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R$ 3,25 É ROUBO: ESSE AUMENTO É O LUCRO DO EMPRESÁRIO! Na atual crise pela qual passa o sistema capitalista, mais uma vez quem paga a conta é o trabalhador. Os governos de todos os países colocam em prática pacotes de ajustes fiscais para equilibrar as suas contas, mas que recaem pesadamente sobre a classe trabalhadora. Não é de hoje que os lucros são privatizados e os prejuízos são socializados; esta é a essência do capitalismo. No Brasil não é diferente. O governo federal preparou um pacote de ajustes que vai desde a retirada de direitos do trabalhador - como prazos de carência maiores para ter acesso a direitos previdenciários e trabalhistas, como é o caso do seguro desemprego - até aumentos nas tarifas, como a de energia elétrica. A nível estadual, o atual governador também prepara um pacote de medidas de austeridade. A nível municipal, o prefeito Fortunati ataca os direitos e salários dos servidores municipais. E é nesse contexto de aumento geral do custo de vida que o prefeito Fortunati sanciona o aumento da passagem de ônibus municipal para R$ 3,25, expropriando ainda mais os trabalhadores. O Bloco de Luta pelo Transporte 100% Público compreende o transporte público por ônibus como um direito constitucional de mobilidade urbana. E este direito à mobilidade garante o direito à cidade: o direito de ir e vir para o trabalho, para o estudo, para o lazer e entretenimento e para a procura de emprego, por exemplo. E é nisto que consiste a nossa luta, que o transporte público seja efetivamente um direito da população e não um instrumento de lucros para meia dúzia de empresários. E esta compreensão norteia as nossas reivindicações por um transporte 100% público - ofertado exclusivamente pelo poder público, como prevê nossa Constituição - e pelo passe livre. Por esse motivo, colocamo-nos totalmente contrários a esse aumento sancionado pelo prefeito Fortunati em favor dos empresários de ônibus! Entendemos que este valor absurdo é discriminador, pois exclui a parcela mais pobre da população do direito à mobilidade urbana e, consequentemente, à cidade. E para que?! Para aumentar o lucro dos empresários reunidos na ATP (Associação dos Transportadores de Passageiros). Ou seja, retirar do trabalhador para dar aos empresários! Em janeiro de 2014 o Tribunal de Contas do Rio Grande do Sul (TCE-RS) disponibilizou em seu site o relatório da análise das planilhas de reajustes das passagens de ônibus de Porto Alegre dos anos 2011, 2012 e 2013. Este relatório apontou algumas inconformidades legais e uma inconformidade metodológica no cálculo da tarifa praticado pela EPTC. Dentre as inconformidades legais encontram-se a não contabilização, pela ATP, das receitas com publicidade nos ônibus e a inclusão, também pela ATP, das despesas com plano de saúde dos rodoviários, entre outras. Já a inconformidade metodológica diz respeito ao modo como é calculado o Percurso Médio Mensal (PMM). Tal relatório veio corroborar o que há tempos o Bloco de Luta argumenta: a necessidade da abertura das contas feitas pelas empresas para o cálculo das tarifas, que foi, inclusive objeto de um projeto de lei elaborado por nós durante a ocupação da Câmara de Vereadores de Porto Alegre e apresentado ao legislativo municipal para que desse tramitação. No entanto, nosso projeto foi ignorado e engavetado pelos vereadores! Acreditamos que, assim como estes exemplos, uma auditoria das planilhas da ATP apontaria muitas outras formas de maquiar a necessidade de aumento da passagem no percentual por eles reivindicado. Este mesmo relatório do TCE-RS revelou que a remuneração das empresas sobre o total arrecadado com as passagens (rentabilidade) ficava acima dos 6,33% definidos pela planilha de reajuste, pois a ATP utilizava a frota total de ônibus (incluindo os que ficam parados nas garagens como reservas) e não somente a frota operante, obtendo, assim, a elevação de sua rentabilidade para quase 20%. Mais um exemplo de artifício para aumentar seus lucros! E tudo isso com a conivência da Prefitura! E as passagens pagas antecipadamente aos patrões dos ônibus - passagem escolar, vale transporte, passe antecipado? Todo esse dinheiro fica em poder da ATP, que lucra com os juros da aplicação desses valores. Por que isso não é considerado no cálculo para reduzir o valor da passagem? Isso também é lucro do empresário!

Nota Bloco1

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Nota Bloco de luta 2015

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Page 1: Nota Bloco1

R$ 3,25 É ROUBO: ESSE AUMENTO É O LUCRO DO EMPRESÁRIO!

Na atual crise pela qual passa o sistema capitalista, mais uma vez quem paga a conta é o trabalhador. Os governos de todos os países colocam em prática pacotes de ajustes fiscais para equilibrar as suas contas, mas que recaem pesadamente sobre a classe trabalhadora. Não é de hoje que os lucros são privatizados e os prejuízos são socializados; esta é a essência do capitalismo.

