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O ESTADO Ano VI Edição N o 376 Fortaleza, Ceará, Brasil Terça-feira, 10 de fevereiro de 2015 Agora vai. Iniciado o debate para a criação da UC do Parque do Cocó Ambientalistas estão otimistas. Se depender do Fórum, logo a poligonal será traçada. PÁGINA 12 Biblioteca conta com mais de 30 mil obras sobre secas e recursos hídricos Poucas instituições brasileiras têm um acervo tão privilegiado. PÁGINA 10 40 anos depois pode surgir uma nova agenda urbana no cenário global Nações Unidas preparam-se para a terceira conferência Habitat, em 2016. PÁGINA 3 VOU DE BIKE Política de mobilidade faz Fortaleza pedalar Ganham a saúde e o meio ambiente; tem gente faturando alto. Páginas 6, 7 e 8 FOTO NAYANA MELO FOTO SOUTO FILHO

O Estado Verde - Edição 22446 - 10 de fevereiro de 2015

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Jornal O Estado (Ceará)

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O ESTADO Ano VI Edição No 376 Fortaleza, Ceará, Brasil Terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Agora vai. Iniciado o debate para a criação da UC do Parque do CocóAmbientalistas estão otimistas. Se depender do Fórum, logo a poligonal será traçada. PÁGINA 12

Biblioteca conta com mais de 30 mil obras sobre secas e recursos hídricosPoucas instituições brasileiras têm um acervo tão privilegiado. PÁGINA 10

40 anos depois pode surgir uma nova agenda urbana no cenário globalNações Unidas preparam-se para a terceira conferência Habitat, em 2016. PÁGINA 3

V O U D E B I K E

Política de mobilidade faz Fortaleza pedalarGanham a saúde e o meio ambiente; tem gente faturando alto. Páginas 6, 7 e 8

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A TERRA É AZUL...O mar é azul, o céu é azul, e o jornal O Estado, que também é azul, hoje, está

mais azul, ainda. O dia é especial e marcará a história do periódico. O leitor deve até estranhar e achar que está recebendo outro jornal. Mas é o nosso velho O Es-tado e hoje, ele veste uma nova roupagem e fica mais agradável de ler. Até o verde ficou mais verde e mais bonito. Você não acha? Enjoy!

PEC Água A Câmara examina duas Propostas de Emendas Constitucionais (PECs 39/07 e 213/12) que mudam a Constituição, para incluir a água entre os direitos sociais, como já acontece, por exemplo, com educação, saúde e alimentação. Autor de uma das PECs, o deputado Raimundo Gomes de Matos (PSDB-CE) acredita que, mais do que um reconhecimento simbólico da água, a medida vai estimular ações integradas de preservação dos mananciais. Ele defende a inclusão da água entre os direitos sociais previstos na Constituição. Segundo Gomes de Matos, a proposta “não visa só a obrigatoriedade do gestor em dar acesso à água potável: é para fazer programas de conscientização, de revitalização do meio ambiente e de garantia de que possamos ter investimentos paralelos na questão dos resíduos sólidos. São coisas interligadas”.

Comitê Diante da gravidade do quadro de estresse hídrico que vive o País, deputado Sarney Filho (PV-MA) quer que a Câmara mantenha um comitê ou um grupo de trabalho permanentemente focado no acompanhamento das medidas que procuram combater ou, pelo menos, amenizar os efeitos da crise. Mananciais A preservação dos mananciais é outra necessidade que deve unir ações de governos e da população, mesmo que voltemos a ter um período normal de chuva, é preciso pensar em programas

contínuos de educação ambiental.

Consumo consciente Para conter o desperdício do usuário, o superintendente de usos múltiplos das águas da Agência Nacional de Água (ANA), Joaquim Gondim defende que, quem consumir acima das quantidades médias recomendadas deve ter algum tipo de sanção para que se ajuste ao atual momento de crise. Penso que o caminho é premiar quem economiza.

Brasileiro José Graziano Chefiará a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), pela segunda vez. Deve se reeleger ao cargo, que ocupa desde 2011. Ele é o único candidato para as próximas eleições. Na data limite para a apresentação de candidaturas, neste sábado, 31 de janeiro, a única indicação recebida pelos Países-membros da FAO foi a do governo brasileiro, que propôs a reeleição de Graziano.

MBA Gestão Ambiental Centro Universitário Estácio FIC está com matrículas abertas para Curso MBA em Gestão Ambiental. As novas turmas estão sendo formadas para o Campus Parangaba. O curso propõe formar profissionais para utilizar as áreas do conhecimento em meio ambiente, em especial, na gestão e planejamento, diversos tipos de empresas, sejam elas industriais, de prestação de serviços, de consultoria, empresas públicas e estatais entre outras na área ambiental. O mercado pede! Inscrições abertas até 13/04.

O “Verde” é uma iniciativa para fomentar o desenvolvimento sustentável do Instituto Venelouis Xavier Pereira com o apoio do jornal O Estado. EDITORA Tarcília Rego CONTEÚDO Equipe “Verde”. DIAGRAMAÇÃO E DESIGN Rafael F. Gomes. MARKETING Pedro Paulo Rego. JORNALISTA Elisangela Alves. TELEFONES (85) 3033.7500 E (85) 8844.6873 ENDEREÇO Rua Barão de Aracati, 1320 — Aldeota, Fortaleza, CE — CEP 60.115-081

Já é Carnaval no CrioProgramação leva ritmo e alegria a pacientes com câncer

Nos dias 15, 16 e 17, é Carnaval no Brasil, mas na Asso-ciação dos Amigos do Crio (Assocrio),

hoje, o clima já e de Carnaval. A insti-tuição promove às 9h, mais um, do já

tradicional Carnaval Crio, que leva ritmo e alegria aos pacientes com câncer. Além da banda carnavalesca, acontecem brincadeiras, escolha do folião mais animado e concurso da melhor fantasia, e ainda sorteios de brindes. O intuito do evento é pro-mover aos pacientes um momento de descontração, alegria e interação. A festa acontecerá na Rua Francis-co Calaça, 1300 – Álvaro Weyne.

