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Num trecho de linha férrea próximo da cidade de Paris, apenas um zumbido indica a passagem de um trem de passageiros a quase 300 quilômetros por hora

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Num trecho de linha férrea próximo da cidade de Paris, apenas um zumbido indica a passagem de um trem de passageiros a quase 300 quilômetros por hora. Numa estradinha de terra batida numa fazenda do interior mineiro, uma estrutura barulhenta de carro de bois passa a menos de 5 quilômetros por hora, produzindo um ranger quase sonolento provocado pelo atrito entre a roda de madeira e o eixo de apoio. A única semelhança entre esses dois acontecimentos, converge talvez, para o fato de simplesmente andarem sobre rodas.

Revista Eletrônica de Ciências - Número 19 - Maio / Junho de 2003.

Alberto Cury Nassour

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Mais depressa, mais devagar, milhões de rodas, pequenas ou grandes, funcionam em todo o mundo, transformando a vida em movimento. Um dos principais indicadores do progresso de um país, costuma ser medido pela facilidade com que seus habitantes podem se locomover e transportar os produtos de seu trabalho ou para seu consumo. Em outras palavras: quantas rodas esse país faz girar e com qual rapidez?

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Alberto Cury Nassour

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A mudança que a roda, trouxe para o destino humano é incalculável. Um pouco de aritmética ajudará a explicar tal façanha. Um homem adulto e treinado percorre num dia de caminhada, cerca de 30 quilômetros, e a carga máxima que consegue carregar é cerca de 40 quilos, além do seu próprio peso. Com a domesticação de animais, por volta de 5.000 a.C., a capacidade de carga no lombo de cavalos aumentou para 100 quilos. A tração animal aumentou ainda mais a capacidade de carga para 1.200 quilos puxados por uma carreta de bois. Acredita-se que os egípcios usaram de artifícios como grandes roletes de madeira para transportar por quilômetros, os enormes blocos de granito e de pedra para a construção das pirâmides, inventando também o que se chama hoje de rota de transportes, ou simplesmente estradas.

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Sem a roda, o homem não iria muito longe. As quatro principais fontes de energia que o homem utiliza para sua existência são fundamentadas na roda: a água, a energia elétrica, o animal e o vento. O simples carrinho de mão inventado pelos chineses, cerca de 200 a.C., conduz sete vezes mais carga do que o ombro humano. A bicicleta criada na França em 1645, permitia velocidades até três vezes maiores do que a de um homem caminhando pausadamente

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Alberto Cury Nassour

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Além de revolucionar os meios de transportes, a roda possibilitou outro grande salto para a tecnologia – o movimento controlado por rotação. Na Mesopotâmia, há milhares de anos, os primeiros discos de madeira usados pelo homem para trabalhar o barro, talvez tenha sido uma das primeiras criações empregando a roda no sentido explícito da palavra. No século XIV, apareceram simultaneamente em diferentes regiões da Europa, como França e Inglaterra, as primeiras rodas de tecelagem enxertadas com finas agulhas para desfiar o algodão.

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Alberto Cury Nassour

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Desde então, novos engenhos baseados no mesmo princípio não pararam de surgir, porém, cada vez mais complexos. Aproveitando a descoberta de que uma roda de maior diâmetro leva mais tempo para dar uma volta completa do que uma roda pequena, o homem também descobriu a teoria da velocidade centrípeta. Inventaram-se os relógios com rodas dentadas que até hoje encantam as mais belas catedrais do mundo todo; as máquinas a vapor; a locomotiva e o automóvel.

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Alberto Cury Nassour

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Na antiga Grécia, os gregos tinham o costume de se reunir em amplos espaços abertos para falar de temas comuns, um ponto de encontro para os habitantes da cidade que necessitavam discutir toda sorte de temas, desde julgamentos civis a simples notícias; a este amplo espaço, denominou-se o ágora. A partir do séc. VII a.C., com a introdução da moeda como meio de troca, o ágora grego passou também a ter uma função mercantil, tornando-se um grande mercado, uma feira ao ar livre, para onde concorriam todos aqueles que queriam comprar e vender seus produtos.

