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A JUSTIÇA IGUALITÁRIA E SEUS CRÍTICOS Álvaro de Vita PPGCP/UFPA TEORIA POLÍTICA Ii PROF. DR. CELSO VAZ Daniel Scortegagna

o liberalismo igualitário e seus críticos

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trabalho em forma de apresentação da disciplina teoria política 2 do mestrado em ciência política da ufpa

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A JUSTIÇA IGUALITÁRIA E SEUS

CRÍTICOSÁlvaro de Vita

PPGCP/UFPATEORIA POLÍTICA Ii

PROF. DR. CELSO VAZDaniel Scortegagna

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CAPÍTULO IDOIS TIPOS DE RAZÕES MORAIS (DEREK PARFIT E THOMAS

NAGEL 1991): Razões que nos levam a agir moralmente

1) RAZÕES NEUTRAS EM RELAÇÃO AO AGENTE2)RAZÕES RELATIVAS AO AGENTE

DERIVAM DE DUAS PROPOSIÇÕES (NAGEL, 1991):A) A VIDA DE TODA AS PESSOAS TEM VALOR E UM VALOR

IGUAL (1)B) CADA PESSOA TEM SUA PRÓPRIA VIDA PARA LEVAR (2)

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CAPÍTULO I

Raz Neut Rel Age – valores comuns e impessoais, tem uma forma geral que não inclui referências a pessoas, consideração pelo bem estar e interesse do outro, resultam em um estado de coisas que consideramos superior ao status quo – dois componentes impessoalidade/imparcialidade e consequencialismo

Raz Rel Age – mundo não do ponto de vista imparcial, mas sim do ponto de vista individual – 3 tipos:

Razões de autonomia pessoal (objetivos e projetos próprios, desenvolvidos na concepção do seu próprio bem e o emprenho em realizar tal moralmente – religião)

Obrigações especiais (pessoas próximas, família, amigos, grupo) Constrições Deontológicas (interdições à ação individual ou

coletiva de agir em desacordo com o moral, justo, correto)

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CAPÍTULO I

LIBERTARIANOS – CONSTRIÇÕES DEONTOLÓGICAS

HOBBESIANOS – AUTONOMIA INDIVIDUAL

UTILITARISTAS – IMPARCIALIDADE MORAL

LIBERALISMO IGUALITÁRIO – IMPARCIALIDADE MORAL

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CAPÍTULO I

•“Um dos argumentos deste livro é que nenhuma concepção plausível de justiça pode se fundar exclusivamente em razões relativas ao agente” (pg. 8)

•“Uma teoria política normativa que tenha pretensão de apresentar uma visão, a mais plausível que podemos conceber, dos fundamentos éticos de uma estado liberal-democrático não pode se fundar, como o libertarianismo e o contratualismo hobbesiano, exclusivamente em razões morais relativas ao agente” (pg. 27)

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CAPÍTULO II

Neoliberalismo moralMais mercado, menos estado –

preservação da liberdade individual pela não intervenção do estado na economia – estado mínimo

Libertarianismo de Nozick – liberalismo igualitário e utilitarismo não respeitam os direitos individuais

•Direito como constrição à ação e não como componente do estado de coisas desejável

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CAPÍTULO II

•Estado justo garante respeito às constrições morais à conduta individual e respeita isto na sua própria ação

•Um estado que força uma pessoa a contribuir com o bem estar de outra admite que a primeira seja utilizada como um instrumento para os fins da outra, não sendo assim neutro

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CAPÍTULO II :

•Noção central na teoria política normativa de Nozick é baseada no dever e não nos direitos (no direito o estado deve empenhar-se em proteger e promover interesses de todos)

•Restringe-se a não-violação de deveres morais, mas não exige que o agente se empenhe em evitar que violações ocorram

•Não praticar evitar – libertarianos dizem o que não fazer

•Paradoxo – a capacidade de cada um cumprir seus deveres depende de que outros também cumpram os seus - obediência a deveres morais como bem público

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CAPÍTULO II

•Responsabilidade Negativa Coletiva•não existe responsabilidade negativa pelas

circunstâncias desfavoráveis de vida dos outros – como não causamos diretamente as privações podemos ignorá-las

