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DIRECTOR JORGE CASTILHO | Taxa Paga | Devesas – 4400 V. N. Gaia | Autorizado a circular em invólucro de plástico fechado (DE53742006MPC) ANO II N.º 28 (II série) De 30 de Maio a 12 de Junho de 2007 1 euro (iva incluído) Greve geral deve afectar hoje todo o País CGTP CONVOCOU NA UAb DE COIMBRA PÁG. 3 PÁG. 2 Diálogo entre políticos e jornalistas Exposição colectiva de fotografia Exposição colectiva de fotografia Exposição colectiva de fotografia Exposição colectiva de fotografia Exposição colectiva de fotografia NOITES DA RÁDIO POESIA PÁG. 24 PÁG. 19 Encontro Internacional com balanço positivo PÁG. 12 e13 “Íntima Fracção” regressa no RCP Degelo quente é tema Assinala-se no próximo dia 5 de Junho (terça-feira) o Dia Mundial do Ambiente. Depois de, no ano passado, se terem lançado alertas sobre a desertificação, este ano o tema será o degelo e as gravíssimas consequências que ele está já a ter para todos os seres vivos deste Planeta Terra tão mal tratado pelos humanos. A imagem desta ursa branca com a sua cria foi retirada do cartaz oficial das celebrações internacionais.

O Centro - n.º 28 – 30.05.2007

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Page 1: O Centro - n.º 28 – 30.05.2007

DIRECTOR JORGE CASTILHO

| Taxa Paga | Devesas – 4400 V. N. Gaia |

Autorizado a circular em invólucro

de plástico fechado (DE53742006MPC)

ANO II N.º 28 (II série) De 30 de Maio a 12 de Junho de 2007 ������ 1 euro (iva incluído)

Greve geraldeveafectar hojetodo o País

CGTP CONVOCOU NA UAb DE COIMBRA

PÁG. 3PÁG. 2

Diálogoentrepolíticose jornalistas

Exposição colectiva de fotografiaExposição colectiva de fotografiaExposição colectiva de fotografiaExposição colectiva de fotografiaExposição colectiva de fotografia

NOITES DA RÁDIO POESIA

PÁG. 24PÁG. 19

EncontroInternacionalcom balançopositivo

PÁG. 12 e13

“ÍntimaFracção”regressano RCP

Degelo

quenteé tema

Assinala-se no próximo dia 5 de Junho (terça-feira) o Dia Mundial do Ambiente. Depois de, no ano passado, se terem lançado alertas sobre

a desertificação, este ano o tema será o degelo e as gravíssimas consequências que ele está já a ter para todos os seres vivos deste Planeta Terra

tão mal tratado pelos humanos. A imagem desta ursa branca com a sua cria foi retirada do cartaz oficial das celebrações internacionais.

Page 2: O Centro - n.º 28 – 30.05.2007

2 DE 30 DE MAIO A 12 DE JUNHO DE 2007

No sentido de proporcionar mais al-

guns benefícios aos assinantes deste

jornal, o “Centro” estabeleceu um

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Para além do desconto de 10%, o

assinante do “Centro” pode ainda fa-

zer a encomenda dos livros de forma

muito cómoda, sem sair de casa, e

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dos livros encomendados.

Os livros são sempre uma excelente

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a gente de todas as idades, pelo que este

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nantes do “Centro” assume grande rele-

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Mas este desconto não se cinge aos li-

vros, antes abrange todos os produtos con-

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sinante do “Centro”.

Caso ainda não seja, preencha o bole-

tim que publicamos na página seguinte e

envie-o para a morada que se indica.

Se não quiser ter esse trabalho, bastará

ligar para o 239 854 150 para fazer a sua

assinatura, ou solicitá-la através do e-mail

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da, que lhe será entregue directamente.

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mente recuperará logo na primeira en-

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como ao lado se indica, receberá ainda,

de forma automática e completamente

gratuita, uma valiosa obra de arte de Zé

Penicheiro – trabalho original simboli-

zando os seis distritos da Região Centro,

especialmente concebido para este jor-

nal pelo consagrado artista.

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NACIONAL

Director: Jorge Castilho

(Carteira Profissional n.º 99)

Propriedade: Audimprensa

Nif: 501 863 109

Sócios: Jorge Castilho e Irene Castilho

Inscrito na DGCS sob o n.º 120 930

Composição e montagem: Audimprensa

Rua da Sofia, 95, 3.º - 3000-390 Coimbra

Telefone: 239 854 150 - Fax: 239 854 154

e-mail: [email protected]

Impressão: CORAZE - Oliveira de Azeméis

Depósito legal n.º 250930/06

Tiragem: 10.000 exemplares

Tendo já expirado, no passado mês de Abril, o prazo da

assinatura anual da maior parte dos nossos assinantes, vi-

mos lembrar, aos que ainda o não fizeram, o pedido de reno-

vação da referida assinatura por mais um ano.

A assinatura anual manterá o preço de 20 euros.

O pagamento poderá ser feito em cheque ou vale de cor-

reio, ou ainda através de transferência bancária, em nome de

Audimprensa.

Agradecemos a todos o indispensável apoio.

Aos nossos Assinantes

Os primeiros efeitos da greve geral

marcada pela CGTP para hoje (quar-

ta-feira) começaram a fazer-se sentir

ainda ontem, ao final do dia, quando,

em várias autarquias do país, o lixo fi-

cou por recolher.

Segundo a comissão administrativa

da Câmara de Lisboa, hoje não haverá

recolha de lixo na cidade devido à gre-

ve da Valorsul que está a decorrer.

Por isso, o Sindicato Nacional dos

Trabalhadores da Administração Lo-

cal (STAL) contava ter ainda ontem à

noite os primeiros dados da adesão à

greve geral, que prevê elevada.

O presidente do STAL, Francisco

Santos Braz, disse à agência Lusa que,

tendo em conta a mobilização demons-

trada pelos trabalhadores nos muitos

plenários feitos nas últimas semanas,

prevê uma adesão muito boa nas au-

tarquias de todo o país.

O lixo por recolher deverá ser um

dos efeitos mais visíveis da greve ao

nível local, mas Santos Braz acredita

que muitos serviços camarários pos-

sam também encerrar, assim como

Juntas de Freguesia.

O sindicalista previa também uma

boa adesão à paralisação nos trans-

portes colectivos municipais do Porto,

Braga, Aveiro, Coimbra e Barreiro.

Neste sector os primeiros dados de

adesão deverão ser conhecidos ainda

de madrugada dado que os primeiros

turnos começam às 4:30.

A saúde é a outra área em que a

HOJE EM TODO O PAÍS

- CGTP prevê grande adesãogreve geral começou ainda ontem,

pois os turnos dos enfermeiros e do

pessoal auxiliar começaram às 23:00.

A coordenadora da Federação Na-

cional dos Sindicatos da Função Pú-

blica, Ana Avoila, mostrou-se convicta

de que estes primeiros resultados da

adesão à greve vão ser positivos e se-

rão uma amostra do que se irá passar

na generalidade da função pública.

A greve também teve logo ontem

efeitos no Metropolitano de Lisboa,

que encerrou entre as 22:50 e as 24:00

para preparar os serviços mínimos.

Alguns dos locais de trabalho onde

eram visíveis os primeiros efeitos da

greve geral foram visitados ontem à

noite pelo secretário-geral da CGTP,

Manuel Carvalho da Silva, que se des-

locará de novo durante a manhã de

hoje a vários locais para contactar com

trabalhadores em greve e verificar a

adesão à paralisação.

Entretanto, a CGTP enviou uma car-

ta aberta ao primeiro-ministro a aler-

tá-lo para a necessidade de se “fazer

respeitar o direito de greve, direito

esse consagrado constitucionalmente,

e cuja subversão não pode deixar de

ser considerada como um factor ge-

rador de conflitualidade e, sobretudo,

um elemento de grave amputação de

um fundamento do regime democráti-

co”.

Na carta a Intersindical refere que,

no quadro da greve geral, alguns co-

légios arbitrais determinaram serviços

mínimos que, no entender da central

sindical, contrariam a lei esvaziando o

efectivo exercício do direito da greve.

A central sindical adianta, em con-

creto, os serviços mínimos determina-

dos para os transportes colectivos que

“vão muito além da satisfação de ne-

cessidades sociais impreteríveis”.

“O direito de greve é um direito fun-

damental consagrado na Constituição

da República Portuguesa”, defende a

Inter, acrescentando que “a greve não

pode, pela via da obrigação da pres-

tação de serviços mínimos, perder a

sua eficácia própria”.

A CGTP já tinha dito que ia impug-

Greve geralnar judicialmente algumas das deci-

sões arbitrais e, como tem consciên-

cia que os tribunais não vão decidir

em tempo útil, apelou aos trabalhado-

res para que façam greve, indepen-

dentemente dos serviços mínimos im-

postos, que considera ilegais.

O Presidente da República, Cava-

co Silva, lembrou ontem que a greve

é “um direito constitucional” que to-

dos os agentes políticos devem res-

peitar.

A última greve geral, também con-

vocada pela CGTP, realizou-se em

Dezembro de 2002 contra o Código

do Trabalho.

Page 3: O Centro - n.º 28 – 30.05.2007

3DE 30 DE MAIO A 12 DE JUNHO DE 2007

O jornal “Centro” tem uma alician-

te proposta para si.

De facto, basta subscrever uma as-

sinatura anual, por apenas 20 euros,

para automaticamente ganhar uma va-

liosa obra de arte.

Trata-se de um belíssimo trabalho

da autoria de Zé Penicheiro, expressa-

mente concebido para o jornal “Cen-

tro”, com o cunho bem característico

deste artista plástico – um dos mais

prestigiados pintores portugueses, com

reconhecimento mesmo a nível inter-

nacional, estando representado em co-

lecções espalhadas por vários pontos

do Mundo.

Neste trabalho, Zé Penicheiro, com

o seu traço peculiar e a inconfundível

utilização de uma invulgar paleta de

cores, criou uma obra que alia grande

qualidade artística a um profundo sim-

bolismo.

De facto, o artista, para representar

a Região Centro, concebeu uma flor,

composta pelos seis distritos que inte-

gram esta zona do País: Aveiro, Caste-

lo Branco, Coimbra, Guarda, Leiria e

Viseu.

Cada um destes distritos é represen-

tado por um elemento (remetendo para

respectivo património histórico, arqui-

tectónico ou natural).

A flor, assim composta desta forma

tão original, está a desabrochar, sim-

bolizando o crescente desenvolvimen-

to desta Região Centro de Portugal, tão

rica de potencialidades, de História, de

Cultura, de património arquitectónico, de

deslumbrantes paisagens (desde as prai-

as magníficas até às serras verdejantes)

e, ainda, de gente hospitaleira e traba-

lhadora.

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duzida na primeira página, mas que tem

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que ali apresenta (mais exactamente 50

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ber directamente em sua casa (ou no local

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manterá sempre bem informado sobre o

que de mais importante vai acontecendo

nesta Região, no País e no Mundo.

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cupão que abaixo publicamos, e enviá-

lo, acompanhado do valor de 20 euros

(de preferência em cheque passado em

nome de AUDIMPRENSA), para a se-

guinte morada:

Jornal “Centro”

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3000–390 COIMBRA

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dido de assinatura através de:

� telefone 239 854 156

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Para além da obra de arte que desde

já lhe oferecemos, estamos a preparar

muitas outras regalias para os nossos

assinantes, pelo que os 20 euros da as-

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COIMBRA

NA DELEGAÇÃO DE COIMBRA DA UNIVERSIDADE ABERTA

Debate sobre a relação entre jornalistas e políticos

João Caetano (professor da Universidade Aberta, que moderou o debate),

Carlos Andrade e Pacheco PereiraLuís Miguel Viana, António Lobo Xavier, Maria do Rosário Duarte (Directora da

Delegação de Coimbra da Universidade Aberta), João Figueira e Eduardo Dâmaso

A Delegação de Coimbra da Univer-

sidade Aberta promoveu ontem (terça-

feira), um debate subordinado ao tema

“Políticos e jornalistas: que relação?”.

Participaram António Lobo Xavier,

Pacheco Pereira e Carlos Andrade (três

dos quatro elementos do programa de

televisão “Quadratura do Círculo”),

Eduardo Dâmaso (Director-Adjunto do

Correio da Manhã), Luís Miguel Viana

(Director de Informação da agência

LUSA), e João Figueira (docente da li-

cenciatura em Jornalismo da Universi-

dade de Coimbra).

O debate, muito animado, trouxe inte-

ressantes e diversificados contributos

sobre a problemática em análise (a que

aludiremos desenvolvidamente no próxi-

mo número do “Centro”, atendendo à re-

levância das afirmações proferidas).

Page 4: O Centro - n.º 28 – 30.05.2007

4 DE 30 DE MAIO A 12 DE JUNHO DE 2007REPORTAGEM

Movimento rotário de Coimbra

em clima de grande actividade

Alguns dos rotários presentes na certimónia do descerramento da lápida da Rua

Paul Harris, na nova Urbanização da Quinta da Portela

Mariano Pego, Presidente do Rotary Clube de Coimbra/ Olivais, com a jovem enóloga

que ali foi apresentar uma comunicação sobre os vinhos do Douro

Elementos de um clube rotário brasileiro foram recebidos

no Clube dos Empresários de Coimbra

Cerimónia de saudação às bandeiras na sessão do Rotary Clube de Coimbra que

contou com a intervenção do Presidente da Assembleia da República, Jaime Gama

O Movimento Rotário de Coimbra temestado, nos últimos dias, com uma acti-vidade muito intensa e diversificada.

Assim, na nova urbanização da Quin-ta da Portela foi descerrada a placa quedá o nome de Paul Harris, fundador doMovimento Rotário internacional, a umadas ruas daquela zona de expansão dacidade.

A apresentação e o elogio de PaulHarris esteve a cargo de Francisco An-drade, Presidente da Junta de Freguesiados Olivais e ele próprio membro doRotary Clube de Coimbra / Olivais.

E foi ainda Francisco Andrade quenuma sessão do referido Clube, realiza-da anteontem, apresentou um curioso fil-me sobre a notável actividade que tem

vindo a ser desenvolvida pela Junta deFreguesia dos Olivais, nos mais variadossectores.

Ainda o Clube de Coimbra / Olivaispromoveu uma reunião de jantar compalestra por uma jovem enóloga, Rita SáMarques. Licenciada pela UTAD (Uni-versidade de Trás-os-Montes e AltoDouro), a jovem enóloga tem já um in-vulgar curriculum, uma vez que efectuouestágios nos Estados Unidos, Nova Ze-lândia, África do Sul e França, mais con-cretamente em Bordéus (que confessouter sido o local onde mais aprendeu so-bre vinhos).

Rita Sá Marques centrou a sua pales-tra nos vinhos da Região do Douro, do-cumentada com belas imagens, referin-

do ser o Douro a mais antiga Regiãodemarcada do Mundo e também aquelaque possui uma maior variedade de cas-tas de uvas. Património Mundial da Unes-co, o Douro tem especificidades muitopróprias, que lhe permitem produzir vi-nhos de grande qualidade.

A especialista lamentou ainda a faltade legislação no nosso País que melhorproteja a qualidade dos vinhos e a activi-dade dos enólogos.

Explicou também, com argumentos cien-tíficos, as vantagens das uvas serem pisa-das a pé, em vez das máquinas, para asse-gurar uma melhor qualidade dos vinhos.

Rita Sá Marques proporcionou aindauma prova de vinhos produzidos nas pro-priedades que a sua família possui no

Douro, e onde ela utiliza os conhecimen-tos adquiridos.

Momento alto viveu também o Rota-ry Clube de Coimbra ao receber o Pre-sidente da Assembleia da República, Jai-me Gama, para uma palestra escutadapor largas dezenas de pessoas.

