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Anais do XI Encontro Internacional da ANPHLAC 2014 – Niterói – Rio de Janeiro
ISNB 978-85-66056-01-3
Notícias de memórias na grande mídia
Marina Maria de Lira Rocha
O trabalho que aqui apresento é um levantamento de reportagens
referentes a museus de memória da violência de Estado durante as ditaduras
argentina, paraguaia e uruguaia. Pretende-se analisar os resultados desse
levantamento realizado em periódicos dos referidos países, de maneira que
possamos ver a frequência e os contextos em que esses objetos aparecem em
jornais de grande circulação para a sociedade atual. Como colocado, ainda é
um impulso principiante que será, ao longo do tempo, trabalhado com maior
objetividade.
O primeiro passo aqui será descrever o desenvolvimento dos objetos
específicos, matérias dessas publicações: Espacio para las Memorias
(Argentina), Museo de las Memorias: Dictadura y Derechos Humanos
(Paraguai), e o Centro Cultural y Museo de la Memoria (Uruguai).
Posteriormente, pretende-se trabalhar a formação e posição social que os
periódicos pesquisados possuem no contexto dos determinados países, afim
de perceber o movimento de divulgação que essas matérias ganham nos
espaços que lhes são desenvolvidos. Por fim, trazer a análise, majoritariamente
quantititativa dos objetos, contudo pontuando algumas questões qualitativas
das reportagens para perceber essas variantes em seus meios de produção e
circulação.
Um breve histórico dos museus
Atendendo uma demanda social crescente, com casos específicos como
a criação da CONADEP, na década de 1980, com a anistia e indultos aos
militares, na década de 1990, com os julgamentos e os Juicios por la verdad,
na mesma década, com os juízos e grandes causas, nos anos 2000, e com os
movimentos e organizações de direitos humanos ganhando espaço político, o
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Estado argentino trouxe para si a responsabilidade em criar políticas públicas
para “guardar e transmitir sua história recente”. Em 2002, um acordo entre a
Prefeitura de Buenos Aires e o Estado Nacional instituiu o Espacio para la
Memoria, prevendo a construção de uma rede de informações, exposições,
eventos e mostras sobre os direitos humanos, assim como a recuperação de
lugares onde funcionaram Centros Clandestinos de Detención, Tortura y
Exterminio (CCDTyE).1
Aos 28 anos do golpe, outro acordo entre a cidade de Buenos Aires e o
Estado Nacional, deu forma ao Espacio para la Memoria, que ganhou uma
comissão bipartida para geri-la – entre membros da Secretaria de Direitos
Humanos do Ministério da Justiça, Segurança e Direitos Humanos da Nação e
da Subsecretaria de Direitos Humanos da Cidade de Buenos Aires. Além disso,
formou-se o projeto de espaço físico que a guardaria, localizado na ex-Escuela
de Mecánica de la Armada (ex-ESMA).
Quando se abre as portas para a discussão sobre o que fazer com o
espaço da ex-ESMA, a grande maioria das organizações de direitos humanos
do país sugere a construção de um espaço que desenvolva a memória do
passado recente, focalizando-se nas vítimas do Estado e nas violações aos
direitos humanos. Com exceção da Asociasión de Ex-Detenidos Desaprecidos,
que propuseram a preservação do espaço como ex-CCDTyE, sem nenhuma
função ou instituição educativa que permitisse a “naturalização ou
esvaziamento do conteúdo do espaço e desviasse sua significação como
centro clandestino de desaparecimento e extermínio”, todas as demais
organizações que participaram da discussão (Servicio Paz y Justicia –
SERPAJ, Fundación Memoria Histórica y Social Argentina, Buena Memoria –
Asociación Civil, Familiares de Desaparecidos y Detenidos por Razones
Políticas, Madres de la Plaza de Mayo – Línea Fundadora, Abuelas de la Plaza
de Mayo, Centro de Estudios Legales y Sociales – CELS) propuseram para o
prédio um uso com funções memorialísticas, de educação aos direitos
humanos, com o compromisso do “Nunca Más”, realizando a ponte passado-
presente e conformando um conjunto documental a ser acedido tanto pela
população quanto pela justiça.2
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Neste sentido, o Espacio para la Memoria atualmente divide-se entre
organizações, que agrupam um número razoável de discursos (dentro da
perspectiva da quebra dos direitos humanos e das vítimas daquele sistema)
sobre a violência e a política de Estado. Funciona naquele espaço, então, o
Archivo Nacional de la Memoria, o Canal Encuentro, a Casa de la Militancia-
Hijos e Hijas por la Identidad y la Justicia contra el Olvido y el Silencio-
H.I.J.O.S., aCasa por la identidad, o Centro Cultural de la Memoria Haroldo
Conti, o Centro Internacional de Educación en Derechos Humanos de la
UNESCO, o Espacio Cultural Nuestros Hijos (EcuNHi) - Asociación Madres de
Plaza de Mayo, o Familiares de Desaparecidos y Detenidos por Razones
Políticas, a Iniciativa Latinoamericana para la identificación de Personas
Desaparecidas I.L.I.D., o Instituto de Políticas Públicas de Derechos Humanos
del MERCOSUR, oInstituto Espacio para la Memoria-IEM, as Madres de Plaza
de Mayo Línea Fundadora, e, desde o ano presente (2014), o Museo de las
Malvinas.
