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Anais Eletrônicos do IX Congresso Brasileiro de História da Educação João Pessoa Universidade Federal da Paraíba 15 a 18 de agosto de 2017 ISSN 2236-1855 666 O BAIRRO, A FÁBRICA E A ESCOLA: A RESSIGNIFICAÇÃO DE UM ESPAÇO PÚBLICO PELA INSTALAÇÃO DO COLÉGIO PEDRO II EM REALENGO Daniel Vilaça dos Santos 1 Desde as últimas três décadas, a História da Educação como campo de estudos e pesquisas espelha uma intensa dinâmica de revisão diametral. Tal inclinação revisionista traz assertividade à produção do campo no que se refere à renovação de suas filiações, pertenças e critérios de inteligibilidade: despontam novos loci discursivos, objetos e fontes de pesquisa alinhados a perspectivas historiográficas precisas (NÓVOA, 1996; FALCON, 2006; GATTI JÚNIOR, 2007). Dentre essas perspectivas, destaca-se uma tendência histórico-cultural (XAVIER, 2011, 20; 33-37) que decorre da École des Annales, assimilando-lhe o comprometimento com uma historiografia que se interessa por aspectos econômicos, culturais e geográficos do escopo social. O influxo da referida tendência pluraliza o campo empírico. Busca-se a não homogeneização de sujeitos, ações e processos passados para que se consiga compreender a sua complexidade. A orientação macroestrutural da dinâmica prevalecente é contestada, o que implica no desinteresse pela problematização de processos educativos como se os mesmos reproduzissem pari passu as conjunturas políticas e sociais que os precedessem e cercassem. Desfralda-se a cena escolar de outras épocas, de modo que temáticas até então intocadas são transformadas em objetos de operação historiográfica. É o caso da cultura e do cotidiano escolares, da organização e do funcionamento interno das escolas, da construção do conhecimento escolar, dos componentes curriculares, dos sujeitos educacionais (corpos diretivo, docente, discente e técnico-administrativo), da imprensa pedagógica, dos livros didáticos e toda a sorte de elementos materiais arrolados pelo ensino-aprendizagem (peças de mobília, uniformes, cadernos, cadernetas de frequência, diários de classe, fichas de registros de assentamentos, entre outros). Em meio às temáticas supracitadas, identifica-se um relevante interesse pelo exame da história das instituições educativas por sua simbologia, ideologia e materialidade, o que suscita a constituição de um domínio específico no âmbito da História da Educação em seu processo de renovação como campo de pesquisa. O importante desenvolvimento desse 1 Colégio Pedro II/ PPGE-UFRJ.

O BAIRRO, A FÁBRICA E A ESCOLA: A RESSIGNIFICAÇÃO DE UM

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Anais Eletrônicos do IX Congresso Brasileiro de História da Educação João Pessoa – Universidade Federal da Paraíba – 15 a 18 de agosto de 2017

ISSN 2236-1855 666

O BAIRRO, A FÁBRICA E A ESCOLA: A RESSIGNIFICAÇÃO DE UM ESPAÇO PÚBLICO PELA INSTALAÇÃO DO COLÉGIO PEDRO II EM REALENGO

Daniel Vilaça dos Santos1

Desde as últimas três décadas, a História da Educação como campo de estudos e

pesquisas espelha uma intensa dinâmica de revisão diametral. Tal inclinação revisionista traz

assertividade à produção do campo no que se refere à renovação de suas filiações, pertenças e

critérios de inteligibilidade: despontam novos loci discursivos, objetos e fontes de pesquisa

alinhados a perspectivas historiográficas precisas (NÓVOA, 1996; FALCON, 2006; GATTI

JÚNIOR, 2007). Dentre essas perspectivas, destaca-se uma tendência histórico-cultural

(XAVIER, 2011, 20; 33-37) que decorre da École des Annales, assimilando-lhe o

comprometimento com uma historiografia que se interessa por aspectos econômicos,

culturais e geográficos do escopo social.

