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Laboratório de Estudos e Pesquisas em Ensino de História - Centro Pedagógico - Faculdade de Educação - Universidade Federal de Minas Gerais - Escola Municipal Antônio Gomes Horta/PBH-Regional Venda Nova.
Coordenação geral: Dilma Célia Mallard Scaldaferri Autores: Lana Siman, Dilma Scaldaferri, Rita de Cássia Chagas Henriques, Roseli Correia da Silva e Rosiane Bechler. Colaboradores: Wanessa Leite e equipe EMAGH, Ana Maria da Silva (Centro Cultural de Venda Nova) Victor Hugo de Castro e Armando Leopoldino (Bolsistas LABEPEH).
Ilustrador: Henrique Ferreira Machado. Aluno do 6° ano da EMAGH – Diurno Editoração e Projeto Gráfico: Kelly Freitas Capa: Kelly Freitas
Maio/Junho de 2011
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Pensar em agradecimentos num processo de trabalho no qual a história da escola se insere no contexto da coletividade local é
algo complexo. Neste momento de consolidação nominar pessoas direta ou indiretamente envolvidas, destacar a generosidade, o
esforço e a gentileza de muitas delas é tarefa quase impossível. Mas façamos uma tentativa...
Para começar lembraríamos que a professora Wanessa Leite, diretora da EMAGH convidou a nós, pesquisadores do Ensino de
História do LABEPEH a partilhar de um trabalho conjunto no qual a história da escola fosse contemplada no ambiente cultural e
histórico de Venda Nova. E, como Wanessa trabalha em equipe, entre os encontros pedagógicos, planejamentos e atividades de
gincana foram surgindo contribuições das professoras, coordenadoras, vice-diretora, bibliotecárias e secretárias, logicamente com
algumas mediações: Sandra Oliveira, Sônia Rausch, Denise Telles, Márcia Pereira, Hiago Mendes, Maria Célia Moura, Vanderci
Castro, Priscila Soares, Andréa Jaqueline e Marizane Diniz.
Ressaltamos a colaboração dos demais funcionários: os porteiros, as auxiliares de serviços gerais, organizando o pátio em
desordem após as atividades e algumas vezes até participando das tarefas da Gincana, como Sandra Cassimiro que caracterizou
a aluna de antigamente e dona Geralda Xavier que conferiu informações sobre a escola de outros tempos. Lembramos a solicitude
das cantineiras nos oferecendo lanches saborosos nos intervalos de trabalho. Também foram atenciosos os alunos e professores
do PROJOVEM URBANO, que funciona na escola no turno da noite, em especial os professores Cristiano de Andrade e Débora
Bittencourt.
Não podemos esquecer a participação da comunidade. Sem o desprendimento e a generosidade dos pais com o empréstimo de
objetos relíquias do acervo familiar não teríamos montado uma verdadeira exposição de memória na escola. A ex-professora D.
Elza Ferreira enriqueceu a gincana falando aos alunos sobre a escola de seu tempo; O Chico, responsável pela Quadra do
AGRADECIMENTOS
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Vilarinho, contou histórias de mitos e distribuiu aos alunos o CD do Funk Melô do Alex, o Capeta do Vilarinho, do radialista e
humorista mineiro Paschoal. Os representantes dos grupos Associação de Capoeira Mandingueiros dos Palmares, Teatro Negro e
Atitude, Baile da Saudade, assim como professor Eduardo Ferreira Teixeira, o Jabuti, deram mostras significativas da cultura negra
afro brasileira para o nosso trabalho.
E, ao falar da comunidade, gostaríamos de registrar um agradecimento especial à dona Josefina Leite, ou melhor, Dona Nazinha,
que partiu recentemente de nosso convívio deixando a lembrança do carinho dela nas ocasiões de nossas visitas à escola – o
almoço quentinho regado ao molho Pica- pica.
Mas, sem os alunos não chegaríamos a lugar algum, a participação entusiástica das crianças e adolescentes produzindo material,
cumprindo tarefas da gincana, investigando e transportando relíquias familiares foi fator fundamental para o desenvolvimento
desse livro. Vinculada à atuação do alunato cumpre destacar a participação especial do talentoso Henrique Machado, o nosso p
É necessário ressaltar a competência e generosidade de Ana Maria da Silva, coordenadora do Centro Cultural de Venda Nova que
possibilitou-nos uma riqueza de pesquisas sobre as fontes históricas da região. Ela facilitou ainda o acesso aos guardiões da
memória de Venda Nova, Dona Lúcia César e Dona Nilza Miranda, com as quais tivemos acolhida para bate-papos carinhosos.
Chegamos indiretamente aos outros guardiões da memória por meio dos depoimentos em registros escritos: Dona América
Bonifácio, Dona Maria de Lourdes Pires, ou Dona Naná, Sr Hélio Alves, Sr José de Souza Machado, Dona Prosperina Rodrigues
ou D.Pierina, entre outros,
Do Projeto LABEPEH vai às Escolas, tivemos o empenho de uma equipe laboriosa de pesquisadores: Lana de Castro Siman, Rita
de Cássia Henriques, Rosiane Ribeiro Bechler, Roseli Correia da Silva, Dilma Mallard Scaldaferri e dos monitores Victor Hugo de
Castro, Kelly Freitas e Armando Leopoldino.
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Finalmente agradecemos a Junia Costa Amaral, Gerente de Educação da Regional Venda Nova, pelo apoio constante e a Macaé
Maria Evaristo, Secretária de Educação de Belo Horizonte, que oportunizou a edição desse livro.
Ao anunciar tantas participações, podemos dizer, sem hesitação, que esta obra não tem uma autoria isolada, foi continuamente um
processo de construção coletiva, um trabalho de todos e de cada um de nós.
EQUIPE LABEPEH e EQUIPE DA ESCOLA
MUNICIPAL ANTÔNIO GOMES HORTA
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“O tempo do vivido, no seu entrelaçamento com outros tempos permite captar nas ações, representações e imaginários dos homens a complexidade do curso da História. Há nesse vivido os sinais do que muda, do que resiste às mudanças, dos conflitos, das tensões que as mudanças geram no fazer cotidiano dos homens comuns.” (SIMAN, 2010: 595)
Em 2011 a Escola Municipal Antônio Gomes Horta (EMAGH) comemora 40 anos de história inserida em um contexto de
vivências, mudanças e permanências da região de Venda Nova, que também comemora agora seus 300 anos. É um tempo de
festa, de comemorações e que nos convida a rememorar: o crescimento e desenvolvimento da escola; o crescimento e
desenvolvimento de Venda Nova. Há que se comemorar os acontecimentos marcantes desse percurso, mas, sobretudo, as ações
de pessoas, de grupos que sonharam e lutaram e que contribuíram para escrever histórias da escola e de Venda Nova, com as
marcas da solidariedade, do compromisso político com a educação e com a localidade. Histórias que se entrelaçam com outras
histórias criando zonas de encontro e de dissonância, de compartilhamento e de conflitos. Por isso, o momento da celebração, da
comemoração, da rememoração é também momento de reflexão sobre os ganhos, sobre as perdas decorrentes de escolhas
coletivas e dos projetos vencedores e perdedores. Reflexão sobre os excluídos da História. Se no presente temos os ecos e as
marcas tangíveis e intangíveis do passado é nele que construímos o futuro. Qual futuro os adultos de hoje pensam e projetam para
as crianças e jovens? Qual educação pensamos e construímos cotidianamente com as crianças e os jovens e adultos de hoje?
Se o desejo ou mesmo a necessidade de festejar é consenso, o “como” celebrar datas gera, como sempre, ideias e
questionamentos, pois afinal existem inúmeras possibilidades para se comemorar e registrar eventos dessa natureza. Promover
cerimônias solenes? Solicitar recursos para reformas e transformações que demarquem o início de uma nova etapa? Erguer
PALAVRAS PARA OS EDUCADORES
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bustos ou monumentos comemorativos em honra a personagens importantes da história da escola, da relação da escola com a
sua localidade? Enfim, independente da escolha, esse “comemorar” revela-nos muito sobre os valores de uma comunidade,
sobretudo o coletivo de professores e funcionários responsáveis pelas ações educativas no universo escolar.
Sabemos que mais do que um rito de passagem celebrar é ainda e também a expressão do desejo de que algo ou alguém
não caia no esquecimento. Celebrar reforça os laços de pertencimento entre pessoas e entre essas e suas origens; celebrar cria
oportunidades para que se compartilhem ideais entre os indivíduos, ao mesmo tempo em que cada um renova seu compromisso
perante a coletividade. No entanto, na medida em que temos vivido o sentido da aceleração do tempo, os atos, gestos e ideias de
celebração têm, muitas vezes, caído no esquecimento. Aceleração do tempo essa provocada tanto pelas mídias de comunicação
eletrônica que nos ligam, em tempo real/virtual, às diferentes partes e sociedade de nosso planeta, quanto pelo consumismo
exacerbado de bens materiais e simbólicos em escala local e mundial. A aceleração do tempo histórico tem provocado rupturas
com o passado e com os projetos de futuro, instaurando um presente contínuo marcado pelo efêmero, pelo descartável, pela
banalização dos acontecimentos históricos. Como expressão de resistência aos efeitos da aceleração do tempo, temos assistido e
participado de inúmeros atos de memória. E, foi nesse sentido, com grata satisfação, que a equipe do Laboratório de Estudos e
Pesquisas em Ensino de História da Universidade Federal de Minas Gerais (LABEPEH) recebeu, por meio da diretora da EMAGH,
professora Wanessa Pinto Leite, a demanda por um trabalho que permitisse reconstruir ou mesmo redescobrir, a história desta
escola junto a alunos e professores – de hoje e de ontem, buscando seus vínculos com a História de Venda Nova.
A História contida nos manuais didáticos não comporta os processos e as dinâmicas das Histórias de diferentes lugares,
culturas e indivíduos, assim como não comporta o sentimento de continuidade e de pertencimento a uma determinada comunidade
ou localidade, promovidos pelo ato de participar da História e de sua escrita. O ato de escrever Histórias de uma localidade implica
em buscar os seus registros em rastros, ruínas e em práticas de memória de diferentes sujeitos que se encontram refugiadas em
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lugares pouco visíveis ou em instituições de memória. Ao nos engajarmos nessa nova compreensão da História modificamos a
própria postura diante da mesma e, nesse movimento, passamos a nos entender como indivíduos ativos e responsáveis, tanto pela
reconstrução ativa e crítica do passado como pela seleção do que queremos relembrar e preservar.
Essa nova perspectiva de trabalho com a História está inserida em um campo de estudos denominado “História Local”, que
tem por premissa o trabalho com um universo de vida mais próximo aos alunos visando à construção de significados e à
compreensão dos processos históricos de forma mais bem sucedida. Como nos explica REZNIK (2010)
“A história local não se opõe à história nacional, muito pelo contrário. Ao eleger o local como
circunscrição de análise, como escala própria de observação, não abandonamos as margens, os
constrangimentos e as normas, que, regra geral, ultrapassam o espaço local ou circunscrições reduzidas.
A escrita da história local costura ambientes intelectuais, ações políticas, processos econômicos que
envolvem comunidades regionais, nacionais e globais. É exatamente esse um dos seus grandes méritos:
descrever os diferentes mecanismos de apropriação – adaptação, resposta e criação – às normas que
ultrapassam as comunidades locais” (p. 92).
No local, no vivido cotidiano das relações entre adultos, velhos, crianças e jovens pertencentes às diferentes configurações
socioeconômicas, culturais e étnicas, podemos identificar as repercussões da História do país e do mundo e, ao mesmo tempo,
identificar as ações concretas, de homens comuns que promovem a permanência e mudança na História da localidade.
É por compartilharmos dessas ideias e acreditarmos nas ricas possibilidades do trabalho com a História Local que
desenvolvemos durante o segundo semestre de 2010, junto ao coletivo de professores, funcionários e alunos da Escola Municipal
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Antônio Gomes Horta, o projeto LABEPEH vai às Escolas1, abordando a temática: História da Escola na Cultura Local. Buscamos,
em um esforço conjunto, reconstruir a história dessa escola, que comemora 40 anos em abril de 2011, inserida no contexto
singular da região de Venda Nova, que também comemora um aniversário de 300 anos. Fomos por assim dizer, “brindados” por
uma bela possibilidade de pesquisa interativa que teve como um de seus frutos o Livro que ora apresentamos.
O trabalho foi desenvolvido basicamente em três frentes de atuação: os planejamentos internos do grupo do Laboratório de
Estudos e Pesquisas em Ensino de História da Universidade Federal de Minas Gerais; as discussões junto ao coletivo de
funcionários e professores da EMAGH; e as atividades desenvolvidas junto aos alunos.
Em um primeiro momento coube à equipe LABEPEH estruturar um projeto de trabalho em consonância com a demanda
apresentada pela escola em abril de 2010. Feito isso, a ideia foi discutida pelas coordenadoras pedagógicas e pela direção da
EMAGH. Juntos elaboramos as estratégias de trabalho para a coleta de dados e informações sobre a História da Escola, definindo
os contornos do projeto “A História da Escola na Cultura Local”.
Assim iniciamos o trabalho junto ao coletivo de professores e alunos mantendo, contudo, discussões paralelas que nos
permitissem avaliar o andamento da proposta.
Com o coletivo de professores foram realizados momentos de formação continuada em que abordamos temas relativos à
investigação e registros historiográficos, visando não apenas a orientação dos mesmos quanto ao projeto especifico, mas também
a ampliação dos horizontes de trabalho interdisciplinar que a História oferece.
1 - O projeto é uma iniciativa do Laboratório de Estudos e Pesquisas (LABEPEH) da Universidade Federal de Minas Gerais que visa, em um movimento de extensão,
contribuir para as práticas educativas em escolas da rede municipal de Belo Horizonte. O projeto está em curso desde 2007 e já abordou temáticas como: “Letrando por meio
da História e educando por meio do Patrimônio” e “Brinquedos e Brincadeiras”.
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A estratégia de trabalho adotada junto aos alunos foi o desenvolvimento de uma gincana cultural: “Minha Escola em Venda
Nova: o que conhecer?”, realizada no período de agosto a outubro de 2011. Tal gincana propôs diversas tarefas de investigação
com objetivo de buscar novas fontes e indícios que nos ajudassem a desvendar a história dessa escola na sua relação com a
região de Venda Nova. Essa estratégia possibilitou que os alunos se envolvessem com as atividades de pesquisa – para as quais
também foram orientados – de forma dinâmica e prazerosa. A dedicação de professores e alunos em sala de aula e nos encontros
coletivos realizados no pátio da escola garantiu que esse trabalho fosse bem sucedido.