20 de fevereiroDia Mundial da Justiça SocialReconhecendo a “necessidade de consolidar os esforços da comunidade internacional no domínio da erradi-cação da pobreza e no que se refere a promover o pleno emprego e o trabalho digno, a igualdade de gê-nero e o acesso ao bem-estar social e à justiça para todos”, a Assembleia Geral das Nações Unidas decidiu designar todos os anos, a partir de 2009, 20 de fevereiro, como o Dia Mundial da Justiça Social. A resolu-ção foi adotada por unanimidade.

22 de FevereiroDia da Criação do IbamaO Instituto Bra-

sileiro do Meio Ambiente e dos

Recursos Naturais

Renováveis (Ibama) foi criado no dia 22 de fevereiro de 1989, pela Lei 7735. É o órgão responsável pela preservação da fauna e da flora brasileira possibilitando ao Brasil o controle e a fiscalização de seus recursos naturais em busca do crescimento sustentável. Muito de como o Brasil percebe a proteção e conservação ambiental atualmen-te foi consolidado pelo Ibama. O Instituto trouxe o assunto para a pauta do dia e encontra-se no imaginário do brasileiro como o grande guardião do meio ambiente, visando sempre à manutenção do mesmo, de forma que as gerações futuras, também, possam usufruir do patrimônio natural do Brasil. Fonte: www.ibama.gov.br

Inscrições até dia 13Projeto Regularização do Patrimônio Cultural de FortalezaO Instituto de Estudos, Pesquisas e Projetos da Universidade Estadual do Ceará (Iepro), com apoio da Secretaria Municipal de Cultura, re-cebe para o projeto de Regularização do Patrimônio Cultural de Fortaleza inscrições até o dia 13 (sexta-feira), através do [email protected], Poderão participar da seleção, profissionais e estudantes nas áreas de Arquitetura, História e Ciências Sociais. Projeto visa à garantia da proteção e a salva-guarda dos bens culturais da cidade. Mais informações: http://regulari-zacaopatrimonial.blogspot.com.br/

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3VERDE

HABITAT III

Em 2016 a favelização e a contribuição das cidades ao aquecimento global, também serão discutidos em Quito

m marco para a renovação do compromisso global. A 3ª Con-ferência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre

Moradia e Desenvolvimento Urbano Sustentável, que acontece em Quito em 2016, será um encontro emblemá-tico para um novo compromisso dos membros da ONU a favor da constru-ção de cidades mais sustentáveis em todo o planeta.

O objetivo da Habitat III é debater e apontar novos desafios para o proces-so de urbanização mundial, focando em uma “Nova Agenda Habitat”, que também poderá influenciar e impactar diretamente o destino das cidades e de parcela cada vez maior de toda a popu-lação mundial.

Durante a coletiva de imprensa orga-nizada em Nova York, dia 26 de janeiro, o secretário-geral da Terceira Conferên-cia da ONU sobre Moradia e Desenvol-vimento Urbano Sustentável, Joan Clos disse que a Hábitat III vai proporcionar uma oportunidade enorme para revi-sitar conceitos tradicionais de urbani-zação. “Vai mudar nosso pensamento sobre as cidades e imaginar um mun-do novo onde a urbanização contribua para o desenvolvimento e a preservação dos nossos ecossistemas”, declara.

Clos, que também é diretor executi-vo do Programa da ONU para Assen-tamentos Humanos (ONU-Habitat)

descreveu os últimos avanços alcança-dos para a realização da Habitat III, que será sediada por Quito (Equador) em outubro de 2016. A Resolução 67/216 da Assembleia Geral da ONU decidiu sobre as modalidades, atividades prepa-ratórias e formato da conferência.

A Conferência, a primeira das con-ferências globais após a Agenda de De-senvolvimento 2015, promoverá, ainda, a adoção de uma “nova agenda urbana”, que impulsiona políticas e estratégias que aproveitem a força da urbanização como motor de desenvolvimento, mu-dança e melhora na qualidade de vida das pessoas que vivem nas cidades.

O encontro promete ser único no sentido de trazer diferentes atores urba-nos tais como governos, autoridades lo-cais, sociedade civil, setor privado, ins-

tituições acadêmicas e todos os grupos relevantes para revisar as políticas ur-banas e de moradia que afetam o futuro das cidades dentro de uma arquitetura de governança internacional.

Consulta pública no Brasil Atualmente, os países membro da

ONU estão construindo os seus rela-tórios nacionais para subsidiar a ela-boração da Agenda Habitat III. Na conferência, cada país deve entregar um relatório nacional o andamento de políticas internas sobre o tema. E para que a sociedade brasileira participe da construção desse documento, foi cria-da uma plataforma virtual de discussão (http://www.archdaily.com.br/) sobre tópicos importantes para o futuro das nossas cidades.

O Ministério das Cidades lançou re-centemente uma plataforma online co-laborativa (http://www.participa.br/) sobre as questões e desafios urbanos das cidades brasileiras. A página servirá de base para a participação da sociedade; nela as pessoas poderão ajudar ativa-mente na produção do relatório oficial apresentado pelo Brasil na 3.

40 anos depoisA primeira Conferência Habitat (Ha-

bitat I) ocorreu em 1976 em Vancouver, no Canadá, quando os Estados passa-ram a reconhecer a rápida urbanização como um fenômeno em escala mundial e apontaram à necessidade de reflexão sobre seus impactos.

Naquela época, urbanização e seus impactos não era nem considerados pela comunidade internacional, mas o mundo estava começando a testemu-nhar a maior e a mais rápida migração de pessoas para as cidades da história, bem como a ascensão da população ur-bana através do crescimento natural re-sultante dos avanços da medicina.

