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Sob o lema “A medicina do trabalho como factor de de- senvolvimento” , as 1as Jor- nadas Científicas de Medi- cina do Trabalho, a realizar- se em Outubro próximo, pelo Colégio de Especiali- dade de Medicina do Tra- balho da Ordem dos Médi- cos de Angola, vão debater temas cruciais para a pre- servação da saúde e segu- rança dos trabalhadores, controlo de riscos profissio- nais, prevenção de doenças e aumento da produtivida- de. Escolher uma alimentação ri- ca em produtos de origem ve- getal, em particular frutos, le- gumes, leguminosas e cerea- líferos. As carnes vermelhas e as processadas industrial- mente são uma fonte de gor- duras de origem animal que aumentam o risco de cancro. Saiba mais. Um estudante inteligente em cada dez apresenta uma dislexia mais ou menos gra- ve, mas pode tratar-se. A dis- lexia é, porventura, a causa mais frequente do baixo rendimento e do insucesso escolar. Na maioria dos ca- sos não é identificada, nem tratada correcta e atempa- damente. O Caminho do Bem jornal Ano 7 - Nº 73 Junho 2016 Mensal Gratuito Director Editorial: Rui Moreira de Sá aude a saúde nas suas mãos A N G O L A da O hipocampo é uma zona cerebral responsável pela aprendizagem e pela memória. O processo de oxigenação e vasculari- zação, derivado do exercício físico, fomenta a formação de novas células e ajuda a reduzir os efeitos do cortisol. | A Federação Internacional de Diabetes (IDF) estima que a pre- valência da diabetes em África seja de 9,7% (2014) e que, em 2030, atingirá cerca de 11,6%. Ora isto significa que, em Ango- la, entre os seus 25,8 milhões de habitantes, temos hoje cerca de 2,5 milhões de diabéticos. E, des- tes, pelo menos 42%, isto é, mais de um milhão, não sabe que é diabético! Conheça o essencial na entrevista com a médica dia- betologista Sabrina da Cruz.

O Caminho do Bem · trabalho como factor de de-senvolvimento”, ... versidade Agostinho Neto, ... náuseas, fadiga, distúrbio mental,

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Sob o lema “A medicina dotrabalho como factor de de-senvolvimento”, as 1as Jor-nadas Científicas de Medi-cina do Trabalho, a realizar-se em Outubro próximo,pelo Colégio de Especiali-dade de Medicina do Tra-balho da Ordem dos Médi-cos de Angola, vão debatertemas cruciais para a pre-servação da saúde e segu-rança dos trabalhadores,controlo de riscos profissio-nais, prevenção de doençase aumento da produtivida-de.

Escolher uma alimentação ri-ca em produtos de origem ve-getal, em particular frutos, le-gumes, leguminosas e cerea-líferos. As carnes vermelhas eas processadas industrial-mente são uma fonte de gor-duras de origem animal queaumentam o risco de cancro.Saiba mais.

Um estudante inteligenteem cada dez apresenta umadislexia mais ou menos gra-ve, mas pode tratar-se. A dis-lexia é, porventura, a causamais frequente do baixorendimento e do insucessoescolar. Na maioria dos ca-sos não é identificada, nemtratada correcta e atempa-damente.

O Caminho do Bem

jornalAno 7 - Nº 73Junho 2016Mensal Gratuito

Director Editorial: Rui Moreira de Sá

aude

a saúde nas suas mãosA N G O L A

da

O hipocampo é uma zona cerebral responsável pela aprendizagem e pela memória. O processo de oxigenação e vasculari-zação, derivado do exercício físico, fomenta a formação de novas células e ajuda a reduzir os efeitos do cortisol. |

A Federação Internacional deDiabetes (IDF) estima que a pre-valência da diabetes em Áfricaseja de 9,7% (2014) e que, em2030, atingirá cerca de 11,6%.Ora isto significa que, em Ango-la, entre os seus 25,8 milhões dehabitantes, temos hoje cerca de2,5 milhões de diabéticos. E, des-tes, pelo menos 42%, isto é, maisde um milhão, não sabe que édiabético! Conheça o essencialna entrevista com a médica dia-betologista Sabrina da Cruz.

Para comemorar o diamundial da criança, cele-brado a 1 de Junho, aTVCABO presenteou maisde 85 crianças desfavoreci-das do Lar Santa Isabel, emViana, com bens alimenta-res e brinquedos.

“Este acontecimento inte-gra-se na estratégia de res-ponsabilidade social da em-presa, cujas práticas decor-rem a nível interno eexterno. Assim, e sendo asnecessidades sociais umapreocupação constante da

TVCABO, esta data que ce-lebra o dia mundial dacriança e que relembra a im-portância do bem-estar dosmais pequenos, não poderiapassar em branco”, explica odirector geral da TVCABO,Francisco Ferreira. “Para aconcretização desta iniciati-va o trabalho em equipa e acooperação dos colabora-dores da marca foram es-senciais. Este tipo de acçõesé revelador da preocupaçãoda empresa e das pessoasque nela trabalham em aju-dar e contribuir para a me-

lhoria do espaço social ondese encontram inseridos.”O Lar Santa Isabel – Cen-

tro de Acolhimento paraCrianças Desfavorecidas lo-calizada em Viana, acolhecerca de mais de 85 crianças,com idades compreendidasentre os 3 e os 18 anos. A TVCABO é o único ope-

rador por cabo em fibra óp-tica em triple play, isto é ofe-recendo pacotes detv+net+voz. Recentementeexpandiu os seus serviços àcentralidade do Sequele, nomunicípio de Cacuaco.

A Bial aproveitou o diamundial da criança, cele-brado a 1 de Junho, paradoar ao hospital pediátricoDavid Bernardino um con-junto de jogos e de materialdidáctico. O seu director,Nuno Cardoso, salientouque a doação procurou seroportuna “num momentoem que todas as criançasprecisam de amor e cari-nho que as ajudem a ultra-passar as várias dificulda-des que enfrentam nestaunidade hospitalar”.Estes actos “devem-se pra-

ticar, não só nos bons mo-mentos, como também nasalturas difíceis. Para além dadoação, afigura-se-nos im-portante a interacção com ascrianças e os médicos”, real-çou o representante da Bial. O chefe do serviço de

neuroinfectologia do hospi-tal, Leite Cruzeiro, disse queo gesto da Bial foi de extremaimportância para a institui-

ção, sobretudo para ascrianças carentes de mate-riais de lazer. Sublinhou ain-da que os livros didácticosirão auxiliar bastante naeducação dos doentes queperdem muitas aulas pormotivos de saúde. De acordo com Nuno

Cardoso, “sendo a Bial a dis-tribuidora de produtos far-

macêuticos com maior pre-sença no mercado angola-no, o acto filantrópico vemtestemunhar que a empresase preocupa não só com asaúde, mas também com obem-estar das populações,no âmbito das suas práticasde responsabilidade socialem Angola e noutros paísesdo mundo onde actua.

O Centro de EstudosAvançados em Educação eFormação Médica, da Uni-versidade Agostinho Neto,anunciou a criação do “Pré-mio CEDUMED de Educa-ção Médica” com a finalida-de de distinguir trabalhos deeducação médica em Ango-la. O prémio inclui duas ca-tegorias, a de “investigaçãocientífica”, destinada à pes-quisa sobre a educação mé-dica, e a de “formação” des-tinada à oferta de acções deformação e à produção dematerial didáctico. Para ca-da uma das categorias seráatribuído o primeiro, segun-do e terceiro lugares, osquais receberão um diplo-ma, uma medalha e um va-lor pecuniário.O prémio é anual, de âmbitonacional, e destina-se a tra-balhos dos dois anos ante-

riores. A Clínica Multiperfilassocia-se ao CEDUMED naprimeira edição do prémio,pelo que o designado “Pré-mio CEDUMED de Educa-ção Médica 2017 ClínicaMultiperfil” acolherá traba-lhos realizados em 2015 e2016 cujas candidaturas se-jam submetidas até ao dia20 de Dezembro de 2016.

Para mais informaçõesconsulte o regulamento doprémio, aprovado pela Deli-beração n.º 9/15 de 30 deAbril da Comissão Perma-nente do Senado da Univer-sidade Agostinho Neto pu-blicada no Diário da Repú-blica II série n.º 80, de 30 deAbril de 2015. Para esclareci-mento de dúvidas contacteo CEDUMED ([email protected] ou tele-fone 923636805).