O influxo da referida tendência pluraliza o campo empírico. Busca-se a não

homogeneização de sujeitos, ações e processos passados para que se consiga compreender a

sua complexidade. A orientação macroestrutural da dinâmica prevalecente é contestada, o

que implica no desinteresse pela problematização de processos educativos como se os

mesmos reproduzissem pari passu as conjunturas políticas e sociais que os precedessem e

cercassem. Desfralda-se a cena escolar de outras épocas, de modo que temáticas até então

intocadas são transformadas em objetos de operação historiográfica. É o caso da cultura e do

cotidiano escolares, da organização e do funcionamento interno das escolas, da construção do

conhecimento escolar, dos componentes curriculares, dos sujeitos educacionais (corpos

diretivo, docente, discente e técnico-administrativo), da imprensa pedagógica, dos livros

didáticos e toda a sorte de elementos materiais arrolados pelo ensino-aprendizagem (peças

de mobília, uniformes, cadernos, cadernetas de frequência, diários de classe, fichas de

registros de assentamentos, entre outros).

Em meio às temáticas supracitadas, identifica-se um relevante interesse pelo exame da

história das instituições educativas por sua simbologia, ideologia e materialidade, o que

suscita a constituição de um domínio específico no âmbito da História da Educação em seu

processo de renovação como campo de pesquisa. O importante desenvolvimento desse

1 Colégio Pedro II/ PPGE-UFRJ.

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domínio corrobora para a investigação de especificidades de fenômenos educativos

circunscritos ao perímetro de diferentes regiões, cidades e municípios. Nessa direção, Werle,

Britto e Colau (2007, p. 148) afirmam que o investimento na “história das instituições

escolares [...] fomenta uma renovação metodológica e teórica ao instigar trabalhos que

discutem as relações dialéticas entre o universal e o particular”. No que concerne à

constituição de conhecimento histórico-crítico, Gatti Júnior (2007) dialoga com Magalhães

(1996) e esclarece que a riqueza dessa temática reside em sua capacidade de subsidiar e

patentear a identidade histórica específica de uma dada instituição escolar:

compreender e explicar a existência histórica de uma instituição educativa é, sem deixar de integrá-la na realidade mais ampla que é o sistema educativo, contextualizá-la, implicando-a no quadro de evolução de uma comunidade e de uma região, é por fim sistematizar e (re)escrever-lhe o itinerário de vida na sua multidimensionalidade, conferindo um sentido histórico (GATTI JÚNIOR, 2007, p. 183).

Ao comungar dessas ideias, este trabalho segue o lastro da matriz interpretativa de

cunho histórico-cultural e admite que estudos inscritos no perímetro da História das

Instituições Educativas não podem passar ao largo das orientações acima. Nesse sentido, este

texto propõe-se a refletir a respeito da criação de uma unidade do Colégio Pedro II (CPII) no

bairro de Realengo, na Zona Oeste do Município do Rio de Janeiro, entre os anos de 2001 e

2008. Ele é dividido em duas partes. Na primeira, apresenta-se o histórico da implantação da

unidade de ensino como uma iniciativa de um movimento de moradores do bairro e cercanias

para o reaproveitamento das instalações de uma fábrica desativada. Na segunda parte,

examina-se a configuração bairro/fábrica/escola, por intermédio da análise documental

(FARIA FILHO, 1998) e iconográfica (MAUAD, 2004) que apresenta os elementos

necessários para uma possível compreensão a respeito da transformação da fábrica em

escola. Para tanto, são mobilizados os conceitos de espaço, lugar, bairro e região (CERTEAU,

2013; 2014).

Um projeto de escola para uma região

A “pré-história” da efetiva instalação do Colégio Pedro II em Realengo toma fôlego no

ano de 2001, por uma iniciativa capitaneada por moradores de seu bairro-sede e suas

cercanias. O referido preâmbulo é desencadeado no mês de junho, no momento em que um

grupo de indivíduos decide procurar o CPII, em uma de suas unidades no bairro de São

Cristóvão, na Zona Central, munido da intenção de reaproveitar uma área de

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aproximadamente 55.000 metros quadrados em seu bairro para a abertura de uma nova

unidade de ensino.