Na tradicional saudação às banmdei-ras (que a foto abaixo documenta), par-ticiparam o Govermador Civil de Coim-bra, o Governador do Distrito Rotário,Jaime Gama, o Presidente do Clube an-fitrião, Sousa Martins, o Presidente daCâmara Municipal de Coimbra e o ad-vogado António Arnaut.

Refira-se, por último, que um grupode rotários do Brasil foi recebido no Clu-be dos Empresários de Coimbra

Page 5: O Centro - n.º 28 – 30.05.2007

5DE 30 DE MAIO A 12 DE JUNHO DE 2007 ARTES PLÁSTICAS

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De 1 de Junho até 15 de Julho a Galeriada Albuquerque e Lima tem patente umaexposição colectiva de fotografia em quese alterna o realismo (particularmente no quetoca ao retrato da montanha ou da paisa-gem urbana) com a fantasia do imaginário.

“Após várias exposições de pintura, estagaleria procura agora responder a uma novatendência das artes plásticas contemporâ-neas, dando igual ênfase à fotografia artísti-ca” - refere a gerente da Galeria, Maria JoséLima, acrescentando:

“De facto, a fotografia moderna, comolinguagem artística, veste-se de novas rou-pagens e apresenta outras exigências plás-ticas na abordagem dos temas, ocupandocada vez maior espaço no universo da artedos dias de hoje. É evidente que atingir taisobjectivos na fotografia depende não só dequem está atrás da objectiva mas tambémde quem manipula as películas no laborató-rio ou trata as imagens fotográficas no com-putador. Apesar do tecnicismo subjacente atais tarefas, a marca do artista fica na obraquando a sua objectiva vê aquilo que outrosdeixariam escapar ou quando explora, deforma artística, as amplas capacidades demanipulação laboratorial ou de transforma-ção digital permitidas pela fotografia dos tem-pos actuais”.

E continua:“Nesta exposição colectiva de fotogra-

fia, tanto a realidade reproduzida como aimaginada estão igualmente representadasem estilos formais completamente diversos

NA GALERIA DA ALBUQUERQUE E LIMA

Exposição colectivade fotografia

mas que, no seu conjunto, permitem alcan-çar uma interessante simbiose na qual secomplementam quatro concepções formaisdiferentes na utilização da arte fotográfica.

Assim, durante o mês de Junho e os pri-meiros quinze dias de Julho, na sua Galeriade Exposições Temporárias da Albuquer-que e Lima (situada junto à sede social dafirma, na Rua Gil Vicente, nº 86 A, em Co-imbra), poderão ser apreciadas fotografiasde A.Mamede, J.M.F.Coutinho, Jorge Ru-ben e Luís Albuquerque.

Esta mostra pode ser visitada de segun-da a quinta feira entre as 10h30 e as 13h00e entre as 15h30 e as 20h00. Aos sábados edomingos a referida exposição está abertaao público entre as 15h00 e as 20h00.

Além das fotografias expostas na Gale-ria da Albuquerque e Lima, esta empresamantém, para os seus clientes, outros tra-balhos, destes autores, disponíveis em catá-logo ou em LCD, podendo estes últimos se-rem consultados, na sede social da Firma,pelas pessoas interessadas em arte”.

Fotografia de Jorge Ruben

COM VIEIRA DA SILVA E PAULA REGO

Nova galeriana Quinta das Lágrimas

Aspecto da inauguração da nova galeria

Paula Rego e Vieira da Silva são algunsdos artistas plásticos representados na ga-leria “Sete Lágrimas”, em Coimbra, inau-gurada na passada semana, no âmbito deuma parceria entre o Hotel Quinta das Lá-grimas e a Galeria Sete.

Ali podem ser encontradas também obrasde Jorge Martins, Ângelo de Sousa, VítorPomar, Sofia Areal e Gil Teixeira Lopes.

“As galerias vivem exclusivamente davisita das pessoas e das compras que elaslá fazem”, sublinhou Eduardo Rosa, da“Sete”, galeria de Coimbra especializada emarte contemporânea, que passa a gerir tam-bém esta extensão no Hotel Quinta dasLágrimas.

Instalada na ala moderna da Quinta das

Lágrimas, a nova galeria insere-se num pro-jecto artístico de “longo alcance”, que visaainda promover a residência de pintores,escultores e escritores na Quinta das Lágri-mas e mostrar obras de jovens criadoresque realizem trabalhos inspirados na lendae história do sítio.

Entre 1 e 12 de Junho, o romancista JoséManuel Saraiva, como escritor residente,inaugura este conceito inovador.

Na galeria Sete Lágrimas, serão expos-tas peças de arte de valores diversos, já que.como referiu Miguel Júdice, Administra-dor da Quinta das Lágrimas, “A arte nãoé só para ricos. Mostramos aqui obras paravalores menos altos, que possam despertara compra por impulso dos visitantes”.

Page 6: O Centro - n.º 28 – 30.05.2007

6 DE 30 DE MAIO A 12 DE JUNHO DE 2007EDUCAÇÃO

Jorge Marques, docente da Faculda-

de de Economia da Universidade de

Coimbra (onde lecciona a disciplina de

Matemática I da licenciatura em Ges-

tão), completou há dias as suas provas

de doutoramento em Economia (espe-

cialidade de Economia Matemática e

Modelos Econométricos), em que viria

a ser aprovado com a classificação

máxima.

A tese de doutoramento intitulava-se

“Problemas de Goursat em classes de

Gevrey”, sendo o júri constituído por

Semyon Borisovich Yakobovich (da Uni-

versidade do Porto e arguente princi-

pal), José Luís dos Santos Cardoso (Uni-

versidade de Trás-os-Montes e Alto

Douro - UTAD), e ainda, da Faculdade

de Economia da Universidade de Co-

imbra (FEUC), Maria Adelaide Silva

Duarte, Maria Teresa Pedroso de Lima

Oliveira e Jaime Carvalho e Silva (que

foi o orientador da tese).

Luís Lobo *

Sócrates afirmava, em 2005, que

7,1% de desemprego era bem a mar-

ca de uma governação falhada e de

uma economia mal conduzida.

Hoje com 8,2% de desempregados

e a maior taxa de desemprego dos úl-

timos 20 anos, o que tem o governo e

José Sócrates a dizer em relação à

governação que vêm fazendo do país

e em relação à condução que têm fei-

to da economia? Como se justificam,

perante o insucesso das suas políticas

sociais, estando a atribuir a apenas

20.000 idosos um complemento soli-

dário. Ora, se a linha de análise sobre

o trabalho realizado pelo governo an-

terior levou os portugueses, através do

voto, a escolherem a mudança do

rumo, o que leva agora o actual Go-

verno a governar da mesma maneira

“Queremos recuperar 150.000 empre-

gos”

“Nós não vamos combater o défice, fa-

zendo dele uma obcessão, arruinando a

nossa economia e fazendo disparar o de-

semprego”

“Nós vamos tirar 300.000 idosos da po-

breza porque o país tem de ser capaz de

garantir condições dignas àqueles que pas-

saram uma vida inteira a trabalhar”

(Frases de José Sócrates, durante

a campanha eleitoral em 2005)

* Professor, Dirigente do SPRC/FENPROF

Greve Geral: dois anosdepois das promessase a obter ainda piores resultados?

Não é normal, em democracia, que a

governação não se limite a ser exerci-

da em função da “autorização” passa-

da pelo voto dos portugueses? Que Só-

crates fosse obrigado a ouvir as críti-

cas, a alterar políticas, a considerar a

sua missão maior, pela qual jurou servir

o país, a mudar de rumo e, não o fazen-

do, a ser julgado pelos governados?

Estes dois problemas sensíveis da so-

ciedade portuguesa foram duas bandei-

ras da campanha do Partido Socialista

e foram duas das motivações do voto.

Em 2005, os portugueses disseram

não a políticas de direita. Políticas que

reflectem opções de classe, desvalo-

rizando o trabalho (principal motor da

economia), evitando o investimento

público, transferindo áreas fundamen-

tais sociais para a gestão privada e

favorecendo o crescimento das for-

tunas dos já muito ricos, desnivelando

socialmente, ampliando a pobreza, o

desemprego e a injustiça social. A si-

tuação não só se manteve como ain-

da se agravou.

Também na Educação as escolas

estão desorçamentadas, os edifícios

escolares estão a ser encerrados e as-

siste-se a uma transferência massiva

de crianças, para localidades onde

ainda subsistem algumas escolas. A

quebra no investimento é abrupta e do

conhecimento público, mas ao mesmo

tempo se aumentam os horários de tra-

balho, transferem-se novas e comple-

xas responsabilidades para os docen-

tes e adopta-se uma abordagem me-

ramente burocrática e administrativa

da gestão das escolas e dos agrupa-

mentos. O nível do serviço público de

educação degradou-se e começa já a

falar-se do reforço da intervenção do

sector privado, como forma de com-

bater essa degradação. Porém, en-

quanto o serviço público de educação

continua a ter elevados resultados na

formação dos jovens, apesar da redu-

ção dos meios para o conseguir, os

colégios mantêm elevados investimen-

tos do Estado, sem vantagens palpá-

veis para os seus alunos, mas ampli-

ando, no entanto, os sinais exteriores

de riqueza de alguns dos seus propri-

etários, que obtêm, neste subsistema,

uma forma rápida e segura de ampli-

ar as suas fortunas.

Este é um retrato limitado do que

vemos, do que ouvimos e do que le-

mos e que não podemos ignorar. Mas

é suficiente para nos motivar para

agir. Deixar para os outros a resolu-

ção dos nossos próprios problemas é

negar o direito de participar na mu-

dança. A Greve Geral é, pois, uma

oportunidade única de participarmos

no protesto com todos, exigindo a

inadiável mudança de rumo.

NA UNIVERSIDADE DE COIMBRA

Jorge Marques doutorou-se

em Economia

Jorge Marques

Page 7: O Centro - n.º 28 – 30.05.2007

7DE 30 DE MAIO A 12 DE JUNHO DE 2007 DESPORTO

José Soares

No passado dia 19 de Maio de 2007,o pavilhão Eng. Augusto Correia – Oli-vais, vestiu-se a rigor para receber ascerca de quatro centenas de partici-pantes na VIII Gala do Olivais Fute-bol Clube.

Durante mais de três horas, a ani-mação e o suspense estiveram sem-pre presentes.

As meninas das “Danças do Ven-tre” do Olivais, invadiram o pavilhãocom música, cor, luz e muita sedução.Foi notória a melhoria e o cuidado daapresentação, em comparação com ado ano passado. Estão de parabéns asparticipantes, bem como a monitora –Petra Pinto.

Apesar de ter apenas 18 anos, Tel-mo Melo é já um artista consagrado.Durante a sua actuação e por maisatenta que estivesse a assistência, foiimpossível saber como foi feita a ma-gia que mostrou aos presentes. Para-béns a este jovem mágico de Coimbra.

Nesta VIII Gala dos Olivais, foramentregues os seguintes troféus: Car-taz da Gala – Elisa Silva (atleta júni-or); Olivais 2007 – Junta de Fregue-sia dos Olivais e Câmara Municipal

VIII Gala do Olivais Futebol Clube

de Coimbra; Quadro de Honra dosMelhores Alunos; Sócios de Mérito –Carlos Daniel Franco David e MariaLeonor Pôncio (Milú); Galeria de Hon-ra dos Atletas em Selecções Nacio-nais – Sónia Ferreira (sénior), FilipeFreitas (sub.20), Patrícia Jesus(sub.20), Carsidália Silva (sub.16) eMaria João Andrade (sub.16); Gale-ria de Honra de Atletas em SelecçõesDistritais – 23 atletas seleccionados;Galeria de Treinadores em Selecções

Distritais – Leonor Silva e João Pe-dro Gonçalves; Galeria de Honra deEquipas – Juniores B Masculinos, par-ticipação da Final Four da Taça Naci-onal; Imposição de faixas aos Cam-peões Distritais e presença no Cam-peonato Nacional (iniciados masculi-nos); Imposição de faixas aos Cam-peões Distritais e presença no Cam-peonato Nacional (iniciados femini-nos); Imposição de faixas aos Cam-peões Nacionais CNB2 da época

2005/2006; Dedicação – Irmãs Pre-ciosa: Lurdes, Isabel, Lucinda e Lilie-te, Pedro Nabais; Prestígio Nacional– Selecção Nacional de Seniores Mas-culinos; Seccionista do Ano – Antó-nio José (minibasquete); Treinador deFormação – Rafaela Santos (iniciadosfemininos A); Atleta de FormaçãoMasculino – André Godinho (inicia-do); Atleta de Formação Feminino –Jéssica Almeida (iniciada); Dirigentedo Ano – Carlos Ângelo (presidenteda Direcção); Treinador de Competi-ção – Bruno Santos (seniores mascu-linos); Atleta de Competição Mascu-lino – João Rosado (sénior) e Atletade Competição Feminino – Sónia Fer-reira (sénior). Ao jornal CENTRO, foiatribuído o Troféu Comunicação So-cial 2007.

Termino esta crónica felicitando aComissão Organizadora desta Gala etodos os membros da Direcção do Oli-vais, que com grande empenhamento,conseguiram realizar uma gala extra-ordinária aos mais variados níveis, oque não é muito normal assistir nou-tros clubes desportivos da dimensãodo Olivais Futebol Clube,

Participantes na VIII Gala do Olivais encheram o pavilhão

Jovens atletas mostraram as suas habilidades entre a sedução e magia

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Page 8: O Centro - n.º 28 – 30.05.2007

8 DE 30 DE MAIO A 12 DE JUNHO DE 2007OPINIÃO

DRENE-SE!

Portugal tem uma relação íntima comos bufos. Ou os bufos com Portugal, vá.

A PIDE não era apenas uma polícia po-lítica que chafurdava, perseguia, prendia emandava matar. A PIDE era, sobretudo, odepósito da recolha pormenorizada das in-discrições e desvios, públicos e privados,que cidadãos anónimos, diligentes e res-peitáveis, recolhiam acerca de vizinhos,amigos e conhecidos nas horas do seu va-gar.

Os agentes da PIDE, encartados, sópodiam ser do piorio – como foram – por-que havia carradas de bufos à disposição.Na repartição, no gabinete, nas redonde-zas, na família e até no confessionário.Com um exército voluntário de verdugos,até eu montava uma polícia política comuma perna às costas. Em democracia esem se dar por isso. (…)

Os bufos não têm Ordem, nem sindica-to. Ainda. Não são um lóbi, não têm sede,nem estatutos. O que dificulta, pelo me-nos, a construção de uma base de dadossobre os maus comportamentos a vigiar.Mas ao menos o disfarce é garantido.

Não é estranho, claro, que no caso doprofessor Charrua apanhado a contar umasuposta anedota insultuosa sobre o Pri-meiro-Ministro se tenha falado de tudomenos do bufo ou dos bufos de plantão.Já se defendeu a demissão da directoraregional e saiu-se em defesa do antigodeputado do PSD. Mas os bufos, impávi-dos e serenos, passam pelos pingos dechuva sem se molhar.

Eficientes e discretos, como sempre.E não se pode DRENá-los?

Miguel Carvalho (jornalista)Visão 24/05/07

AINDA A OTA

(…) Teremos, assim, um candidato apresidente da Câmara de Lisboa que nãovai defender os interesses da cidade, masos interesses do Governo ao ajudar a con-tribuir para o facto consumado de acabarcom o aeroporto de Lisboa e construir ou-tro na Ota, projecto sobre o qual pairammuitas dúvidas e incertezas de todo o tipo.Sobre este ponto, aguardo pela lucidez queos lisboetas seguramente expressarão nopróximo dia 15 de Julho.

Para mim, que sou e resido no Norte, ofacto mais grave não é tanto a localizaçãodo novo aeroporto, mas muito mais o pro-cesso que lhe está associado e que tem a

ver com a privatização da empresa quegere todos os aeroportos do país, a ANA.