“Estão a diagnosticar-secada vez mais angolanoscom esta enfermidade. Nospróximos 15 anos, 1 em cada10 adultos terá diabetes”, ga-rantiu a presidente da Socie-dade Angolana de Diabeto-logia (SAD), Sabrina Coelhoda Cruz, em entrevista aoJornal da Saúde. Nas vésperas da realiza-

ção do 1º Congresso da Dia-betes, a médica considera“este quadro extremamentedramático porque, ultima-mente, os doentes que setêm dirigido aos hospitaissão diagnosticados com adoença já em fase terminal”.Por este motivo “precisa-seque o executivo dê atençãourgente aos programas decontrolo da diabetes do mi-nistério da Saúde e das For-ças Armadas para que hajamais soluções e esperançapara todos aqueles que te-nham, ou venham a contrair,esta doença”, advogou.Apesar da estimativa do

IDF, “não é possível saber aocerto quantos angolanos so-frem de diabetes pois nãoexistem dados actualizadosem nenhuma instituição.Será necessário um trabalhode campo exaustivo para sesaber concretamente quan-tas pessoas são portadoras

de diabetes no país – que te-nham já sido diagnostica-das, ou nem saibam sequerque sofrem da doença”, ad-vogou. Um dos principais objec-

tivos da Sociedade Angolanade Diabetologia para o pró-ximo ano “é precisamente oestudo da prevalência dadiabetes no país, com aaprovação do Ministério daSaúde, para se perceberquantos pacientes existem,quantos estão em risco, equais as necessidades medi-camentosas e de formação aser supridas para assistênciaaos doentes diabéticos”, re-velou Sabrina da Cruz.

Subvenção aos preços dos medicamentos

A médica considera tam-bém ser necessária “umasubvenção por parte do Es-tado aos preços medica-mentos para os diabéticos”,dado que são “doentes comuma patologia complexaque envolvem muitos cus-tos, sobretudo nos gastoscom fármacos”. Sabrina da Cruz reforçou

ainda a necessidade de in-tervenção do ministério naprevenção das doenças cró-nicas, apostando em refor-mas que promovam os cui-

dados de saúde primários.Evidenciou a importânciada disponibilidade de profis-sionais nos postos médicosdas zonas urbanas e subur-banas, tal como o investi-mento em todos os que es-tão envolvidos na prestaçãode cuidados da diabetes, co-mo é o caso dos endocrino-logistas, diabetologistas, in-ternistas, enfermeiros, psi-cólogos e nutricionistas,entre outros. A presidente da Socieda-

de disse ainda ser “necessá-rio dar maior atenção à in-vestigação epidemiológicada diabetes” e apelou à co-municação social “para di-vulgar tudo o que se relacio-na com esta doença, numcombate activo ao alto índi-ce de mortalidade causadapela diabetes e hipertensãoarterial no país”.

Sinais e sintomasRelativamente aos sinais esintomas da diabetes melli-tus tipo 1, a médica referiu avontade de urinar várias ve-zes ao dia (poliúria), aumen-to da sede (polidipsia), au-mento do apetite (polifagia),perda de peso repentina efadiga. Se for diagnosticadoem crianças os sintomas sãonáuseas, fadiga, distúrbio

mental, vómitos, dor abdo-minal, hálito cetónico. Nadiabetes mellitus tipo 2, ossintomas são o formigamen-to nos pés, furúnculos, infec-ções frequentes na bexiga,rins e na pele, e outros idên-ticos aos do tipo 1 que apare-cem de forma mais subtil,nem sempre ao mesmotempo, razão pela qual po-derão ser confundidos comoutras doenças.

Temas em destaque no Congresso

Os temas em destaque a de-bater no 1º Congresso Ango-lano de Diabetologia, que irádecorrer de 7 a 9 de Julho,em Luanda, são, entre ou-tros: o plano de formaçãomédica e de enfermagem doministério da Saúde, a expe-riência da clínica SagradaEsperança na área das dia-betes, as emergências médi-cas na diabetes, a diabetesgestacional, como lidar coma diabetes na prática terapêu-tica, as infecções nos diabéti-cos e o papel da psicologianas diabetes. Realizar-se-áainda uma conferência queirá abordar o papel da Fede-ração Internacional da Dia-betes em África, dois simpó-sios e três cursos pré-con-gresso.

A presidente da SociedadeAngolana de Diabetologia,Sabrina Cruz, sublinhou aimportância do autocontroloda diabetes. “É o melhor pas-so, aliás o caminho, para a as-sistência a qualquer indiví-duo que padece com a doen-ça, porque é um excelentemeio para saberem os níveisdo açúcar, ou glicemia, nosangue em sua própria casa”.A medição é aconselhável serrealizada uma vez ao dia aosque fazem medicação emcomprimido e duas a três ve-zes para os que faz insulinote-

rapia. “Actualmente, no merca-

do angolano, é fácil encontrarsistema de auto-monitoriza-ção, os glucómetros, que sãoaparelhos muito fáceis de se-rem manejados e que devemser utilizados na terapêuticados pacientes. Um deles é oAccu-Chek Performa, entretantos outros.

Como usar o glucómetroTodos os glucómetros são fá-ceis de usar porque contémas instruções de como usar eas indicações da quantidade

ideal de glicose no sangue,bem como os valores que re-presentam a hipoglicemia e ahiperglicemia.Em geral, para medir a gli-

cose no sangue em casa, o in-divíduo deve dar uma peque-na picada no dedo da mão,extrair uma gota de sangue,depositá-la numa fita própriae introduzir a fita no aparelho.Após alguns segundos, o

glucómetro mostra no seupequeno ecrã a quantidadede glicose no sangue do indi-víduo naquele exacto mo-mento.

Já disponíveis nas clínicas e farmácias de Angola.Já lín eis nas cá disponív mácias de Angola.arnicas e f Angola.

O Ministério da Saúdeprevê, para o próximo dia 28de Julho, o lançamento doSMS Mulher, um inovadorsistema informativo sobresaúde reprodutiva com re-curso às novas tecnologiasde informação e comunica-ção, designadamente o tele-móvel.As mulheres em idade re-

produtiva, os homens e asfamílias em geral que subs-creverem este serviço gra-tuito vão passar a receber,uma vez por semana, umaSMS com um conselho deuma médica especialistaem saúde pública no querespeita a um conjunto de

tópicos, entre os quais: pla-neamento familiar, pré-na-tal, parto seguro / cresci-mento infantil, infecçõestransmissíveis sexualmente,em particular o VIH, empo-deramento da menina emulher. Para a subscrição do ser-

viço basta enviar uma SMSpara o número 44510 com apalavra DICAS. A saúde materna, neona-

tal e infantil são indicadoresde avaliação de desenvolvi-mento e de qualidade de vi-da de um país e de suas po-pulações. Em Angola, ape-sar dos esforçossignificativos realizados pa-

ra a melhoria da saúde re-produtiva, os principais in-dicadores apontam parauma situação ainda preocu-pante.

O Plano Nacional de De-senvolvimento Sanitário2012-2025 estabeleceu comometas nacionais a reduçãoem 50% das taxas de mortali-

dade materna e infantil e oaumento em 80 % da cober-tura de partos institucionaispor pessoal capacitado.O projecto, financiado pe-

lo Fundo das Nações Unidaspara a População (UNFPA),foi concebido e implementa-do para o MINSA pela empre-sa angolana Marketing ForYou – editora do Jornal daSaúde e organizadora das fei-ras Médica Hospitalar e ExpoFarma – que concebeu a so-lução e desenvolveu a plata-forma telemática. Tem o pa-trocínio da Movicel, no âmbi-to das práticas deresponsabilidade social destaoperadora nacional.

A secretária de Estadoanunciou também o au-mento da distribuição, narede sanitária do país, da hi-droxiureia, que é o medica-mento utilizado para aliviaro sofrimento dos que pade-

cem de anemia falciforme. A responsável pediu às

famílias para ultrapassaremos tabus e as práticas queprejudicam a saúde e a qua-lidade de vida das pessoascom falciformação e fezuma menção especial aosparceiros, nacionais e es-trangeiros, do Ministério daSaúde, empenhados na cau-sa da minimização dos efei-tos da doença, nomeada-mente, a Fundação Lwini,Chevron, Texas Children'sHospital e Baylor ColllegeMedicine.Os sintomas da falcifor-

mação manifestam-se a par-tir dos três meses de idade,

mas a doença já pode serdiagnosticada na primeirasemana de vida, através datriagem neonatal, mais co-nhecida como teste do pezi-nho.Entre Junho de 2011 e

Maio de 2016 foram rastrea-dos cerca de 141.848 recém-nascidos, dos quais 3.187diagnosticados com anemiafalciforme. També foramdiagnosticadas 26.450 crian-ças com o traço da doença. O dia mundial da anemia

falciforme foi estabelecido a19 de Junho 2009 pelas Na-ções Unidas por reconhecerque esta doença é um pro-blema de saúde pública.