No Brasil não é diferente. O governo federal preparou um pacote de ajustes que vai desde a retirada de direitos do trabalhador - como prazos de carência maiores para ter acesso a direitos previdenciários e trabalhistas, como é o caso do seguro desemprego - até aumentos nas tarifas, como a de energia elétrica. A nível estadual, o atual governador também prepara um pacote de medidas de austeridade. A nível municipal, o prefeito Fortunati ataca os direitos e salários dos servidores municipais. E é nesse contexto de aumento geral do custo de vida que o prefeito Fortunati sanciona o aumento da passagem de ônibus municipal para R$ 3,25, expropriando ainda mais os trabalhadores. O Bloco de Luta pelo Transporte 100% Público compreende o transporte público por ônibus como um direito constitucional de mobilidade urbana. E este direito à mobilidade garante o direito à cidade: o direito de ir e vir para o trabalho, para o estudo, para o lazer e entretenimento e para a procura de emprego, por exemplo. E é nisto que consiste a nossa luta, que o transporte público seja efetivamente um direito da população e não um instrumento de lucros para meia dúzia de empresários. E esta compreensão norteia as nossas reivindicações por um transporte 100% público - ofertado exclusivamente pelo poder público, como prevê nossa Constituição - e pelo passe livre.

Por esse motivo, colocamo-nos totalmente contrários a esse aumento sancionado pelo prefeito Fortunati em favor dos empresários de ônibus! Entendemos que este valor absurdo é discriminador, pois exclui a parcela mais pobre da população do direito à mobilidade urbana e, consequentemente, à cidade. E para que?! Para aumentar o lucro dos empresários reunidos na ATP (Associação dos Transportadores de Passageiros). Ou seja, retirar do trabalhador para dar aos empresários!

Em janeiro de 2014 o Tribunal de Contas do Rio Grande do Sul (TCE-RS) disponibilizou em seu site o relatório da análise das planilhas de reajustes das passagens de ônibus de Porto Alegre dos anos 2011, 2012 e 2013. Este relatório apontou algumas inconformidades legais e uma inconformidade metodológica no cálculo da tarifa praticado pela EPTC. Dentre as inconformidades legais encontram-se a não contabilização, pela ATP, das receitas com publicidade nos ônibus e a inclusão, também pela ATP, das despesas com plano de saúde dos rodoviários, entre outras. Já a inconformidade metodológica diz respeito ao modo como é calculado o Percurso Médio Mensal (PMM). Tal relatório veio corroborar o que há tempos o Bloco de Luta argumenta: a necessidade da abertura das contas feitas pelas empresas para o cálculo das tarifas, que foi, inclusive objeto de um projeto de lei elaborado por nós durante a ocupação da Câmara de Vereadores de Porto Alegre e apresentado ao legislativo municipal para que desse tramitação. No entanto, nosso projeto foi ignorado e engavetado pelos vereadores!

Acreditamos que, assim como estes exemplos, uma auditoria das planilhas da ATP apontaria muitas outras formas de maquiar a necessidade de aumento da passagem no percentual por eles reivindicado.

Este mesmo relatório do TCE-RS revelou que a remuneração das empresas sobre o total arrecadado com as passagens (rentabilidade) ficava acima dos 6,33% definidos pela planilha de reajuste, pois a ATP utilizava a frota total de ônibus (incluindo os que ficam parados nas garagens como reservas) e não somente a frota operante, obtendo, assim, a elevação de sua rentabilidade para quase 20%. Mais um exemplo de artifício para aumentar seus lucros! E tudo isso com a conivência da Prefitura!

E as passagens pagas antecipadamente aos patrões dos ônibus - passagem escolar, vale transporte, passe antecipado? Todo esse dinheiro fica em poder da ATP, que lucra com os juros da aplicação desses valores. Por que isso não é considerado no cálculo para reduzir o valor da passagem? Isso também é lucro do empresário!

Page 2: Nota Bloco1

É por isso que todos os argumentos da ATP, repetidos pelo prefeito Fortunati, não nos comovem, tampouco nos convencem da necessidade de elevação do valor de R$ 2,95 para R$ 3,25, pois sabemos que as planilhas de cálculo das tarifas não são transparentes, antes, são manipuláveis conforme a ganância dos empresários da ATP.

Prova disso, é a rápida análise feita pelo economista e pesquisador da Fundação de Economia e Estatística (FEE), André Coutinho Augustin, no expediente administrativo nº. 008.100238.15.7 da Secretaria Municipal do Transporte sobre o aumento da passagem de ônibus em Porto Alegre. Segundo ele, chamou-lhe a atenção o fato de que "o cálculo da nova tarifa foi divulgado para a imprensa em 10 de fevereiro e na base legal citada estava um decreto assinado pelo prefeito José Fortunati no dia 9 de fevereiro, quando o processo já estava no final, alterando vários itens do cálculo da passagem. Ao que tudo indica, não foi a tarifa de ônibus que foi calculada para se adaptar às regras, mas as regras que foram calculadas para se adaptar à tarifa pretendida pela prefeitura".