Visión Global y Reflexiones. Consideraciones TeóricasTereza Cristina Malveira de Araujo

Angela Maria Gabriella Rossi

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Também funcionava como espaço para jogos e festas populares e ponto de encontro de filósofos com seus discípulos. O ágora reunia em um só lugar diversas atividades urbanas importantes, o social, o político, o lazer e a educação. Com o tempo, a sociedade tornou-se cada vez mais complexa, a sofisticação tomou conta de diversas atividades urbanas e o ágora ficou pequeno. Criaram-se assembleias para as atividades políticas, teatros para o lazer, estádios para os jogos e escolas para a educação. (Mumford, 1982).

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Angela Maria Gabriella Rossi

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Dois mil anos depois de Cristo, nos deparamos com o ressurgimento do ágora, não mais um espaço ao ar livre, mas sim um espaço virtual. Mitchell (1996) descreve a Internet como o novo “ágora eletrônico”, espaço virtual, local para reunião de todos os cidadãos do mundo, espaço para comércio, para luta pelos direitos do homem, para educação, lazer, socialização e trabalho. O novo “ágora eletrônico” agora responde pela alcunha de Ciberespaço. Mitchell descreve o Ciberespaço como um ambiente; não um lugar em particular mas sim todos os lugares ao mesmo tempo.

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Angela Maria Gabriella Rossi

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Neste ambiente, somos colocados frente a frente de forma não presencial, podemos nos ver e ouvir, podemos inclusive revisar o mesmo desenho digital ou fazer anotações sobre um bloco de notas virtual. Estamos presentes, nossa presença não é sentida, mas sim, pressentida. Já não é mais a distância que nos cerceia, a informação está à distância da ponta de nossos dedos. Através de modernas técnicas de comunicação eletrônica, estudantes podem interagir com outros colegas e professores de outras instituições. Da mesma forma que muitos já não necessitam se deslocar de suas casas para trabalhar. O trabalho remoto ou teletrabalho abre novas possibilidades laborais e cria novas relações de trabalho e convivência.

Visión Global y Reflexiones. Consideraciones TeóricasTereza Cristina Malveira de Araujo

Angela Maria Gabriella Rossi

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Desta forma, a noção de tempo e de espaço fica totalmente alterada na virtualidade. Mais do que isso, a informação está disponível para todos.

A nova dinâmica técnico-social da cibercultura instaura assim, não uma novidade, mas uma radicalidade: uma estrutura midiática ímpar na história da humanidade onde, pela primeira vez, qualquer indivíduo pode, a priori, emitir e receber informação em tempo real, sob diversos formatos e modulações, para qualquer lugar do planeta e alterar, adicionar e colaborar com pedaços de informação criados por outros.

Mesa : “Redes: criação e reconfiguração”, São Paulo, Itaú Cultural, agosto de 2005.

André Lemos

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Não há segurança, nem moral, nem material, no universo eletrônico. Ele é, sem dúvida, a ferramenta mais importante inventada pelo homem depois da roda. Mas é um instrumento, nada mais do que isso.

Carlos Heitor ConyFolha de São Paulo, 20 de maio de 2010

Como a roda, a informática está gerando uma nova civilização. É o início de uma nova era, além e acima do admirável mundo novo, que já está defasado. De seis em seis meses, o mundo novo se torna mais admirável e complexo, diluindo responsabilidades e anulando o indivíduo, que nada tem de admirável, mas lamentável. Como a RODA, a INTERNET apenas nos FACILITA o caminho. MAS NÃO NOS APONTA UM DESTINO.

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Foucault em relação aos meios de comunicação de massa declara: “Sonho com uma nova era de curiosidade. Temos os meios técnicos para tanto; o desejo está aí; as coisas a serem conhecidas são infinitas; existem as pessoas que podem se empregar nesta tarefa. De que sofremos, então? De muito pouco: de canais que são muito estreitos, frágeis, quase monopolistas, insuficientes. Não há razão em adotar uma atitude protecionista, de impedir a “má” informação de invadir e sufocar a “boa”. Ao contrário, devemos multiplicar os caminhos e as possibilidades de idas e vindas.”