Um precioso acervo de fontes históricas foi constituído a partir do material coletado pelos alunos e professores junto aos
seus familiares: objetos de uso cotidiano no passado, peças decorativas, moedas, fotografias, enfim, verdadeiras relíquias de
família. Nosso novo banco de dados também contou com redações, entrevistas e registros feitos em sala de aula com orientação
das professoras, além de depoimentos de ex-funcionários e ex-alunos coletados pela equipe LABEPEH. Somado a isso, tivemos
um amplo acesso ao acervo do Centro Cultural de Venda Nova – que foi exposto inclusive na EMAGH no dia do encerramento da
gincana cultural e esteve a nossa disposição para as consultas necessárias.
A reunião de todo esse material, além de nos possibilitar reflexões importantes sobre o fazer histórico e da História, serviu
de fonte de pesquisa para elaboração desse livro. A partir da análise dessas contribuições, produções e registros recontamos aqui
a História da EMAGH e de Venda Nova. Para tanto selecionamos acontecimentos, atores, patrimônios, possibilidades de leituras,
de acordo é claro com as perguntas de nosso tempo e do contexto no qual estamos inseridos. Dessa forma, ressaltamos que o
trabalho que ora apresentamos é apenas uma das múltiplas formas e ângulos através dos quais a memória dessa instituição e
dessa região pode ser vista.
Conscientes disso organizamos o material de forma que possibilite outras interpretações e instigue novas pesquisas. Ao
misturarmos as linguagens lúdica, informativa e escolar pretendemos que esse livro seja acessível aos professores, alunos e
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funcionários. O material é também destinado à comunidade externa, para que todos possam se sentir parte integrante e ativa da
história local na qual estão inseridos. Gostaríamos que o mesmo não fosse considerado apenas um registro da memória, mas uma
possibilidade interativa de se recontar a mesma.
Esperamos que ele possa instigar discussões e atitudes necessárias para ressignificar as práticas escolares, assim como
repensar a relação da escola com a comunidade local e as valiosas possibilidades que essa oferece.
Acreditamos ainda que esse trabalho possa contribuir para a educação de gestos e atitudes das crianças em face do
patrimônio presente na escola e em Venda Nova; que possa incentivar experiências de valorização do patrimônio cultural material
e imaterial - difundindo saberes e práticas de memória local e propiciar a formação da identidade, o sentimento de pertencimento e
o compromisso social, ou seja, o papel de todos na salvaguarda do patrimônio da coletividade; elementos estes tão necessários à
prática da cidadania. Nesse sentido é bom lembrar uma citação de Neidson Rodrigues (1992):
“O cidadão, embora pertencendo à nação, tem no município as suas raízes. É nele que ele nasce, cria seus filhos, trabalha; a relação fundamental da vida do cidadão ocorre, portanto, no município. Então, comecemos por ensinar nossos alunos a acompanhar os administradores municipais em sua atuação política; comecemos por ensiná-los a conviver com a realidade completa dos municípios, pelo conhecimento da vida política, administrativa, cultural e social de onde ele vive. Será através desse conhecimento que o cidadão poderá dimensionar sua real parcela de influência na transformação da realidade vivida. Tal envolvimento o levará até à compreensão de sua importância e papel na transformação dos rumos da nação”. (p.43)
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Que tal conhecer agora uma turminha tão curiosa e cheia de tagarelice?
Esse livro conta de um jeito diferente a
história da Escola Municipal Antônio Gomes Horta
e da região de Venda Nova.
Nestas páginas vocês conhecerão
personagens inspirados nas pessoas que fizeram
parte da história.
Eles nos ajudarão a buscar nos depoimentos,
nas fotografias, nos mapas, nos documentos
escritos e nos livros informações que nos
permitam recontar a história dessa escola e sua
relação com a comunidade de Venda Nova.
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Primeira, os componentes dessa galera são
todos conhecidos por apelidos: Naná, Rafa,
Pepê, Tonico, Taká, Juju e Lu. São chamados
assim pelos colegas e até gostam porque
apelidos bacanas não incomodam e nem
magoam ninguém.
Segunda, todos eles estudam no mesmo
local, a Escola Municipal Antônio Gomes
Horta, só que em turnos diferentes. Observe duas
coincidências
interessantes
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Quem é Lu?
Lu é Lúcia, tem nove anos, está no quarto ano da escola
Municipal Antônio Gomes Horta e mora ao lado do
Centro Cultural de Venda Nova.
Ela é a líder dessa turminha. Investigadora, parece
até detetive, diz que vai ser historiadora quando crescer.
Será que esta vontade de saber e pesquisar o
porquê de tudo é uma característica das pessoas
que gostam ou se dedicam ao estudo da História?
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Este é o apelido de Ana Maria, que tem dez
anos e mora na Rua Padre Pedro Pinto.
Ela está no quinto ano, é observadora e gosta
muito de ler e escrever.
Quer conhecer Naná um
pouco melhor?
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E
É um garoto negro de seis anos bem vividos e
repletos de traquinagens. Está no primeiro ano
e vive grudado em Naná que é sua prima.
Mora na rua da escola: Antônio José Oliveira,
no Bairro Parque São Pedro.
Com olhinhos da cor de jabuticaba, observa
tudo ao seu redor com curiosidade. Não sabe
ficar calado, faz perguntas a todos, o tempo
todo
E sobre o Rafa, o curioso
da turminha, o que dizer?
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Pepê é Pedro e tem oito anos. É vizinho de Juju
e está no terceiro ano. Gosta de contar "casos" e
inventar histórias que a todos emociona.
É um garoto cego bastante inteligente.
Os colegas dizem que ele aprende com as mãos,
pois vai apalpando as coisas, os objetos para
melhor sentir e compreender o mundo e daí criar
uma porção de personagens para suas histórias.
Conhece um bom
contador de histórias?
18
Z
Tonico é Antônio Carlos, tem dez anos, estuda na
mesma sala de Naná e mora próximo da Quadra
do Vilarinho.
O que ele mais gosta de fazer é desenhar o
ambiente ao seu redor e também as ideias que
povoam sua imaginação.
Tonico é um artista ou um
fazedor de artes?
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Conheça melhor o Taká, garoto de nove anos da
sala de Lu. O apelido é uma abreviatura de Takashi,
ele é descendente dos imigrantes japoneses da
Granja Mikado. Amigo da natureza já sabe cultivar
hortas de couve, salsa, cebolinha e alface, pois sua
família ainda pratica horticultura no quintal.
Taká sempre ouviu em casa a história de sua família
em Venda Nova e tem muito orgulho em saber
alguns detalhes.
Você também entende de
plantas? Nosso Taká é fera no
assunto!
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Juju é Juciara, descendente dos povos indígenas
de Minas Gerais, tem sete anos de peraltice e está
no segundo ano.
Gosta muito de brincar no parquinho da escola e
acha interessante ouvir as histórias inventadas por
Pepê.
De onde vieram os
antepassados de Juju?
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Gincana da EMAGH 2010 – Arquivo da Escola
Nossa história começa justamente no
momento em que Lu inicia suas
investigações sobre a Escola
Municipal Antônio Gomes Horta para
a Gincana Minha Escola em Venda
Nova – o que conhecer?
A Gincana Minha Escola em Venda Nova – o que
conhecer?
Aconteceu entre agosto e outubro de 2010 e fez parte do
Projeto História da Escola na Cultura Local em
comemoração aos quarenta anos da Escola Municipal
Antônio Gomes Horta. O trabalho desenvolveu-se em
parceria com o LABEPEH. (Laboratório de Estudos e
Pesquisas em Ensino de História) da FAE/ CP/ UFMG, em
2010 e 2011.
Por meio de encontros, pesquisas e atividades os alunos e
os educadores da escola e os representantes do LABEPEH
se empenharam juntos em contar a história da EMAGH no
aniversário de seus 40 anos.
História essa inserida no contexto cultural da região de
Venda Nova que também comemora um aniversário de
300 anos.
C COMO TUDO COMEÇOU...
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Tarefas propostas pela Gincana Cultural
1. Fotografe as pessoas e os lugares interessantes de sua escola e dos arredores da mesma, objetos marcantes e outras coisas da
cultura local relacionadas com a escola. Traga as fotos para que os colegas e professores possam
ver.
2. Investigue a origem de sua escola em Venda Nova. O que havia antes nesse local, quando e porque foi criada, qual é a explicação do nome dela, como era no passado, onde vivem e o que fazem hoje seus primeiros alunos e professores. O que mudou e o que continua semelhante: no cenário local, nos alunos e professores, no modo de aprender e ensinar? Vá anotando tudo, ao
final você irá produzir uma narrativa bem bonita sobre a história de sua escola.
3. Procure descobrir quais são os “guardiões de memória” de Venda Nova. Essas pessoas
certamente terão livros, jornais, fotos, objetos, coisas miúdas do bairro e da escola para lhe
mostrar e casos para lhe contar. Registre tudo que descobrir em seu caderno e leia para a
professora e seus colegas.
4. Será que há um Arquivo Público, Museu ou Centro Cultural em Venda Nova? Que tipo de trabalho ou produção cultural realizam? Procure descobrir nesses lugares pistas sobre a história da
EMAGH. Traga suas descobertas para os colegas conhecerem.
23
5. Você conhece a história do Capeta do Vilarinho? Procure conversar com as pessoas que sabem falar dessa narrativa, escreva e conte para seus colegas. É só um mito... Não precisa se arrepiar!!!!
6. Será que há na região Venda Nova um local, uma praça, uma quadra, uma escola, uma área verde, igreja ou outro lugar qualquer que mereça maior atenção e deve ser preservado? Investigue e mostre para todos da escola por meio de fotografias,
gravuras ou desenhos.
7. Há experiências de culinária, de apresentações artísticas, de estudos de culturas indígenas, afro-brasileira ou luso-brasileira, de trabalhos artesanais na escola ou na comunidade de Venda Nova? Quais? Descubra e combine com sua professora como fazer uma exposição ou apresentação sobre isso aqui na escola.
8. O que acontece na escola durante a noite? Há alunos? O que estudam? O que fazem durante o dia? Procure descobrir. Combine com sua professora uma forma de diálogo com os estudantes do turno da noite, por meio de cartas ou da Internet.
Não se esqueçam de arquivar todas as correspondências para o final da Gincana.
A Gincana Cultural desafiou alunos e professores a realizar um trabalho de investigações como
detetives da história.
E foram as questões propostas que levaram nossa personagem Lu ao Centro Cultural de Venda
Nova, para um trabalho de busca, identificação de fontes e coleta de dados sobre a história de sua
escola e daquela região.
24
Lu estava realmente animada.
Sentindo-se detetive de verdade,
andava às voltas com estas
questões: quais seriam essas fontes
que ajudariam a contar a história da
escola? Onde poderiam ser
encontradas? Toda história, para ser
contada, precisa dessas fontes?
O Centro Cultural de Venda Nova é uma casa
destinada à cultura, à arte e à formação da
cidadania.
É um espaço com auditório, anfiteatro,
biblioteca, sala de vídeo, sala de aula e
camarim, além de uma ampla área externa,
toda arborizada e ajardinada.
A equipe que trabalha no Centro Cultural
promove cursos, atividades artísticas e
educativas para as crianças e a sociedade de
Venda Nova. Possibilita ainda um trabalho de
pesquisa aos estudantes. Incentiva o
fortalecimento da arte e cultura local e
estabelece um intercâmbio com outros grupos
culturais e intelectuais mais distantes.
Centro cultural Venda Nova
FOTOGRAFIA 2007 DISPONÍVEL PORTAL PBH –
25
Depois de sua primeira visita à biblioteca do Centro Cultural,
Lu estava com a cabeça cheia de ideias. Por isso foi logo se
encontrar com seus colegas Naná, Pepê, Rafa, Taká, Tonico
e Juju, todos envolvidos com as tarefas da Gincana.
Os colegas prestavam a maior atenção. Com sentidos
aguçados queriam ouvir tintim por tintim sobre o que Lu
contava com a maior empolgação.
Com muita naturalidade ela começava a entender o que são
Fontes da História.
Em meio a toda essa animação, comentou:
Gente! Vejam quantas fotos eu descobri! Da nossa escola, dos
professores e alunos de antigamente, das comemorações, dos
materiais escolares, dos uniformes, do bairro da escola, da
história de Venda Nova, das primeiras vendas da localidade, do
córrego e do capeta do Vilarinho, da Rua Padre Pedro Pinto e
do padre que tinha esse mesmo nome, das igrejas, das festas
religiosas - Santo Antônio, São Pedro e muitas fotos mais...
OS PRIMEIROS PASSOS DA INVESTIGAÇÃO
26
Rafa, intrigado, foi logo palpitando:
Lu fez pose para esclarecer a questão.
Vocês não sabem outra coisa que descobri com minha pesquisa! Em
2011 teremos dois aniversários para comemorar: 40 da escola e
trezentos de Venda Nova
Boa pergunta Rafa! Já conversei com minha professora sobre
esse assunto e sabem por que comemoramos datas que celebram
os aniversários de lugares e até mesmo das coisas?
Haja bolo para tantas velinhas !
Só não entendo uma coisa Lu, se a escola e Venda Nova não são gente
de verdade como podem comemorar aniversários?
27
Rafa, o caçula, de ouvidos e olhinhos espertos acompanhava tudo.
Para festejar uai!
Afinal, festa é
sempre bom!
Para lembrar das
histórias que
aconteceram nessas
datas...
Para registrar momentos de nossas vidas
e da história dos lugares onde vivemos
que não devem ser esquecidos
É isso aí pessoal!
Cada um deu uma ideia! Comemoramos porque queremos festejar, homenagear as pessoas,
os lugares e suas histórias. Desejamos que algo fique na memória de todos.
A minha professora explicou que as comemorações ajudam a fortalecer a identidade cultural
das pessoas. Essa identidade mostra que elas pertencem ao mesmo grupo, quer dizer, há
algumas semelhanças nas suas histórias de vida.
28
Mas pessoal, nossa investigação está apenas começando!
Por isso, precisamos nos organizar para dar conta de todas as tarefas da Gincana!
Que tal se cada um ficasse responsável por uma daquelas perguntas?
Pepê ainda se perguntava:
Ele ainda não tinha conseguido organizar seus pensamentos, quando a empolgação de Lu voltou a
contagiar a turma:
“Então as comemorações são importantes para não
deixarmos morrer a nossa história? E essa história
ainda pode ser contada por materiais escolares,
uniformes e outros objetos?”
29
Todos adoraram a ideia e foram dizendo o que gostariam de fazer.
c
E assim, logo chegaram a um acordo sobre quem cuidaria de qual parte, respeitando as afinidades
e curiosidades de cada um.
Eu gostaria de investigar sobre
os mitos e superstições, o capeta
do Vilarinho... buuuuu!!!
Posso pesquisar
sobre a rua em que
moro, a Padre Pedro
Pinto?
Se pudesse
escolher falaria
sobre o córrego do
Vilarinho.
30
Por isso, no decorrer do livro sugerimos algumas atividades para serem realizadas em sala de aula
ou em casa.