Este novo decreto altera quatro pontos do decreto de 2014 que regulamentava o processo de revisão da tarifa de ônibus. São eles:

1) vida útil dos pneus e das recapagens: antes era estabelecida em 228.046 km, agora em 168.063 km, o que significa uma redução de 23% de duração. Quer dizer que, com todo o investimento alardeado pela Prefeitura nos corredores de ônibus para a implantação dos BRTs e no asfaltamento de ruas e avenidas de Porto Alegre os pneus estão durando menos?!

2) fator de utilização de fiscais e coeficiente de consumo de despesas não operacionais: diminuiu o número de fiscais e aumentaram as despesas com água, luz e etc. Mas estas aletarções tiveram impacto pouco relevante no valor da tarifa.

3) coeficientes de consumo de combustível por categoria de veículo: houve um aumento em 12 das 14 categorias de veículos. Na categoria ônibus especial com motor traseiro, ar condicionado e câmbio automático, por exemplo, a estimativa de consumo de combustível aumentou de 0,4323 litros/km para 0,7530 litros/km. Isto significa que, de um ano para o outro, esta categoria de veículo passou a consumir 74% a mais de diesel?!

4) obtenção do preço do litro do combustível: antes era obtido pelo levantamento de preços praticados em Porto Alegre pesquisados pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), agora será obtido a partir do levantamento das notas fiscais de compras das empresas operadoras, considerando-se o preço médio do litro do óleo diesel vigente ponderado pela frota de cada empresa operadora realizada no mês do reajuste tarifário. Somente em caso de não entrega das Notas Fiscais pelas empresas será empregado o preço pesquisado pela ANP. Por qual motivo Fortunati substitui uma informação baseada em pesquisa oficial de preços por uma fornecida pelas próprias empresas?! Isso facilita o superfaturamento no preço do combustível.

Segundo Augustin, "se a regra anterior tivesse sido mantida, o aumento da tarifa ocorrido em fevereiro devia ser baseado no relatório de janeiro da ANP e nesse relatório o preço médio do diesel em Porto Alegre era de R$ 2,381. Já o valor usado pela EPTC no cálculo foi a média ponderada das notas fiscais apresentadas pelas empresas, que foi R$ 2,5574. A diferença não é pouca, ainda mais considerando que o consumo estimado de combustível também cresceu".

Tanto o relatório do TCE quanto a breve análise de Augustin revelam o óbvio: que as razões para o aumento da passagem em patamares tão altos não são técnicas, mas arranjos para aumentar cada vez mais, o lucro dos empresários da ATP, com a conivência da EPTC e do prefeito Fortunati, que deveriam zelar pelo interesse público e não pelo interesse privado!

Reportagem do Correio do Povo aponta que "a cada R$ 3,25, desembolsados pelos passageiros de ônibus de Porto Alegre a partir deste domingo, R$ 0,20 correspondem ao lucro bruto das 13 empresas operadoras do sistema". Ou seja, 0,20 x 17 milhões = R$ 3,4 milhões de lucro para meia dúzia de empresários por mês!!! Compare isso com o seu salário!

Page 3: Nota Bloco1

É por isso que: NÃO SAIREMOS DAS RUAS ATÉ A PASSAGEM BAIXAR!

NÃO SAIREMOS DAS RUAS ENQUANTO A PLANILHA DE CÁLCULO DAS PASSAGENS NÃO FOR AUDITADA!

VEM PRA LUTA CONTRA O AUMENTO DA PASSAGEM!ATO "ESSE AUMENTO É O LUCRO DO EMPRESÁRIO", dia 24/02, terça, às 17h, concentração na Prefeitura.

Fontes:

http://www1.tce.rs.gov.br/portal/page/portal/tcers/publicacoes/estudos/tarifas_onibus/inspecao_eptc.pdfhttp://www.sul21.com.br/jornal/tce-aponta-que-faturamento-das-empresas-de-onibus-de-porto-alegre-superou-rdollar-481-milhoes-em-2011/https://enquantoseluta.wordpress.com/2015/02/21/fortunati-muda-as-regras-de-calculo-para-justificar-aumento-da-passagem/http://www.correiodopovo.com.br/Noticias/549571/Lucra-por-passageiro-de-onibus-e-de-R-0,20

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NOTA

Segundo a assembleia, o que deveria estar no panfleto, e que pode ir, agora, pra nota:

- Denunciar o conluio entre ATP, empresários e Prefeito; - Centrar na pauta do transporte e atacar os responsáveis pelo aumento da passagem (ATP, empresários e Prefeito)- contextualizar o aumento da passagem dentro do pacote de ajustes (obs.: a assembleia definiu que esse não deve ser nosso objetivo principal, mas a pauta do transporte, portanto, trata-se de uma pequena contextualização)

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Ideias que surgiram na reunião:- mostrar (por gráfico?) relação entre o aumento da passagem e o aumento da inflação- relação entre aumento da passagem e aumento do salário mínimo

Minha sugestão:- focarmos nos argumentos deles para o aumento da passagem e desmeti-los, preferencialmente, com dados. Na reportagem de ZH Fortunatti atacou o Bloco, seria bom repondermos a ele (claro que sem responder ponto a ponto a reportagem de ZH para não dialogarmos com a RBS).

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