Aquecimento global A contribuição das cidades ao aque-

cimento global, como maiores fontes geradoras de gases de efeito estufa, tam-bém será abordado, bem como estraté-gias para mitigar os seus efeitos e pro-mover sociedades mais justas.

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SOBRE RECURSOS HÍDRICOS EM TEMPO DE SECA

Graças à ação determinada de vários governos, especialmente dos governos lide-rados pelo senhor Tasso Jereissati, criou-se uma política de reservas e preservação dos recursos hídricos do Estado do Ceará, bem como, consequentemente, vem--se realizando um notável esforço para a democratização desses recursos, os quais, ainda parcos, carecem de uma sistematização definida para que a população seja de fato beneficiada. O Estado criou uma lei, a de nº 14.844, aprovada pela Assembleia Legislativa do Ceará, em 28 de dezembro de 2010 e publicada no Diário Oficial no dia 30 do mesmo mês, que “Dispõe sobre a Política Estadual de Recursos Hídricos, institui o Sistema Integrado de Gestão de Recursos Hídricos - SIGERH, e dá outras providências”. Referida lei tem previsão constitucional no Com efeito, urge que os agentes públicos, arrimados nos pressupostos e deliberações desse importante di-ploma legal, adotem providências urgentes que se fazem necessárias como ações previdentes que levem nosso Estado a minorar os problemas que tendem a se agra-var num futuro próximo. Não podemos agir como os nossos compatriotas sulistas, cuja imprevidência e falta de planejamento ensejou a que um verdadeiro caos.

Planejamento Entre os objetivos assentados na referida lei está a compatibilização da ação humana com as necessidades imediatas dos cidadãos enquanto indivíduos, assim como das coletividades em seu processo de desenvolvimento socioeconômico. O planejamento e o gerenciamento da água constituem um dado imprescindível num ecossistema igual ao nosso, sobretudo para acabar com a cultura do desperdício. Essencialidade No inciso II do artigo 2º desta importante lei, define-se como um dos objetivos que consideramos dos mais relevantes, “assegurar que a água, recurso natural essencial à vida e ao desenvolvimento sustentável, possa ser ofertada, controlada e utilizada, em padrões de qualidade e de quantidade satisfatórios, por seus usuários atuais e pelas gerações futuras, em todo o território do Estado do Ceará”.

Prioridade O artigo 4º da lei em questão trata das diretrizes às quais se devem subordinar o desenvolvimento das ações em torno da preservação e do uso dos recursos hídricos do Estado. Consoante o inciso I, “a prioridade do uso da água será o consumo humano e a dessedentação animal, ficando a ordem dos demais usos a ser definida pelo órgão gestor, ouvido o respectivo Comitê da Bacia

Hidrográfica”.

Leniência A realidade nem sempre se submete à lei. E tem havido certa leniência do órgão gestor neste aspecto, uma vez que atualmente vê-se comunidades que habitam nas proximidades de grandes reservatórios, como a cidade de Jaguaribara, a poucos quilômetros do Açude Castanhão, cuja população não dispõe do devido abastecimento d’água, enquanto milhões de litros do preciosíssimo líquido são destinados ao Pólo Industrial do Pecém, bem distante. Neste caso o ser humano está claramente em segundo lugar e a lei está sendo desobedecida.

Educação Outra previsão legal contida no inciso VI, artigo 4º, da lei em tela, estabelece que deve haver “promoção da educação ambiental para o uso dos recursos hídricos, com o objetivo de sensibilizar a coletividade para a conservação e utilização sustentável deste recurso, capacitando-a para participação ativa na sua defesa.” Não tem havido, com efeito, a não ser em períodos de crise como agora, uma ação educacional sistematizada para educar a população, especialmente as crianças, no sentido de não desperdiçar água. E a fiscalização com o objetivo de coibir os abusos e puni-los praticamente não existe. Cf. íntegra da lei em http://www.al.ce.gov.br/index.php/lei-ordinaria.

DESENVOLVIMENTO HUMANO

Concurso visa empoderar a população através do conhecimento de dados socioeconômico do País

s autores de artigos sobre desenvolvimento humano no Brasil têm até o dia 29 de março para enviar trabalhos e concorrer

ao Prêmio Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil. Com a retificação do edital, estudantes de graduação que estejam regularmente matriculados também podem participar do prêmio. O resultado do concurso será anunciado em junho.

O prêmio foi lançado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvi-mento (Pnud) em parceria com a Fun-dação João Pinheiro (FJP) e Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em novembro do ano passado.

Cada artigo deve ter entre dez e 15 laudas e fazer parte de uma das quatro categorias do prêmio. São elas: o Desen-volvimento Humano nos Municípios; o Desenvolvimento Humano nas Ma-crorregiões e Unidades Federativas; o Desenvolvimento Humano nas Regiões Metropolitanas; e, o Desenvolvimento Humano nas Unidades de Desenvolvi-mento Humano (UDHs).

O primeiro lugar de cada uma das categorias receberá um prêmio de 3 mil reais, além de ter seu trabalho publica-do em um livro especial lançado pela organização do concurso. Os artigos que ficarem em segundo e terceiro luga-res, de cada uma das categorias do prê-mio, também serão publicados no livro.

Sobre o Atlas Brasil O Atlas Brasil é um site de consulta ao Índice de Desenvolvimento Huma-no Municipal (IDHM) e outros 200 indicadores socioeconômicos, desen-volvido pelo Pnud, Ipea e Fundação João Pinheiro com base nos dados dos Censos Demográficos de 2010, 2000 e 1991. O Atlas traz informações dos 5.565 municípios brasileiros, 27 estados, 16 regiões metropolitanas e mais de 9 mil UDHs, áreas den-tro das regiões metropolitanas que podem ser uma parte de um bairro, um bairro completo ou, em alguns casos, até um município pequeno.