Revista FAMECOS • Porto Alegre • nº 16 • dezembro 2001

Paulo Vaz

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O sonho de Foucault era a multiplicação dos canais e a ausência do lugar de verdade daquele que julga o que é bom ou ruim para a humanidade. Até porque os canais limitados de produção e difusão se legitimam por ocuparem o lugar daquele que sabe o que é o bem comum. A multiplicação do que pode despertar a curiosidade viria de par com a crítica da verdade. E, inversamente, ao existir um meio técnico que propicia a multiplicação de caminhos e mensagens, deveríamos – especialmente se olharmos o presente armado com teorias do passado e não com suas questões – lutar contra todos aqueles que temem ou mesmo problematizam o excesso.

Revista FAMECOS • Porto Alegre • nº 16 • dezembro 2001

Paulo Vaz

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A resposta a esta pergunta está em discussão no mundo todo, na verdade, a grande polêmica neste sentido é se deve ou não haver pessoas que apontem o destino de cada um.

17/ 05/ 2013 - 03h45

Criador da web elogia Brasil por projeto que vai regular a internet MARCO AURÉLIO CANÔNI CO DO RIO

"O Brasil está liderando o mundo com seu Marco Civil da Internet, então para mim é uma honra estar aqui neste momento histórico, apoiando quem está fazendo isso."

Foi assim que o inglês Tim Berners-Lee, 57, o criador da World Wide Web, manifestou seu apoio ao projeto de lei brasileiro que pretende ser a "Constituição da internet".

O projeto prevê a neutralidade da rede (pacotes de serviço iguais a todos os clientes e mesma velocidade de acesso a todos os sites), a privacidade a seus usuários e a liberdade de expressão on-line.

Apu Gomes - 20.jan.2009/Folhapress

Tim Berners-Lee na abertura do Campus Party 2009

Berners-Lee falou com a mídia brasileira na conferência internacional WWW 2013, um dos maiores eventos de tecnologia do mundo, promovido pela primeira vez no Brasil, no Rio, nesta semana.

"Muitos países estão fazendo esforços em prol da neutralidade da rede, mas o Brasil lidera com o Marco Civil, porque ele olha a questão pelo ângulo correto, que é o dos direitos civis", disse o físico britânico, que deu entrevista ao lado do deputado federal Alessandro Molon (PT-RJ ), relator do projeto de lei.

A proposta foi colocada em consulta pública e recebeu mais de 2.300 colaborações. Agora, aguarda votação no Congresso Nacional.

"Acreditamos que o Marco Civil pode ser uma referência não só em termos de legislação de internet, mas de processo legislativo com participação popular", disse Molon. "Hoje em dia, a internet precisa de uma lei para garantir que ela

Vejam o que diz o físico britânico Tim Berner-Lee.

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Esse sim, depende de nós. Agora estamos em casa, e a discussão deve ser

feita por nós, e as orientações para o uso da Web são nosso dever hoje.

O livro “Nascidos na era Digital” de Palfrey e Gasser.

Internet vira parte da rotina de quem tem pelo menos 50 anos Faixa etária tem maior expansão no uso da web no país, diz IBGE

MARIANA SALLOWICZDO RIO

A internet já faz parte da rotina da pensionista Alzira Augusto Araújo, 71. Há dois anos, no entanto, ela mal sabia ligar o computador. Pela rede social, troca mensagens, vê atualizações e mantém o contato com os filhos, netos e irmãos.

Alzira está entre os brasileiros com 50 anos ou mais que passaram a usar a rede recentemente. O total de pessoas que acessam a internet nesse perfil disparou 222% de 2005 para 2011, a maior alta entre as faixas de idade.

No período, o crescimento dos internautas entre toda a população analisada --com dez anos ou mais-- ficou em 144%. Apesar dessa elevação, 53,5% dos brasileiros ainda não utilizavam a internet há dois anos.

