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1 CPPC Notícias da Paz Conselho Português para a Paz e Cooperação Abril/Maio 2011 C entenas de pessoas compare- ceram, ao fim da tarde de dia 23 de Março, na concentração promovida pelo CPPC junto da Em- baixada dos Estados Unidos da América em Lisboa, contra a agressão militar em curso contra o povo líbio. A intervenção militar foi iniciada no dia 18de Março, com bombardea- mento aéreos e navais, no seguimento de uma resolução do Conselho de Se- gurança das Nações Unidas que im- punha uma «zona de exclusão aérea» no país e a «defesa das populações civis». Portugal votou favoravelmente esta resolução nesse órgão da ONU (no qual tem actualmente assento), sendo cúmplice de mais este crime. O envolvimento da NATO nesta op- eração, por mandato da ONU, é já o cumprimento do novo e mais agres- sivo conceito estratégico da aliança, aprovado na Cimeira de Lisboa há apenas quatro meses. Rejeitando as mentiras e mistifi- cações e a hipocrisia dos que levam a cabo a agressão militar, e dos que a apoiam – falando uma vez mais em missão «humanitária» – as centenas de pessoas ali presentes chamavam a atenção para o que está verdadeira- mente em causa: o controlo das im- portantes reservas líbias de petróleo e gás natural e o reforço da presença militar das grandes potências eu- ropeias e dos EUA naquele es- tratégico local, que enfrenta hoje im- portantes movimentações populares de carácter anti-imperialista, de que a Tunísia, o Egipto e o Bahrein são exemplos notáveis. Concentração juntou centenas em Lisboa Não à agressão à Líbia O CPPC participou na grande manifestação nacional de 19 de Março, promovida pela CGTP-IN, repudiando a agressão à Líbia

Notícias da Paz

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Notícias da Paz Abril/Maio 2011

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1 CPPC

Notícias da PazConselho Português para a Paz e Cooperação

Abril/Maio 2011

Centenas de pessoas compare-ceram, ao fim da tarde de dia23 de Março, na concentração

promovida pelo CPPC junto da Em-baixada dos Estados Unidos daAmérica em Lisboa, contra a agressãomilitar em curso contra o povo líbio.A intervenção militar foi iniciada

no dia 18de Março, com bombardea-mento aéreos e navais, no seguimentode uma resolução do Conselho de Se-gurança das Nações Unidas que im-punha uma «zona de exclusão aérea»no país e a «defesa das populaçõescivis». Portugal votou favoravelmenteesta resolução nesse órgão da ONU(no qual tem actualmente assento),sendo cúmplice de mais este crime.O envolvimento da NATO nesta op-

eração, por mandato da ONU, é já ocumprimento do novo e mais agres-sivo conceito estratégico da aliança,aprovado na Cimeira de Lisboa háapenas quatro meses.Rejeitando as mentiras e mistifi-

cações e a hipocrisia dos que levam acabo a agressão militar, e dos que aapoiam – falando uma vez mais emmissão «humanitária» – as centenasde pessoas ali presentes chamavam aatenção para o que está verdadeira-mente em causa: o controlo das im-portantes reservas líbias de petróleo egás natural e o reforço da presençamilitar das grandes potências eu-ropeias e dos EUA naquele es-tratégico local, que enfrenta hoje im-portantes movimentações popularesde carácter anti-imperialista, de quea Tunísia, o Egipto e o Bahrein sãoexemplos notáveis.

Concentração juntou centenas em Lisboa

Não à agressão à Líbia

OO CCPPPPCC participou na grande manifestação nacional de 19 de Março, promovida pelaCGTP-IN, repudiando a agressão à Líbia

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Coube a Filipe Ferreira, da Di-recção Nacional do CPPC, inter-vir na concentração de dia 23.