•Deveres positivos não existem (prestar auxílio)

•Responsabilidade coletiva negativa é reconhecida para liberal-igualitário – arranjo institucional pode ser a causa - instituições da sociedade podem mitigar – assim o indivíduo pode ser não-intervencionista mas a sociedade intervém

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CAPÍTULO II

Liberdade individualLiberdade individual negativaNão-interferência – não ser impedido

arbitrariamente de fazer o que se deseja e o que se é capaz de fazer

Proposta de Van Parijs – renda básica elevada a todos incondicionalmente para poder fazer o que realmente desejar – real libertarianismo – liberdade positiva (acesso aos meios e recursos para fazer o que desejar)

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CAPÍTULO II

PropriedadeImportância central na política libertariana1) todo indivíduo é proprietário moralmente

legítimo de si próprio (corpo e talentos)2)todo indivíduo é proprietário moralmente

legítimo de tudo aquilo que obteve empregando seus próprios talentos e capacidade ou por meio de transações voluntárias e de contratos válidos com outros também proprietários legítimos

Quem for contra comete injustiça

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CAPÍTULO IIA liberdade é derivativa da não-violação do direito

mais fundamental de propriedade, de fazer o que se quiser com seus recursos internos e externos dos quais é proprietário legítimo

Estado deve garantir e não interferir na propriedade – política redistributiva não é “moral”

JUSTIÇA3 princípios1 – princípio de aquisição original de possessão2 – princípio de transferência de possessão3 – retificação de possessão por violação a 1 e 2

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CAPÍTULO II1 – cláusula lockiana – desigualdades de

recursos poderiam ter emergido de transações voluntárias na apropriação original moralmente justificável – para que a apropriação seja moralmente legítima é suficiente que ela não piore a situação dos outros, e caso faça isso que indenize os lesados

Na realidade a acumulação primitiva de capital viola a cláusula lockiana

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CAPÍTULO II

2 – transmissão de propriedade – crítica ao fato de que o mercado não distingue corretamente a coercitividade da transação – altamente subjetivo

3 – retificação de possessão – a estrutura incorporou violações e o princípio entra em cena – Nozick admite que “as injustiças passadas podem ser tão grandes a ponto de que por um algum tempo um Estado mais extenso torne-se necessário para retificá-las” (pg.74)

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CAPÍTULO IIICONTRATUALISMO HOBBESIANO – as

razões para agir tem a ver com interesse próprio e com objetivos pessoais – toda concepção de justiça política está obrigada a propor uma forma de acomodar as razões de agir que só são razões da perspectiva individual do agente

Moralidade por acordo – David Gauthier

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CAPÍTULO III

3 concepções tomadas da economia (presentes na obra de Hobbes segundo o autor)

1) uma concepção subjetivista de bem-estar individual, segundo a qual o valor é o mesmo que utilidade – sendo esta interpretada como uma medida de preferências individuais

2)uma concepção maximizadora de razão, segundo a qual um indivíduo age racionalmente quando se empenha em elevar ao máximo sua utilidade individual

3)uma concepção de indiferença mútua entre os indivíduos

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CAPÍTULO III

Utilização da racionalidade como a maximização do bem-estar individual por indivíduos mutuamente indiferentes (diferente de egoísmo, nesta teoria os indivíduos não tem interesse pelos interesses dos demais)

Moralidade como restrições razoáveis à conduta individual maximizadora

Semelhante à Nozick, as restrições morais somente limitam as formas pelas quais é legítimo empenhar-se na realização de objetivos, mas não estabelecem quaisquer objetivos

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CAPÍTULO IIIMercado Mesmo preocupando-se somente com seus

interesses individuais, os agentes são levados, graças à estrutura de interação humana voluntária e racional, a gerar e manter continuamente um estado de coisas que é benéfico a todos. O resultado da interação é coletivamente vantajoso, ainda que tal resultado não fizesse parte das intenções de nenhum dos agentes

Equação seria imparcial e equânimeSe o mercado perfeito existisse, ele

prescindiria de moralidade – zona moralmente livre

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CAPÍTULO III

“Mercado perfeito” somente recompensa quem produz, estando fora da “distribuição de benesses” os que não tivessem força produtiva