Esperamos que
você se divirta e
conheça novas
Esperamos
que você
se divirta e
Esperamos que você
se divirta e conheça
novas formas de
Esperamos que você se
divirta e conheça novas
formas de aprender!
Esperamos que
você se divirta
e conheça
Esperamos
que você se
divirta e
Esperamos que você se
divirta e conheça novas
formas de aprender!
Esperamos que você se divirta e conheça novas formas de aprender!
E você também pode ajudá-los nessa tarefa!
31
Depois da divisão de tarefas, Lu sugeriu que todos pesquisassem em conjunto sobre
as principais informações da história da EMAGH.
Afinal, isso ajudaria muito nas demais tarefas. Por isso, cada um anotou em seu
caderno a seguinte atividade:
ATIVIDADE 1
Investigue a origem de sua escola em Venda Nova:
1) O que havia antes nesse local?
2) Quando e porque foi criada?
3) Qual é a explicação do nome dela?
Quando se encontraram no dia seguinte...
FALANDO DA ESCOLA
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Juju se apressou em ler para os colegas o texto que havia encontrado:
ESCOLA MUNICIPAL ANTÔNIO GOMES HORTA
A Escola Municipal Antônio Gomes Horta, está situada à Rua Antônio José de
Oliveira, 161, Bairro Parque São Pedro, na região de Venda Nova, Belo Horizonte –
MG.
Possui um ambiente agradável e arborizado. O espaço físico é relativamente
pequeno, mas bem equipado e atraente: oito salas de aula onde funcionam o 2º
Ciclo no turno da manhã, o 1º Ciclo no turno da tarde e o PRO-JOVEM no turno da
noite. Tem ainda Sala da Biblioteca, Sala de Vídeo e Multimeios, Sala de
Informática, Sala dos Professores, Sala da Diretoria, Sala da Coordenação,
Secretaria, Pátio Coberto, Parquinho e Estacionamento, tudo isso direcionado ao
convívio e à aprendizagem de seus 440 alunos.
É a escola municipal mais antiga da região de Venda Nova, foi criada pelo
Decreto 1.933, assinado pelo então prefeito de Belo Horizonte Luis de Souza Lima
em 07/12/ 1970. Foi inaugurada em abril de 1971 por outro prefeito, o Dr. Oswaldo
Pierucetti.
A primeira diretora foi a Sra. Neide Parreiras Delarete Pimenta, substituída
no mesmo ano por Iracema Valverde de Lacerda.
Naquela época havia apenas cinco funcionários na escola. As aulas começaram no
dia 20 de abril de 1971, data escolhida para comemorar o aniversário da escola.
A doação de um terreno para ser a sede da escola pelo professor e vereador
Antônio Gomes Horta explica a indicação do seu nome para nominar a escola Uma
curiosidade é que o terreno doado não era muito adequado, então houve uma
negociação e a troca do terreno por outro mais conveniente.
33
ATIVIDADE 2: CRUZADINHA Com tantas informações legais, Juju achou que seria divertido fazer uma cruzadinha sobre o tema. Veja se você também consegue completá-la!
1. Nome do bairro onde se situa a EMAGH, sem a primeira palavra. 2. Projeto escolar que funciona à noite na EMAGH. 3. Evento que a escola comemora em 20 de abril. 4. O que houve para troca do terreno onde está hoje a EMAGH.
5. Local preferido dos alunos do 1° Ciclo para as brincadeiras. 6. Dia do início das aulas em abril de 1971.
7. Ano em que foi assinado o decreto de criação da EMAGH pelo prefeito de Belo Horizonte.
8. Número da EMAGH na Rua Antônio José de Oliveira 9. Número do decreto de criação da EMAGH.
1 E
2 M
3 A
4 G
5 H
6 2
7 0
8 1
9 1
34
Naná também pediu para ler o que já tinha pesquisado sobre o patrono da escola:
"Antônio Gomes Horta nasceu a 10 de dezembro de 1871, na cidade de Sabará.
Seus pais se chamavam José Alves Horta e Maria da Glória Gomes Batista Horta.
No curso primário teve um mestre famoso, Caetano de Azevedo. Cursou depois a
Escola Normal em Sabará, diplomando-se aos dezessete anos.
Trabalhou primeiro como funcionário federal, como professor público de
Venda Nova e depois como inspetor regional de ensino, Foi eleito e reeleito
para o cargo de vereador por longo período, primeiro como representante de
Venda Nova, sempre tão cara ao seu coração e depois como representante de Belo
Horizonte.
Em uma entrevista com dona América Bonifácio Costa de Oliveira, ela disse
"ele foi um bom mestre e mais tarde, chefe político do lugar. Ele deixou sua
cadeira para ser inspetor regional de ensino em Belo Horizonte"'
35
Pepê ficou pensativo sobre uma questão:
De tão inspirado, começou a recitar alguns versos:
“Nossa escola é organizada
Seu ensino é de primeira
Dona Elza criou nosso emblema
E também nossa bandeira.
A bandeira da escola
Foi feita com sinceridade
Os três círculos significam...”
Será que os lugares
têm sempre nome de
padres, políticos e etc?
36
Acabou interrompido por Tonico, que apresentando a todos seu desenho do símbolo da EMAGH,
perguntou:
Qual de vocês sabe o
significado de cada
um dos aros
entrelaçados?
37
Veja a seguir o documento elaborado por D. Elza sobre o EMBLEMA da EMAGH
EMBLEMA da Escola Municipal Antônio Gomes Horta
Ao escolher um emblema para nossa escola, tomei como base os três círculos que
significam:
AMOR – ESCOLA –COMUNIDADE
Nas intercessões formadas pelos círculos está contida a filosofia da escola,
que está baseada no bom relacionamento que envolve todo o pessoal, do espírito de
ajuda mútua, da colaboração e apoio que recebemos da comunidade, e acima de tudo,
do espírito cristão que nos dá forças para prosseguirmos na jornada que nos foi
entregue.
Amor, Escola, Comunidade, unidos num só ideal – EDUCAR – acreditando que Deus
existe e que Ele se faz presente em cada ser.
Belo Horizonte, 24 de agosto de 1973. Elza Ferreira
(Auxiliar de Administrador – Em substituição)
38
Adotando ares de gente informada Taká comentou:
Vocês sabiam que ainda temos
na escola a bandeira azul
original feita com esse símbolo
da EMAGH?
ATIVIDADE 3: Agora é com você....
- Qual o significado de cada um dos aros entrelaçados?
39
Enquanto diversão e informação se misturavam em um bate-papo super agradável...
Chegou Régis, amigo de Tonico. Percebendo aquela empolgação, resolveu provocar a galera:
Juju nem sabia que a escola tinha um hino, mas Régis não se fez de rogado
começou a cantarolar2.
2 - Autoria: Professoras Rosa e Enilde Fonte: Jornal “Boca de Maritaca”, 11a edição, responsáveis: Marlene Neves e Joana D’Arc (regentes de Biblioteca 1
o e 3
o turnos), 1985.
Gente, descobrimos nos
arquivos antigos o hino da
escola feito pelas professoras
Rosa e Enilde, é mais um
ponto na Gincana para a
minha sala.
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40
Hino à Escola
A nossa Escola
Sente-se vaidosa
Por este nome de valor
Sempre forte e orgulhosa
Cantará com muito ardor.
Antônio Gomes Horta.
É o seu nome
Nosso Patrono querido
Nunca será esquecido
Sempre o teremos, na memória.
41
Bem, na entrevista com professora Elza, ela falou que no período de 1970 a 1980 cada
professora tinha o seu material, um tal de flanelógrafo, cartazes e fichas de apoio. Não havia copiadora, livros de Geografia, História e Ciências, essas coisas; mas havia o livro
de alfabetização.
Ela falou que a entrega de livros era acompanhada de muita festa.
Houve uma época em que o livro foi “O barquinho amarelo”. Para essa festa as
professoras arrumaram uma piscina, encheram de água e colocaram vários barquinhos de papel boiando.
Pepê continuava intrigado com a ideia de uma história poder ser contada através de materiais escolares, uniformes e outros objetos. E agora ainda vinha Régis com essa de ARQUIVOS ANTIGOS...
Para se livrar logo daquelas dúvidas e assim como seus amigos se tornar um bom detetive, resolveu ir
conversar com a professora.
Mas a professora em vez de responder foi logo lhe fazendo outras perguntas.
Pepê, vocês já investigaram como era o
ensino na escola antigamente?
Em meio a todas essas descobertas...
42
E a professora continuou perguntando a Pepê.
-.
Não, muito diferente! Hoje é camiseta, bermuda e
tênis.
A funcionária Sandra Cassimiro veio um dia na
Gincana vestida com o uniforme do passado e deu
para ver que era bem mais complicado.
O das meninas era uma saia azul de pano e
camisa branca com o brasão da prefeitura, conga
azul e meio branca.
O uniforme dos meninos ela disse que era
parecido, só que no lugar da saia era calça azul.
As meninas ainda podiam usar um laço de fita
branco no cabelo
E como era o uniforme naquela época?
Era parecido com o de agora?
Uniforme antigo da EMAGH/2010 – Funcionária Sandra
Cassimiro.
43
Gincana EMAGH 2011 – Arquivo da escola
Então o próprio Pepê concluiu:
Ah, professora! Vê se eu entendi.
Os materiais dos alunos e das professoras, livros de
alfabetização e uniformes de outros tempos são pistas para a
gente perceber as diferenças de ontem e de hoje e conhecer
a história da escola de outra época não é?
Pepê, você e seus colegas já descobriram muitas coisas
interessantes e importantes!
Como conheceram essas histórias?
44
Eu também professora! Ainda mais agora que compreendi a
importância das coisas para o registro da história!
Vou hoje mesmo pedir para minha mãe me mostrar as relíquias
da nossa família!
Investigarei como um verdadeiro detetive.
Está vendo Pepê, você mesmo encontrou a resposta.
E lembre-se, os objetos também contam histórias das famílias de vocês. Por isso a próxima tarefa
da Gincana será a “Apresentação dos tesouros de família”.
Vocês alunos trarão para a escola aqueles “objetos – memória” que revelem marcas deixadas
pelos familiares de vocês. É importante perceber que as relíquias não estão apenas nos museus ou
Casas de Memória ou de Cultura.
Elas podem e devem ser procuradas nos arquivos familiares, nas “caixinhas” das avós, dos pais, de
tios e de outras pessoas. Já estou ansiosa para ver tudo o que irá aparecer por aqui!
45
Alguns trabalhos do 2° Ciclo
Meu tesouro de família é um conjunto de notas e moedas,
dinheiro antigo que pertenceu a minha bisavó. Sabem por
que ele se transformou num tesouro? Porque ele vem sendo
guardado e passado de geração para geração da minha
família. Esse tesouro nos leva a conhecer o tipo de moeda
usada no Brasil em outros tempos.
Aluna: Isabela Marianny
Meu tesouro de família é um lampião movido a querosene,
de uma marca americana que era muito famosa. Ele é um
tesouro porque minha avó pode nos contar como era a sua
vida e de outras pessoas no tempo em que não havia
iluminação elétrica nas casas e nas cidades.
Aluno: Jefferson
“Meu tesouro de Família
Fotos da Exposição 27/10/2010
46
Meu tesouro de família é uma máquina de escrever portátil
que pertenceu ao meu avô. Ela é uma maquina da marca
Olivetti que foi a mais famosa de todas as marcas. Ela é um
tesouro de família porque pode nos contar como meu avô
escrevia naquela época que não existia computador.
Aluno: Rorys.
Meu tesouro de família é um ferro feito de ferro fundido e
que depois foi pintado com desenhos para enfeitar a casa.
Ele é um tesouro porque mostra como era passar roupas no
tempo em que se usava carvão para fazer o calor. Hoje o
calor é feito pela energia elétrica.
Aluna: Nayra.
47
Meu tesouro são enciclopédias que pertenceram ao meu avô.
É um tesouro porque me faz pensar que meu avô gostava
muito de ler e que as enciclopédias da época dele eram
muito bem ilustradas.
Aluno: David
Alguns trabalhos do 1° Ciclo
Os alunos do 1º Ciclo fizeram desenhos para representar as
relíquias familiares deles.
Escolheram pessoas, por exemplo, a família, a avó e
diferentes objetos: peças de adorno, vestimentas, câmera
fotográfica, enciclopédias, bíblias, máquinas de escrever,
ferro à brasa, copos de vidro, porcelanas, etc.
48
ATIVIDADE 4: MEU SEGREDO DE FAMÍLIA
Descreva a seguir um objeto relíquia da sua família e fale das marcas do tempo deixadas nesse objeto
e porque ele é importante para a história de sua família. Observe ainda se o objeto traz ou não
marcas da história de Venda Nova.
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Pepê foi logo mostrar seus tesouros de família à turminha e Lu com ares de historiadora já tinha algo
a completar:
Gente! Temos que lembrar que não só os objetos contam histórias, mas os
lugares e as construções também. Estes são modificados pelas pessoas de
acordo com que elas precisam e acham mais legal naquele momento.
Olhem a nossa escola; vocês acham que ela sempre foi assim?
Panorama espacial da EMAGH/2011
50
MUDANÇAS e PERMANÊNCIAS
Entrevista D. Elza Pereira Silva pelos alunos da EMAGH em
novembro/2010
Nos planejamentos administrativos da EMAGH de 1977, 1979
e 1981 estão relacionados incentivos para melhoria do prédio
da escola. A EMAGH contava com uma grande área tomada pela
terra, na verdade um barranco, que mais tarde cedeu lugar
para a quadra e a arquibancada.
Segundo Dona Geralda Xavier Alves, funcionária da escola, houve medidas para
melhorar o aspecto físico da escola que previam o cultivo da horta, dos jardins e o
plantio de vasos. O cuidado com os jardins era delegado às funcionárias e as direções
incentivavam uma disputa saudável entre as mesmas com premiações para o jardim mais
bem cuidado.
A maioria das árvores da EMAGH foi plantada entre os anos 1975 e 1987, época em
que a professora Elza Ferreira Silva, trabalhou na escola. O evento "Plantar árvores"
acontecia na primavera e era acompanhado por um verdadeiro ritual. A Festa da
Primavera e o Dia da árvore eram momentos esperados com expectativa. Essa tradição foi
interrompida partir de 2000, quando a escola passou por novas reformas e os jardins
foram substituídos por piso.
Outras mudanças se sucederam: entre 2000 e 2002 foram construídos o estacionamento
e o parquinho. A primeira sala das auxiliares de serviço situava-se onde hoje é
guardado o material esportivo - um local estreito com o teto rebaixado e pouco
ventilado. Atualmente essas funcionárias têm uma sala bem mais aconchegante. E no
futuro outras mudanças virão.
51
ATIVIDADE 5
Veja o desenho de comemoração aos 25 anos da EMAGH feito pelo aluno Alexandre Xavier Alves em
1996.