O referido intento vem no bojo de um plano de correção de uma expressiva debilidade

concernente à oferta de matrículas públicas de Ensino Médio, assim como para o

beneficiamento de um espaço público que se encontrava ocioso e abandonado há 24 anos, à

época. A notória necessidade de ampliar o número de matrículas públicas estava respaldada

em um levantamento entabulado por um movimento de natureza associativa, com o

propósito de atrair educação gratuita e de qualidade para os filhos da região.

Surgido em 08/08/1983, em um Brasil que se empenhava para a implementação da

democracia e do estado de direito, tal agrupamento é denominado “Movimento Pró-Escola

Técnica em Realengo” (RODRIGUES, 2012). O nome do movimento revela uma opção inicial

pelo estabelecimento de uma instituição escolar secundária que estivesse voltada para a

formação profissional e, por decorrência, para a integração de seus concluintes no mercado

de trabalho. De fato, essa foi, por vários anos, a principal demanda do movimento junto às

autoridades competentes. Entretanto, como se visse cada vez mais distante do resultado

esperado, o movimento decide reordenar seus dispositivos para que suas formas de

sociabilidade (CHARTIER, 1991) fossem renovadas pela interlocução com uma escola de

tradição pronunciada.

Assim é que a região de Realengo atinge o CPII, fato que se deve não apenas aos seus

resultados de excelência, mas, sobretudo, ao estofo histórico que a mesma soube incrustar

como ponto de referência na memória dessa coletividade (POLLAK, 1989). O CPII vem a ser

a primeira instituição de ensino secundário a ser estruturada no Brasil. O CPII foi fundado há

mais de um século e meio sob a insígnia de instituição modelar, inspirada na educação

clássica francesa, como parte de um amplo projeto civilizatório que consistia em reunir e

formar as elites, além de orientar a estruturação de seus congêneres em todo o país

(NEEDELL, 1993; CUNHA JUNIOR, 2008). O projeto de escola para a Zona Oeste baseia-se,

portanto, em uma tradição inventada (HOBSBAWM, 2006, p. 9), que é endossada ano após

ano quer por quem configura o CPII, quer por quem deseja fazer parte dessa configuração

(ELIAS, 2008).

Para além do reconhecimento do valor propositivo da educação, o empenho do

“Movimento Pró-Escola Técnica em Realengo” revela também seu intuito de ressignificar

parte da história e da identidade do bairro de Realengo e adjacências. Essa região deve parte

de sua estruturação e aparelhamento à tradição de sediar aquartelamentos e instituições

militares, tradição essa que se constitui a partir de 1850. A área ociosa que se deseja

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reaproveitar encerra um interesse que remonta aos primórdios da fabricação de pólvora e

artefatos bélicos no Brasil, no século XIX (VIANA, 2010; 2016).

O espaço dotado de potencial transformador é parte da Fábrica de Cartuchos do

Exército (doravante FCE), um conjunto de prédios cuja pedra fundamental é lançada em

1874, em uma cerimônia que conta com a presença de D. Pedro II, o Imperador do Brasil.

Vinte e três anos depois, os geradores da FCE, já a pleno vapor, possibilitam a instalação de

iluminação elétrica em sua circunvizinhança, em parte delineada pelo Exército para abrigar o

efetivo da fábrica. Tamanha realização, quase uma interpresa, representa uma importante

inovação para a época, mormente para a tão distante região do centro do Rio de Janeiro,

outrora chamada de “sertão carioca” (VIANA, 2010; 2016).

Abandonada desde sua extinção no final dos anos de 1970, a FCE adorna-se de práticas

não reconhecidas por seus arredores, tendo em vista a instabilidade que as mesmas geram

para a circulação de moradores e transeuntes, principalmente quando crianças e jovens.

Pode-se afirmar que também aí reside o ímpeto de ressignificação que mobiliza a

comunidade. Constatada a intranquilidade, o “Movimento Pró-Escola Técnica em Realengo”

une-se a lideranças políticas locais e, por esse viés, conquista a positivação do tombamento2

do espaço da fábrica como patrimônio histórico. Na sequência, diligencia igualmente a

legalização da conversão da fábrica para finalidades de ensino, o que dissolve as especulações

comerciais e imobiliárias que rondam o espaço abandonado (HALAC, 2010?).