Não existe mercado perfeito na realidade, e as externalidades ocorrem e desequilibram o mercado

Mão invisível do mercado trocada pela mão visível da cooperação

“Barganha” minimax – negociação racional a partir de status quo não-coercitivo – produz distribuição equitativa dos ganhos obtidos

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CAPÍTULO IIIIndivíduos exclusivamente auto-

interessados são maximizadores puros e prejudicam a sociedade uma vez que tendem a descumprir sua “parte no acordo” quando acham que é mais proveitoso que cumprir – irracionalidade da maximização pura

Maximizador contido é mais benéfico, pois gozam de oportunidades advindas da cooperação e do mercado respeitado

Assim, é racional ser moral

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CAPÍTULO IV – Preferências individuais e justiça social

DUAS TEORIAS ÉTICAS: UTILITARISMO E JUSTIÇA IGUALITÁRIA – INSTITUIÇÕES DEVERIAM TER A MESMA CONSIDERAÇÃO PELO BEM ESTAR DE TODOS

DIFEREM NO CHAMADO “ESPAÇO MORAL”, CONCERNENTE À AVALIAÇÃO DO BEM-ESTAR INDIVIDUAL: QUAIS SÃO OS ASPECTOS DA VIDA NOS QUAIS DEVEMOS NOS CONCENTRAR PARA AVALIAR O NÍVEL DE BEM-ESTAR QUE USUFRUIMOS OU QUE DEVERÍAMOS USUFRUIR?

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CAPÍTULO IV UTILITARISMO – JOHN HARSANYI: PRINCÍPIO DE AUTONOMIA DAS

PREFERÊNCIAS – PARA JULGAR O QUE É BOM OU RUIM PARA DETERMINADO INDIVÍDUO, SOMENTE SEUS PRÓPRIOS DESEJOS E SUAS PRÓPRIS PREFERÊNCIAS PODEM CONSTITUIR O CRITÉRIO ÚLTIMO (SUBJETIVO)

DE VITA ACREDITA QUE DEVE HAVER UM FUNDAMENTO NÃO SUBJETIVO PARA ESTIMAR E COMPARAR OS NÍVEIS DE BEM ESTAR DOS INDIVÍDUOS – NÃO OFERECE INTERPRETAÇÃO PLAUSÍVEL DE BEM-ESTAR E NÃO PROPORCIONA UM FUNDAMENTO ACEITÁVEL PARA A COMPARAÇÃO DE NÍVEIS DE BEM ESTAR

PERGUNTA CHAVE: POR QUE É MAIS JUSTIFICADO AVALIAR O BEM-ESTAR INDIVIDUAL COM BASE NO ACESSO QUE AS PESSOAS TEM A DETERMINADOS DIREITOS, RECURSOS E OPORTUNIDADES DO QUE AVALIAR SOMENTE EM RELAÇÃO À SATISFAÇÃO DAS PREFERÊNCIAS INDIVIDUAIS

PREFERÊNCIAS COMO INPUTS DO PROCESSO POLÍTICO

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CAPÍTULO IV

UTILIDADE SOCIAL SÓ PODE SER CONCEBIDA EM RELAÇÃO À AGREGAÇÃO DE UTILIDADES INDIVIDUAIS: WELFARISMO SUBJETIVO

HARSANYI – TEORIA UTILITARISTA DEFINE A UTILIDADE SOCIAL A PARTIR DE UTILIDADES INDIVIDUAIS

UTILITARISMO HEDONISTA X UTILITARISMO DE PREFERÊNCIAS – BEM ESTAR DE FORMA SUBJETIVA

HEDONISTA – BENTHAM, ESTADOS DE PRAZER E DE DOR (SIMPLISTA)

UTILITARISMO DE PREFERÊNCIAS – HARSANYI, SATISFAÇÃO/FRUSTRAÇÃO DE PREFERÊNCIAS – PODE HAVER PREFERÊNCIAS QUE ME FAÇAM REALIZAR SACRIFÍCIOS – UTILIDADE NÃO TEM VÍNCULO COM QUESTÕES SENSORIAIS DO AGENTE