Mais informações: http://www.pnud.org.br/Noticia.aspx?id=4012

O resultado do Concurso será anunciado em junho. O prêmio é de R$ 3 mil

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A retirada de cada peça publicitária exige pelo menos três horas de trabalho

BETH DREHER

POLUIÇÃO VISUAL

Ação visa, também, mostrar as belezas da cidade e facilitar a circulação dos pedestres, nos logradouros públicos

trás de grandes placas pode está uma Fortaleza desconhecida. Ações de combate à poluição visual estão sendo retomadas

pela Prefeitura que começa a retirar das ruas e avenidas da cidade, placas especiais ou de grande porte, aquelas acima de 8 metros quadrados, fixadas em locais irregulares ou que não possuam licença de propaganda e publicidade.

A ação começou pela Avenida Oscar Araripe, no bairro Bom Jardim, de onde foram recolhidas 30 placas. Na última sexta-feira (06), foi a vez da Avenida Heráclito Graça, com previsão de reti-rada de pelo menos 50 engenhos. A re-tirada das peças de comunicação visual é uma iniciativa da Prefeitura, realizada através da Secretaria Municipal de Ur-banismo e Meio Ambiente (Seuma).

De um lado a empresa Du Ar Trans-porte e Comércio de Peças, do outro, MC CAR Multimarcas: assim, estava estampado, na imensa placa publicitá-ria afixada na calçada da Heráclito Gra-ça, altura do número 1576, quando a equipe da Seuma chegou ao local. Sob sol forte e olhares de curiosos, funcio-nários da Prefeitura iniciaram a retirada da peça que, além de provocar poluição visual, prejudicava o trânsito de pedes-tre no passeio.

De acordo com a gerente da Célu-la de Controle da Poluição Visual da Seuma, Cristiane Herculano, a retirada das placas de grande porte, é contínua e ocorre, sempre, as sextas-feiras. “Em 2013 foram removidos 13.600 enge-nhos irregulares, destes 169 eram pla-cas especiais (grande porte). Em 2014, esse número aumentou para 14.300, das quais, 142 do tipo especial”, informa.

A administração municipal emite notificação ao proprietário do estabele-cimento, o que não implica em multa, mas, obriga a remoção da placa em um prazo de até 10 dias. Não sendo retirada a peça, a Seuma promove a remoção e emite auto de constatação. No dia 6, a Prefeitura retirou seis grandes placas. A média de tempo gasto para retirar uma

peça publicitária de estrutura grande complexa é de até 3 horas.

O empresário Nonato Varela Moro-ró, proprietário da MC CAR Multimar-cas, questiona se a ação será aplicada à todos os empreendimentos. “Se aconte-cer de maneira igual para todos, eu não vejo nenhum problema na retirada das placas, afinal vai melhorar a paisagem ambiental e urbana da cidade.”

O fiscal Jeremias Queiroz, da Seuma, explica que os critérios de remoção tem base na legislação. A Lei 8221/98 que dispõe sobre a propaganda e publici-dade no município de Fortaleza. “No caso de placas de grande porte, deve ter recuo mínimo de 1 metro e meio e a área de exposição não pode ser maior que 8% da área da fachada. Quando se tratar de letreiro, só pode ocupar 50% do comprimento da fachada”, explica. Sobre a reincidência das infrações, disse ocorrer principalmente com as placas imobiliárias e faixas de shows.

A ação que mapeou toda a cidade já passou pela Avenida 13 de Maio, Pontes Vieira, Oscar Araripe, após as interven-ções da Avenida Heráclito Graça, a ação segue para as ruas Castelo de Castro, no Jangurussu, Desembargador Gonzaga, na Cidade dos Funcionários, e Rogacia-

Em 2014 foram

removidos 14.300 engenhos irregulares, destes 142 eram placas especiais ou de grande porte.

no Leite, no Luciano Cavalcante.Todo objeto de propaganda deve ser

licenciado junto ao órgão competente, neste caso, a Seuma. A licença vale por três anos e de acordo com Queiroz, o empreendedor gasta aproximadamente R$ 400,00. Um procedimento simples que garante tranquilidade para o futu-ro do negócio. A iniciativa de combate à poluição visual conta com o apoio da Autarquia Municipal de Trânsito, Servi-ços Públicos e de Cidadania (AMC).

Saiba maisÉ considerada poluição visual o ex-

cesso de elementos ligados à comuni-cação visual como: cartazes, anúncios, propagandas, banners, totens, placas e

etc., dispostos em ambientes urbanos, especialmente em centros comerciais e de serviços.

Causar poluição visual através da exibição de engenhos de propaganda/publicidade sem prévia licença do Mu-nicípio e em desconformidade com a legislação específica, infringindo, es-pecialmente, os artigos. 3° e 51, I, “a” da Lei Municipal n° 8.221/98 e o art. 60 da Lei n° 9.605/98 (Lei de Crimes Ambientais);

ServiçoPara denúncias relativas a qualquer

tipo de crime ambiental podem ser fei-tas por meio do telefone (85) 3452.6923 ou site www.fortaleza.ce.gov.br/seuma.

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VÁ DE BICICLETA

Parece que todo mundo resolveu pedalar. Quando o cidadão pedala, todos ganham.Ganha a saúde, ganha a economia, ganha o meio ambiente e a cidade, também

O motorista tira uma

‘fina educativa’, atitude que pode colocar nossa vida em risco. Ele não quer ciclista circulando nas ruas.

TARCILIA REGO e ELISÂNGELA ALVESDa Redação

m setembro de 2013, Fortaleza ganhava seus primeiros dois quilômetros de ciclofaixa. Passado mais de um ano da novidade,

a cidade, até agora, tem uma malha cicloviária de 112km e conta com a perspectiva de aumentar para 524km, se prevalecer o Plano Diretor Cicloviário Integrado (PDCI), apresentado em novembro de 2014, pelo prefeito Roberto Cláudio. O objetivo do PDCI é estimular o uso de bicicletas através das ciclovias, ciclofaixas e ciclorrotas.