A seguir faça uma legenda para a figura e desenhe a fachada de sua escola
52
Taká ficou bem incomodado ao descobrir que os
jardins da escola foram substituídos por piso,
mas gostou de saber que em 2002 a escola tinha
participado de uma caminhada em defesa do
meio ambiente na Avenida Vilarinho.
Vocês logo verão porque Taká é tão ligado ao meio ambiente. Tonico pediu a palavra, pois tinha algo
importante a declarar:
- Já que estamos falando em mudanças acho que é mais ou
menos assim: o que a escola ensina e o que devemos aprender,
o que gostamos e os costumes dentro e fora da escola também
mudam com o tempo. A escola acompanha o que acontece no
seu lugar, no Brasil e no mundo.
53
Rafinha gostou de tudo, mas não entendeu nada.
Tonico tentou exemplificar: - Os uniformes não
mudaram?
O jeito de ensinar, os materiais escolares não
mudaram?
Então, vou dar outro exemplo, anotei isso durante a
gincana.
Antes, havia uma ligação entre a escola e a Igreja
Católica, e o padre autorizava o ensino do catecismo
dentro da escola e também a Coroação e missas.
Hoje, como a escola é pública, o ensino é laico. Isso
quer dizer que a escola não se identifica com
religiões. Permite a liberdade de crença e até de
descrença.
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54
Pepê fez questão de lembrar aos colegas sobre as mudanças da era digital. Nas aulas de Informática criaram um blog para falar de temas da educação atual - Bullying.
Comentários no blog
Guilherme disse...
“Eu aprendi que o bullying é quando
uma pessoa zoa a outra e ela não gosta.”
Arthur e Carlos disseram...
“Eu aprendi que o bullying dá muitos
anos de cadeia e o bullying é quando uma pessoa zoa a outra. Ai elas fazem o bullying, igual o menino dos Estados Unidos que eles estavam fazendo bullying e ai o menino que estava sendo zoado deu no outro menino um golpe
de jiu jitsu.”
55
Naná gostou do discurso e também quis dar um exemplo de mudança no jeito de ensinar
e nas relações entre professores e alunos.
Antes os professores falavam os alunos ouviam, e assim as aulas se desenrolavam nas salas da
EMAGH. Hoje os alunos são bem participativos, fazemos entrevistas, temos oficinas, excursões e
aulas variadas. Há projetos para melhorar a nossa aprendizagem.
Legenda: África em Nós. Projeto de trabalho realizado em 2008 com crianças do
2° ciclo pela professora Sandra Santa Bárbara.
Exposições de produção dos alunos da E. M. Antônio
Gomes Horta no Projeto Brasil 500
56
Entrevista com D. Dalva, ex cantineira da EMAGH,
sobre a merenda de antigamente – alunos da professora Marizane, sala 22, 2º Turno, 7/4/2011.
Tonico retomou a palavra, lembrando as mudanças na questão da disciplina:
Gente, a escola mudou também no
modo de falar com nossos pais.
Minha mãe dia desses contou lá em
casa o que ela ouviu aqui numa
palestra. Antes os pais vinham mais à
escola para tratar dos casos de
indisciplina: brigas, atrasos, faltas dos
alunos e do "para casa".
Hoje eles são mais convidados para as
palestras, cursos e festas.
Nós alunos passamos a ter mais
responsabilidade pelas nossas atitudes:
há os combinados, direitos e deveres,
e temos que aceitar as consequências
quando não cumprimos o que
tratamos.
57
ATIVIDADE 6: AUTONOMIA
Você percebeu pela explicação de Tonico que houve transferência de responsabilidade na questão de
disciplina, não é somente dos pais, mas também dos alunos?
Leia o texto a seguir e comente qual a ligação entre os princípios do ESTATUTO DA CRIANÇA E DO
ADOLESCENTE e a mudança das regras disciplinares da EMAGH.
No ano de 1992 a EMAGH desenvolveu o Projeto Cidadania3, como estratégia para
melhorar a disciplina. Com esse projeto o ECA foi apresentado aos alunos e foi
trabalhada a questão dos direitos e deveres das crianças e adolescentes. Assim eles
puderam refletir sobre a sua conduta junto ao coletivo, e entender que nas situações
mais gritantes de indisciplina, o Conselho Tutelar deverá ser acionado.
Comentário:_______________________________________________________________________________________
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3 - COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA E COLETIVA DE PROFISSIONAIS DA E. M. ANTÔNIO GOMES HORTA. Projeto Cidadania (sobre a temática do ECA). 1992.
58
Juju sentiu que era hora de participar, lembrando a tarefa 8 da Gincana Cultural: Tirando da mochila
uma pequena pasta, mostrou para a turma animada:
Alunos do PROJOVEM 2011 – Arquivo da escola.
Pessoal, vejam só as fotos que fizemos das pessoas
que frequentam nossa escola a noite! No
PROJOVEM.
59
E continuou:
A turma se acomodou para ouvir atenta ao relato da Juju. Quanta coisa acontece na EMAGH!
O PROJOVEM URBANO é um programa do MEC em convênio com a prefeitura de Belo Horizonte
para possibilitar que jovens entre 18 e 29 anos, que sabem ler e escrever possam
concluir o ensino fundamental. O curso dura 18 meses e a escola cede o espaço e ajuda a
produzir parte do material usado pelos alunos.
O objetivo do programa é completar a escolarização desses jovens para que tenham mais
chances no mercado de trabalho. Além das disciplinas comuns: Ciências Humanas,
Português, Matemática, Ciências da Natureza, Inglês, há outras, Participação Cidadã,
Qualificação profissional e Informática, para favorecer a construção da cidadania, a
participação dos jovens na comunidade em que vivem e a inclusão digital, ou seja, o
acesso dos mesmos aos computadores e a outras tecnologias.
A professora marcou um encontro com a minha turma aqui na parte
da noite, horário em que os alunos de um projeto chamado
PROJOVEM URBANO estudam.
Nós visitamos as salas de aula e no outro dia fizemos um texto
coletivo sobre o assunto.
Vou ler para vocês!
60
ATIVIDADE 7: PROJOVEM URBANO
Leia a seguir alguns relatos dos (as) alunos ( as) do curso:
“Sou um cara comum, com sonhos e ideais, mas sou
sofrido, moro em Vespasiano, venho aqui no aperto
porque pago 3,20 de passagem”
“Além de adquirirmos conhecimento, encontramos
pessoas novas e experiências diferentes que nos
ajudam nos dias de hoje e no futuro.
“Não foi fácil conseguir essa jóia preciosa que é a aprendizagem (sabedoria), levando- me assim a conviver
melhor com minha família, com meus colegas de trabalho e onde eu passar ou permanecer”.
“Gosto de estudar, navegar na internet, escutar
música e encontrar com meus amigos. Trabalho
para poder pagar contas e comprar”
“Valeu demais porque eu posso falar para todo
mundo que eu tenho um diploma e posso caçar
um serviço, sem vergonha”
“Eu deixei a escola em 1995; motivo maior foi a
preguiça e desânimo, nunca fui muito chegado em
estudar, mas agora estou vendo a necessidade de
voltar, apesar de não ter sofrido.
“Eu sou manicure e diarista, sou da cidade de Teófilo
Otoni, tenho muitos sonhos que não eram possíveis,
mas com a oportunidade do PROJOVEM poderá se
tornar realidade o meu sonho de ser secretária”.
61
Após ler esses relatos tente imaginar as principais características do (a) aluno (a) do PROJOVEM:
Quem é? Como é sua família? Quais são seus objetivos na escola? Qual a importância do curso para a
vida dele(a)? Produza um texto a seguir registrando tudo o que você imaginou.
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62
Lu não poderia deixar que esse assunto acabasse sem uma de suas reflexões!
Ela vinha pensando que muita coisa mudou, mas nem tudo.
E na aula de História estava aprendendo justamente a “dobradinha” mudanças e permanências.
Gente já que falamos de tantas mudanças na escola, vou lembrar
agora uma permanência.
O que são permanências? Lu!
São coisas que continuam
acontecendo de modo semelhante
63
Placa em homenagem ao ex-aluno César A. da
Silva/ década de 1980
Muito chique! A
EMAGH mantém a
memória de pessoas que
passaram, essa é uma
coisa bacana. Uma
marca da nossa escola!
Há um fato que vem se repetindo na escola. A EMAGH gosta de homenagear pessoas que fizeram parte
da história dela e que se foram para sempre.
Assim, em 2003, a biblioteca, antes denominada LÚCIA CASSASANTA, passou a se chamar MARLENE DA
CONCEIÇÃO NEVES E NEVES, ex-professora da escola.
A sala de vídeo leva o nome da professora CLARICE PEREIRA ROSA falecida em 2008 e o ex-aluno
CÉSAR AUGUSTO DA SILVA deu nome à quadra.
O próximo espaço a ser patrimoniado será a sala de informática em homenagem ao aluno da inclusão MICHAEL SOARES PEREIRA, falecido em março de 2009.
64
Há uma terceira coincidência na história dessa turminha da EMAGH: Naná, Rafa, Pepê, Tonico, Taká,
Juju e Lu. Tente descobrir em que localidade todas essas crianças vivem.
Pois é, toda essa turminha estuda e mora na região de Venda Nova, que em 2011 completa 300 anos.
Isso mesmo: é uma região mais antiga que a cidade de Belo Horizonte! Por isso vamos conhecer agora
um pouco mais sobre esse importante pólo da capital mineira com a ajuda da nossa turminha!
FALANDO DA LOCALIDADE
65
ATIVIDADE 8: LOCALIZAÇÃO
Pinte de vermelho no mapa de Belo Horizonte o espaço onde vivem as crianças da turminha da
EMAGH.
66
É uma região administrativa de Belo Horizonte que possui cerca de 45 bairros. Nela
há uma área central, com denominação de mesmo nome, nas imediações dos bairros Minas
Caixa, Letícia, São João Batista; onde se concentram as famílias mais antigas do
lugar. O distrito de Venda Nova já pertenceu a Sabará, Santa Luzia e Ribeirão das
Neves antes de ser definitivamente anexado à capital.
É conhecido, entre outros motivos, por ter servido de caminho de tropeiros para a
região do ouro, pelo "Baile da Saudade," pelas "Quadras do Vilarinho" e pelo "Shopping
Norte".
Venda Nova tem trezentos anos de história, surgiu de um pequeno aglomerado de
gente, ao longo da Rua Direita, atual Padre Pedro Pinto, como ponto de parada dos
tropeiros que iam e vinham montados em seus cavalos, trazendo as mulas que carregavam
mercadorias para abastecer a região mineradora de Sabará. Do ponto de parada dos
tropeiros nasceu o arraial
Venda Nova
67
A região de Venda Nova já foi conhecida como Santo Antônio dos Clementes e Santo Antônio do
Barranco.
A comunidade do arraial se formou em torno das lutas dos primeiros moradores.
Há um documento de 1781, no qual eles solicitavam autorização para abrir no
local um comércio de secos e molhados. Conta-se que o nome Venda Nova
identificava uma das vendas de paradas dos tropeiros, a que era mais nova em
relação às outras
"Meu pai contava isso... vindo de
Neves para cá, (Curral D'el Rei)
havia estalagens, pequenas
estalagens. Foi então, que abriram
uma venda grande, maior, e o
movimento foi aumentando. Então, já
era uma casa nova, mais bem
instalada, para descansar, dormir.
Na época, eles diziam: - " Vamos
parar na venda nova."
Você sabia?
Vejam como isso foi explicado
pelo Sr. José Bonifácio Costa
Famosa venda na esquina das ruas Cascalheiras e Padre Pedro
Pinto – Acervo da Sra. Carminha Lara.
68
ATIVIDADE 9: AS VENDAS ANTIGAS
O que as pessoas compravam nessas "vendas”? Confira tentando ler e escrever as palavras em
desordem:
1) _________________________________________________________________________________________
2) _________________________________________________________________________________________
3) _________________________________________________________________________________________
4) _________________________________________________________________________________________
5) _________________________________________________________________________________________
6) _________________________________________________________________________________________
7) _________________________________________________________________________________________
8) _________________________________________________________________________________________
9) _________________________________________________________________________________________
10) _________________________________________________________________________________________
1) creeias – 2) babedis – 3) luoaçs – 4)pnaleas – 5)vsasoaurs
6)ruoaps – 7)spatoas – 8)qneroseue - 9)arorz - 10)tnhociuo.
69
Em 1787, os moradores do povoado escreveram uma carta à D. Maria I, rainha de
Portugal, pedindo-lhe autorização para construir em Venda Nova uma capela para suas
rezas. As festas religiosas e outras práticas sociais e culturais como teatros,
cinemas, bandas e bailes também motivaram a união dessa comunidade.
A Matriz de Santo Antônio, Igreja do santo padroeiro local tem uma longa história.
Construída no início do século XIX, com duas belas torres, foi reformada pelo padre
Pedro Pinto, na década de 1930, e ficou com uma torre. Foi novamente reformada na
década de 1950 ficando sem nenhuma torre. Hoje, nada mais resta desse patrimônio do
passado.
Matriz de Santo Antônio
70
ATIVIDADE 10: MATRIZ SANTO ANTÔNIO
Veja a seguir os croquis da Matriz de Santo Antônio em tempos diferentes.
____________________________ ____________________________ _____________________________
Coloque as legendas corretas nas três igrejas.
a) Matriz de Santo Antônio século XIX b) Matriz de Santo Antônio na década de 1930
c) Matriz de Santo Antônio na década de 1950.
71
Do início do povoamento...
Venda Nova foi crescendo vagarosamente. Esse povoamento desenrolou-se com o
surgimento de grandes e pequenas fazendas, sítios e chácaras...
Na década de 1890, época da construção de Belo Horizonte, muita gente que morava
no Curral D'el Rei mudou-se para Venda Nova, pois a indenização que essas famílias
tinham recebido pela desapropriação ou demolição de suas casas não dava para
comprar lotes na nova capital.
Dona América Bonifácio Costa de Oliveira fala sobre isto4: "Seu Jacinto
Pereira da Silva era um farmacêutico poliglota. Com a chegada de Belo
Horizonte para Curral D'el Rei, ele deixou a sua casa, uma casa boa, para as
novas autoridades oriundas de Ouro Preto. Eles tiveram que deixar as casas,
foram indenizados e saíam. Arrumavam casa fora. Ele foi para Venda Nova"...
4 - Coleta de Depoimentos Orais à entrevistada: América Bonifácio Costa de Oliveira, antiga moradora de Venda Nova, em junho/ Julho de 1990. Belo Horizonte-
MG.p.235, por Marina Mônica de Freitas ( INSCRIPTUM PESQUISAS HISTÓRICAS LTDA)
VOCÊ SABIA?
Dizem que o Padre Pedro Pinto amarrou uma corda em
volta da antiga Matriz de Santo Antônio, puxou com o seu
Ford 1928 e a Igreja veio ao chão, tal era o seu estado
precário de conservação.