Para garantir meios financeiros para aconstrução do novo aeroporto, o Governodecidiu associar a construção do novo ae-roporto à privatização da ANA.

Assim, quem construir o novo aeropor-to ficará detentor absoluto da empresa queirá gerir todos os aeroportos do país.

Isto é, teremos uma situação de mono-pólio, ainda por cima privado, em tudo oque tem a ver com a gestão de aeroportosem Portugal.

Isto é absolutamente inaceitável. (…)

José Silva Peneda (eurodeputado)JN 26/05/07

FEIRA E FOGUEIRA

Sem vaidades, sem grande chama, lon-ge das fogueiras censóricas ou iconoclas-tas que queimavam livros que não com-preendiam, a velha tradição da feira doLivro esconde-se no Porto no abafado ca-sulo do Rosa Mota a que alguns entende-ram ser o palácio, de cristal e cimento.

É mais uma questão de taça, quem aleva, quem a merece, quem a ergue. Ufa-na, a capital do império comemora-a numantigo anexo no vale do Jamor, concelhode Oeiras, uma espécie de Wembley dospequenitos, num strip tease privado de fimde festa. É fantástico como se construí-ram jardins suspensos de vaidade em es-tádios novos e se continua na peladinha dovelho quintal do Estado Novo.

Ali perto, no parque Eduardo julga-seque em sétimo, os livros aglomeram-senuma digna decadência que compete emdesigualdade com os sistemas de informá-tica, epístolas e-mail e assédios na rede.(…)

Rui Reininho

JN 26/05/07

ESTAÇÃO TOLA

Um professor, que não é professor, foialvo de uma suspensão, que não era umasuspensão, por uma piada, que não foi pia-da, num sítio público, que não era público,na sequência de uma conversa privada, quenão era privada, no termo de um processode inquirição, que não era um processo deinquirição.

Pelo meio terá ouvido, de um superior,que os seus actos eram seguidos, dentro efora de portas.

O conteúdo da (des)graça tocaria o pri-meiro-ministro, mas não se sabe se em pes-soa se na família.

A vítima (qual?) afirma-se perseguidapoliticamente. A Oposição, em bloco (deEsquerda?), pede esclarecimentos. O pri-meiro-ministro, que não tem de saber nada,afirma mesmo isso.

Alguns membros do PS – facção liber-tária até à morte – falam em excesso dezelo de uma autoridade administrativa. Al-guns rivais de Sócrates dizem que espreitajá aí o Grande Irmão, e da lei dos jornalis-tas à palmatória, vai um passo.

Jorge Coelho afirma que teria sido dife-rente se a graçola fosse proferida numa

aula. Mas, então, e a “libertas docentia”?É evidente que um insulto ao Estado é maisgrave, se desferido num serviço público,por um manga de alpaca que deve ao Es-tado o estado em que está.

No fundo, passou-se alguma coisa, paraalém do habitual?

Isto é, algo mais do que ajustes de con-tas, “cirúrgicos” (como hoje se diz), no mi-crocosmos? (…)

Nuno Rogeiro

(comentador político)JN 25/05/07

SER OU NÃO SERSOCIALISTA

(…) Mas, para lá destas orientações ge-rais da política do Governo do PS, vão sur-gindo factos singulares que apontam nomesmo sentido, e que configuram um défi-ce de identidade socialista do Executivo edo partido que o suporta. Entre eles estãoo processo movido pela Direcção Regio-nal de Educação do Norte (DREN) a umprofessor seu funcionário; ou as fotografi-as tiradas no “Passeio do Descontentamen-to”, alegadamente usadas para agir disci-plinarmente contra militares que nele par-ticiparam; ou ainda o controlo dos núme-ros da greve, decidido pelo Ministério dasFinanças.

No primeiro caso, pode argumentar-seque há excesso de zelo da directora daDREN, mas o certo é que, até prova emcontrário, se trata de algo que lembra tem-pos de má memória, já que se processaalguém com base numa delação e por terexercido, em privado, mesmo que comeventual mau gosto, a sua liberdade de ex-pressão. De resto, se assim não fosse, comoentender o pedido de explicações do pro-vedor de Justiça, ou, e sobretudo, o desejo,afirmado pelo presidente da República, deque a situação do professor seja “rapida-mente esclarecida”.

No segundo caso, foi o Tribunal que veiosuspender a pena que dez sargentos cum-priam, assim reconhecendo que a hierarquiamilitar não actuara nos conformes. E o casonão fica por aqui, já que a Associação Na-cional de Sargentos avançou com uma quei-xa contra o Ministério da Defesa...

No terceiro e último caso, não parecehaver dúvidas de que quem faz greve afaz publicamente e sofre, por isso, a res-pectiva perda de uma parcela do ordena-do; está, portanto, identificado à partida.Como entender, então, a anunciada medi-da de controlo electrónico dos números dagreve, senão como um processo intimida-tório dos respectivos funcionários?

Ao menos uma vez, Marques Mendestem razão quando diz que o Governo “con-segue ultrapassar o PSD pela Direita”. (…)

Mário Contumélias

(docente universitário)JN 25/05/07

OS PUROS E OS IMPUROS

O candidato pelo Partido Socialista àCâmara Municipal de Lisboa, António Cos-ta, usou, há dias, uma expressão curiosa

para caracterizar dois tipos diferenciadosdas personagens que se estão a perfilarpara concorrer às eleições intercalares daautarquia da capital. Os candidatos que re-presentam partidos são vistos como os “im-puros”; os que se apresentam como inde-pendentes são os “puros”. Logicamente,feita esta dicotomia, António Costa recu-sava-se a aceitá-la. Mas confessava queera esta a formulação que, de algum modo,propalada ou não pelos independentes con-correntes, estava a ser passada para a opi-nião pública.

É por estas e por outras razões que aspróximas eleições por Lisboa vão tomaruma transcendência nacional. Podem des-de já os socialistas e os politicólogos insistirque estas eleições são autárquicas. Sãopara o círculo de Lisboa, sem vencimentopara efeitos de plebiscito sobre o Governoou a maioria que, neste momento, detém aconduta do país. Todos os outros partidos,como já se notou nos primeiros ensaios depré-campanha, vão contrariar essa tese. Enão só, vão conduzir toda a campanha sobeste ditame, como perspectivam poder vira fazer a leitura dos resultados por esseprisma. Vão repetir a versão abstrusa comque interpretaram os resultados desse casomuito específico e incontornável da vitóriade Alberto João Jardim, na Madeira, elepróprio muito acima do partido, a quem dávotos.

Nem vale a pena esconder. É este te-mor, ou para evitar esse desfecho, que jus-tifica a decisão de José Sócrates ao pres-cindir de o “número dois” do Governo para“emprestá-lo” ao sufrágio dos eleitores porLisboa.

A situação actual de Lisboa e do país e,sobretudo, a inferência que se pode tirardo sentimento da opinião pública do que setem passado na Câmara da capital dãoforça à tese esboçada por António Costa.Pressente-se, numa certa auscultação dosentir popular, que a decepção, neste mo-mento, não é só do partido A ou B. É con-tra os partidos. (…)

Paquete de Oliveira (sociólogo)JN 24/05/07

PEQUENA CARTAA JOSÉ SÓCRATES

Senhor primeiro-ministro eu não conhe-ço o caso senão pelas páginas dos jornaismas sei que Fernando Charrua é um pro-fessor de Inglês requisitado pela DirecçãoRegional de Educação do Norte (DREN)e agora suspenso por ter gracejado sobreo processo da sua licenciatura. Mais demeio país, seguramente, fez “comentári-os” sobre o assunto – graçolas, piadas, ane-dotas, coisas soezes ou apenas risíveis eimbecis. O senhor sabe. É natural, somosportugueses e conhecemos a injustiça dohumor de Gil Vicente, mesmo que o as-sunto seja tão irritante e tão menor comoesse. O tema não é tabu e o senhor mes-mo foi à televisão por causa dele.

A responsável pela DREN, avisada poralguém (que achou por bem denunciar ocaso, sabe-se lá porquê) achou que o co-mentário do professor era um insulto ao

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9DE 30 DE MAIO A 12 DE JUNHO DE 2007 OPINIÃO

primeiro-ministro e resolveu suspendê-lo defunções e instaurar-lhe um processo disci-plinar, com participação – creio – ao Mi-nistério Público. O que apurará o processonão se sabe ainda, mas prevejo um grandedebate sobre o que é e não é insulto e so-bre os deveres dos funcionários públicos.A coisa promete. Como em muitas situa-ções semelhantes, vamos ter mais anedo-tas sobre o assunto. Ele merece.

De acordo com a directora regional deEducação – é, portanto, a posição oficialdo Ministério da Educação –, “o Sr. pri-meiro-ministro é o primeiro-ministro de Por-tugal” e os funcionários públicos devem-lhe respeito. Ora, nem que não fosse pri-meiro-ministro. Em declarações ao jornal“Público”, Margarida Moreira acrescen-tou que a sua decisão (a de suspender oprofessor, a de instaurar-lhe um processodisciplinar e a de participar ao MinistérioPúblico) se deve ao facto de “poder haverperturbação do funcionamento do serviço”.

Dado que o processo se encontra emfase de “segredo”, uma figura jurídica queserve para tudo, não sabemos que insultolhe terá Fernando Charrua dirigido, a si,senhor primeiro-ministro, que pudesse per-turbar tão gravemente “o serviço”. Imagi-no que o senhor também não saiba. Mas,andando na política há tantos anos, supo-nho que nenhum insulto lhe deva ser estra-nho. Basta aparecer na televisão, ter umnome e ocupar um cargo. O senhor sabecomo essas coisas se passam. De tudofazemos uma anedota. O mundo é cruel.(…)

Francisco José Viegas (escritor)JN 21/05/07

PREMONIÇÕES

A vida pública de uma comunidade éfeita de actos simbólicos. No passado-fim-de-semana ocorreu um acto desse tipo quevale a pena registar: no Mosteiro dos Jeró-nimos, cerca de 320 cidadãos estrangeirosreceberam os certificados de concessãoda nacionalidade portuguesa.

Na cerimónia, o primeiro-ministro recor-dou que este acto se devia às novas regrasda lei da nacionalidade, as quais, desde asua entrada em vigor, já deram origem acerca de cinco mil pedidos de nacionalida-de portuguesa.

O simbolismo do acto reflecte tambémo sinal dos tempos. Entre nós, a alteraçãoda lei da nacionalidade impôs-se como umanecessidade decorrente do facto de, nasúltimas décadas, nos termos tornado empaís de destino de imigrantes. Os seus des-cendentes, na maior parte dos casos, já nas-ceram em Portugal, não conheceram nun-ca as terras de origem dos respectivos paise, mesmo assim, viam-se impossibilitadosde aceder à nacionalidade do seu “novo”país de origem. Facultar-lhes o acesso ànacionalidade do local do seu nascimentoou do país onde vão crescer e desenvol-ver-se, porque essa foi a opção dos pais,constitui, pois, um acto de elementar justi-ça e, simultaneamente, um instrumento deinclusão e de integração na comunidadenacional. (…)

Uma criança das que acederam à naci-onalidade portuguesa nos Jerónimos diziaque agora já podia ser ministro ou mesmoprimeiro-ministro. Disse-o, sem o saber, nodia em que foi nomeada ministra da Justi-ça da França uma descendente de imigran-tes magrebinos. Premonitório, não acham?

António Vitorino (jurista)DN 25/05/07

GERIR EXPECTATIVAS:O DILEMA DA ESCOLHA

Durante as últimas décadas criaram-seelevadas expectativas de que o Estado iatomar conta de tudo e todos e dar tudo atodos. Hoje é indispensável uma relaçãocorajosa com o dilema da escolha, estabe-lecendo os critérios eticamente aceitáveisda decisão política que estabeleçam a quemse dá, o que se dá e quando se dá - nasaúde, na educação, na habitação, na ac-ção social -, atenta a desproporção entre oque existe e o que é exequível.

Por isso temos uma má relação como essencial. O acessório protege-nos deir mais fundo, mais longe. Já só nas bor-das do acessório podemos desentender-nos, porque nos passos perdidos do es-sencial sabemos que temos, inexoravel-mente, de nos pôr de acordo pelas maisdifíceis razões.

Na esquerda, as grandes divergênciassó aparentemente são de fundo. Aquelesque, nessa família política, nada têm quedecidir, podem redutar-se numa posiçãovalorativa intransigente. São os assistémi-cos ou anti-sistémicos. Mas os que che-gam ao poder, aos centros de decisão, ra-pidamente percebem que num quadro deexpectativas elevadas e de recursos es-cassos é indispensável escolher, estabele-cer prioridades e que essa escolha, numasociedade de direitos sem deveres, comuma fraca cultura de responsabilidade,constitui um verdadeiro dilema.

Na direita, a discussão entre os liberaise os “outros” pode induzir em erro. De facto,no essencial – isto é, o Estado no seu lugar,eficiente onde faz falta e inexistente ondeestá a mais, o combate à invasão da esfe-ra privada, a apologia de uma sociedadeforte capaz de fazer valer os seus direitos,a progressiva mutação do Estado protec-tor e subsidiador, que por esta via ganha odireito de nos massacrar com excessos fis-cais e regulamentadores, criando grandesclientelas esfomeadas e autofágicas, paraum Estado pessoa de bem – estamos to-dos de acordo. No acessório, as discor-dâncias são um mero exercício de diletân-cia política. (..)

Maria José Nogueira Pinto

DN 21/05/07

O MINISTRO, O PROFESSORE AS PIADAS

Se um ministro brinca com o primeiro-ministro, adormeço tranquilo. Gostei de es-crever, há dias, uma crónica por Mário Linogozar com José Sócrates sem os quartéisterem entrado em prevenção. Lembrei, en-

tão: nem sempre foi assim. Camões foi exi-lado para a Índia por ter brincado com orei D. Manuel. Ora, agora, um professorfoi castigado por ter dito uma piada sobreSócrates. Disse um qualquer assessor: “Osfuncionários têm o dever da lealdade insti-tucional.” Falemos de lealdades. Com Má-rio Lino, eu escrevi: agora já se pode brin-car com os de cima. Passei por parvo. Só-crates tem um dever de lealdade para co-migo. Que apareça com o professor a rir-se às gargalhadas de piadas sobre o pri-meiro-ministro. Eu, na crónica, defendi Só-crates com unhas e dentes: disse que eleera um primeiro-ministro normal num paísnormal.

Lealmente, rindo-se como o professor,Sócrates não me deixará perder a face.Obrigado.

Ferreira Fernandes (jornalista)DN 21/05/07

DEMISSÃO “JAMÉ”!

As crises políticas em Portugal são sem-pre sui generis. Dão para a gargalhada,para a perplexidade ou, no máximo, parauma pitada de indignação bem encenadamas, como diria o ministro Mário Lino, ‘ja-mais’, à francesa, ou ‘jamé’, à portuguesa,sem consequências de vulto.

Já tivemos um ditador que caiu da ca-deira, um Governo que estiolou com a ex-plosão de um velho navio carregado de mu-nições, um ministro que mandou a lista dosespiões para a boca do lobo... perdão, parao Parlamento, outro ministro que caiu porcausa de uma anedota. Mas há mais: hou-ve fortes ventanias por causa de um por-teiro de um hospital que não reconheceu oentão primeiro-ministro e não o deixou en-trar; por causa do diploma universitário doactual primeiro-ministro e, também, porcomentários jocosos a propósito do mes-mo. Já houve até, em tempos que recuamao Bloco Central, um ministro que fez de-clarações enquanto tal mas que não tinhasido sequer empossado. E acabou mesmopor não ser. (…)

Eduardo Dâmaso (jornalista)CM 25/05/07

A SUPREMACIADO PODER POLÍTICO

O novo ministro Rui Pereira tem, maisdo que outras figuras que já ascenderama funções ministeriais, um preenchidocurrículo a justificar a sua nomeaçãopara a pasta da Administração Interna:já foi secretário de Estado do sector edirector do SIS.

