméricaEconomia Setembro, 2011

ESPECIAL Estratégia

Entre os contratos de 2010 nesse segmento estão algumas coberturas para a hidrelétrica de Jirau, no Rio Madeira (RO), e a termelétrica de Itaqui, em São Luís (MA). A Liberty também participa de operações de infraestrutura, óleo e gás, incluindo projetos de companhias como Vale e Petrobras, e é a segurado-ra das obras do novo terminal do Porto de Santos (SP).

“As seguradoras e resseguradoras se sentem atraídas pelo Brasil por conta das obras. A crise internacional de-ve acentuar a oferta de companhias estrangeiras no país. Só que, como a oferta é grande, os preços caem. Está bom para os clientes”, diz Ângelo Colombo, diretor de Grandes Ris-cos da Allianz.

A Berkley também entrou nesse nicho e responde pelo seguro de ris-co de engenharia da obra da ponte so-bre o Rio Madeira, orçada em R$ 210 milhões (PAC). Neste ano, a empresa projeta crescer 17% no setor, mas des-taca maior participação – em volume de contratos – do setor privado.

Apesar de garantir outras grandes obras – como ampliação da capacida-de de subida da serra de Teresópolis e duplicação da adutora da Baixada Santista –, o filão está nos projetos menores. “Nosso diferencial é a agili-dade, o que muitas vezes se perde em grandes negócios. Nos menores, há maior capacidade de resseguro e me-lhor margem de lucro”, disse José Bai-lone, da Berkley.

CATÁSTROFESOs efeitos das mudanças climáticas também têm gerado negó-cios paras as seguradoras. No primeiro semestre deste ano, as perdas seguradas com catástrofes naturais no mundo soma-ram R$ 60 bilhões, incluindo enchentes na Austrália, terre-motos na Nova Zelândia e no Japão. Com as previsões de in-tensificação dos furacões, principalmente na Costa Norte do Atlântico, as seguradoras e resseguradoras já pensam em me-canismos para reduzir as perdas. O setor estuda títulos emiti-dos pelas seguradoras e resseguradoras nos quais dividem com investidores os riscos de catástrofes, os chamados Cat bonds, e cobertura indexada ao clima.

Só na região serrana do Rio de Janeiro, os prejuízos com as chuvas no início do ano totalizaram R$ 614 milhões, se-gundo o Tribunal de Contas do Estado. Os temporais também trouxeram prejuízos de R$ 250 milhões em Minas Gerais. Na cidade de São Paulo, a Fiesp (Federação das Indústrias do Es-

Evolução constanteCrescimento do setor, incluindo saúde suplementar

Fonte: Balanço Social/Informe 2010, CNSeg

Valor pagopelos segurados(R$ bilhões)

Participaçãono PIB (%)

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2005 2006 2007 2008 2009 2010

Predomínio do seguro pessoalParticipação por categoria de seguro no total arrecadado pelas seguradoras*

* Os números incluem seguros de vida, planos de previdência privada e outras apólices, como as de viagem e turismo. Não computa segmento de saúde, sob responsabilidade da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) Fonte: Susep, no período entre janeiro e maio de 2011

30% 23% 9% 38%

Pessoas Automóvel Patrimonial Demais

Obras de infraestrutura e eventos como a Copa de 2014geram boas oportunidades

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Setembro, 2011 AméricaEconomia 83

tado de São Paulo) calcula que a cada mês de chuvas em excesso há uma perda de R$ 1,3 bilhão para as empresas. “No cenário internacional, as seguradoras estão atuando na margem de lucro. Com o mercado globalizado, o Brasil é a bola da vez. Se houver catás-trofes, e os investidores precisarem rever as margens, vão procurar um porto seguro”, afirma Colombo.

CLÁSSICOS E CLASSE CUma das explicações da Accenture para o maior faturamen-to das seguradoras é a migração das classes D e E para a classe C, com maior renda e poder de compra. Em cinco anos, a clas-se média quase duplicou, passando de 62,7 milhões de pessoas para 101,6 milhões. Também houve aumento da camada A/B, que pulou de 26,42 milhões para 42,19 milhões. Já a D/E caiu de 92,94 milhões para 47,95 milhões, segundo dados do Institu-to Ipsos, especializado em pesquisas. Atualmente, a classe mé-dia representa mais de 53% da população, e estima-se que, em 2014, chegará a 56%, contra 28% da D/E e 16% da A/B.

Para o presidente executivo da SulAmérica, Thomaz Ca-bral de Menezes, os resultados – embora não possam ser me-didos isoladamente – já indicam maior participação da classe C no consumo de seguros. No primeiro semestre, a compa-nhia cresceu 16,2%. A maior alta foi na área de seguros de saú-de, com 19,5%. “É mais fácil não ter do que ter e deixar de ter. Uma vez que a classe C adquiriu a primeira televisão, o primei-ro carro, dificilmente vai abrir mão disso. Vai querer proteger a casa, buscar um seguro de vida para a família e se planejar.”

Apesar da carteira variada da SulAmérica, o seguro saúde e odontologia representou 66% dos prêmios da companhia no segundo trimestre deste ano, seguido por automóveis (23,8%), ramos elementares (5,2%) – que garantem perdas, danos ou responsabilidades sobre objetos ou pessoas (exceto planos

Apagão de talentos no setor seguros

A exemplo de outros setores, o mercado de seguros e

resseguros também sofre com a falta de talentos. Os in-

vestimentos em infraestrutura alavancaram os segu-

ros. Agora, as companhias têm problemas para formar

equipes. Um levantamento feito pela Fesa, empresa de

recrutamento de altos executivos da América Latina,

aponta que a procura por profissionais mais seniores

tem sido intensa, e isso se reflete no aumento do fatura-

mento para esse setor, que foi de 183%.

Segundo Thayanie Ujino, diretora da Fesa para Se-

guros e Resseguros, a entrada de diversas start-ups

(empresa embrionária sustentável, com potencial de

crescimento acelerado) e o redesenho de unidades de

negócios que buscam reestruturação visando atender o

mercado geraram uma procura maior por profissionais

de nível gerencial e de diretoria. “A demanda aumentou

para posições de liderança e especialmente para cargos

específicos desse mercado, como em área de Sinistros,

Atuarial e Técnica/Subscrição. O próprio perfil do execu-

tivo mudou”, explica a executiva.

GRANDES OBRAS, COMO A HIDRELÉTRICA

DE JIRAU (À ESQUERDA) E OS PROJETOS

DA PETROBRAS (ACIMA), TÊM GERADO

CONTRATOS CONTRA RISCOS

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ESPECIAL Estratégia

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vida), como em situações de incêndio, roubo e danos elétricos – e de pessoas (5,1%), que engloba vida e previdência.

Após pesquisa com consumidores, o Itaú Seguros detectou que os clientes demandam seguros de vida e acidentes pessoaismais simples, com benefícios básicos e objetivos. Por isso, co-locou dois produtos – Vida (que cobre morte, invalidez per-manente por acidente e doenças graves) e Acidentes Pessoais (com internação 24 horas independentemente do convênio médico do cliente) – no lugar dos sete anteriores.

São destaques no subsegmento de seguros do Itaú a car-teira de vida e acidentes pessoais, que corresponde a cerca de 50% dos valores pagos pelos segurados, e a de garantia estendida, que equivale a mais de 20%. Além disso, de ja-neiro a maio a companhia cresceu 123% no segmento segu-ro-viagens. Há ainda o seguro-educação, que expandiu 28% no mesmo período.

Os microsseguros para as classes C, D e E também ganha-ram importância. Lançada em 2009 pela Bradesco Seguros, a linha popular oferece diferentes opções de seguros de vida, funerário e residencial, a partir de mensalidades de R$ 3,50.

“Desde 2009, fizemos 80 pesquisas em sete cidades pa-ra identificar comportamentos e linguagens. Seguro está re-lacionado a coisas ruins, e quisemos mudar isso. E as neces-sidades são diferentes. No Morro Dona Marta [na cidade do Rio de Janeiro] não há roubo, mas o local precisa de proteção contra raios, incêndios e explosões”, diz o diretor executivo da Bradesco Seguros, Eugênio Velasques.