O estudo, feito com base na Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), foi divulgado ontem pelo IBGE.

Os entrevistados foram questionados se tinham acessado a internet nos três meses que antecederam o levantamento.

"O Brasil ainda não conseguiu resolver a questão do acesso, mas isso está bem encaminhado. Os números são positivos, reflexo do aumento da renda e do barateamento dos equipamentos", afirma Marcelo Coutinho, professor da EAESP-FGV.

MENOS INSERIDOS

A maior inserção dos mais velhos ocorre com o crescimento do uso da tecnologia. "Há cada vez mais a necessidade de se utilizar a internet, seja para fazer a declaração do Imposto de Renda, seja para acessar serviços bancários", diz Cimar Azeredo, coordenador da pesquisa.

Assim como muitos idosos, Alzira, que mora em São Paulo, vê a internet como uma companhia. O ingresso na rede foi logo após a morte do marido. "Sentia-me solitária. Agora consigo ver o que meus filhos e netos estão fazendo, trocamos mensagens."

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O acesso digital com dispositivos móveis, como celulares e tablets, já não é mais ação solitária como as que se realizam com os computadores de mesa e que impedem a mobilidade física. Ambos, tornaram-se meio de comunicação coletiva, uma tecnologia social, e os internautas tornaram-se móveis, como o dispositivo que medeia a relação entre a realidade virtual e a realidade concreta.

Internet na Educação: a escola como espaço híbrido – emInformática e telemática na Educação – Volume 1.

Mirza Seabra Toschi

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O celular já excedeu o número de computadores pessoais no mundo e a comunicação via voz tem sido a função do celular menos utilizada pelos jovens em grande parte dos países, em especial no Japão, o que aponta que isso também venha a ocorrer no Brasil.

Estes aparelhos móveis vão junto com as crianças e jovens para a escola. Isso já bastava para ser considerado como um dispositivo que já chegou às escolas. Se a escola tem proibido seu uso é porque já está presente nela, incomoda os professores, dificulta o andamento das aulas, porque os estudantes burlam as regras e o usam independentemente das proibições.

Internet na Educação: a escola como espaço híbrido – emInformática e telemática na Educação – Volume 1.

Mirza Seabra Toschi

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Os novos materiais que ainda são subterrâneos à escola e à sala de aula, como a Internet, que é acessada por meio de celular, tablets, o próprio computador, ou qualquer dispositivo tecnológico, são usados pelos jovens que estão nas escolas hoje, tanto na Educação Básica, como no Ensino Superior. Vivenciam essa situação há tempos, e essa familiaridade com as tecnologias alterou sua sociabilidade, afetividade e FORMA de APRENDER.

Internet na Educação: a escola como espaço híbrido – emInformática e telemática na Educação – Volume 1.

Mirza Seabra Toschi

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Hoje, o professor transmite informações para os alunos, o que impossibilita o diálogo e a interação, mantendo os alunos como meros receptores da informação, sem nenhuma possibilidade de interlocução. Ainda hoje, acreditamos no dom da fala, acreditamos que alguns nasceram predestinados a falar, a pregar e outros, a ouvir. E assim, teremos aqueles que sempre falam e aqueles que sempre constituem a plateia. Reverter essa crença é difícil, porque implica abrir mão do lugar detentor da verdade, permitir a fala do outro.

Novas tecnologias da informação e da comunicação; novas estratégias de ensino/aprendizagem.

Juliane Corrêa

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Inicialmente, o professor precisará distinguir "ferramenta" de "interface". Ferramenta é o utensílio do trabalhador e do artista empregado nos ofícios e nas artes. A ferramenta realiza a extensão do músculo e da habilidade humana na fabricação ou na arte. Interface é um termo que na informática e na cibercultura ganha o sentido de dispositivo para encontro de duas ou mais faces em atitude comunicacional, dialógica ou polifônica.