É, no entanto, na área da Justiça quevem desenvolvendo a sua carreira, tendochefiado a unidade de missão para a re-forma penal, sido proposto por José Só-crates para PGR por mais de uma vez(pedidos que esbarraram em Belém nasnegativas presidenciais) e subido mesmo,há um mês e pouco, a juiz do TribunalConstitucional. Não lhe coube a tutela daJustiça, ainda ocupada por Alberto Costa,mas saiu-lhe a terminação da Adminis-

tração Interna.Rui Pereira é, também, um reconhecido

membro da Maçonaria e do GOL, o que,não sendo pecado nem motivo de incom-patibilidade, revela alguma propensão cons-pirativa por associações semisecretas cujaopacidade de funcionamento se torna bi-zarra em sociedades democráticas e aber-tas no século XXI.

E converteu-se, nos últimos anos, nomentor das propostas do PS, na área daJustiça, que se orientam invariavelmente(até agora, sem êxito) no sentido de subor-dinar o poder judicial ao poder político, de ocontrolar e limitar a sua independência.

Daí que, na recente votação dos juízesdo TC, Rui Pereira tenha visto, num resul-tado sem precedentes, a sua candidatura avice-presidente ser esmagadoramentechumbada com dois solitários votos favo-ráveis em 13.

A sua saída extemporânea de um tribu-nal com a importância e o prestígio do TC,menos de dois meses passados de aí tertomado posse pela mão do PS, denota –tanto da sua parte como de José Sócrates– pouco respeito pelas instituições superi-ores do Estado e desconsideração pelopoder judicial. Mas é, apenas, como já seviu, o coroar de uma linha de orientação.

Rui Pereira troca o Tribunal Constituci-onal por um MAI esvaziado de poderes,sem a administração local nem a reformaadministrativa, e com três secretários deEstado que não o deixaram escolher. Quemelhor sinal podia dar do menosprezo quedevota ao poder judicial, em contraste como apreço que sente pelo exercício do po-der político?

José António Lima (jornalista)Sol 19/05/07

OS PECADOS DA DIREITA

(…) “Eu acho que a direita muitas ve-zes tem pecado por três circunstâncias comas quais eu não me posso identificar. A di-reita não tem tido uma preocupação soli-dária, muitas vezes tem uma atitude anti-social; tem sido muitas vezes avessa à mo-dernidade; e muitas vezes não é tolerante.Eu não me identifico com esse tipo de ati-tude da direita. Por exemplo, tenho dificul-dade em aceitar algo como o Compromis-so Portugal. É uma visão da sociedade dequem não anda com os pés assentes naterra. Todas essas teorias da revolução li-beral cairiam se essas pessoas saíssem dosseus escritórios e das suas consultoras beminstaladas e passassem uma semana noHospital de São José, a ver o que é a po-breza, ou se fossem à Pampilhosa da Ser-ra ver o que é a desertificação, o Interior.Existem dois milhões de pessoas em Por-tugal que vivem abaixo de 60% da médianacional, há cerca de 21% da sociedadeportuguesa que vive em risco de pobreza,e 15% há mais de dois anos, e as criançase os idosos são os mais afectados. Contraestes fenómenos todos eu não acho queseja possível substituir o Estado.” (…)

Luís Nobre Guedes

Expresso 26/05/07

Page 10: O Centro - n.º 28 – 30.05.2007

10 DE 30 DE MAIO A 12 DE JUNHO DE 2007VIAGENS

Varela Pècurto

Um dos locais que sempre desejei visitar,o que consegui, chama-se Noruega. Paíscom forma geográfica inusitada, comprido,com 1752 km, é muito estreito. Tem o máxi-mo de 400 km de largura e o mínimo de 6,5

km. Com 1/3 do seu território a norte doCírculo Polar Ártico, localização óptima para

ver a aurora boreal e o sol da meia-noitedurante três meses, tem o Pólo Norte a 1100km e, talvez por isso, inventaram o esqui naNoruega. Com pouco mais de 4 milhões dehabitantes, muito concentrados a sul, temaqui as suas duas maiores cidades: Oslo, acapital e Bergen que também já o foi.

Ao longo da sua costa contam-se 50.000

O Parque Gustavo Vigeland em Oslo

ilhas que incluem as Lofoten, lindas, pontode partida para a pesca do bacalhau, agoramais reduzida para acautelar a extinção eporque o petróleo e o gás vendem mais, quefazem da Noruega um país rico.

O país dos temerários e temidos Vinkin-gs já esteve dominado pela Dinamarca edepois a Suécia, o que aindac hoje belisca a

amizade entre os países nórdicos.Desta terra escarpada e montanhosa, de

cenários pitorescos e espectaculares, muitomais havia a dizer, mas o propósito de hoje élembrar Gustavo Vigeland (1869-1943) fa-moso escultor norueguês pouco falado en-tre nós.

Muito jovem se apercebeu que o seudestino seria a escultura. A maioria das suasobras estão no grande recinto Frogner, oParque Gustavo Vigeland, 320.000 m2, emOslo e num museu, também com o seunome, a 5 minutos do Parque, construídopela Câmara Municipal e onde o artista tra-balhou, viveu e morreu.

Este museu aberto ao público tem umespólio constituído por 1.600 esculturas,12.000 desenhos e 420 peças de madeiratrabalhada.

O Parque foi pensado criteriosamentepois as escfulturas, em tamanho natural,obdecendo a propósito definido, tinham deser coerentemente apresentadas.

Simplificando explicações, imaginemosno vasto Parque um espaço como se fos-se uma rua bem larga e em recta. Nestarecta estão os núcleos escultóricos quepasso a dividir.

A entrada, em ferro e granito.A Ponte, para a qual modelou 58 motivos

(elevado número de esculturas obrigou a queoutros competentes escultores trabalhassem

as modelações de Vigeland). Os 2 resguar-dos da Ponte têm pilares de granito comgrupos de pessoas e répteis, em granito.

A Praça dos Meninos, for a da nossaimaginária recta, está ao lado da Ponte eem nível inferior. À volta de uma pracetaestão 8 esculturas de crianças e no centro,1 feto em tamanho natural. Ao lado da Pra-

ça há um lago com um barco desenhadopor Vigeland, onde as crianças passeiamno verão.

Depois de se passar a Ponte atravessa-se um jardim de rosas e chega-se ao Labi-

rinto, no chão, em mosaicos de duas cores,cujo percurso tem mais ou menos 3.000metros.

No centro do Labirinto está a Fonte sus-tentada por 6 homens. Sobre as paredes dotanque quadrado, a cada canto 5 figuras eárvores. No exterior das paredes do tanque

existem 60 relevos. Todas as esculturas sãoem bronze. As que estão debaixo das árvo-res representam a meninice, juventude, ida-de adulta, velhice e morte. Segue-se o Mo-nolito que se alcança por escadarias. A en-

trada faz-se por 8 portões de ferro forjado eas escadas são decoradas com 36 grupos,em granito. O Monolito tem 17 metros dealtura, à volta do qual estão esculpidas 121figuras. Descendo o Monolito encontramosum Relógio Solar que tem no plinto, em re-levo, os 12 zodíacos.

Finalmente, subindo mais uma escada-ria e em base de granito estão 7 figurashumanas formando uma roda com 3 me-tros de diâmetro. Significa o ciclo da vidaem escultura. Após a abertura do Parquelevantaram-se as inevitáveis discussões.Enquanto alguns foram discordantes ou-tros alegraram-se com esta forma de mos-trar arte.

Como ninguém ficou insensível, as inten-ções do autor foram alcançadas.

Tal como no Prado não me cansei a verpintura; o mesmo me aconteceu aqui a verescultura.

Faça a visita e conte-me depois a suareacção.

Page 11: O Centro - n.º 28 – 30.05.2007

11DE 30 DE MAIO A 12 DE JUNHO DE 2007DIA MUNDIAL DO AMBIENTE

As cerimónias oficiais do Dia Mun-

dial do Ambiente - 2007 decorrem no

próximo dia 5 de Junho ( em Tromso,

na Noruega, segundo comunicou o Pro-

grama das Nações Unidas para o Am-

biente.

Tendo como slogan “Melting ice -

a Hot Topic”, as comemorações mun-

diais incidirão sobre o efeito das alte-

rações climáticas que se prevê serão

maiores nos pólos levando a um dege-

lo importante.

Visto que 2007 é o Ano Internacio-

nal Polar, realizar-se-ão em várias ci-

dades norueguesas iniciativas para

alertar as populações acerca dos peri-

gos das alterações climáticas para a

vida das pessoas e para a biodiversi-

dade, nomeadamente nas regiões po-

lares.

Note-se que, com o aumento da tem-

peratura nos pólos, o degelo tem sido

significativo e animais - como por

exemplo, os ursos polares - têm sido

encontrados mortos devido ao facto de

não encontrarem massas de gelo e te-

rem de nadar grandes distâncias. Tam-

bém algumas populações de pinguins

têm visto o seu número diminuir.

Apesar de as cerimónias incidirem

sobre os pólos, as alterações climáti-

cas far-se-ão sentir em todo o mundo

e o degelo das calotes polares, para

DIA MUNDIAL DO AMBIENTE CELEBRA-SE A 5 DE JUNHO

“Degelo - um assunto quente”

Cartaz oficial do “Dia Mundial do Ambiente 2007”

além de poder fazer subir o nível do

mar, pode ter outros efeitos a nível cli-

mático afectando zonas muito distan-

tes.

Por isso, se planeia fazer activi-

dades sobre as alterações climáti-

cas em Portugal e no mundo, ins-

creva-as no site do Dia Mundial do

Ambiente

http://www.unep.org/wed/2007/en-

glish/Around_the_World/index.asp

Para mostrar essas alterações visi-

one o filme em

http://www.green.tv/pole_to_pole/

e, se é educador, discuta-o com os

seus educandos, pois, sendo a Terra

finita e a atmosfera global, somos to-

dos conTerrâneos e o que sucede num

local, mesmo que distante, tem conse-

quências por vezes a milhares de qui-

lómetros.

Deste modo, as alterações climá-

ticas são um problema que diz res-

peito a todos, até porque todos so-

mos responsáveis pelos gases com

efeito de estufa que são libertados di-

ariamente do escape dos nossos auto-

móveis, da chaminé das centrais que

produzem a energia que utilizamos e,

tantas vezes, desperdiçamos...

Mais informações em http://

www.unep.org/wed/2007/english/ onde

pode encontrar factos acerca das al-

terações climáticas e sugestões acer-

ca do que pode fazer para ajudar a

combater os seus efeitos negativos.

Em Portugal, foi criado o Fórum

Pós-Quioto que pretende ser um espa-

ço de divulgação e participação da so-

ciedade civil neste assunto tão premen-

te que é a luta contra as alterações cli-

máticas. Consulte em

http://www.forum-posquioto.org/

Seja parte da solução, participe!

Tal como a dos ursos que reproduzimos

na primeira página, estas são algumas

das belas e preocupantes imagens da

campanha deste ano

Page 12: O Centro - n.º 28 – 30.05.2007

12 DE 30 DE MAIO A 12 DE JUNHO DE 2007DIA MUNDIAL DO AMBIENTE

Page 13: O Centro - n.º 28 – 30.05.2007

13DE 30 DE MAIO A 12 DE JUNHO DE 2007ESPECIAL RESTAURANTE DE CONIMBRIGA

Reabriu o Restaurate

do Museu de Conimbriga

COM EMENTAS ROMANAS E DAS TERRAS DE SICÓ

Os cafés FEBfelicitamo Restaurantedo Museude Conimbriga

Foi uma “família romana”, devidamentetrajada com as respectivas túnicas, querecebeu as largas dezenas de pessoas queacorreram à inauguração do renovadoRestaurante do Museu de Conímbriga.

Os “romanos” eram, de facto, alunosda Profitecla, que assumiram o seu papelcom grande à vontade e rigor histórico noque concerne às vestes e à encenação.

A festa inaugural decorreu no passa-do dia 18, Dia Internacional dos Museus,no âmbito das actividades levadas a cabopara assinalar a efeméride.

Entre as diversas individualidades pre-sentes estiveram o Presidente do Insti-tuto Português de Museus, Manuel Bair-rão Oleiro, o Governador Civil de Coim-bra, Henrique Fernandes, o Presidenteda Assembleia Municipal de Coimbra,Manuel Porto, o Delegado Regional daCultura do Centro, António Pedro Pita, oPresidente do Conselho Directivo daEscola Superior de Educação de Coim-bra, João Orvalho, o Pró-Reitor da Uni-versidade de Coimbra, António Pimen-tel, o Delegado Regional do INATEL,João Fernandes, Olinda Rio, da DREC;

o Director do Museu Monográfico de Co-nímbriga, Virgílio Correia, e muitas ou-tras destacadas figuras da política, da cul-tura e do mundo empresarial.

RENOVAÇÃODAS INSTALAÇÕESE DA GASTRONOMIA

O antigo Restaurante do Museu deConímbriga encerrou há cerca de doisanos, tendo o Instituto Português deMuseus promovido uma completa remo-delação daquele espaço, bem como detodo o respectivo equipamento.

Na sequência de concurso públicopara a concessão do Restaurante, estaviria a ser adjudicada a uma prestigiadaempresa de Coimbra: a Invesvita - Ser-viços na Área da Saúde, SA.

Trata-se da empresa que lançou oconceito de “Coimbra, Cidade da Saú-de”, que promoveu diversas edições da“Expovita” e que iniciou o projecto dacriação do Parque Tecnológico de Co-imbra, tendo criado também a Agência deDesenvolvimento Regional Coimbra Vita.

A empresa decidira já há algum tem-po alargar o âmbito do seu objecto so-cial, de molde a poder lançar iniciativasem outras áreas de actividade, nomea-damente no Turismo de SAúde e no Tu-rismo Cultural.

Esta aposta no Restaurante do Museude Conímbriga é, por isso, apenas umadas iniciativas da Invesvita neste sector,uma vez que tem já em marcha outrosempreendimentos na Região Centro.

(continua na página seguinte)

Uma jovem “família romana” recebeu os convidados

O Presidente do Instituto Português de Museus. Manuel Bairrão Oleiro (ao centro),

ladeado (à direita na foto), por António Pedro Pita, Delegado Regional da Cultura, e

por Jorge Castilho, Presidente do Conselho de Administração da Invesvita SA

Page 14: O Centro - n.º 28 – 30.05.2007

14 DE 30 DE MAIO A 12 DE JUNHO DE 2007ESPECIAL RESTAURANTE DE CONIMBRIGA

António Queirós, Presidente da Liga dos Amigos de Conimbriga, auxilia um dos

convidados a sair do planetário insuflável que foi uma das atracções no dia da

inauguração do Restaurante do Museu

PROFISSIONAIS

PRESTIGIADOS

E EMENTA ORIGINAL

Para a exploração do Restaurante, a

Invesvita estabeleceu uma parceria com

a Rominescol (empresa do grupo dos

Hotéis da Curia) e com a Liga dos Ami-

gos de Conímbriga, para além de proto-

colos com o INFTUR (Instituto de For-

mação Turística), com a Escola de Ho-

telaria e Turismo de Coimbra, e com di-

versas outras entidades, no sentido de

dinamizar o restaurante e transformá-lo

num pólo de cultura e de lazer.

Mas é também ambição do Restau-

rante, segundo os seus responsáveis,

transformar-se numa referência gas-

tronómica, quer pela qualidade, quer

pela originalidade, praticando preços

acessíveis.

Para tal., assegurou a colaboração de

dois dos mais prestigiados profissionais

da área para a supervisão do Restauran-

te: os chefes Luís Lavrador e Luís Pinto,

respectivamente nas áreas da Cozinha e

da Sala.