Após saudar os presentes e as organiza-ções que se juntaram à convocatória dainiciativa, o dirigente do CPPC destacouque se impunha realizar a concentração,que se juntava a «muitas outras quenaqueles dias tiveram lugar um pouco portodo o mundo.Segundo o CPPC, pela voz do seu diri-

gente, «estamos perante mais uma ina-ceitável agressão a um país soberano euma escalada de guerra, de que o povolíbio é a primeira vítima». Para Filipe Fer-reira, «estamos aqui», junto à embaixadados EUA em Lisboa, «porque não nosdeixamos iludir pelas manobras que ten-tam mascarar as profundas responsabili-dades dos Estados Unidos no desencadeardesta agressão. É norte-americano o co-mando militar desta operação, é doAfricom (comando norte americano paraÁfrica), que são controladas as missões deataque contra a Líbia». Ataque que, lem-brou, «é a aplicação prática do novo con-ceito estratégico da NATO, adoptado, No-vembro passado, na Cimeira em Lisboa». Mas, como bem salientou Filipe Fer-

reira, «não minimizamos o papel dos seusaliados da União Europeia e da NATO,onde se destacam a França e o ReinoUnido, obsoletas potências coloniais, nemtão pouco esquecemos a conivência de al-guns governos da região». Nem a posturasubserviente do Governo português...

Campanha de desinformação

O dirigente do CPPC chamou a atençãopara a «desmesurada campanha mediáticade desinformação que tenta criar junto daopinião pública condições para aaceitação de mais esta guerra de agressãoimperialista». Seja qual for a opinião quecada um tenha sobre a natureza eevolução do governo líbio, realçou, «nãopodemos aceitar que esta intervençãotenha alguma vez tido como objectivo pro-teger o povo líbio» – assim como a salva-guarda dos interesses dos povos da Ju-goslávia, do Iraque ou do Afeganistão«não foi a causa das agressões a essespaíses, aliás, tal como a violenta reali-dade aí o está a demonstrar».

Para Filipe Ferreira,«é absurda a argu-mentação de que oobjectivo da agressãoà Líbia é a de salvarou libertar o seu povo,quando, além do mais,ela é proferida por

aqueles que durante anos apoiaram e con-tinuam a apoiar ditaduras, coniventescom o imperialismo, no mundo árabe eem todo o planeta». Por aqueles que du-rante anos «escravizaram povos atravésde impérios coloniais e que hoje tentamperpetuar o seu domínio através de práti-cas neocolonialistas, pelos que se dizempreocupados com o povo da Líbia e calama violenta repressão que ocorre no precisomomento, por exemplo, no Bahrein, noIémene ou de Israel contra o povopalestino».

Razões de um protesto

O dirigente do Conselho da Paz terminouo seu discurso com a reafirmação das razõesque juntaram ali centenas de pessoas, rep-resentando certamente muitos mais que alinão puderam estar. «Estamos hoje aqui paraafirmar que não aceitamos que, uma vezmais, se sacrifique um país e o seu povopara satisfazer interesses alheios». E paraafirmar que «não aceitamos que, a coberto

de mentiras, se procure subjugar pela vi-olência milhões de seres humanos parausurpar os recursos naturais do seu país,garantir o controlo militar e político deuma região em que os interesses do impe-rialismo se vêem eventualmente ameaça-dos pelos legítimos desejos de emanci-pação democrática, de afirmação deautêntica soberania nacional dos povosque a habitam». O CPPC defende asolução pacífica do conflito interno líbio,no respeito pela soberania e integridadeterritorial do país.

Intervenção do CPPC na concentração

Uma guerra contra a verdade

Uma agressão previsívelJá antes de as bombas começarem a cair sobre território líbio o CPPC chamava aatenção para a situação «confusa» que se vivia naquele país e para apossibilidade real de EUA, UE e NATO iniciarem uma agressão militar contra aLíbia. Num comunicado de dia 1 de Março, o CPPC considerava que a«ilegitimidade de uma eventual ingerência e agressão faz evocar, por um lado, aintervenção ilegal da NATO na Jugoslávia e, por outro lado, o apoio efectivo aIsrael e a ausência até mesmo de condenação diplomática pelos EUA, comrespeito aos crimes que hoje mesmo continuam a ser perpetrados contra o povopalestino».Nesse comunicado, o Conselho da Paz denunciava os que, alegando a defesa dosDireitos Humanos, procuravam de facto «defender os seus próprios interessesestratégicos procurando apropriar-se do petróleo e gás natural».