Segundo o diretor, o aumento da renda e o acesso à in-formação ajudaram a promover uma mudança cultural. “As pessoas estão mais conscientes da importância de planejar a longo prazo e sobre a percepção do risco. Podemos divi-dir entre antes e depois do Plano Real. As classes populares não querem voltar atrás das aspirações e sabem que não têm direito de errar.”

CICLO VIRTUOSOO aquecimento da economia também influenciou na geração de emprego e na abertura de pequenas e médias empresas (PME). “Houve maior for-malização, e o plano de saúde é um dos fatores de atração e retenção de funcionários. Os pequenos empresá-rios passaram a oferecer o benefício. As grandes obras também vão ofe-recer oportunidades de venda de se-guros graças ao aumento de empre-gados, criando um ciclo virtuoso. O

país cresce acima da média mundial com essa indústria ain-da subaproveitada”, ressalta Menezes.

Após mapear segmentos com maior potencial e tendên-cia a adquirir seguros, a Liberty montou um pacote de cober-turas dirigido a pequenas e médias empresas. São mais de 30 opções de cobertura oferecidas para cada segmento, incluin-do a perda de lucros em caso de sinistros, que podem ser con-tratadas adicionalmente às coberturas tradicionais de roubo, furto, incêndio e danos elétricos. A linha existe desde 2009 e registrou expansão de 15% no ano passado.

Os seguros são voltados a bares, restaurantes, hotéis e pousadas, consultórios, escritórios, escolas, bufês, padarias, cafeterias, floriculturas, pet shops, clínicas de estética e lavan-derias. As coberturas preveem, por exemplo, perdas e danos causados a vacinas por problemas de refrigeração, prejuízos por problemas hidráulicos em lavanderias e interrupção do acesso online de floriculturas com venda pela internet.

Projeção otimistaQuanto o setor deve crescer em 2015

Mercados emergentes

Mercados maduros

Fonte: Accenture

entreUS$ 650 eUS$ 900 bi

entreUS$ 400 eUS$ 600 bi

CHUVAS CAUSARAM PREJUÍZOS DE

R$ 614 MILHÕES NO RIO DE JANEIRO

Expansão da classe média e de PMEs deram origema novos tipos de coberturas

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ESPECIAL Ranking de Hospitais

Os melhores em 3DSAIBA QUEM MAIS SE DESTACOU NO 3º RANKING DOS MELHORES HOSPITAIS E CLÍNICAS DA AMÉRICA LATINA

ANDRÉS ALMEIDA FARGA, DA AMÉRICAECONOMÍA INTELLIGENCE

C otidianamente, hospitais e clí-nicas da América Latina e de todo o mundo precisam equi-

librar-se em uma linha complexa entre qualidade do atendimento e eficiência no uso dos recursos. Nada fácil, quan-do o que está em jogo é a saúde dos pa-cientes e dos balanços.

A eficiência hospitalar é justamen-te uma das dimensões deste 3º Ranking dos Melhores Hospitais e Clínicas da América Latina, que utiliza critérios financeiros comuns a qualquer orga-nização complexa, além de mensurar a eficácia dos departamentos de quali-dade desses hospitais.

Os 45 hospitais e clínicas que se classificaram na lista dos melhores for-neceram aos pesquisadores da América-Economía Intelligence uma grande quan-tidade de dados, que permitem analisar o dilema de como administrar o aten-dimento de qualidade, racionalizando custos. Assim, surgem números inte-ressantes, como os 61,8% de taxa mé-dia de ocupação de salas de cirurgia no conjunto de hospitais do ranking. A cifra é superior à média entre os hospi-tais privados, de 58,8%.

Há ainda outras cinco dimensões que compõem o ranking. Em Gestão de Conhecimento, critério que trata da maneira como os hospitais geram, ob-têm e difundem o saber médico, desta-cam-se o paulistano Hospital Israelita Albert Einstein (1º lugar desde 2009), com 641 publicações, enquanto a Clí-nica Alemana (2ª posição), de Santia-go, tem 397 publicações.

No indicador Segurança e Digni-

dade do Paciente, é interessante no-tar que as declarações de taxas de in-fecções intra-hospitalares mais baixas se dão nos hospitais que ocupam o pri-meiro (do 1º ao 15º) e o último (do 31º

ao 45º) segmentos do ranking. É possí-vel que o menor número de comunica-dos sobre infecções não se deva a uma menor ocorrência, mas sim a um regis-tro menos eficaz.

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MOVIMENTOSNesta edição, acrescentamos 15 hospi-tais à relação de 2010, com destaque pa-ra a chegada dos brasileiros Hospital Sa-maritano de São Paulo (6º) e Moinhos de Vento de Porto Alegre (9º), assim co-mo dos colombianos Fundación Car-dioinfantil de Bogotá (10º) e Fundación Cardiovascular de Colômbia (14º).

Outra novidade interessante é a chegada expressiva ao ranking de hos-pitais colombianos, que somam, nesta edição, 14 instituições. Dessas, cinco não estavam listadas na edição do ano passado – um reflexo da busca do setor hospitalar do país por posicionar-se em

um andar mais alto de reconhecimento e prestígio. De fato, na categoria Pres-tígio – construída a partir de consultas a executivos e médicos e da avaliação de lacunas, conquistas e alianças dos hospitais – os centros médicos colom-bianos aumentaram sua média de 24,9 pontos para 33,1.

Outro movimento interessante é o do Médica Sur, um dos mais respeita-dos hospitais do México, que passou do 23º para o 12º posto neste ano, da-da uma reformulação completa, em 2010, dos mecanismos de produção de seus dados. “Fizemos uma reengenha-ria na área de qualidade, o que levou o hospital a ter mais controle quanto ao manejo e a disposição de indicadores”, afirmou Juan Carlos López, diretor de Qualidade da Médica Sur.

Este não é um ranking de relatórios, por mais metodologicamente insubsti-tuíveis que eles sejam. Nesta terceira edição do Ranking dos Melhores Hos-pitais e Clínicas há, porém, brechas nas curvas de aprendizagem não apenas na elaboração de relatórios, mas também nos sistemas aplicados pelos hospitais no conhecimento de dados relevantes para sua própria gestão.

OS AUSENTESAlém do TEC de Monterrey e de todos aqueles que têm joint commission (certi-ficação internacional no setor da saú-de) no México (hospitais ABC e Cima, Christus Muguerza, México America-no e OCA), ainda são muitos os hos-pitais que merecem estar nesta lista. Segundo pesquisas aplicadas pela Amé-ricaEconomía Intelligence junto a médi-cos, executivos e outras fontes relevan-tes, na lista de respostas incompletas dos questionários encontram-se, na Ar-gentina, os hospitais Dr. René Favalo-ro, Italiano e Garraham. Sem dúvida, trata-se de três grandes navios que de-veriam complementar a esquadra ar-gentina, que hoje tem como símbolos os hospitais Alemán (11º) e Universi-tario Austral (15º).

O HOSPITAL ALBERT

EINSTEIN REPETIU O

PRIMEIRO LUGAR

Em Capital Humano, temos um raio X da formação dos médicos dos hospitais do ranking. Segundo a pesqui-sa, 85,1% dos médicos desses hospitais têm pelo menos uma especialidade.

Capacidade é a dimensão que per-mite ponderar os diferentes hospitais se-gundo sua carga e complexidade. Aqui, a principal unidade de medida são os ingressos anuais, isto é, a quantidade de pacientes hospitalizados que uma ins-tituição recebe. Na comparação, ape-nas dos hospitais que participaram das duas últimas edições do ranking, regis-tra-se um aumento exíguo na média de internações por ano: de 1,7%.