A equipa executiva do Restaurante do

Museu de Coímbriga foi também esco-

António Campos, Henrique Fernandes, Adelina Cunha

Aspecto parcial da sala do restaurante, com o belo fresco de motivos romanos

que decora uma das paredes

Lúcia Medeiros, Directora da Profitecla, rodeada pelos seus “romanos”

João Vasco Ribeiro (Hotéis da Curia), junto a alguns dos elementos

da equipa do Restaurante

Aspecto parcial da recepção aos convidados

Page 15: O Centro - n.º 28 – 30.05.2007

15DE 30 DE MAIO A 12 DE JUNHO DE 2007ESPECIAL RESTAURANTE DE CONIMBRIGA

lhida com particular cuidado, de molde a

atingir os objectivos traçados para dar

resposta que satisfaça não só os turistas

das mais diversas partes do Mundo que

anualmente visitam as Ruínas Romanas

de Conímbriga (que são, recorde-se, um

dos sítios candidatos às “7 Maravilhas

de Portugal”), mas também os portugue-

ses que ali podem ir saborear uma gas-

tronomia diferente, em muitos casos

mesmo original.

De acordo com os responsáveis do

Restaurante do Museu de Conímbriga, a

respectiva carta vai basear-se na gas-

tronomia romana, com pratos inspirados

no célebre gastrónomo romano Apicius,

e na gastronomia das Terras de Sicó,

com a utilização dos produtos endóge-

nos (desde o queijo do Rabaçal ao azei-

te de Sicó, passando pela doçaria da

Região Centro).

Também houve particular cuidado na

selecção dos vinhos e de outras bebidas,

de molde a oferecer produtos originais e

de grande qualidade.

HORÁRIO

DE FUNCIONAMENTO

O restaurante funcionará todos os dias

ao almoço e jantar (das 12,30 às 15 e

das 19,30 às 23 horas), excepto ao do-

mingo (em que serve apenas almoços) e

à segunda-feira (dia em que está encer-

rado, à semelhança do que sucede com

o Museu Monográfico em cujo edifício

está instalado).

Paralelamente ao Restaurante funci-

onará um bar/cafetaria, desde o início da

manhã até ao fim da tarde, de molde a

dar resposta aos milhares de visitantes,

nomeadamente com refeições ligeiras.

CONGRESSOS E FESTAS

Os responsáveis do Restaurante re-

feriram que ele está também preparado

para responder a outro tipo de solicita-

ções, como sejam serviços de casamen-

tos, baptizados e outros festejos, refei-

ções de grupos, e até mesmo congres-

sos e outras reuniões científicas, para

além de jantares temáticos, espectácu-

los e outras iniciativas culturais.

Para o efeito o Restaurante apresen-

ta condições únicas, uma vez que o Mu-

seu dispõe não só de um excelente audi-

tório como de outros espaços magnífi-

cos, nomeadamente nas próprias ruínas,

que podem ser utilizados também à noi-

te.

Saliente-se que do Restaurante do

Museu de Conímbriga se avista deslum-

brante paisagem, com a Natureza e a

História a conjugar-se para que este es-

paço se transforme em local de eleição

para quantos apreciam a boa mesa, com

pratos originais e a preços acessíveis, e

com um enquadramento único.

Isso mesmo, aliás, foi salientado pelo

elevado número de pessoas que estive-

ram na cerimónia inaugural.

De referir, que o Restaurante (e res-

pectivo bar/cafetaria) iniciou ontem (ter-

ça-feira) o seu funcionamento regular.

Por último, aqui deixamos o convite/

desafio dos responsáveis do Restauran-

te:

“Venha visitar-nos e julgue por si pró-

prio. Vai ver que não se arrepende!”.

Manuel Bairrão Oleiro, António Pimentel e Vasco Cunha

Irene Santos e Teresa Portugal

José Manuel Romão (Hotéis da Curia) e Joaquim Brites

Virgílio Correia, Director do Museu de Conímbriga, e Jorge Castilho, conversam

com alguns dos convidados

Page 16: O Centro - n.º 28 – 30.05.2007

16 DE 30 DE MAIO A 12 DE JUNHO DE 2007SAÚDE

A um Amigo…DigoQue a AteroscleroseÉ responsável pela tromboseE, na minha opinião,Como fazer a sua Prevenção!

Flagelo UniversalMortalDoença do “iceberg”Que à frente de todos ergueUma barreira de lutoEm cada minutoHora a hora, dia a diaMina, insidiosamenteE inexoravelmenteSem sintomatologiaOs vasos de toda a gentePara depois, de repente

Da noite para o diaMostrar o seu horizontePonteEntre a vida e a morte

Onde a pessoa sem norteNum minuto, dia ou anoSe torna um farrapo humano.Uma tal complicação( Está escrito em qualquer arquivo)Vem da proliferação

Polybio Serrae Silva

Do tecido conectivoQue é rico em colagénio.Não é preciso ser génioPara saber que o músculo lisoÉ precisoPara tal proliferação.Se a estria gorda é culpadaDesta emaranhadaÉ ainda uma nebulosaPois, segundo teoriaQue poderia ser correctaA progenitora directaÉ a gota gelatinosa.

Mas na base do processoEstá um trio travesso:O endotélio vascularO macrófago e a lipoproteinaQue acabam por nos matarOu nos levar à ruína.E qual a atitude gravosaDa placa fibrosaCom a célula espumosaE os linfócitosTLevando ao ateromaQue nos pode pôr em coma?Mas para quêValorizar tudo istoQuando entram em cena

Com pujança plenaOs factores de risco?Se o colesterol é um papãoE também a hipertensãoSe o tabaco é temívelA diabetes terrívelBem como a obesidadeE a hereditariedade…Se o álcool é um cataclismoTal como o sedentarismoE também a menopausa…Se todos podem ser causaVamos fazer uma pausaSe não a gente estremeceE padecePor se agravar o stress!

Mas qual deles é afinalO flagelo universalQue é a todo o momentoMãe de luto e sofrimento?……………………………

Responsável pela tromboseQue tão traiçoeiramenteEspera por toda a genteSó a Aterosclerose!

(PRIMEIRA PARTE)

(Continua na próxima edição)

Page 17: O Centro - n.º 28 – 30.05.2007

17DE 30 DE MAIO A 12 DE JUNHO DE 2007 SAÚDE

Massano

Cardoso

As gorduras ómega 3 desempenhamfunções muito importantes, entre as quaisse destacam a protecção cardiovasculare um bom desenvolvimento neuronal dofeto. Sendo os peixes e os mariscos ri-cos neste tipo de gorduras é lógico que asua ingestão, no decurso da gravidez, seacompanhe de efeitos positivos. A reco-mendação para que as mulheres ingiramestes produtos é aconselhável, contrari-ando medidas propostas por alguns in-vestigadores que advertem para o peri-go resultante da contaminação, sobretu-do, por metais pesados. De facto, a po-luição marinha e fluvial é uma realidademuito penosa com efeitos nefastos nasaúde pública.

Outro fenómeno que tem vindo a pre-

“Escolham as roliças!”ocupar as comunidades tem a ver com acrescente obesidade. As mudanças doshábitos alimentares ocorridas nas últimasdécadas têm sido responsabilizadas poresta praga, assim como constituem umforte contributo para o início de uma pu-berdade cada vez mais precoce.

Investigadores da Universidade daCalifórnia verificaram que a quantidadede gordura acumulada na metade inferi-or do corpo é a chave. Ou seja, a me-narca ocorre quando as raparigas arma-zenam determinadas quantidades nasnádegas e coxas, enquanto que as quearmazenam mais no abdómen têm ten-dência para iniciar mais tardiamente. Oque é interessante é o facto das gordu-ras depositadas nas coxas e rabiosqueserem particularmente ricas nas tais gor-duras ómega 3, as que são indispensá-veis para o desenvolvimento cerebral nodecurso da prenhidão. Além desta ca-

racterística há uma outra que importarealçar: esta gordura não é utilizada nodia-a-dia, fica depositada como se tra-tasse de “dinheiro a prazo” que só podeser “levantada” em caso de gravidez.

As crianças cujas mães não lhes pro-piciaram um adequado suporte destassubstâncias, durante a gestação, apre-sentam “menor coeficiente de inteligên-cia, pouco controlo motor fino e menoscompetências sociais”, fazendo eco danotícia publicada sobre o assunto.

Os portugueses e portuguesas são tra-dicionalmente bons devoradores de pei-xe, talvez um dos povos que mais conso-me. Sendo assim, seria de esperar que onosso “coeficiente de inteligência” fos-se dos mais elevados do mundo. E, jáagora, umas breves palavras para asapreciáveis, genericamente falando, di-mensões das coxas e rabiosque das mu-lheres portuguesas. Em primeiro lugar,

quando fazem dietas, sabem, perfeita-mente, quão difícil é a redução por aque-las bandas. Tomara! Se constituem umdepósito a prazo de gorduras especiaisque só podem ser mobilizadas para ga-rantir um bom desenvolvimento intra-ute-rino, somente com a prenhez é que podeser reduzida. E, atendendo às formasvantajosas, podem engravidar as vezesque quiserem, porque não correm riscosde virem a defraudar o desenvolvimentocerebral dos fetos, por falta de ómega 3.E até se podem dar ao luxo de não co-merem marisco ou peixe durante o pro-cesso gestacional, evitando eventuais ris-cos de toxicidade por metais pesados.

Com base nestes estudos é possível“compreender” as razões de tamanhase brilhantes mentes que pululam nestepais à beira-mar plantado.

Escolham as roliças, “naturalmentericas em ómega 3”...

Os 193 países-membros da Orga-nização Mundial de Saúde (OMS)comprometeram-se na passada sema-na a impulsionar medidas de preven-ção e controlo de doenças não trans-missíveis para reduzir, na próximadécada, dois por cento em cada anoas suas taxas de mortalidade.

A 60ª Assembleia Geral da Orga-nização, concluída na passada quar-ta-feira (dia 23) em Genebra, acor-dou a elaboração de um plano de ac-ção multisectorial de âmbito nacio-nal para a prevenção e controlo dedoenças como a diabetes ou a hiper-tensão.

Através da resolução adoptada, épedido aos países que aumentem osrecursos para controlar essas doen-ças, sobretudo no âmbito dos cuida-dos primários.

Os países também acordaram pro-piciar o acesso a cuidados sanitáriosapropriados e, em particular, a medi-camentos de boa qualidade e de bai-xo custo para as populações de altorisco nos países de poucos recursos.

Num outro ponto da resolução é pe-dido aos Estados que incorporem nosseus programas nacionais de saúdeestratégias para reduzir a incidênciada obesidade nas crianças e nos adul-

A OBESIDADE É UMA DELAS

OMS quer diminuir

doenças

não transmissíveistos, assim como medidas para pre-venir e controlar a diabetes.

O texto aprovado reclama tam-bém que a directora-geral da OMS,Margaret Chan, prepare um planode actuação concreto que estabele-ça as prioridades, acções e prazosem matéria de prevenção para ospróximos anos.

Também lhe é pedido que apoie ospaíses na execução das suas políti-cas de prevenção e que promova ointercâmbio de dados e de melhorespráticas entre os Estados membros.

Da mesmo forma, os países pe-dem à OMS que promova iniciati-vas para aumentar a disponibilidadede comida saudável, assim comouma série de recomendações sobre“a comercialização responsável” dealimentos e bebidas não alcoólicasentre as crianças.

Em 2005, as doenças não trans-missíveis causaram a morte de 35milhões de pessoas em todo o mundo(60 por cento no total), das quais amaioria (80 por cento) ocorreram empaíses de baixos e médios recursos.

Além disso, a OMS calcula quea mortalidade devida a essas pato-logias vai aumentar 17 por centoaté 2015.

Mais de 30 por centro das crianças por-tuguesas entre os sete e os 11 anos sãoobesas ou têm excesso de peso, segundodados recentes da Organização Mundialde Saúde (OMS).

De acordo com a Associação Europeiapara o Estudo da Obesidade, as causasdesta percentagem de crianças portugue-sas obesas e com excesso de peso estãoassociadas a uma dieta hipercalórica e aosedentarismo.

Também os estudos da OMS concluemque os jovens portugueses são pouco acti-vos, já que a percentagem que pratica des-porto é das mais baixas da União Europeia.

FAZER DESPORTO EVITA

OBESIDADE

Fazer desporto evita a obesidade nos jo-vens, concluiu um estudo francês feito juntode jovens em idade escolar, apresentado emLisboa no passado dia 19 (Dia Nacional deLuta Contra a Obesidade).

O estudo ICAPS (Intervention Auprèsdes Collégiens Centrée sur l´Activité Phy-sique et le Comportement Sédentaire) con-firma os relatórios da OMS (OrganizaçãoMundial de Saúde) que falam de uma ele-vada taxa de sedentarismo entre os jovens.

O estudo conduzido por uma equipa daUniversidade Louis Pasteur, de Estrasbur-go, demorou quatro anos (2002-2006) e en-volveu mais de mil jovens entre os 11 e os12 anos, de oito colégios da região do Bai-xo-Reno, escolhidos aleatoriamente.

O objectivo foi criar um programa deperda de peso e de redução do risco cardi-ovascular em jovens e, para tal, as oito es-colas foram divididas em dois grupos comos alunos de quatro escolas a manterem

Mais 30% das crianças

portuguesas com excesso de peso

os mesmos hábitos e os das outras qua-tro a terem acesso a 20 actividades des-portivas como a capoeira, a aeróbica ouo hip-hop.

Simultaneamente, decorreram aulas dereflexão sobre os benefícios do desportoque contaram também com a colaboraçãodos pais.

Ao fim de dois anos, o estudo conclui que“implementar um programa multidisciplinarde promoção do desporto seria benéfico”dado que, ao fim de 12 meses, os resultadosjá revelavam algumas mudanças de com-portamento e uma redução na ordem de21% do risco de aumento de peso.

O grupo de jovens que começou a fazerdesporto, passou a estar menos 10 minutosdiários em frente ao televisor. Por seu tur-no, o outro grupo, para além de manter osmesmos hábitos sedentários, começou aestar mais tempo em frente ao televisor.

O estudo que defende que “afinal, os jo-vens gostam de praticar desporto, mas nemsempre conseguem fazê-lo porque há umproblema de acessibilidade”.

“É possível mudar o comportamento dosjovens face ao desporto, o que trará benefí-cios contra a obesidade e as doenças cardi-ovasculares”, concluiu Chantal Simon, co-ordenador do estudo ICAPS.

Page 18: O Centro - n.º 28 – 30.05.2007

18 DE 30 DE MAIO A 12 DE JUNHO DE 2007A PÁGINA DO MÁRIOwww.apaginadomario.blogspot.com

[email protected]

Mário Martins

CARTA ABERTAAO PRIMEIRO-MINISTRO

“Por isso decidi escrever a carta, queabaixo publico, ao Primeiro Ministro, exor-tando-o a demitir-se e a emigrar.”

Leia a carta do advogado José MariaMartins em

http://josemariamartins.blogspot.com/(publicado no blogue em 27/05)

“PÚBLICO” GRÁTIS- Não quer o “Público”? É de graça!Hoje de manhã, no “Modelo”.

(publicado em 26/05)

OS PRIMOS LÁ DE CIMAO Movimento Defesa da Língua (MDL)

está desenvolver campanhas de sensibiliza-ção na Galiza, Espanha, para que o portu-guês seja ministrado no ensino secundáriocomo língua estrangeira obrigatória a partirdo próximo ano lectivo.

A porta-voz do MDL, a galega TeresaCarros, disse à Agência Lusa que o gover-no da Galiza está a preparar uma reformado ensino secundário para os próximos qua-tro anos e uma das alterações é a introdu-ção de uma segunda língua estrangeira obri-gatória.

“O governo quer que seja o alemão asegunda língua obrigatória no ensino secun-dário, além do inglês. Qual o benefício e avantagem para um galego aprender ale-mão, quando Portugal está mais próximo?”,perguntou.

