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Bahia Agríc., v.7, n.2, abr. 2006
*Economista, Especialista em Política e Gestão Governamental, Técnico da Coordenação de Conjuntura Agrícola/SPA/SEAGRI;e-mail: [email protected]**Economista, Coordenadora de Conjuntura Agrícola/SPA/SEAGRI; e-mail: [email protected]
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receitas com exportações de frutasem 2005, contra US$ 24,4 milhõesem 2000.
A boa oferta de água e ascondições climáticas ideais, emgrande parte do Semi-árido e noOeste, favorecem a irrigação que,aliada à inserção de novas tec-nologias e as boas práticas demanejo, têm resultado em altosníveis de produtividade e frutos
com qualidades elevadas e ótimaaceitação nos mercados interno eexterno. Além disso, as terras férteise os bons índices pluviométricosno Recôncavo, no Litoral Norte, noLitoral Sul e no Extremo Sulestabelecem as condições propíciaspara pujança da fruticultura desequeiro nessas regiões, sobretudo,para os cultivos de coco, citros emamão.
Afruticultura é um dos seg-mentos que mais tem sedestacado na agricultura
baiana. Em 2005, foram 3,7 milhõesde toneladas de frutas produzidas noEstado, em uma área cultivada de293,2 mil hectares. O Valor Bruto daProdução das frutas na Bahia no anopassado foi de R$ 2,1 bilhões, o quecorresponde a 18 % total daslavouras. Foram US$ 92,3 milhões de
O bom desempenhoda fruticultura baiana
Edílson de Oliveira Santos*
Zelma Maria de Lima Ferraz**
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Mamão
A Bahia começa o ano de 2006comemorando os avanços nacomercialização deste fruto, pois,finalmente, o promissor mercadonorte-americano se abre para osprodutores baianos de mamão. Nofinal de 2005, depois de alguns anosde esforços conjuntos do Governo doEstado, através da Agência de DefesaAgropecuária – ADAB, que vemrealizando um rigoroso trabalho deinspeção fitossanitária, com ênfase naerradicação da mosca-das-frutas econtrole das viroses mancha anelare meleira, iniciativa privada e Sebrae,o Departamento de Agricultura(USDA) certificou e liberou acomercialização do mamão pro-duzido no Extremo Sul do Estado paraos Estados Unidos. A conquista dacertificação norte-americana foirecebida pelos agentes envolvidoscom o agronegócio baiano comouma prova contundente da com-petitividade desse segmento nomercado internacional. Com aabertura do mercado americano,a expectativa é que haja umincremento em todo processoprodutivo do mamão baiano.
A produção de mamão na Bahiaé de 679 toneladas (Tabela 1), o quecoloca o Estado em primeiro lugar noranking nacional. A Bahia respondepor 45 % da produção do Brasil,maior produtor mundial.
Embora cultivado em outrasregiões, o mamão da Bahia está
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concentrado mais no Oeste e noExtremo Sul. Com os plantiosirrigados, o Oeste passou a ocuparposição destacada no cenárioestadual, desde 1998, produzindoatualmente quase 20 % do mamãocolhido na Bahia. O Extremo Sulé a principal região produtora,responsável por 78 % da fruta colhidano Estado.
As ações em parcerias levaram oEstado a promover medidas eficientesde controle fitossanitário queviabilizaram a comercialização doproduto de acordo com as exigênciasdos países importadores. A Bahiaimplantou o Sistema Approach, queconsiste num monitoramento rigoro-so de todos os procedimentos daprodução do mamão, envolvendodesde a qualidade da semente, tratosculturais, colheita, transporte atéo beneficiamento. Esse sistemade diminuição de risco para moscas-das-frutas (principal barreira naimportação de frutas) foi desen-volvido pela ADAB, órgão de defesaagropecuária da Secretaria Estadualde Agricultura, e adotado com êxitonas áreas dos pomares de mamão noExtremo Sul da Bahia.