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88 AméricaEconomia Setembro, 2011

ESPECIAL Ranking de Hospitais

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HOSPITAL

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1 1 HOSPITAL ISRAELITA ALBERT EINSTEIN BRA SÃO PAULO PRIVADO 43.241 931 49,1 2,15 15,31 937 577

2 2 CLÍNICA ALEMANA CHI SANTIAGO PRIVADO 37.820 745 53,6 1,97 2,28 449 330

3 4 FUNDACIÓN SANTA FÉ COL BOGOTÁ UNIV. PRIVADO1 13.188 310 61,3 2,35 3,27 225 205

4 3 CLÍNICA LAS CONDES CHI SANTIAGO PRIVADO 23.584 472 76,1 2,00 2,86 391 253

5 5 HOSPITAL CLÍNICA BÍBLICA C.RI SAN JOSÉ PRIVADO 4.642 217 91,7 4,67 5,73 96 110

6 – HOSPITAL SAMARITANO DE SÃO PAULO BRA SÃO PAULO PRIVADO 14.500 1.429 1,7 9,86 6,18 215 211

7 9 HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ BRA SÃO PAULO PRIVADO 16.545 86 3,5 0,52 2,69 255 281

8 7 FUNDACIÓN VALLE DEL LILI COL CALI UNIV. PRIVADO1 17.832 353 97,1 1,98 2,18 290 436

9 – HOSPITAL MOINHOS DE VENTO BRA PORTO ALEGRE PRIVADO 17.687 164 63,4 0,93 19,17 151 278

10 – FUNDACIÓN CARDIOINFANTIL COL BOGOTÁ UNIV. PRIVADO1 13.569 318 49,7 2,34 2,00 278 300

11 11 HOSPITAL ALEMÁN ARG BUENOS AIRES PRIVADO 13.411 576 100,0 4,29 2,08 62 186

12 23 MÉDICA SUR MÉX CID. MÉXICO PRIVADO 14.814 311 49,8 2,10 6,88 86 170

13 10 SANATORIO AMERICANO URU MONTEVIDÉU PRIVADO 8.997 370 95,4 4,11 12,00 87 148

14 – FUNDACIÓN CARDIOVASCULAR DE COLOMBIA COL SANTANDER PRIVADO 3.861 140 73,6 3,63 1,83 158 193

15 16 HOSPITAL UNIVERSITARIO AUSTRAL ARG BUENOS AIRES UNIV. PRIVADO1 9.190 567 41,4 6,17 2,50 141 138

16 13 HOSPITAL CLÍNICO U. DE CHILE CHI SANTIAGO UNIV. PÚBLICO1 23.610 528 22,0 2,24 1,48 290 607

17 18 SAN VICENTE DE PAÚL MEDELLÍN COL MEDELLÍN PRIVADO 21.041 310 83,5 1,47 1,82 139 655

18 21 HOSPITAL SAN IGNACIO DE BOGOTÁ COL BOGOTÁ UNIV. PRIVADO1 22.293 288 74,7 1,29 4,62 180 289

19 29 CLÍNICA ANGLOAMERICANA PER LIMA PRIVADO 4.550 136 83,1 2,99 1,50 101 64

20 19 POLICLÍNICA METROPOLITANA VEN CARACAS PRIVADO 12.175 325 85,2 2,67 2,21 297 208

21 24 CLÍNICA RICARDO PALMA PER LIMA PRIVADO 15.706 323 15,8 2,06 2,00 167 156

22 22 HOSPITAL GENERAL DE MEDELLÍN COL MEDELLÍN PÚBLICO 17.329 262 29,4 1,51 1,74 100 409

23 – CLÍNICA INTERNACIONAL PER LIMA PRIVADO 13.475 409 34,0 3,04 2,71 212 181

24 20 HOSPITAL PABLO TOBÓN URIBE COL MEDELLÍN PRIVADO 12.093 300 60,7 2,48 2,08 160 317

25 – CENTRO MÉDICO IMBANACO COL CALI PRIVADO 8.306 201 87,6 2,42 2,38 78 123

26 14 HOSPITAL ÁNGELES LAS LOMAS MÉX CID. MÉXICO PRIVADO 9.068 623 16,1 6,87 2,00 33 211

27 30 CLÍNICA LAS AMÉRICAS COL MEDELLÍN PRIVADO 12.488 91 73,6 0,73 3,86 117 213

28 27 HOSPITAL BANDEIRANTES BRA SÃO PAULO PRIVADO 13.789 113 52,2 0,82 5,78 122 239

29 15 HOSPITAL ÁNGELES EL PEDREGAL MÉX CID. MÉXICO PRIVADO 14.129 401 16,1 2,83 3,09 40 212

30 25 HOSPITAL SÓTERO DEL RÍO CHI SANTIAGO PÚBLICO 43.821 270 40,1 0,62 1,54 386 733

31 – HOSPITAL ÁNGELES MOCEL MÉX CID. MÉXICO PRIVADO 6.446 935 16,1 14,50 1,78 32 116

32 31 CLÍNICA LEÓN XIII COL MEDELLÍN UNIV. PÚBLICO1 23.457 579 52,3 2,47 2,67 452 632

33 32 HOSPITAL SAN RAFAEL DE ALAJUELA C.RI ALAJUELA PÚBLICO 16.669 154 88,3 0,92 1,50 140 310

34 – HOSPITAL LUIS VERNAZA EQU GUAYAQUIL PRIVADO 21.007 277 37,2 1,32 3,09 184 838

35 – INSTIT. DE ORTOPEDIA INFANTIL ROOSEVELT COL BOGOTÁ UNIV. PRIVADO1 6.073 109 67,0 1,79 1,75 25 118

36 – HOSPITAL EDMUNDO VASCONCELOS BRA SÃO PAULO PRIVADO 12.146 746 31,9 6,14 7,60 118 220

37 – GRUPO HOSPITALARIO KENNEDY EQU GUAYAQUIL PRIVADO 15.111 14 78,6 0,09 0,77 104 331

38 28 HOSPITAL DE LOS VALLES EQU QUITO PRIVADO 4.682 38 97,4 0,81 2,00 86 101

39 – HOSPITAL EL CRUCE ARG BUENOS AIRES PRIVADO 3.113 268 100,0 8,61 2,75 89 119

40 – HOSPITAL ÁNGELES PUEBLA MÉX CID. MÉXICO PRIVADO 9.881 623 16,1 6,31 1,17 30 103

41 – CLÍNICA DEL SOL ARG BUENOS AIRES PRIVADO 10.426 61 91,8 0,59 0,20 45 51

42 – MEDERI COL BOGOTÁ UNIV. PRIVADO1 35.193 428 100,0 1,22 0,00 241 727

43 – CLÍNICA DEL OCCIDENTE COL BOGOTÁ PRIVADO 12.891 203 5,4 1,57 5,00 67 168

44 – CLÍNICA BAZTERRICA ARG BUENOS AIRES PRIVADO 8.300 77 100,0 0,93 0,13 29 138

45 – HOSPITAL ALBERTO HURTADO CHI SANTIAGO PÚBLICO 24.323 280 61,1 1,15 1,46 153 381

*FT: Full time; **Paper ISI: Institute for Scientific Information; ***Não inclui médicos residentes; (1) Universitário

AE 403 ranking hospitais3.indd 4AE 403 ranking hospitais3.indd 4 25.08.11 23:37:1525.08.11 23:37:15

Page 84: Nº 403 Edição Brasil

Setembro, 2011 AméricaEconomia 89

Nº DE ENFER-MEIRAS COM GRAU UNIV.