(notícia da RTP;

publicado em 26/05)

PIADAS DO GOVERNO(...) este novo caso Mário Lino serviu,

segundo fontes governamentais, “para des-viar a atenção da gaffe do ministro da Eco-nomia, Manuel Pinho, quando na terça-fei-ra disse que iam ser criados posto de traba-lho da empresa Delphi... Ainda de acordocom a nossa fonte, as gaffes dos dois minis-tros estão a ser alvo de piadas de outrosmembros do Governo. “Já se disputa quemé a melhor fonte de inspiração para os GatoFedorento...”

(in “Correio da Manhã”;

publicado em 25/05)

AS PROMOÇÕESDOS JORNAIS

Sou um viciado em jornais.Hoje levantei-me às 7h00 e tentei com-

prar o “Correio da Manhã”, que tinha o ali-ciante de oferecer um DVD grátis.

Fui ao local habitual e... já tinha esgota-do. Eram 7h20.

(Não, não fiz reserva porque, simples-mente, o tal posto de venda não aceitoureservas.)

Já ando farto destas promoções dosjornais.

Há tempos, o “Expresso” também ofe-receu DVD e era muito difícil comprar o

jornal.Ora, o que mais irrita um leitor habitual é

tentar comprar o “seu” jornal e não o en-contrar. Por vezes, vemo-nos obrigados apercorrer quilómetros e quilómetros dentroda cidade para encontrar o jornal que dese-jamos comprar.

Parece quase um negócio clandestino.Hoje, ainda fui a outro sítio. Também já

não tinha o jornal.Pedi a uma pessoa da família que, no

caminho para o emprego, visse em mais doislocais; nada.

Decidi, então, tomar uma atitude: deixarde comprar jornais. É o meu protesto.

Já que os responsáveis pelo marketingdas publicações privilegiam o leitor ocasio-nal, que só compra quando há brindes, en-tão que fiquem com esse.

Não sei quanto tempo vou conseguirmanter esta decisão, porque a minha liga-ção aos jornais é muito forte. (Em miúdo,cheguei a fazer 30 quilómetros de bicicleta,no Verão, para comprar “A Bola” e acom-panhar as subidas de Joaquim Agostinho aoTourmalet; o que vale é que era só às se-gundas, quintas e sábados...)

Para já, vou apostar num mês de absti-nência.

Pode ser que se prolongue... Com bene-fícios óbvios para a carteira.

(PS - Não sei se esta decisão será maisfácil - ou mais difícil - de cumprir do que ade deixar de fumar. Sei é que quanto aoscigarros já lá vão 145 dias. Mas comecei acomprar jornais mais cedo do que a fumar...)

(publicado em 25/05)

MASSACREAcabo de passar parte do serão a acom-

panhar as emissões da SIC Notícias e daRTP 1.

Os debates políticos centram-se no “casodo professor Charrua”, nas declarações doministro Mário Lino e na surpreendente aná-lise de Almeida Santos, que afirmou que oaeroporto nunca poderá ser construído a suldo Tejo porque terroristas podem dinamitara ponte!!!

É o massacre completo do Governo,transformado em “bombo da festa”, e doPartido Socialista.

Ao estado a que isto chegou, meu Deus!(publicado em 24/05)

PELA LIBERDADE: “CRIMES”POLÍTICOS NUNCA MAIS!

Assine emhttp://www.petitiononline.com/libertas/

petition.html(publicado em 24/05)

CADA CAVADELA...O triste espectáculo do Governo prosse-

gue a bom ritmo, imparável.Ontem, o ministro da Economia mostrou

desconhecer a realidade da fábrica Delphiem Castelo Branco.

Hoje, o ministro das Obras Públicas estánovamente em destaque, a propósito dasdeclarações proferidas ontem, em que com-parou a margem sul do Tejo ao... deserto.(Leia aqui.)

As trapalhadas continuam.A “agonia” do Governo é evidente.

(publicado em 24/05)

PIADA OU INSULTO?LIBERDADE OU DITADURA?

Começa a ser preocupante o clima quese vive no país em termos de liberdade deexpressão - a principal conquista do “25 deAbril”.

Os “sinais de alerta” são múltiplos.Noutro dia foram as condenações de jor-

nalistas em tribunal, apesar de relataremfactos verdadeiros. Hoje foi Pinto Balsemãoa acusar o Governo de controlar a activida-de televisiva, lançando ao mesmo tempoduras críticas à actuação do ministro dosAssuntos Parlamentares. O Sindicato dosJornalistas já manifestou também, e por di-versas vezes, a sua preocupação.

Agora, o “caso do professor Charrua” -um incidente que já era comentado nos blo-gues há vários dias e que acaba de chegarao horário nobre da televisão.

Este último incidente tem uma pequenavirtude: mostrar que aqueles que pensavamque o “caso da licenciatura” era assuntoesgotado estavam muito enganados. (Até oPresidente da República, que evitara falarda licenciatura, teve agora de se referir aocaso do professor...)

Estão, mesmo, muito enganados os quepensam que o “caso da licenciatura” vai cairno esquecimento, porque haverá semprealgum português a lembrá-lo...

Nem que seja um humilde estudante comoeu, que fez os estudos universitários em re-gime de trabalhador-estudante, já casado epai, e que, mesmo assim, apenas demoroucinco anos a concluir uma licenciatura dequatro. E que viveu uma experiência dife-rente do estudante José Sócrates: nas 21cadeiras do curso, todas anuais, teve 21 pro-fessores diferentes.

(PS - Prometer não subir os impostos edepois aumentá-los é uma piada ou um in-sulto? Prometer criar 150.000 novos postosde trabalho e ver a taxa de desempregochegar ao nível mais alto dos últimos 20 anosé uma piada ou um insulto? Ver uma gover-nadora civil permanecer no cargo depois de“chumbada” pelo Tribunal Constitucional éuma piada ou um insulto? Matar aos boca-dinhos o Serviço Nacional de Saúde, afir-mando-se o Governo socialista, é uma pia-da ou um insulto? Ver nascer crianças, umasatrás das outras, na auto-estrada Figueira-Coimbra é uma piada ou um insulto?)

(publicado em 23/05)

PORTUGAL, SOCIALISTA,SÉCULO XXI

Uma menina nasceu numa ambulânciaestacionada na A14, quando a mãe era trans-portada da Figueira da Foz para uma ma-ternidade de Coimbra. É o quinto caso deum bebé nascido num contexto extra-hos-pitalar desde que encerrou o bloco de par-tos figueirense, há menos de sete meses.

(publicado em 23/05)

O MEU CAMPEÃOFalta uma hora para começarem os jo-

gos da última jornada.Sejam quais forem os resultados, já te-

nho um campeão: o Sporting foi a equipaque melhor futebol apresentou durante aépoca.

(publicado em 20/05)

TEMPOS NOVOS?...Um professor de Inglês, que trabalhava

há quase 20 anos na Direcção Regional deEducação do Norte (DREN), foi suspensode funções por ter feito um comentário –que a directora regional, Margarida Morei-ra, apelida de insulto – à licenciatura do pri-meiro-ministro, José Sócrates.

Notícia na edição de hoje do “Público”.

* * *

O professor Marcelo Rebelo de Sousaque se ponha a pau com o poder socialista.Aqueloutro “insulto” (para usar a termino-logia da senhora directora) do comentadorao primeiro-ministro no seu programa “Asescolhas...” na RTP-1 de 22 de Abril de2007 – “Já se percebeu que é uma licencia-tura tipo Farinha Amparo” –, ainda lhe podecustar o lugar de professor na Faculdade deDireito de Lisboa... Já o ministro Mário Linojá parece ter autorização para brincar coma utilização indevida do título de engenheiropelo primeiro-ministro, não sendo conheci-do que, até ao momento, lhe tenha sido ins-taurado qualquer procedimento disciplinarnem pena de demissão.

Acompanhe os comentários e os protes-tos no blogue “Do Portugal Profundo”.

(publicado em 19/05)

A TAÇA (EM DIÁLOGO)- Então?...- Ganhou o Mourinho.- Mereceu?- Sim.- Muitos golos?- Não. Só 1-0 e no fim do prolonga-

mento.- E o Ronaldo?... Jogou?- Andou por lá.(publicado em 19/05)

IRONIAS...néquinha, és o máior!meu querido ‘professor’ neca, as insi-

nuações que fizeste a meu respeito no mun-dial da coreia, em 2002, já estão no baúdas coisas esquecidas.

por absoluta inutilidade.“a minha única companhia era o es-

cocês ‘johny walker’ “, disseste tu. re-cordas-te?

olha... estou a fazer esta ‘posta’ para tedesejar um empate no jogo do próximo do-mingo.

tal resultado, só por si, constituiria acon-tecimento eternamente ligado ao teu pal-marés e à história recente do futebol por-tuguês.

para terminar, como diriam os ingleses:‘no hard feelings’.

ps,não me leves a mal se ficar a torcer,

simultaneamente, pelas vitórias do beira-mar e do setúbal...

não posso perder todo o meu orgulhonum segundo.

(Texto de António Boronha, ex-vice-

presidente da FPF, no seu blogue;

publicado em 18/05)

Page 19: O Centro - n.º 28 – 30.05.2007

19DE 30 DE MAIO A 12 DE JUNHO DE 2007 CULTURA

Os leitores não vão poder dispor, nestaedição, de uma das colaborações maisapreciadas: a crónica de televisão de Fran-cisco Amaral, designada por “PúblicaFracção”.

A “culpa” desta ausência cabe ao maisantigo e um dos mais prestigiados progra-mas da rádio portuguesa, intitulado “Ínti-ma Fracção”.

“Pouco para dizer, muito para es-cutar, tudo para sentir” – foi assim queo autor definiu a sua obra radiofónica.

Integralmente realizado por FranciscoAmaral, passou durante muitos anos naRDP e depois na TSF, quando FranciscoAmaral aceitou o desafio de integrar aequipa que lançou a “Rádio Jornal do

Centro” em Coimbra, como Director deProgramas – sendo que essa rádio, quedepressa se colocou como uma das rádi-os locais com maior audiência em todo oPaís, pertencia à cadeia de rádios entãoligada à TSF.

Mesmo depois da TSF Coimbra se tercalado (por razões que um dia serão ex-plicadas, quando se fizer a história dasrádios locais), o programa “Íntima Frac-ção” continuou a ser transmitido regular-mente na TSF nacional, para gáudio demilhares de pessoas de todo o País, eaté do estrangeiro, que ao longo dos anosse tornaram fiéis ouvintes deste progra-ma de culto, caracterizado por uma ex-celente selecção musical aliada a belase inteligentes palavras, ditas com a mes-ma sensibilidade com que eram criadase seleccionadas, e assim tornando maisagradáveis as madrugadas de tantos “vi-ciados”.

Até que um dia, por força de razõesque ditaram tantos outros atentados aobom senso, também este programa foiretirado da grelha, empobrecendo as noi-tes radiofónicas – quase todas elas pro-duzidas agora por computadores previa-mente programados, sem a presença emestúdio das vozes que para muitos eram acompanhia indispensável no amenizar dotrabalho ou no preenchimento de tantassolidões.

A “Íntima Fracção”, verdadeiramente,nunca se calou, nunca se diluiu no esque-cimento. Em 2004 muitos foram os queassinalaram, das mais diversas formas, os20 anos deste excelente programa. Pas-

O MAIS ANTIGO PROGRAMA DA RÁDIO PORTUGUESA

PÚBLICA FRACÇÃO

Francisco Amaral

[email protected]

“Íntima Fracção” está de voltasou na Rádio Universidade de Coimbra,na Rádio da ESEC (Escola Superior deEducação de Coimbra), deu origem a si-tes e blogues… Continuou a poder ouvir-se on line e em pod-cast. Contudo, a mai-oria dos seus fiéis ouvintes não tinha acessoa estes avanços tecnológicos.

Mas eis que agora, de repente, noschega a notícia que tanto tardou, e queaqui reproduzimos com grande prazer:o programa “Íntima Fracção” está devolta!

Regressa a todo o País através do Rá-dio Clube Português. Nas noites de do-mingo para segunda-feira, entre a meia-noite e as duas horas da madrugada.

Uma excelente forma de começaruma nova semana, uma óptima razão paraadiar o sono – ou, pelo menos, para ador-mecer de maneira tranquila.

A não perder!Esperemos que, apesar de mais esta

responsabilidade (a juntar à actividadedocente na Escola Superior de Educa-ção de Coimbra e à direcção do progra-ma ESEC TV, que vai para o ar na 2,infelizmente altas horas da madruga-da…), Francisco Amaral consiga voltarem breve a redigir a nossa “Pública Frac-ção”.

UM DEPOIMENTO

SOBRE A “IF”

Para que os leitores menos informa-dos melhor fiquem a saber o que foi e oque continua a ser o programa “ÍntimaFracção” (IF), a seguir transcrevemos umtexto sobre ele redigido por um homemda rádio em 2004, Francisco Mateus (ani-mador da TSF) quando a “IF” celebrou20 anos de emissão:

Francisco Amaral é um amigo de há jálongos anos e um dos (poucos) profissio-nais de rádio que mais admiro e respeito.Feita que está esta inequívoca declara-ção inicial, vamos agora às palavras queinteressam a propósito desta data: os vin-te anos da Íntima Fracção.

Num tempo em que os realizadores deradiodifusão estão a ser convertidos emmeros operadores de sistemas informáti-cos, que importância pode ter a manuten-ção de um programa com as característi-cas da Íntima Fracção? TODA A IM-

PORTÂNCIA! E porquê? Porque sen-do um programa de rádio que atravessajá várias gerações, serviria (serve) de ins-piração para o desenvolvimento de novosautores do meio. Sem referências, não émais possível às novas gerações de radi-

alistas reverem-se na autoria de progra-mas. Vivemos dias em que os potenciaiscriadores de novos conteúdos (interessan-tes) não são estimulados a pensar e con-sequentemente a criar. São sim obriga-dos a cumprir formatos importados pré-definidos, quase todos no estilo “rádio-ser-viço” ou “rádio-música-top-chart”.

O que acontece é que cada vez maisas pessoas satisfazem esse tipo de ne-cessidades a partir de um simples com-putador caseiro. O mundo à distância deum “clic” é mesmo uma realidade. Equanto à música, a concorrência com osCD, MD, MP3 e outros formatos digital-áudio constitui uma clara derrota para arádio, cada vez mais distante do que real-mente de importante se passa e vale apena no mundo da música. São inúmerosos sítios na Internet onde se pode buscar

- e encontrar - o que se pretende ouvir.Principalmente quando as estações demaior dimensão estão todas a passar, atéao limite do insuportável, o mesmo disco(riscado!). Se exceptuarmos raros e bonsexemplos locais, é isto que se passa noéter nacional.

A Íntima Fracção encerra um conjun-to de características que apontam cami-nhos em variadíssimas direcções. Não éum programa de música, mas utiliza mú-sica e uma multiplicidade de muitos ou-tros sons e palavras para transmitir e par-tilhar sentimentos e estados de alma. Na

música emitida encontram-se verdadeiraspreciosidades de todos os tempos e aténovidades! Não no sentido de ser novida-de, mas de ser novo! E há uma diferençaabismal entre ambos os termos…

A Íntima Fracção encontra-se num ter-

ritório - ou coloca-nos nesse território - aque pessoalmente chamo de territórioda memória sentimental. É apenas umaaparente paradoxal ligação entre o pas-sado, o presente e o futuro. Uma delicio-sa relação entrelaçada das memórias demomentos das nossas vidas. A emissão/composição do criador deixa de ser suapertença no momento em que é escutadapelo receptor que, estimulado pelo queouve, faz a sua interpretação pessoal e“realiza” a sua própria construção. Te-mos assim uma infinidade de “íntimas frac-ções” consoante o número de ouvintes. Éesta a verdadeira magia da rádio. O ape-lo ao imaginário. Abrir e alargar horizon-tes nos receptores e não cair na faláciade “dar ao ouvinte aquilo que ele querouvir”. O inultrapassável papel da rádio édar ao ouvinte aquilo que ele não sabiaque poderia ouvir, e, sem pretensiosismosde espécie alguma, tornar-lhe o mundo umpouco mais vasto.