O 1º Simpósio Sanofi Dia-betes realizou-se a 22 de Ju-nho, em Luanda, subordina-do ao tema principal “O Tra-tamento do DoenteDiabético e o uso da insulinaGlargina (LANTUS)". O pro-grama do evento – muito par-ticipado – contou com a par-ticipação da endocrinologis-ta do Hospital MilitarPrincipal, Rosa Cardoso, quefalou sobre “O Perfil do doen-te diabético - Uso da Glime-pirida (AMARYL)”. Seguiu-sea comunicação da endocri-nologista do Hospital MilitarPrincipal e Clínica SagradaEsperança, Manuela Sande,sobre “As dificuldades e an-gústias no tratamento doDoente Diabético – Uso da

Insulina Glargina (LANTUS).O Estado da Arte no Trata-mento da Diabetes Mellitus -Uso da Insulina Glargina(LANTUS) foi o tema seguin-te apresentado pelo assisten-te graduado de endocrinolo-gia do Hospital de S. João, noPorto, Celestino Neves. Fi-nalmente, o cardiologistaMário Fernandes, director deserviço no HAB, debruçou-se sobre a relação entre a in-suficiência cardíaca e a dia-betes.Ao fim do dia, teve lugar a

reunião plenária da Socie-dade Angolana de Endocri-nologia, Diabetes e Metabo-lismo (SAEDM) e da Socie-dade Angolana de Diabetese Nutrição (SADN).

As 1as.Jornadas de Medici-na do Trabalho “pretendempromover a cultura da saúdenos locais de trabalho, poisos riscos inerentes às activi-dades das empresas impli-cam que a segurança dos tra-balhadores seja salvaguarda-da”. A garantia foi dada pelopresidente do Colégio de Es-pecialidade de Medicina doTrabalho da Ordem dos Mé-dicos de Angola, o médicoRui Capo, em entrevista aoJS.Sob o lema “A medicina

do trabalho como factor dedesenvolvimento”, o certamerealiza-se a 21 e 22 de Outu-bro de 2016, em Luanda,conforme anunciou este res-ponsável que considera “ne-cessário que nas empresas seadoptem medidas de pre-venção e práticas para evitaros acidentes de trabalho e asdoenças profissionais” . O objectivo central das

Jornadas “é abordar a impor-tância da medicina do traba-lho em Angola, já que esta in-cide sobre tudo no que se re-fere à preservação da vidados trabalhadores, desde apromoção de ambientes detrabalho saudáveis ao con-trolo de riscos laborais”, afir-mou.Adiantou também que os

principais temas a serem de-batidos no primeiro dia doevento serão repartidos em

três painéis temáticos. Noprimeiro, serão abordadas aética e deontologia no exer-cício da medicina do traba-lho; o ensino da especialida-de e a formação contínuados médicos do trabalho; avigilância sanitária nas em-presas e as perspectivas uni-versais no domínio da pro-blemática relativa à saúdedos trabalhadores. No segundo painel, serão

discutidos temas como amedicina do trabalho emAngola, políticas e regula-mentos; os desafios dos mé-dicos do trabalho; a regula-mentação e organização dosserviços de saúde, segurançae higiene do trabalho.Os temas abordados no

terceiro e último painel dodia serão: factores de risco edoenças relacionadas com otrabalho; riscos psicossociaisno trabalho e ergonomia;perdas auditivas induzidaspelo ruído no local de traba-lho, entre outros. No segundo dia, haverá

um único painel e dele farãoparte representantes de di-versas empresas públicas eprivadas que irão partilharideias e experiências, relati-vas à gestão de riscos, dos

acidentes e das doenças pro-fissionais dos seus trabalha-dores, colaboradores e segu-rados.

Quem participaO evento contará com a pre-sença de vários oradores, nasua maioria médicos do tra-balho angolanos, que traba-lham nos sectores público eprivado, e convidados dePortugal.Poderão participar nas

Jornadas os médicos do tra-balho e de outras especiali-dades, enfermeiros, enge-nheiros e técnicos de segu-rança, ambiente esustentabilidade, gestores deempresas, técnicos de recur-sos humanos, outros repre-sentantes de empresas pú-blicas e privadas, segurado-ras (lidam com as empresasem torno das questões queenvolvem acidentes de tra-balho e doenças profissio-nais), estudantes e todos osinteressados.

A importância em AngolaRui Capo afirmou que “o tra-balho é um importante de-terminante da saúde, tal co-mo é a alimentação, habita-ção, saneamento básico etc.

Como tal, a importância des-ta temática, no actual contex-to de desenvolvimento eco-nómico de Angola, é signifi-cativa, pois visa estimular efortalecer o trabalhador e otrabalho seguro. A melhoriadas condições de trabalhopermite que o trabalhadorsinta que a sua empresa e oseu posto de trabalho ofere-cem segurança para sua saú-de, o que aumenta a sua pre-disposição para o trabalho e,por esta via, maior produtivi-dade”.“Por outro lado, os aci-

dentes de trabalho e as doen-ças profissionais provocamenormes perdas e envolvemcustos directos e indirectosmuito altos para as empre-sas, para o Estado, para as fa-mílias e para a sociedade co-mo um todo (horas de traba-lho perdidas, salários,assistência às vítimas e trata-mento médico, indemniza-ções, custos administrativos,reparação de equipamentos,perda de competitividade eda imagem das empresascom alta sinistralidade labo-ral, sofrimento das famílias,custos com a reabilitação fí-sica e profissional e, muitasvezes, os altíssimos custos

com as incapacidades per-manentes dos doentes/ aci-dentados)”, lembrou.Por isso, “a implementa-

ção de medidas de preven-ção de riscos e de doençasresponsáveis pela baixa pro-dutividade dos profissionaisé impreterível para o cresci-mento de qualquer organi-zação, ou país”, defendeu.“A notoriedade da medi-

cina do trabalho tem au-mentado no país, mas aindaé insuficiente. Em Angola,embora já seja reconhecidaa importância dos segurosde acidentes de trabalho,continuam a ocorrer aciden-tes, doenças e outras situa-ções laborais, cuja influênciano ambiente de trabalho éevidente e que podem serevitados através de estraté-gias de prevenção pela enge-nharia de segurança e damedicina do trabalho”, real-çou. Apesar de existirem “algu-

mas empresas e instituiçõesnacionais e multinacionaisque assumem a responsabi-lidade de salvaguardar o di-reito dos trabalhadores a co-nhecerem os riscos presen-tes nos seus locais detrabalho e inerentes às suas

funções, a saúde e a seguran-ça do trabalho ainda não sãouma prioridade”, lamentou.No entanto, “as perspectivasfuturas para esta área são decrescimento”, adiantou RuiCapo.

Nova legislaçãoO presidente do Colégio afir-ma por isso, ser “preciso quese fale cada vez mais da pro-moção da saúde e prevençãode doenças e acidentes noâmbito profissional para quea área da saúde e segurançano trabalho no país cresçamuito mais. É imperativoque as empresas se adaptemà legislação sobre a matéria eque prestem atenção às exi-gências dos trabalhadores,pois estes, actualmente, va-lorizam e procuram traba-lhar em ambientes mais se-guros, de forma a evitar ris-cos físicos, químicos,biológicos, ergonómicos epsicossociais no trabalho”.

Objectivos do Colégio de Especialidade

de Medicina do TrabalhoO Colégio de Especialidadede Medicina do Trabalhotem como principais objec-tivos, desenvolver a medici-na do trabalho no país; pro-mover a avaliação contínuados médicos do trabalho e asua participação em eventosnacionais e internacionais econtribuir para que as em-presas adoptem as leis em vi-gor nesta matéria. Mais especificamente, as

suas actividades consistemem apoiar a Ordem dos Mé-dicos em vários assuntos re-lacionados com a medicinado trabalho, aconselhar asempresas em todas as práti-cas que envolvem directa-mente esta área, regular oexercício da especialidadeem Angola e estabelecer in-tercâmbios com diversas or-ganizações internacionais. É constituído por três co-

missões de trabalho: a de re-lações internacionais, comu-nicação e imagem, a de ensi-no e pós-graduação e a deciência e investigação. Osseus principais membrossão médicos do trabalho.

