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Pomodeadao Editora
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O Caderno Sublime
BRAVA - ARMAÇAO DOS BUZIOS~
FOTOS
TEXTOS E CONTOSLUAN VIEIRA
DIAGRAMAÇÃOLETICIA ROCHAEL
LUAN VIEIRA
CANTO - ARMAÇAO DOS BUZIOS~
o grito da alma
� ...e ele se pergunta, meio em voz alta, quemsabe eu lhe soprasse a resposta só que eu nãosabia.E me ecoa, ecoa, se repete e mistura.“Qual é o grito da alma para ficar perto de outras?”É que dói� pensei. Quem sabe junto é menos. Ou mais, muito mais.E já não sei o que é dor, amor, vazio, presença, esperança.Então canta. Funciona melhor que reza. Quem sabe alguma voz sopra alguma idéia do que poderia ser ou ter sido. Quem sabe a mesmaalma que grita te responde.
CAVALO - SAN LUIS, AR
FERR
ADUR
INHA
- ARM
AÇAO
DOS
BUZ
IOS~
que assim seja.
Que minha existência seja o menos nocivapossível. Se no fim nada disso significar,que eu me misture ao pó do vácuo infinito.Que eu vire lama, terra, pólen, mel. Que euseja grande, seja ínfimo, seja doce, sejavivo ainda que não.Que minha essência seja não-ferrão, seja sol,colméia, amoras vivas.Que se separe o bem do mal, e ainda queimpossível, nos salve do final. Pois era tudoduo, era tudo começo, era tudo igual era tudobem. Era em tudo o fim.
FOGO
S- C
URITI
BA, P
R
QUENIUM GUARTELÁ - PR
caminho Sou rocha, pedra, mancha, limo, córrego, água, folha, pés e
suas plantas, chão úmido; sou lam
a, inseto, serpente, sou dedos, anseios, eterno flerte, sou fundo, sou fenda, sou juba, coração de fera que fere,
Algodão, som, sol, seu, sou céu, sou carinho, sou amor; beleza, carícia, veneno, afago, arrepio,
Calmaria. Doce tem
pestade. Beijo de chuva. Pluma. Pena.
QUENIUM GUARTELÁ - PR
equinócio"que é meu corpo senão a sombra que vocês me fazem?"
A estação passava se arrastando em contravento açoitando a costa sem trégua, como se imitasse as pessoas e as coisas todas no desejo de perdurar. Mas já chegava ao fim, por fim, chegavam as flores, aquelas tardes que nunca seriam as mesmas como tantas outras antes ou mesmo depois. E eu nunca mais seria o mesmo como eu também estava por descobrir. Era como se um anjo ou deus me revelasse que eu poderia assumir a forma do meu desejo. Pássaro, cometa, videira, vitória-régia, cavalo-marinho, esfinge, Vênus-de-Milo, Adão..Era Dionísio, deus da fertilidade. Diante de minha eufórica e infinita ponderação me escolheu videira pois condição do desejo era que fosse útil também para ele e o resto da natureza. E de mim tirou vinho, arrancou sonhos, voz, embriaguez, leite, lágrimas e beijos.
RIO DO NUNES - PR
Veio então a primavera, eu me agitei ao sol, me fiz fruto, me fiz semente. Tentei imitar as pessoas no desejo de perdurar e quando despertei era escuro, casulo, quente, apertado.Dionísio! O que fizestes comigo? Por que me abandonastes? Te embriagastes de meu fruto até desabar inconsciente.O vento soprava em algum lugar, eu podia ouvir o ruído das folhas - ou eram ondas? Havia sol também em algum canto atrás de minhas pálpebras. Mas e se eu ficasse cego? E se eu esticando isso aqui, prolongamento dessa ‘voz’ que ‘fala’ enquanto e o que eu penso, que só pode ser meu, caísse em alguma espécie de vazio?Um comichão em algum ponto do prolongamento da voz que (re)produzia meu pensamento se intensificou até virar dor e como se enquanto eu ponderava e me esquecia de imitar às pessoas, o próprio prolongamento se uniu à dor e espontâneo expandiu, grain-de-beauté, dedos-asas, membros. Montanha se desfez em mar, onda rompendo rocha, crisálida ressequida, bater de asas, vazão.
SIERR
AS -
SAN
LUIS,
AR
PARQUE TANGUÁ - CURITIBA, PR