A ideia de abrir uma nova unidade é amadurecida por dois anos pela Direção Geral do

CPII, sendo a sua assimilação creditada igualmente a um desejo de ressignificação. O intento

dos moradores da Zona Oeste encontra o CPII sob certa estagnação, fruto de alguns anos de

políticas educativas de pouca envergadura. Por estagnação, entenda-se a insuficiência de

recursos materiais e humanos, traduzida em importantes perdas didático-pedagógicas.

Nesse contexto, infere-se que expandir a rede de unidades pode suscitar a visibilidade

necessária à dissolução do problemático quadro de estagnação. Essa previsão, por sinal, é

proveniente de uma meta formulada no final dos anos de 1980, como parte de um plano

diretor de longo prazo, cujo lema era “O Futuro Velho Colégio Pedro II”. Além de oxigenar as

atividades de ensino, esse plano sugere que a instituição diversifique seu espectro de ação,

debruçando-se de modo mais assertivo sobre atividades de pesquisa, extensão e cultura

(CHOERI, 20?). A criação de uma unidade em uma região menos privilegiada do Rio de

2 Lei Municipal nº 1.962, de 04 de maio de 1993, ratificada pelo Decreto Municipal nº 13.679, de 15 de fevereiro de 1995.

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Janeiro passa, então, a ser vista como uma espécie de êmbolo propulsor da dimensão que

pode capacitar o colégio a enfrentar os desafios postos pelos próximos séculos.

Com efeito, o espaço destinado ao projeto de nova unidade de Realengo apresenta as

características necessárias para transformar o “velho CPII” em um “colégio do futuro”. Além

da iniciativa popular e da importância histórica da FCE, a conjuntura recém-formada na

esfera federal é favorável à ratificação dos esforços empreendidos por esse projeto, pelas

medidas que se visa empreender em prol da melhoria da qualidade da educação e da

equalização de oportunidades de desenvolvimento econômico, social e cultural. A partir dessa

linha de raciocínio, a Direção Geral do CPII decide transigir em favor de sua expansão,

independentemente da discordância de parte de sua comunidade, que reclama a correção de

distorções no aparelhamento da rede já existente.

Sem poder fazer jus às primeiras ações do governo federal, que visam à inserção de

jovens e adultos no mercado de trabalho pela educação tecnológica, a Unidade Experimental

de Realengo é levada a efeito por intermédio de um convênio com a Secretaria Municipal de

Educação. De modo geral, esse convênio prevê que a Prefeitura revitalize as ruínas da FCE ‒ a

essa altura já incorporada ao patrimônio do CPII ‒, e que 50% das vagas do concurso de

alunos sejam reservadas para candidatos da rede municipal. Nesses termos, a unidade

começa a funcionar de forma improvisada no prédio da Escola Municipal Gil Vicente, situada

a 700m3 da entrada principal da FCE, exatamente na mesma rua

4, no dia 06 de abril de

2004, no terceiro turno, com 186 alunos divididos em 06 turmas de primeira série do Ensino

Médio. Esse contingente é atingido após a realização de um certame extemporâneo e especial,

o qual reúne vinte questões objetivas sobre conteúdos de Língua Portuguesa e de Matemática

(HALAC, 2010?).

Contudo, ao final de 2004 a Prefeitura opta por descontinuar o sobredito convênio. Em

contrapartida, os moradores de Realengo solicitam que o colégio abra turmas em horário

diurno. Ainda sem uma sede e sob o risco de encerrar suas atividades, a unidade aloja-se por

um ano no centro comunitário da Paróquia São José, situado no bairro circunvizinho de

Magalhães Bastos. Em nova estrutura improvisada, a unidade aumenta seu efetivo, mantém

o curso noturno e implanta o turno vespertino (HALAC, 2010?).

Em 2006, a unidade inicia o ano letivo já no local da antiga FCE. Um terço do espaço é

restaurado com fundos de concursos. O espaço agora acomoda um pavilhão de salas de aula e

3 Distância percorrida a pé, de acordo com o aplicativo Google Maps.

4 Assinale-se, a título de ilustração, que esta rua leva o nome de Bernardo Pereira de Vasconcellos, Ministro do Império e

autor do projeto que cria o Imperial Collegio de Pedro II pelo Decreto de 02/12/1837 (CUNHA JUNIOR, 2008).