POR CADA 10 LEITOS

OCU-PAÇÃO LEITOS

(%)

PAPERS ISI PUBLICA-

DOS (2008-2011)**

HORAS DIÁRIAS DE VISITA NA

INTERNAÇÃO GERAL

M2 CONS-TRUÍ-DOS

PUBLICAÇÃO DE RESULTADOS

CLÍNICOS ADVERSOS NA

WEB

SEGU-RANÇA

CAPI-TAL

HUMA-NO

CAPACI-DADE

GESTÃO DO CONHE-CIMENTO

EFICI-ÊNCIA

PRESTÍ-GIO

ÍNDICE DE QUALIDADE

2011

16,24 83,4 641 24 285.076 SIM 100,00 84,3 100,0 100,0 94,8 85,0 94,05

13,61 77,0 397 24 131.654 NÃO 92,05 100,0 75,5 88,9 87,1 100,0 90,70

10,98 96,0 37 24 24.070 SIM 83,53 98,9 76,8 83,2 89,5 70,2 85,27

15,45 69,3 77 24 95.573 NÃO 97,08 82,4 69,5 75,2 87,2 86,2 83,63

8,73 61,0 0 12 35.829 NÃO 92,95 93,9 55,8 48,8 80,9 65,1 77,34

10,19 70,2 6 14 32.000 NÃO 87,39 77,1 68,3 62,0 94,1 51,3 75,51

9,07 83,3 0 24 72.000 NÃO 85,19 69,6 69,5 60,5 91,5 55,8 73,39

6,65 84,0 42 11 80.000 SIM 71,00 87,7 66,6 74,0 83,3 46,3 73,36

5,43 85,0 0 9 84.000 NÃO 90,10 78,1 57,6 74,5 90,9 25,9 72,70

9,27 86,4 40 11 54.200 NÃO 67,85 89,5 61,1 77,8 100,0 18,9 71,22

3,33 84,0 0 12 28.500 NÃO 74,40 74,6 59,8 58,1 81,2 72,9 70,44

5,06 68,0 22 11 103.154 NÃO 79,42 57,2 64,0 72,6 96,0 58,1 69,63

5,88 72,0 71 4 8.083 NÃO 67,14 93,1 51,6 71,0 75,0 45,5 69,55

8,19 75,0 45 9 15.116 NÃO 84,97 77,0 48,3 63,7 95,9 30,3 69,16

10,22 89,7 80 9 22.000 NÃO 68,96 73,2 56,0 66,0 94,4 38,3 66,62

4,78 67,4 299 1 55.420 NÃO 75,46 63,4 63,3 76,0 70,5 42,6 66,28

2,12 94,1 1 2 54.000 SIM 77,43 55,8 52,7 72,2 95,9 51,2 65,78

6,23 93,5 11 10 23.000 NÃO 65,29 69,3 57,4 83,8 97,6 24,5 65,70

15,78 74,7 0 13 8.384 NÃO 63,87 87,2 47,4 49,5 89,3 42,2 65,34

14,28 65,0 66 16 56.000 NÃO 62,98 84,2 56,3 74,0 74,0 23,2 65,18

10,71 88,9 5 24 40.245 NÃO 59,79 78,5 59,7 56,0 85,9 43,8 65,07

2,44 87,3 8 4 43.913 SIM 78,53 75,4 51,6 50,5 90,1 21,0 65,00

11,71 77,0 2 1 15.924 SIM 60,37 79,7 54,7 66,5 84,5 39,2 64,96

5,05 89,4 25 10 40.011 SIM 75,34 59,6 58,8 61,5 89,5 43,1 64,90

6,34 87,7 9 12 29.313 NÃO 79,71 61,1 61,2 58,0 89,8 23,8 64,66

1,56 34,0 19 12 72.000 NÃO 77,31 63,0 52,9 71,0 84,7 32,0 64,44

5,49 79,5 6 12 24.400 NÃO 76,47 62,9 59,5 52,4 83,4 34,4 63,78

5,10 85,0 4 13 28.000 NÃO 66,02 63,3 55,0 78,3 95,9 29,9 63,75

1,89 55,9 0 14 110.000 NÃO 73,14 64,2 55,7 68,1 81,2 29,4 63,34

5,27 81,4 0 7 35.000 SIM 62,50 60,7 64,6 72,2 92,6 28,2 63,01

2,76 72,0 0 13 23.000 NÃO 70,57 68,1 52,4 68,1 82,5 25,4 62,74

7,15 94,8 0 10 41.220 NÃO 74,94 55,6 51,4 70,9 91,7 18,8 61,25

4,52 94,0 2 4 39.375 SIM 69,27 60,7 50,5 69,4 84,6 17,9 59,79

2,20 71,3 39 3 52.202 SIM 69,90 48,4 55,9 72,3 80,2 22,3 58,21

2,12 75,6 4 10 26.000 SIM 71,73 69,1 36,4 58,5 80,7 17,3 58,15

5,36 74,5 6 12 26.100 NÃO 63,27 53,6 58,6 58,5 81,9 24,6 57,45

3,14 91,0 5 13 53.000 NÃO 68,73 43,2 58,5 49,6 88,9 27,2 56,26

8,51 57,3 0 10 21.778 NÃO 48,54 69,6 49,7 72,0 75,2 20,5 56,24

7,48 81,9 0 3 22.000 NÃO 54,55 49,2 47,0 67,9 90,3 18,2 52,98

2,91 34,0 0 12 34.144 NÃO 63,71 53,1 50,7 45,3 66,6 19,9 52,52

8,82 90,1 0 6 8.529 NÃO 69,18 48,6 42,5 22,9 87,4 18,4 50,82

3,31 34,0 0 10 56.195 NÃO 59,46 38,9 55,5 58,6 48,1 23,5 48,73

3,99 91,0 0 10 11.000 NÃO 54,55 52,9 37,8 25,7 98,4 18,6 48,70

2,10 86,0 0 7 12.400 NÃO 59,01 40,5 44,3 22,9 74,5 42,0 47,69

4,02 86,3 0 8 34.118 NÃO 53,78 37,5 46,2 39,8 65,1 25,3 45,09

SUBÍNDICES DE QUALIDADE

AE 403 ranking hospitais3.indd 5AE 403 ranking hospitais3.indd 5 25.08.11 23:37:4125.08.11 23:37:41

Page 85: Nº 403 Edição Brasil

90 AméricaEconomia Setembro, 2011

ESPECIAL Ranking de Hospitais

Sabedoria da experiênciaMédia de idade dos médicos full time, segundo tipo de hospitalFONTE: AMÉRICAECONOMÍA INTELLIGENCE

PRIVADO

Média de idadeHospital com média máxima

UNIV. PRIVADOPÚBLICO UNIV. PÚBLICO

42

56

45

62

42

5054 55

70

30

50

10

60

20

40

0

Gestão do conhecimentoOs 15 hospitais com maior produção de papers ISI (2008-2011)FONTE: AMÉRICAECONOMÍA INTELLIGENCE

0 100 300 600200 500400 700

HOSP. ISRAELITA ALBERT EINSTEIN 641CLÍNICA ALEMANA 397

HOSP. CLÍNICO U. DE CHILE 299HOSP. UNIVERSITARIO AUSTRAL 80

CLÍNICA LAS CONDES 77SANATORIO AMERICANO 71

POLICLÍNICA METROPOLITANA 66FUND. CARDIOVASCULAR DE COL. 45

FUND. VALLE DEL LILI 42FUND. CARDIOINFANTIL 40

HOSP. LUIS VERNAZA 39FUND. SANTA FÉ 37

HOSP. PABLO TOBÓN URIBE 35MÉDICA SUR 22

HOSP. ÁNGELES LAS LOMAS 19

Mensuração de destaques Nota dada à importância dos seguintes fatores na atenção hospitalar (escala de 1 a 5)FONTE: PESQUISA COM LEITORES E MÉDICOS/AMÉRICAECONOMÍA INTELLIGENCE

6

4

1

5

2

3

0 Segurança hospitalar

4,304,70

Capacidade de gestão da clínica

ou do hospital

4,024,47

Excelência da equipe médica

4,57 4,78

Capacidade de realizar múltiplos

diagnósticos e tratamentos

4,314,69

Boa relação custo-benefício

4,114,43

Tratamento ao paciente

4,364,76

Conhecimento médico

4,444,69

Excelência da equipe de enfermaria

4,32 4,61

Disponibili-dade de alta tecnologia

4,354,65

Alto prestígio

3,924,46

LeitoresMédicos

Cuidado aprofundadoMédia de reuniões anuais

de comitês de Ética e Controle

de Infecções

FONTE: PESQUISA COM MÉDICOS/

AMÉRICAECONOMÍA INTELLIGENCE

45

25

35

15

5

40

20

30

10

0

BRAS

IL

10

7

COLÔ

MBIA

14

20

PERU

1013

ARGE

NTIN

A

1413

CHILE

37

42

MÉXIC

O

912

Comitê de ÉticaComitê de infecções intra-hospitalar

Números do setorFatores como idade dos

médicos e produção

de papers ISI ajudam a

compor a nota final

AE 403 ranking hospitais3 V1.indd 6AE 403 ranking hospitais3 V1.indd 6 25.08.11 23:30:4325.08.11 23:30:43