No Paraguai, se pensou no destino que seria dado ao edifício que
abrigou a sede daDirección Nacional de Asuntos Tecnicos(DNAT) ou La
Tecnica, setor especializado da polícia stronista em repressão ao comunismo,
cujo diretor era um dos principais nomes da repressão no país – Antonio
Campos Alum. Seu destino foi pensado depois que foram agregados seus
documentos aos demais encontrados, durante a década de 1990, no que se
denominou o “Archivo del Horror”.3
Em 2004, a Fundación Celestina Perez Almada4 e a Mesa Memória
Historica y Archivos de la Represión iniciaram a transformação do edifício sede
da DNAT, que funcionou até 1992, no Museo de las Memorias: Dictadura y
Derechos Humanos, onde abrigam painéis, fotografias, objetos pessoais,
mobiliário e outras peças de vítimas da repressão.5 Destinado, em seu projeto,
aos jovens, vítimas, pesquisadores, artistas e professores, o lugar possui
objetivos educativos (desde a perspectiva dos direitos humanos), culturais
(proteção e conservação de objetos, documentos e outros pertences da
sociedade autoritária), e científicos.
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Desta forma, ele fora aberto ao público em 2006 (ironicamente no
mesmo dia em que faleceu Alfredo Stroessner) e constituiu, ao longo do tempo
de funcionamento, as diversas coleções permanentes hoje expostas –
“Stroessner” com elementos pessoais e institucionais do governo; “Operativo
Cóndor” com documentos, fichas, informes, instruções de todo Cone Sul;
“Derechos Humanos” com pesquisas e publicações sobre o Archivo del Terror;
“Tortura Nunca Más” com esculturas sobre violações aos direitos humanos;
“Responsables” com informações sobre principais autores dessas violações;
“Héroes” com fotografias, objetos e escritos de vítimas da repressão; “Arte y
Derechos Humanos” com obras plásticas e musicais inspiradas na época; e
“Jóvenes y Memória Histórica” com registo digital das ações realizadas pelos
integrantes o Museu.6
No Uruguai, por sua vez, com a marca de transição continuada para a
democracia pela Ley de caducidad de la pretensión punitiva del Estado (1986),
os movimentos pelos direitos humanos ganharam o protagonismo nas
demandas sobre explicações e responsabilidades do passado recente.7 Estas
exigências fundamentam-se principalmente na necessidade de um informe dos
desaparecidos e na construção de memória sobre a ditadura no país.
No entanto, apenas em 2009, depois da condenação da Ley de
Caducidad pela Corte Interamericana de Direitos Humanos (1992), das anuais
Marchas del Siléncio contra el Olvido (a partir de 1996) e da primeira Comissão
de Verdade (Comisión para la Paz, 2000), o governo de Tabaré Vázquez
(Frente Amplia) começa a mudar as direções das discussões sobre a ditadura,
encontrando documentação produzida por ela e legislando sobre o patrimônio
documental do país.
Em 2006, dois anos antes da criação do Archivo Nacional de la
Memoria, o governo fundou o Centro Cultural y Museo de la Memoria (MUME)
como um espaço dedicado à recuperação da memória sobre o Terrorismo de
Estado e os “esforços uruguaios pela democracia”, com o objetivo de aportar
para as “próximas gerações a história recente do país”. 8 O museu propõe
promover a paz, os direitos humanos e a memória das lutas populares pela
democracia e justiça social.
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Neste sentido, abre suas portas às propostas de organizações e
instituições que elaboram conjuntamente as orientações para o museu. O
MUME quer tornar-se um lugar de intercâmbio cultural, uma instituição onde se
desenvolvem seminários, investigações, mesas redondas, atividades artísticas,
educativas e culturais sobre a temática.