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OCPPC tem acompanhado de perto os acontecimentoque estão a abalar o mundo árabe e tem promovido eparticipado em diversos debates e sessões subordina-

dos a estas complexas temáticas. E tomou desde logo posiçãoacerca delas: num comunicado de 14 de Fevereiro, o Conselhoda Paz congratulava-se com a «histórica vitória do povo egíp-cio» que, três dias antes, derrubara o presidente Mubarak –que transferiu o poder para um Conselho Militar. O CPPC re-alçava ainda o facto de este feito ter sido alcançado por«homens, mulheres, jovens estudantes, trabalhadores e de-sempregados». No comunicado recordava-se que com Mubarak à frente dos

destinos do Egipto foram 30 anos de «repressão, sem liber-dade de expressão ou associação ou reunião, 30 anos de mis-éria e desemprego para o povo, mas de corrupção e obscenoenriquecimento da classe dirigente». Mas também 30 anos de«subserviência a interesses estrangeiros – políticos, económi-cos e militares». Hosni Mubarak, prossegue o comunicado doCPPC, «foi um ditador descartável, apoiado pela UE, Israel eEUA até ao momento em que estes, procurando salvar o essen-cial do regime e a continuação da sua influência e domínio naregião, o sacrificaram». Quase 2 mil milhões de dólares, amaior parte revertendo novamente para os EUA pela compra dematerial de guerra, era o «pagamento anual à ditadura».O CPPC lembrou ainda a «forte repressão que se abateu

sobre as lutas» travadas nesse país, «silenciadas e ignoradaspelas potências amigas do regime e pelos grandes meios de co-

municação ocidentais». Desde 1989 que ocorriam naquelepaís «greves e protestos de trabalhadores, devendo destacar-seo ano de 2008 em que aparece o movimento jovens do 6 deAbril em apoio aos trabalhadores em luta contra o preço dopão». Dez dias antes, a 4 de Fevereiro, o CPPC comentava o lev-

antamento popular em curso naquele país considerando fun-damental que a vontade do povo fosse respeitada, sem in-gerência externa por parte das grandes potências mundiais.Condenou também a «violenta repressão» exercida sobre asmanifestações populares pacíficas.

Bahrein invadido

No dia 17 de Março, o CPPC denunciou a invasão doBahrein por tropas militares estrangeiras, nomeadamente daArábia Saudita e dos Emiratos Árabes , para esmagar as re-voltas populares em curso contra a monarquia. Na ocasião, oCPPC destacava o carácter contrário à lei internacional destainvasão, apelando à intervenção diplomática da ONU para lhepôr fim. Confrontado com fortes protestos populares, o monarca do

Bahrein não encetou qualquer diálogo, recorrendo antes à re-pressão por via das suas forças de segurança. Após declarar oEstado de Emergência, abriu a porta à entrada de tropas es-trangeiras, que ocuparam a capital e causaram um número in-determinado de mortes.

Revoltas árabes

Respeite-se a vontade dos povos

SSeessssããoo em Lisboa DDeebbaattee no Barreiro

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4 notícias da paz

Contra a ocupação e os colonatos

Solidariedade com a Palestina

62 anos de agressão

No dia 4 de Abril, o CPPC evocouos 62 anos de existência daNATO, que inaugurou «com a

agressão à Líbia o seu renovado conceitoestratégico, que foi adoptado 4 meses antesna sua Cimeira de Lisboa». Como já tinhasido alertado, a NATO «provocaria as si-tuações que posteriormente – perante umaopinião pública intencionalmente manipu-lada através de campanhas de desinforma-ção – utilizaria para tentar “justificar” a suaagressão». Nesse comunicado, o CPPC reafirmava o

compromisso (assumido perante as dezenasde milhares que participaram na grandemanifestação Paz Sim! NATO Não!) de con-tinuar a reforçar o movimento pela paz eanti-imperialista, prosseguindo a exigênciade dissolução da NATO.

Jugoslávia

Também os 12 anos do início dosbombardeamentos à Jugosláviaforam assinalados através de um

comunicado emitido no dia 24 de Março. OCPPC lembrou que «sob o pretexto de uma“intervenção humanitária”, à revelia do di-reito internacional, milhares de toneladasde sofisticadas bombas foram lançadassobre o território de um país soberano, pro-vocando imensos prejuízos materiais e eco-nómicos e ceifando a vida a 4 mil pessoas,na sua maioria civis, e deixando mais de 10mil feridas». O CPPC prosseguia acusandoa NATO de «utilizar bombas de fragmen-tação, assim como munições de urânio em-pobrecido que continuam a ter brutais con-sequências ao fim de mais de uma décadae continuarão a ter no futuro».