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CAPÍTULO IVUTILIT PREF – IDEAL DE NEUTRALIDADE – DEVEMOS EVITAR

JULGAMENTOS DE VALOR QUE TENHAM POR OBJETO AS PREFERÊNCIAS E AS ESCOLHAS INDIVIDUAIS

CONTRA O PATERNALISMO – ESTADO NÃO PODE TOMAR DECISÕES (PRINCIP POLÍTICAS PÚBLICAS) – “EU SEI O QUE É MELHOR PRA VOCÊ” – PREFERÊNCIAS INDIVIDUAIS DEVEM SER O CRITÉRIOS ÚLTIMO PARA DISTRIBUIÇÃO DE RECURSOS ESCASSOS

NATUREZA DISTRIBUTIVA – INTENSIDADE E DISTRIBUIÇÃO DE PREFERÊNCIAS DEVEM SER LEVADOS EM CONTA AO SE FAZER POLÍTICAS PÚBLICAS

Crítica:QUAIS PREFERÊNCIAS DEVEM SER EXCLUÍDAS DO

JULGAMENTO DE JUSTIÇA SOCIAL? OFENSIVAS, “GOSTOS CAROS”, MODESTAS – BRECHA PARA O PATERNALISMO – preferências manifestas e verdadeiras

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CAPÍTULO IV

• EFEITO PROVISÃO – BEM DESEJADO É O QUE JÁ FOI OFERECIDO/PROVIDO EM PRIMEIRO LUGAR – SÓ SE DESEJA O QUE SE CONHECE

• “a equidade de uma distribuição não pode justificar-se pelas preferências que os indivíduos são levados a cultivar por essa mesma distribuição”

• Problema do relativismo moral – autor é contra concepções que propõe o bem-estar de alguém somente poderiam ser avaliadas pelas crenças e costumes de sua comunidade – perpetuação de situações de inferiorização em que o agente sequer sabe que é inferiorizado e/ou aceita isto

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CAPÍTULO IV

HÁ ALGO DE ERRADO QUANDO AS CONCEPÇÕES SOCIAIS ENFRAQUECEM A POSIÇÃO DOS QUE JÁ SÃO VULNERÁVEIS

“todo relativismo tende a prejudicar a posição dos fracos, cuja fraqueza reflete-se em, e é em parte constituída por, sua marginalização em formas tradicionais de pensamento e sua subordinação e opressão em ordens estabelecidas” Onora O’Nell (pg. 159)

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CAPÍTULO IV

•CONCEPÇÕES OBJETIVAS DE BEM-ESTAR – teoria da lista objetiva – Derek Parfit – há coisas boas e ruins na vida humana independentes do desejo do indivíduo de ter as boas e evitar as ruins – teoria de bem-estar individual e não uma “moralidade”

•Alinham-se nesta concepção Rawls (“bens primários” como as oportunidades educacionais e ocupacionais, o lazer, o auto-respeito), Sen (functionings e capacidades humanas) e Doyal e Gough (necessidades humanas básicas)

• Traz uma métrica não subjetiva de avaliação de interesses individuais – FUNDAMENTO MORAL

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CAPÍTULO IV•Fundamento moral não-subjetivo proposto pela

teoria da lista objetiva – problema da neutralidade – “paternalismo” ao propor que a avaliação do bem-estar de uma pessoa se faça não pelo sentimento subjetivo que ela tem acerca de sua situação mas sim pelo acesso que é assegurado a determinados bens/recursos/direitos

•“Responsabilidade individual” por gostos e escolhas é moldada pelas circunstâncias da vida que fogem da capacidade de escolha – igualitarismo rejeita a ideia de que a distribuição de recursos possa justificar-se pelo mérito individual

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CAPÍTULO IV• Quanto mais heterônomas as preferências (fatores

fora do alcance da escolha individual) de uma pessoa que contribuem para a manutenção da situação desfavorável, mais as políticas públicas estariam autorizadas a ignorá-las - RUINS

• Quanto mais autônomas as preferências (fruto de escolhas genuínas), menos se poderia deixar de levar em conta para a igualdade distributiva – BOAS