Os objetos e os documentos
Propondo, portanto, verificar as reportagens sobre esses museus,
iniciou-se a busca da temática sobre o Espacio para la Memoria no diário
Página/12. Página/12 foi criado em 1987 pelos jornalistas Jorge Lanata e
Horacio Verbitsky e pelo escritor Osvaldo Soriano. Inspirado no jornal francês
Liberation, ele é caracterizado por progressista, com claras vinculações ao
governo kirchnerista. Por ele, já passaram pessoas renomadas do jornalismo,
literatura e política, como Tomás Eloy Martínez, Juan Gelman, Eduardo
Galeano, Osvaldo Bayer, entre outros.
Nesse periódico, foram encontradas, em uma primeira busca, o que não
significa a totalidade das matérias sobre o Espacio para la Memoria, mas uma
coleta de dados iniciais, 349 notas em reportagens, onde o termo “Espacio
para la memoria” aparece. Destas 349 notas, duas são anteriores ao ano de
2004, quando o acordo para a construção do Espacio fora firmado.
A primeira dessas duas notas, relata, em 21 de fevereiro de 2002, a
colocação de placas em espaços de repressão em homenagem às vítimas,
realizada na cidade de Buenos Aires. 9 A segunda refere-se a escavações
realizadas no Campo Clandestino El Atlético, a fim de recuperar a sua história,
uma vez que este havia sido demolido em 1977, com a visita da Comissão
Interamericana de Direitos Humanos ao país.10
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* Gráfico produzido pela autora
A partir de 2004, começa, então, a divulgação da ex-ESMA como notícia
e as discussões sobre o que se fazer com o ex-CCDTyE são pautas no diário.
Neste ano, 23 reportagens foram publicadas sobre o tema, todas na sessão El
País.
As primeiras reportagens tiveram como centralidade o compromisso
público do então presidente Néstor Kirchner em conseguir a devolução total da
ex-ESMA e constituir naquele espaço um lugar de memória (lembramos que,
nesse ano, o presidente Kirchner também retirou os quadros de Jorge Rafael
Videla e Reynaldo Benito Bignone, pendurados no Colégio Militar de Buenos
Aires – ato simbólico bastante noticiado).
A importância daquele espaço de memória também era retificado com
reportagens e relatos de pessoas que estiveram presas ou nasceram na ex-
ESMA. Neste sentido, apareciam discussões entre as organizações de direitos
humanos e demais envolvidos sobre como se constituiria o futuro museu.
“Esta es una convocatoria para los que estamos seguros de
que queremos un museo y es la primera de las tres jornadas
que pensamos hacer hasta fin de año. La idea es que el
proceso hacia el museo sea representativo de lo que queremos
que el museo sea: algo abierto y participativo”, dijo como
introducción al trabajo Patricia Valdés, directora de Memoria
Abierta. Luego, todos los que habían concurrido se ubicaron en
diferentes mesas para debatir. Cada grupo –en los que
participaron, entre otros, sobrevivientes de la ESMA y otros
centros clandestinos de detención, miembros de diferentes
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agrupaciones de derechos humanos, académicos, periodistas,
escritores, militantes sociales y gremiales, familiares de
desaparecidos, estudiantes y artistas11
No ano de 2005, com uma baixa de publicações sobre o tema, o jornal
continuou a divulgar testemunhos daqueles que vivenciaram o espaço e suas
opiniões sobre o futuro museu. No ano seguinte, ano rememorativo dos 30
anos do golpe, as publicações sobre o Espacio para la Memoria continuaram,
divulgando cronogramas de atividades específicas para “comemoração” e
enfatizando a transformação da ex-ESMA em espaço de memória.
No entanto, outro fato marcaria aquele ano, dando maior visibilidade às
questões dos direitos humanos no jornal e, consequentemente, a constituição
do museu: o desaparecimento da principal testemunha no juízo contra Miguel
Osvaldo Etchecolatz, ex-chefe da Polícia de la Província de Buenos Aires.