Até que ponto a implantação das novas vias na Capital está estimulan-do o fortalezense a pedalar? Quais os impactos do PDCI junto aos cidadãos? A bicicleta é uma alternativa viável de transporte? Quem ganha e quem per-de? O Estado Verde conversou com algumas pessoas e descobriu que, além de beneficiar a saúde e o meio ambien-te, tem gente faturando um dinheiro a mais com a novidade.

Mais faturamentoO empresário José Maria, veterano

do ramo das bikes e proprietário da Casa do Ciclista, disse que o fatura-mento de sua loja “melhorou muito” e aumentou nos últimos meses. “A pro-cura por consertos cresceu significati-vamente, parece que todo mundo re-solveu tirar aquela velha bicicleta que estava encostada e reutilizá-la de algu-ma forma. No último trimestre de 2014

e início de 2015, faturamos 30% a mais do que em anos anteriores”, declara.

Há 10 anos, ele herdou o negócio de um irmão. O foco da Casa do Ciclista são as bicicletas tipo “cargueira”, linha considerada simples ou popular. “Ge-ralmente são usadas para entregas de mercadorias”. O serviço mais frequente é o reparo de pneu furado – R$ 2,00 – e a venda de câmara de ar; uma nova custa R$ 15,00.

O comerciante Gilberto Pereira, que atua há 16 anos no segmento, também está faturando alto. Ele trabalha com serviços variados – consertos e pinturas – e comercializa acessórios multimar-cas, em um ponto muito conhecido na Varjota. “O mercado sempre foi aqueci-

do, mas, nos últimos três meses, devi-do à implantação das ciclofaixas, houve uma adesão considerável das pessoas ao ciclismo o que impacta positivamente nosso ramo”, declara.

Pereira é idealizador e organizador dos passeios noturnos que, há 10 anos, acontecem nas ruas de Fortaleza. A ideia nasceu da experiência no setor e da paixão que tem pelo transporte alternativo. Virou moda: segundas e quartas, um grupo, de aproximada-mente 150 pessoas, percorre 25km de vias e, até hoje, atrai curiosos e, mais clientes, também.

Para o proprietário da Ciclo Adven-ture Fortaleza, José Rogério de Farias, as ciclofaixas de lazer estão estimulan-do as vendas; só nos últimos meses, após a criação da Ciclofaixa de Lazer, a procura por aluguel e vendas de bi-cicletas, subiu cerca 30%. “A faixa le-vantou Fortaleza. Está movimentando a população que voltou a viver aos do-mingos, assim como está sendo bom para o meu negócio e para o de outros comerciantes. Tá girando, tá girando!”, expressa com empolgação.

Ciclofaixa de LazerNo último domingo (8), Farias, que

também organiza bicicletadas notur-nas, montou pela 19ª vez, em frente ao Parque do Cocó, uma base externa para atender usuários da Ciclofaixa de Lazer. Ele afirma que a iniciativa da prefeitura é uma forma de sensibilizar a população e “está encorajando pessoas a participa-rem cada vez mais de passeios ciclísti-

cos e, até mesmo, investir na compra de uma bike.” A primeira faixa de lazer, ligando o Parque do Cocó ao Passeio Público, foi inaugurada em setembro do ano passado. Segundo a arquiteta Tais Costa e o engenheiro Gustavo Pinhei-ro, ambos da prefeitura, a faixa é ope-rada pela administração municipal no horário de 7 às 13 horas e reúne, em média, 3.500 ciclistas por domingo. “No trajeto e nos pontos de apoio da ciclofaixa operacional que se estende por uma rota de 11km, temos cerca de 100 orientadores, que são canais de co-municação direta, dos usuários com a Prefeitura de Fortaleza”, informam.

A cidade tem demandado mais Ci-clofaixa de Lazer e por este motivo, a prefeitura, ainda este mês, lançará edi-tal, de Chamamento Público para licitar a rota operada e mais duas rotas na ci-dade, segundo informou o Prefeito Ro-berto Cláudio, no último dia 4, durante a coletiva de imprensa para apresentar o Plano de Ações Imediatas de Transporte e Trânsito (Paitt). “Lançaremos dia 19, o edital das três ciclofaixas de lazer. Uma já acontece aos domingos, sai do Cocó e vai até o Passeio Público”, explica o che-fe do Executivo municipal.

“Adicionaremos mais duas com pre-visão de início para abril: uma saindo do Campus da Uece, no Itaperi, segue até o Passeio Público; e a terceira sain-do da Praça Otavio Bonfim até o Pas-seio Público, também. Com isso, tere-mos a ligação do lado oeste da Cidade ao lado leste e do lado sul, com a ci-clofaixa vindo do Itaperi até o Passeio Público criando uma grande interação da cidade nos dias de domingo, que já está acontecendo hoje, mas apenas pelo lado leste.”

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Roberto Cláudio disse que Fortalezatem demandado mais Ciclofaixa de Lazer e por este motivo, a prefeitura, ainda este mês, lançará edital, para licitar a rota operada e mais duas rotas

Muitos começaram no esporte depois de experimentar as ciclofaixas e os pas-seios organizados por Gilberto e pela Ciclo Adventure: Carlos Alberto Filho é um deles. Há três anos, experimentou fa-zer o passeio e, de lá para cá, nunca mais largou o pedal. “É seguro e divertido, e

a experiência mudou a minha vida”, dis-se. No entanto, ele confessa que não usa a bicicleta para ir ao trabalho, “é somente para os momentos de lazer.”

A funcionária pública Anna Karina é totalmente favorável à implantação das ciclovias na Capital, tem planos de fazer o passeio noturno. Considera o projeto de ciclovias “bacana” porque desperta nos cidadãos o desejo de praticar um espor-te. “O uso das bicicletas compartilhadas, durante o final de semana, parece ganhar muitos adeptos. Acredito que, enquanto lazer, a prática esportiva já emplacou”,

disse. Todavia ela não acredita que o cea-rense vai trocar o carro pela bicicleta.