Na minha vida profissional, a ÍntimaFracção sempre foi uma influência.

Perco de conta o número de cançõese músicas que conheci através da IF des-de o dia em que “apanhei” no ar pela pri-meira vez o programa de Francisco Ama-ral então na RDP - Antena 1.

Também na literatura a IF me desper-tou para leituras interessantíssimas dasquais destaco três: “Fragmentos De UmDiscurso Amoroso” de Roland Bhartes,“Crónicas Americanas” de Sam Sheparde principalmente “O Tempo, Esse Gran-de Escultor” de Marguerite Yourcenar.

A íntima Fracção é uma composiçãodo nosso tempo, dos nossos dias. É amemória sentimental da nossa vida pas-sada, presente e futura. E sendo uma com-posição sonora transgeracional, a IF é ain-da uma jovem esperança. Vinte anos éuma excelente idade de arranque paraoutra vida e outras vidas... e o futuro éhoje, à distância de um simples “clic”.

Os leitores desta crónica de televisão

do “Centro” ficam à espera de breve

regresso

Page 20: O Centro - n.º 28 – 30.05.2007

20 DE 30 DE MAIO A 12 DE JUNHO DE 2007ASTROLOGIA

Jorge Côrte Real *

* Jurista

Na anterior edição do “Centro” es-tudámos a Lua e verificámos com elaa noção de ciclo em espiral aberta.Significa isto que todos os meses ha-verá uma Lua Nova mas os ciclos ini-ciados por intermédio daquela serãotodos diferentes ainda que sejam ba-sicamente semelhantes. Vimos quemutatis mutantis, algo semelhanteocorre com as quatro estacões do ano.Já vimos também que o primeiro ca-lendário usado pelo Homem foi lunar,e ainda actualmente eaxistem reminis-cências disso. Bastará para tanto lem-brar que o Domingo de Páscoa aindaé, actualmente, marcado segundo aLua. Será ele, em termos simplistas,o primeiro Domingo a seguir á LuaCheia após (21/3) o equinócio da Pri-mavera. Poderíamos entrar numa áreaem que a Lua desempenha um papelpreponderante, segundo a sua distân-cia à Terra e alinhamento com o Sol.Referimo-nos aos terramotos e aostsunamis ocorridos predominantemen-te em perigeu lunar em Lua Nova eLua Cheia, pelo efeito de atracçãoexercido sobre as placas tectónicas,segundo a “Teoria de Berkland”. Nãoo faremos por agora, e apenas o refi-ro para demonstrar que muito maishaveria a dizer sobre o nosso satélitenatural.

Mercúrio é o astro mais próximo doSol, circundando-o completamente acada 88 dias dos nossos. Os Gregos per-sonificavam-no como Hermes, um jo-vem deus com sandálias aladas nos pés.

É o astro que influencia as comuni-cações: Rádio, cinema e televisão, afala, a escuta, as ideias, os conheci-dos e os vizinhos e também as curtasviagens, pela sua regência da 3ª casado horóscopo natural – Gémeos.Quando Mercúrio está retrógrado,devemos temer os mal entendidos. Eleé o astro da comunicação e da per-cepção. Mercúrio é o astro do ensinoe da transmissão de conhecimentos.É o astro da lógica, isto é, da valoraçãocorrecta nos juízos e ordenação correctadas premissas nos raciocínios.

Tudo na vida tem uma razão de ser,e um tempo próprios. Só um completoignorante – em astrologia – designaráum dia em que Mercúrio esteja retró-grado para dar uma aula, ou proferiruma conferência na qual se pretendatransmitir conhecimentos, simples-mente porque os ouvintes e ele pró-prio vão sentir mais dificuldades deconcentração nesse período, e emconsequência ficam mais vulneráveisa dizer ou a ouvir algo que interpre-tam em sentido diverso e por vezescontrário àquele que se pretende.

Mercúrio (I)É com Mercúrio que pensamos. A

sua palavra-chave é “Eu penso”, é porintermédio dele que criamos e comu-nicamos. É o astro da razão, da psi-cologia, da lógica, da matemática dafilosofia da criatividade da descober-ta científica e do humor. Mas tambémda propaganda enganadora, da menti-ra, do embuste e do desacordo do pen-samento consigo mesmo.

Domina a troca de ideias e de coi-

sas, como o comércio, e rege o cór-tex cerebral, os pulmões e os cincosentidos.

Na carta natal, que como vimos re-presenta a fotografia do céu no mo-mento do nascimento, se o Mercúrioda pessoa estiver bem aspectado(com ângulos de 60º ou 120º a astrosbenéficos), dará origem tendencial-mente a uma entidade inteligente (queapresenta soluções simultaneamenteboas para o presente e futuro), hon-rada, leal, loquaz, que se expressa deforma clara, capaz de influenciar po-sitivamente o seu semelhante para osucesso. É o criativo, gerador de no-vas ideias e formas. Pode também sero grande comerciante ou industrial ho-nesto e respeitado.

Se estiver mal aspectado (90ºou180º) e o indivíduo considerado nãoestá alertado, ou se não fez entretan-to um esforço de auto-aperfeiçoamen-to, dará origem a alguém tendencial-mente com as qualidades expostas noinverso. Tenderá a ser então um es-perto (apresenta soluções que apenasiludem o problema a curto prazo),oportunista, traidor, aldrabão, um pre-

conceituoso obstinado, um xenófobomilitante, manipulador de massas, pir-ronicamente teimoso, demagogo, seráo falsificador, o cínico, o hipócrita, otrapaceiro, que se conduz e aos que ocercam à desgraça.

Também poderá ser o comerciantecuja finalidade única é o lucro e não oserviço. Que é capaz de comprar umacoisa a alguém necessitado, enganan-do-o no preço, para ir lucrar, pouco

tempo decorrido, com a mesma coisapelo dobro ou mais do preço, sem in-demnizar o vendedor. Será o industrialque produz inutilidades acompanhandoo produto com amplas, sugestivas ecaras campanhas publicitárias.

Tenderá a ser o descarado que gozae se sente superior enganando ou in-duzindo em erro os demais, só paralevar vantagem sobre estes. Sãoexemplos de criações baixas de Mer-cúrio, as transposições para o cinemado massacre dos índios americanos,como tendo sido um acto heróico doscolonizadores. Ou as colonizações quetiveram por base o tráfico de escra-vos, apresentadas como divulgadorasda fé e da civilização.

Naturalmente é também o astro dapropaganda e da contra-propaganda:Pelo lado positivo, isto é, conduzida naprossecução de valores superiores, in-formará os destinatários com rigor so-bre a qualidade, características e uti-lidade dos seus produtos e as suas li-mitações, bem como a melhor formade utilização. Ou com fino humor,como ocorreu com o slogan de propa-ganda de viaturas que afirmava, tiran-

do partido da conhecida fiabilidade dosseus carros: “O carro que vai até aofim do Mundo”. Contra propagando,uma marca concorrente passou a di-vulgar a sua viatura, do seguinte modo:“O carro que vai até ao fim do Mun-do e volta”. Pelo lado negativo, tere-mos um discurso algo semelhante aisto: “A governação vai mal porque aanterior foi caótica”. Meses mais tar-de, propagandeia-se que os responsá-veis pela má governação são os fun-cionários públicos porque executammal os programas do governo. Entre-tanto justificam-se, cavando a covaonde irão ser enterrados: “Nós gover-namos mal, mas a oposição não temautoridade para nos criticar, porquequando esteve no poder fez pior”. Semsequer imaginar que os erros alheios nãodesculpam, nem justificam os nossos. Edepois disto tudo, ninguém admite queé incompetente e desqualificado para agovernação. Mercúrio é, neste caso, oastro da ascensão e da queda súbita.“Só desisto se for eleito”.

Imaginemos que um dirigente pos-sui o Sol, Marte e Mercúrio conjuntose o Sol em aspecto difícil com Satur-no. Se não possuir uma boa formaçãoou não for aconselhado devidamente,falará muito energicamente, decidirámuito rapidamente, será muito cora-joso nas medidas que adoptar, porémfará tudo isto sem meditar nas conse-quências, nem nos efeitos colaterais.Para culminar, será suficientementeteimoso e incapaz de retroceder emqualquer projecto, mesmo que este sejareconhecidamente inútil, inconvenienteou injusto. Exemplificando, é capaz deem nome da economia e da produtivi-dade, suprimir aos seus funcionáriosas “pontes” entre feriados e fins-de-semana, sem ponderar o custo (de to-dos os consumíveis, luz ar condicio-nado, computadores, etc) mantendoserviços abertos, sem qualquer provei-to. Castigará os “justos” para exem-plo e intimidação dos “pecadores”.

É também por Mercúrio que são de-finidas tendencialmente as perturba-ções mentais. Entre o génio e o maní-aco-depressivo, actualmente designa-dos por bipolares, não distam no mapanatal mais de 10º de interacção entreMercúrio, Sol e Urano.

A compatibilidade intelectual na co-municação ou na investigação cientí-fica é revelada pela posição dos Mer-cúrios nas cartas astrológicas compa-radas.

Influencia toda a espécie de criati-vidade nas artes, letras e ciências.

Conhecer bem a influência de Mer-cúrio no nosso mapa, pode ajudar-nosmuito a promover o nosso auto-aper-feiçoamento. Como sucede com todosos astros, Mercúrio influencia mas nãodetermina.

(Continua na próxima edição)

Hermes ou Mercúrio

Page 21: O Centro - n.º 28 – 30.05.2007

21DE 30 DE MAIO A 12 DE JUNHO DE 2007 OPINIÃO

Renato Ávila

Joséd’Encarnação

POIS...POIS...POIS...POIS...POIS...

O lápis. Quem há aí, hoje, quese lembre de escrever a lápis oude sublinhar a lápis os livros quevai lendo – para que, mais tarde,saiba as passagens que mais o im-pressionaram ou que lhe interessareter? Um amigo meu fez questãode me emprestar livro que já lera eque estava por ele sublinhado epediu-me: «Sublinhe-o você tam-bém, porque, assim, eu fico enri-quecido com as suas reacções». Jáse não sabe sublinhar, acho eu. Epouco se usa o lápis. Contaram-meque o Prof. Luís Ferrand de Almei-da, de mui saudosa memória, gas-tava os seus lápis até… ao tutano!Outros tempos…

Todos os dias a comunicação socialrelata acontecimentos relacionados coma falta de segurança dos cidadãos.

Assaltos, atentados, raptos e seques-tros, violência doméstica, maus tratossobre as crianças... Pedofilia.

Em algumas das nossas cidades cor-re-se sério risco em andar à noite porcertas ruas de duvidosa frequência.

A imigração e os inerentes problemasde inadaptação e segregação social pro-porcionam novos focos, novas situaçõesde insegurança.

O terrorismo que começa a avassalaro mundo ocidental torna-se também mo-tivo de preocupação.

A prostituição, a droga, a pedofiliatransformadas em poderosas indústrias,são uma ameaça permanente à seguran-ça e à integridade física e espiritual dosnossos jovens.

O recente e dramático desaparecimen-to da menina britânica no Algarve mexeude sobremaneira com as nossas emoçõese com as nossas consciências e trouxe-

Segurança e Liberdadenos à memória o desaparecimento de de-zenas de crianças nossas compatriotas.

Quando nem as crianças escapam, asituação torna-se muito mais grave paraque continuemos a olhar para o lado comose tudo isso fosse normal.

Hoje, investigar o crime, procurar epunir os responsáveis, repor a normali-dade e ressarcir os danos não chega,especialmente pelo grau de sofisticaçãodas acções criminosas, a ausência demínimos resquícios de valores no delin-quente que, na grande maioria das ve-zes, leva à ultrapassagem dos mais ele-mentares princípios de dignidade e derespeito pela integridade de cada um.

Hoje, a violência impera e a conside-ração pela vida esfuma-se em hedion-dos actos de tráfico de humana gente naescravização braçal, na mercantilizaçãode órgãos, na prostituição e na pedofilia.

Perante este quadro, sentimos que osgovernos e as altas esferas internacio-nais não agem com a presteza e eficáciaque seria de desejar deixando numa es-pécie de impunidade certas castas es-condidas à sombra da riqueza, do podere da condição social.

Não basta punir, è forçoso prevenir.

Não podemos continuar a ver famíli-as desesperadas pelo brusco desapare-cimento dum filho, duma criança indefe-sa criada com tanto carinho, na lancinanteangústia de a saber às mãos de gentesem escrúpulos que a maltrata, que aespezinha para satisfazer as mais sórdi-das perversões. Não podemos continuara admitir que as nossas jovens sejam lu-dibriadas e remetidas para as redes deprostituição. Não podemos continuar aver a nossa juventude a aniquilar-se paraengrandecer o imenso império dos nar-cotraficantes.

A insegurança diminui o usufruto daliberdade. A segurança, por sua vez, temum preço que só pode ser pago pela pró-pria liberdade. O preço da prevenção, davigilância, do uso sensatamente mode-rado de algumas liberdades individuais.

È preciso contrapor à sofisticação dosmeios utilizados pela delinquência, crimi-nosa desrespeitadora dos direitos indivi-duais e colectivos, os meios mais avança-dos que as modernas tecnologias vão pon-do à nossa disposição, sem pruridos, comfirmeza para que a liberdade nos possaconceder a paz e a segurança sem as quaisnão é possível viver com felicidade.

João PauloSimões

FILATELICAMENTE

Foi esta a primeira emissão portugue-sa de selos comemorativos. A ideia foilançada pela Câmara Municipal doPorto, aquando das comemorações docentenário do Infante D. Henrique.

O objectivo, era angariar fundospara a estátua do Infante na cidadeonde nasceu.

Desenhados por José Veloso Salga-do, tendo sido os selos de 5 e 100 reislitografados em folhas de 100 e os se-los de 150 e 1000 reis gravados a talhedoce e impressos em folhas de 25, es-tes trabalhos foram efectuados em Lei-pzig, por Giesecke & Devrient. O pa-pel é levemente pontinhado em losan-gos e denteado a 14.

Circularam durante dez dias – de 4a 13 de Março de 1894 – no Continen-te e nos Açores com sobrecarga “Aço-res”. Para serem obliterados, dese-nhou-se um carimbo especial com osdizeres “1394 – CENTENÁRIO –1894”.

Desta emissão fizeram-se 60 exem-plares, distribuídos pelas estações pos-tais das capitais de distrito. Mas estasérie não teve a saída que se esperava

1894

– Emissão

comemorativa

do

5º Centenário

do nascimento

do Infante

D. Henrique

e, dos 3 676 269 selos postos à vendano Continente, só 1 066 115 foram ven-didos, queimando-se na Casa da Moe-da os restantes!

(baseado no texto de Carlos Kulberg)Em cima, uma reprodução da emissão.

(continua)

Page 22: O Centro - n.º 28 – 30.05.2007

22 DE 30 DE MAIO A 12 DE JUNHO DE 2007MÚSICA

Distorções

José Miguel Nora

[email protected]

No passado dia 18 de Maio voltei aassistir a um concerto dos Bloc Party,que se assumem, cada vez mais, comouma das minhas bandas preferidas. Jáos tinha visto no Verão passado, em Pa-

redes de Coura, mas como adoro con-certos em recintos fechados e, em espe-cial, no Coliseu dos Recreios, tudo indi-

cava que fosse um grande concerto,como foi. Com um alinhamento a deam-bular entre “Silent Alarm” e “A WeekendIn The City”, a banda de Essex mostrou,mais uma vez, a sua grande qualidade.Apesar de o concerto ter mostrado quemuitos dos temas do seu mais recentetrabalho são muito difíceis de mostrar aovivo, a banda demonstrou, também, quetrabalha nos limites para os tocar ao vivo,prova disso mesmo é a entrada do bai-xista Gordon Moakes para uma segundabateria na interpretação de “Sunday”.Valeu a pena.