Guerra do Golfo

Aprimeira Guerra do Golfo, iniciadaem Janeiro de 1991, inaugurou achamada – pelas forças dirigentes

do imperialismo, com os EUA à cabeça –Nova Ordem Mundial. Foi isto que o CPPCafirmou num comunicado de 24 de Janeiro,evocando os 20 anos do início desta agres-são ao Iraque. Na sequência desta guerra,«o Iraque ficou destruído: com as redes sa-nitária, de distribuição de água e eléctricaseriamente danificadas, com a indústria pe-trolífera semi-destruída e paralisada, e teveum número calculado de 200 mil mortesentre soldados e civis».

OCPPC mantém-se activamente solidário com o povo da Palestina na sua lutacontra a ocupação israelita e pela construção do seu Estado independente,soberano e viável. Num comunicado de 21 de Fevereiro, condenou o veto dos

Estados Unidos da América no Conselho de Segurança das Nações Unidas a uma pro-posta de resolução que condenava o início da construção de novos colonatos israelitasnos territórios palestinianos ocupados desde 1967, considerando-os ilegais, e que exi-gia o fim da ocupação. A resolução teve o foto favorável dos restantes 14 membros doConselho de Segurança e foi subscrita por 120 dos 192 países membros das NaçõesUnidas.Para o Conselho da Paz, este «deplorável veto veio, uma vez mais, desmascarar quais-

quer discursos de “boa vontade” da administração norte-americana, que, com este acto,reitera o seu apoio à política colonialista e genocida do governo de Israel, seu cúmplicenos planos de domínio para o Médio Oriente». A hipocrisia da administração Obama«está também patente no seu dúbio posicionamento perante os recentes acontecimentosno mundo árabe, onde os povos de vários países se têm levantado contra regimes opres-sores que durante décadas contaram com o apoio norte-americano».

Atitude «reprovável»

Já no dia 25 de Janeiro, o CPPC repudiara a visita a Portugal de Avigdor Liberman,ministro dos Negócios Estrangeiros israelita e dirigente de um partido que defende aexpulsão da população árabe do território de Israel. A visita realizou-se a convite das au-toridades portuguesas, o que o CPPC qualificou de «reprovável».O Conselho da Paz lamentava ainda que o Governo português, que «não tem tomado

uma atitude firme nas instâncias internacionais pelos legítimos direitos do povopalestino», dê cobertura a um governo que atropela estes direitos. O governo de Israel,acrescenta, «não cumpre o direito internacional e não respeita os Direitos Humanos»,sendo responsável pelo genocídio praticado sobre o povo da Palestina. O que o Governo português deveria fazer, conclui o CPPC, era – no cumprimento,

aliás, da Constituição da República Portuguesa – ter uma «actuação concordante com odireito internacional, com a Carta e Resoluções da ONU no que concerne à questãoPalestina», condenando a criminosa actuação do governo de Israel.

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Durante meses, sempre que na comunicação social se referia acontestação à realização da cimeira da NATO em Portugal e aosseus objectivos dava-se conta da «provável» vinda a Portugal degrupos violentos que fariam da manifestação uma autêntica batalhacampal. O verso da medalha foi as múltiplas reportagens acercados treinos da polícia de intervenção e dos blindados compradosde propósito para a manifestação de 20 de Novembro. Sobre a le-gítima oposição à cimeira e à NATO, pouco ou nada se disse, comomuito poucas vezes se ouviu de viva voz aqueles que a promoveriam– as organizações integrantes da campanha «Paz Sim! NATO Não!».

Assim, aquelas 30 mil pessoas que desceram a Avenida da Li-berdade nesse já histórico 20 de Novembro de 2010 fizeram-norecusando não só a NATO e a cimeira mas também as provoca-ções, intimidações e chantagens com que foram confrontados, di-zendo bem alto que o povo português não quer ser envolvido emguerras de agressão – antes deseja a paz e cooperação entre ospovos e o fim dos blocos político-militares, entre os quais aNATO. Mais uma vez, a combatividade e a serenidade do povo foi mais

forte do que as manobras dos poderosos.