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setores administrativos, duas quadras de esportes e um centro de inclusão digital, com

atividades e serviços para a região. Em setembro daquele ano, o curso noturno da Unidade

Realengo volta-se para a chamada “Educação Profissional Integrada com o Ensino Médio na

Modalidade de Educação de Jovens e Adultos (PROEJA)”, com três turmas de um curso

técnico em manutenção e suporte em informática. No ano seguinte, dá-se a inauguração do

espaço pelo Presidente da República e sua comitiva. O projeto apresentado ecoa nas

tratativas federais, gerando em 2008 um termo de cooperação com o Fundo Nacional de

Desenvolvimento da Educação (FNDE) (RODRIGUES, 2012). Aí está o epicentro do “Futuro

Velho Colégio Pedro II”.

O Colégio Pedro II de Realengo e a ressignificação de um espaço público

Na pesquisa acerca das instituições escolares, o espaço físico ocupado pelas escolas

constitui uma categoria analítica indispensável à composição do historial de uma dada

instituição. Do ponto de vista epistemológico, a base material mostra-se como reveladora do

funcionamento sistemático da escola e como tradutora reflexiva de práticas pedagógicas e

disciplinares. Dessarte, o espaço é parte constituinte do sentido e da identidade da escola

(FARIA FILHO, 1998; ESCOLANO, 2000; WERLE, BRITTO, COLAU, 2007).

No que concerne ao processo de instalação do CPII no bairro de Realengo, a

importância do espaço emerge de um jogo de inter-relações (ELIAS, 2008) que conforma a

identidade histórica da referida instituição. A principal chave de leitura da identidade

histórica do CPII de Realengo está na transformação de parte do espaço de uma fábrica

abandonada em uma escola, pela mobilização dos moradores da região. Então, tem-se um

conjunto de relações sociais que instauram a base material do CPII de Realengo. Entre os

pilares de sustentação dessa base estão um bairro, uma fábrica e uma escola específica, de

tradição pronunciada e resultados de excelência. Para a noção de bairro, parte-se dos

propósitos de Certeau (2013, p. 41-42):

[o] bairro surge como o domínio onde a relação espaço/tempo é a mais favorável para um usuário que deseja deslocar-se por ele a pé saindo de sua casa. Por conseguinte, é o pedaço de cidade atravessado por um limite distinguindo o espaço privado do espaço público: é o que resulta de uma caminhada, da sucessão de passos numa calçada, pouco a pouco significada pelo seu vínculo orgânico com a residência. [...] O bairro é uma noção dinâmica, que necessita de uma progressiva aprendizagem, que vai progredindo mediante a repetição do engajamento do corpo do usuário no espaço público até exercer aí uma apropriação. [...] Pelo fato do seu uso habitual, o bairro pode ser considerado como a privatização progressiva do espaço público. (Grifos do autor) (CERTEAU, 2013, p. 41-42)

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Por essa ótica, interprete-se a constituição de associação para reivindicar a abertura de

uma escola como a síntese do sobredito vínculo orgânico, do qual decorre o desmonte do

arquétipo militar que tipifica o bairro. O próprio nome dessa associação, “Movimento Pró-

Escola Técnica”, denota a organicidade intrínseca à noção de bairro. Dessa organicidade

advêm a prática, a chamada aprendizagem progressiva, a assimilação ideológica de uma

escola dita “de elite”, o CPII, bem como a proposta de reuso de um espaço belicista

abandonado, a fábrica. A reunião desses elementos aflui para a apropriação de Realengo e

suas cercanias como espaços sociais. Assim, o efetivo reuso da fábrica pelo CPII, tornado

habitual a partir de 2006, propicia a gradativa privatização desse espaço público.

A visão de Certeau sobre a noção de região também elucida a narrativa referente à

história do CPII de Realengo. Cite-se, pois que uma região é “um encontro entre programas

de ação. A ‘região’ vem a ser portanto o espaço criado por uma interação” (CERTEAU, 2014,

p. 194). A história da criação da Unidade de Realengo do CPII é efetivamente composta de

um encontro de programas de ação: as medidas empreendidas pelos moradores e o projeto

de expansão do CPII são dois vértices que se entrelaçam, coadunando-se espontaneamente

com os investimentos do Governo Federal em prol da equalização do acesso à educação

básica. O resultado dessa interação é a remodelação das instalações da antiga FCE, agora

convertida em escola.