Jorge Julio López, ex-preso desaparecido da ditadura argentina, era querelante
e testemunha em um processo com 62 acusados e desapareceu em setembro
de 2006, depois da condenação de Etchecolatz à prisão perpétua por crimes
de lesa humanidade e genocídio. 12 Seu desaparecimento, até hoje não
solucionado, impulsionou um debate público sobre a permanência do
“processo desaparecedor” no país e a necessidade de discussão sobre os
temas dos direitos humanos.13
Nos dois anos seguintes (2007-2008), Página/12 divulgava a
importância dos espaços de memória e suas influências na educação dentro e
fora do país. Em 2007, marcava-se a desocupação total do prédio da ex-ESMA
e a cerimônia oficial do traslado desta da Armada para o Estado, enquanto
2008 fora o ano de sua declaração enquanto Monumento Histórico e abertura
ao público. O Página/12 publicava, assim, o “Nunca Más la Armada en la
ESMA”.14
Com o Espacio por la Memoria já em funcionamento (2008-2009), o
jornal começou a direcionar suas reportagens para os visitantes “ilustres” (ex-
detidos desaparecidos ou filhos destes e membros de organizações de direitos
humanos nacionais e internacionais). Escreveu sobre os acontecimentos
culturais desenvolvidos no espaço, sobre o dia-a-dia da nova instituição e
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sobre o desenvolvimento dos trabalhos por aqueles que estavam dentro dele.
Página/12 também abriu seu jornal para que organizações de direitos humanos
e aqueles que participavam da luta por eles escrevessem seus próprios artigos
e os publicassem em suas páginas. Era o quotidiano que invadia a leitura do
periódico e justificava e legitimava o Espacio.
Andrés llegó a la ESMA hace tres años. Había militado en
HIJOS sin ser hijo de desaparecido. Dice que lo que le hace el
trabajo menos pesado es el contacto con los sobrevivientes. Y
el tiempo. Hay días en que Sabrina tiene que ir a dormir la
siesta para reponerse del día laboral. A veces le duele el
cuerpo y a veces se pelea en el colectivo con cualquiera por
cualquier cosa. Celeste asegura que se aprende a poner
distancia, pero que ya no quiere ir al cine a ver películas que
traten sobre la represión de la dictadura. Luz está feliz. Le
parece “buenísimo” que la gente visite el lugar. Que se entere
de lo que pasó ahí nomás y hace tan sólo 30 años. Ellos
forman el equipo de guías del Espacio para la Memoria que
funciona en la ex Escuela de Mecánica de la Armada (ESMA).
Todos lloraron, todos tuvieron pesadillas. Los sentimientos que
genera el lugar no los asustan, de lo que tienen miedo es de,
algún día, dejar de percibirlos.15
Em 2010, quando recordava-se os 34 anos do golpe (março) e ocorria o
falecimento de Néstor Kirchner (outubro), o jornal continuou a publicar sobre a
importância das visitas e o caráter dos visitantes do museu, assim como as
atividades dedicadas à memória, enfatizando a questão do não esquecimento
e da educação aos direitos humanos. A temática passa a “espalhar-se” pelo
jornal, ocupando não apenas o caderno dedicado ao país, como também as
seções Sociedad e Cultura.16
Nos anos seguintes, principalmente em 2012 com o início da
megacausa ESMA em juízo, 17 o Espacio para la Memoria ganha maior
visibilidade no jornal por ser a prova física, judicial e documento da história do
país, além de todas as suas funções de memória. O tema passa a ser
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recorrente nas páginas alimentadas por depoimentos e pelas atividades que o
Espacio elabora.
Los imputados por haber cometido 789 secuestros, torturas y
homicidios en la Escuela de Mecánica de la Armada (ESMA)
son 68. Llegan por primera vez a juicio ocho aviadores navales
y de la Prefectura acusados por los "vuelos de la muerte" (...)
La ESMA, ubicada en el borde noreste de la Capital Federal y
hoy convertida en Espacio para la Memoria, fue el mayor
centro de detención clandestina administrado por la marina
durante la última dictadura en la que se estima que pasaron
unas 5 mil víctimas y nacieron bebés en cautiverio.18
Este ano (2014 até julho), a ex-ESMA, além de seus aparecimentos no
jornal por temáticas já colocadas, também foi protagonista de reportagens,
quando, em fevereiro, o Poder Executivo transferiu a administração de todos os
ex-CCDTyEs que funcionaram na Capital Federal para o governo da cidade de
Buenos Aires e, em junho, quando fora inaugurado, no próprio ambiente do
Espacio, o Museo de Malvinas, cuja reivindicação é a soberania das Ilhas.
El reclamo argentino por la soberanía en las islas Malvinas
tendrá, a partir de la próxima semana, un espacio para
promover su reivindicación. La presidenta Cristina Fernández
de Kirchner inaugurará el martes el Museo de Malvinas, que
funcionará en el predio del Espacio de la Memoria (ex ESMA).