Page 86: Nº 403 Edição Brasil

Setembro, 2011 AméricaEconomia 91

Especialistas versus usuáriosQuais países têm os melhores hospitais e clínicas?FONTE: PESQUISA COM LEITORES E MÉDICOS/AMÉRICAECONOMÍA INTELLIGENCE

BRASIL COLÔMBIAARGENTINA PERU PORTO RICO

CHILE CUBA URUGUAIMÉXICO COSTARICA

OUTROS

35,0%

15,0%

25,0%

5,0%

30,0%

10,0%

20,0%

0,0%

27,6

%29

,7%

21,2

%15

,3% 18

,7%

13,9

%

11,6

%8,

3%

10,7

%6,

6%

4,2%

19,1

%

2,1%

0,5% 1,

7% 2,3%

0,7% 2,

0%

0,5%

0,0% 1,

1% 2,4%

MédicosLeitores

Esquadrão da qualidadeOs 10 hospitais com mais profissionais em departamentos de qualidadeFONTE: AMÉRICAECONOMÍA INTELLIGENCE

Fund. Cardioinfantil

Hosp. San Ignacio de Bogotá

Médica Sur

Clínica Internacional

Mederi

Hosp. Israelita Albert Einstein

Hosp. Alemán

San Vicente de Paúl Medellín

Fund. Valle de Lili

Fund. Santa Fé

0 42 6 8 2012 16 1810 14

18

18

15

13

12

12

10

12

12

10

No Brasil, faltam os hospitais Sírio--Libanês – sem dúvida, o mais presti-gioso de São Paulo, junto do top 1 de nossa lista, o Hospital Israelita Albert Einstein –, do Coração, Copa D’or, do Câncer I e do Câncer II, Paulistano, Total-Cor, São José, o carioca Hospi-tal São Vicente de Paulo, que neste ano declinou sua participação, e o Hospi-tal das Clínicas da Universidade de São Paulo, que, desta vez, não foi medido, pois, pela terceira vez, não entregou os dados de maneira correta.

Outros hospitais relevantes e au-sentes são o Metropolitano de Quito (que estreia na Joint Commission Inter-national), o Británico, de Montevidéu, o Hospital de Clínicas Caracas e o Hos-pital San Juan de Dios, de San José, que declinaram participar neste ano.

Também deveriam estar os sul--americanos hospitais Clínico de la Universidad Católica de Chile, San Felipe e San Pablo, ambos de Lima, e o Centro Médico de Caracas.

E os centro-americanos e caribe-nhos Hermanos Ameijeiras, de Hava-na, Metropolitano Vivian Pellas, de Manágua, e Hospital Hotel La Cató-lica, de San José, além de uma lista de hospitais panamenhos recomendados pelo Ministério da Saúde do Panamá, com quem tentamos entrar em conta-to, sem sucesso.

Colaborou Fernando Valencia.

Top of mindQuais são os melhores hospitais da América Latina?FONTE: PESQUISA COM LEITORES E MÉDICOS/AMÉRICAECONOMÍA INTELLIGENCE

Clínica Alemana

Hosp. das Clínicas de São Paulo

Hosp. Hermanos Ameijeiras

Clínica Ricardo Palma

Hosp. Clíni-co de la U. Católica de

Chile

Centro Médico

ABC

Hosp. Sírio-

Libanês

Hosp. Italiano

Clínica Las Condes de Santiago

Clínica Angloame-

ricana

Hosp. Israelita Albert

Einstein

Fund. Santa Fé de Bogotá

Hosp. Alemán

Hosp. Clinico U. de Chile

Hosp. Alemão Oswaldo

Cruz

6,88

% 9,58

%

6,95

% 8,43

%

4,55

%7,

45%

2,29

% 4,05

%

0,69

%3,

62% 6,

10%

3,44

% 4,70

%3,

35%

3,33

%3,

22% 5,

92%

2,77

%

0,73

% 2,77

%

1,49

% 2,68

%

1,54

%2,

53%

0,55

% 2,46

%

8,01

%2,

40%

3,54

%2,

19%

12,00%

8,00%

2,00%

10,00%

4,00%6,00%

0,00%

LeitoresMédicos

AE 403 ranking hospitais3 V1.indd 7AE 403 ranking hospitais3 V1.indd 7 25.08.11 23:31:0525.08.11 23:31:05

Page 87: Nº 403 Edição Brasil

92 AméricaEconomia Setembro, 2011

ESPECIAL Ranking de Hospitais

Quais são os melhores

hospitais de seu país?FONTE: PESQUISA COM LEITORES/

AMÉRICAECONOMÍA INTELLIGENCE

Clínica Alemana

Hosp. Clínico U. Católica

Hosp. Clínico U. de Chile

Clínica IndisaOutros

Clínica Las Condes

Clínica Santa María

11,2%

27,5%

19,8%

19,5%

10,7%

7,6%

3,7%

Melhores hospitais do Chile,

segundo chilenos (% de menções)

Hosp. Israelita

Albert Einstein

Hosp. Sírio -Libanês

Hosp. das Clínicas São Paulo

Hosp. Alemão Oswaldo Cruz

Hosp. Samaritano

Hosp. São Luiz

Hosp. Benefi ciência Portuguesa Hosp. Copa D’Or

Outros

22,3%

19,6%

15,2%

10,7%

5,4%

3,6%

2,7%2,7%

17,9%

Melhores hospitais do Brasil,

segundo os brasileiros (% de menções)

Fund. Santa Fé de Bogotá

Fund. Hospitalaria San Vicente

de Paulo

Hosp. Pablo Tobón Uribe

Fund. Clínica Shaio

Hosp. Univ. de San Ignacio

Fund.Clínica Valle de Lili

Fund. Cardiovas-cular de Col

Clínica de las Américas

Centro Médico Imbanaco

Hosp. General de Medellín Outros

17%

13%

11%

10%

5%

5%5%

5%

4%

3% 22%

Melhores hospitais da Colômbia,

segundo colombianos (% de menções)

Centro Médico

ABC

Médica SurInst. Nac. de Ciencias Médicas y Nutrición Salvador Zubirán

Hosp. Los Ángeles de las Lomas

Hosp. San José TEC de Monterrey

Centro Médico Nac. 20 de Nov.

Hosp. EspañolHosp. Christus

Murgueza

Outros

18%

12%

10%

9%

8%

7%

6% 5%

25%

Melhores hospitais do México,

segundo mexicanos (% de menções)

COMO FAZEMOS O RANKINGCaso queira obter o relatório metodológico completo, entre em contato

com [email protected]

Quais hospitais podem participar: Qualquer hospital ou clínica latino-

-americano de alta complexidade que preste múltiplos serviços em uma

ampla gama de especialidades médicas, e que tenha sido mencionado

como referência pelos Ministérios da Saúde de Argentina, Brasil, Colôm-

bia, Costa Rica, Chile, Cuba, Equador, México, Panamá, Peru, Uruguai ou

Venezuela, ou ainda outras fontes pertinentes. Podem ser tanto públicos

e privados quanto universitários. No total, foram convidadas mais de 190

entidades desses países.

Quais hospitais participaram: Os hospitais e clínicas que enviaram um

elevado volume de dados relevantes por meio de respostas a um ques-

tionário que reúne informações-chave em relação a seis dimensões da

qualidade hospitalar, além de um conjunto de documentos que endos-

sam tais informações.