Haverá novas ferramentasde trabalho, novos produtosquímicos, novas formas deenergia, novas posturas, nu-ma só palavra novos riscosocupacionais. É preciso estu-dá-los para conhecer, prevê-los e avaliar o impacto que es-tes riscos podem provocar acurto, médico e longo prazos

na saúde física e mental dosoperadores destas novas tec-nologias. Exemplos:- Os computadores trouxe-ram grandes progressos emtodas as áreas da nossa vida,mas também trouxeram ví-cios de postura, lombalgias,tendinites, doenças ocularese até novos crimes!

- Por outro lado as novas for-mas de organização (porexemplo as fusões entre em-presas) incorporaram maiseficiência nos seus processos,mas também reduziram pes-soal, estabeleceram novasmetas de produção, aumen-taram as exigências e deman-das cognitivas e as necessida-

des de diferenciação dos seustrabalhadores que se torna-ram multifuncionais, o queaumentou a insegurança dostrabalhadores e a instabilida-de nos empregos (despedi-mentos), diminuiu a coesãosocial entre os trabalhadores,surgindo assim o chamadorisco psicossocial, o assédiomoral no local de trabalho, ostress laboral e as doençasmentais relacionadas ao tra-balho.

Equilíbrio entre capital e trabalho

Os serviços de saúde, de umaforma geral, e o médico dotrabalho, de forma particular,devem estar atentos a todosestes fenómenos de forma apoder interpretá-los correc-tamente com vista a estabele-cer medidas de prevenção,diagnosticar precocementetodos os agravos à saúde dotrabalhador resultantes des-tes novos riscos e estabelecero nexo de causalidade (rela-

ção causa e efeito) com o tra-balho. Mais importante ainda é

ajudar os altos decisores dasempresas a estabeleceremestratégias organizacionais ecorporativas, em que empre-gadores e empregados pos-sam lidar com estes fenóme-nos dos nossos tempos, deforma a encontrar um equilí-brio entre capital e trabalho,salvaguardando a necessida-de do crescimento económi-co das empresas, sem pôr emcausa a saúde dos trabalha-dores. É por isso que as empresas

inteligentes consideram a saú-de e segurança do trabalhonão só uma prioridade masacima de tudo um VALOR. Va-lor como investimento e valorcomo estratégia de negócio,revelou o especialista.

Contactos:E-mail: [email protected].: 928120644 / 912518118

A dislexia é, porventura, acausa mais frequente do bai-xo rendimento e do insuces-so escolar. Na maioria doscasos não é identificada,nem tratada correcta eatempadamente. O objetivodeste artigo é dar a conheceros conceitos básicos destaperturbação, de modo a per-mitir o encaminhamentodestas crianças para umaavaliação e intervenção es-pecializada.

O que é a dislexiaA dislexia é uma incapacida-de específica de aprendiza-gem, de origem neurobioló-gica. É caracterizada por di-ficuldades na correção e/oufluência na leitura de pala-vras e por baixa competên-cia leitora e ortográfica. Estasdificuldades resultam de umdéfice fonológico, inespera-do, em relação às outras ca-pacidades cognitivas e àscondições educativas. Se-cundariamente podem sur-gir dificuldades de com-preensão leitora, experiên-cia de leitura reduzida quepode impedir o desenvolvi-mento do vocabulário e dosconhecimentos gerais.

Esta definição de dislexia,adotada em 2003 pela Asso-ciação Internacional de Dis-lexia, é, actualmente, aceitepela grande maioria da co-munidade científica.

Prevalência da doençaNos Estados Unidos daAmérica, a prevalência daperturbação da leitura nascrianças com idade escolar éde cerca de quatro por cento,segundo a 4ª edição do Ma-nual de Diagnóstico e Esta-tística das PerturbaçõesMentais da American Psy-chiatric Association (DSM-IV).

No entanto, resultados deoutras investigações apon-tam para uma prevalênciade cinco a dez por cento. Istosignifica que, cerca de um

estudante inteligente em ca-da dez, pode apresentaruma dislexia mais ou menosgrave.

Outros estudos referemque, aproximadamente, 30por cento a 40 por cento dosirmãos de crianças disléxi-cas apresentam, de uma for-ma mais ou menos grave, amesma perturbação. Entregémeos monozigóticos, aspercentagens de concor-dância aumentam para 68por cento. Uma criança cujopai seja disléxico apresentaum risco oito vezes superiorà da população em geral.

Alguns estudos reportam,igualmente, a presença dediferenças significativas naprevalência da dislexia entrerapazes e raparigas. O géne-ro masculino tende a apre-sentar uma maior prevalên-cia comparativamente como género feminino. Outrosestudos não observaram apresença de diferenças naprevalência em função dogénero.

Co-morbilidadeEmbora a base cognitiva dadislexia seja um défice fono-lógico, é frequente a co-mor-bilidade com outras pertur-bações: perturbação daatenção com hiperatividade(ADHD), perturbação espe-cífica da linguagem (PEL),discalculia, disgrafia, disor-tografia, perturbação dacoordenação motora, per-turbação do comportamen-to, perturbação do humor,perturbação de oposição edesvalorização da autoesti-ma. A ADHD merece refe-rencia especial por ser a per-turbação que se associa commais frequência, sendomaior para a dimensão dainatenção do que para a hi-peratividade /impulsivida-de.

Características gerais Em geral, os alunos disléxi-cos apresentam:- Dificuldades na psicomo-tricidade e na lateralidade,isto é, a interiorização daimagem do corpo. Não con-seguem reconhecer, sentir oseu próprio corpo, o atrás, oà frente, a direita e a esquer-da, entre outros;- Atraso na orientação espá-cio-temporal, ou seja, não

conseguem situar-se no es-paço, num mapa ou no glo-bo terrestre. Não compreen-dem a orientação dos sím-bolos gráficos. Nãopercebem um gráfico, uma

tabela de dupla entrada. Nãoaprendem a ver as horas, adistinguir os dias da semana,os meses do ano, ou a rela-cionar acontecimentos or-denados no tempo;- Problemas perceptivos au-ditivos ou visuais, nomeada-mente dificuldades emcompetências fonológicas,como distinguir sons, reco-nhecer palavras e seus ele-mentos, não atender a por-menores visuais (podem darerros graves mesmo nas có-pias de textos), não reconhe-cer palavras já conhecidas eler com hesitações e altera-ções, sem ritmo e expressãoou fazer erros na escrita, dotipo confusões, inversões,adições, omissões, ligações,separações ou substituiçõese desrespeito de regras;- Atraso nas competênciaspsicolinguísticas, isto é, aofalar poderão alterar a estru-tura da frase ou da palavra ea sua linguagem compreen-siva e/ou expressiva podeestar muito empobrecida;- Alteração dos traçados gra-fo motores, dado o baixocontrolo e destreza motorafina;- Dificuldades de atenção e dememória imediata e/ou delongo prazo. Não recordam,nem retêm, séries sequen-ciais ouvidas, nem memori-zam visualmente símbolosgráficos, palavras ou letras.

Sinais de alerta Sendo a dislexia uma pertur-bação da linguagem quetem na sua origem dificulda-des a nível do processamen-

to fonológico, podem obser-var-se algumas manifesta-ções antes da aprendizagemda leitura.

Existem alguns sinais queindiciam dificuldades futu-ras e, se os mesmos foremobservados e persistirem aolongo de vários meses, ospais devem procurar umaavaliação especializada. Aintervenção precoce é, tal-vez, o factor mais importan-te na recuperação dos leito-res disléxicos.Durante a infância:Atraso na aquisição da lin-guagem. A criança começoua dizer as primeiras palavrasmais tarde do que o habituale a construir frases mais tar-diamente.Apresenta problemas delinguagem durante o seu de-senvolvimento, tais comodificuldades em pronunciardeterminados sons, lingua-gem infantilizada para alémda idade normal.Demonstra dificuldadesem memorizar e acompa-nhar canções infantis, rimase lengalengas. Mostra dificuldade naconsciência e manipulaçãofonológica. Dificuldade emaperceber-se que os sonsdas palavras podem dividir-se em bocados mais peque-nos e em manipular essesmesmos sons.Na idade escolar: Lentidão na aprendiza-gem dos mecanismos da lei-tura e escrita. Maior lentidãoque o normal na aprendiza-gem das letras e na leituradas silabas. Dificuldade em com-preender que as palavras sepodem segmentar em síla-bas e fonemas.A velocidade de leitura ésignificativamente abaixo doesperado para a idade: mui-tas vezes silábica e por sole-tração.Bastantes dificuldades naleitura, com a presençaconstante de alterações e defalhas nos processos de des-codificação grafema-fone-ma e/ou na leitura automá-tica de palavras. Dificuldades na com-preensão de textos escritosdevido à sua fraca qualidadena leitura. Boa compreensãoquando as histórias lhe sãolidas.