• Classificação rejeitada pela neutralidade – distribuição de recursos e oportunidades independe de preferências, sejam elas heterônomas ou autônomas – objeto da justiça é a estrutura básica da sociedade, se queremos evitar o paternalismo devemos nos concentrar nas condições institucionais de provisão de recursos

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CAPÍTULO V – Pluralismo moral e acordo razoável•Pluralismo de concepções do bem – ocorrem divergências – casos extremos – guerra•Resposta liberal-igualitária – John Rawls (Uma teoria da Justiça) – contratualismo que busca justificar princípios comuns de justiça e arranjos institucionais em sociedades com pluralismo (1 – sem estado de natureza especificado; 2 – partes não avaliam os termos motivadas unicamente pela maximização do próprio bem)•Quando nos valemos da justiça temos como oferecer aos submetidos ao contrato razões para aceitar o mesmo independentemente do recurso da coerção – razões que ninguém pode rejeitar – contratualismo iluminista – justificação do contrato pela imparcialidade moral (Razões Neutras em Relação ao Agente)

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CAPÍTULO V

• Princípios de justiça mais justificados surgiriam através de um “véu de ignorância”, no qual os agentes seriam motivados pelo seu interesse sem que levassem em conta as suas concepções de bem, posição social, talentos e capacidades

•Surge assim a “posição inicial”•Duas premissas cruciais para o contratualismo

de Rawls – noção de igualdade moral (≠ arbitrariedade moral) e capacidade de agir a partir de um senso de justiça (motivação moral), adequados a deliberação dos princípios de justiça – contexto inicial do contrato social na igualdade

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CAPÍTULO V

• Arbitrariedade moral – desigualdades são moralmente arbitrárias – oportunidades de vida de um cidadão não podem depender de acaso genético ou social

• Motivação moral – desejo de ser capaz de justificar as próprias ações a outros por razões que ninguém poderia razoavelmente rejeitar

• Críticas• Allan Gibbard – justiça como reciprocidade (benefícios

mútuos do acordo nos motivam o cumprimento) – para Rawls o modelo é de justiça como imparcialidade, em que todos os fatores de vantagem são anulados para o acordo

• Harsanyi – escolha da “posição original” traria a maximização da utilidade média (utilitarismo) e não maximin – autor diz que maximização da utilidade média poderia gerar sacrifícios de cima pra baixo mas também de baixo pra cima – motivação é maior no igualitarismo

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CAPÍTULO VI – A justiça Igualitária• Princípios da justiça em Rawls:

• Princípio da liberdade igual: A sociedade deve assegurar a máxima liberdade para cada pessoa compatível com uma liberdade igual para todos os outros.

• Princípio da oportunidade justa: As desigualdades econômicas e sociais devem estar ligadas a postos e posições acessíveis a todos em condições de justa igualdade de oportunidades.

• Princípio da diferença: A sociedade deve promover a distribuição igual da riqueza, exceto se a existência de desigualdades econômicas e sociais gerar o maior benefício para os menos favorecidos.

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CAPÍTULO VI

• Estes três princípios formam a concepção de justiça de Rawls

•Mas por si só estes princípios não resolvem conflitos – ordem de prioridades entre os princípios – o princípio da liberdade igual tem prioridade sobre os outros dois e o princípio da oportunidade justa tem prioridade sobre o princípio da diferença

• Liberdades fundamentais tem prioridade sobre redução das desigualdades socioeconômicas

•Habermas critica esta posição –direitos liberais acima do autogoverno democrático – para de Vita não subsiste esta razão uma vez que para exercício da democracia é parte essencial do cidadão a titularidade destes direitos

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CAPÍTULO VI

•Importante ressaltar que só existe prioridade léxica do 1º princípio quando necessidades básicas (integridade física, nutrição, água) do indivíduo estão satisfeitas •Prioridade do 1º princípio seria reconhecida por pessoas de uma “sociedade bem ordenada”, que satisfaz Necessidades Básicas + Necessidades dos Cidadãos – sociedades que tornam possível duas faculdades morais que constituem a identidade pública: a) capacidade de construir e revisar uma noção de bem; b) capacidade de ter e de agir de acordo com um sendo de justiça

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CAPÍTULO VIDistinção entre liberdades fundamentais e valor

delas: liberdade formal e liberdade efetiva – o que as pessoas podem fazer com seus direitos e liberdades

