9
O Estado e a sua relação com o cidadão e as instituições: Falta cooperação inter temporal Jorge Braga de Macedo Primeira Convenção Compromisso Portugal Convento do Beato Lisboa, 10 de Fevereiro de 2004

O Estado e a sua relação com o cidadão e as instituições: Falta cooperação inter temporal

Embed Size (px)

DESCRIPTION

O Estado e a sua relação com o cidadão e as instituições: Falta cooperação inter temporal Jorge Braga de Macedo. Primeira Convenção Compromisso Portugal Convento do Beato Lisboa, 10 de Fevereiro de 2004. Quanto nos custou o “après moi le déluge”. - PowerPoint PPT Presentation

Citation preview

Page 1: O Estado e a sua relação com o cidadão e as instituições: Falta cooperação inter temporal

O Estado e a sua relação com o cidadão e as instituições:

Falta cooperação inter temporalJorge Braga de Macedo

Primeira Convenção Compromisso PortugalConvento do BeatoLisboa, 10 de Fevereiro de 2004

Page 2: O Estado e a sua relação com o cidadão e as instituições: Falta cooperação inter temporal

2

Quanto nos custou o “après moi le déluge”

• Quando um governo adia reformas impopulares para não

perder as eleições seguintes, dissipa o bem comum e

prejudica as gerações futuras.

• Em Portugal, os fundos estruturais juntamente com uma

“boleia dos juros” impediram uma cooperação durável

entre grupos sociais tornados mais vorazes e a

localização nacional da produção tornou-se cada vez

menos competitiva na economia global.

Page 3: O Estado e a sua relação com o cidadão e as instituições: Falta cooperação inter temporal

3

Constituição consigna

• Os impostos são um recurso comum mas as despesas

públicas (bens, serviços e transferências) beneficiam

determinados grupos sociais.

• Cada um desses grupos tenta consignar as receitas fiscais

a despesas ou transferências de que pode beneficiar.

• A constituição fiscal define o processo (explícito ou não)

de consignação, incorporando regime cambial, padrão

monetário e outros elementos do contrato social.

Page 4: O Estado e a sua relação com o cidadão e as instituições: Falta cooperação inter temporal

4

“Hey you, get out of my tax!”

• Associam-se mecanismos de tributação e transferência muito diferentes a um certo nível de impostos líquidos, ou défice orçamental primário.

• Os grupos de interesses públicos e privados resistiram ao alargamento da base de incidência fiscal ou ao reforço da ligação entre contribuintes e beneficiários de transferências.

• A resistência contagiou a constituição fiscal portuguesa, que se tornou um verdadeiro «saia do meu imposto!».

Page 5: O Estado e a sua relação com o cidadão e as instituições: Falta cooperação inter temporal

5

Políticas para além do título

• A capacidade do sistema político assumir compromissos duráveis entre instituições e grupos é mais importante do que o «título» das políticas (como privatização ou concessão de independência ao banco central).

• Sem cooperação inter temporal, aumentam os custos de transacções políticos ao passo que uma administração fiscal deficiente mina a legitimidade social dos impostos como meio de prover ao bem comum.

• Como diria o outro, “Não são as políticas, são as instituições, estúpido!”

Page 6: O Estado e a sua relação com o cidadão e as instituições: Falta cooperação inter temporal

6

100 anos (ou mais) de solidão cambial

• A constituição fiscal portuguesa mergulha as suas raízes

na declaração de inconvertibilidade do real em 1797.

Antes, a Coroa falira 1 vez e a Espanha 6.

• Com a saída do padrão ouro em 1891 desapareceu a

liberdade financeira que os republicanos julgaram

incompatível com a liberdade política.

• O euro trouxe uma “boleia de juro”, o endividamento

disparou e a competitividade (custos de trabalho por

unidade produzida e despesa primária) caiu.

Page 7: O Estado e a sua relação com o cidadão e as instituições: Falta cooperação inter temporal

7

Sustentabilidade e conta geracional

• A sustentabilidade da política orçamental é avaliada pelos

analistas e pelas agências internacionais de notação em

termos mais exigentes do que tectos do défice em

proporção do rendimento nacional.

• Se a expectativa dos défices futuros leva a uma “bola de

neve” da dívida pública, a expectativa de aumento de

impostos desequilibra a conta geracional e torna o país

menos atraente para as gerações recém nascidas.

Page 8: O Estado e a sua relação com o cidadão e as instituições: Falta cooperação inter temporal

8

Cooperação inter temporal vale a pena

• Tomando 1995 como base, o desequilíbrio geracional é de

cerca de 70%. Corrigi-lo exigia um aumento de 4% nos

impostos ou uma redução de 10% nas despesas e

transferências. Com a dívida acumulada e o

envelhecimento da população desde então, o desequilíbrio

aumentou mas a proporção mantém-se.

• O desequilíbrio geracional varia entre mais de 150% e

36% quando o juro baixa de 7% para 3% e a produtividade

do trabalho aumenta de 1% para 2%. Vale a pena!

Page 9: O Estado e a sua relação com o cidadão e as instituições: Falta cooperação inter temporal

9

2 propostas concretas para saber mais amanhã

• Actualizar a conta geracional portuguesa, publicada pelo

NBER em 1999, e inclui-la no relatório do orçamento,

• Estudar os custos da não cooperação inter temporal,

começando pelas associações empresariais que

raramente falam a uma só voz. O Forum Portugal Global

decidiu promover tal estudo em 2004.

• As duas propostas combatem a síndrome “tomara não

saber hoje o que não sabia ontem” (Bob Segar, que nunca

se preocupava em pagar “or even how much i owed”).