No âmago do programa de ação do “Movimento Pró-Escola Técnica”, encontram-se

duas proeminentes conquistas no que tange à ressignificação do espaço da fábrica desativada.

Imbuído do “princípio da eficácia da palavra” (BOURDIEU, 1996, p. 87), o Movimento dá

partida no processo de positivação do tombamento do espaço da fábrica como patrimônio

histórico; é o primeiro grande passo para a salvaguarda desse espaço como um genuíno

ponto de referência da memória histórica de Realengo. Contudo, é a legalização da conversão

da fábrica para finalidades de ensino, conquistada dois anos mais tarde, que proporciona a

estabilidade necessária à continuidade do programa de ação do Movimento. A firma se

concretiza com a criação da nova unidade do CPII.

Destaque-se o segundo e o sétimo parágrafos do Decreto Municipal nº 13.679, de 15 de

fevereiro de 1995:

CONSIDERANDO que a Lei Municipal n° 1.962/93, como manifestação de interesse do Poder Legislativo em matéria de exclusiva competência administrativa, indicou o Prédio da Fábrica de Cartuchos como digno na opinião da Câmara, da proteção do tombamento;

[...]

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CONSIDERANDO o compromisso das autoridades militares em destinar parcela de seu complexo imobiliário para o atendimento da comunidade local, a qual pretende a construção de escola Técnica Federal na região [...].5

A letra fria do trecho do Decreto não reverbera o percurso do movimento associativo de

Realengo, ainda que a comunidade local tenha sido textualmente citada e seu intento tenha

sido concretizado com a criação de uma escola — nesse caso, uma nova unidade do CPII, com

finalidade propedêutica, e não uma escola de formação técnica. Isoladas, tanto a lei que

dispõe sobre o tombamento das instalações da fábrica, quanto o decreto que a ratifica

encerram normativas para o ordenamento do cotidiano de um grupo social em suas

idiossincrasias. Para que esses documentos integrem o relato sobre a identidade histórica do

CPII de Realengo, é preciso que eles sejam tomados não apenas por sua textualidade jurídica,

mas principalmente por seu sentido social, histórico e cultural. Segundo Faria Filho (1998, p.

106), importa tomar

[...] a lei como prática ordenadora e instituidora, voltada para as relações sociais. Aqui destaco tanto o caráter de intervenção social subjacente à produção e realização da legislação [...], quanto o fato de ser a legislação, em seus diversos momentos e movimentos, lugar de expressão e construção de conflitos e lutas sociais. (FARIA FILHO, 1998, p. 106)

Acrescente-se, ainda conforme Faria Filho (1998, p. 111), que “a natureza [desses]

documentos [implica] [...] a necessidade de referi-los constantemente ao lugar a partir do

qual são produzidos” (Grifo nosso). É da candência de seu contexto de produção que o

documento escrito emerge como um construto da lógica da vida. Posto isso, a lei do

tombamento e o decreto que assegura a conversão da fábrica em escola podem são como

casas de um jogo de tabuleiro, cujos peões ou pedestres são os membros do Movimento Pró-

Escola Técnica, os porta-vozes dos moradores do bairro de Realengo e cercanias. À medida

que os peões se movimentam, eles constroem seu espaço no interior do jogo. Certeau

compara esse processo de formação da espacialidade ao ato de falar:

Os jogos dos passos moldam espaços. [...] as motricidades dos pedestres [...] espacializam. [...] O ato de caminhar está para o sistema urbano como a enunciação [...] está para a língua ou para os enunciados proferidos. [...] é um processo de apropriação do sistema topográfico pelo pedestre [...]; é uma realização espacial do lugar. (CERTEAU, 2014, p. 163; 164, grifos do autor)

Nessa direção, a apropriação do lugar da antiga fábrica militar molda o espaço que

abriga do CPII de Realengo. Essa lógica fortalece a assertiva segundo a qual o entroncamento

5 RIO DE JANEIRO. Decreto Municipal nº 13.679, 15 fev. 1995. Dispõe sobre o tombamento do corpo principal da

Fábrica de Cartuchos do Exército. Disponível em <http://www.rio.rj.gov.br/>.