Depois de consolidado o SistemaApproach, a Bahia finalmenteconseguiu a autorização para ex-portar mamão para o seleto mercadodos Estados Unidos. Além da Bahia,só o Espírito Santo e o Rio Grande doNorte são os estados brasileiros quetêm autorização para exportar parao mercado norte-americano. Noentanto, a participação baiana nasexportações brasileiras da fruta aindaé muito discreta. Em 2005, até o mêsde novembro, enquanto o Brasil teveuma receita de US$ 28 milhões, aBahia conseguiu apenas US$ 4,00milhões. Mas, espera-se que, com aabertura dos novos mercados, omamão produzido no Extremo Sul doEstado venha quadruplicar suasvendas para o exterior nos próximosanos.
O preço do mamão não se alteroude forma significativa nos últimoscinco anos, com exceção de umaligeira alta a partir de 2004. Em 2005,a cotação do fruto manteve-seestável, com pequenas flutuaçõessazonais (Gráfico 1).
Manga
A manga produzida na Bahia temuma ótima aceitação no mercadointernacional, colocando o Estado emprimeiro lugar nas exportaçõesnacionais da fruta. Nos últimos cincoanos, tanto a quantidade exportadacomo o valor obtido com as expor-tações têm crescido a taxas geo-métricas. Foram US$ 35,8 milhõesque entraram no Estado em 2005contra US$16 milhões em 2000,enquanto que o volume exportadono período passou de 29,7 mil to-neladas para 57,6 mil toneladas. E asperspectivas para as exportaçõesfuturas são ainda mais animadoras,tendo em vista que a manga daBahia conseguiu finalmente entrar
no exigente mercado japonês. Em2005, depois de romper as barreirasdos mercados norte-americano eeuropeu, a manga da Bahia tambémcomeçou a conquistar o mercado doJapão. No final do ano, saiu a primeiracarga de manga exportada porempresas do Vale do São Francisco.Para a manga baiana entrar naquelepaís foi necessário o cumprimento demuitas exigências, desde o estágio dematuração da fruta e tratamentofitossanitário até embalagem etransporte adequados.
A área cultivada com mangana Bahia é de 20,2 mil hectares,apresentando um crescimento médioanual de 8,8 % nos últimos cincoanos. Primeiro produtor nacional, aBahia produz 304,6 mil toneladas dafruta, o que corresponde a 32,2 % dasafra nacional (Tabela 2).
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Quase que a totalidade damanga produzida na Bahia éoriunda dos perímetros irrigados,com destaque para os pólos deJuazeiro no Baixo Médio SãoFrancisco, e o de Livramento deNossa Senhora na Serra Geral.Nessas regiões, as condiçõesclimáticas são favoráveis, há boaoferta de água para irrigação, alémdo manejo adequado. A conjunçãodesses fatores resulta em índices deprodutividade elevados, além daboa qualidade do fruto.
A competit ividade externaderrubou os preços no mercadointernacional nos últimos anos,implicando em queda no mercadointerno. Entretanto, os produtorescompensam a redução do preçocom novas técnicas de produção,aumentando a produtividade ecolhendo na entressafra. De maio aoutubro, os produtores baianosobtêm os melhores preços, justa-mente quando atingem o pico decolheita (Gráfico 2). Isso é possívelgraças à técnica de indução floralque antecipa a produção para operíodo da entressafra nacional.
Uva
A uva produzida na Bahia sai, emsua grande parte, dos pomaresirrigados do pólo de Juazeiro, queengloba ainda os municípios de CasaNova, Curaçá e Sento Sé comoprincipais produtores de uva. Águaabundante e as condições climáticasideais para a irrigação permitem queno Vale do São Francisco se colha2,5 safras por ano, o único lugar nomundo com este desempenho.
Do ano 2000 para cá a produçãode uva na Bahia cresceu 26,4 %,saindo de 68,3 mil toneladas para86,3 mil toneladas (Tabela 3) e temconquistado espaços importantes nomercado internacional, graças à suaqualidade. Em 2000, a Bahia expor-tou 7,1 mil toneladas, obtendo umareceita de US$ 7,6 milhões, já em2005, exportou 57,3 mil toneladasque geraram US$ 48,9 milhões dedivisas para o Estado.