Esta semana optei por escrever sósobre discos da denominada nova músi-ca portuguesa. O primeiro deles é o maisrecente trabalho dos conimbricensesWray Gunn, “Shangri-la”. Fui à FNACver o “show case” de apresentação deste

novo disco e fiquei absolutamente rendi-do. Já gostava muito do “single” que an-dava a rodar nas rádios nacionais, “She’sa Go Go Dancer”, mas neste registo háuma série de bons temas como sejam:“Ain’t It Nice?”, “Love Is My Drug”,“Love Letters From a Muthafcks”,“Everything Is Gonna Be Ok”, ou “Hoo-la Hoop Woman”, que mostram, não só,uma enorme qualidade, como, também,uma enorme heterogeneidade, mas nun-ca fugindo do estilo a que a banda dePaulo Furtado e Raquel Ralha já nos ha-bituaram.

Fugindo um pouco do rock e avançan-do para a electrónica e o experimenta-lismo, encontramos os Micro Audio Wa-ves, que acabam de lançar o seu tercei-ro álbum de originais, “Odd Size Bagga-ge”. “Down by Flow” é a primeira amos-

tra do mais recente trabalho da bandade Flak (Rádio Macau), que tem sidomuito premiada além fronteiras e, inclu-sivamente, já foi alvo dos mais rasgadoselogios do célebre crítico, recentementefalecido, John Peel.

Para o fim das sugestões no que tocaa novos discos fica a nova colectânea“Novo Rock Português”, que a um pre-ço bastante acessível reúne 38 bandasem 2 cd’s, incluindo nomes como os Vi-cious 5, Wray Gunn, Legendary TigerMan, passando pelos Linda Martini,Orangotang e os X-Wife entre muitosoutros.

No próximo dia 1 de Junho, às 22 ho-ras, vai ter lugar mais um “Clubbing” naCasa da Música (Porto), desta vez coma presença da banda sensação do mo-mento da música britânica, os Klaxons,e os escoceses Shitdisco! no palco 2, aopasso que no bar 2 (bar dourado) vaiestar um conhecido dj espanhol que dápelo nome de Soft Dj. Coube-me o privi-légio de abrir esta sequência no bar 2.Apareçam!

PARA SABER MAIS:

www.blocparty.comwww.wraygunn.comwww.microaudiowaves.comwww.casadamusica.pt

Bloc Party “Silent Alarm” (Wichita)Bloc Party “A Weekend In The City”(Wichita)Wray Gunn “Shangri-la”(Valentim de Carvalho)Micro Áudio Waves “Odd Size Bagga-ge” (Magic Music)“Novo Rock Português”(Chiado Records/Farol Música)

Wray Gunn

Bloc Party

A Alliance Française de Coimbra orga-niza a 2ª Festa da Música em Coimbra comos seus parceiros, no próximo dia 21 deJunho (quinta-feira), a partir das 16h00 eaté à meia-noite, junto à sua sede (RuaPinheiro Chagas, nº 60) em Coimbra.

A Festa da Música celebra este ano asua 26ª edição em França, tendo-se esten-dido já a vários países do mundo.

Não é um festival, mas sim uma grandemanifestação popular, gratuita, aberta atodos os participantes, amadores ou pro-fissionais, que desejem actuar. É acessí-vel, todos os anos, a milhões de pessoas.

Mistura todos os géneros musicais e di-rige-se a todos os públicos, tendo comoprincipal objectivo popularizar a práticamusical e familiarizar os jovens, e não só,para todas as expressões musicais.

Ao nível mundial, uma coordenação in-ternacional da Festa da Música trabalhaem Paris, como se pode ver em

www.fetedelamusique.culture.frA 2ª Festa da Música em Coimbra é

divulgada no site “Alliance Française

INICIATIVA DA ALLIANCE FRANÇAISE

II Festa da Músicaem Coimbra

Portugal”www.alliancefr.ptrubrica “Cultura”, onde se encontra tam-

bém o programa completo do evento, ac-tualizado diariamente, assim como todas asinformações complementares.

Recorde-se que a 1ª Festa da Músicaem Coimbra teve um franco sucesso.Numa maratona musical de 8 horas, desfi-laram mais de 20 grupos, compostos porpessoas de todas as idades, que tocaram,cantaram e encantaram o público – maisde mil pessoas que partilharam este gran-de evento musical e cultural.

E tudo se conjuga para que a Festa daMúsica deste ano atinja êxito ainda maior.

A Orquestra de Câmara Juvenil Nor-drhein-Westfalen (Junge Kammerphilhar-monie Nordrhein-Westfalen) iniciou ontem(terça-feira, dia 29) uma digressão porPortugal, numa organização da Associa-ção Landesjugendorchester NRW (Ale-manha), com a colaboração da OrquestraClássica do Centro (OCC), da Embaixa-da Alemã em Lisboa, do Goethe-Institutde Lisboa, da Escola Alemã de Lisboa eda Fundação Marion Ehrhardt.

O programa da digressão inclui actu-ações no Auditório da Fundação Manu-el C. Botelho, em Vila Real (ontem), noCasino da Figueira da Foz (hoje, às22h00), no Grande Auditório do Depar-tamento de Comunicação e Arte da Uni-versidade de Aveiro (amanhã, às 21h30),no Teatro da Cerca de São Bernardo,em Coimbra (sexta-feira, dia 1, às21h30), no Grande Auditório Fórum daMaia (sábado, às 21h30), no Palácio deQueluz (domingo), na Escola Alemã deLisboa (segunda-feira) e no Goethe-Ins-titut de Lisboa (dia 5).

EM COLABORAÇÃO COM A OCC

Orquestra juvenil alemãactua em Portugal

A Orquestra de Câmara Juvenil NRWé bem conhecida em toda a Alemanha,tendo efectuado digressões na antigaChecoslováquia, França, Itália, Polónia,Lituânia, Suíça, Croácia, Bósnia-Herze-govina e China.

O compositor e Professor na EscolaSuperior de Música de Detmold, MartinChristoph Reed, acompanha a viagem,cujo programa de concerto inclui a suanova composição “Les Adieux – home-nagem a György Ligeti”, para orquestrade cordas op. 61. Redel ofereceu a com-posição à Jungen Kammerphilharmonieno seu 60.º aniversário. A Orquestra deCâmara Juvenil NRW terá como solis-tas Hendrik Blumenroth, violoncelo, eEnikö Ginzery, zimbalão, e será dirigidapelo Maestro Fernando Eldoro.

Integrarão a Orquestra dois jovensviolinistas portugueses que estiveramem Março na Alemanha, a participarnos ensaios e na gravação de um CDdo Concerto que será apresentado emPortugal.

Page 23: O Centro - n.º 28 – 30.05.2007

23DE 30 DE MAIO A 12 DE JUNHO DE 2007 INTERNET

IDEIAS DIGITAIS

Inês Amaral

Docente do Instituto Superior Miguel Torga

DEBOLEIA

YAHOO GREEN

DEDO NO GATILHO

PRODUÇÕES FICTÍCIAS

THE GREAT LONG TRAKING SHOTS...

FIND MADELEINE

O site DeBoleia propõe boleias com vista a atenuar

os problemas da utilização abusiva de automóveis. O

projecto foi criado por dois ex-alunos da Universidade

do Minho e tem como base a ideia de que andar à boleia

é uma forma de poupar, já que o preço da gasolina che-

gou a valores históricos, e de preservar o ambiente, uma

vez que se prevêem menos carros a circular.

Os autores do projecto explicam o DeBoleia de uma

forma simples: «É como um papel de parede ondecondutores e passageiros vão deixando mensagenspara que uns e outros interessados consigam en-contrar com quem partilhar custos, conversas e tem-po de condução, bem como a alegria de contribuirpara um ambiente mais saudável e um trânsito me-nos stressante». Vale a pena uma visita. Quer seja

para procurar companheiros de viagem com quem di-

vidir a gasolina ou para dar uma vista de olhos num

espaço que é uma verdadeira consequência do mundo

moderno.

DEBOLEIAendereço: http://www.deboleia.com

categoria: lazer

O projecto YahooGreen tem como propósito aler-

tar os cibernautas para a importância de alterar hábitos

de consumo, promovendo a cultura da poupança dos

recursos energéticos. Esta campanha de sensibilização

do portal Yahoo apresenta um importante conjunto de

informações sobre o meio ambiente. A página tem uma

actualização regular e tenta promover a ideia de que

pequenas acções individuais de cada um de nós podem

provocar mudanças significativas no mundo.

Reciclar, utilizar lâmpadas economizadoras, andar de

transportes públicos e reutilizar os sacos de compras

são alguns dos conselhos do YahooGreen para reduzir

o consumo e diminuir a propagação do dióxido de car-

bono. Esta iniciativa do Yahoo associa-se a um grupo

de empresas norte-americanas que tem vindo a tomar

medidas ecologistas, considerando ignóbil a apatia da

administração Bush. A campanha do Yahoo está ainda

centrada nos Estados Unidos, mas o portal já garantiu

que a internacionalização está para breve. Até lá, o site

presta todas as informações necessárias para uma vida

mais “verde”.

YAHOO GREENendereço: http://green.yahoo.com

categoria: ambiente

A “street art” é uma realidade na Europa Ociden-

tal. Portugal não é uma excepção e, por isso mesmo,

Miss Kapa regista e publica na web arte urbana. No

blog Dedo no Gatilho, a autora regista momentos

fotográficos de pedaços de arte espalhados pelas ruas

portuguesas.

Entendendo o blog como um espaço ideal para ex-

por e partilhar as suas fotografias com outras pessoas,

Miss Kapa mostra o seu fascínio pela “street art” e

convida à reflexão. Há crítica política, sátiras sociais e

muitas mensagens, implícitas ou explícitas, para desco-

brir no Dedo no Gatilho.

DEDO NO GATILHOendereço: http://dedonogatilho.blogspot.com

categoria: fotografia

O caso da menina inglesa que desapareceu de um

aldeamento na Praia da Luz, em Lagos, tem feito man-

chetes um pouco por todo o mundo e comoveu a opi-

nião pública. Reconhecendo a importância da Internet,

a família McCann lançou um website com o objectivo

de divulgar o caso, vídeos promocionais e imagens da

pequena Madeleine.

O site foi lançado no dia 9 de Maio e desde então já

registou mais de 125 milhões de visitas. Milhares de

utilizadores enviaram mensagens de apoio e descarre-

garam o cartaz de divulgação do desaparecimento de

Maddie. No site há ainda um diário regularmente assi-

nado pelo pai da menina, relatando o dia-a-dia da famí-

lia. A web tem sido uma importante forma de dilvulga-

ção neste caso, ultrapassando todas as fronteiras.

FIND MADELEINEendereço: http://www.findmadeleine.com

categoria: informação

As Produções Fictícias (PF) lançaram um canal

no SAPO Vídeos. Neste espaço será possível ver o

Contra-Informação ou outros sketches da produtora que

vão estar disponíveis neste canal. Mas os utilizadores

têm ainda a hipótese de aceder a conteúdos exclusivos

como webséries, entrevistas e o making of de várias

produções das PF.

Os utilizadores do canal das Produções Fictícias

têm também acesso a notícias sobre as várias produ-

ções da empresa e podcasts como “Há Vida em Ma-

rkl”. Os inevitáveis Gato Fedorento estão também pre-

sentes. Os utilizadores registados podem também con-

tribuir com conteúdos próprios.

PRODUÇÕES FICTÍCIASendereço: http://pftv.sapo.pt

categoria: entretenimento

O Blog Daily Film Dose tem um “post” que se

assume como uma verdadeira aula de cinema. O au-

tor fez uma selecção das melhores cenas sequenci-

ais (sem cortes) da história da 7.ª arte. No total, são

mais de 20 cenas e todas com uma explicação pró-

pria. Para além disso, há ligações para os vídeos das

cenas citadas no YouTube.

O post intitula-se The Greatest Long Tracking

Shots in Cinema e classifica o filme “Touch of Evil”

(1958), de Orson Welles, como o melhor. A entrada é

uma verdadeira relíquia para os amantes da 7.ª arte e

está a suscitar muito interesse na blogosfera cinemato-

gráfica, como se pode verificar pelos mais de 300 co-

mentários registados.

THE GREATEST LONG TRACKINGSHOTS IN CINEMAendereço: http://dailyfilmdose.blogspot.com/2007/05/

long-take.html

categoria: cinema

Page 24: O Centro - n.º 28 – 30.05.2007

24 DE 30 DE MAIO A 12 DE JUNHO DE 2007REPORTAGEM

No âmbito da cerimónia de encerra-

mento do VI Encontro Nacional de Poe-

tas, que decorreu no passado domingo

no Palácio de São Marcos, foi entregue

a Pedro Baptista (que usa o pseudónimo

literário de Zarco Xavier), o Prémio de

Poesia Vítor Matos e Sá.

Como referimos na anterior edição, é

a segunda vez que este prestigiado pré-

mio distingue Pedro Baptista (que faz

parte da equipa este jornal “Centro”). O

Prémio foi-lhe entregue pelo Presidente

do Conselho Científico da Faculdade de

Letras da Universidade de Coimbra, José

Augusto Cardoso Bernardes.

Quanto a este VI Encontro Interna-

cional de Poetas, que decorreu em Co-

imbra entre quinta-feira e domingo, reu-

nindo mais de quatro dezenas de poe-

tas de 18 países, os organizadores con-

sideraram que “não podia ter sido mais

positivo”.

Graça Capinha, do Grupo de Estudos

Anglo-Americanos da Faculdade de Le-

tras da Universidade de Coimbra

(FLUC), organizador do encontro, afir-

mou à agência Lusa:

“Todos me dizem que este Encontro é

VI Encontro Nacional de Poetastermina com balanço muito positivo

uma coisa única no mundo. De facto, é

uma iniciativa que permite aos poetas de

várias línguas, países e culturas conhe-

cerem-se uns aos outros”.

A docente da FLUC referiu que este

evento pretende “divulgar a poesia por-

tuguesa e democratizar o cânone lite-

rário com a introdução de jovens poe-

tas e outros menos conhecidos”, para

além de “trazer a Portugal a diversida-

de poética e dos movimentos existentes

pelo mundo fora”.

Deste Encontro resulta ainda uma

novidade: a Câmara Municipal de Ida-

nha-a-Nova vai disponibilizar à Univer-

sidade de Coimbra uma residência para

poetas, no âmbito de um protocolo assi-

nado no encerramento do VI Encontro

Internacional de Poetas.

Graça Capinha explicou que “o acor-

do permite à Faculdade de Letras da

Universidade de Coimbra trazer anu-

almente a Portugal dois a seis poetas

estrangeiros, entre Janeiro e Março,

para seminários e leituras de poesia, já

a partir do próximo ano”.

O protocolo estabelece que as des-

pesas respeitantes à habitação, situada

na vila de Monsanto, sejam pagas pela

autarquia de Idanha-a-Nova, enquanto

a universidade suporta as viagens dos

poetas.

Esta era uma aspiração do Grupo de

Estudos Anglo-Americanos, que des-

de 1992 sonhava ter um poeta-residen-

te a colaborar com a Faculdade de

Letras da UC.

Segundo Graça Capinha, as inscri-

ções para os poetas estrangeiros inte-

ressados em participar vão decorrer

entre um de Junho e 15 de Julho, sendo

a selecção efectuada até um de Setem-

bro pelo Grupo de Estudos Anglo-Ame-

ricanos da FLUC.

ORGANIZADO PELA UNIVERSIDADE DE COIMBRA

José Augusto Bernardes entrega o Prémio a Pedro Baptista (foto de Luís

Carregã, gentilmente cedida pelo Diário As Beiras)