Respondendo presente! ao apeloda campanha «Paz Sim! NATONão!», 30 mil pessoas partici-

param na tarde de 20 de Novembro, emLisboa, na grande manifestação contra aNATO e a cimeira que se realizava apoucos quilómetros dali. Com esta forte participação popular, o

povo português deixou bem claro quequer a retirada das tropas nacionais demissões da NATO e o fim das bases mi-litares estrangeiras e das instalações daaliança em Portugal, ao mesmo tempoque defende a adopção de uma políticaexterna norteada pelos valores inscritosna Constituição da República Portu-guesa, como a paz, a solidariedade e acooperação entre os povos. O fim da cor-rida aos armamentos, o desarmamentonuclear e a dissolução da NATO foramoutras das causas que trouxeram à ruaaqueles milhares de pessoas. Partindo do Marquês de Pombal, os

manifestantes desceram de forma com-bativa e serena a Avenida da Liberdade,concentrando-se na Praça dos Restaura-dores, onde ouviram as várias interven-ções e aprovaram a resolução da mani-festação (ver páginas seguintes). A grande manifestação de 20 de No-

vembro culminou um ano intenso de es-clarecimento e mobilização protagoni-zada pela campanha «Paz Sim! NATONão!», que congregou o que de maisvivo e activo existe no País nas mais va-riadas áreas de intervenção.

Grande manifestação «Paz Sim! NATO Não!»

30 mil que foram a voz de um povo

Enfrentar intimidações e chantagens

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ofinal da grande manifestação deLisboa, o presidente do CPPC,Rui Namorado Rosa, falou às mi-

lhares de pessoas concentradas nos Res-tauradores em nome da Campanha «PazSim! NATO Não!», atestando o papel de-terminante do Conselho da Paz nestaampla plataforma.RRuuii NNaammoorraaddoo RRoossaa saudou as «mais

de cem organizações portuguesas con-gregadas nesta campanha» e as «inú-meras iniciativas e acções de esclareci-mento, que levaram a cabo de Norte aSul do País, no decurso deste ano». Atodos os que ali representavam todasessas organizações, o presidente doCPPC afirmou: «Valeu a pena termosfeito este caminho comum, no respeitopelas nossas especificidades, na basede princípios que partilhamos.» Rui Namorado Rosa guardou ainda

umas palavras de saudação fraternapara o Conselho Mundial da Paz, quese fez representar pela sua presidenteSocorro Gomes, e para as numerosasdelegações de organizações e movi-mentos da paz estrangeiras, que mar-caram presença na manifestação. A manifestação de dia 20 de Novembro,

realçou o presidente do CPPC, significouo «repúdio da NATO, dos objectivos ex-pansionistas e hegemónicos imperiais deque a NATO é o braço armado, em usur-pação e detrimento da soberania de todosos estados e da paz mundial». Mas foitambém, continuou, uma «denúncia dosobjectivos bélicos dos EUA, da políticamilitarista da União Europeia, do anun-ciado exército europeu, de suas missõespara além das fronteiras de cada es-tado».A terminar a sua intervenção, Rui Na-

morado Rosa reafirmou as exigênciasque ali levaram aquela multidão: a reti-rada das forças portuguesas envolvidasem missões militares da NATO: o fimdas bases militares estrangeiras e outrasinstalações e actividades da NATO emterritório nacional; o desarmamento e ofim das armas nucleares e de destruiçãomaciça; a dissolução da NATO e o cum-primento do estipulado na Carta das Na-ções Unidas e da Constituição da Repú-blica Portuguesa.

Uma luta que deveprosseguir

Não foi só o presidente do CPPC quediscursou perante uma Praça dos Res-tauradores completamente cheia – eainda com muitos milhares descendo aAvenida da Liberdade. Antes, GGrraacciieettee CCrruuzz, da Comissão

Executiva da CGTP-IN, considerouestar-se num tempo em que «imperam osinteresses das grandes potências e dogrande capital – conduzindo a uma ofen-siva sem precedentes contra direitos egarantias fundamentais dos trabalhado-res e dos povos e ao incremento dasguerras, das tensões e conflitos». Para adirigente sindical, a participar na ci-meira da NATO estavam precisamenteaqueles que são os «principais respon-sáveis pela situação que vivemos à es-cala global» – naquela ocasião, reunidos«em torno da NATO e ao serviço dos ob-jectivos estratégicos, de domínio domundo, de quem nela determina». Graciete Cruz referiu-se ainda à greve

geral que se realizaria quatro dias depois(com enorme êxito, diga-se, envolvendotrês milhões de trabalhadores), acrescen-

tando que a «roda da história não pára».A luta dos trabalhadores e dos povos,concluiu, é «o motor da transformação so-cial, em ordem a um mundo melhor epossível, de progresso e de paz».HHeelleennaa BBaarrbboossaa, do Comité Nacional