A partir del sábado 14 el lugar quedará abierto al público. “No
será el museo de la guerra, sino que recorrerá toda la vida e
historia de las islas”, remarcó el director del organismo, Jorge
Giles.19
O caso paraguaio e o Museu de las Memórias: Dictadura y Derechos
Humanos – museu desenvolvido como parte de uma experiência de militância
e pessoal – nos aparece enquanto uma temática menos recorrente, em um dos
jornais de maior circulação no país, o ABC Color. Criado em 1967, este foi o
primeiro jornal de circulação nacional, que, durante a ditadura de Stroessner,
mudou sua posição política de apoio para crítica e foi suspenso em circulação,
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no ano de 1984. O jornal voltou a circular apenas depois do retorno à
democracia, em 1989.
Sobre o Museu de las Memorias, ABC Color publicou, desde seu ano de
formação até 2014 (julho), 57 reportagens, considerando este um primeiro
levantamento de documentação.
* Gráfico produzido pela autora
Antes da constituição do museu, em 2003, o jornal publicou uma
reportagem que abordava a mostra itinerante sobre ditadura e direitos
humanos, promovida pela Anistia Internacional. Esta reportagem tratava de
fazer um balanço dos avanços (ou não) nas questões de reparação dos crimes
de lesa humanidade promovidos pela ditadura no país, durante o Dia Mundial
contra a Tortura.
La práctica de la tortura y los malos tratos en dependencias y
procedimientos policiales, al parecer, nunca terminarán de irse
por completo, afirmó el abogado del Comité de Iglesias para
Ayudas de Emergencia (CIPAE), Rodolfo Manuel Aseretto, al
recordar ayer el Día Mundial contra la Tortura.
(...) Lamentó que ninguna de las víctimas de la dictadura que
ha solicitado su indemnización, según establece la Ley 838
ante la Defensoría del Pueblo, la ha recibido por la injustificable
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oposición del procurador general de la República, prolongando
así el sufrimiento de las víctimas.
(...) Por otra parte, Amnistía Internacional conmemoró el día
con la presentación en su local de una muestra del museo
itinerante "Memorias, Dictadura y Derechos Humanos".
También se entregaron reconocimientos a Luis Alfonso Resck,
Martín Almada, Comité de Iglesias, AFAVISEM, Callescuela y
CEJIL, por su lucha contra la tortura y malos tratos y en favor
de los derechos humanos.20
A partir de 2006, ano de finalização das discussões sobre a criação do
Museu, e nos anos seguintes, com a instituição efetiva dele, este apareceu no
ABC Color, considerando as discussões sobre propostas para o espaço da ex-
sede da DNAT. Uma delas, por exemplo, enfatizava o interesse do Comité de
Iglesias para Ayudas de Emergencia (CIPAE), da Comisión Nacional de
Derechos Humanos e do Tribunal Ético contra la Impunidad em ganhar o uso
deste edifício, a fim de constituir um museu que, de acordo com uma nota
escrita pelas organizações para o Ministério de Educação, seria
como el santuario en donde se guardarán los artefactos usados
por la barbarie dictatorial contra los ciudadanos y ciudadanas
que han ofrecido sus sacrificios y sus vidas para que las
generaciones presentes y futuras puedan vivir libre de
ataduras, de sujeción y de violaciones. Será esta la institución
en donde se difundirán los principios de la Declaración de los
Derechos Humanos. Este lugar, que fue de martirio, será
convertido en una escuela de democracia para que nunca más
vuelva aquel sistema que ha cometido los crímenes más
aberrantes que conoció la historia.21
No entanto, sob a iniciativa da Fundación Celestina Pérez Almada, o
museu abre suas portas ao público, no mesmo dia do falecimento de Alfredo
Stroessner, em 16 de agosto de 2006. E o jornal lhe oferece uma reportagem,
na qual explora a opinião do diretor da fundação, o ex-preso político Martín
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Almada, sobre a data emblemática nos dois sentidos: a fundação do museu e a
morte do ditador.
Una iniciativa de la Fundación Celestina Pérez de Almada, una
de las víctimas de la dictadura, el "Museo de las Memorias,
Dictaduras y Derechos Humanos" ocupa el antiguo centro de
tortura de la policía "stronista" conocido como la "ex Técnica".
El director de la Fundación, Martín Almada, esposo de
Celestina Pérez y ex preso político, declaró a Efe que "es una
coincidencia irónica que en la misma hora de la muerte de
Stroessner estamos inaugurando la escuela de la democracia,
en el mismo lugar donde él creó en 1956 un centro de tortura,
que sería lo que en Argentina fue la ESMA".
