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Luciana Resende Resumo do Texto - O grupo avançado Quando o grupo atinge um grau de maturidade e estabilidade, ele deixa de apresentar estágios de desenvolvimento familiares e facilmente descritos. Inicia-se o complexo trabalho, os principais fatores terapêuticos que descrevi anteriormente atuam com maior força e efetividade. Gradualmente, os membros envolvem-se de maneira mais profunda no grupo e usam a interação do grupo para abordar as questões que os trouxeram a terapia. O grupo avançado caracteriza-se pela capacidade crescente de reflexão, autenticidade, auto-revelação e feedback dos membros. O terapeuta deve tentar estimular o desenvolvimento e a operação dos fatores terapêuticos. Nesse capítulo, analiso a formação de subgrupos, os conflitos, a auto-revelação e o término da terapia. Subgrupos O fracionamento – a formação de unidades menores - ocorre em qualquer organização social. A formação de subgrupos é um evento inevitável e muitas vezes perturbador na vida do grupo, se entendido e mobilizado de maneira adequada, o processo pode promover o trabalho terapêutico. Fatores individuais As preocupações dos membros com conexões e status muitas vezes motivam a criação de subgrupos. Os membros que violam

O Grupo Avançado

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Psicologia Técnicas de terapia em grupo

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Page 1: O Grupo Avançado

Luciana Resende

Resumo do Texto - O grupo avançado

Quando o grupo atinge um grau de maturidade e estabilidade, ele deixa de apresentar

estágios de desenvolvimento familiares e facilmente descritos. Inicia-se o complexo

trabalho, os principais fatores terapêuticos que descrevi anteriormente atuam com maior

força e efetividade. Gradualmente, os membros envolvem-se de maneira mais profunda

no grupo e usam a interação do grupo para abordar as questões que os trouxeram a

terapia. O grupo avançado caracteriza-se pela capacidade crescente de reflexão,

autenticidade, auto-revelação e feedback dos membros. O terapeuta deve tentar

estimular o desenvolvimento e a operação dos fatores terapêuticos. Nesse capítulo,

analiso a formação de subgrupos, os conflitos, a auto-revelação e o término da terapia.

Subgrupos

O fracionamento – a formação de unidades menores - ocorre em qualquer organização

social. A formação de subgrupos é um evento inevitável e muitas vezes perturbador na

vida do grupo, se entendido e mobilizado de maneira adequada, o processo pode

promover o trabalho terapêutico.

Fatores individuais

As preocupações dos membros com conexões e status muitas vezes motivam a criação

de subgrupos. Os membros que violam as normas do grupo por meio de ligações

secretas estão optando pela gratificação de suas necessidades, em vês de buscarem a

mudança pessoal- gratificação secundária.

De certo modo, esses membros estão atuando: eles tem comportamentos fora do cenário

da terapia que aliviam as tensões interiores e evitam a expressão direta ou a exploração

de sentimentos ou emoções. O microcosmo social do grupo depende dos membros se

envolverem em seus padrões habituais de comportamento, que são então examinados

pelo individuo e pelo grupo.

Fatores do grupo

A formação de subgrupos pode ser a manifestação de um grau considerável de

hostilidade representada no grupo, especialmente para com o líder. È muito mais

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provável de desenvolver facções perturbadoras dentro e fora do grupo sob um estilo de

liderança restritivo e autoritário. Os membros do grupo, incapazes de expressar sua

raiva e frustração diretamente para o líder, liberam esses sentimentos de maneira

obliqua, unindo-se e amotinando-se ou usando um ou mais membros como bodes

expiatórios.

Às vezes, a formação de subgrupos é um sinal de problemas no desenvolvimento do

grupo.

A aparência clinica dos subgrupos

A socialização fora do grupo muitas vezes é o primeiro estágio da formação de

subgrupos. Pode haver diversos vínculos comuns. Os membros de um subgrupo podem

ser identificados por um código geral de comportamento.

Os efeitos da formação de subgrupos

A formação de subgrupos pode ter um efeito extraordinariamente perturbador no curso

do grupo de terapia. Abandono da terapia.

Inclusão

Indivíduos que fazem parte de subgrupos de duas ou mais pessoas normalmente

verificam que a vida do grupo é muito mais complicada e, enfim, menos gratificante.

Quando um membro do grupo transfere sua dedicação dos objetivos do grupo para os

do subgrupo, a lealdade torna-se uma questão importante e problemática. É difícil

compartilhar com o resto dos membros algo que se soube em contatos fora do grupo.

A formação de subgrupos atrapalha a terapia. O principal objetivo da terapia de grupo é

facilitar a exploração de seus relacionamentos interpessoais.

Os efeitos afiliativos positivos da formação de subgrupos dentro do grupo de terapia

representam uma vantagem terapêutica.

Exclusão

A exclusão do subgrupo também complica a vida do grupo. A ansiedade associada a

experiências anteriores com a exclusão de membros é evocada e, se não for aliviada no

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trabalho do grupo, pode se tornar debilitante. Muitas vezes é difícil para os membros

revelar seu sentimento de exclusão.

Considerações terapêuticas

De maneira nenhuma os subgrupos, com ou sem socialização fora do grupo, são

invariavelmente perturbadores. Se os objetivos do subgrupo forem condizentes com os

do grande grupo, a formação de subgrupos podem na verdade aumentar a coesão grupal.

O terapeuta não pode por decreto, prevenir a formação de relacionamentos sociais ou

qualquer outra forma de subgrupo. Assim como não se pode proibir a formação de

subgrupos fora do grande grupo, ela também não deve ser estimulada.

Não é sensato incluir em um grupo dois membros que já tenham um relacionamento

especial prolongado: marido e mulher, colegas de quarto, colegas de trabalho, e assim

por diante.

Veja bem que meus comentários sobre os perigos potenciais da formação de subgrupos

aplicam-se a grupos que se baseiam no fator terapêutico da aprendizagem interpessoal.

Em outros tipos de grupo, como grupos cognitivo-comportamentais para transtornos

alimentares a socialização fora do grupo é considerada benéfica para alterar os padrões

alimentares.

Um exemplo Clinico

Mostra em profundidade não apenas muitas questões envolvidas na formação de

subgrupos, mas outros aspectos da terapia de grupo discutidos em outros capítulos,

incluindo a diferenciação entre a tarefa primária e a gratificação secundaria, e o

pressuposto da responsabilidade pessoal na terapia.

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