O que mede o ranking: Segurança e Dignidade do Paciente (25%) trata

dos indicadores de processos e dos resultados que permitem minimizar

riscos hospitalares, além do quesito transparência. Em Capital Humano

(25%), considera-se a análise da equipe médica, de enfermaria e a gover-

nança hospitalar. Capacidade (20%) trata dos indicadores e da quanti-

dade de pacientes ambulatoriais, leitos, especialidades e subespeciali-

dades médicas, exames laboratoriais e cirurgias, além de investimentos.

Gestão do Conhecimento (10%) trata dos indicadores que permitem

medir a capacidade de gerar, obter e difundir a vanguarda do saber

médico na entidade. A Eficiência (10%) considera variáveis de eficiência

médica, como taxas de ocupação de leitos ou salas de cirurgia, eficiência

financeira (balanços e demonstrações de resultados) e os mecanismos

de gestão da qualidade. E Prestígio (10%) leva em consideração, por

meio de pesquisas, a opinião dos médicos dos hospitais participantes e

dos leitores de AméricaEconomia inscritos no portal web, e os marcos,

conquistas e alianças estratégicas alcançadas pelas entidades.

Melhores hospitais do Peru,

segundo peruanos (% de menções)

Clínica San Felipe

Hosp. Edgardo Rebagliati Martins

Clínica El Golf

Clínica San Pablo

Clínica Javier Prado

Clínica Good HopeHosp. Almenara Irigoyen

Clínica Ricardo Palma

Outros

ClínicaAngloaméricanaClínica

Internacional8%

7%

7%

6%

4%

3%

4%

16%

17%

15%

13%

AE 403 ranking hospitais3 V1.indd 8AE 403 ranking hospitais3 V1.indd 8 25.08.11 23:32:1825.08.11 23:32:18

Page 88: Nº 403 Edição Brasil

Setembro, 2011 AméricaEconomia 93

Saúde, um paciente que precisa de curaLISTA DE VÍTIMAS DE ERROS CRESCE COM RELAÇÃO RUIM ENTRE MÉDICOS E PLANOS DE SAÚDE E SEM INVESTIMENTOS PÚBLICOS SUFICIENTES PAULA PACHECO, DE SÃO PAULOFo

to: S

hu

tter

sto

ck

ARGENTINAHOSPITAL ITALIANO DE BUENOS AIRES 25,0%HOSPITAL ALEMÁN 21,4%HOSPITAL UNIVERSITARIO DR. RENÉ FAVALORO 14,3%

BRASILHOSPITAL ISRAELITA ALBERT EINSTEIN 15,2%HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ 12,1%HOSPITAL COPA D’OR 9,1%

COLÔMBIAHOSPITAL PABLO TOBÓN URIBE 15,5%FUNDACIÓN SANTA FE DE BOGOTÁ 14,1%FUNDACIÓN CLÍNICA SHAIO 9,9%

COSTA RICAHOSPITAL CLÍNICA BÍBLICA 33,3%HOSPITAL MÉXICO 25,9%HOSPITAL HOTEL LA CATÓLICA 22,2%

CHILEHOSPITAL CLÍNICO U. CATÓLICA 26,1%CLÍNICA SANTA MARÍA 19,4%HOSPITAL CLÍNICO U. DE CHILE 17,6%

EQUADORHOSPITAL METROPOLITANO 26,9%GRUPO HOSPITALARIO KENNEDY 15,4%HOSPITAL DE CLÍNICAS PICHINCHA 15,4%

MÉXICOHOSPITAL ESPAÑOL 17,1%CENTRO MÉDICO ABC 14,5%INSTITUTO SALVADOR ZUBIRÁN 11,8%

PANAMÁHOSPITAL NACIONAL 41,7%HOSPITAL SAN FERNANDO 33,3%HOSPITAL PUNTA PACÍFICA 16,7%

PERUCLÍNICA RICARDO PALMA 18,6%CLÍNICA EL GOLF 12,6%CLÍNICA INTERNACIONAL 12,6%

URUGUAIHOSPITAL BRITÁNICO 63,6%SANATORIO AMERICANO 22,7%ASOCIACIÓN ESPAÑOLA DE SOCORROS MUTUOS 9,1%

VENEZUELACENTRO MÉDICO DOCENTE LA TRINIDAD 33,3%POLICLÍNICA METROPOLITANA 25,0%CENTRO MÉDICO DE CARACAS 12,5%

Fator bilheteriaOs hospitais com a melhor

relação custo-benefício, segundo

executivos latino-americanos

por país (% de menções)FONTE: PESQUISA COM LEITORES/

AMÉRICAECONOMÍA INTELLIGENCE

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ESPECIAL Ranking de Hospitais

ser tratado como um problema de pres-tação de serviço, não como uma mera culpa”, explica.

A entidade é especializada no aten-dimento jurídico a pessoas que se sen-tem vítimas de erros médicos. Segun-do Célia, os casos mais comuns estão relacionados a problemas na área de ginecologia e obstetrícia. São mulhe-res que morrem no parto, bebês que passam da hora de nascer e ficam com paralisia cerebral e tantos outros aci-dentes terríveis.

Recentemente, uma das clientes de Célia conseguiu, depois de uma déca-da de briga na Justiça, uma indeniza-ção de R$ 550 mil (em valores corrigi-dos). Durante o parto, a equipe médica errou ao aplicar dois tipos de anestesia. O bebê nasceu bem, e hoje é uma ado-lescente. Cátia, a mãe, vive em estado vegetativo e, a partir da decisão da Jus-tiça, terá direito a receber uma pensão mensal de dez salários mínimos, ou cerca de R$ 5 mil.

“Há uma carência generalizada, de equipamentos, de recursos huma-nos, tanto no atendimento público, pe-lo qual passam mais brasileiros, quan-to no serviço privado. Outro dia, tive de levar lençóis de casa para minha tia, que estava internada no Hospital de Andaraí [no Rio]”, conta a presiden-te da associação.

Coordenador da Câmara de Bioéti-ca do Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo), Rei-naldo Ayres diz que o último levanta-mento feito pela entidade mostrou que, entre 2000 e 2006, houve um aumento de 75% no número de denúncias contra médicos recebido pela entidade. “Mas é inquestionável que o Brasil é uma refe-rência em várias áreas da saúde, como a de cirurgia plástica, tratamento de ai-ds, cirurgias cardíacas. Tanto que o pa-ís é um dos destinos do que se chama de turismo da saúde”, argumenta.

Com a colaboração de Jenny Gonzáles, de Bogotá, e Carlos Tromben, de Santiago.

Colômbia são pouco adequadas para o tempo de estudo necessário em Medi-cina. “As empresas promotoras de saú-de [conhecidas na Colômbia como EPS] fixam um valor, e este é extraordina-riamente baixo”, afirma Posadas. “Um médico de uma EPS geralmente rece-be uma média de US$ 29 por consulta, enquanto uma consulta particular fica entre US$ 69 e US$ 114.”

Apesar do aumento da demanda ju-dicial na área médica, Roselli não acre-dita que o Brasil possa pegar carona na realidade dos Estados Unidos e ter uma avalanche de processos decorrentes de erros médicos.

“Há uma tendência mundial de judicialização de tudo, mas o Brasil não vai viver a mesma realidade dos EUA. Aqui, por bom senso do Judi-ciário, não temos a tradição de inde-nizações milionárias, e isso acaba, de alguma forma, inibindo um aumen-to ainda maior de ações contra médi-cos, hospitais e planos de saúde”, opi-na Roselli.

PUNIÇÃOCélia Destri, advogada, é presiden-te da Associação de Vítimas de Erros Médicos, fundada em 1991, no Rio de Janeiro. Segundo a especialista, o Có-digo de Defesa do Consumidor, criado em 1990, é o principal apoio encontra-do por pessoas que se sentiram lesadas na área da saúde. “O assunto passa a

N o Brasil, há uma escassez de estatísticas sobre a incidência de erros médicos e a demanda

que essas falhas geram no Poder Judici-ário. Mas o fato é que o excesso de cur-sos de Medicina, a baixa qualificação dos profissionais de saúde e uma oferta hospitalar aquém da demanda são com-ponentes importantes quando se anali-sa a crescente insatisfação no atendi-mento médico.