72
Em 1948, após uma série de reivindicações dos moradores, a localidade que estava
incorporada ao município de Santa Luzia foi anexada definitivamente a Belo Horizonte,
Segundo dona Naná, antiga moradora local5... "agradava aos vendanovenses pertencer a
Belo Horizonte e sabíamos que a capital oferecia mais conforto; seria muito melhor
para Venda Nova".
Após 1950, com as obras de Oscar Niemeyer na Pampulha e a industrialização
acelerada de Belo Horizonte, Venda Nova acompanhou o ritmo do desenvolvimento da
capital.
No entanto ainda era caracterizada como uma localidade dormitório que fornecia
trabalhadores para a capital.
José de Souza Machado6, cidadão vendanovense nascido em 1942, associa o
crescimento da região ao alargamento da Avenida Pedro I, na década de 1970...
"A partir da duplicação da Avenida Nossa Senhora da Piedade, que passou a
chamar-se Avenida D. Pedro I, a cidade descobriu Venda Nova; houve esse
crescimento exagerado".
5 - Depoimento de Maria de Lourdes Ribeiro Pires - dona Naná. In: SILVA, Ana Maria da. Lembranças... Venda Nova. Belo Horizonte: Secretaria Municipal de Cultura, 2000. P.30. 6 - Entrevista concedida pelo Sr José de Souza Machado a Marina Mônica de Freitas, coletada em Belo Horizonte em outubro de 1990.
73
Dona Lúcia César Santos também diz algo nesse sentido:7 “É impressionante ver como a
região cresceu depois da Pedro I, melhoria nas linhas de ônibus, novos loteamentos,
Santa Branca, São João Batista, o pessoal foi povoando essa região".
Em 1972, um grupo político local se movimentou para emancipar Venda Nova de Belo
Horizonte, coisa que não conseguiu. Mas, tal reivindicação ajudou na criação da
Administração Regional de Venda Nova um ano depois.
Vários serviços que antes eram controlados pela Prefeitura de Belo Horizonte
passaram a ser controlados por esta regional, facilitando a vida dos moradores da
localidade.
Agora, em pleno século XXI, com a construção da Linha Verde e do Centro
Administrativo Tancredo Neves, espera-se um crescimento maior para a economia de
Venda Nova e que isto possa se reverter em benefícios sociais e culturais para a
população local.
7 - Entrevista concedida, em 18/03/2011, por D. Lúcia César Santos, em sua chácara em Venda Nova, a Dilma Mallard Scaldaferri, pesquisadora do LABEPEH.
74
ATIVIDADE 11 – A COLETIVIDADE
Siga a seqüência numeração e descubra a frase escondida no diagrama abaixo. Não deixe de pontuar a frase, ok?
de 19 gen 6 ça 34 uni 8 ses 28 co 15
quis 22 ni 17 que 10 seus 24 mum 32 Va 4
Ven 1 gen 35 e 20 Pe 13 é 5 co 31
For 33 ta 23 da 2 bem 30 lu 11 con 21
res 27 da 9 te 26 No 3 e 29 da 18
ta 12 in 25 la 14 Te 36 mu 16 Te 7
75
Você sabia?
A Rua Padre Pedro Pinto antigamente era
apenas um caminho que foi se alargando, sendo
conhecida inicialmente como “Carreta” depois,
"Estrada do Carretão", "Rua Direita"e,
finalmente recebeu o nome do padre Pedro
Pinto.
Naná foi a responsável pela pesquisa da rua em que mora, que também é a principal rua de Venda Nova: a Padre Pedro
Pinto. Hoje em dia é uma rua bem mais comercial do que residencial.
Para isso ela passou uma tarde na Biblioteca Escolar Marlene da Conceição Neves e Neves. Lá ela pode pesquisar a
biografia do padre Pedro Pinto para a Gincana e também investigar como era a sua rua antigamente.
Descobriu que em tempos passados ali aconteceram festas religiosas, culturais, cívicas e de lazer. As mais tradicionais
eram: de Santo Antônio, o padroeiro, de São Pedro, de São Sebastião, de Coroação em maio; festas que atraíam
pessoas vindas de longe.
Vista aérea da Rua Direita
Rua Padre Pedro Pinto – 2011
FALANDO DA RUA E DO PADRE DA RUA
76
Rafinha, muito interessado nas novas descobertas, foi logo palpitando:
Naná respondeu:
Tantas igrejas e festas de
igreja, tantos padres e ruas
com nomes de padres, só
tinha gente católica em
Venda Nova?
No passado, acho que a religião católica em Venda Nova era muito forte Rafa; a
gente vê isso pelas fotos. Mas Dona Naná fala também que havia a igreja
protestante e hoje há muitos evangélicos. Precisamos pesquisar mais a esse
respeito.
Quanto às festas havia também algumas que eram ligadas à cultura religiosa afro-
brasileira, como a Folia de Reis, o Congado. Sobre o Congado descobri, na
internet, duas referências interessantes: www.favelaissoai.com.br e no Blog do
Museu Mineiro.
.
77
Ouvi dizer também que muitas pessoas de Venda Nova gostavam muito de fazer apresentações
teatrais e, mais recentemente, passou a existir o famoso Baile da Saudade, realizado desde 1983,
também denominado “Black Power hits”. Este baile foi criado com a intenção de recuperar e
manter a cultura negra ou “black”, é a principal referência da Soul Music em Minas Gerais
Precisamos pesquisar mais a respeito de nossas tradições culturais e religiosas, de onde surgiram,
como vieram mudando ao longo do tempo, como se relacionavam e se relacionam umas com as
outras.
Vejam o que eu já descobri na biblioteca da escola sobre a
Folia de Reis.
“Folia de Reis é um festejo de origem portuguesa ligado às
comemorações do culto católico do Natal, trazido para o Brasil
ainda nos primórdios da formação da identidade cultural
brasileira, e que ainda hoje se mantém vivo nas
manifestações folclóricas de muitas regiões do país.”
78
Veja a biografia do Padre Pedro Pinto que Naná produziu na Biblioteca da EMAGH
O padre Pedro Pinto Fernandes nasceu na fazenda Três Barras, município de Santa
Quitéria, distrito de Suaçuí, Minas Gerais, em 1890. Estudou com os padres maristas no
seminário de Congonhas onde aprendeu várias línguas e adquiriu a habilidade da
oratória. Foi pároco de Venda Nova entre 1924 e 1953. Ele era muito admirado pelas
pessoas. Muita gente que conviveu com ele deixou relatos para nós.
Para dona Naná8 o padre Pedro Pinto foi excelente, da caridade à política,
influenciava tudo que fosse progresso para Venda Nova, tocava órgão nas missas, tocava
violão também. Incentivava as crianças e jovens a prosseguirem estudando, a viajar, a
procurar conhecer outras culturas. Tinha amizades com os protestantes, não fazia
distinção entre vendanovenses de uma religião e outra. Segundo ela: "o padre foi um
bom pastor de almas, naquele tempo, tinha a capacidade de unir o povo de Venda Nova em
torno do que era bom e incentivar os estudos das pessoas, as artes, o culto religioso
de uma maneira mais moderna."
Dona Nilza Miranda9 fala que ele era o tio padre, todo mundo o chamava de tio, por
causa das sobrinhas dele e que ele era dinâmico, queria que Venda Nova progredisse.
Ficava amigo dos políticos para conseguir coisas para Venda Nova: "conseguiu o
calçamento da rua principal, conseguiu luz elétrica, água encanada".
8 - Depoimento de Maria de Lourdes Ribeiro Pires - dona Naná. In: SILVA, Ana Maria da. Lembranças... Venda Nova. Belo Horizonte: Secretaria Municipal de Cultura, 2000. P.36 e 37. 9 - Depoimento de Nilza de Oliveira Miranda. In: SILVA, Ana Maria da. Lembranças... Venda Nova. Belo Horizonte: Secretaria Municipal de Cultura, 2000. P. 37.
79
O padre sabia plantar e colher, sabia cultivar a terra. Dona América conta
10 que
visitou o sítio de Padre Pedro, um lugar chamado Campo Alegre:" ele tinha umas batinas
velhas que arregaçava na cintura e... pegava a enxada, a foice, machado e trabalhava
como se fosse um operário do campo, no seu sítio. Colhia mandiocas, batatas, batatas
enormes.”. Revela ainda que em altas horas da noite o povo de Venda Nova se
surpreendia com o padre cantando dentro da matriz e que ele cantava coisas muito
bonitas como se fosse uma serenata para Deus.
Ao final de sua pesquisa, Naná percebeu que muito do que aprendeu sobre o Padre Pedro Pinto foi
através dos registros de depoimentos das antigas moradoras que tinham sido entrevistadas por
pesquisadores.
Assim ela começou a raciocinar:
10 - Coleta de Depoimentos Orais à entrevistada: América Bonifácio Costa de Oliveira, antiga moradora de Venda Nova, em junho/ Julho de 1990. Belo Horizonte- MG.p.176,177,
por Marina Mônica de Freitas ( INSCRIPTUM PESQUISAS HISTÓRICAS LTDA
O que aprendi hoje é o que alguém escreveu a partir do que alguém falou, em
momentos especiais, nas entrevistas.
Então existe uma história escrita e uma história oral!
80
ATIVIDADE 12- ENTREVISTA
Imagine que você vai entrevistar pessoas sobre algum assunto referente a sua comunidade.
Programe sua entrevista:
a) Que tipo de pessoas ou quem você escolheria para entrevistar?
b) Como você faria o registro dos depoimentos dos entrevistados?
c) Como você divulgaria o resultado de sua ou suas entrevistas?
81
Fala-se que esse é o Parque São Pedro para diferenciar-se do bairro São Pedro, que
fica praticamente no centro da cidade e foi planejado na época da inauguração da
capital.
É um bairro extenso e de difícil delimitação por parte dos seus moradores, já que vai
desde o bairro Satélite, ao leste até o Cenáculo, a oeste.
Ao norte e noroeste é delimitado por Minas Caixa e Serra Verde e ao sul por Venda
Nova (bairro). Sua principal avenida é a Edgar Torres, que também pertence ao bairro
Minas Caixa. São Pedro cresceu junto com o distrito de Venda Nova. Hoje possui, dois
bancos, o Shopping Norte, a sede regional da Copasa, um supermercado, e é atendido
por todas as linhas de ônibus que passam pela Vilarinho ou que sobem para o Serra
Verde ou Minas Caixa.
Fonte: pt.wikipedia.org/.../Parque_São_Pedro_(Belo_Horizonte)
Rafa que mora bem na rua Antônio José de Oliveira, a da EMAGH, pesquisou sobre ela.
Animou-se mais ainda com as informações sobre o bairro Parque São Pedro. Lugar que agora começa a descobrir com as idas e vindas à escola e as aulas de Geografia. De tanto ele perguntar, sua mãe
pesquisou na internet alguns dados sobre o Parque São Pedro para que ele levasse aos colegas.
E vejam o que ela encontrou:
FALANDO DO BAIRRO DA ESCOLA
82
ATIVIDADE 13 – SEU BAIRRO
Exercite a memória! Tente se lembrar de pontos importantes do seu bairro, que são referência para os
moradores. Anote o que lembrar.
a) Pontos comerciais: cite nomes de lojas, indicando o que são, papelarias, bares, variedades, etc;
b) Serviços: cite os salões de beleza, loterias, bancos, postos de gasolina, serviços médicos e
odontológicos, lan houses, etc;
c) Linhas de ônibus: diga quais são, sua origem e destino;
d) Locais de lazer: cite parques, praças, ou outro que você conheça;
e) Escolas e creches: cite escolas e creches que existem no seu bairro.
Viu como é importante estarmos bem informados sobre a comunidade em que vivemos? E temos muito ainda o que aprender a respeito da diversidade presente na nossa História.
83
Lu com a foto do Padre Pedro Pinto e a sobrinha Maria no Ford 28 em mãos, perguntou
repentinamente à professora:
A professora observou a foto, refletiu e percebeu que era hora de fazer uma discussão em torno da
diversidade étnica.
A sobrinha do Padre Pedro Pinto
era negra?
Crianças, a pergunta de Lúcia requer uma resposta coletiva. Não podemos afirmar que Maria, a sobrinha do padre Pedro, era negra, branca ou índia, ou mesmo
mestiça: mulata, cafuza ou mameluca.
Mas podemos dizer com certeza que há herança dessas etnias por todo Brasil, já que africanos portugueses e indígenas foram os grupos básicos para a formação de nosso
povo.
Precisamos pesquisar a respeito da presença dessas etnias em Venda Nova.
Será que houve lutas entre elas?
FALANDO DAS AÇÕES AFIRMATIVAS EM VENDA NOVA
84
E continuou.
A aluna Juju interrompeu a professora:
No entanto a temática africana foi pouco estudada em nossa história e até tratada com preconceito. Isso se deve em parte à condição de escravos dos africanos, à valorização excessiva da história dos
colonizadores europeus e às práticas
racistas presentes no Brasil.
Mas professora, minha mãe trabalha
na Regional e já falou que o estudo da
cultura afro-brasileira e o estudo da
cultura indígena são obrigatórios nas
escolas.
.
Certo Juju, são sinais das mudanças. Hoje se observa que todos que querem uma sociedade sem preconceitos lutam para dar maior visibilidade ao negro, ao indígena e à cultura deles na nossa história.
Além disso, a identidade negra está sendo mais valorizada na cultura brasileira e nesse sentido a
comunidade de Venda Nova vem se destacando.
Vejam... Minas Gerais foi à área com maior concentração de negros no Brasil no século XVIII, devido à mineração. Havia negros africanos
escravos e livres.
Vocês podem imaginar a importância dos grupos africanos para a formação
da sociedade e da cultura de Minas?
85
A região Central de Minas Gerais é uma região emblemática.
Desde o século XVIII, o seu povoamento – excetuando os povos indígenas - se deu através da
égide do ouro, com grande migração de portugueses, mestiços, escravos indígenas, escravos
africanos e afro-brasileiros, entre outros. Essa região transformou-se na principal província
do reino português em todo o mundo. Segundo alguns historiadores, a população negra em Minas
Gerais era maior do que a de origem européia nas grandes cidades coloniais.
A porcentagem em alguns lugares de Minas era de um terço da população de origem européia,
contra dois terços de população de origem africana. Havia também um importante contingente nas
cidades, de negros libertos e coartados, principalmente de mulheres (Paiva, 2001). O trânsito
do escravo nas cidades era diferente do escravo rural.