Internet na escola e inclusãoMarco Silva

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A ferramenta opera com o objeto material e a interface é um objeto virtual. A ferramenta está para a sociedade industrial como instrumento de fabricação, de manufatura. A interface está para a cibercultura como espaço on-line de encontro e de comunicação entre duas ou mais faces. É mais do que um mediador de interação ou tradutor de sensibilidades entre as faces. Isso sim seria "ferramenta", termo inadequado para exprimir o sentido de "ambiente", de "espaço" no ciberespaço ou "universo paralelo de zeros e uns“.

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Na cibercultura, ocorre a transição da lógica da distribuição (transmissão) para a lógica da comunicação (interatividade). Isso significa modificação radical no esquema clássico da informação baseado na ligação unilateral emissor – mensagem – receptor:

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a) o emissor não emite mais, no sentido que se entende habitualmente, uma mensagem fechada, mas sim, oferece um leque de elementos e possibilidades à manipulação do receptor;

b) a mensagem não é mais "emitida", não é mais um mundo fechado, paralisado, imutável, intocável, sagrado, é um mundo aberto, modificável na medida em que responde às solicitações daquele que a consulta;

c) O receptor não está mais em posição de recepção clássica, é convidado à livre criação, e a mensagem ganha sentido sob sua intervenção.

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Na perspectiva da interatividade, o professor pode deixar de ser um transmissor de saberes para converter-se em formulador de problemas, provocador de interrogações, coordenador de equipes de trabalho, sistematizador de experiências e memória viva de uma educação que, em lugar de prender-se à transmissão, valoriza e possibilita o diálogo e a colaboração.

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Os fundamentos da interatividade podem ser encontrados em sua complexidade nas disposições da mídia on-line. São três basicamente:a)Participação – intervenção: participar não é apenas responder "sim" ou "não" ou escolher uma opção dada, significa modificar a mensagem;b)bidirecionalidade – hibridação: a comunicação é produção conjunta da emissão e da recepção, é co-criação, os dois polos codificam e decodificam;c)permutabilidade – potencialidade: a comunicação supõe múltiplas redes articulatórias de conexões e liberdade de trocas, associações e significações.

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Estar on-line não significa estar incluído na cibercultura. Internet na escola não é garantia da inserção crítica das novas gerações e dos professores na cibercultura. O professor convida o aprendiz a um site, mas a aula continua sendo uma palestra para a absorção linear, passiva e individual, enquanto o professor permanece como o responsável pela produção e pela transmissão dos "conhecimentos".

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Professor e aprendizes experimentam a exploração navegando na Internet, mas o ambiente de aprendizagem não estimula fazer do hipertexto e da interatividade próprios da mídia on-line uma valiosa atitude de inclusão cidadã na cibercultura. Assim, mesmo com a Internet na escola, a educação pode continuar a ser o que ela sempre foi: distribuição de conteúdos empacotados para assimilação e repetição.

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De que modo traduzir as três exigências da cibercultura em prática docente, em aprendizagem significativa? Cada professor, com seus aprendizes, pode criar possibilidades, as mais interessantes e diversas. É tempo de criar e partilhar on-line soluções locais. É tempo, até mesmo, de reinventar a velha sala de aula presencial "infopobre" a partir da dinâmica hipertextual e interativa das interfaces on-line.

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A dinâmica e as potencialidades da interface on-line permitem ao professor superar a prevalência da pedagogia da transmissão. Na interface, ele propõe desdobramentos, arquiteta percursos, cria ocasião de engendramentos, de agenciamentos, de significações. Ao agir assim, estimula que cada participante faça o mesmo, criando a possibilidade de co-professorar o curso com os aprendizes.

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Em lugar de guardião da aprendizagem transmitida, o professor propõe a construção do conhecimento disponibilizando um campo de possibilidades, de caminhos que se abrem quando elementos são acionados pelos aprendizes. Ele garante a possibilidade de significações livres e plurais, e, sem perder de vista a coerência com sua opção crítica embutida na proposição, coloca-se aberto a ampliações, a modificações vindas da parte dos aprendizes. Assim, ele educa na cibercultura. Assim, ele constrói cidadania em nosso tempo.

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