“Há um aumento da demanda pe-los serviços de saúde, graças ao cresci-mento da população. Somam-se a isso a falta de investimentos para oferecer uma assistência de qualidade, a insu-ficiência de médicos qualificados e a baixa remuneração por parte dos pla-nos de saúde”, analisa Antonio Carlos Roselli, presidente da Comissão de Di-reito da Saúde e Responsabilidade Mé-dico-Hospitalar da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), da seccional do estado de São Paulo.

O advogado se refere à atual dis-puta, que colocou em campos opos-tos, de maneira acintosa, os médicos e as operadoras de planos de saúde. Es-tá agendado, para este mês, um pro-testo nacional dos médicos, que dei-xarão de atender por um dia os clientes de alguns planos de saúde. O objetivo é pressionar por melhor remuneração e condições de trabalho. Segundo Ro-selli, em média, um profissional rece-be da empresa de plano de saúde R$ 27 por consulta. Depois de descontos de despesas e pagamento de impostos, ele embolsa cerca de R$ 12.

“Um médico que ganha pouco e atende basicamente em sua clínica tem de trabalhar muito mais, em vários lu-gares, para conseguir uma renda mí-nima. Acaba mais vulnerável a erros e tem menos oportunidade de se atuali-zar”, analisa o representante da OAB.

Esse não é um problema exclusivo do Brasil. Emilio Posadas Sarmiento, que integrou o Tribunal de Ética Mé-dica de Bogotá entre 1998 e 2007, afir-ma que as condições de pagamento na

Os casos mais comuns de erros

médicos estãorelacionadosa problemas

na área deginecologia

e obstetrícia

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Além do bisturiECONOMIA ESTÁVEL NA AMÉRICA LATINA INCENTIVA A INOVAÇÃO HOSPITALAR, E FABRICANTES MIRAM A REGIÃO

GRAZIELE DAL-BÓ, DE SÃO PAULO

O EINSTEIN CONTA

COM NOVE

ROBÔS DE ALTA

TECNOLOGIA,

QUE CUSTARAM

ENTRE US$ 80 MIL

E US$ 250 MIL

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S ão Paulo, 10 de agosto de 2011. Dois dias depois de ser inter-nado por causa de um infar-

to, Luan Rodrigues, 55 anos, apresen-ta um quadro de fibrilação ventricular – quando o coração para de bombearsangue para o corpo. A equipe, for-

mada por médicos e enfermeiros do Hospital Israelita Albert Einstein, ten-ta de todas as formas reverter a situa-ção, mas, infelizmente, Luan não re-siste e morre.

A situação descrita acima poderia até ser algo comum no ambiente hospi-

talar, se não fosse por um detalhe: o pa-ciente em questão aqui não é real, mas sim um robô. Um dos nove que o hospi-tal Albert Einstein utiliza em seus trei-namentos e que custaram entre US$ 80 mil e US$ 250 mil. Todos eles fazem parte do Centro de Simulação Realís-

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ESPECIAL Ranking de Hospitais

tica, inaugurado em 2007, no qual o Einstein investiu US$ 3,5 milhões. Se-gundo a gerente da Área de Treinamen-to, Cristina Mazoi, que trabalha há 23 anos no hospital, mais de 20 mil profis-sionais já foram treinados. Além da uti-lização de robôs, o centro – que ocupa 13 salas no primeiro subsolo do hospi-tal – também conta com o know-how de atores. É com eles que os médicos simu-lam a notificação de más notícias, como a identificação de um câncer ou a morte de algum parente. “A melhora nos pro-cedimentos é visível. Toda a vez que vo-cê vivencia algo, acaba guardando mais as informações”, afirma Cristina.

As inovações no dia a dia do Eins-tein não param por aí. O hospital é uma das referências na América Latina no uso de tecnologias no ambiente hospi-talar. Estão no Einstein, por exemplo, dois dos três Aquilion One em uso na região, considerado a última geração da família dos tomógrafos. Para se ter

uma ideia, enquanto um tomógrafo normal tem de quatro a 16 detectores, o Aquilion conta com 320. Mas o que isso significa em termos práticos? “Em menos de meio segundo, você consegue fazer a imagem de um crânio. Já a ima-gem do coração, que normalmente leva

em 2008, o Einstein já utilizou o ro-bô-cirurgião em cerca de 600 inter-venções, em especialidades como car-diologia, urologia, cabeça e pescoço, aparelho digestivo e tórax. “A diferen-ça nos resultados para o paciente onco-lógico, por exemplo, é grande, já que a alta, que seria dada em sete dias, é an-tecipada em quatro dias, e, em duas ou três semanas, ele pode voltar às ativi-dades do dia a dia. No procedimento convencional, isso levaria um mês ou mais”, explica Ricardo Santos, cirur-gião e coordenador do Centro de Ci-rurgia Torácica Minimamente Invasi-va do Hospital Albert Einstein.

FÁBRICA DE LUCROSIniciativas como a do Einstein, que, em 2010, destinou 2% de sua receita de R$ 1,1 bilhão para a área de tecnologia de informação, têm levado os grandes fabricantes mundiais de equipamentos hospitalares a cobiçar o potencial da América Latina.

Para o staff da GE Healthcare, a re-gião é prioritária. Enquanto nos Esta-dos Unidos e na Europa a expectativa é crescer apenas um dígito nos próxi-mos anos, para a América Latina a ex-pansão esperada não fica abaixo dos 20%. “Você tem mais gente na chama-da classe média e trocando o SUS [Sis-tema Único de Saúde] pelo convênio. As-sim, a demanda por exames aumenta, e é preciso comprar mais equipamen-tos. É um ciclo virtuoso”, comemo-ra Rogerio Patrus, presidente da GE Healthcare na América Latina. Com o objetivo de aproximar a empresa dos clientes – aqueles potenciais e os que já têm pedidos em carteira –, a multina-cional americana criou, há seis meses, sete regiões independentes, entre elas a América Latina.

A demanda por máquinas está tão boa na região que o Brasil foi escolhi-do para receber o quinto centro de tec-nologia da GE no mundo – que atende-rá outros segmentos dentro do grupo. Em fase de projeto, o centro consu- Fo

tos:

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A DIGITALIZAÇÃO DE

DIAGNÓSTICOS É UMA DAS

APOSTAS DA CARESTREAM

de oito a dez batimentos para aparecer, é feita em um único batimento com es-se tomógrafo”, explica César Nomura, médico radiologista da área de Imagem Cardiovascular do Albert Einstein. A imagem oferecida pelo equipamento é tão perfeita que o médico consegue ver calcificações muito pequenas no cora-ção do paciente, o que em um equipa-mento tradicional não seria possível. Com isso, o risco de infarto, por exem-plo, pode ser diagnosticado com muito mais precisão.

ROBÔ-CIRURGIÃONo meio de tantos equipamentos de úl-tima geração, um deles tem chamado a atenção. É o recém-chegado robô Da Vinci. Por meio de imagens 3D em al-ta resolução, ele é utilizado para fazer cirurgias menos invasivas. O sistema é formado por três unidades: a primeira é a mesa de operação com o robô, com-posto por quatro braços poliarticula-

dos, com flexibilidade de 360º e movimentos preci-sos. Na ponta de um des-ses braços, há uma câme-ra que capta imagens em 3D. Os outros três braços manipulam pinças cirúr-gicas, movimentadas pela máquina, reproduzindo as sutilezas do cirurgião. A segunda unidade é um console inspirado nos si-muladores de voo, no qual os médicos recebem as imagens 3D de alta de-finição e realizam os mo-vimentos operatórios com as próprias mãos, que são transmitidos para o ro-bô. Completando o siste-

ma, há um conjunto de hardware exter-no. Iguais a ele, existem apenas quatro no Brasil. Entre os principais benefícios estão cortes menores, recuperação mais rápida, diminuição das dores e de com-plicações pós-cirúrgicas.