Na cidade havia uma dinâmica e uma elasticidade de movimentos dos escravos que não havia
nas fazendas do interior, pois as figuras do escravo de ganho e das negras de tabuleiro eram
urbanas e tinham certa liberdade dentro da cidade. Nas lavouras, o controle social era mais
fácil, pois seu trabalho e seu descanso estavam restritos ao domínio da fazenda. Nas cidades
esta situação era fluida.
http://www.cedefes.org.br/index.php?p=colunistas_detalhe&id_pro=2 (consultado em 16 de junho
de 2010)
86
A professora sugeriu que os alunos aproveitassem a discussão para identificar ações afirmativas,
grupos e manifestações culturais de valorização da Identidade Negra em Venda Nova.
Lu, como pivô dessa questão, sentiu-se na responsabilidade de elaborar um bom trabalho e para tanto buscou a ajuda dos amigos Regis
e Tonico. Assim os três arregaçaram as
mangas para investigar.
Tonico trouxe uma novidade, conhecia o Projeto da Prefeitura de BH Escola Aberta, realizado na Escola Municipal Antônia Ferreira
do Bairro São João Batista em Venda Nova.
O Grupo Associação de Capoeira Mandingueiros dos Palmares tem ali um trabalho para a prática de capoeira e outros esportes, para o desenvolvimento da cultura e prevenção contra drogas. Tonico disse que
esse trabalho tem sido muito elogiado.
E por falar em capoeira Lu se lembrou que o
Rafinha estava treinando Capoeira no Centro
Cultural de Venda Nova com o professor
Eduardo Ferreira Teixeira, apelidado de Jabuti
pelo mestre Curió.
O garoto pretende até participar do Festival
Escolar de Capoeira, a ser realizado por seu
professor, em 3ª edição. O Festival tem o
objetivo de dar novo significado à cultura afro-
brasileira e promover a interação dos alunos de
várias escolas participantes.
O Festival deverá ocorrer próximo do dia 20 de
Novembro, lembrando o Dia da Consciência
Negra
Régis é o cara, entende mesmo de música. Descobriu que em maio de 2009, houve um encontro do Grupo Identidade na própria EMAGH. Nessa oportunidade a professora Dóris cantou e encantou a todos com a história do samba, uma manifestação genuína
da cultura negra brasileira.
87
http://teatronegroeatitude.blogspot.com/
E qual não foi à surpresa dos três investigadores ao descobrirem preciosidades na Internet sobre um
teatro localizado na região de Venda Nova?
O TEATRO NEGRO E ATITUDE foi fundado com sua “cara preta”, em 1993, pelo ativista negro e ator
Hamilton Borges para que negros e negras dessas Minas Gerais fossem protagonistas da sua história!
http://teatronegroeatitude.blogspot.com/
88
ATIVIDADE 14 – ATIVIDADES CULTURAIS Relacione corretamente as atividades culturais com suas imagens
FIGURA 3
FIGURA 2
FIGURA 1
89
FIGURA( )
FIGURA( )
FIGURA( )
Griot é o nome dado na África aos mestres da tradição oral. É uma vivência lúdica e divertida dentro do universo da contação de histórias. Eles repassam oralmente às pessoas suas cantigas,
brincadeiras, enfim seus saberes e histórias.
Hip Hop é uma cultura artística iniciada na década de 1970, como forma de valorização das
comunidades marginalizadas e com graves problemas sociais, jamaicanas, latinas e afro
americanas, do sul de Nova Iorque. O movimento que inclui música rap, breakdance e grafitos.
surgiu no Brasil nos anos 1980, nos raps dos jovens das periferias urbanas discutindo questões
sociais e raciais.
Esporte praticado por crianças, jovens e adultos. Reúne, ao mesmo tempo, jogo, dança e luta. É
acompanhado por palmas, cantos, ao som do berimbau e de outros instrumentos. Os capoeiristas,
em movimento, aproximam-se e afastam-se, simulando ataques e recuos, Um tenta derrubar o
outro, mas o vencedor é o mais ágil e não o mais forte. Já era praticado no Brasil pelos escravos
africanos desde o tempo colonial. Jogando e dançando, eles treinavam para se defender na hora
de fugir ou de lutar.
90
Pepê é o grande contador de histórias da nossa turminha.
Por isso se interessou muito em desvendar as histórias sobre o Córrego Vilarinho, que hoje dá nome à
principal avenida da região de Venda Nova, e também à estação de ônibus e à famosa quadra
poliesportiva.
Dando vazão à imaginação, mas também com informações que conseguiu ao pesquisar para a Gincana
Pepê reuniu a turma para contar casos sobre o Córrego Vilarinho.
O Córrego Vilarinho que desce na direção de Venda Nova. Possui vários afluentes, dentre
eles, está o Córrego do Capão, que nasce na região onde hoje é o bairro Céu Azul.
Todas as minas, riachos e córregos da região compõem a Bacia
do Vilarinho, quer dizer, o córrego é alimentado por várias
fontes “invisíveis”, escondidas pela natureza ou pelas
construções.
O Vilarinho tem este nome por causa do Sr Manoel Gonçalves
Vilarinho, que já morava em Venda Nova em 1751.
FALANDO DO CÓRREGO VILARINHO
91
O tempo foi passando e até
1950 o Vilarinho servia à
população de Venda Nova
como fonte de água para uso
doméstico, irrigação de
plantações, além de ser força
motriz para moinhos, sem
deixar de ser um local de
lavagem de roupas e de lazer.
A essa altura, sentindo o entusiasmo da turma pela história, Pepê ressaltou a importância da várzea
do córrego para o descanso dos tropeiros que vinham com suas mercadorias do norte e nordeste de
Minas e da Bahia, para abastecer os moradores das minas da região de Sabará.
E fazendo um grande gesto com as mãos para indicar a passagem do tempo, como só os bons
contadores de “causos” sabem fazer, Pepê explicou...
92
Mas um bom contador de causos não pode deixar de falar dos perigos das águas.
E Pepê citou as enchentes, lembrando um dos depoimentos pesquisados, o do Sr José
Machado11:
"Aquilo virou um mar. Levou criações, porcos, galinha, patos, foi tudo que pudesse
descer.”
Neste ponto da história ele pediu a Juju que lesse um trecho escrito dessa entrevista,
sobre a natação no Vilarinho:
11 - Entrevista concedida pelo Sr José de Souza Machado a Marina Mônica de Freitas, coletada em Belo Horizonte em outubro de 1990.
“Todos tinham seus quintais dando
fundo para o córrego, onde a gente
aprendeu a nadar, onde a gente
pescava.”
Pepê lembrou ainda da esquistossomose, ou seja, a
barriga d'água que infestava muitas crianças que nadavam
no córrego.
Rafa, admirado, perguntou como ele sabia de tanta coisa.
Pepê mostrou vários textos que seus pais leram para ele,
pedindo à turma que prestasse atenção em uma
informação importante.
93
Pepê ficou meio calado ao perceber que seu assunto sobre o córrego acabava onde
iniciava a Avenida Vilarinho.
Mas não se deixou abater e concluiu:
Tonico gostou muito da história do Vilarinho. Especialmente porque viu que Pepê tinha diferentes fontes de informação sobre o córrego: textos de jornais, de livros, depoimentos de moradores, informações sobre a geografia e a história do Vilarinho.
Isso não era mais um “causo” do Pepê, era uma história bem fundamentada sobre um assunto tão importante para os vendanovenses.
A Avenida Vilarinho liga Venda Nova às avenidas Pedro
I, Antônio Carlos e Cristiano Machado, que ligam ao
Centro da capital.
Então o córrego continua importante, servindo às
pessoas!
Acho que foi o aumento e a ocupação desordenada da população de Venda Nova nos anos 1970, com a retirada da vegetação ribeirinha que produziu várias enchentes, causando muitos prejuízos aos moradores.
Mas a luta do povo fez com que em 1980 começassem as obras de canalização
do Vilarinho. Primeiro perto da foz, depois até o SESC, daí para a rua Padre
Pedro Pinto, até a inauguração da Avenida Sanitária, em 1995.
94
ATIVIDADE 15: O VILARINHO
Encontre as palavras sublinhadas no diagrama abaixo:
Em Venda Nova o Córrego Vilarinho foi importante para a população, servindo para lavagem de roupas, irrigação, movimento de moinhos e até para o lazer. Mas o aumento e a ocupação
desordenada da população trouxe muitos problemas como as enchentes e doenças, entre elas a esquistossomose. Por isso a canalização foi reivindicada. Ela começou na década de 1980, da foz para a nascente do rio.
B G I N U K V E N D A N O V A Q
Z C A N A L I Z A Ç A O R G L I
X A I R H L L A Z E R D B O E Z
B P R O U P A S Q R U A N I L Ç
A J N E I R R I G A Ç A O T Y M
V A F U M O I N H O S E W P A Z
U I T D O E N Ç A S U F B A T E
M R A E N C H E N T E S H O T H
W Ç O X B F O Z I V R A X T Y M
Para refletir e pesquisar: Será que a canalização dos córregos é a melhor solução para a saúde dos rios e das pessoas?
95
Tonico é muito criativo e adora ouvir os mitos, as histórias e causos que as
pessoas mais velhas contam sobre Venda Nova.
E olha que elas não são poucas! Tem o caso da Igreja São Lázaro, assombrada
pela alma de uma mulher apaixonada pelo vigário, a história da noite misteriosa
em que Zezinho quase morreu de susto ao ver fantasmas no caminho do
pequeno trilho e até mesmo o famoso causo do fantasma Pedro Guerra, que até
hoje apronta lá “pelas bandas” do Mantiqueira, tirando o sossego de alunos,
professores e funcionários da escola que tem seu nome.
Além disso, tem um monte de superstições que algumas pessoas seguem até hoje, como: pendurar
ferradura na porta de casa para atrair fortuna, virar vassoura de cabeça para baixo e colocar atrás da
porta para visita ir embora logo; tomar cuidado para não quebrar louça nem espelho, nem tampouco
passar debaixo da escada de um pintor porque isso atrai azar; e contra azar e mau olhado é bom
carregar um punhado de sal de cozinha ou um trevo de quatro folhas, e bater “três vês“ na madeira de
punho fechado também ajuda!
FALANDO DE MITOS
96
Tonico aprende tudo isso junto ao seu avô Zito. Passa horas e horas ouvindo pacientemente sobre
como as pessoas viviam “naqueles tempos”.
O avô traz na memória muitos causos e mitos que tornam a história de Venda
Nova ainda mais bela e interessante aos olhos do garoto.
E depois desses momentos de muita história e emoção, Tonico sempre se apressa
em passar para o papel, desenhando o que criou vida em sua imaginação através
da voz sábia e cheia de doçura do seu querido avô.
Logo você irá compreender tudo que foi dito do Tonico e porque ele ficou tão
atraído pela 5ª tarefa da Gincana.
Mitos, contos, causos e estórias: são artifícios da mente humana que cheia de
criatividade tenta explicar o inexplicável e registrar de forma mais colorida fatos
cotidianos.
Muitos povos ou grupos criam seus mitos que fazem parte da cultura daquele povo ou
daquela comunidade.
São indícios importantes de uma época, de suas preocupações e esperanças, de seus
anseios e crenças. E é principalmente através da oralidade que essas narrativas se
propagam e passam a fazer parte da história de uma família, de uma região de um
povo.
97
ATIVIDADE 16: SUPERSTIÇÔES, MITOS E CAUSOS
1) Você saberia explicar o significado das palavras destacadas no texto?
2) Além das superstições descritas pelo texto você conhece mais algumas? Quais?
3) Na sua família também tem alguém que goste de contar “causos e mitos”?
4) Quem é? E você gosta de ouvi-los? Por quê?
98
Você conhece a história do
Capeta do Vilarinho?
Procure conversar com as
pessoas que sabem falar
dessa narrativa, escreva e
conte para seus colegas.
É só um mito... Não precisa
se arrepiar!!!!
Olhe só o desenho que
Tonico trouxe para a sala
dele pra contar pontos na
Gincana
99
É claro que o garoto logo teve que se explicar: afinal, quem era esse tal Capeta que ele
agora resolveu desenhar?
Foi aí que ele contou uma história que arrepiou a todos, sobre o “Capeta da Vilarinho”...
“Quando a mãe de Tonico tinha mais ou menos 18 anos foi inaugurada em Venda Nova a Quadra do
Vilarinho, local que logo se tornou ponto de encontro dos jovens dessa região.
Uma bela noite de lua cheia, em que a quadra estava lotada e inclusive a mãe do Tonico estava presente, apareceu um rapaz muito bonito vestindo calças largas, uma capa preta e uma boina xadrez
– muito moderno para os costumes de então.
Escolheu uma moça simpática para dançar e dizem que naquela noite não teve para quase mais
ninguém na pista! Mas a verdade é que a mãe do Tonico e seu par também dançavam muito bem!
Tão bem que os jurados do concurso da noite acharam que eles eram os melhores.
Foi então que aconteceu o inesperado, atemorizante, horripilante!!!! O rapaz que vinha pela primeira vez à quadra ficou enfurecido por não sair vencedor do concurso! Foi nisso que ele deu um pinote e uma meia-volta que acabou deixando a boina xadrez cair deixando à vista o par de chifres pretos que ele escondia por debaixo!
Além disso, um forte cheiro de enxofre empesteou toda a quadra e quando o estranho se pôs a correr, os presentes puderam ver que seus pés eram na verdade como patas de bode escondidos pela
pantalona !!!!
A partir de então o vô Zito, que na época trabalhava como porteiro do local, proibiu a mãe do Tonico de freqüentar aquela quadra assombrada! Imagina se da próxima vez o capeta escolhesse dançar com
ela?”
100
A história fez tanto sucesso que Tonico teve que repetir tudo para a sua galera: Naná, Pepê, Rafa,
Taká, e Juju.
Rafa ficou tão assustado que foi preciso mais de meia hora pra retomar o fôlego e criar coragem para
perguntar a Tonico se aquilo tudo realmente era verdade.
É claro que a Naná duvidou e o próprio Tonico não tinha como provar nada.
Mas dizem que quando os avós contam coisas do passado, é melhor ouvir e respeitar, pois se ninguém
pode provar se o ocorrido é verdade, o contrário também não se pode afirmar!
v
101
Você sabia?
Há quem diga que o capeta do Vilarinho era um fantasma de um aluno atentado do Pedro
Guerra, que foi arrastado pela enchente do córrego até o local da Quadra e virou o Capeta.
“... Hoje, 20 anos após a propagação da famosa lenda urbana, um dos criadores da figura
folclórica belorizontina, o empresário Chico Filizzola, revelou ao Super Notícia que o Capeta do
Vilarinho foi uma estratégia de marketing que deu certo.
Era uma época difícil para nossos negócios e precisávamos atrair a atenção da mídia. A idéia foi
fantástica e a imprensa toda esteve aqui. Você acredita que até no The New York Times (jornal
diário publicado em Nova York, nos Estado Unidos) saiu uma notinha sobre a aparição do Capeta
do Vilarinho? (...)