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entre o programa de ação da comunidade da Zona Oeste do Rio de Janeiro e o programa de

intencionalidades do CPII reelabora a espacialidade do lugar da fábrica desativada. Tal

entroncamento corrobora a distinção entre “espaços” e “lugares” elaborada por Certeau

(2014, p. 184):

Um lugar é a ordem (seja qual for) segundo a qual se distribuem elementos nas relações de coexistência. Aí se acha portanto excluída a possibilidade, para duas coisas, de ocuparem o mesmo lugar. Aí impera a lei do ‘próprio’: os elementos considerados se acham uns ao lado dos outros, cada um situado num lugar ‘próprio’ e distinto que define. Um lugar é portanto uma configuração instantânea de posições. Implica uma indicação de estabilidade. Existe espaço sempre que se tomam em conta vetores de direção, quantidades de velocidade e a variável do tempo. O espaço é um cruzamento de móveis. É de certo modo animado pelo conjunto dos movimentos que aí se desdobram. Espaço é o efeito produzido pelas operações que o orientam, o circunstanciam, o temporalizam e o levam a funcionar em unidade polivalente de programas conflituais ou de proximidades contratuais. [...] Em suma, o espaço é um lugar praticado. Assim a rua geometricamente definida por um urbanismo é transformada em espaço pelos pedestres. (CERTEAU, 2014, p. 184, grifos do autor)

No histórico de criação da Unidade de Realengo do CPII, a problemática do espaço

institucional encerra um ethos projetivo de renovação. A configuração bairro/fábrica/escola

revela, em uma perspectiva diacrônica, um esforço de bricolagem que redefine seja a

identidade do CPII, seja a identidade da região que o escolheu. Ambos experimentam

momentos de viragem. No cerne dessa viragem está a ressignificação de um estabelecimento

fabril. Os propósitos de Certeau levam ao entendimento dos mecanismos dessa transição: um

lugar próprio, de identidade belicista, silenciado e esvaziado, cede a outro lugar próprio, ora

praticado, desta feita com uma identidade pedagógica.

Os resultados obtidos na análise documental podem ser encadeados ao percurso pelos

recursos fotográficos arquivados pelo Centro de Inclusão Digital Professor Wilson Choeri, um

dos primeiros espaços do CPII de Realengo a serem inaugurados na outrora propriedade

militar. Com a preocupação de preservar a memória do processo de ressignificação do espaço

da fábrica, foram constituídas duas séries de fotografias. A primeira série reúne cinquenta

imagens digitalizadas da Fábrica de Cartuchos em funcionamento. Algumas delas trazem a

assinatura do fotógrafo Marc Ferrez (1843 – 1923), o que as situa entre a segunda metade do

século XIX e início do século XX, o período compreendido pela obra desse que é considerado

como o principal cronista visual urbano da cidade do Rio de Janeiro6. Embora não indique

informações precisas sobre sua produção e autoria, a segunda série, que reúne sessenta e seis

6 Cf. http://www.ims.com.br/ims/explore/artista/marc-ferrez e http://brasilianafotografica.bn.br/?tag=marc-ferrez (Acesso em

30 mar. 2017)

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fotos digitais, comporta uma certa preocupação estética. Nota-se que seu produtor

empenhou-se em registrar os diversos ambientes de mobilidade da fábrica sob a mesma

distância, ângulo e posição durante dois momentos: aquele que se caracteriza pelo abandono,

após a extinção e o fechamento da fábrica, ocorrido ao final dos anos de 1970, e o de sua

transformação em escola, sob a direção do CPII.

Para este trabalho, foram selecionadas três imagens dentre as duas séries mencionadas.