Sobre la muerte en Brasilia del ex dictador, Almada declaró:
"me siento apenado y entristecido porque hice una batalla
jurídica por su extradición, yo quise que él viese la cara de la
justicia paraguaya, para que rindiese cuenta de sus pecados,
de sus crímenes".
"Ahora va a rendir cuentas con la Justicia Divina", añadió
Almada quien agregó que "Stroessner tiene cuentas
pendientes con el país y con América Latina".22
Neste sentido, a partir de 2006, com a instituição efetiva do museu, este
apareceu no ABC Color, referenciando visitas consideradas importantes,
normalmente ligadas ao cenário internacional, e incorporando os pedidos de
auxílio ao exterior para mantê-lo em funcionamento. Também algumas
atividades realizadas nesse espaço foram divulgadas pelo periódico, dando-lhe
uma visibilidade enquanto espaço ativo.
La visita de los diplomáticos acreditados en nuestro país se
realizó a pedido de ellos mismos, según explicaron directivos
del Museo de las Memorias. A cargo de esta entidad está un
consejo integrado por representantes de varias organizaciones
sociales y de derechos humanos.
(...) Martín Almada sostuvo que en la actualidad cuentan con la
cooperación del Gobierno de Italia y del de Suecia, a través de
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Diakonia, Acción Ecuménica Sueca. Habló de la necesidad de
contar con el apoyo de los demás países de la Comunidad
Europea para que el local funcione realmente como un museo
donde la ciudadanía que concurra al lugar pueda tener una
oportunidad de repensar el pasado desde las más diversas
perspectivas y sacar sus propias conclusiones.23
Interessante observar que a grande maioria das publicações encontra-se
na seção do jornal dedicada à política (outras encontram-se também em
reportagens nacionais e locais), colocando o museu, portanto, com sua
dimensão estratégica para a discussão sobre os direitos humanos no país.
Desta mesma forma, observa-se que, a partir de 2012, há o crescimento
dessas publicações na seção política, estimulada por questionamentos sobre
impunidade, pela valorização da arte para questões de memória e por
depoimentos das vítimas do Estado, que desde a publicação do informe da
Comisión de Verdad y Justicia (2008) são designadas como luchadores y
luchadoras no país.
No dia da morte de Antonio Campos Alum, por exemplo, o jornal lança
uma reportagem assinalando as torturas praticadas pelo ex-diretor da DNAT e
a impunidade que lhe fora vivenciada, através do depoimento de uma de suas
vítimas, o próprio diretor da fundação que criara o museu.
La Dirección Nacional de Asuntos Técnicos era una
dependencia del Ministerio del Interior creada a fines de la
década del 50 con la misión de combatir el comunismo y
cualquier otro sector contrario al régimen. Su sede, hoy
convertida en Museo de las Memorias, se encuentra edificada
sobre la calle Chile entre República de Colombia y Teniente
Fariña. En la jerga popular, fue conocida simplemente como
"La técnica". Campos Alum se encontraba en situación de reo
prófugo para la justicia.
Sobre la figura del ahora fallecido, el Dr. Martín Almada señaló
(...)"Él me torturó personalmente junto con el comisario Alfonso
Lovera Cañete, entonces jefe de la comisaría 3ª, sepulcro de
14
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los vivos. Eso ocurrió en noviembre de 1977. Fueron ellos los
que me anunciaron que supuestamente mi esposa, Celestina
Pérez, se había suicidado el 5 de diciembre de 1974", relató
Almada
"Lamento profundamente que se haya ido sin ser juzgado por
la justicia, a pesar de la especial recomendación de la
Comisión de Verdad y Justicia que presidió el monseñor Mario
Melanio Medina. Por eso nos queda al menos este momento
para mostrar a la sociedad y en especial a los y las jóvenes la
significación de esta muerte y el triste rol que cumplió este
hombre en el marco del terrorismo de Estado, levantando la
bandera de "Paz y Progreso" con Stroessner", finalizó el
defensor de los Derechos Humanos.24
Por fim, o caso do Centro Cultural y Museo de la Memoria. Este, devido
a possibilidade de busca na base de dados eletrônica do jornal utilizado (La
República) estar restrita ao ano 2011 (ano de sua venda aos empresário
argentinos Gustavo Yocca e Miguel Jorge) em diante, tivera sua análise
limitada temporalmente.