A aparição de Alex se espalhou rapidamente e ganhou os noticiários das rádios e televisões,
além de jornais e revistas no Brasil inteiro...”
http://www.otempo.com.br/sscripts/_JI.noticiaxml.class.php?veiculo=supernoticia&IdNoticia=31821
102
ATIVIDADE 17: CRIANDO "CAUSO"
1) Você já tinha ouvido falar da história do “Capeta da quadra do Vilarinho”?
2) Como costuma acontecer com os mitos, há muitas versões dessa história.
3) Investigue nos jornais da época, depoimentos e fotografias.
4) Pesquise junto às pessoas que você conhece o “porquê” de ter surgido essa história.
5) Que tal criar o seu “causo” ou mesmo contar uma história que você conhece sobre Venda Nova?
6) Dê asas a sua imaginação e depois conte o que escreveu aos seus colegas.
103
É claro que quem mais se interessou em pesquisas sobre esse tema foi o nosso querido Takashi, mais
conhecido como Taká. Seus doces olhinhos puxados não escondem as raízes orientais e o muito que
ele pode nos ensinar.
Apesar das dificuldades enfrentadas desde a vinda de sua família para a região de Venda Nova, por
volta da década de 30, ele conta com orgulho sua história e sente-se um legítimo “vendanovense”.
Vejam só as informações que ele trouxe para a turma:
Alguns imigrantes alemães e italianos vieram residir em Venda Nova e também os
japoneses. Os japoneses chegaram na década de 1930, e os Takahashi foram os
pioneiros, fundadores da Granja Mikado. Kenjiro Takahashi era engenheiro agrônomo,
formado no Japão e foi o primeiro horticultor a se instalar no cinturão verde da
capital.
As técnicas de plantio da Granja foram reconhecidas até pelo então secretário da
Agricultura, Israel Pinheiro. Os japoneses trouxeram não só conhecimento e
investimentos, mas também traços de sua cultura que eram admirados pelos moradores de
Venda Nova: o andar delicado das mulheres, a finura e respeito dos gestos, as louças,
a arquitetura, a criação de carpas e novos métodos de horticultura.
Mas a II Guerra Mundial causou a ruptura da amizade entre o Brasil e o Japão.
Autoridades policiais prenderam homens e perseguiram as famílias de japoneses.
FALANDO DE IMIGRANTES
104
Dona Naná fala sobre as represálias contra esse grupo de imigrantes12:
“Muitos ficaram presos por mais tempo, com os negócios aqui parados e as mulheres sofrendo. Isso
foi o início do fim deles lá na Granja Mikado, que era uma granja importante em todos os sentidos;
importante pelo que ela produzia, pelo que trazia de Venda Nova para cá, os métodos de agricultura,
os mais modernos possíveis e porque o vendanovense se habituou a gostar dos japoneses e vice –
versa. (...) os vendanovenses se orgulhavam dos japoneses eles eram pacíficos, boas pessoas, de
convivência agradável "
12 - Depoimento de Maria de Lourdes Ribeiro Pires ( Dona Naná) In: In: SILVA, Ana Maria da. Lembranças... Venda Nova. Belo Horizonte: Secretaria Municipal de
Cultura, 2000. P. 37.
Você sabia?
Dezessete japoneses foram levados para a Penitenciária de Neves, com 150 alemães.
O então diretor do presídio, José Maria de Alkimim, sugeriu que fossem cultivadas verduras, dando
sementes e implementos agrícolas aos japoneses. Nascia, assim, a Penitenciária Agrícola de Neves.
105
ATIVIDADE 18
Leia, reflita e comente:
1) A Segunda Guerra Mundial ocorreu de 1939 a 1945, O Brasil participou do final da guerra, ao
lado das nações aliadas (Inglaterra, França, Estados Unidos, etc.) E o Japão ficou ao lado das nações do eixo ou centrais ( Alemanha, Itália, etc. ). Assim Brasil e Japão estavam de lados
opostos.
2) Os japoneses que viviam na Granja Mikado de Venda Nova eram homens trabalhadores,
pacíficos, de convivência agradável com os vendanovenses, mas muitos deles foram presos durante o período de guerra, por ordem do governo brasileiro.
3) Dê a sua opinião sobre tudo isto no espaço a seguir:
106
Para surpresa da turma, Juju narrou à história que o avô sempre conta de seus antepassados
indígenas.
Dizem que eles vieram do Curral D’el Rei para Venda Nova há muitos e muitos anos atrás
Lu, que sempre gosta de mostrar seus conhecimentos confirma:
E continuou:
Gente é isso mesmo minha mãe já me contou, viu tudo num livro, um
romance chamado "A Capital" sobre a história da mudança da capital, de
Ouro Preto para o Curral D'El Rei, quando este tinha acabado de virar
Belo Horizonte.
O livro conta que, com a chegada dos construtores e autoridades vindas de Ouro
Preto, muitos curralenses foram obrigados a deixar suas casas e mudarem para
Venda Nova.
Isso aconteceu também com a população indígena do Curral D’el Rei. Mas
precisamos estudar mais sobre esse tema nos arquivos, bibliotecas ou quem sabe
aqui no Centro Cultural.
FALANDO DE INDÍGENAS E DO CURRAL D’EL REI
107
Curral del Rei é o nome do antigo arraial, que
pertenceu à comarca de Sabará, em Minas Gerais,
posteriormente Belo Horizonte, escolhido para ser a
nova capital planejada do estado, em substituição a
Ouro Preto.
Seu nome Curral D'el Rei originou-se de um curral que
no século XVIII, era o local onde se reunia o gado do
qual se havia pago as taxas do rei de Portugal.
As atividades ali desenvolvidas, plantações, criação de
gado e faisqueiras nos córregos, foram atraindo outros
povoadores, e a região foi se expandindo e
consolidando-se enquanto povoado. Logo começaram a
surgir algumas cafuas e, entre elas, ergueu-se a capela dedicada a Nossa Senhora da Boa Viagem.
Em 1780, Curral D'el Rei, já era um povoado bastante populoso, foi então elevado por carta régia a
freguesia e ao fim do século XIX foi denominado Belo Horizonte.
Após a Proclamação da República o Curral D'el Rei, foi indicado e estudado junto com mais quatro
localidades como uma das opções para a construção da nova capital. Os políticos ouropretanos
resistiram, mas, em dezembro de 1893, o antigo Curral del Rei foi escolhido para a futura sede da
nova capital de Minas Gerais.
Curral D'el Rei, Domínio Público
CURRAL D'EL REI
108
Com tantas tarefas, investigações e
descobertas, a turma precisou pedir ajuda
do Régis, aquele amigo do Tonico, para a
pesquisa sobre a Banda de Venda Nova.
É que Régis adora o som de um
tamborzinho, vive batucando pela escola e
cismou que vai reabilitar a banda que existiu
na escola em 2005. Seu irmão, aluno do
PROJOVEM, incentiva porque diz que a
EMAGH tem “música na veia”. Régis
resolveu pedir ajuda da turminha e para
isso, contou novas histórias sobre Bandas de
Música e muito mais!
Apresentação do Coral e Banda da E. M. Antônio Gomes Horta, em 2005.
FALANDO DE BANDAS E MUSICALIDADE
109
ATIVIDADE 19
Escreva o nome destes instrumentos musicais no espaço a seguir, depois indique qual deles é o
elemento estranho no conjunto.
110
Régis sabe que não existiria
essa porta aberta para a
musicalidade dos
vendanovenses se não fossem
os esforços dos primeiros
músicos locais. Por isso ele
andou perguntando como tudo
começou e descobriu a
“Corporação Musical Santo
Antônio”.
A Corporação surgiu do desejo
de alguns jovens estudarem
música, lá pelos anos de 1925.
Esta é a data oficial de fundação
da corporação. Eles se juntavam para ter aulas com o Sr Geraldo Maurício e se reuniam
às quartas e sextas feiras em dependências da igreja.
Os músicos locais ajudaram na formação dos jovens da corporação, que se apresentava em festas
cívicas e principalmente religiosas, que eram as mais animadas com leilões e procissões.
As apresentações da Banda fazem parte da história de Venda Nova e são escritas nas lembranças dos
moradores mais antigos Seu Hélio Alves confirma13:... "a gente levantava cedo para fazer a alvorada. 13 - TEIXEIRA, Clotildes Avellar. Marchinhas e Retretas: História das corporações musicais civis de Belo Horizonte. Belo Horizonte: Autêntica, 2007.
Corporação Musical Santo Antônio – Arquivo do Centro Cultural Venda Nova.
111
Procure saber!
Muito foguete e a banda tocando... Saía aí, andando pelas ruas... as únicas ruas que tinha... a Rua
Direita, que hoje é Padre Pedro Pinto, e a outra que vai pro campo. Eram poucas ruas onde a gente
fazia a alvorada."
Mas se vocês acham que em termos de música só havia a corporação estão muito enganados. A
Orquestra Marabá, um conjunto formado por irmãos e primos, animava os bailes, casamentos e festas
de carnaval.
É por causa dessa ancestralidade musical, pois muitos jovens de Venda Nova hoje descendem desses
pioneiros da música local, que o Régis acredita que não vai ser difícil animar a “galera” e reeditar a
banda da EMAGH.
Você conhece alguém com a “música na veia”?
Será que esta pessoa não é descendente de algum antigo músico da Banda Santo Antônio e Orquestra
Marabá?
112
Em um trabalho final de investigação da Gincana, toda a turminha se reuniu no Centro Cultural de
Venda Nova. Lu logo veio com mais uma daquelas suas hipóteses surpreendentes para discutir com a
galera
Lu continuou empolgada:
Sabem de uma coisa, de tudo que
pesquisamos sobre Venda Nova descobri
que o mais interessante daqui são as
pessoas, gente de agora e de
antigamente!
Por quê Lu?
Vocês não perceberam que o pessoal daqui sempre foi participativo, batalhador e de espírito
comunitário?
Vejam só, a Matriz de Santo Antônio, a Escola Municipal Gomes Horta, o Clube de Venda Nova
vieram de doações dos moradores. Em diferentes épocas as pessoas daqui se uniram para obter
benefícios locais: água encanada, eletricidade, a canalização do Córrego Vilarinho e a criação da
Regional Venda Nova.
FALANDO DE CIDADÃOS E GUARDIÕES DE MEMÓRIA
113
Sem falar nos serviços de voluntários...
Dona Leonina foi parteira de graça por mais de quarenta anos e ainda arranjava enxovalzinho para
os bebês de famílias pobres. O seu Geraldo dava aulas para os garotos da Corporação Musical Santo
Antônio. E o Miro? Dava meia passagem de ônibus para os estudantes, quando nem existia a ideia
de passe livre.
As mães da comunidade EMAGH já confeccionaram uniformes para alunos de menores recursos da
escola.
Assim como essas pessoas sempre houve gente participativa em Venda Nova. Mas eu gostaria de
destacar Dona Lúcia César.
Guardiã da memória de Venda
Nova/2011- arquivo das autoras
114
.
Por que destacar
Dona Lúcia? Gente ela é uma guardiã da memória de Venda
Nova! Afirmou Lu. Vocês não estão lembrados
da 3ª tarefa da Gincana?
Procure descobrir quais são os “guardiões de
memória” de Venda Nova. Essas pessoas
certamente terão livros, jornais, fotos, objetos,
coisas miúdas do bairro e da escola para lhe
mostrar e casos para lhe contar.
O que é guardiã
de memória?
115
Então, foi a vez de Ana Maria, coordenadora do Centro Cultural tentar explicar:
Ana continuou...
Alguém que guarda documentos, objetos e trabalha para preservar a história de um
grupo de pessoas, de um lugar, ou que traz na memória histórias desse grupo ou lugar.
D. Lúcia fez isso. Levantou muitos dados com a ajuda de sua irmã Maria Judith Santos, historiadora do arquivo público mineiro, para preservar a história de Venda Nova, uma história que para ela merecia ser contada. Incansável, ainda batia de porta em porta dos moradores e moradoras da região juntando documentos e principalmente
fotografias.
Tal qual uma pesquisadora ia elaborando estudos nas cópias xerox das fotos, colocando setas e anotações para identificar os sujeitos e acontecimentos das histórias de Venda
Nova.
Ela participou de um grupo que promovia diálogos sobre Venda Nova o CULTURARTE (Movimento Cultural de Venda Nova). Então, a partir do momento em que ela participava desse grupo e buscava, nas casas das pessoas e nos arquivos públicos, material com o objetivo de preservar a história de Venda Nova, D. Lúcia também
adquiriu um papel especial, o de guardiã da memória de Venda Nova.
Entendeu Rafinha?
116
ATIVIDADE 20: ESTUDOS DE D. LÚCIA – A FOTOGRAFIA
As fotografias são documentos, fontes para o estudo dos costumes, dos valores, das diferenças entre
classes sociais, das características de grupos étnicos culturais de uma época, de uma sociedade. São
registros deixados por pessoas e por instituições como memória de acontecimentos ou de situações
por elas vividas. Por meio de fotografias podemos investigar e conhecer também um pouco sobre
quem produziu as fotografias, sobre as técnicas de fotografar, sobre as técnicas de revelação das
fotos, sobre a tecnologia das máquinas fotográficas e também sobre quem guardou, preservou as
fotos.
Observe duas fotografias utilizadas por D. Lúcia em seu trabalho como guardiã de memórias de Venda
Nova.
117
FOTOGRAFIA 1
Onde foi tirada a foto?
Podemos descobrir o nome das pessoas
que estão na fotografia?
Quais são elas?
Todas as pessoas fotografadas podem ainda estar vivas?
Em que ano essa fotografia deve ter sido tirada?
Construa uma legenda para fotografia, dando um título e uma data aproximada em que ela foi feita.
118
FOTOGRAFIA 2
Onde foi tirada essa fotografia?
Qual a situação ou acontecimento foi
registrado por essa fotografia?
Quando terá sido feita essa foto?
O que essa fotografia te fez pensar?
Construa uma legenda para a fotografia, dando um título e colocando uma data aproximada em que
ela foi feita.
119
Depois de longa pausa para o lanche, Ana
Maria retornou para o bate papo e não deu
outra. Lu já vinha com suas reflexões...
Espera aí, quando a gincana começou a
gente tinha que encontrar fontes para a
história de nossa escola e de Venda
Nova. Eu vim aqui e você, Ana Maria,
me deu um monte de fotos.
A Naná pesquisou sobre o Gomes Horta
e o Padre Pedro Pinto na biblioteca...
Deixa que eu falo. Do Gomes Horta achei a
biografia em um livro.
Do padre Pedro Pinto fui juntando, com a ajuda da
professora e da bibliotecária, pedaços de notícias
sobre a vida dele que estavam em entrevistas de
antigos moradores de Venda Nova.
Naná interferiu:
120
Juju entrou na conversa:
Aí foi a vez de Pepê:
Veio o Régis falando que achou o hino da escola em arquivos antigos…
Lembrou Tonico:
Eu descobri coisas sobre os índios do Curral Del Rei
pelas narrativas dos antepassados que passam de pais
para filhos e chegaram aos meus familiares.