Além disso, da área total com uva,37 % estão plantadas com uva sem
semente, uma nova tendência nomercado global.
A região do Vale do São Fran-cisco, também, produz vinhos de altaqualidade, devendo se fortalecerainda mais nesse segmento, haja vistaa intensificação das pesquisas paradesenvolvimento de vinhos tropicaisrealizadas pela EMBRAPA Semi-áridoe a EMBRAPA Uva e Vinho. Omunicípio de Casa Nova vem sedestacando com a produção devinhos de alta qualidade que concor-rem com vinhos de regiões tradicio-nais da vinicultura mundial.
Além da produção de vinho,o Vale do São Francisco deve
aproveitar seu potencial para, embreve, entrar forte na produção desuco de uva. O suco de uva tem setornado um produto de alta aceitaçãonos grandes centros urbanos doBrasil, devido aos benefícios que trazà saúde, ajudando na prevenção dedoenças cardio-vasculares.
A partir do início de 2004, o preçoda uva sofreu uma majoração consi-derável tanto na praça de Juazeirocomo em Salvador. Em 2005, acotação sustentou-se com pequenasflutuações, ficando a caixa com6 kg entre R$ 17,50 e R$ 19,00em Salvador, e entre R$ 12,00 eR$ 14,00 em Juazeiro (Gráfico 3).
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Citros
A Bahia é o segundo produtornacional de laranja, com umaprodução de 800,9 mil toneladas emuma área de 50,4 mil hectares. OEstado também é o segundo produtornacional de limão, com uma colheitade 46 mil toneladas e 14,8 milhectares de área colhida. Já a pro-dução de tangerina alcançou mais de10 mil toneladas.
A laranja se concentra basica-mente em três regiões da Bahia:Litoral Norte, Recôncavo Sul eNordeste. O Litoral Norte produziu,em 2005, 446,3 mil toneladas de
laranja, a maior produtora do Estado.A segunda região produtora é oRecôncavo Sul, cuja colheita é de209,4 mil toneladas. A regiãoNordeste, principalmente nomunicípio de Itapicuru, é a terceiramaior produtora baiana de laranja,com um volume produzido de 102,6mil toneladas.
A produção de limão, assim comoa de laranja, também é concentradaem poucas regiões. O Oeste e oRecôncavo Sul são as maioresprodutoras do Estado, com volumesde colheita muito próximos uma daoutra. O Extremo Sul é a terceiraprodutora de limão, ampliandosignificativamente a produção desde2001. Também a partir de 2001, oBaixo Médio São Francisco está coma produção crescendo de formaexpressiva. As Tabelas 4 e 5 registramos dados da citricultura na Bahia.
A cotação da laranja temmelhorado desde início do anopassado, tanto no mercado nacionalcomo no externo (Gráfico 4). NaEuropa, maior importador do sucode laranja brasileiro, a cotação dosuco cresceu 60 % em 2005; nosEstados Unidos, a alta foi de 57 %.A tendência é que a laranja continuecom o preço bastante remunerador,devido ao Furacão Wilma que passounos pomares da Flórida no final deoutubro do ano passado e da quedada safra brasileira, fatores queajudaram a reduzir os estoquesmundiais. Por outro lado, a demandamundial por suco de laranja estáem alta. Apesar desse cenário,recentemente, os Estados Unidosimpuseram sanções à citriculturabrasileira o que retira as vantagensque o livre comércio pode oferecer.
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Banana
A área cultivada atualmente combanana na Bahia é de 62,3 mil hectares,ampliando em 27 % nos últimos cincoanos. A produção é de 865,2 miltoneladas, 41,4 % a mais do que foiproduzido em 2000. A produtividademédia no Estado é de 13.880 kg/ha,3 % superior à produtividade nacionale 9,5 % acima do rendimento médiodo Nordeste (Tabela 6).