Fina educativaPois foi exatamente isso que a jor-

nalista Sheryda Lopes, há tempos, fez. Ciclista de carteirinha, a idealizadora do “Blog de Bike na Cidade”, tem, na bicicleta, seu principal veículo de loco-moção. Habitualmente, ela usa a ciclo-faixa da Bezerra e, diariamente, enfrenta desafios como a estrutura precária das pistas, excesso de buracos, lixo e, até mesmo, carcaças, nas vias dedicadas aos

ciclistas, especialmente naquelas das re-giões periféricas. Muitas vezes, ela pre-cisa sair da faixa exclusiva e acaba sendo “xingada”. “Não fica só no xingamento, o motorista tira uma ‘fina educativa’, atitude que pode colocar nossa vida em risco. Ele joga o carro pra cima! O obje-tivo é mostrar que não quer ciclista circu-lando nas ruas e avenidas. Falta educação e tolerância, por parte do motorista, ele sempre nos manda para a calçada. Se eu subo no passeio, cometo infração. Fazen-do minhas, as palavras da engenheira Karina Goes, ‘é preciso colocar

FOTO NAYANA MELO

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estrutura na educação’”, dis-se, referindo-se à precária fis-calização e à falta de uma boa campanha de conscientização, que na sua percepção, ainda não estão contempladas no novo plano de mobilidade.

A Rua Ana Bilhar, primeira via a ser estruturada com a ciclo-faixa, é referência entre os ciclis-tas, foi nela que tudo começou. Porém, é alvo de críticas e insa-tisfação de motoristas que se in-comodam em dividir o espaço já que a rua é estreita. Complicado também para os comerciantes. Nossa reportagem conversou com o Odécio Rocha, da San Paolo Gelato, “o problema é que a rua é estreita, e para agravar, eles estacionam indevidamente, inclusive, nas ciclofaixas. É pre-ciso fiscalização, pois o estabe-lecimento comercial está sendo

prejudicado”, lamenta.Segundo a prefeitura, a rede

cicloviária em execução na cida-de é resultado do Plano Diretor Cicloviário Integrado, que foi elaborado com participação de diversos segmentos da socieda-de, além de seguir as diretrizes da Política Nacional de Mobili-dade Urbana (Lei 12.587/2012), que determina a prioridade dos modais não motorizados em re-lação aos motorizados. “A pre-feitura segue as orientações do plano e tem garantido ao usuá-rio mais segurança.”

“A operação com os orien-tadores garante, também, que a infraestrutura temporária das ciclofaixas de lazer exerça ação educativa e estimule a experi-ência do modal cicloviário em ambiente urbano, onde o ciclis-ta interage com outros modais,

regras de trânsito, sinalização viária etc. Esse cenário, inicial-mente em um contexto de lazer, em um ambiente totalmente operado e controlado, tem se tornado o ponto de partida para o usuário que tem vontade de aderir à bicicleta como meio de transporte.”

Bom para a economia, bom para a saúde

Se andar de bicicleta está dan-do um fôlego à economia, haja vista à saúde. Quem busca a bike como lazer ou alternativa de lo-comoção acaba ganhando fôle-go e bem-estar. Para o cardiolo-gista Marcus Vinícius Strozberg, especialista em medicina espor-tiva, o ciclismo é um exercício físico muito benéfico à saúde e ainda contribui para qualidade

de vida. “A modalidade é muito boa para desenvolver resistência e estimular o funcionamento do ‘motor’ humano, através da função do coração, pulmões e músculos periféricos”, explica Strozberg. Registros do Institu-to Dr. José Frota (IJF) indicam que, nos últimos três meses do ano de 2014, em Fortaleza, hou-ve uma queda de 8% no número de acidentes envolvendo ciclis-tas, comparados aos últimos três meses de 2013. Neste ano foram registrados 434 acidentes, en-quanto ano passado, 340.

Pesquisa de satisfação

A prefeitura ainda não fez pesquisa de satisfação ou de quanto os munícipes estão in-formados sobre a medida ado-tada de implantar faixas exclu-

sivas para bicicletas em ruas e avenidas da Capital. Mas a administração municipal expli-ca que, com a implantação do modal alternativo, o número de ciclistas tem crescido bastante na cidade, como pode ser per-cebido no uso do Sistema Bici-cletar, que hoje totaliza 42.400 viagens em menos de dois me-ses da data de inauguração.

Segundo Roberto Cláudio, o sistema faz uma media de mil viagens por dia. “Temos 15 esta-ções com 150 bicicletas. O dado mais importante é a média de sete usos por bicicleta. Em Pa-ris, tem 28 mil bicicletas, tem média de três usos por bicicle-tas. Temos 23 mil bicicletas ca-dastradas no sistema e 30% são cadastrados pelo bilhete único e sou um deles, disse na coletiva, dia 4, no Paço Municipal.”

O Projeto Bicicletar é um sistema público de com-partilhamento de bicicletas que visa oferecer ao for-talezense uma opção de transporte sustentável e não poluente. Inaugurado em novembro de 2014, distribuídas em pontos estratégicos , inicialmente, na zona leste da cidade, na Praia de Iracema, Meireles e Aldeota, é uma iniciativa da Prefeitura de Fortaleza, operado pela empresa Serttel e com o apoio da Unimed Fortaleza. As bicicletas estão dis-poníveis em estações inteligentes, conectadas a uma central de operações via wireless, alimentadas por energia solar, onde os clientes cadastrados po-dem retirar uma bicicleta, utilizá-la em seus trajetos e devolvê-la na mesma, ou em outra estação. A ação que se dará, tam-bém, por meio do Plano de Ações Imediatas de Trans-porte e Trânsito (Paitt). O responsável pelo Paitt, Gus-tavo Pinheiro, considera importante às ações inte-gradas para favorecer a mo-bilidade urbana na Capital. “Aos poucos, as pessoas vão