Sobre o Vilarinho eu juntei com
meus pais as coisas de jornais e
de livros.
Foi mesmo, em arquivos da
escola, bem guardados na
biblioteca.
121
Taká completou
Disse Pepê:
Continuou Lu:
Na gincana, a Sandra Cassimiro veio com um uniforme antigo, os alunos
trouxeram os objetos relíquia das famílias deles, a professora Elza falou
sobre os livros antigos.
O Barquinho Amarelo
-Isso! Estes eram os materiais escolares. Tonico, Regis e eu pesquisamos
sobre a cultura afro brasileira em Venda Nova. E vejam mais, o Taká tem o
jornal que fala da família dele, o Tonico trouxe um causo do capeta, que
alguém contou, que é um...
Depoimento sobre um mito emendou Ana Maria. E D. Lúcia juntava mapas e
documentos antigos para conhecer a história de Venda Nova.
Isso são as fontes da História! Será? São só essas?
122
Diante do ar de interrogação e interesse de cada rostinho da turma Ana Maria mesmo respondeu:
Rafinha deu sua opinião:
Foi então que Pepê falou animado:
Muito bem, pessoal, é isso mesmo.
Estas são algumas fontes da História, mas há outras como os mapas,
desenhos, pinturas, textos literários, músicas, lendas, artigos de revistas,
histórias em quadrinhos, material de informática, gráficos, gravações de
som, vídeos e filmes, selos, moedas, brasões e medalhas que também
podem ser utilizadas para as pesquisas.
Credo, quanta coisa. Vou querer saber de
tudo isso quando eu crescer!
A gente até que fez um trabalho “maneiro”; será que se juntarmos tudo para
guardar isso mais tarde poderá ser fonte da História?
123
Com o sinal positivo de Ana Maria muitas ideias começaram a rolar.
E assim começou a história desse livrinho que você acabou de ler.
124
Afluente: Curso de água que deságua em outro curso de água, considerado
principal.
Alvorada: apresentação musical antes do amanhecer, muito comum nas festas
religiosas ou dias festivos.
Ancestrais: nossos antepassados ou tempos que vieram antes de nós.
Arraial: pequeno povoado, lugarejo. Com o crescimento populacional e a diversidade de atividades os
arraiais se tornam vilas.
Artifício: modo inteligente e cheio de habilidade que se usa para se conseguir um objetivo.
Assoreamento: obstrução dos cursos d'água por areia, entulhos, acúmulo de lixo, etc.
Berimbau: instrumento de origem africana, usado para o acompanhamento da capoeira. É um arco
de madeira, preso por um fio de arame, com uma cabaça presa. a corda de arame vibra com a batida
de uma vareta.
Cafua: pequeno rancho de construção muito precária, geralmente coberto de palha.
Camarim: Recinto dos teatros onde os atores se vestem e se pintam.
Glossário
125
Carta Régia: documento escrito com ordens do rei (ou rainha) dirigido às
autoridades.
Cenáculo: Conjunto de pessoas que tem as mesmas ideias ou trabalham para o
mesmo fim. Assim também é chamado o local da última ceia de Jesus com seus
apóstolos.
Centro Administrativo Tancredo Neves: Conjunto arquitetônico que abriga o
Poder Executivo e as secretarias do Governo do Estado de Minas Gerais. Situa-se às margens da Linha
Verde, Rodovia MG-10 no Bairro Serra Verde.
Cinturão Verde: faixas de terra ao redor de grandes cidades que são destinadas ao cultivo de
verduras e legumes.
Coartação: significa o pagamento parcelado da alforria (liberdade), efetuado pelo próprio escravo.
Colonizadores: Aqueles que colonizam, isto é, migram para um determinado território e nele se
impõem como principais habitantes, explorando os recursos naturais e a mão de obra de outros.
Comércio de Secos e Molhados: vendas onde se comercializavam produtos secos (louças, tecidos,
ferramentas, etc.) e molhados (alimentos e bebidas, como aguardente, vinho e azeite).
126
Conselho Tutelar: conjunto de 5 membros, eleitos pelo voto direto em suas
comunidades, para um mandato de 3 anos. Sua função é zelar para que os direitos
das crianças e adolescentes, previstos no ECA, sejam respeitados.
Cotidiano: o que se faz ou que acontece todos os dias ou com muita frequência.
Desapropriação: Transmissão forçada e definitiva de uma propriedade particular
para o governo municipal que ocorre quando é necessária uma obra de interesse
coletivo.
Distrito: localidade que está submetida ao governo de uma cidade vizinha e maior, a qual á a sede do
município, ou seja, a sede do governo.
ECA: Estatuto da Criança e do adolescente, criado pela lei federal nº 8.069/90 com 267 artigos para
assegurar os direitos e deveres da criança, uma pessoa com até 12 anos de idade incompletos e do
adolescente aquela entre 12 e 18 anos de idade.
Emancipar: tornar livre. Um distrito, quando é emancipado passa a ter o seu governo, livre e
independente, torna-se uma cidade com seu próprio governo.
Emblemática: significativa
Escravos de Ganho: forma de exploração da mão de obra escrava típica das cidades coloniais, em
que os escravos saíam às ruas e exerciam alguma atividade, empregando-se como ajudantes
127
diaristas. Ao fim do dia entregavam aos seus senhores o pagamento recebido, reservando para si uma
parcela, conforme o acordo estabelecido.
Esquistossomose: doença grave causada por um parasita, muito comum em correntes de água
doce, que acomete pessoas que entram nas águas contaminadas. Vale uma boa pesquisa sobre o
assunto!
Estalagem: local pequeno para hospedagem; o mesmo que pensão, albergue.
Etnia: refere-se a uma cultura própria, de um povo, de um lugar, ainda que este
povo seja descendente da mistura de outros povos.
Faisqueira: Forma de exploração do ouro rudimentar, com bateias, nos leitos e
margens dos rios. Devido ao seu baixo rendimento aurífero, acabava sendo
abandonada.
Flanelógrafo: é um quadro forrado com tecido resistente onde as professoras colavam letras,
desenhos e palavras, feitos de tecido ou papel, como um recurso a mais para dinamizar as salas de
aula.
Força motriz: força que dá movimento, que faz funcionar qualquer mecanismo ou máquina.
Foz: lugar onde um rio desemboca em outro rio ou no mar.
128
Freguesia: o mesmo que paróquia, ou seja, território que está sob a administração “espiritual” de um
padre. Esta administração é espiritual, pois o padre é autoridade religiosa e não civil.
Genuína: O que é pura, legítima.
Laico: o mesmo que leigo, isto é, que não tem relação definida com uma religião. As escolas públicas
são leigas, enquanto algumas escolas particulares podem ser confessionais (batistas, católicas,
adventistas, etc.)
Legenda: texto explicativo que acompanha uma ilustração com título, ligeira
explicação, data e autor.
Linha verde: trecho da Rodovia MG-10 que liga o centro de Belo Horizonte ao
Aeroporto de Confins, passando pelas Avenidas Cristiano Machado ou Antônio Carlos
e Pedro I.
Localidade dormitório: localidades sem muitas oportunidades de trabalho. Seus
moradores saem cedo para trabalhar em outros lugares e só voltam à noite, para
dormir em casa.
Identidade: consciência que uma pessoa tem de si mesma. Identidade cultural é quando a pessoa é
consciente dos costumes e valores que são próprios de sua comunidade
129
Igreja Protestante: nome genérico dado a cristãos não católicos, que podem ser luteranos,
calvinistas, presbiterianos ou anglicanos.
Imigrante: aquele que se muda, ou imigra, de seu país de origem para outro país.
Indenização: compensação, o pagamento recebido por quem cede uma propriedade desapropriada.
Indício: o mesmo que vestígio, sinal, que leva a uma descoberta.
Jurado: pessoa que tem a função de opinar e decidir sobre um assunto sério, um
concurso ou um julgamento.
Mercado de trabalho: Oferta e procura de mão-de-obra, em determinada
localidade, região ou país.
Mestiça: Pessoa nascida de pais de duas ou mais etnias diferentes.
Negras de Tabuleiro: Modalidade feminina da exploração dos escravos de ganho
As escravas geralmente vendiam doces, licores, pães e bolos, estando sujeitas ao
mesmo sistema escravista de exploração.
Oratória: dom de falar bem, empregando corretamente as regras gramaticais, de acentuação e de
pontuação.
130
Oscar Niemeyer: arquiteto brasileiro, mundialmente conhecido, responsável por notáveis obras da
arquitetura, entre elas os prédios do Congresso Brasileiro, dos tribunais federais e o palácio da
Alvorada, em Brasília. Em Belo Horizonte, são obras de Niemeyer o complexo da Pampulha ( Igreja
São Francisco, Museu de Arte e Casa do Baile) e a Cidade Administrativa, localizada no Bairro Serra
Verde, dentre outras.
Padroeiro: o mesmo que protetor. O santo padroeiro é o santo que protege o lugar onde assim é
venerado.
Pantalona: assim eram chamadas as calças compridas de boca larga, na década de 1970.
Patrimoniado: o mesmo que registrado como patrimônio. Todo objeto que é um
bem público, isto é, que pertence a instituições do governo municipal, estadual ou
federal (museus, hospitais, escolas, etc.) recebe um número e entra para uma lista
de Patrimônio.
Pista: lugar destinado a apresentações de dança, exibições esportivas ou corridas
de animais.
Preconceito: Opinião ou sentimento desfavorável, baseado em crença ou tradição
generalizada que nos leva a tomar como inferior, inaceitável ou alvo de maus tratos ou violência
certos indivíduos ou grupos.
131
Racismo: modo de pensar que dá importância à noção da existência de raças humanas distintas, com
atitudes preconceituosas ou discriminatórias em relação a indivíduo(s) considerado(s) de outra
raça(s).
Reivindicações: pedidos com sentido de reclamar um direito.
Soul Music: estilo musical de raiz afro-descendente que provém de uma fusão do Blues e do Gospel.
Várzea: terrenos baixos e planos à margem de rios e ribeirões.
132
BARRETO, Abílio. Belo Horizonte: memória histórica e descritiva - história antiga e história
média. Belo Horizonte: Fundação João Pinheiro, Centro de Estudos Históricos e Culturais,
1995
BOTELHO, Angela V. & REIS, Liana M. Dicionário Histórico. Brasil: Colônia e Império.Belo
Horizonte: O Autor, 2001.
FERREIRA, Pedro. Imigrantes japoneses impulsionaram a economia da região de Venda Nova. Jornal
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http://wwo.uai.com.br/UAI/html/sessao_2/2008/06/22/. Acesso em 10/04/2011
Descendentes ainda guardam lembranças. Jornal Estado de Minas. Belo Horizonte, 22/06/2008.
Disponível em : http://wwo.uai.com.br/UAI/html/sessao_2/2008/06/22 . Acesso em 10/04/2011
Comunidade japonesa mantém respeito às tradições. Jornal Estado de Minas. Belo Horizonte,
22/06/2008. Disponível em wwo.uai.com.br/UAI/html/sessao_2/2008/06/22. Acesso em 10/04/2011
FOSCOLO, Avelino. A capital. Belo Horizonte: imprensa Oficial, 1979.p.97.
MICHAELIS: Moderno dicionário da língua portuguesa. São Paulo: Companhia Melhoramentos, 1998.
Bibliografia
133
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Horizonte: 1992.
PBH, Assessoria de comunicação. História de Venda Nova em contos e causos narrados para crianças e
jovens. Volume I. Belo Horizonte: 2003.
PBH, Assessoria de comunicação. História de Venda Nova em contos e causos narrados para crianças e
jovens. Volume II. Belo Horizonte: 2005.
SILVA, Ana Maria da. Lembranças... Venda Nova. Belo Horizonte: Secretaria Municipal de Cultura.
2000.
TEIXEIRA, Clotildes Avellar. Marchinhas e Retretas: História das corporações musicais civis de Belo
Horizonte. Belo Horizonte: Autêntica, 2007.
http://portalpbh.pbh.gov.br
http://pt.wikipedia.org
Depoimentos e relatos orais de moradores da região.
134
P.31 ATIVIDADE 1:Investigue a origem de sua escola em Venda Nova. Registro pessoal
P.33 ATIVIDADE 2 - Cruzadinha: 1- SÃO PEDRO, 2 - PROJOVEM, 3-ANIVERSÁRIO,
4- NEGOCIAÇÃO, 5-PARQUINHO, 6-20, 7- 1970, 8- 161, 9-1933.
P.37 ATIVIDADE 3 - Significados: AMOR, ESCOLA, COMUNIDADE.
P.48 ATIVIDADE 4- Meu Segredo de família: resposta pessoal.
P.51 ATIVIDADE 5- Desenho e legenda criados pelo aluno.
P.57 ATIVIDADE 6- Autonomia: resposta pessoal.
P.60 ATIVIDADE 7- PROJOVEM: produção de texto individual.
P.65 ATIVIDADE 8- Localização de Venda Nova em vermelho.
P.68 ATIVIDADE 9 - CEREAIS, BEBIDAS, LOUÇAS, PANELAS, VASSOURAS, ROUPAS, SAPATOS,
QUEROSENE, ARROZ, TOUCINHO.
P.70 ATIVIDADE 10 – Matriz de Santo Antônio na década de 1930, Matriz de Santo Antônio século XIX,
Matriz de Santo Antônio na década de 1950.
P.74 ATIVIDADE 11- A Coletividade: Venda Nova é gente unida que luta pela comunidade e conquista
seus interesses e bem comum. Força, gente!
P.80 ATIVIDADE 12- Entrevista com depoimentos pessoais.
P.82 ATIVIDADE 13- Seu Bairro: Registro pessoal.
P. 88 ATIVIDADE 14- Ordem correta: FIGURA (3); FIGURA (2); FIGURA (1)
P.94 ATIVIDADE 15- O Vilarinho
Folha de Respostas
135
B G I N U K V E N D A N O V A Q
Z C A N A L I Z A Ç A O R G L I
X A I R H L L A Z E R D B O E Z
B P R O U P A S Q R U A N I L Ç
A J N E I R R I G A Ç A O T Y M
V A F U M O I N H O S E W P A Z
U I T D O E N Ç A S U F B A T E
M R A E N C H E N T E S H O T H
W Ç O X B F O Z I V R A X T Y M
P. 97 ATIVIDADE 16 - Superstições, mitos e causos: resposta pessoal.
P.102 ATIVIDADE 17- Criando causo: Registro pessoal.
P. 105 ATIVIDADE 18- Em tempos de guerra. Opinião pessoal
P. 109 ATIVIDADE 19- Instrumentos musicais: Saxofone, trombone, violão e flauta. O violão é o único instrumento que não é de
sopro e sim de cordas.
P. 116 ATIVIDADE 20- Estudos de D. Lúcia: trabalho pessoal com documentos iconográficos.