Preparatório do 17.º Festival Mundial daJuventude e dos Estudantes, referiu-se àslutas travadas pelos jovens portuguesesem defesa dos seus direitos – na escola,no trabalho e na vida – realçando que«por todo o mundo a juventude se insurgecontra o rumo que o imperialismo im-prime nas sociedades, resistindo e lu-tando pelo direito à autodeterminação eindependência dos povos, pela democra-cia e pela paz». A juventude, acrescen-tou, «é uma força com grande potencialtransformador, dinâmica e essencial parao desenvolvimento das sociedades». Asua participação na manifestação foiprova disso mesmo. SSooccoorrrroo GGoommeess, presidente do Conse-

lho Mundial da Paz, que se solidarizoucom a Campanha «Paz Sim! NATO Não!»valorizou a impressionante manifestaçãopopular que ali se tinha realizado, ape-lando ao povo português para prosseguira luta contra o imperialismo e a guerra.

Manifestação terminou com discursos

Palavras combativas

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Declaração «Paz Sim! NATO não!»

A NATO é a maior ameaça à Paz!»LLiiddaa,, nnoo ffiinnaall ddaa mmaanniiffeessttaaççããoo,, ppeellaa aacc--

ttrriizz ee ccoommbbaatteennttee ppeellaa PPaazz MMaarriiaa ddoo CCééuuGGuueerrrraa

As organizações da Campanha«Paz sim! NATO não!» e os ci-dadãos e cidadãs participantes

na manifestação «Paz sim! NATO não!»declaram que:11.. A NATO é uma aliança militar agres-

siva que constitui na actualidade a maiorameaça à paz e à segurança internacional;22.. A NATO, apostada em esmagar os

direitos dos povos, violar as soberaniasnacionais e subverter o direito interna-cional, mantém o mundo refém da corridaaos armamentos, da ameaça de guerra edo terror nuclear;33.. A NATO é responsável por crimes

hediondos, pela liquidação de incontá-veis vidas humanas, pela destruição depaíses e de recursos;44.. Enquanto milhares de seres humanos

morrem de fome e de doenças evitáveis e apretexto da crise e do combate ao défice seatacam as condições de vida e os direitosdos trabalhadores, as despesas militaresnão cessam de aumentar – os orçamentosmilitares dos países membros da NATO re-presentam, em conjunto, cerca de 70% dasdespesas militares no mundo;55.. Os grandes responsáveis pela agu-

dização da situação económica e socialao nível nacional e internacional são osmesmos que promovem a corrida aos ar-mamentos, a militarização das relaçõesinternacionais e a guerra;66.. Portugal, membro fundador da NATO

pela mão do regime fascista, mantém-se hámais de sessenta anos dependente destaaliança belicista e dos interesses dos EUAe das grandes potências da União Europeia;77.. O empenho das autoridades portugue-

sas na NATO colide com princípios funda-mentais contidos na Constituição da Repú-blica Portuguesa e na Carta das NaçõesUnidas, de que Portugal é signatário, comoa soberania, independência, não ingerên-cia, não agressão, resolução pacífica dosconflitos, igualdade entre Estados; aboliçãodo imperialismo, do colonialismo e de

quaisquer outras formas de agressão, do-mínio e exploração; desarmamento, dis-solução dos blocos político-militares;88.. Na linha dos anteriores, o actual go-

verno português impõe novos e acresci-dos sacrifícios aos trabalhadores e gastamilhões de euros com a adaptação dasforças armadas portuguesas às exigênciasda NATO e com o envio de militares por-tugueses ao serviço das suas agressões;99.. A defesa da paz e a luta contra a

guerra é parte integrante e condição ne-cessária para assegurar o progresso e ajustiça social dos povos;1111.. A Constituição que consagrou a paz

e que preconiza, por exemplo, que «Todostêm direito ao trabalho», que «Todos têmdireito à segurança social», que «Todostêm direito à saúde», que «Todos têm di-reito a uma habitação», que «Todos têmdireito à educação e à cultura», é a Cons-tituição que não podia deixar de consa-grar que cada povo é soberano e que temo direito de decidir o seu presente e fu-turo;1122.. A conquista da paz pelo povo por-

tuguês está irmanada com luta pela me-lhoria das condições de vida dos traba-lhadores portugueses;1133.. É por ter esta consciência que saú-

dam a grande Greve Geral convocada pelaCGTP-IN para dia 24 de Novembro e con-

vidam todos os trabalhadores e trabalha-doras portugueses a nela participarem;1144.. Valorizando as inúmeras iniciati-

vas, a ampla participação e a profundaexperiência unitária que representa aCampanha em defesa da Paz e contra aCimeira da NATO em Portugal – Cam-panha «Paz sim! NATO não!», assumemo compromisso de continuar a reforçar omovimento pela paz e anti-imperialista,persistindo na sua activa intervenção emprol:• Da oposição à NATO e aos seus ob-jectivos belicistas;