Todas retratam a fachada de um mesmo espaço físico da fábrica: a antiga casa do diretor da

fábrica, que hoje dá abrigo ao sobredito Centro de Inclusão Digital. Para a leitura e a

interpretação desses elementos como fontes históricas, toma-se por base o “princípio de

intertextualidade” previsto por Mauad (2004, p. 20) para análises dessa natureza. De acordo

com a pesquisadora,

[...] depreende-se que uma fotografia, para ser interpretada como texto (suporte de relações sociais), demanda o conhecimento de outros textos que a precedem ou que com ela concorrem para a produção da textualidade de uma época. Sendo assim, o uso de fotografias como fonte histórica obriga tanto as instituições de guarda quanto os historiadores ao levantamento da cultura histórica, que institui os códigos de representação que homologam as imagens fotográficas no processo continuado de produção de sentido social. (MAUAD, 2004, p. 20)

De acordo com Mauad (2004, p. 33), a análise de imagens fotográficas sobre um espaço

deve partir do pressuposto de que esse espaço atua como um campo semântico para o qual

converge o cabedal cultural relativo ao lugar retratado. Nesses termos, uma vez lidas como

suportes de relações sociais, essas imagens, as quais são apresentadas a seguir, afiançam,

igualmente em perspectiva diacrônica, quer a importância histórica da FCE, quer a

imbricação entre os programas de ação da comunidade de Realengo e suas cercanias e os

programas de intencionalidade da comunidade do CPII.

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Figura 1 – Marc Ferrez, Caza do Director da Fábrica de Cartuchos do Exército, s.d. Fotografia digitalizada; 5,91 x 7,62 cm. Acervo do Centro de Inclusão Digital Professor Wilson Choeri, Colégio

Pedro II, Complexo de Realengo.

Figura 2 – Casa do Diretor da Fábrica de Cartuchos do Exército abandonada, sem referência de autoria e data. Fotografia digital; 6,99 x 6,94 cm. Acervo do Centro de Inclusão Digital Professor Wilson Choeri, Colégio Pedro II,

Complexo de Realengo.

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Figura 3 – Casa do Diretor da Fábrica de Cartuchos do Exército ressignificada, 03 jul. 2007, sem referência de autoria. Fotografia digital; 9,66 x 11,85 cm. Acervo do Centro de Inclusão Digital Professor Wilson Choeri, Colégio

Pedro II, Complexo de Realengo.

Considerações Finais

No relato sobre a criação da Unidade de Realengo do CPII, o espaço da FCE se impõe

como solução a um projeto de ascensão social traçados por moradores de uma região. Pelo

mesmo espaço, a primeira instituição brasileira de ensino secundário, de pronunciada

tradição elitista, vislumbra o ensejo de se revigorar após alguns anos de inexpressividade.

Para o processo de oxigenação do CPII, o espaço da FCE estimula o desenvolvimento de

importantes projetos, servindo de referência, no seio da instituição como um todo, no que se

refere à concretização do ideal do governo federal de democratizar o acesso à educação básica

pela abertura de unidades de ensino em regiões menos privilegiadas do país. Entre 2008 e

2014, os dois terços da fábrica ainda em ruínas foram convertidos em mais dois pavilhões de

salas de aula, dois anfiteatros, com todos os espaços e insumos correlatos. Em decorrência, a

Unidade também passou a atender ao segundo segmento do ensino fundamental. Com ares

de campus universitário, o espaço ainda veio a abrigar uma unidade para o primeiro

segmento do ensino fundamental e outra destinada à educação infantil, pioneira e única em

toda uma rede de unidades. Como dispositivos de extensão e cultura, foram projetados uma

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escola de música, um novo complexo poliesportivo e um teatro profissional. A criação da

escola de música e seu curso técnico em instrumentos musicais estenderam também a oferta

de ensino médio integrado. Em plano macro, o CPII abriu mais duas unidades. Foi

equiparado aos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, incorporando-lhes a

mesma estrutura, organização e pluralidade curricular. Iniciou um curso de mestrado

profissional em práticas educativas. E alguns departamentos pedagógicos organizaram

núcleos de estudos e pesquisas.

A fábrica convertida em escola cumpre transformar as perspectivas e os ciclos de vida

de quem a movimenta. O bairro de Realengo redesenha o arquétipo militar, com novas

potencialidades e ilustrações para o seu cotidiano. Assim, a nova espacialidade e a

aprendizagem dessa transformação espraiam um movimento de moralização e

homogeneização para uma região carente de aparelhamento técnico e cultural.

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