Liberdade é igual para todos mas o seu valor não – pobreza e a ignorância incapacitam pessoa de se valer de direitos que são institucionalmente garantidos

Fim da justiça social é maximizar a liberdade efetiva de todos – componente liberal e igualitário não estão dissociados

Princípio de diferença maximiza a parcela de bens primários proporcionada aos que se encontram piores na sociedade – no fim faz com que a liberdade tenha valor equitativo para todos

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CAPÍTULO VI

Excessiva concentração de riqueza e de propriedade degradaria o valor das liberdades políticas – sugestões apresentadas: adoção de impostos progressivos sobre heranças e doações e adoção de normas de financiamento público dos partidos políticos e imposição de limites de contribuições de PF e PJ para campanhas e candidatos

Em casos extremos poderia se alterar a ordem de prioridade dos princípios para produzir situações que propiciem o respeito da ordem deles posteriormente

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CAPÍTULO VI

• Argumento de que os únicos direitos humanos genuínos são os direitos civis e políticos (exigíveis do governo – negativos – não exigem recursos) – direitos sociais são direitos manifesto (não esta claro quem deve cumprir o dever – exigem recursos substancias do governo)

• Não subsiste este argumento, pois: 1)responsabilidade coletiva negativa (anti-libertariano) somos responsáveis pelo que não fazemos na manutenção do arranjo desigual 2) vivemos num mundo globalizado com arranjos institucionais de alcance global que ultrapassa o estado-nação (anti-comunitarista) – pessoas ricas de países ricos 3) direitos civis e políticos exigem sim grandes recursos estatais para sua efetivação

• Justiça distributiva: 3 tipos de bens relevantes a)passíveis de distrib b)ñ podem ser distrib mas são afetados por (a) c)bens que ñ podem ser afetados pela distrib de outros bens

• Princípio da diferença leva a distrib igual dos bens ou que a dist gere + benef +pobres

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CAPÍTULO VI•Liberdade natural – econ competit +

igualdade formal (nozick)• Igualdade liberal – ponto de partida igual +

meritocracia equitativa (exigiria neutralização total de fatores ambientais)

• Igualdade democrática – alteração do fundamento moral para exigir parcela maior de produto da cooperação social

•Trajeto acima descrito consiste em retirar a legitimidade moral de mais e mais formas de desigualdade

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CAPÍTULO VICidadão proprietários - para Rawls, o arranjo

institucional que mais se aproximaria da realização de sua concepção de justiça como equidade é a "democracia de cidadãos-proprietários“ um modelo de arranjo de mercado proposto pelo economista britânico James Meade como uma alternativa ao capitalismo

•O ponto essencial do modelo é o de que, mais do que a equalização da renda, as instituições e políticas igualitárias deveriam ter por objetivo uma distribuição equitativa da propriedade entre todos os cidadãos.

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CAPÍTULO VI• [...] um homem que possui muita propriedade tem um grande

poder de barganha e um forte sentido de segurança, independência e liberdade; e ele usufrui desses benefícios não somente vis-à-vis seus concidadãos destituídos de propriedade mas também vis-à-vis as autoridades públicas. [...] Uma distribuição desigual de propriedade, ainda que se possa impedi-la de gerar uma distribuição demasiado desigual da renda, significa um distribuição desigual de poder e de status. (Meade, 1993, p. 41)

• Ideia de Meade consiste em um tripé formado: pelas instituições tributárias, para promover a dispersão da propriedade e da riqueza produtiva; pela introdução de incentivos fiscais que encorajem a substituição, em uma parte considerável do setor privado, da empresa capitalista existente nos moldes atuais — que funciona mediante a contratação de trabalhadores em troca de um salário fixo — por uma forma institucional que ele denomina "parceria do capital com o trabalho"; e pela gradual introdução de uma renda básica incondicional em substituição aos benefícios condicionais do welfare state.