O jornal selecionado para se trabalhar, apesar da moderação prática,
que posteriormente será estendida, tem características próprias dentro da
sociedade uruguaia. Fundado em 1988, o La República possui a clareza em
sua posição política, favorável à Frente Amplia. Sua direção, desde o princípio,
está em mãos de Federico Fasano, perseguido político da ditadura e ex-diretor
do Le Monde Diplomatique (América Latina).
Neste sentido, a partir do ano 2011, pode-se perceber a aparição no
referido periódico doMUME – admitindo a busca limitada temporal e
espacialmente – cinco vezes. Duas dessas reportagens durante o ano 2012 e
três em 2013.
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* Gráfico produzido pela autora
Basicamente dentro da seção cultural, o MUME é apresentado, nesses
dois anos, pelo jornal La República com suas exposições, exibições de filmes,
e homenagens que ocorreram no espaço. Em 2012, por exemplo, ao fazer um
apelo à difusão de suas atividades, o jornal afirma
Situado en la periferia de la ciudad, el Museo de la Memoria
consolida su prestigio institucional con una programación
donde la imaginación no falta a la cita.
(…) El Museo de la Memoria (MUME), inteligentemente
orientado por el arquitecto Elbio Ferrario, diseñó una
temporada anual de enorme interés. Arrancó con dos
propuestas audaces en su formulación conceptual y formal y
una tercera que no lo es tanto. “Deportados” de Roberto Sabán
es una revelación.
(…) De esa peripecia familiar, individual, Roberto Sabán
consigue en “Deportados” trascender hacia lo general la
tragedia de una comunidad perseguida. Para eso, recurre a los
documentos escritos (cartas en caligrafía rashi, hoy ininteligible
por desaparecida) y fotografías familiares, afiches y periódicos
de la época, objetos varios (pasaportes, imágenes fotográficas
de diferentes épocas, partituras de canciones) estudiados con
minuciosa dedicación. Así, va elaborando a través de la técnica
del collage, los fragmentos de una memoria perdida.25
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Mesmo em 2013, aos quarenta anos do golpe no país, pouco se
publicou sobre o museu. Em sete de julho, o jornal trouxe a chamada pública
por parte do MUME para o compartilhamento de experiências vivenciadas
durante a ditadura, caracterizada como os dias de “repressão e resistência”. O
museu havia criado um blog para a troca de informações com a pretensão de
criar um “álbum da memória”. O material também serviria para a realização de
um curta-metragem a ser distribuído em DVD e exibido na televisão.26
Al cumplirse 40 años de aquel hecho, la Fundación Zelmar
Michelini y el Museo de la Memoria convocan a compartir lo
vivido en esos días de represión y resistencia.
Historias y anécdotas protagonizadas directamente o
conocidas por el relato de familiares y amigos.
(...) El blog “A 40 años del golpe” no está pensado como un
mausoleo de héroes ni una asamblea de discusión política sino
como una rueda amigable que reúna nuestra más amplia y
variada memoria democrática.27
Considerações finais
Este trabalho pretendeu enfatizar as reportagens publicadas em jornais
de grande circulação sobre os museus de memória e direitos humanos na
Argentina, Paraguai e Uruguai.
Verificou-se, no caso argentino, pelo jornal Página/12, um amplo espaço
dedicado ao Espacio para la Memoria com reportagens de dimensões diversas,
que, ao longo do tempo, foram consolidando-se não apenas como temática
recorrente, mas também em extensões dentro do próprio jornal, refletindo,
assim, a representação que este possui enquanto temática para o país –
política, social e cultural.
No caso paraguaio, analisou-se o jornal ABC Color e suas reportagens
sobre o Museo de la Memoria: Dictadura y Derechos Humanos. Percebeu-se
que, apesar da menor quantidade relacionada à temática, o jornal dedicou
variadas publicações no setor de política, o que pode indicar a colocação do
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museu em posição de luta pelos direitos humanos e (talvez) pela própria
consolidação destes na sociedade.