Desde o primeiro procedimento,

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Um hospital tecnológico

Evolução do número de cirurgias

robóticas no Albert Einstein

2008 85

2009 214

2010 238

Fonte: Relatório de Responsabilidade Corporativa 2010/ Albert Einstein

miu investimentos de US$ 100 milhões e se-rá construído no Rio de Janeiro. Além dis-so, a unidade fabril da empresa em Conta-gem (MG), que já fa-brica aparelhos de raio X e de mamografia, está em fase de quali-ficação para produzir outros produtos nacio-nalmente. “As necessi-dades aqui são diferen-tes daquelas lá de fora, então queremos apro-ximar a produção dos nossos clientes”, expli-ca o executivo.

Outra multinacio-nal que decidiu au-mentar seus negócios na América Latina é a Carestream, antiga divisão de saúde da Kodak. Segundo Robert Eisenbraun, diretor geral da empresa no Brasil, his-toricamente a região nunca havia des-pertado muito interesse da sede, nos Estados Unidos. “Isso começou a mu-dar no ano passado. Hoje, já somos a segunda região para o grupo, em ter-mos de faturamento”, diz Eisenbraun. O executivo estima um crescimento de receita entre 5% e 10%, na América Latina, neste ano. Grande parte desse percentual será resultado dos investi-mentos feitos pela companhia nos equi-pamentos responsáveis pela digitaliza-ção de diagnósticos.

“O DRX, equipamento lançado por nós no ano passado, que, acoplado a um aparelho de raio X tradicional, digitaliza a imagem, está sendo um su-cesso de vendas. Se pensarmos em um mercado como o brasileiro, com cer-ca de 20 mil equipamentos de raio X, sendo a maior parte ainda analógica, o potencial de mercado é muito grande”, afirma o diretor geral da Carestream no Brasil. A aposta da multinacional americana nos sistemas de armazena-

mento e comunicação de imagem (o PACS, na sigla em inglês) parece ser acertada. Segundo estudo da consulto-ria internacional Frost & Sullivan, a re-ceita do PACS no Brasil deverá chegar aos US$ 69 milhões em 2014. Em 2009, as vendas desses equipamentos soma-vam US$ 17,7 milhões. Isso representa um salto de quase 300%.

POTENCIALQuem também tem aumentado seus investimentos no setor de saúde é a ho-landesa Philips. A área já responde por 25% da receita no Brasil. Globalmente, o segmento de healthcare tem uma par-ticipação de 34% nas vendas da com-panhia. Nos últimos dois anos, foram mais de US$ 300 milhões dedicados à aquisição de empresas na área de fa-bricação de equipamentos médicos no Brasil. “Além de uma situação macro-econômica positiva na região, os in-centivos do governo para a compra desses aparelhos têm ajudado nas ven-das”, afirma Ricardo Martins, gerente de Marketing Clínico da Philips para a América Latina.

E não são só os grandes conglome-rados internacionais que pegam carona nessa onda. A catarinense Pixeon, es-pecializada no desenvolvimento de so-luções em diagnóstico digital por ima-gem, fundada em 2003, também tem expandido sua atuação pela América Latina. A empresa, que no Brasil atende a clientes como o Hospital São Cami-lo, de São Paulo, a Santa Casa, de Por-to Alegre, e o Hospital da Unicamp, em Campinas (SP), acaba de chegar à Ar-gentina, onde implantou suas soluções no hospital universitário FundaciónFavaloro, em Buenos Aires.

O carro-chefe da Pixeon é o PACS Aurora, um sistema de gestão de ima-gens médicas com tecnologia 100% na-cional. Por meio dele, é possível digita-lizar, armazenar e transmitir imagens geradas em qualquer equipamento de diagnóstico, como ultrassonografia, endoscopia, tomografia, ressonância magnética, raio X e mamografia. “Nós apostamos na área de clínicas de mé-dio porte, que representa 70% do mer-cado”, conta Fernando Peixoto, diretor da companhia.

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opinião

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E m 2003, 72% dos computadores comercializados no Brasil vinham do mercado cinza. Não tinham garan-tia, às vezes eram montados no fundo do quintal, com

peças contrabandeadas. Com isso, as cinco maiores empresas que operavam legalmente no Brasil não tinham mais do que 15% de participação nas vendas de equipamentos. O governo brasileiro recebeu, naquela época, a visita de um alto exe-cutivo da Dell, que tinha fábrica no Rio Grande do Sul. Ele reclamou que a empresa não conseguia usar a capacidade de produção por causa da competição desleal de empresas do mercado paralelo. Diante de uma realidade daquelas, o jeito foi passar a exportar parte dos equipamentos para a África do Sul. Aquela era a única fábrica da Dell que dava prejuízo.

Depois de várias reuniões com o setor eletroeletrônico, chegou-se à conclusão de que a única maneira de baixar os preços dos computadores no Brasil seria com a redução de tributos. O resultado seria aumentar a economia de escala das fábricas. Foi necessário um ano e meio de conversas para convencer a Receita Federal e o Ministério da Fazenda dos benefícios e do provável aumento de arrecadação.

Na rodada final, uma frase cunhada pelo então presi-dente Lula ficou gravada em minha memória. Foi uma espécie de estímulo para vencer a resistência da equipe da Fazenda, que argumentava que haveria perda de arrecada-ção. Lula disse: “Você não abre mão daquilo que não tem”. Afinal, dois terços dos computadores vendidos no país não pagavam imposto. Não deu outra. Com a mudança nas regras, novos players, inclusive nacionais, puderam se destacar. É o caso da Positivo, que chegou a liderar o mercado brasileiro com vendas de mais de 1 milhão de computadores por ano. Ao mesmo tempo, os brasileiros passaram a ter em casa com-putadores mais modernos. No ano passado, pela primeira vez, a venda de computadores superou a de televisores no país.

A redução de cerca de 12% de PIS/Cofins aumentou a arrecadação. Com maior volume de produção, o Brasil pas-

sou, em pouco tempo, ao posto de terceiro maior mercado de computadores, depois de Estados Unidos e Japão.

No entanto, um dos pontos mais marcantes dessa nova fase da tecnologia é a conectividade disseminada entre famílias de baixa renda. O acesso ao conhecimento faz com que uma geração inteira melhore seu nível de educação e, principalmente, de empregabilidade. É possível que o país só veja essas mudanças pelo retrovisor, daqui a alguns anos.

Os investimentos em massa em banda larga, que, absur-damente, são tributados em alguns estados com até 40% de imposto, devem ser estimulados com incentivos. Sabe-se da carência de mão de obra especializada. Normalmente são necessários anos para treinar profissionais. Está claro, com isso, que há um descasamento entre a população desempre-gada, menos de 6%, e as oportunidades de trabalho, que estão abundantes, por falta de capacitação básica.

Um jovem que, durante o período escolar, pode usar ferramentas modernas em sua educação terá oportunidade de preencher esse lapso de especialistas em tecnologia, en-genheiros e cientistas de que o Brasil precisa para se tornar um país de primeiro mundo.

Vale ressaltar o entusiasmo visto no Ministério de Ciên-cia e Tecnologia em usar a pasta para projetar o país em um horizonte de primeiro mundo. Isso traz otimismo quanto ao futuro. Incluo nesse contexto o acordo feito entre o Ministério das Comunicações e as empresas de telecom. Paulo Bernardo colocou no ministério uma visão pragmática. A presidente Dilma também orientou sobre a necessidade de uma banda larga de, no mínimo, um megabite de velocidade. Certamente essa mudança vai acelerar a inclusão digital no Brasil.

Essa história é um bom exemplo de como um problema econômico do país foi resolvido por uma política de governo aliada ao setor produtivo, que gerou resultados além do es-perado, inclusive com a possibilidade de o Brasil estar mais próximo de ingressar no seleto clube das novas tecnologias, com a chance de atrair empresas que no passado não consi-deravam nosso país no mapa de seus investimentos. Algumas já se sentiram estimuladas a instalar no Brasil seus centros de pesquisa e inovação de última geração.

LUIZ FERNANDO FURLAN foi ministro de Estado do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (2003/2007).

O que uma mudança tributária pode fazer

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