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CAPÍTULO VI• [...] a democracia de cidadãos-proprietários evita

isso... garantindo a difusão da propriedade de recursos produtivos e de capital humano (isto é, educação e treinamento de capacidades) no início de cada período, tudo isso contra o pano de fundo de uma igualdade equitativa de oportunidade. A ideia não é simplesmente a de dar assistência àqueles que levam a pior em razão do acaso ou da má sorte (ainda que isso tenha de ser feito), e sim a de fazer com que todos os cidadãos sejam capazes de conduzir seus próprios assuntos em um pé de igualdade social e econômica apropriada. (Rawls, 1990, p. 143) – correção ex-post

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CAPÍTULO VI

•eu dividido•O que se supõe é que as pessoas sejam

capazes de agir de forma auto-interessada no mercado, e a partir de razões relativas ao agente em suas vidas privadas, ao mesmo tempo em que, na condição de cidadãs, dão apoio a instituições sociais que objetivam realizar uma visão do bem comum.

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CAPÍTULO VII – Tolerância liberal • Instituições de uma sociedade liberal justa devem ser

justificadas por razões que ninguém poderia razoavelmente rejeitar, esta fundamentação não poderia se fundamentar em valores que são aceitos somente por uma parte dos cidadãos

• Tolerância é a característica que abre espaço para a coexistência pacífica de indivíduos e grupos que sustentam crenças e estilos de vida diversos, diferindo em suas concepções morais, religiosas e filosóficas, tanto sobre o que vem a ser valioso do ponto de vista individual como da ótica da organização da vida em comum. As circunstâncias que requerem a tolerância caracterizam-se não só pela existência de diferenças, mas por diferenças que, de forma potencial ou efetiva, introduzem tensões e conflitos nos arranjos societários.

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CAPÍTULO VII

•Contratualismo de Rawls - princípios que devem reger a estrutura básica da sociedade – não prescreve sobre como cada um deve viver sua vida

•Conflitos de valor – devem ser solucionados por uma estrutura legal

•Acordo só é alcançado se os termos propostos garantirem tratamento igual a ambos

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CAPÍTULO VII• Exemplo da união dos homossexuais

• Um primeiro ponto é o seguinte. Nenhuma das partes dessa controvérsia tem o direito de defender sua posição alegando estar simplesmente traduzindo com fidelidade um consenso moral vigente na sociedade — consenso esse que as instituições políticas não deveriam afrontar

• A existência de uma atitude majoritária, e mesmo amplamente majoritária, favorável à criminalização da homossexualidade ou, no caso que estamos considerando, contrária à extensão de determinados direitos aos homossexuais, pode não ter quaisquer outras justificativas que não o preconceito, a aversão pessoal ou uma crença religiosa – iria contra princípios fundamentais

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CAPÍTULO VII

•Em segundo lugar, manter os homossexuais excluídos de direitos que são garantidos aos cônjuges em casamentos heterossexuais implica impor um ônus pessoal aos primeiros que a alternativa contrária — a legalização da união civil entre homossexuais — não impõe aos partidários dos valores familiares dominantes. Estes últimos não terão de se sujeitar a nenhum ônus extra em decorrência de se garantir o direito de herança aos parceiros de uniões homossexuais

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CAPÍTULO VII•  A neutralidade que deriva do ideal de unanimidade

razoável é a neutralidade de justificação e não a neutralidade de resultados

•Neutralidade de Resultados - políticas de um Estado liberal das quais se pudesse afirmar que não privilegiam nenhuma concepção do bem em particular

•Neutralidade de Justificação - argumentos que são invocados para os justificar as políticas em fundamentos constitucionais

• do ponto de vista de uma posição original rawlsiana, é arbitrário excluir determinadas pessoas, devido à concepção que tenham de seu próprio bem, de quaisquer direitos distribuídos pela estrutura básica da sociedade.

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CAPÍTULO VII

•Validade universal - Os princípios liberal-igualitários de Justiça não têm um alcance universal porque todos, em todas as partes, os vejam como verdades evidentes por si mesmas - validade universal desses princípios surge em termos da noção de acordo razoável

•Avaliar como e quando o acordo pode ser alcançado

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CAPÍTULO VII

•Caminho do acordo tortuoso - exemplo da Argélia – exaustão das partes gera possibilidade do acordo – termos second best

• Ideias são contagiosas – princípios são aceitos por pessoas das mais diversas culturas

•FIM