A escrita surge com muitoserros ortográficos, com tro-cas fonológicas e/ou lexicais.Lacunas acentuadas na or-ganização das ideias no tex-to e na construção frásica.Demora demasiado tem-po na realização dos traba-lhos de casa (uma hora detrabalho rende 10 minutos). Utiliza estratégias e tru-ques para não ler. Não revelaqualquer prazer pela leitura.Distrai-se com bastante fa-cilidade perante qualquerestímulo. Curtos períodosde atenção. Os resultados escolaresnão estão de acordo com asua capacidade intelectual.Melhores resultados nasavaliações orais do que nasescritas.Dificuldade em memori-zar informações verbais.Dificuldade na aprendiza-gem de uma língua estran-geira.Não gosta de ir a escola oude realizar qualquer activi-dade com ela relacionada.Apresenta "picos de apren-dizagem". Nuns dias pareceassimilar e compreender osconteúdos curriculares enoutros parece ter esqueci-do o que tinha aprendidoanteriormente.

As repercussões da disle-xia são muitas vezes consi-deráveis, quer ao nível do su-cesso escolar, quer ao níveldo comportamento e estadoemocional da criança, origi-nando nestes domínios per-turbações de gravidade va-riável, que importa reconhe-cer e evitar na medida dopossível.

A criança disléxica é geral-mente triste e deprimida pelorepetido insucesso escolar epelo fracasso em superar assuas dificuldades. Outras ve-zes mostra-se agressiva e an-gustiada. A frustração causa-da pelos anos de esforço semêxito e a permanente compa-ração com as demais criançasprovocam sentimentos de in-ferioridade.

A dislexia é uma dificulda-de de aprendizagem quemuitas vezes pode ser devas-tadora se não tratada. Indiví-duos que sofrem de dislexiapodem, apesar das dificulda-des, vencer o problema e tor-narem-se muito bem sucedi-dos.

O primeiro desafio para osque buscam a boa forma e asaúde corporal é vencer apreguiça. Manter uma ativi-dade física regular exige per-severança, força de vontade,disciplina e paciência. Nãohá fórmula mágica contra osedentarismo.

Numa reportagem recen-te, foram entrevistados vá-rios praticantes de desportopara tentar descobrir um pa-drão de comportamento queexplicasse a motivação paraa atividade física. Não se en-controu. Cada um dos entre-vistados revelou que tinhaum estímulo próprio para semanter em forma.

Nesse afã para incorporaro exercício à vida diária, sejacom o objetivo de lazer, saú-de, ou mesmo por questõesestéticas, muitos praticamexercícios apenas aos fins-de-semana. E, o pior, que-rem recuperar em semanas aforma física que deveria sermoldada em meses de práti-ca orientada de exercícios e,claro, após avaliação médicaespecializada.

Desvantagens para a saúdeOs atletas de final de semanapagam caro pelo seu imedia-tismo. Descobrem, depois,que a prática desportivaeventual só traz desvanta-gens para a saúde. São co-muns as contraturas, estira-mentos, roturas muscularese de tendões, fracturas, arrit-mias e, não raro, casos de in-farto agudo do miocárdio.

Se analisarmos por umaperspectiva evolutiva, somosobrigados a reconhecer queos padrões de atividade físicado ser humano não foramestabelecidos em acade-mias, pistas de corrida ouquadras desportivas. Os nos-sos ancestrais foram caçado-res e nómadas e, dessa for-ma, a obtenção de nutrientes

era adquirido à custa de mui-to esforço. O homem moder-no, ao contrário, tem reduzi-do progressivamente as ne-cessidades calóricas paraexercer suas atividades, aomesmo tempo em que oacesso aos alimentos ficoumais fácil. Além disso, a es-cassez de tempo não tem fa-vorecido a prática de exercí-cios físicos.

Estilo de vida do homem contemporâneo

Após realizar mais de 60 milcheck-ups médicos em ho-mens e mulheres, ao longode 22 anos, as nossas estatís-ticas demonstram que o esti-lo de vida empreendido pelohomem moderno ainda estálonge de ser o ideal:– 70 por cento convivem comaltos níveis de stress no coti-diano;– 65 por cento estão com ex-cesso de peso corporal;

– 60 por cento são sedentá-rios;– 50 por cento têm o coleste-rol elevado;– 25 por cento são hiperten-sos.

O resultado desse estilode vida culminou com o au-mento da obesidade e dedoenças associadas. Ora, ocondicionamento físico éuma resposta adaptativa do

corpo. Esse processo deadaptação não é imediato epode levar várias semanas.

Regularidade do treinoA regularidade do treinoadequado resulta em váriasalterações anatômicas e fi-siológicas benéficas. Os os-sos, tendões e músculos ten-dem a fortalecer-se dimi-nuindo a susceptibilidade àslesões. O sistema nervosoautónomo (responsável pelocontrole das funções auto-máticas como a frequênciacardíaca e pressão arterial)ajusta-se para atender às ne-cessidades do exercício. Ocoração e o sistema arterialadaptam-se para atender àsdemandas do corpo por oxi-génio e nutrientes. Os mús-culos hipertrofiam-se e tor-nam-se mais eficientes nageração de força. Existe umaalteração positiva no perfilde gorduras no sangue e nautilização dos carboidratos.A resistência à insulina, com-ponente da conhecida “sín-drome metabólica” e da dia-betes, diminui.

Nenhuma dessas altera-ções benéficas acontece coma atividade desportiva espo-rádica. Pelo contrário, o atle-ta do fim-de-semana tende a“compensar” a falta dos exer-cícios dos outros dias exage-rando na dose. Daí a grandeprevalência de lesões e pro-blemas ocorridos na ativida-de física mais intensa quan-do executado por um corponão treinado.

O papel fundamental da alimentação

A alimentação tem um pa-pel fundamental nesse pro-cesso. No final de semana, aingestão de álcool e de ali-mentos com alto teor de gor-dura, aliada à falta de aten-ção com a hidratação, podecomplicar a situação do“desportista”. Aconselha-se,assim, que se mantenha hi-dratado, evitando atividadesintensas sob o sol forte e abs-tendo-se de álcool antes doesforço. A atividade física emjejum não é recomendada.A ingestão de frutas e sucos ecarboidratos ajudam a man-ter o nível de glicose ade-quado para os músculoscom consequente melhorado desempenho. Suplemen-tos apenas quando prescri-tos por médicos ou nutricio-nistas.

É importante lembrarque antes de iniciar o treina-mento deve ser feita umaavaliação médica para ex-cluir doenças ortopédicas,cardíacas, ou pulmonares.Mesmo os jovens podem serportadores de doenças car-díacas que permanecemsem sintomas até que a pri-meira manifestação aconte-ça durante o esforço.

Com segurança e bomtreinamento, o desportistade final de semana terá me-lhor desempenho, sem sur-presas desagradáveis e maiscomemorações. Isto sim éque é marcar um golo naqualidade de vida.

O argumento mais fre-quente dos sedentários é afalta de tempo. As pressõescrescentes por resultados notrabalho, o trânsito caóticodas grandes cidades, a ne-cessidade de dar atenção àfamília e os afazeres da casacompetem entre si por aten-ção. Dá a impressão que fal-tam horas no dia. Como en-caixar a atividade física nes-se contexto? Talvez caibauma análise honesta das ac-tividades pouco produtivas

do nosso dia.Os trabalhos científicos

que correlacionaram o exer-cício com a redução do riscocardiovascular consideraramuma pessoa fisicamente acti-va quando o tempo de treinosupera 150 minutos por se-mana. É possível que a reco-mendação genérica de 30 mi-nutos, cinco vezes na sema-na, tenha vindo desse critério.Especulações à parte, já se sa-be que um exercício leve amoderado mais vezes na se-

mana tende a trazer mais res-postas benéficas, com menosriscos, que um treino intensopraticado poucas vezes. En-tretanto, isto não é uma ver-dade absoluta.