optar pela bicicleta, prin-cipalmente, quando con-scientes dos benefícios à saúde e ao meio ambiente”. Pedalar impacta dire-tamente na emissão de dióxido de carbono (CO2) promovendo melhoria na qualidade do ar e da vida dos fortalezenses. Cada carro que é retirado das ruas deixa de emitir 229g de CO2 por km. Já os ônibus, 95g. A grande quantidade de CO2 ou gás carbônico na atmosfera é prejudicial ao planeta, ocasiona o efeito estufa e, por consequência, o aquecimento global. O Bicicletar, até o mo-mento, acumula crédito de 16.04 toneladas de CO2. O Crédito de Carbono é uma espécie de moeda ambiental, que pode ser conseguida por diversos meios: projetos que absor-vam Gases de Efeito Estufa (GEE) da atmosfera, como por exemplo, a redução das emissões provenientes da queima de combustíveis fósseis. O Bicicletar evita o uso de carros, consequente-mente, evita emissão de gás carbônico e por isso a tem grande potencial para gera-ção de crédito de carbono.

Bicicletar

Bicicletar evita uso de carros, e por isso evita a emissão de CO2

Serviço Projeto Bicicletarhttp://www.bicicle-tar.com.br/ Fone: 4003 9594E-mail: [email protected] Horário: De do-mingo a domingo das 05:00 às 23:59

Blog da Sherydahttps://debikenacid-ade.wordpress.com

CicloAdventurewww.cicloadventure-fortaleza.com.br

Veja a diferença Ciclofaixa: Uma das faixas da via é sepa-rada para ciclistas.Ciclorrota: carro e bicicleta dividem a rua, mas a sinalização aponta preferência dos ciclistas.Ciclovia: Faixa exclu-siva para bicicletas com separação física. É indicada para avenidas e vias expressas, pois protege o ciclista do tráfego rápido e intenso

FOTO NAYANA MELO

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INDÚSTRIA E MEIO AMBIENTE

Empresários estão atentos ao cumprimento da legislação para evitar multa e perda de licença já concedida

mpresas que estão em dia com as obrigações ambientais garantem a participação em proces-

sos licitatórios, além de obter créditos em bancos mais facil-mente. As obrigações de natu-reza ambiental estão na pauta de pequenas e grandes empre-sas. Pensando nisso, o Núcleo de Meio Ambiente (Numa), da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), alerta sobre o cumprimento desses tributos para o ano de 2015.

O Numa montou um ca-lendário anual com os prin-cipais prazos para cadastros, registros, pagamentos de ta-xas e outras obrigações. De posse do calendário, empre-sários podem se programar para cumprir os prazos legais junto aos órgãos responsáveis,

evitando, de pagar multa, ou perder a licença anteriormen-te concedida.

Quanto ao processo de renovação das licenças am-bientais que são concedidas pelos órgãos competentes, deve ocorrer 120 dias antes do vencimento. Isso dará ensejo à prorrogação dos efeitos da licença, até pronunciamento final do órgão competente.

PenalidadesDe acordo com a advoga-

da, Elaine Pereira, são vários os prejuízos causados ao in-dustrial que perde o prazo de renovação de uma licença. Primeiro o de ordem financei-ra, depois, por que o processo de renovação pode se tornar mais demorado. “O industrial pode encontrar dificuldades para conseguir a liberação de um financiamento, participar de uma licitação, comprome-ter seu funcionamento”, de-

clara a especialista em direito ambiental.

“Os órgãos diferenciam o processo de licenciamen-to ambiental de acordo com porte do empreendimento e o Potencial Poluidor Degra-dador (PPD) da atividade. Impostos dessa natureza al-cançam, principalmente, as atividades de comércio e in-dústria, mas independente-mente, do porte da empresa, o momento atual, requer que todos os cidadãos assumam responsabilidades quanto ao lixo, resíduos ou materiais utilizados em seus negócios.”

Diante da crise hídrica vi-venciada de norte a sul do País, por exemplo, Elaine diz que até o momento não houve alteração no processo de outorga para o uso de re-

cursos hídricos. “Mas não se deve fechar os olhos para essa possibilidade e sim, nos ante-ciparmos fazendo melhor uso da água. Muitas indústrias ce-arenses já seguem essa linha de conduta, praticando o reu-so e utilizando o recurso, da maneira mais racional, possí-vel. Conduta que deve ultra-passar os muros das fábricas e atingir a sociedade como um todo”, explica.

Principais obrigações

Cadastro Técnico Federal e Estadual, Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental, Rela-tório Anual de Atividades, In-ventário de Resíduos Sólidos Industriais e Declaração de Carga Poluidora e Áreas Con-taminadas.

ServiçoO Núcleo de Meio Ambien-

te (Numa), da Fiec está a dis-posição dos interessados, para maiores esclarecimentos atra-vés dos telefones 3421-5916 e 3421 5923 ou através do E--mail [email protected].

Indústrias cearenses já praticam o reúso da água, conduta que deve ultrapassar os muros das fábricas e atingir a sociedade.

Destaque É importante formalizar o processo de renovação da licença até 120 dias antes do seu vencimento, para que seus efeitos sejam prorrogados até mani-festação final do órgão ambiental competente.Os órgãos ambientais diferenciam o processo de licenciamento ambien-tal de acordo com porte do empreendimento e o PPD (potencial poluidor degradador) da atividade.

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DNOCS

Aberta ao público em geral, o espaço é voltado para a literatura técnica de recursos hidricos e sobre seca

m tempos de seca, tal-vez mais pessoas, es-tejam interessados no tema estiagem. E, se

depender do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), o que não vai faltar são livros. Ao longo de seus 105 anos, o órgão vem prestando grandes serviços no desenvolvimento da in-fraestrutura hídrica do semi-árido brasileiro. Sua doutri-na centenária, além de servir como importante mecanismo de combate à seca, também gerou diversos instrumentos bibliográficos de pesquisa. E tudo isso pode ser encontra-do, arquivado e preservado, na biblioteca do Dnocs.