• Da retirada das forças portuguesasenvolvidas em missões militares daNATO;

• Do fim das bases militares estrangei-ras e das instalações da NATO emterritório nacional;

• Da dissolução da NATO;• Do desarmamento e o fim das armasnucleares e de destruição maciça;

• Da exigência do respeito e cumpri-mento da Constituição da RepúblicaPortuguesa e das determinações daCarta das Nações Unidas, pelo di-reito internacional e pela soberaniae igualdade dos povos.

LLiissbbooaa,, 2200 ddee NNoovveemmbbrroo ddee 22001100

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OCPPC está a assinalar os 35 da Constituição daRepública Portuguesa e aderiu à plataforma Juven-tude do Futuro, Constituição do Presente, que pre-

tende chamar a atenção para o que de mais avançado a LeiFundamental consagra. Aprovada em 2 de Abril de 1976, a Constituição da

República Portuguesa mantém, apesar de profundos golpes quejá sofreu ao longo destes anos, um património vasto de direitose garantias que importa recordar em ano de tão expressivoaniversário. Num comunicado emitido pelo CPPC no própriodia 2, lembrava-se que a Constituição, entre outros direitos,«consagrou e consagra também a aspiração do povo portuguêsa viver em Paz com todos os povos do mundo».No seu artigo 7.º, afirma-se que Portugal se rege, nas re-

lações internacionais, pelos princípios da «independência na-cional, do respeito dos direitos do homem, dos direitos dospovos, da igualdade entre os Estados, da solução pacífica dosconflitos internacionais, da não ingerência nos assuntos inter-nos dos outros Estados e da cooperação com todos os outrospovos para a emancipação e o progresso da humanidade», aomesmo tempo que preconiza a «abolição do imperialismo, docolonialismo e de quaisquer outras formas de agressão,domínio e exploração nas relações entre os povos, bem como odesarmamento geral, simultâneo e controlado, a dissolução dosblocos político-militares».

Campanha na rua

No que respeita à campanha, que envolve várias associaçõesjuvenis e movimentos sociais em defesa da Constituição daRepública, realizaram-se já inúmeras acções que lhe deramvisibilidade. A campanha tem como objectivo central divulgare dar a conhecer seu o artigo 70.º, que consagra que os jovens«gozam de protecção especial para efectivação dos seus dire-itos económicos, sociais e culturais», nomeadamente no «en-sino, na formação profissional e na cultura»;«no acesso ao primeiro emprego, no tra-balho e na segurança social»; «no acesso àhabitação»; «na educação física e no de-sporto»; «no aproveitamento dos temposlivres».Os promo-

tores e sub-scritores dac a m p a n h aacreditam edefendem que o25 de Abril «é ummomento marcante dahistória do nosso País e quenão pode ser apenas umamemória longíqua» e com-prometem-se a lutar paraque se cumpra o que a Rev-olução dos Cravos «nostrouxe e que está, em boaparte, ainda inscrito na CRP».

O CPPC integrou o Comité NacionalPreparatório do 17.º Festival Mundialda Juventude e dos Estudantes que serealizou em Dezembro na África do Sul,com a participação de mais de 15 miljovens de todo o mundo. Tendo comolema Derrotemos o Imperialismo, por ummundo de paz, solidariedade e transfor-mação social, aquele que é o maiorevento juvenil anti-imperialista à escalamundial debateu temas tão variadoscomo a guerra e o imperialismo ou osdireitos à educação e a um empregodigno.

Nos 35 anos da Constituição

Defendê-la e cumpri-la

17.ºFMJEna África do Sul

CCoonnsseellhhoo PPoorrttuugguuêêss ppaarraa aa PPaazz ee CCooooppeerraaççããoo Rua Rodrigo da Fonseca, 56 - 2.º 1250-193 Lisboa PortugalTel. 21 386 33 75 / Fax. 21 386 32 21 e-mail: [email protected]

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