O iniciante que faz umaatividade física não orientadapode sobrecarregar os ossos,músculos e ligamentos mes-mo com frequência de treino,principalmente se estiver aci-ma do peso. Nestes casos, émelhor iniciar com três ses-sões, praticando com intensi-

dade leve e curta duração e irprogredindo à medida que atolerância ao esforço aumen-ta. Além disso, o exercíciomuito intenso tende a dimi-nuir a aderência ao treina-mento. É comum ouvir rela-tos de pessoas que fazem umesforço exagerado no primei-ro dia. No segundo, com ocorpo dolorido, o entusiasmoé bem menor. No terceiro diajá não há prazer. E, no quarto,a pessoa não vai. Quem sabeoutro dia...

Mais recentemente, os estudosde comportamento animal, -apesar de não demonstraremdados completamente conclusi-vos - apontam para os benefíciospsicológicos do exercício físico."Quando sujeitos a paradigmasde stress, os roedores [animaisutilizados na investigação] re-produziram modelos depressi-vos - semelhantes aos dos sereshumanos -, que se caracterizam,fundamentalmente, pela apatiae diminuição da actividade, per-da de interesse e eficácia intelec-tual e cognitiva", diz Óscar Gon-çalves, professor catedrático deNeuropsicofisiologia da Univer-sidade do Minho. Após um pro-grama de exercício físico volun-tário, "verificou-se uma melhoriadesses padrões", su blinha.

Na perspectiva deste investi-gador, nos seres humanos, oexercício físico - entendido comoum "fármaco natural" - pode ate-nuar os sintomas da depressão."Embora seja difícil estabelecerum relação de causalidade, oexercício físico pode ser bom re-gulador dos processos emocio-

nais e um coadjuvante no trata-mento da ansiedade e da sinto-matologia depressiva", comple-ta. Paralelamente, são conheci-dos outros efeitos "acessórios" doexercício físico: despoleta um es-tado de espírito mais positivo eaumenta a eficácia do funciona-mento cognitivo e intelectual.

Na tentativa de encontrar res-postas para estes fenómenos, aciência, através de estudos ani-mais, demonstrou que os benefí-cios do exercício físico se relacio-nam com os processos bioquími-cos, responsáveis peloestabelecimento de conexões en-tre os neurónios. "O exercício fí-sico induz uma maior plasticida-de das células nervosas, dos neu-rónios e das células da glia[células de suporte que ajudam aalimentar os neurónios]. Assim,do ponto de vista cognitivo, a ac-tividade física induz acomunicação entreas células nervosas efacilita a formação denovos neurónios (processoconhecido por neurogénese)",afirma Óscar Gonçalves.

A revista Newsweek, escrevia,numa edição recente, que o pro-cesso neuroquímico é desenca-deado pela contracção muscular.A cada contracção do bíceps, éactivado o envio de uma proteí-na, designada de IGF-1, que per-corre toda a corrente sanguíneaaté alcançar o cérebro. Chegadaao cérebro, esta substância assu-me o comando na produção deneutrotransmissores, nomeada-mente do factor neurotrófico de-rivado do cérebro (BDNF, sigla doinglês). Esta molécula é respon-sável pelo sustento de várias acti-vidades relacionadas com o inte-lecto. Assim, o exercício físico re-gular proporciona um aumentodos níveis de BDNF, promoven-do, simultaneamente, a produ-ção de novos neu-rónios -

embora em pequenonúmero na idade adulta - e o de-senvolvimento de novas cone-xões entre as células nervosas.

O hipocampo é uma zona cerebral responsável pelaaprendizagem e pela memória. O processo de oxigenaçãoe vascularização, derivado do exercício físico, fomenta aformação de novas células e ajuda a reduzir os efeitos docortisol. Esta substância, produzida pelo organismo,quando presente em doses moderadas, exerce uma acçãoimunitária. Mas, em excesso, perante uma situação destress exacerbado, acaba por produzir efeitos tóxicos emdiferentes zonas cerebrais. Segundo Óscar Gonçalves, oexercício físico, "como antagonista do cortisol, permite,também, contrariar a resposta aos ciclos do stress". Destaforma, assume-se como um antídoto do stress e da ansie-dade.Apesar do contributo do exercício físico na melhoria dosprocessos de aprendizagem e memória, o especialista su-blinha que a melhor forma de "muscular" o cérebro e pro-duzir uma maior eficiência mental é mantendo uma acti-vidade intelectual regular. "A estimulação cognitiva é o ele-mento central da produção de novos neurónios e sinapses[conexões] entre os neurónios", considera o especialista,que avança com um exemplo: "O cérebro, à seme lhançados músculos [embora estes tenham uma maior plastici-dade], necessita de estimulação para se manter em forma.Os neurónios, tal como os músculos, estão dependentesda activação constante."Na perspectiva de Óscar Gonçalves, "Use it or loose it", àboa moda anglosaxónica, é o princípio que rege o funcio-namento cerebral. A inactividade provoca, segundo o psi-cólogo, uma "atrofia das estruturas e, por conseguinte,uma diminuição da sua funcionalidade".

Melhorar a memória com 10 minutos de conversaUm estudo da Universidade de Michigan, publicado noBoletim de Personalidade e Psicologia Social, no passadomês de Fevereiro, indica que 10 minutos de diá-logo podem aumentar a capacidade da me-mória e o desempenho nos testes. Na perspectiva de Oscar Ybarra, psicólo-go da U-M Institute for Social Research(ISR) e co-autor do estudo - em parceriacom os psicólogos Eugene Burnstein ePiotr Winkielman -, "o processo de socia-lização é um dos meios tradicionais maiseficazes no desenvolvimento intelectual".O estudo, que incluiu uma amostra de3610 indivíduos, com idades compreendi-das entre os 24 e os 96 anos, analisou a rela-ção entre a função mental e a interacçãosocial. "Para o nosso conhecimento, esta expe-riência evidencia a forma como uma inte-racção social podem influenciar, directa-mente, a memória e a performance mentalde uma maneira positiva", diz Óscar Ybarra.Estes dados sugerem, ainda, que o isolamen-to social pode ter repercussões negati-vas nas capacidades intelec-tuais, emocionais e de bem-estar. * Adaptado do Science Daily

Desenvolver, etimologica-mente significa "des-envol-ver", "cessar a confusão" (Di-cionário da Língua Portu-guesa da Academia dasCiências de Lisboa, vol. I,2001). Implica um aumentode complexidade mas tam-bém de clareza de processose de possibilidades para to-dos, na área da saúde, edu-cação e recursos necessáriosà qualidade de vida. O pro-gresso económico, a níveldos países, não se identificatotalmente com uma me-lhor situação em matéria desaúde. Os cuidados de saúdesão até prejudicados por al-guns factores nefastos liga-dos ao progresso económi-co. A transição em saúdetem implicações sérias emtermos de cuidados e servi-ços de saúde. Numa pers-pectiva mundial, a globali-zação leva a que alguns paí-ses tenham um contactosimultâneo com o melhor eo pior dos países industriali-zados. Associado ao desen-volvimento vem o consumoabusivo de bebidas alcoóli-cas, o consumo de tabaco edrogas, a alimentação semqualidade e rica em gordu-ras, o sedentarismo, os aci-dentes (nomeadamente sobo efeito de álcool e drogas),os comportamentos sexuaisde risco (nomeadamentesob o consumo de álcool edrogas) e ainda o forte apeloao consumo com um poten-cial efeito secundário emtermos de criminalidade pa-ra os mais desfavorecidos.

Doenças tropicaise doenças infantis

A ajuda humanitária deemergência em resposta acatástrofes naturais ou aconflitos armados começamuitas vezes por ser assis-tencial nos casos em que háproblemas de fome, sede,abrigo, sanidade básica, maslogo que possível urge umamudança de estratégia deintervenção mais virada pa-ra a capacitação e participa-ção da população, para o de-

senvolvimento de recursoslocais, para acções sustentá-veis. Só então se poderá ver-dadeiramente falar de qua-lidade de vida das popula-ções. Antes dos anos 70, aintervenção de ajuda exter-na baseava-se num modeloassistencial em situações li-mite e não aumentava acompetência, a participaçãoe autonomia das regiõesnem o desenvolvimento derecursos locais. Nos últimos40 anos o estudo e investiga-ção na área da Saúde Inter-nacional tiveram dois focosprincipais - as doenças tro-picais e a saúde infantil. Ointeresse pelas doenças tro-picais veio dos antigos regi-mes coloniais e cresceu comas doenças dos expatriadosdas colónias que eram rarasou mesmo inexistentes naEuropa. O foco em doençasinfantis veio da constataçãode que a mortalidade infan-til em países em desenvolvi-mento tinha a ver com umpequeno número de doen-ças contagiosas (em conjun-to com peso baixo à nascen-ça, subnutrição e factoresambientais adversos) tor-nando eficazes processos devacinação e redução de ex-posição aos riscos e dandoorigem ao que agora se cha-ma saúde materno-infantil.Os países foram desenvol-vendo programas nestas

áreas deixando desprotegi-da a chamada saúde doadulto: cancros, doençascardiovasculares, proble-mas pulmonares crónicosobstrutivos, diabetes, e IST(com excepção do VIH/Si-da).