Na Bahia, a banana é cultivada emtodas as regiões, porém tem umaconcentração maior no Litoral Sul eno Sudoeste, onde é cultivada em con-sórcio com o cacau, servindo desombra para este. As regiões do MédioSão Francisco e do Baixo Médio SãoFrancisco, com os plantios irrigados,também têm uma participação expres-siva, com índices de produtividade maiselevados que a média do Estado.
Ao contrário de outros estadosprodutores do país, que sofrem sériosprejuízos causados por uma doençaconhecida como sigatoka negra, aBahia tem conseguido manter ocontrole sanitário de seus pomares. AAgência de Defesa Agropecuária daBahia - ADAB e a Empresa Baiana deDesenvolvimento Agrícola - EBDA, têmrealizado um esforço muito grande,porém compensador, uma vez que oEstado permanece livre da doença.Além disso, há um outro fator positivoque é o fato de a Embrapa ter de-senvolvido variedades resistentes emais produtivas.
A cotação da banana na Bahia temse elevado desde o ano de 2001 até oano de 2005. Apesar de no final do anoter havido uma queda no preço naCEASA de Salvador (Gráfico 5), o anoanterior foi o que teve a média maiselevada nesta década.
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Abacaxi
A lavoura do abacaxi na Bahiaocupa uma área de 4,8 mil hectarese proporciona uma colheita de 143mil toneladas (Tabela 7), colocandoo Estado na quarta posição naprodução nacional. A região doParaguaçu, que engloba os pólos deCoração de Maria e Itaberaba, éa mais importante produtora,respondendo por 62 % da produçãobaiana.
O pólo de Coração de Mariaaté a década de oitenta era o maisimportante do Estado, mas foiprejudicado pela incidência dafusariose, doença que apodrece ocaule da planta e prejudica aqualidade do fruto. Apesar de aEmbrapa ter avançado no desen-volvimento de variedades resis-tentes à doença, a região aindanão se recuperou dos problemassofridos.
O município de Itaberaba é aprincipal referência quando setrata da lavoura do abacaxi naBahia. São dois mil hectares culti-vados, devendo em 2006 ter umincremento de 30 %. A produção domunicípio é de 72 mil toneladas eabastece o mercado baiano, alémde se destinar aos mercados deBrasília, São Paulo, Minas Geraise Santa Catarina. Os produtoresdo município, através de sua coope-rativa, já realizaram uma vendapara a Europa, mas o fruto produzidona Bahia é da variedade pérola,cuja polpa é branca que, emboramais doce, enfrenta a resistência doconsumidor europeu que dá prefe-rência ao fruto de polpa amarela.
Em 2005, o preço do abacaxisituou-se num patamar elevado,comparando-se com os anosanteriores. Na Ceasa de Salvador, ocento do fruto foi cotado sempreacima de R$ 80,00, com exceção domês de dezembro que foi vendido,em média, a R$ 78,00 (Gráfico 6).
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Bahia Agríc., v.7, n.2, abr. 2006
CocoA Bahia é o maior produtor
nacional de coco-da-baía com 35 %da produção nacional. A área cul-tivada com a lavoura ocupa 81,5 milhectares, gerando uma colheita de434 mil toneladas (Tabela 8).
Inicialmente, o coqueiro foicultivado nas faixas litorâneas, sendoque até hoje as regiões costeiras sãoas que mais produzem. O LitoralNorte é a principal região produtora,seguida do Litoral Sul. Todavia, como advento dos plantios irrigados, oscoqueirais passaram a fazer parte dapaisagem das mais diversas regiõesdo Estado, a exemplo do Baixo MédioSão Francisco e do Oeste.
Nos últimos anos, o preço dococo não tem sido compensador,principalmente o coco verde, nãoobstante o consumo de água de cocoin natura tenha se elevado a cada ano.Porém, no final de 2005 e agora iníciode 2006, a cotação do produto estáreagindo com perspectiva de semanter firme, fato que está deixandoos produtores animados (Gráfico 7).O Brasil detém tecnologia deengarrafamento da água de coco, oque diminui sua perecividade,podendo viabilizar no futuro o enviopara o mercado externo, e, porconseguinte, ajudar a segurar o preçono mercado interno.
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