Poucas instituições brasi-leiras, sejam elas públicas e privadas, têm o privilégio de contar com um arsenal literá-rio tão bem organizado com mais de 30 mil exemplares. No primeiro andar do prédio da Administração Central do Dnocs, em Fortaleza, estudan-tes, pesquisadores, técnicos e leitores podem usufruir de um espaço totalmente volta-do para a literatura técnica de barragens, histórias regionais e dados sobre as secas, inclu-sive, mundiais.

Aqui, encontro tudo que procuro. É um lugar excelente para estudar.

Poucas instituições brasileiras, se-jam elas públicas e privadas, têm o privilégio de contar com um arsenal literário tão bem organizado com mais de 30 mil exemplares.

A biblioteca conta com três bibliotecárias e um historiador de plantão

Aberta ao público em geral, a biblioteca conta com três bi-bliotecárias e um historiador de plantão. Segundo a biblio-tecária e servidora, Margarida Lídia de Abreu, dificilmente o frequentador do local sai sem a informação buscada. “Quando a pessoa não consegue o que quer, procuramos colocá-lo em contato com um técnico para ter maiores explicações”.

O engenheiro agrônomo do setor de Organização de Produtores da Diretoria de Produção do Dnocs, José Alfredo de Albuquerque, fez da biblioteca sua fonte de informações para a pes-quisa secundária de sua tese de doutorado em Engenha-ria Agrícola. “Aqui encontro tudo que procuro. É um lugar excelente para estudar”.

A também bibliotecária e servidora, Elza Feijó Mari-nho, destaca que a biblioteca do Dnocs possui uma diver-sidade tão grande de títulos técnicos que estudantes e pes-quisadores de outros países procuram o espaço para reali-zarem consultas literárias. Ela explica que as bibliografias mais amplas são focadas nas áreas de Piscicultura, Barra-gens e Irrigação.

FOTO SOUTO FILHO

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PARQUE ECOLÓGICO DO COCÓ

Fórum pela Implantação reúne cerca de 20 entidades. Questões jurídicas no centro da discussão

Ministério Públi-co Federal no Ce-ará realizou a se-gunda reunião do

Fórum Permanente pela Implantação do Parque Ecológico do Cocó, em Fortaleza. O encontro aconteceu no auditório da Procuradoria da Re-pública no Ceará, com o objetivo de traçar as primeiras linhas que po-derão levar à tomada de decisão para implantar, com consistência técnica e jurídica, o modelo de gestão ambiental capaz de conferir aos ecossis-temas que integram a região do Cocó proteção eficaz e definitiva.

Representantes de universidades, da socie-dade civil, conselhos e órgãos ligados ao meio ambiente ocuparam as cadeiras e deram início ao debate. O procurador da República, Alessan-der Sales, coordenador do fórum, pontuou que a questão é bem com-plexa, pois há interesses diversos, entre eles estão os imobiliários, envol-vendo desapropriações já em trâmite. Além dis-so, depende-se de posi-cionamento político. “O objetivo do fórum não é estimular as questões litigiosas, e sim, apon-

tar soluções e elementos que possam reduzi-las”, declara Sales.

Representando o Sin-dicato da Indústria da Construção Civil do Ceará (Sinduscon), Ri-cardo Miranda falou do interesse em ocupar uma cadeira no fórum. Após alguns questionamentos, o pedido foi acatado pela maioria. “Desconheço qualquer ação em prol do meio ambiente por parte do Sinduscon. O interesse do órgão, cer-tamente, é defender os direitos dos associados.”, disse o vereador João Al-fredo, secretário do fó-rum, demonstrando seu posicionamento.

Surrealismo

Sales destaca o pedido do Ministério Público para que o Estado faça uma delimitação físi-ca mais contundente. O procurador apresenta três grandes diagnós-

ticos a serem traçados: Definir áreas de titula-ridade da união, e como estas estão sendo utiliza-das; Em áreas privadas, separar as áreas de pro-teção permanente; Em áreas privadas, identifi-car àquelas que não são de proteção permanente.

O secretário João Al-fredo, em poucas pala-vras, define que “hoje, a situação do Parque do Cocó é de um surrealis-mo jurídico, não existe uma lei. Em 2008, na pri-meira gestão do Cid Go-mes, foi feito um estudo que delimitou uma área de 1.312ha, mas o pró-prio Governo não assu-miu essa nova poligonal.”

De acordo com o se-cretário do fórum, ainda não há estudos anteci-pando, quanto custará aos cofres públicos, a re-gulamentação do par-que enquanto Unidade de Conservação (UC). “Tudo isso precisa ser

feito; nesse sentido, o papel do Estado é fun-damental para o sucesso dessa batalha.”

OtimismoPara a representante

do Movimento Pró-Ár-vore, Maria Emília, essa é uma luta antiga diz. Os primeiros movimen-tos ocorreram no início dos anos 80. A ambien-talista mostra-se oti-mista com a criação do fórum e, acredita que, agora, com o Ministério Público à frente, o Par-que do Cocó seja de fato e de direito instituído e preservado. “Apesar das discussões serem lon-gas, e as questões jurí-dicas tomarem muito tempo, vamos acredi-tar”, declara Emília.

Hoje, a situação do Parque do Cocó é de um surrealismo jurídico, não existe uma lei.

Ministério Público pediu ao Estado que faça uma delimitação física mais contundente do Parque do Cocó

Para a representante do Movimento Pró-Árvore, Maria Emília, essa é uma luta antiga diz. Os primeiros movi-mentos ocorreram no início dos anos 80. A ambien-talista mostra-se otimista com a criação do fórum.

FOTO NAYANA MELO