Novos riscos, novos comportamentos

Actualmente, a população-alvo da saúde pública nospaíses jovens enfrenta umaindustrialização e uma ur-banização desordenadas,crises económicas generali-zadas e, muitas vezes, algu-ma turbulência e instabili-dade política que dificultamuma continuidade na orga-nização dos serviços de edu-cação e de saúde e noutrasmedidas de promoção dasaúde das populações. Estaalteração ambiental acarre-tou novos riscos, novos com-portamentos. A urbanizaçãoassociou-se a mudanças daestrutura da família, à vio-lência doméstica e duplicoua taxa de alcoolismo. Doponto de vista da distribui-ção demográfica, previa-seque, de 1990 a 2025, a popu-lação urbana nos países emdesenvolvimento iria tripli-car de 1400 milhões para3800 milhões (Relatório dasNações Unidas de19871). Amaior parte destas pessoasirá viver em bairros suburba-

nos descaracterizados, po-luídos e com graves perigospara a saúde. As transiçõesem saúde, positivas e negati-vas, caracterizam as condi-ções do nosso tempo. Comoptimismo descreve-se a di-minuição da mortalidadeinfantil, o aumento da espe-rança de vida à nascença e odesaparecimento ou contro-lo da maior parte das doen-ças contagiosas. Uma visãomais negativa aponta o au-mento descontrolado doHIV/sida, as perturbaçõesda saúde mental, os confli-tos étnicos e o aumento daviolência e dos consumos.

Generalização abusiva de estratégias

de organização de cuidados de saúde

O relatório da Conferênciade Alma-Ata promovida pe-la OMS em 1978 recomendaque os serviços de saúde,nomeadamente os que es-tão ligados a intervençõestransculturais não se obsti-nem num desenvolvimentoimpessoal, quando preten-dem ir ao encontro da inti-midade das populações emquestões como a vida, amorte, o amor, a felicidade, adoença. Constata-se quemuitos aspectos da vida doquotidiano, das relações en-tre as pessoas e das pessoascom o ambiente são rele-

vantes para a sua saúde. Ageneralização abusiva de es-tratégias de organização decuidados de saúde a contex-tos, culturas e religiões dife-rentes de onde primeiro seimplementaram tem custosgraves e contornos de "con-descendência e etnocentris-mo" entre culturas. Falandode especificidade culturalverifica-se que várias condi-ções de doença são aindaatribuídas a causas de carác-ter místico e mágico: o fado,o astral, a má sorte, à viola-ção de um tabu, a espíritosou bruxaria2 sublinhando opapel das crenças e das ex-pectativas das populaçõesna adopção de medidas deprotecção da sua própriasaúde e o papel que pode tera obtenção da sua confiançapor interacção com "equiva-lentes" locais (agentes desaúde local, curandeiros,magos). Hofstede3 refere al-gumas especificidades cul-turais com efeitos nas rela-ções entre as pessoas: adimensãocole ctivismo-individualismo (colectivis-mo mais comum no Pana-má e Equador e individualis-mo nos EUA e Austrália); adistância interpessoal pararelações de poder (alta naMalásia; baixa na Dinamar-ca); o sentimento de ameaçapelo desconhecido, associa-da à defesa e à agressão (má-

ximo na Grécia e Portugal,mínimo na Dinamarca eSingapura); a dimensão dasdiferenças feminino-mascu-lino (máximo no Japão eÁustria, mínimo na Suécia eNoruega), a dimensão docurto e longo prazo (maislongo na China e o mais cur-to no Paquistão e Nigéria).

A escolarizaçãodas populações

é um pilar fundamental

Os hábitos específicos asso-ciados a comportamentosde risco e de protecção paraa saúde apresentam algumaestabilidade entre culturas,embora as motivações daspessoas para a protecção dasua saúde só ocorram quan-do há alguma estabilizaçãoprévia dos processos de so-brevivência e segurançapessoais, isto é em geral forade contextos de guerra oucatástrofe. A escolarizaçãodas populações é um pilarfundamental e têm-se vindocada vez mais a demonstraros efeitos positivos da edu-cação e formação na melho-ria de vida das populações. Aeducação das mães influen-cia a saúde dos filhos muitopara além da procura e daadesão aos cuidados de saú-de, através de práticas do-mésticas saudáveis no dia-a-dia, do acesso a uma maiordiferenciação económica eda maior complexidade ver-bal e cognitiva. Um comple-xo e urgente caminho decor-re desde a escolarização dasmães até uma redução damortalidade e da fertilidade4

e aumento da escolha e ma-nutenção de estilos de vidacom mais saúde. Mas estesfactores têm um efeito deacumulação entre geraçõese apontam para o futuro.

1Phillips, D. & Verhasselt, Y. (1994)Health and Development, NY: Rou-tledge2Basch, P. (1990) Textbook of Inter-national health, Oxford: Oxfordpress 3Gallois, C. & Callan, V. (1997).Communication and culture. Bris-bane: Wiley4LeVine, R.; LeVine, S. Richman, A.;Uribe, F. & Correa, C. (1994) Schoo-ling and survival: the impact of ma-ternal education on health and re-production in the third world, in L.Chen, A. Kleinman & N. Ware (Eds.)Health and Social Change in Inter-national perspective (303-338),Boston: Harvard press

Será que a água emagrece?Será que a água pode, de al-guma forma, reduzir o ape-tite? A água às refeições en-gorda? Estas perguntas sãolegítimas, especialmentenuma época em que qual-quer publicação generalistadivulga informa ções e "di-cas" sobre nutrição, que fre-quentemente carecem defundamento científico. En-tão, o que de facto se sabe?

A ÁGUA AJUDA A EMAGRECER?

Antes de mais, importa per-ceber o que significa "ema-grecer". Este conceito é fre-quentemente entendido co-mo "perder peso", ou seja,diminuição de quilogramas(de massa corporal total) nabalança. Mas a palavra"emagrecer" pode e deve serutilizada para referir a redu-ção de massa gorda corpo-ral ou do perímetro da cintu-ra, sem que isso signifique

obrigatoriamente perda depeso. Muitas pessoas quequerem "fazer dieta" acredi-tam que a água faz emagre-cer, mas a verdade é que nãoexistem evidências de que aingestão de água per se te-nha um papel activo na re-dução do peso.

Aquilo que a literaturacientífica indica é que o quemais contribui para emagre-cer é conseguir, por um lado,limitar o aporte calórico to-tal e, por outro, aumentar ogasto energético, através daprática de exercício físico.Neste sentido, a substituição

de bebidas calóricas porágua está associada a ummenor aporte calórico. Oaporte calórico é, portanto,uma característica normalda maioria dos alimentos ebebidas, à excepção precisa-mente da água, que não temne nhum valor energético.

A ÁGUA REDUZ O APETITE?

Por não conter calorias, aágua tem uma densidadeenergética de zero. Por issonão contribui, sozinha, paraa redução de apetite. Masexistem evidências científi-cas de que os alimentos na-turalmente com alto teor emágua e fibras (como os hor-tofrutícolas), bem como ospratos confeccionados comelevadas quantidades deágua (como os ensopados,as caldeiradas, etc.), promo-vem a saciedade. Nos últi-mos anos, foram publicadosvários estudos que indicamque os alimentos ou bebidasde elevado índice glicémico,como o pão branco e algunsalimentos muito ricos emaçúcar, provocam umamaior libertação de insulina,e podem estar relacionados

com um maior aporte caló-rico. Note-se que a água nãotem quaisquer hidratos decarbono (nem proteínas,nem gordura) e, consequen-temente, não pode provocarpicos de glicemia.

A ÁGUA ÀS REFEIÇÕESENGORDA?

Com base na literatura cien-tífica, a conclusão que ac-tualmente se pode retirar éque a ingestão de água, an-tes ou durante a refeição,não tem qualquer efeito naingestão calórica total, nessarefeição ou nas seguintes.Ou seja, para a gestão do pe-so, é indiferente beber ounão beber água durante a re-feição. Pelo contrário, a hi-dratação é um aspecto im-portante para a saúde, peloque a ingestão de água du-rante a refeição, na medidadas necessidades e vontadede cada pessoa, é acon -selhável.