Por fim, o caso uruguaio (um tanto prejudicado pela limitação
documental do levantamento no jornal La República) e suas publicações sobre
o Centro Cultural y Museo de la Memoria, verificou-se que, apesar da
dimensão política do diário averiguado, poucas foram as reportagens sobre o
tema, que majoritariamente foram dedicadas à área de cultura do país. Talvez,
a questão no país esteja em tomar esse museu apenas como parte cultural dos
homens e, assim, colocá-lo em sujeição ao que o próprio jornal alega:
Sucede con todos los museos nacionales y municipales: la
escasa o nula difusión no ya de su actividad sino de su mera
existencia. Una situación que perjudica la adecuada
información a la mayor parte de la población que ignora los
servicios culturales a los que puede acceder en un proceder
que no enaltece la calidad democrática ni la transparencia.28
Doutoranda do programa de Pós-Graduação em História Social da Universidade de São Paulo. Bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. Email: [email protected] 1 Lei N°961/2002. In: PIÑEIRO, Cecília. Autonomía y autarquía del Instituto Espacio para la Memoria. In: Memorial Anual del Espacio Memoria, 2006. 2 BRODSKY, Marcelo (Org.). Memoria en construcción: el debate sobre la ESMA. Buenos Aires: La marca editor, 2005. pp.224-225. 3 Para mais informações sobre o Archivo del Horror, ver: GUENA, Márcia. Arquivo do Horror: Documentos secretos da ditadura do Paraguai. São Paulo: Fundação Memorial da América Latina, 1996. 4 Mulher de Martin Almada, Celestina foi forçada a ouvir as torturas contra seu marido e faleceu de um ataque cardíaco. A fundação que leva seu nome foi criada em 1990 com o objetivo de promover o desenvolvimento humano sustentável e os direitos humanos, através de pesquisa e educação. (http://www.martinalmada.org) 5 ALARCON, Daniela; MANDELLI, Bruno. “No Paraguai a memória viva da ‘longa e escura noite de 35 anos”. Revista Adusp, São Paulo, junho 2011, pp.52-56. 6 http://www.martinalmada.org/museo/museo.html 7 Para mais informações sobre a Ley de Caducidad, ver: DELGADO, María M. “Para que el Pueblo decida”: La experiencia del referendum contra la ley de impunidade n Uruguay (1986-1989). Lima: Programa Internacional de Becas en Derechos Humanos, 2000. 8 http://www.museodelamemoria-montevideo.blogspot.com.br/ 9 Altares en 5 esquinas. Página/12, Buenos Aires, 21 de fevereiro de 2002. 10 GINZBERG, Victoria. El Atlético empezó a emerger como testimonio de la represión. Página/12, Buenos Aires, 25 de abril de 2002. 11 GINZBERG, Victoria. Debate sobre qué mostrará, y cómo, el Museo de la Memoria en la ESMA. Página/12, Buenos Aires, 09 de agosto de 2004.
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12 BAUER, Carolina Silveira. Brasil e Argentina: Ditaduras, desaparecimentos e políticas de memoria. Porto Alegre: Medianiz, 2014. p.311. 13 Para “processo desaparecedor”, ver: CALVEIRO, Pilar. Poder e desaparecimento. São Paulo: Boitempo, 2003. 14 Nunca más la Armada en la ESMA. Página/12, Buenos Aires, 02 de outubro de 2007. 15 GINZBERG, Victoria. Los nuevos habitantes de la ESMA. Página/12, Buenos Aires, 24 de março de 2008. 16 FRIERA, Silvina. Un recorrido por la “fábrica de muerte” de la ditadura. Página/12, Buenos Aires, 18 de abril de 2010. La memoria que vive en lugar del horror. Página/12, Buenos Aires, 27 de dezembro de 2010. 17 São julgados 68 acusados de haverem cometido 798 sequestros, torturas e homicídios na ex-Escuela de Mecánica de la Armada. Para mais informações e atualizações sobre a megacausa, ver: http://www.espaciomemoria.ar/index_megacausa.php?cabezal=megacausa&barra=megacausa 18 Comenzó el megajuicio de la Esma. Página/12, Buenos Aires, 28 de novembro de 2012. 19 Un museo para las Malvinas. Página/12, Buenos Aires, 07 de junho de 2014. 20 Atentado contra la dignidad humana no termina de irse. ABC Color, Assunção, 23 de junho de 2003. 21Quieren encargarse de la ex Técnica. ABC Color, Assunção, 10 de Janeiro de 2006. 22 Ex dictador falleció el mismo día en que víctimas inauguran museo. ABC Color, Assunção, 16 de agosto de 2006. 23 Piden apoyo a europeos para el Museo de las Memorias. ABC Color, Assunção, 03 de março de 2006. 24 Falleció Antonio Campos Alum, director de centro detención clandestina stronista. ABC Color, Assunção, 14 de fevereiro de 2012. 25 La hora y la vez del Museo de la Memoria. La República, Montevidéu, 17 de março de 2012. 26 http://www.a40aniosdelgolpe.org/portal 27 Blog a 40 años del golpe. La República, Montevidéu, 07 de julho de 2013. 28 La hora y la vez del Museo de la Memoria. La República, Montevidéu, 17 de março de 2012.