A ÁGUA É DIURÉTICA?As águas são diferentesumas das outras, distinguin-do-se sobretudo pela com-posição físico-química. Nocaso da existência de ede-ma, a retenção de líquidosdificulta a perda de peso. As-sim, as águas mais diuréticaspoderão ser uma ajuda numplano de perda de peso, sen-do que a ingestão de águaper se já estimula a diurese.

Evitar défice ou excesso depeso. Manter um peso sau-dável depende de uma in-gestão balanceada de calo-rias e de um equilíbrio como exercício físico. As mulhe-res com peso a mais têm umrisco maior de cancro do en-dométrio e da mama.

Também existe um riscomaior de cancro do rim e,possivelmente, do cólon, as-sim como um aumento derisco de cancro na globalida-de. Os cientistas usam o Ín-dice de Massa Corporal(IMC) para determinar se opeso do indivíduo é, ou não,saudável. Pode calcular oseu Índice de Massa Corpo-ral da seguinte forma: IMC =Peso (kg) /estatura (m) x es-tatura (m). Exemplo: parauma pessoa com 62 quilo-gramas de massa (peso) e1,61 metros de altura, tere-mos: 62 / 1,61 x 1,61 = 23,9 kg/ m2. E pode interpretá-lono quadro seguinte:

Índice de Massa CorporalMenos de 20...Magreza20-25..............Normalidade25-30..............Sobrecarga

ponderalMais de 30 ......Obesidade

aumentara actividadefísica

É muito importante ocontrole ao longo da vida, deforma a impedir o excessode peso e proteger dos can-cros. Comer mais hortaliças,frutos e legumes em nature-za. Comer entre 400 a 800gramas por dia pode contri-buir para uma diminuiçãodo risco de cancro de 20 porcento. Vegetais verdes, ce-nouras, tomate e citrinos pa-recem ser particularmenteinteressantes.

Os mais eficazes na pro-tecção contra o cancro serãoas hortaliças, legumes e fru-tos muito coloridos e trêsbrancos: maçã, alho e cebo-la. Ingerir todos os dias entre600 a 800 gramas de cereais,leguminosas, raízes, tubér-culos..., preferindo os ali-mentos não processados in-dustrialmente e limitar oconsumo de açúcar e doces.Os alimentos ricos em ami-dos e polissacáridos nãoamiláceos como os cereais epão integral ou escuro, legu-minosas e tubérculos, comoa batata, têm uma quantida-de apreciável de vitaminas,minerais e complantix (fi-bras) e estão implicados naredução de risco de cancros.

Carnes vermelhasModerar o consumo de be-bidas alcoólicas, não ultra-passando o equivalente aum copo de vinho ao almo-

ço e jantar para o homem eum pouco menos na mu-lher. O risco associado ao ál-cool é ainda maior quandoas pessoas são simultanea-mente fumadoras. Limitar oconsumo de carne verme-lha. Preferir peixe, aves, coe-lho e animais não domesti-cados, nomeadamente caça.Comer mais de 80 gramas(uma pequena fatia) de car-nes vermelhas, em particu-lar de vaca e derivados, pro-vavelmente aumenta o riscode cancro. As carnes verme-lhas e as processadas indus-

trialmente (enchidos, salsi-chas, fiambre...) são umafonte de gorduras de origemanimal que, por si só, au-menta o risco de cancro dopulmão, cólon e recto, ma-ma, endométrio e próstata.O peixe constitui uma exce-lente alternativa à carne edeveria ser consumido umavez por dia. Os peixes gordoscomo a sardinha, o salmão,as enguias, peixe-espadapreto, parecem ter algumcontributo na prevenção dasdoenças cardiovasculares edos cancros.

Alimentos salgadosLimitar o consumo de ali-mentos gordos ou ricos emgorduras, particularmenteos de origem animal. Esco-lher quantidades modestasde óleos vegetais dando pri-mazia ao azeite.

Reduzir o consumo dealimentos salgados ou ricosem sal e eliminar o uso de salde mesa, preferindo ervas eespeciarias para condimen-tar A maioria das pessoasconsome mais sal do que oque seria desejável. O seuconsumo diário deveria serlimitado a um máximo deseis gramas por dia.

Preparação culináriaTer cuidado com a prepara-ção culinária dos alimentos.Não ingerir alimentos total,ou parcialmente, carboniza-dos. Consumir fumados esalgados apenas ocasional-mente. Atenção às gordurasna confecção dos alimentos.Não cozinhar excessiva-mente os alimentos, princi-palmente o peixe e a carne. Éfrequente nos grelhados,mas também pode aconte-cer em fritos e assados, oaparecimento de zonas car-bonizadas. As carnes fuma-das de forma caseira ou in-dustrial apresentam o mes-mo problema já que todascontêm nitritos que se trans-formarão em carcinogéniosno estômago. Algumas gor-duras que se utilizam paracozinhar são alteradas pelocalor, caso da manteiga,margarina e óleos, sobretu-do os mais polinsaturados.

Alguns procedimentossimples podem reduzir osriscos de cancro ligados àconfecção culinária dos ali-mentos, como seja: reduzir aquantidade de carne ingeri-

da e, no caso de grelhar, as-sar e fritar, não deixar carbo-nizar; ingerir sempre sopade legumes às refeiçõesprincipais e acompanhar es-tes cozinhados com legu-

mes e frutos; usar pequenaquantidade de gordura naconfecção dos alimentos epreferir azeite, óleo deamendoim ou banha deporco. Nos produtos fuma-

dos deve rejeitar-se o invólu-cro ou tripa, bem como a ca-mada superficial dos enchi-dos, rejeitando também asuperfície negra do presun-to.

coraçãosaudável

Como manter um

As doenças cardiovasculares

Doenças cardiovasculares são todas asentidades em que existe alteração do sis-tema circulatório, isto é, do coração e dosvasos sanguíneos, tais como artérias,veias e capilares.A designação "cardiovasculares" ad-

vém de "cardio" (coração) e de vascula-res (vasos sanguíneos).

Os factores de riscoFactores de risco cardiovascular são fac-tores que geralmente associados possi-bilitam o desenvolvimento de doençacardiovascular, habitualmente mais co-mum a partir dos 45 anos de idade. Por causa dos hábitos erróneos do

dia-a-dia, tais como trabalhar sem des-canso, fumar muito, consumo de ali-mentos muito salgados, consumo exces-sivo de bebidas alcoólicas, de doces, se-dentarismo (pessoas que semovimentam pouco), excesso de peso,cada vez mais cresce o número de doen-tes independentemente da idade, sexo,raça e nível social. Todos estes fac-tores dependem do comporta-mento do indivíduo. Existemoutros factores que são in-dependentes, isto é, nãopodem ser modificados,tais como a idade, sexo ehistória familiar, quetambém influenciameste quadro dramático.

Doenças silenciosas

As doenças cardiovas-culares muitas vezessão silenciosas e só semanifestam de formamuito grave. Exem-plo desta situaçãosão pessoasaparente-

mente saudáveis que são levadas às ur-gências pelos familiares porque têmuma dor forte no peito, deixam de mexeros braços e/ou as pernas, paralisam umlado do corpo, ficam com a boca torta,deixam de falar ou caem ao chão apa-rentemente sem razão. Quando aindafor possível, o médico diagnostica o quevulgarmente se chama trombose ou ata-que do coração.

Conselhos para viver mais anos saudáveis

O conselho para viver mais anos uma vi-da saudável é que tenha tempo para si(não só de trabalho vive o homem; tireférias, dê um passeio), faça exercício físi-co regularmente sob orientação médica(caminhe pelo menos 30 minutos trêsvezes por semana), aumente o consumode frutas, legumes e verduras, ou melhor,opte por uma alimentação diversificada,troque o guisado pelo grelhado, não gas-te o seu dinheiro a comprar cigarros eb e b i -

das alcoólicas, tenha o hábito de ir aomédico para saber como está a sua saú-de e para ser mais bem orientado, de for-ma a prevenir situações graves, comodoença do coração (insuficiência cardía-ca, infarto, etc.), doenças do rim (insufi-ciência renal), má circulação, acidentevascular cerebral, etc. Todos os hábitos saudáveis devem

começar com as crianças. Se se sentir cansado, dificuldade em

respirar (falta de ar, respiração curta),dor no peito, batimento rápido do cora-ção, dores nas pernas ao andar, inchaçono rosto e nas pernas, urinar pouco, etc.,vá ao médico, não fique com o problemaem casa, ou procure curiosos, para nãoatrasar o início do tratamento.

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